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O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS: PROLONGAMENTO DO REAPROVEITAMENTO DE COMPONENTES ELETRÔNICOS

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS

CARLOS ALBERTO VANDERLEI VANGASSE

O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO

FEDERAL DE ALAGOAS: PROLONGAMENTO DO

REAPROVEITAMENTO DE COMPONENTES

ELETRÔNICOS

Maceió-Alagoas 2020

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS

CARLOS ALBERTO VANDERLEI VANGASSE

O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO

FEDERAL DE ALAGOAS: PROLONGAMENTO DO

REAPROVEITAMENTO DE COMPONENTES

ELETRÔNICOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Análise de Sistemas Ambientais do Centro Universitário CESMAC, na modalidade Profissional, como requisito para obtenção do título de Mestre, sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Rogério Barbosa de Miranda

Maceió-Alagoas 2020

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS

CARLOS ALBERTO VANDERLEI VANGASSE

O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL

DE ALAGOAS:

PROLONGAMENTO DO REAPROVEITAMENTO

DE COMPONENTES ELETRÔNICOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Análise de Sistemas Ambientais do Centro Universitário CESMAC, na modalidade Profissional, como requisito para obtenção do título de Mestre, sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Rogério Barbosa de Miranda

Data da defesa: 3 de abril de 2020

BANCA EXAMINADORA

Orientador: Prof. Dr. Paulo Rogério Barbosa de Miranda Examinador externo: Prof. Dr. Rômulo Pires Coelho Ferreira

Examinador Interno: Prof. Dr. Selenobaldo Alexinaldo Cabral de Sant’anna Examinadora Interna: Profª. Drª Camila Calado Vasconcelos

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, primeiramente, а Deus, pоr ser essencial еm minha caminhada na vida; a mеυ pai, Alberto, minha mãе, Gilda, е às minhas irmãs Cecília, Celeste e Rita. À minha esposa, Elissandra, meus filhos Arthur, Gabriel e, minha filha, Elissa, que, cоm muito carinho, mе apoiaram, e não mediram esforços para qυе еυ chegasse аté esta etapa dе minha vida. Dedico, também, à gestão do curso de Mestrado em Análise de Sistemas Ambientais do CESMAC e, às pessoas com quem convivi nesses espaços ao longo desses dois anos.

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AGRADECIMENTOS

Antes de tudo, agradeço a Deus por mais esta conquista. A presente dissertação de mestrado não teria sido realizada sem o precioso apoio de algumas pessoas. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao meu orientador, Professor Paulo Rogério, pela tranquilidade, empenho e paciência com que sempre me orientou, sem nunca me desmotivar, na realização deste e todos os outros trabalhos que realizei durante o curso de mestrado em Análise de Sistemas Ambientais. Desejo, da mesma forma, agradecer a todos os meus colegas do Mestrado da turma III, cujo apoio e amizade sempre estiveram presentes em todos os momentos de um dos melhores períodos da minha vida. Agradeço aos funcionários do CESMAC, que foram sempre muito atenciosos e prestativos, aos colegas do IFAL, que me ajudaram a ultrapassar um grande obstáculo. Por fim, quero agradecer à minha família, razão maior de minha realização, pelo apoio incondicional que me deram e, em especial, à minha esposa Elissandra, pelas incansáveis revisões ao longo da elaboração deste trabalho.

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RESUMO

As inovações tecnológicas facilitam as atividades da sociedade em geral, porém, são responsáveis pela obsolescência dos equipamentos eletrônicos e geram a problemática de como destinar corretamente esses equipamentos obsoletos, que compõem o chamado lixo eletrônico ou e-lixo. Tais avanços facilitaram, também, através das reestruturações de plataformas, as condições de trabalhos de recuperação, possibilitando reparos mais fáceis e rápidos nos equipamentos. Desse modo, a economia circular associada às técnicas de logística reversa surge como uma solução para diminuição da produção do e-lixo, dando a esse material descartado uma destinação responsável e correta. Assim, este trabalho tem como objetivo analisar as atividades e os mecanismos de tratamento adotados no processo de descarte de equipamentos eletrônicos dentro de uma instituição federal de ensino no estado de Alagoas, Brasil. Foram realizadas análises de relatórios dos setores responsáveis pela gestão e execução de serviços de renovação, substituição e manutenção preventiva e corretiva de equipamentos eletrônicos nessa organização pública. A instituição em análise utiliza um número expressivo desses equipamentos em suas áreas administrativas e de ensino, como ambientes de trabalho das secretarias, salas de aulas e laboratórios técnicos. Foi observado que técnicas da logística reversa, embora sejam pouco aplicadas no órgão, mostraram resultados satisfatórios no tocante à recuperação de equipamentos defeituosos, destinados ao descarte, podendo ser utilizadas como mecanismo de redução da geração de lixo eletrônico na instituição. Porém, a falta de informações e o pouco conhecimento que se tem dessa técnica por parte dos setores da instituição podem ser considerados empecilhos para a aplicação mais ampla dessas práticas.

Palavras-Chave: Lixo eletrônico; Reaproveitamento do lixo eletrônico; Instituições públicas; Logística reversa.

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ABSTRACT

As technological innovations facilitate as activities of society in general, however, they are responsible for the obsolescence of electronic equipment and generate a problem of how to correctly dispose of these obsolete equipment that make up e-waste. These advances also facilitate, through the restructuring of platforms, as conditions for recovery work that enable easier and faster repairs to equipment. Therefore, a circular economy associated with reverse techniques of reverse logistics as a solution to decrease the production of electronic waste or E-waste, to give a discarded material, or one of these equipment, a responsible and correct destination. Thus, this work aims to analyze how activities and treatment mechanisms adopted in the process of disposing of electronic equipment within a federal educational institution in the state of Alagoas, Brazil. Report reports were executed from the sectors responsible for the management and execution of electronic equipment maintenance services in the public organization. This analyzed public institution uses an expressive number of such equipment in its administrative areas and teaches as classrooms and technical laboratories. It was observed that reverse logistics techniques, although little applied in the agency, showed satisfactory results regarding the recovery of defective equipment, destined for disposal and can be used as a mechanism to

reduce the generation of electronic waste in the institution. However, the lack of

information and the little knowledge that this technique is on the part of the sectors of the institution, can be considered obstacles to a more comprehensive application of these practices.

Keywords: Electronic waste; Reuse of electronic waste; Public institutions; Reverse logistic.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Sala de Armazenamento de bens inservíveis...27

Figura 2 – Dados relativos ao desfazimento de 2010...30

Figura 3 – Equipamentos a serem descartados entre áreas...30

Figura 4 – Percentual de equipamentos descartados por área...31

Figura 5 - Resultado relativo ao desfazimento 2020...32

Figura 6 - Comparativo do desfazimento dos anos 2010 e 2020...33

Figura 7 – Acúmulo de máquinas em local inadequado...38

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação dos REEE por categoria...16

Quadro 2 - Substâncias químicas encontradas nos REEE...18

Quadro 3 - Total de equipamentos defeituosos a serem descartados no curso de eletrônica...35

Quadro 4 - Total de equipamentos recuperados no curso de eletrônica...35

Quadro 5 - Total de equipamentos reservados para reaproveitamento de peças no curso de eletrônica...36

Quadro 6 - Medidas adotadas para descarte dos REEE...38

Quadro 7 - Periodicidade de descarte em Unidade Militar...39

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LISTA DE SIGLAS

ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

ABRELPE Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

CRT Tubo de Raios Catódicos

CPU Unidade Central de Processamento DVD Disco de Vídeo Digital

EEE Equipamentos Eletroeletrônicos IFAL Instituto Federal de Alagoas LCD Display de Cristal Líquido LR Logística Reversa

MMA Ministério do Meio Ambiente ONU Organização das Nações Unidas ONUBR Organização das Nações Unidas Brasil PNRS Plano Nacional de Resíduos Sólidos

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente REEE Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos

SEDAP Secretaria de Administração Pública

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte USP Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...13

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...16

2.1 Resíduo Eletrônico...16

2.2 Logística Reversa...19

2.3 Logística Reversa e o Lixo Eletrônico...21

2.4 Reciclagem do Lixo Eletrônico...22

3. MATERIAL E MÉTODO...24

3.1 Local da Pesquisa...24

3.2 Levantamento de equipamentos eletrônicos...25

3.3 Análise dos dados...25

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...26

4.1Equipamentos eletroeletrônicos e colheita desses equipamentos no IFAL...26

4.2 Acondicionamento de eletroeletrônicos no Campus Maceió...27

4.3 Práticas de incentivo ao reaproveitamento de equipamentos componentes e peças eletrônicas no Campus...33

4.4 Fatores que inibem ou promovem o processo de Logística Reversa para o descarte dos equipamentos eletroeletrônicos no Campus...36

5. CONCLUSÃO...43

6. REFERÊNCIAS...45

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1 INTRODUÇÃO

O aumento populacional em centros urbanos tem como consequência o aumento da produção de resíduos. Os processos industriais e seus avanços tecnológicos de produção em curva de ascensão se traduzem em mais eficiência e reduzido custo de fabricação, o que estimula o consumo, muitas vezes exagerado, contribuindo, assim, para o aumento da produção de resíduos (USHIZIMA; MARINS; MUNIZ, 2014).

Os Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (REEE), nos países em desenvolvimento, encontram-se em processo de plena expansão. Essa contínua e crescente inovação tecnológica é fator determinante para o descarte destes equipamentos que, em curto espaço de tempo, se tornam obsoletos em suas funções (SIGRIST, 2015).

Estudos apontam que, no Brasil, em muitas associações de catadores, os trabalhadores manuseiam indevidamente esses materiais eletrônicos recicláveis, e, desconhecendo o potencial tóxico desses materiais, tentam extrair metais pesados de forma artesanal (FRANCO; LANGE, 2011). O descarte sem gerenciamento e controle adequados desses materiais obsoletos gera elevados níveis de descarte de resíduos sólidos, causando grande impacto ambiental (ROSA; TEIXEIRA, 2014).

Uma análise realizada em 2018 pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), mostrou que, nesse ano, foram geradas, no Brasil, cerca de 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, um aumento de quase 1% em relação a 2017, onde cerca de 92% (72,7 milhões) foram coletados, representando uma alta de 1,66% em comparação ao ano anterior, o que mostra que a coleta aumentou num ritmo um pouco acima da geração. Desse montante, 6,3 milhões de toneladas de resíduos ainda ficaram sem coleta. Quando comparado com países da América Latina, o Brasil é considerado campeão na geração de lixo, sendo responsável por 40% de um total de 541 mil toneladas/dia de lixo gerado na região, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas) Meio Ambiente, um montante que chega a representar 40% do total de lixo gerado na região.

O estudo global da Abrelpe (2018) apontou que, em todo o mundo, 02 bilhões de toneladas de resíduos sólidos são produzidas anualmente e que, aproximadamente, 3 bilhões de pessoas, quase 50% da população mundial, não contam com um serviço que possibilite uma destinação final adequada desses

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resíduos. Nesses termos, o Brasil se assemelha a países desenvolvidos quando se trata da produção de resíduos sólidos por habitante por ano, porém, ainda tem um padrão de descarte equivalente ao de países pobres, com o envio desses resíduos para lixões a céu aberto e pouco aproveitamento de recicláveis (ABRELPE, 2016).

O fato é que, comumente, não se percebe a velocidade com que as tecnologias são substituídas e, quase nunca chega a ser preocupante saber o quanto uma bateria de celular, por exemplo, é prejudicial ao meio ambiente, bem como os seus componentes como plástico e metais pesados (FERREIRA, 2017). Em se tratando do descarte, armazenamento e reciclagem do lixo eletrônico, este tema pode ser considerado um dos problemas de difícil resolução para a sociedade moderna. Imaginemos todo o resíduo tecnológico ou ”lixo eletrônico” gerado pelo descarte de equipamentos eletroeletrônicos, que compreendem 4 linhas de produtos: a branca, a marrom, a azul, e linha verde (ABDI, 2017) e que começa rapidamente a acumular em aterros sanitários, causando grande preocupação por se tratar de um problema de saúde pública. Somente a América Latina chegou a produzir, em 2014, 09% de todo o resíduo eletrônico no planeta. O Brasil, por sua vez, chegou a gerar 1,4 milhão de toneladas por ano (MITSUDA, 2017).

Em face dessa realidade, são consideradas de extrema importância pesquisas voltadas para esse tema, devido ao depósito de substâncias tóxicas e prejudiciais no meio ambiente em quantidades crescentes.

Transpondo essa problemática para a realidade do campus do IFAL em Maceió e o grande número de material eletrônico retirado de atividade pelos mais diversos tipos de problemas, sendo descartados anualmente, pretendemos estudar os motivos que levaram a esse desuso e, qual o destino dado a esses equipamentos, que não servem mais aos propósitos de seus usuários; e ainda, como essas partes, componentes e peças estão sendo gerenciadas, e se necessitam de cuidados especiais.

Pretendemos analisar os dados à luz das teorias de logística reversa e economia circular. Com esse intuito, partimos do princípio de que pode ser considerado vórtice todo e qualquer escoamento circular ou rotacional que possua vorticidade, ou seja, uma certa quantidade de circulação ou rotação de um determinado material em um determinado ambiente ou campo de deslocamento. Portanto, este trabalho trata de analisar se existe

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reaproveitamento de equipamentos e a busca da elaboração de mecanismo que possibilite o reaproveitamento desses equipamentos que iriam para o “lixo” antes do início do processo organizacional de desfazimento de bens. Dessa forma, este trabalho pretende investigar as atividades executadas, a fim de promover redução na geração de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos e os mecanismos utilizados para o descarte desse material no Instituto Federal de Alagoas, e propor um incremento convergente para o reaproveitamento e prolongamento da vida útil dos materiais eletrônicos a que chamamos de “vórtice do lixo eletrônico”.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esse capítulo apresenta a fundamentação teórica e a metodologia, tendo como objetivo justificar a pesquisa desenvolvida. Esclarecendo, a princípio, sobre o resíduo eletrônico, passando por elucidar qual a situação nacional e estadual no que se refere ao tratamento dado aos resíduos eletrônicos e à logística reversa e o gerenciamento dos resíduos eletroeletrônicos.

Perspectiva para o futuro na era do lixo eletrônico: de acordo com Adeodato (2007), no processo evolutivo da civilização, iniciou-se a fabricação de produtos com o objetivo de facilitar a vida, possibilitando conforto e agilidade, com o passar do tempo e o crescimento populacional, houve o aumento da necessidade de atender a tais anseios e, com a Revolução Industrial, veio a possibilidade da produção de bens em larga escala. Em função de uma urbanização crescente e acelerada, a quantidade de lixo produzida passou a ser um grande problema para a população, até que, após meados do século XX, houve o despertar para os impactos causados pelo desenvolvimento descontrolado, levando o homem a se preocupar com o Meio Ambiente e o futuro do planeta.

2.1 Resíduo eletrônico

No início da Revolução Industrial, o lixo era composto apenas por resíduos orgânicos, ou seja, restos e sobras de alimentos. Atualmente, trata-se de todo e qualquer material descartado e/ou rejeitado pela sociedade. A partir de 2016, todos os materiais de consumo necessários para o perfeito funcionamento dos equipamentos eletroeletrônicos, que se tornaram obsoletos ou inservíveis, são considerados resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos ou REEE de acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente.

Segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI, 2017), esses equipamentos podem ser divididos em quatro categorias:

Quadro 1 - Divisão dos REEE por categoria

Linha Marrom Linha Verde Linha Branca Linha Azul Monitores Televisores DVD/VHS Equipamentos de áudio Câmeras e filmadoras Desktops Laptops Impressoras Tablets e Celulares Refrigeradores Fogões Lavadoras de roupa Lavadoras de louça e Condicionadores de ar Batedeiras Liquidificadores Aspiradores de pó e cafeteiras Fonte: ABDI (2017)

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Tais equipamentos eletroeletrônicos são considerados resíduos ao final de suas vidas úteis, considerando que foram esgotadas todas as possibilidades de recuperação, atualização e reuso desses equipamentos (ABDI, 2017). De acordo com a Organização das Nações Unidas do Brasil, em 2014, o Brasil chegou a produzir 1,4 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos, enquanto no mundo foram produzidos 42 milhões de toneladas. Esse problema é ainda maior no caso de países em desenvolvimento, devido à escassez de recursos adequados para o tratamento de descarte desses materiais, provocando danos ambientais e sociais.

Em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) por meio da Lei nº 12.305, definiu os conceitos de Responsabilidade Compartilhada pelo Ciclo de Vida dos Produtos, Logística Reversa e Acordo Setorial, onde, através do artigo terceiro, inciso XII, define a Logística Reversa como sendo “(...) Instrumento de desenvolvimento econômico e social, caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.” (BRASIL, 2010).

Segundo a Gestión Sostenible de Residuos de Aparatos Eléctricos y Electrónicos en América Latina (2015), em 2014 o Brasil produziu 1,4 milhão de toneladas de resíduos eletrônicos, deixando evidente a necessidade de um planejamento capaz de executar, de forma eficaz e adequada, ações de Logística Reversa para gerenciamento desses resíduos com foco na sustentabilidade.

O lixo eletrônico é um desafio que se agrega aos problemas ambientais da atualidade. Os atuais consumidores estão mais preocupados com a satisfação de suas necessidades ao invés de refletir sobre as verdadeiras consequências causadas pelo consumo que tende a crescer cada vez mais (AFONSO, 2014).

Para Martendal e Santos (2014), o desenvolvimento de novas tecnologias na produção impulsionou a produção, em grande escala, de produtos eletroeletrônicos como televisores, projetores, notebooks, tablets, smartphones, entre muitos outros. A popularização desses equipamentos, agregando sempre eficientes e aprimoradas funções, elevou o nível de consumo desses produtos, tornando os equipamentos obsoletos mais rapidamente e reduzindo sua via útil,

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resultando numa curva de consumo ascendente, em que o público costuma substituir e descartar seus aparelhos com mais facilidade e maior frequência, ocasionando, assim, grandes alterações no meio ambiente.

Caumo e Abreu (2013) destacam custos inviáveis de manutenção desses aparelhos em relação à aquisição de novos, bem como a dificuldade na obtenção de peças novas para reposição como um dos fatores que também estimulam o grande aumento do consumo. Com base no relatório divulgado pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente, PNUMA (2015), a indústria eletrônica gera até 42 milhões de toneladas de lixo eletrônico a cada ano. No ano de 2017, esse número poderia chegar a 50 milhões de toneladas. Ainda de acordo com um relatório da Plataforma para Aceleração da Economia Circular (PACE), 2019, e da Coalizão das Nações Unidas, com a continuidade do padrão de consumo atual, a produção de lixo eletrônico está projetada para alcançar 120 milhões de toneladas ao ano em 2050.

O portal eCycle destaca que, quando o descarte de resíduos eletroeletrônicos é feito de forma inadequada pode causar sérias consequências ao meio ambiente. As substâncias químicas contidas nos componentes eletrônicos contaminam o solo, atingindo o lençol freático. Além disso, podem ocasionar doenças graves nas pessoas que manipulam esses materiais nos aterros sanitários e lixões. Os males provocados por substâncias utilizadas em componentes e aparelhos eletrônicos como de TV, computadores e celulares, classificam-se de acordo com o Laboratório de Sustentabilidade da USP, em:

Quadro 2 - Substâncias Químicas encontradas nos REEE

Material Onde é usado Danos

Chumbo Computadores, celulares, televisores

Ao sistema nervoso e sanguíneo

Cádmio Computadores, monitores de tubo de raios catódicos, bateria de laptop

Envenenamento, danos aos ossos, rins e pulmões

Arsênico Usado em celulares Doenças de pele, prejudica o sistema nervoso e pode causar câncer no pulmão

Mercúrio Computadores, monitores e TV de tela plana

Danos cerebrais e ao fígado

PVC Isolamento de condutores

elétricos

Se queimado e inalado, causa problemas respiratórios Berílio Computadores e celulares Câncer de pulmão

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Retardantes de chamas Diversos componentes eletrônicos, para prevenir incêndios.

Desordens hormonais, nervosas e reprodutivas

Fonte: Adaptado do portal ecycle. Disponível em: https://www.ecycle.com.br/1830-lixo-

eletronico-componentes-toxicos Acesso em: 01/02/2020.

A Organização O Eco (2016) afirma que a geração de lixo no Brasil aumentou em função do crescimento populacional e, com isso, as cidades começaram a apresentar dificuldades para implantar, coordenar e gerenciar os resíduos gerados de modo sustentável. O gerenciamento desses resíduos de forma incorreta compromete a qualidade de vida da população, pois, podem causar enchentes por entupimento de galerias pluviais, contaminam o solo por serem depositados em áreas preservadas sem as devidas precauções e a emissão de gases tóxicos pela queima indevida. Por estes motivos, foi instituída a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), que se refere ao gerenciamento, em âmbito nacional, de resíduos sólidos, inclusive os materiais perigosos.

2.2 Logística Reversa

A logística reversa é considerada uma das áreas da logística tradicional, onde a responsabilidade pela destinação correta para o descarte dos produtos é o próprio fabricante. Na logística tradicional, essa responsabilidade termina quando os produtos comercializados chegam ao seu consumidor final (PEREIRA; BARTHOLOMEU; TADEU; SILVA E CAMPOS, 2012).

O Ministério do Meio Ambiente (2016) destaca a importância da Logística Reversa (LR) como um dos instrumentos de controle, pautando o quanto definido no Art. 3º, inciso XII da PNRS.

O instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado pelo conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (PNRS, 2016, p?).

Para Leite (2009), a Logística Reversa é a área da Logística Empresarial que organiza e controla as informações e o fluxo de logísticas correspondentes ao retorno dos produtos de pós-consumo a um novo ciclo de negócios ou de produção, por meio de canais de distribuição reversos, agregando a esses

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produtos, valores de diversas naturezas, como: econômico, ecológico, legal, entre outros.

A atividade de logística reversa é o resultado das elevadas e constantes inovações tecnológicas, que têm como objetivo a otimização do uso de matérias-primas primárias e do crescente número de consumidores mais conscientes do uso ecologicamente correto desses materiais. Sendo assim, a logística reversa é uma importante ferramenta em uma organização por tornar possível a eficiência e sustentabilidade nos trabalhos de recuperação de equipamentos, como a diminuição no impacto ambiental, com a redução do descarte desses materiais (LAVEZ, SOUZA e LEITE, 2011).

Os produtos de pós-consumo são aqueles materiais, que, encerrada a sua utilidade original, regressam ao ciclo produtivo e, podem ser classificados em três subsistemas reversos: os canais reversos de reuso, de remanufatura e de reciclagem (LEITE, 2009). I. Canais Reversos de Reuso: São produtos com estado de vida em condições de uso. II. Canal de Remanufatura: São produtos que podem ser reaproveitados, com a utilização de partes de outros equipamentos com a mesma finalidade, através da substituição de alguns componentes. III. Reciclagem: Este é o canal onde acontece a revalorização dos materiais que constituem os produtos descartados que, após serem retirados, são novamente transformados em matérias-primas para a produção de novos equipamentos.

O processo de logística reversa consiste no retorno dos produtos descartados, com pouco ou nenhum uso, à empresa fabricante. Esse retorno pode ser ocasionado pelo aparecimento de defeitos, avarias de transportes, entre outros. Além disso, podem estar relacionados aos processos comerciais das empresas, como erros de pedidos, estoques obsoletos, entre outros (LEITE, 2009).

A logística reversa também pode ser feita por qualquer empresa que se interessar pela realização dessa atividade, mesmo que não seja o fabricante. Para tal, deve ser estudado o processo de destinação tomando devidos cuidados com quem vai receber os produtos, evitando o descarte de forma inadequada após o fim da sua vida útil, colocando-o novamente na cadeia produtiva, reduzindo exploração dos recursos naturais e diminuindo custos com aquisição de matéria-prima (CAUMO e ABREU, 2013).

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Para a aplicação correta da logística reversa, o Ministério do Meio Ambiente (2013), alerta que é necessário um acordo setorial de natureza contratual entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, tendo por objetivo a implantação da responsabilidade compartilhada sob o ciclo da vida dos produtos e que, sem esse acordo prévio e o conhecimento local, regional ou nacional, o planejamento e ações adotadas poderão ser inadequados e os benefícios da gestão de resíduos sólidos não serão eficientes, podendo acarretar maiores prejuízos ambientais, econômicos e sociais.

O PNRS cumpre a função precípua de apontar para a responsabilidade das organizações em instituir o processo logístico reverso, como também estabelece a integração dos municípios na gestão do lixo. Nesse contexto, as empresas produtoras de eletroeletrônicos devem planejar a devolução, reciclagem e destinação adequada desses materiais. Caberia às indústrias a retirada desses produtos, por meio de um sistema logístico junto aos comerciantes. Observe-se que o PNRS determina que os comerciantes devem colocar à disposição dos consumidores locais específicos para a devolução desses itens. Deste modo, podemos inferir que o compartilhamento de responsabilidades é o ponto de partida para que a logística reversa funcione no nosso país (VG RESÍDUOS, 2017).

2.3 Logística Reversa e o Lixo Eletrônico

Os equipamentos eletroeletrônicos e de informática são classificados como bens duráveis por apresentarem uma condição de vida útil que dura, em média, alguns anos e até algumas décadas (LEITE, 2009). Contudo, esses bens duráveis são compostos por vários componentes com durações diferentes, e que podem ser substituídos ao longo da vida útil, criando fluxos reversos em canais próprios. Assim sendo, as organizações poderiam realizar a logística com produtos fabricados por elas ou por outras organizações, como forma de reutilizar o máximo de equipamentos ou produtos obsoletos (PARAÍSO, SOARES e ALMEIDA, 2009).

Uma grande parte da disponibilização de produtos para a logística reversa é causada, entre outros motivos, por obsolescência tecnológica ou defeito de funcionamento, pelo status de aquisição de um produto mais moderno, por acidentes no transporte do bem, onde os consumidores se desfazem destes

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bens por meio de sistemas reversos em coletas informais ou através de doações (LEITE, 2009).

Se faz necessário um papel mais efetivo por parte do governo com relação à fiscalização dos produtos que possuem na sua composição materiais tóxicos e metais pesados, na determinação da aplicação de mecanismos de logística reversa e fomento à reutilização desses materiais, bem como ações que alertem a população da importância da destinação adequada desses produtos por parte das empresas, e estudos de redução de custos que tornem a prática mais acessível (PARAÍSO, SOARES e ALMEIDA, 2009).

Um dos maiores entraves da logística reversa aplicada ao lixo eletrônico é o alto custo correlato à uma adequada destinação, além de ser uma classe de resíduos pulverizada em todo o país, acrescendo-se o problema das longas distâncias, o que torna a coleta difícil e inviável economicamente (VIEIRA, SOARES e SOARES, 2009; LAVEZ, SOUZA e LEITE, 2011).

2.4 Reciclagem do Lixo Eletrônico

De forma geral, reciclagem é um canal reverso de revalorização, em que os materiais que fazem parte dos produtos descartados são extraídos e se transformam em matérias-primas que serão reutilizadas na fabricação de novos produtos (LEITE, 2009). Ampliando essa definição, Novaes (2011) cita que a reciclagem prolonga a vida das fontes de bens naturais esgotáveis e reduz o volume de resíduos, a saturação rápida dos aterros sanitários e promove a geração de empregos; sendo tudo isso, parte de um processo mais abrangente do gerenciamento de resíduos, que envolve quatro fases: coleta e transporte do material; separação e limpeza; reprocessamento e fabricação de novos produtos e comercialização dos novos produtos.

Para o Paraná Portal (2018), o descarte correto é de grande importância, tanto para o processo da reciclagem que chega a movimentar cerca de R$ 12 bilhões por ano quanto para a preservação ambiental e, consequentemente, a saúde da comunidade. No Brasil, ainda são desperdiçados R$ 8 bilhões pelo não reaproveitamento de resíduos que são enviados aos lixões e aterros sanitários. De acordo com ONUBR (2017), além de causar benefícios ou a saúde e ao meio ambiente, podem ser criadas oportunidades econômicas por meio da reciclagem de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos, apenas recuperando os minérios e materiais valiosos como o cobre, prata e ouro que fazem parte da composição

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desses produtos. Para isso, será necessário investir em tecnologias próprias que possibilitem a separação desses materiais (ECYCLE, 2016).

O processo de reciclagem do lixo eletrônico começa com a coleta e triagem dos equipamentos descartados, quando são separados os materiais ou equipamentos que ainda possuem condições de uso, daqueles que não possuem condições de reaproveitamento. Em seguida, esses equipamentos são desmontados para a separação das carcaças plásticas e metálicas, bateria, vidros e placa de circuito, dando-se a destinação adequada a cada uma dessas partes, segundo a eCycle (2016):

a) Carcaça: após separada por material, pode ser triturada de acordo com a sua densidade, e ser vendida para empresas que utilizem esses polímeros. Os materiais tóxicos devem ser acondicionados em tanques específicos e enviados às empresas especializadas.

b) Baterias: devem ser separadas e enviadas a empresas de reciclagem ou de descarte adequado para esse tipo de produto.

c) Vidros: devem ser separados de acordo com suas características; tanto a tela de celular quanto os monitores, pois, dependendo da sua aplicação, contêm substâncias diferentes como o chumbo ou arsênio; como também, passar por trituração e tratamento, para serem vendidos como matéria-prima.

d) Placas de circuito impresso: O Brasil não possui tecnologia adequada para reaproveitamento desse material. Nesse caso, são enviadas para países que realizam esse tipo de serviço.

Em conformidade com o PNRS (MMA, 2012), a reciclagem pode ser considerada o método mais vantajoso para se destinar os resíduos eletrônicos, pois é possível economizar matéria-prima, energia, água, entre outros insumos. Além disso, evita a extração de recursos naturais e a contaminação ambiental, reduzindo também os custos de produção e gerando empregos.

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3 MATERIAL E MÉTODO

A princípio, foi pesquisado nos registros do setor de patrimônio do IFAL campus Maceió, quais os principais motivos registrados nas solicitações que ocasionaram a devolução e/ou a renovação dos equipamentos eletrônicos de informática no campus investigado.

A pesquisa teve um caráter quantitativo, em função do levantamento dos dados relativos aos registros de equipamentos eletroeletrônicos oriundos de laboratórios técnicos do campus e que, por sua vez, foram destinados ao processo de desfazimento de bens realizado no ano de 2010 e o processo em andamento para desfazimento em 2020, contendo o volume de material a ser descartado. É importante salientar que esses foram os únicos registros de desfazimento encontrados na Unidade investigada.

Considere-se, ainda, o perfil qualitativo dos equipamentos, quando foi levado em conta o estado de conservação e funcionamento, onde são observados problemas originados por desgastes mecânicos de peças, e avarias causadas por impactos em decorrência da utilização nos laboratórios de aulas práticas, ou apenas a obsolescência induzida, quando estão em condições de uso e são substituídos por novos modelos mais eficientes e modernos.

3.1 Local da pesquisa

A pesquisa foi realizada no campus Maceió, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnológica de Alagoas – IFAL. Localizado na cidade de Maceió, capital do Estado de Alagoas. O campus Maceió foi escolhido para a pesquisa por ser o mais antigo da rede federal no estado e, por ter aproximadamente 25% do total de funcionários do Órgão, incluindo docentes e funcionários administrativos, atendendo a alunos nos três horários de funcionamento e cursos de nível médio/técnico e superior tecnológico, sendo, assim, a maior representação dentre as unidades de ensino da rede federal implantada no estado de Alagoas. A escolha pelo local do objeto de estudo se justifica por ser o campus Maceió o mais antigo, e o maior em número de funcionários, alunos e cursos oferecidos, e ainda pela facilidade de acesso aos dados necessários à pesquisa. Assim, ao analisar a problemática do descarte dos REEE na instituição, esta pesquisa também contribui para a compreensão de práticas organizacionais voltadas ao descarte desse tipo de resíduo, sugerindo proposta de ação que pode ser adotada para a realização de uma

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forma de descarte adequada aos resíduos eletroeletrônicos gerados pelo campus, servindo de base para aplicação nos outros campi do IFAL.

3.2 Levantamento de equipamentos eletrônicos

A pesquisa foi embasada em observações do atual processo de descarte existente, consultas e análises realizadas em arquivos e registros dos processos de desfazimento encontrados no Departamento de Patrimônio, responsável pela baixa patrimonial dos equipamentos eletrônicos devolvidos pelas coordenadorias de cursos e Departamentos de Informática, bem como em registros administrativos acerca dos motivos e regras internas, periodicidade e metodologias adotadas no processo de desfazimento desses equipamentos eletrônicos, com o intuito de identificar características e peculiaridades do processo de reuso e/ou descarte dos resíduos eletroeletrônicos no campus Maceió, bem como sugerir algumas medidas que venham a melhorar a realização deste processo. A proposta desse trabalho surgiu do interesse em investigar, na instituição pública em que leciono, o tratamento dado ao processo de desfazimento e descarte de resíduos eletroeletrônicos. Caso existisse esse processo, pensamos em descrevê-lo e, não existindo, encontrar gargalos para propor melhorias. Ademais, apesar do campus Maceió, inaugurado no ano de 1937, ter 83 anos de história, constatamos que houve apenas algumas iniciativas ocasionais de reaproveitamento de alguns equipamentos, sem registros formais nem trabalhos desenvolvidos na instituição voltados para as práticas do reaproveitamento e/ou descarte de equipamentos eletroeletrônicos.

3.3 Análise dos Dados

Foi constatado que a instituição pública analisada utiliza um número expressivo desses equipamentos em suas áreas administrativas e de ensino como salas de aulas e laboratórios técnicos dos quais, muitos estavam sem possibilidade de utilização nesses laboratórios por apresentarem defeitos de funcionamento. Embora haja alguma aplicação de técnicas de logística reversa, sendo praticada no Órgão, foi demonstrado resultado satisfatório no tocante a recuperação desses equipamentos, proporcionando uma redução na geração de resíduos eletrônicos e a criação de mais um espaço para realização de aulas práticas, o que motivou um grande interesse dos colaboradores dessa pesquisa, acerca da problemática desse estudo.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esse capítulo apresenta as informações coletadas por meio de pesquisa de dados realizada no Departamento de Patrimônio do campus Maceió do Instituto Federal de Alagoas, o que proporcionou uma visão geral sobre a questão do que estava sendo investigado, permitindo, dessa forma, propor medidas que venham sugerir mecanismos que auxiliem no reaproveitamento e descarte adequado dos resíduos eletroeletrônicos gerados pela instituição.

4.1 Equipamentos eletroeletrônicos e coleta desses equipamentos no IFAL

A princípio, foi pesquisado nos registros do Departamento de Patrimônio do IFAL campus Maceió, quais os principais motivos que ocasionaram a devolução e/ou a renovação dos equipamentos eletrônicos de informática nesse campus. Foi constatado, de forma geral, que os equipamentos são devolvidos por motivo de danos, uso indevido, obsolescência e defeitos diversos.

A partir das informações obtidas nas consultas aos arquivos do Departamento de Patrimônio, foi identificado que a maioria dos equipamentos eletroeletrônicos são equipamentos de informática como monitores e Unidade Central de Processamento (CPU), além de condicionadores de ar, televisores e instrumentos eletrônicos de medidas. O campus Maceió não tem programa de coleta de equipamentos eletrônicos oriundos da comunidade, no entanto, o Departamento de Patrimônio, recebe todo tipo de equipamento devolvido pelos demais setores do Órgão quando estes não servem mais aos objetivos de departamento de origem.

É importante salientar a necessidade do comprometimento da Administração Pública no fomento à execução de práticas sustentáveis, sendo responsável por gerenciar todo resíduo sólido gerado pelo Órgão, conforme sugere o Ministério do Meio Ambiente (2013), oferecendo condições adequadas para a realização da coleta, armazenamento e transporte, identificando aspectos complicadores e facilitadores com o objetivo de formular estratégias mais eficientes, quando necessário.

Desse modo, observa-se que o Instituto Federal de Alagoas - IFAL - não está exercendo adequadamente o seu papel, no que se refere ao recolhimento de equipamentos eletroeletrônicos, levando em consideração que este tipo de resíduo sólido tende a crescer a cada ano, devido à obsolescência acelerada

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desse tipo de equipamento. Com isso, se faz necessária, ainda mais, a adoção de práticas que possibilitem o reaproveitamento desses equipamentos eletroeletrônicos.

4.2 Acondicionamento de eletroeletrônicos no Campus Maceió

Quando os equipamentos eletrônicos se tornam inservíveis, obsoletos, ou mesmo onerosos para um determinado departamento, fica a cargo da Chefia deste enviá-lo para o Departamento de Patrimônio, o que, na maioria das vezes, por motivo da falta de espaço suficiente e adequado para armazenamento, isso não acontece.

Pode-se verificar que o depósito do Departamento de Patrimônio não serve exclusivamente ao armazenamento de equipamentos eletrônicos; e, sim, para todos os bens servíveis patrimoniados pertencentes ao campus como birôs, estantes, cadeiras, carteiras etc., que têm condições de serem doados ou inservíveis do campus Maceió, são armazenados no mesmo depósito.

Foi constatado que o depósito dos equipamentos armazenados para descarte não é feito de forma adequada. Observamos que monitores de tubos, do tipo Tubo de Raios Catódicos (CRT), que possuem um alto nível de chumbo na sua composição e um alto grau de contaminação, são acondicionados por sobreposição. Sem critérios de separação, não é possível identificar quais equipamentos estão ou não funcionando, e, correm o risco de serem danificados por quedas, o que dificulta a aplicação do mecanismo de reutilização adotado pela logística reversa.

Figura 1. Sala de armazenamento de bens inservíveis

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A ausência de um local para a realização de armazenamento exclusivo e adequado para os resíduos eletrônicos, onde muitos deles são danificados enquanto estão guardados, torna-se um grande obstáculo para o reaproveitamento de equipamentos ou parte desses ou, até mesmo, para a realização de um descarte ambientalmente correto, sendo que esse espaço facilitaria o processo de triagem dos equipamentos (PAIVA; SERRA, 2014), ou seja, facilitaria a separação dos equipamentos que oferecem condições de serem recuperados, tornando maior, com sua reutilização, o ciclo de vida desses equipamentos.

Sendo assim, e com base nos arquivos de memorandos pesquisados, observou-se que os motivos incentivadores da substituição de equipamentos eletrônicos e de informática inservíveis são ocasionados, principalmente, pelas inovações tecnológicas que tornam esses equipamentos obsoletos e, em muitos casos, onerosos ao departamento, pelo alto custo de reparação desses equipamentos. Tais fatores contribuem para o aumento na produção do lixo eletrônico que, muitas vezes, torna a substituição mais vantajosa do que a atualização com novas peças.

A pesquisa constatou que não existe uma periodicidade específica para renovação desse tipo de equipamento, a qual depende da demanda e da disponibilidade de novos equipamentos. As diversas secretarias, departamentos, laboratórios técnicos e salas de aula que compõem o espaço físico do IFAL são os locais de utilização desses equipamentos. Quando os equipamentos quebram, ficam obsoletos ou mesmo viram sucata, esses setores solicitam ao departamento de patrimônio a reposição desses equipamentos. Caso esse equipamento exista e/ou não esteja sendo utilizado em outro setor, o mesmo é remanejado para atender ao setor solicitante, caso contrário, inicia-se um processo de compra de novos equipamentos. Por outro lado, dependendo da situação ou finalidade em que o equipamento está inserido, ele poderá ser usado até o limite de sua vida útil.

Esses equipamentos são considerados bens duráveis compostos por vários componentes com diferentes prazos de validade e que podem vir a ser substituídos e/ou recuperados no decorrer de sua vida útil (LEITE, 2009), o que explica o fato de não ocorrer uma periodicidade específica para renovação de equipamentos eletrônicos na unidade investigada.

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Quanto ao descarte desses aparelhos, apenas os cuidados institucionais são aplicados a estes materiais. O Decreto n°99.658, de 30 de outubro de 1990, Decreto n° 6.087 de 20 de abril de 2007 e a Instrução Normativa n°205 de 8 de abril de 1988 SEDAP tratam desse tema, porém, não estão definidos padrões para o procedimento de descarte por ocasião do envio desses equipamentos para um destino final. Para o desfazimento de um bem durável ou permanente no IFAL, é necessário que se abra um processo para baixa no patrimônio, cujo destino geralmente é a doação. Por se tratarem de organizações públicas, os aparelhos são enviados ao setor de Patrimônio, onde são avaliados e, os aparelhos considerados sucatas são armazenados para posterior venda em leilões públicos a empresas especializadas nesse tipo de material. Sendo assim, foi constatado que a instituição não tem políticas voltadas para a problemática do lixo eletrônico, permanecendo guardados, armazenados à espera de oportunidades para que seja determinado seu destino final.

Uma das premissas da logística reversa é estabelecer canais de comunicação entre as empresas e seus usuários, facilitando o acesso às informações sobre o destino final dado aos seus equipamentos (VIEIRA, SOARES e SOARES, 2009). Verificou-se nas unidades investigadas, que não existe essa conexão, pois o fornecedor não tem acesso à destinação final dada pelo IFAL a seus produtos. Com isso, podemos afirmar que as unidades investigadas não fazem uso da atividade de logística reversa.

Como já foi citado, não existe uma periodicidade para a realização de processos de desfazimento, doação ou liberação desses materiais a instituições ou empresas de reciclagem, no entanto, durante a realização deste trabalho, foi localizado nos arquivos a documentação do último processo de desfazimento, realizado no período de 06 a 20 de julho de 2010. Tal processo culminou num termo de desfazimento de bens inservíveis do campus Maceió do Instituto Federal de Alagoas, onde se constata a realização de doação para entidades filantrópicas do montante de material e equipamentos eletrônicos, cuja quantidade está demonstrada na figura 02.

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Figura 2 - Dados relativos ao desfazimento 2010

Fonte: Dados do Departamento do Patrimônio Campus Maceió (2010)

A partir das informações obtidas nas consultas de arquivos do Departamento de Patrimônio, foi possível observar que a maioria do material eletrônico devolvido para descarte dentro do campus Maceió é oriundo da área de informática, como monitores e Unidade Central de Processamento (CPU), além de condicionadores de ar, televisores e instrumentos eletrônicos de medidas de laboratórios, como pode ser visto na figura abaixo.

Figura 3 - Equipamentos descartados por áreas no campus Maceió

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Figura 4 - Percentual de equipamentos descartados entre áreas

Fonte Departamento de Patrimônio campus Maceió (2010)

Com relação ao elevado número de equipamentos de informática, tal fato pode ser atribuído às inovações tecnológicas ocorridas no período, ocasionando a substituição dos dispositivos de saída, como monitores de computador que utilizam a tela de tubo de raios catódicos CRT por monitores de tela de cristal líquido LCD, e computadores por máquinas com maior capacidade de memória e velocidade de processamento.

Ao final de 2019, um novo processo de desfazimento foi iniciado, o qual encontra-se ainda em realização, onde espera-se que, com a conclusão dos trabalhos, seja possível detectar a quantidade de resíduos gerados neste período de aproximadamente 10 anos.

Com o início da realização desse novo processo de desfazimento, não foi possível o acesso às informações referentes à quantidade de equipamentos a serem descartados, pois, só após análise e parecer técnico acerca do estado de conservação e funcionabilidade desses equipamentos é que eles são liberados para descarte ou para reuso em outros setores da própria instituição. Esta disponibilidade fica pendente até mesmo para uso em outros órgãos, como sugere o programa Reuse, do governo federal, onde, através de um cadastro nacional, ficam expostos e à disposição das entidades públicas ou privadas que podem solicitar, sem ônus para a união, a doação desses equipamentos.

No entanto, foi possível apurar, através de pesquisa em relatórios gerados pelo departamento de patrimônio do campus, a relação dos equipamentos que foram enviados à comissão para análise e realização do processo de desfazimento e, através de laudo técnico, serem liberados ou não para o descarte. O gráfico abaixo mostra o quantitativo encontrado no relatório fornecido pelo setor de patrimônio do campus Maceió.

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Figura 5 - Resultado relativo ao desfazimento 2020

Fonte: Dados do Departamento de Patrimônio Campus Maceió (2020)

Fazendo um comparativo entre os dois processos de desfazimento, podemos concluir que, em todos os casos, houve diminuição nos níveis de descarte. Isso se deve às formas de gerenciamento dadas a cada uma das classes de materiais aqui apresentadas, pois a pesquisa baseou-se no material patrimoniado, e que se encontra em processo de descarte, sendo assim, não foram considerados equipamentos em pleno funcionamento e uso, nem equipamentos adquiridos por meio de contratos de locação, como impressoras, e nem materiais que, por convenção, deixaram de ser bens permanentes e passaram a ser bens de consumo, como teclados para computadores.

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Figura 6 - Comparativo do desfazimento dos anos 2010 e 2020

Fonte: Dados do Departamento de Patrimônio Campus Maceió (2010;2020)

Conforme o exposto no gráfico, que traduz resultados conseguidos com a realização deste trabalho, verificou-se quais os principais equipamentos ou componentes eletrônicos descartados pelo campus do Instituto. Com isso, pudemos detectar que foram descartados, no período, um grande número de computadores e periféricos como teclados, mouses, monitores, estabilizadores e CPUS. Constituídos por partes móveis, muitos poderiam ter sido recuperados com a reposição dessas partes e reaproveitados, prolongando sua servibilidade para a entidade.

4.3 Práticas de incentivo ao reaproveitamento de equipamentos componentes e peças eletrônicas no Campus

As instituições de ensino são espaços comunitários e abertos que visam o desenvolvimento de atividades voltadas para a educação e a prática do desenvolvimento sustentável. Com isso, tentou-se identificar a existência de alguma ação com práticas que viessem incentivar a reciclagem dos Equipamentos Elétricos e Eletrônicos. No entanto, constatou-se que não existiam ações voltadas à execução de trabalhos relacionados a práticas nesse sentido, com execução de alguns trabalhos realizados pelo Departamento de Tecnologia da Informação que, na medida do possível, dão suporte técnico na solução de alguns problemas relacionados a essa área.

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Por tais motivos e, com o intuito de atender aos propósitos da pesquisa no tocante ao reaproveitamento e ao descarte de resíduos oriundos de equipamentos e componentes eletroeletrônicos e de informática no instituto Federal de Alagoas, foi constatado que não existem ações aplicadas ao descarte deste tipo de material na instituição. Com isso, foram investigadas práticas já adotadas e que estão sendo aplicadas em outras Instituições de Ensino do país, para servirem de modelo nas ações a serem implantadas nos Campi do IFAL, tornando possível a destinação dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos de forma adequada.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por exemplo, reaproveita peças de equipamento inservíveis, onde as partes e peças são retiradas e guardadas para serem usadas na recuperação futura de outros equipamentos. Foram inseridas, nos processos de licitação, exigências da utilização de técnicas sustentáveis por parte dos fornecedores para compra de novos equipamentos eletrônicos. No caso da aquisição de novos computadores, essa fica condicionada à autorização de uma Superintendência Técnica do campus, justificando a real necessidade, tornando mais racional esse procedimento (SANTOS; 2018).

Por ocasião do início desta pesquisa, foi realizado um programa de estágio aplicado no curso técnico em eletrônica do campus Maceió do Instituto Federal de Alagoas, objetivando a conscientização dos alunos envolvidos sobre um adequado reaproveitamento e descarte correto de equipamentos eletrônicos com avarias, utilizando-se das técnicas de logística reversa e economia circular para o reaproveitamento desse material na manutenção de equipamentos defeituosos dentro da coordenação do curso. Alunos orientados por professores executaram manutenção de equipamentos danificados em laboratórios que seriam destinados ao departamento de patrimônio para a devida baixa patrimonial e consequente descarte. Foi feito um levantamento da quantidade de equipamentos defeituosos onde, a princípio, foi feita a contagem de cada tipo de instrumento e depois pesagem de cada equipamento para se saber o peso total de resíduo, independente do material que seria descartado, e a contribuição por categoria de equipamento, a qual está demonstrada no quadro abaixo.

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Quadro 3 - Total de equipamentos defeituosos a serem descartados no curso de eletrônica

Item Equipamento danificado Quantidade Kg

1 Osciloscópio 14 130

2 Multímetro de campo e bancada 18 13,5

3 Fontes de alimentação 24 127

4 Gerador de função 02 8

5 Unidade Central de Processamento CPU 03 34,5

6 Scanner (digitalizador) 01 3,5

Total de equipamentos a ser descartado 62 316,5 Fonte: O Autor (2020)

Com a execução dos serviços de manutenções corretivas realizados num período de seis meses entre 2018 e 2019, por um aluno do curso com acompanhamento de um professor supervisor e, um outro professor orientador desse estágio, conseguiu-se recuperar vários equipamentos, os quais retornaram em perfeito estado de funcionamento. Com o retorno desses equipamentos ao uso, foi possível montar mais um laboratório de aulas práticas, onde antes faltava espaço físico adequado para a realização dessas aulas.

O quadro 04 demonstra a quantidade de equipamentos recuperados e a quantidade de lixo que deixou de ser gerado pelo reaproveitamento dos equipamentos para uso em laboratório de aulas práticas.

Quadro 4 - Total de equipamentos recuperados no curso de eletrônica

Item Equipamento recuperados Quantidade Kg

1 Osciloscópio 11 103

2 Multímetro de campo e bancada 18 13,5

3 Fontes de alimentação 20 111

4 Gerador de função 02 8

5 Unidade Central de Processamento CPU 03 34,5 6 Scanner (digitalizador) 01 3,5 Total de equipamentos recuperados 55 273,5

Fonte: O Autor (2020)

Quando algum equipamento apresentava um problema que, seja pela complexidade ou, mesmo, por falta de peças no mercado, pelo avançado tempo

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de fabricação desses equipamentos, os torna inservíveis, são sacrificados para reaproveitamento de peças e componentes. Nesses casos, tendo como base a técnica da logística reversa, tais equipamentos são desmontados e suas partes abastecem um almoxarifado técnico para fornecimento de peças de reposição para equipamentos que apresentem defeito no futuro.

O quadro 05 mostra a quantidade de equipamentos que não puderam ser recuperados, mas que, mesmo assim, tiveram destino controlado, evitando-se gerar lixo eletrônico a ser descartado.

Quadro 5 - Total de equipamentos reservados para reaproveitamento de peças no curso de eletrônica

Item Equipamento recuperados Quantidade Kg

1 Osciloscópio 3 27

2 Multímetro de campo e bancada 4 16 Total de equipamentos para reaproveitamento de peças 7 43

Fonte: O Autor (2020)

Com isso, podemos observar que, após o experimento, os equipamentos que não foram reaproveitados nos laboratórios foram destinados ao desmonte para fornecimento de peças de reposição e, podemos afirmar que o total de lixo eletrônico a ser descartado foi 0,0kg.

Através da pesquisa, constatou-se que, mesmo havendo o reconhecimento da eficiência das técnicas utilizadas e a necessidade de se implantar tecnologias como a logística reversa na manutenção de funcionamento dos equipamentos eletroeletrônicos e de informática do Instituto Federal de Alagoas, esse procedimento não é realizado de forma sistemática pela instituição pública investigada.

4.4 Fatores que inibem ou promovem o processo de Logística Reversa para o descarte dos equipamentos eletroeletrônicos no Campus

O principal empecilho para a adoção dessas tecnologias seria a falta de uma resolução que formalize a realização desse tipo de trabalho de manutenção, e que também realize de forma regular a coleta, segregação e destinação desses materiais, após o desfazimento para envio aos departamentos responsáveis para doações, leilão ou devolução aos fabricantes que são os responsáveis finais desses resíduos.

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Conforme a pesquisa foi avançando constatou-se, através da fala do responsável pelo setor de Patrimônio, e que, posteriormente foi confirmado por representantes de Departamentos de Patrimônio de outros campi, que as maiores dificuldades em se realizar um trabalho com logística reversa de resíduos eletrônicos no IFAL é o número de tombamento dos bens e a disponibilidade dos funcionários para executar os procedimento necessários para o cancelamento dos bens do sistema de controle, possibilitando a liberação destes para que possam ser leiloados ou até mesmo doados a instituições filantrópicas ou estações de reciclagem.

Algumas dessas dificuldades poderiam ser resolvidas pelos próprios gestores que, adotando procedimentos e normas para gestão dos equipamentos eletroeletrônicos, definiriam cronograma para desfazimento de patrimônio, facilitando, assim, o processo de reaproveitamento, reciclagem, doações (RIBEIRO, 2017).

Com isso, ficou constatado que, dentro do campus Maceió, há uma necessidade de adoção de mecanismos que possibilitem a adoção de práticas relacionados à logística reversa, por outro lado, notou-se um interesse dos gestores do IFAL em buscar soluções para a destinação desses resíduos eletrônicos. Assim sendo, o Instituto Federal de Alagoas criou uma comissão para elaboração de um Plano de Gerenciamento Ambiental, que tem o objetivo de minimizar os efeitos negativos causados por estes equipamentos ao Meio Ambiente devido ao descarte inadequado dos resíduos eletrônicos. Pois, pertence às universidades e instituições de ensino a responsabilidade de gerenciar os resíduos sólidos gerados por estas instituições, dando um destino correto a esses resíduos (NATUME et. al., 2011).

Assim sendo, algumas instituições de ensino superior adotaram medidas que minimizaram os impactos que o e-lixo por elas gerado causaria ao Meio Ambiente. Um exemplo disso é a Universidade de São Paulo (USP), pioneira no país no trato de resíduos eletroeletrônicos em instituições de ensino superior, que implantou, em 2009, um centro de tratamento para resíduos eletroeletrônicos. Outro exemplo é o Instituto Federal Fluminense (IFF), que vem reaproveitando peças e equipamentos recondicionados para serem usados em laboratórios de informática e de eletrônica (SANTOS, 2018). O quadro abaixo resume as principais medidas adotadas em algumas universidades, com o

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objetivo de melhor gerenciar os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos produzidos dentro da instituição.

Quadro 6 - Medidas adotadas para descarte dos REEE

Universidade Federal do ABC

Recondiciona e distribui equipamentos para outros setores onde haja demanda - as peças que não servem são encaminhadas para os Centros de Recondicionamento e depois destinado às instituições cadastradas

Universidade Federal de Minas Gerais

A coleta do lixo eletrônico fica a cargo de empresas terceirizadas. As unidades

solicitam o recolhimento ao Departamento de Gestão Ambiental.

Fonte: Adaptação da tabela de Matos (2018)

Foi constatado que, em alguns casos, em função do tamanho de alguns equipamentos, como aparelhos condicionadores de ar, por não haver local com espaço suficiente para abrigá-los, estes ficavam amontoados em locais abertos e em contato com o solo, sem nenhuma proteção, enquanto aguardavam o trâmite do processo de desfazimento. Como podemos observar na figura 07, a princípio, o impacto é visual, contudo, o acúmulo de lixo atrai animais peçonhentos e roedores e, por se tratar de lixo eletroeletrônico há, ainda, o risco de impacto ambiental poluente, por possuírem componentes, partes e peças que atuam na contaminação do lençol freático e rios.

Figura 7 - Acúmulo de máquinas em local inadequado

Fonte: O Autor (2018)

A falta de um local adequado para o armazenamento dos resíduos eletrônicos é um grande obstáculo para o descarte ambientalmente correto,

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sendo que um espaço adequado facilitaria o processo de triagem dos equipamentos (PAIVA; SERRA, 2014), ou seja, agilizaria a etapa de separação dos equipamentos que podem ser recuperados, aumentando, assim, o seu ciclo de vida com a reutilização.

Assim como acontece em outros Institutos Federais, os equipamentos eletrônicos que se tornam inservíveis, obsoletos, ou mesmo onerosos para um departamento ficam a cargo de cada Chefe de Departamento, que devem enviá-los para o almoxarifado do Departamento de Patrimônio, o que nem sempre acontece, por não haver espaço suficiente para o armazenamento adequado, onde tais equipamentos acabam dividindo espaço com os funcionários. Tal fato poderia ser amenizado se esse processo de descarte fosse periodicamente realizado, como acontece, por exemplo, na 13ª Companhia Comunicações Mecanizadas da cidade de São Gabriel/RS, onde, segundo mostram dados da pesquisa, com frequência são descartados os equipamentos eletrônicos daquela unidade militar.

Quadro 7 - Periodicidade de descarte em Unidade Militar

A cada 6 meses Uma vez por ano A cada 2 anos A cada 5 anos Não costuma ser descartado Monitores X CPU X Impressoras X Copiadoras X Roteadores X Estabilizadores X Telefones fixos X TV X DVD X Notebook X Teclados Mouses X

Fonte: Adaptação da Tabela da periodicidade aplicada 13ª Cia Com Mec de São Gabriel/RS (2016)

Contudo, em decorrência dos longos períodos, mesmo sendo elevado o número de equipamentos eletrônicos obsoletos ou inservíveis, especialmente

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computadores e seus periféricos, onde tais equipamentos podem ser doados, mesmo de forma aperiódica, ficou constatado que o armazenamento dos equipamentos que apresentam possibilidades de reuso é feito de forma adequada à uma gestão de qualidade, como pode ser visto na figura abaixo.

Figura 8 - Armazenamento de equipamentos para reuso

Fonte: O Autor (2018)

Sendo assim, uma grande parte de todo o equipamento eletrônico e de informática que, por algum motivo, é devolvido ao Departamento de Patrimônio está sendo armazenado em depósito específico até que haja uma determinada quantidade de equipamentos que possam ser encaminhados para descarte, após análise feita pela comissão de desfazimento do Instituto.

A principal forma de descarte dos equipamentos eletrônicos realizada pelas instituições públicas de ensino é a doação, sendo estes resíduos caracterizados por uma grande quantidade de equipamentos obsoletos, que permanecem armazenados por muito tempo no depósito (PAES, 2015). Porém, por não haver um processo de fiscalização por parte dessas instituições de ensino, a doação não garante uma destinação final ambientalmente correta (ANDRADE, FONSECA e MATTOS, 2010).

Em resumo, o cenário dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos e também dos materiais de informática nas Instituições Federais de Ensino é de recondicionamento e reaproveitamento desses materiais nos diversos setores das instituições. A prática do reaproveitamento garante a reutilização de componentes e peças em outros equipamentos, prolongando sua vida útil. Porém, não devendo ser a única medida adotada à realização para um descarte adequado para esse tipo de material.

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Michele Matos (2018) sugere, em sua pesquisa, algumas ações sustentáveis que podem vir a colaborar com um gerenciamento dos resíduos eletroeletrônicos gerados pelas instituições de ensino. O quadro 08 abaixo mostra as principais ações adotadas pela Universidade Federal de Sergipe para gerenciamento de equipamentos eletroeletrônicos, dando a esse material uma destinação ambientalmente adequada.

Quadro 8 - Proposta de Ação

Ação Meta Setor responsável

1. Montar equipe para gerenciamento dos REEE

Gerir ações voltadas ao descarte dos REEE

Núcleo de Gestão Ambiental e Divisão de Patrimônio 2. Levantamento dos

equipamentos

eletroeletrônicos do campus

Separar os equipamentos servíveis dos inservíveis

Divisão de Patrimônio 3. Cartilha de gestão de equipamentos eletroeletrônicos Divulgar ações de sustentabilidade no campus

Núcleo de Gestão Ambiental e Pró-Reitoria de

Planejamento 4. Manual de gestão de EEE

para setores do campus

Facilitar o procedimento no momento de descartar os REEE Núcleo de Gestão Ambiental e Pró-Reitoria de Planejamento 5. Determinar locais

possíveis para acondicionar os REEE

Segregar os REEE dos demais bens

Divisão de Patrimônio e Pró Reitoria de Planejamento

6. Promover o processo de desfazimento

Maior celeridade ao processo de descarte dos EEE

Divisão de Patrimônio

7. Avaliar a possibilidades de reaproveitamento de peça

Proporcionar o aumento do ciclo de vida dos EEE com o conserto de Equipamentos

Núcleo de Tecnologia da Informação

8. Credenciar cooperativas com de reciclagem com experiência em REEE

Garantia de descarte ambientalmente correto

Núcleo de Gestão Ambiental e Pró-Reitoria de

Planejamento 9. Fazer leilões direcionados

REEE

Formação de lotes homogêneos de REEE

Divisão de Patrimônio

Fonte: Adaptado de Michele Matos (2018)

Esse plano poderia ser adotado como um instrumento a ser executado no campus Maceió do Instituto Federal de Alagoas. Contudo, o desempenho destas ações depende de uma visão de gestão voltada à sustentabilidade ambiental, social e econômica, dadas as possibilidades de reutilização que o resíduo eletrônico oferece.

Com a realização desta pesquisa, constatou-se que as inovações tecnológicas, sem dúvida, agilizam as atividades diárias da sociedade em geral,

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