• Nenhum resultado encontrado

Coleção de Imagens Afetivas: Álbuns, Fotoálbuns e Design Emocional

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Coleção de Imagens Afetivas: Álbuns, Fotoálbuns e Design Emocional"

Copied!
53
0
0

Texto

(1)

NÚCLEO DE DESIGN Alida Tuane Silva Ciqueira

Coleção de Imagens Afetivas:

Álbuns, Fotoálbuns e Design Emocional

CARUARU-PE 2014

(2)

NÚCLEO DE DESIGN

Alida Tuane Siva Ciqueira

Coleção de Imagens Afetivas:

Álbuns, Fotoálbuns e Design Emocional

Monografia apresentada no curso de Design da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Centro Acadêmico do Agreste como requisito para à obtenção do grau de Bacharel em Design.

Orientador Prof. Eduardo Romero L. Barbosa

Capítulo 1

CARUARU-PE 2014

(3)

Catalogação na fonte:

Bibliotecária Simone Xavier CRB4 - 1242

C577c Ciqueira, Álida Tuane Silva.

Coleção de imagens afetivas: álbuns, fotoalbuns e design emocional. / Álida Tuane Silva Ciqueira. - Caruaru: O Autor, 2014.

54f.; il.; 30 cm.

Orientador: Eduardo Romero Lopes Barbosa

Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de Pernambuco, CAA, Design, 2014.

Inclui referências bibliográficas

1. Design. 2. Emoção. 3. Álbuns de fotografia. I. Barbosa, Eduardo Romero Lopes. (Orientador). II. Título.

740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2014-81)

(4)

Profª Sophia de Oliveira Costa e Silva.

(5)

Então, mais uma etapa da minha vida concluída! Daqui para frente sei que ainda tenho muito a aprender, mas, sinto-me preparada para enfrentar e conquistar muitos outros objetivos. Por isso, agradeço primeiramente a Deus, pois sem fé eu não conseguiria chegar aonde cheguei. Devo agradecimentos ao meu superorientador, Eduardo Romero, pois sem sua paciência, dedicação, comprometimento e, principalmente, sem suas palavras otimistas como, “Está lindo Tuane, vai dar tudo certo!”, eu não conseguiria finalizar esse projeto de graduação. Sua presença foi fundamental para essa realização professor!

Agradeço a meu pai, Leonardo, pois sempre me apoiou em minhas decisões e sempre esteve comigo me ajudando quando mais precisei. Te amo muito pai! Aos meus amigos Tharcila Barros, Graziela Oliveira, Dianne Renally, Taísa Ramos, Flávia Luiza e Vitor Emmanuel, todos participaram com carinho, companheirismo e amizade, sendo importantíssimo para conseguir forças nos estudos e seguir em frente.

Agradeço às pessoas que tiveram participação ativa, ao qual, com a dedicação de seus tempos, tornou meu projeto enriquecedor. Então, muito obrigada à Warlla Ramos, Rafaela Souza, Márcia Santos, Emanuella Rodrigues Nadielly de Sousa e, novamente, a Tharcila Barros.

(6)

Esta pesquisa tem seu foco na relação entre o Design e a Emoção, tendo como ponto de partida o álbum de fotografia, que pode ser analisado segundo os fundamentos do Design Emocional. Para tal, foi adotado como princípios norteadores os pensamentos de Donald A. Norman e seus níveis de design - design visceral, design comportamental e design reflexivo. Estes níveis são três “momentos” que ocorrem com qualquer pessoa ao olhar, tocar ou usar determinado produto, acontecendo de forma simultânea e sem intenção consciente do indivíduo.

Nesse sentido a Fotografia foi descoberta por muitos estudiosos que procuravam as melhores reações químicas para fixar a imagem que emana da ação da luz para conseguir o que hoje conhecemos por imagens fotográficas. Alguns anos depois da descoberta dessas imagens, surgiu a ideia de uni-las em álbuns fotográficos.

Assim, o aspecto emotivo que é evidente na Fotografia encontra-se, nesta pesquisa, voltado para a discussão entre o Design e a Emoção que evidencia esse envolvimento afetivo do usuário com seu(s) álbum(ns) fotográfico(s) a partir do Design emocional.

(7)

This research focuses on the relationship between the Design and Emotion, taking as its starting point the photo album, which can be analyzed according to the principles of Emotional Design. To this end was adopted as guiding principles thoughts of Donald A. Norman, and their levels of design - visceral design, behavioral design and reflective design. These levels are the three "moments" that occur to anyone to look at, touch or use any product, happening simultaneously and without conscious intention of the individual.

In this sense the photograph was discovered by many scholars who sought the best chemical reactions to fix the image emanating from the action of light to achieve what we know today as images. A few years after the discovery of these images, the idea of uniting them in photo albums emerged.

Thus, the emotional aspect that is evident in Photography is, this research focused on the discussion between the Design and Emotion showing that emotional involvement with your user (s) album (s) photo (s) from emotional Design.

(8)

Imagem 01 – Três bules de chá de Norman na janela acima da pia da cozinha. ... 18

Imagem 02 – Bule de chá inclinado, criado pela empresa Ronnefeldt ... 19

Imagem 034– Fotografia de Joseph Nicéphore Niépce cerca de 1826. ... 22

Imagem 043– À esquerda, auto retrato de Louis Daguerre... 22

Imagem 05 – A esquerda, a janela da biblioteca da abadia de Locock Abbey.. ... 25

Imagem 06 – The Pencil of Nature (O Lápis da Natureza).. ... 26

Imagem 07 – Página de um álbum de retratos da família Ayrton (1864-1865) ... 27

Imagem 08 – Álbum de família (1860-69) tamanho 15.2x15.2x4.4cm. ... 28

Imagem 09 – Exemplo de quarta capa e capa de um álbum atual. ... 28

Imagem 10 – Álbum de fotografia com páginas rígidas e superfície aderente ... 29

Imagem 11 – Álbum com bolsas de plástico, normalmente, tamanho 10x15cm. ... 30

Imagem 12 – Página panorâmica de um fotoálbum. ... 31

Imagem 13 - Objeto suvenir. ... 35

Imagem 14 – Álbuns de fotografia dos dois filhos de Márcia. ... 41

Imagem 15 – Álbum de fotografia personalizado. manualmente ... 41

Imagem 16 – Na capa do álbum de Emanuella tem escrito “Mil histórias para contar” ... 43

(9)

Capítulo 2 Conteúdo

1. Introdução ... 10 2. Desbravando as Emoções Humanas 13

2.1 A Origem do Estudo das Emoções 14 2.2 Design Emocional – Donal A. Norman 16

3. Memórias da Vida: álbuns e fotoálbuns 21

3.1 A origem da imagem fotográfica 21

3.2 O álbum impresso 24

4. Memórias Afetivas: álbuns, fotoálbuns e a emoção 32 5. A dimensão afetiva da fotografia ... 36

5.1 Pesquisa Piloto 37

5.2 Procedimentos de Pesquisa 38

6. A vida como o álbum ... 40

6.1 Os três níveis de Norman 40 6.1.1 Design visceral e o álbum 40 6.1.2 Design comportamental e o álbum 42 6.1.3 Design reflexivo e o álbum 43

7. Considerações finais ... 46 Referências Bibliográficas ... 52

(10)

1. Introdução

O pensamento racional lógico é a base histórica dos estudos da psicologia humana, logo, as emoções eram pouco estudadas. Hoje se sabe que as emoções são extremamente importantes para tomada de decisões na nossa vida cotidiana.

No decorrer dessa pesquisa será percebido que os álbuns fotográficos e a memória afetiva estão totalmente relacionados, pois “(...), nossa memória só é feita de fotografias” (Dubois, 2006). Sendo assim, em viagens, passeios ou festas, as fotos sempre estão presentes para lembrar momentos de interesse de cada pessoa e, quase sempre com a intenção de compartilhar com amigos ou parentes as experiências vividas. Vale ressaltar que o desejo pelos registros fotográficos acontece desde os tempos mais remotos para reviver através da imaginação o passado. Ninguém fotografa aquilo que quer esquecer, por isso todas as imagens são de suposta felicidade.

Diante do exposto, a proposta desta pesquisa configura-se como um projeto de graduação em Design onde visa enriquecer bibliograficamente os conceitos do Design Emocional que se utiliza de níveis de interação e envolvimentos afetivos entre sujeitos e artefatos. Assim, procura-se a partir do Design Emocional debater os álbuns fotográficos como um artefato de Design, partindo do princípio que a Fotografia cumpre um papel fundamental na construção da memória afetiva individual e coletiva da Cultura, ou melhor, analisável a luz do Design Emocional. Considera-se, também, que o álbum fotográfico pode ser um produto de Design analisados pelo Design Emocional.

Para esta pesquisa Donald Norman (2008) é o principal autor nas discussões desses fundamentos. Alguns autores da Psicologia como, Martins (2004) e Bock, Furtado, Teixeira (2002), serão adotados para embasar as discussões sobre conceitos da emoção e pensadores que debatem a Fotografia como um dispositivo tecnológico diretamente ligado a memória afetiva do sujeito.

(11)

Com base na descrição busca-se prover informações teóricas sobre o assunto, tento como objetivo geral evidenciar os álbuns fotográficos como um produto de Design baseado nos fundamentos do Design Emocional de Donald Norman, considerando que a Fotografia cumpre um papel importante na construção da memória afetiva individual e coletiva da Cultura.

A partir do objetivo geral, relacionam-se os objetivos específicos dessa pesquisa:

1- Debater os fundamentos do Design Emocional a fim de relacioná-los aos álbuns fotográficos.

2- Aprofundar os conhecimentos sobre os álbuns e o ato fotográfico na história e na filosofia da Fotografia.

3- Discutir o álbum fotográfico como um produto de Design Emocional, segundo os pensamentos de Donald Norman.

Para tal foi articulada revisões bibliográficas sobre Design Emocional, Psicologia e teoria da Fotografia para entender seus fundamentos, explanar informações históricas e discussões sobre essas leituras. A metodologia adotada foi a analítica baseada na coleta de informações através de entrevistas semiestruturada (survey). Junto a essas informações a pesquisa de campo foi seletiva com usuários (mulheres) que colecionam álbuns de fotografias e/ou que encomendam fotoálbuns e assim, entender o nível de interação particular do sujeito com esse artefato.

O referencial teórico desta pesquisa está organizado em três capítulos: O Capítulo 1 enfoca informações sobre a emoção. O Capítulo 2 traz informações históricas sobre o surgimento dos álbuns de fotografias e sua relação com o ato fotográfico, isto é, a imagem fotográfica em si e sua construção. No Capítulo 3 se estabelece a discussão a respeito do Design Emocional e os álbuns fotográficos, baseado em entrevistas coletadas com o público consumidor desses produtos. Vale ressaltar que existe diferença entre os termos “Álbuns Fotográficos” e “Fotoálbuns”, sendo o primeiro, fotografias reveladas em um papel (normalmente fotográfico) e organizadas em um álbum pré-preparado para receber essas fotos; o segundo são fotografias organizadas em um programa gráfico, onde o resultado são fotos impressas diretamente no papel (normalmente colché).

(12)

Por fim, nas Considerações Finais são retratadas as conclusões provenientes dos resultados obtidos na pesquisa de campo, isto é, através da análise dos resultados, chegou-se a conclusão de possíveis contribuições bibliográficas para os conhecimentos do Design, Emoção e Fotografia.

Portanto, espera-se que as análises descritas nesse projeto de graduação e suas informações possam ser absorvidas no intuito de acrescentar futuras reflexões aos fundamentos do Design Emocional.

(13)

2. Desbravando as Emoções Humanas

Os conhecimentos sobre a emoção na área do Design são recentes e estão sendo atualmente discutido por autores de diversas áreas. O presente capítulo visa debater os fundamentos da Emoção em relação ao Design, a fim de compreender o estudo em questão. Para isso, serão esclarecidas informações sobre Design, o artefato escolhido (álbum de fotografias) e o sujeito (público alvo). Então, inicia-se essa etapa com conceitos sobre o que é Design para entender no decorrer dessa pesquisa a importância do artefato e sua relação entre sujeito (mulheres que compram álbuns de fotografia) e o próprio Design. Logo após serão explanadas informações pertinentes à pesquisa sobre origem da emoção.

Um conceito único da palavra Design ainda é dotado de grande complexidade, tanto que não existe ainda de fato um único conceito para o termo, mas sim algumas definições sobre os eixos que nele contém. Dentre muitas definições sobre o que é Design, foi destacado alguns autores, pois, para essa pesquisa, avalia-se como as mais completas.

Para o professor de história da cultura e do design, Beat Schneider (2010), diz em seu livro “Design – Uma Introdução” que:

“Design é a visualização criativa e sistemática dos processos de interação e das mensagens de diferentes atores sociais; é a visualização criativa e sistemática das diferentes funções de objetos de uso e sua adequação às necessidades dos usuários ou aos efeitos sobre os receptores” (SCHNEIDER, 2010, P.197)

A designer, artista plástica, mestre e doutora, Mônica Moura (2003), diz no livro “Faces do Design” que:

(14)

“Design significa ter e desenvolver um plano, um projeto, significa designar. É trabalhar com a intenção, com o cenário futuro, executando a concepção e o planejamento daquilo que virá a existir. Criar, desenvolver, implantar um projeto – o design – significa pesquisar e trabalhar com referências culturais e estéticas, com o conceito da proposta. É lidar com a forma, com o feitio, com a configuração, a elaboração, o desenvolvimento e o acompanhamento do projeto”. (MOURA, 2003, P. 118)

O professor Canha diz em seu site “Criativosfera” que “Design é comunicar uma mensagem usando de formas, linhas, cores e texturas. Esta mensagem precisa resolver um problema, e pra isto o designer precisa criar um projeto”. (CANHA)1

Percebe-se com esses conceitos que design pode ser um artefato antes planejado, visualmente criativo e funcional, sempre englobando a cultura local.

2.1 A Origem do Estudo das Emoções

Até o final do século XX a Emoção era uma área da Psicologia pouco estudada. Acreditava-se que a emoção era apenas um resíduo de nossas origens animais, sendo um “(...) problema que devia ser superado pelo pensamento racional lógico”. Mas, hoje se sabe que as emoções são muito importantes na nossa vida cotidiana e ajuda na tomada de decisões – como o que é seguro ou perigoso. (NORMAN, 2008)

O estudo das Emoções está ligado à Psicanálise, área do conhecimento desenvolvida pioneiramente por Sigmund Freud (1856-1939) entre os anos de 1920-23. Freud ousou estudar os processos inexplicáveis, como as “(...) fantasias, os sonhos, os esquecimentos (...)” e com isso contribuiu para o estudo do “inconsciente”. (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2002)

As observações de Freud foram, sem dúvida, essenciais para o futuro Estudo da Vida Afetiva2, pois a partir da importância dada a esse estudo, foi que começaram a surgir teorias sobre a vida emocional das pessoas.

Até o século XIX, usavam-se os termos “emoção” e “sentimento” sem diferenciação, então é importante destacar que, hoje, existe distinção entre esses

1 CANHA – Disponível no site: <http://criativosfera.com/aula-01-o-que-e-design/>. Acesso: 03 jun. 2014.

2

Afeto: existem dois afetos que constituem a vida afetiva: o amor e o ódio. Para a Psicanálise, não existe afeto sem representação, seja positiva ou negativa, então, eles estão ligados à consciência (o que nos permite dizer ao outro o que sentimos), porém, as vezes, enigmática (quando não se tem motivos para gostar de alguém que se gosta). (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2002)

(15)

termos, o primeiro é o “(...) estado agudo e transitório. Exemplo: a ira”, o segundo é o “(...) estado mais atenuado e durável. Exemplo: a gratidão, a lealdade” (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2002)

A maioria dos estudos científicos sobre a Emoção trata de distúrbios como, por exemplo, a ansiedade, o medo e a raiva, tendo como opostos os desejos, a alegria, a diversão e o prazer. (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2002)

“Nas emoções é possível observar uma relação entre os afetos e a organização corporal, ou seja, as reações orgânicas, (...). Um exemplo comum é a alteração do batimento cardíaco.” Uma curiosidade interessante é que durante muito tempo acreditava-se que o coração era o “lugar da emoção”, justamente por sua manifestação em situações como receber uma ligação inesperada de alguém ao qual se gosta muito. Por isso, atualmente, usam-se corações desenhados ou colados para representar o sentimento de amor em álbuns de fotografias, por exemplo. (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2002)

“Outras reações orgânicas acompanham as emoções e revelam vivências ou estados emocionais do indivíduo: tremor, riso, choro, lágrimas, expressões faciais etc. As reações orgânicas fogem ao nosso controle. Podemos ‘segurar o choro’, mas não conseguimos deixar de ‘chorar por dentro’, sentindo aquele nó na garganta e, às vezes, tentamos, mas não conseguimos segurar duas ou três lágrimas que escorrem, traindo-nos, demonstrando nossa emoção.” (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2002, P. 195)

Em outras palavras, as reações orgânicas são descargas emocionais expressas pelo corpo, mas essa expressão tem relação com a cultura regional. Bock, Furtado e Teixeira (2002), exemplifica com a frase “Homem não chora”, comumente usada em muitas regiões do Brasil, e enfatiza dizendo que, “(...) se chora, sim”, o choro é a “expressão de vida afetiva, de amor e de ódio; força de um organismo que se adapta a uma situação de tensão – nunca sinal de fraqueza!”.

Após expor algumas informações sobre as emoções é importante focar nas emoções individualmente positivas, pois, para essa pesquisa, são as que tem maior relevância, já que se parte do princípio de que a construção dos álbuns fotográficos é um artefato de desejo pessoal que retratam momentos felizes. Então, Martins (2004) esclarece o porquê das pessoas procurarem essas emoções positivas:

(16)

“Em geral associadas à rejeição, à provação e a frustração, as emoções desagradáveis somam sua desagradabilidade ao que existe de desagradável na situação que as causou. De fato, a raiva, o medo e a tristeza pioram o que já está ruim. Esta sinergia com a realidade externa cria um senso de urgência no organismo no sentido de eliminar ou evitar tanto a situação causadora como a própria emoção. [...] As emoções agradáveis, ao contrário, instigam a manutenção delas próprias e de suas causas” (MARTINS, 2004, P.38-39)

Segundo Norman (2008) os aspectos da beleza, da diversão e do prazer resultam em um estado de afeto positivo, sendo as emoções positivas “essenciais para a curiosidade das pessoas e sua capacidade de aprender”. (P.127)

“Os psicólogos Barbara Fredrickson e Thomas Joiner assim descrevem as emoções positivas: as emoções positivas ampliam os repertórios de pensamento-ação das pessoas, encorajando-as a descobrir novas linhas de raciocínio ou ação. A alegria, por exemplo, cria o impulso de brincar, o interesse cria o impulso de explorar, e assim por diante. Brincar, por exemplo, constrói habilidades físicas, socioemocionais e intelectuais, e incrementa o desenvolvimento do cérebro. De maneira semelhante, a exploração aumenta o conhecimento e a complexidade psicológica.” (NORMAN, 2008, P.128)

De forma resumida, Norman (2008), junto a Fredrickson e Joiner, afirmam que as emoções positivas estimulam a evolução das diversas ações humanas.

Martins (2004) concorda com Norman (2008) quando diz que “As emoções são reações globais, inatas e passageiras que tem uma função específica na vida de cada ser” (P. 24)

Uma matéria com Lilian Graziano (doutora em psicologia pela USP e diretora do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento - IPPC, em São Paulo) no site UOL, fala sobre o cultivo das emoções positivas, onde diz que elas são essenciais para a felicidade das pessoas, mas sem descartar totalmente as emoções negativas e alerta que, essa “felicidade é construída por ‘momentos’”, onde se deve descartar o “prazer imediato” ou “satisfação a qualquer custo”. (BEU, 2011)3

2.2 Design Emocional – Donal A. Norman

Donald A. Norman é um psicólogo cognitivista e um dos principais autores sobre Design e Interação. Seu livro mais conhecido - Design Emocional: Por que

adoramos (ou detestamos) os objetos do dia-a-dia, (2008) - tornou-se a principal

3BEU – Disponível no site: <http://abiliodiniz.uol.com.br/qualidade-de-vida/emocoes-positivas.htm>. Acesso: 01 jul. 2014.

(17)

base de informações para essa pesquisa no que diz respeito a Emoção e Design. Esse tópico é focado nos conceitos desse autor, ao qual norteou toda a pesquisa.

Para o cientista cognitivo, os seres humanos são resultados de três diferentes níveis cerebrais: o nível visceral, o nível comportamental e o nível reflexivo. O nível visceral se refere as opiniões rápidas como, por exemplo, “(...) o que é bom ou ruim, seguro ou perigoso” (NORNAN, P.14). O nível comportamental é responsável pela maior parte das nossas ações, como andar, manusear objetos, dirigir um automóvel, etc. O nível reflexivo explica a “(...) interpretação, compreensão e raciocínio” das pessoas diante de determinado elemento, como apreciar uma paisagem ou sentir saudades de alguém, esta é a “parte contemplativa do cérebro” (NORNAN, P.14)

Norman (2008) traduz os três níveis de cognição mental para o universo do Design ao que chama de “os três níveis do design”, eles completam o que se chama de Design Emocional. Os três níveis são o design visceral, o design comportamental e o design reflexivo. O design visceral está relacionado ao primeiro impacto causado por um produto, isto é, a atração pela estética ou aparência, toque e/ou sensação. O Design comportamental diz respeito ao uso prático e trata da experiência4 com um produto, onde verifica a eficácia funcional, isto é, a facilidade na compreensão do comportamento do produto junto ao usuário. O Design reflexivo está relacionado a particularidades pessoais e culturais onde, também analisa o uso do artefato, sob o ponto de vista conceitual. Neste último nível, também, inclui memória afetiva das pessoas e os significados que elas atribuem aos produtos. (NORMAN, 2008)

4

Experiência: Design experiencial são produtos de design funcionais e ao mesmo tempo atendem as expectativas individuais e psicológicas de determinados indivíduos. Para essa definição parte-se do princípio de que experiência é o resultado da interpretação íntima de cada pessoa depois de vários estímulos causados pelo contato do usuário com um produto. Essa interação do usuário com o produto precisa ser algo positivo e importante. (BUCCINI, 2008)

Níveis de cognição no design Refere-se a

Design visceral Aparência

Design comportamental Prazer e efetividade do uso

Design reflexivo Auto-imagem, satisfação pessoal, lembranças.

Tabela 01 – Simplificação dos três níveis de cognição mental e seu significado. Fonte: NORMAN, 2008

(18)

Para melhor exemplificar os níveis do design, Norman (2008) inicia seu livro com o relato sobre seus três bules de chá. O psicólogo explica que um dos bules, o que tem o bico do mesmo lado que a alça, foi inventado pelo francês Jacques Carelman, sendo titulada Cafeteira para Masoquistas. O outro bule se chama Nanna, criada pelo arquiteto e designer de produtos Michael Graves, considerada muito atraente. O terceiro, o bule de chá inclinado, foi criado pela empresa alemã

Ronnefeldt, considerado por Norman (2008) de uso complicado, pois esse foi criado

tendo em vista todo o processo de preparo de um chá (Imagem 01). O bule funciona da seguinte forma (Imagem 02):

“(...) eu ponho as folhas de chá na prateleira-filtro interna (que não é visível, fica dentro do bule) e deito o bule de costas, enquanto as folhas ficam mergulhadas na água quente. Quando a infusão está chegando ao ponto desejado, inclino o bule num ângulo, descobrindo parcialmente as folhas. Quando o chá está pronto, ponho o bule de pé, de modo que as folhas não fiquem mais em contato com a água.” (NORMAN, 2008, P. 23)

Imagem 01 – Três bules de chá de Norman na janela acima da pia da cozinha. Eles são, respectivamente, bule para masoquistas, Nana e bule inclinado. Fonte:

(19)

Norman (2008) confessa que nenhum dos três bules é usado por ele com frequência, pois o que ele costumar usar todos os dias é um quarto bule, mais prático, rápido e fácil de limpar. Mesmo assim ele mantém seus três bules de chá na janela da cozinha como objetos de arte por simplesmente, alegrar seu dia. Norman (2008) ressalta que usa seus bules, mas a escolha para o uso conta com a ocasião, o contexto e principalmente, com seu humor. (NORMAN, 2008)

Os três bules refletem claramente a existência dos três níveis do design, ou melhor, o design visceral é encontrado no bule Nanna, pelo seu charme, como nos diz Norman: “(...) gosto muito de sua aparência, especialmente quando está cheio com as tonalidades âmbares do chá, iluminado por baixo pelas chamas de sua vela” (2008, P.25) O design comportamental ficaria para o bule inclinado e o Nana, pois os dois funcionam perfeitamente atendendo ao uso. E quanto ao design reflexivo, o cognitivista escolhe o inclinado - conta que adora mostrar como o bule inclinado funciona, suas posições indicando o estado do chá etc - e claro o bule para masoquistas, pois ele não é bonito e com certeza não é útil, porém, conta uma maravilhosa história. (2008, P. 25)

“Além do design de um objeto, também existe um componente pessoal que nenhum designer ou fabricante pode oferecer. Os objetos em nossas vidas são mais que meros bens materiais. Temos orgulho deles, não necessariamente porque estejamos exibindo nossa riqueza ou status, mas por causa dos significados que eles trazem para nossas vidas. Um objeto favorito é um símbolo, que induz a uma postura mental positiva, um lembrete que nos traz boas recordações, ou por vezes uma expressão de nós mesmos. E esse objeto sempre tem uma história, uma lembrança e algo que nos liga pessoalmente àquele objeto em particular, àquela coisa em particular.” (2008, P.26)

A intenção principal de Norman (2008) é mostrar que as emoções (amor, apego e felicidade) e cognições (raciocínio lógico e racional) são inseparáveis. Dizer que emoções “(...) são resíduos das nossas origens animais, mas nós seres

Imagem 02 – Bule de chá inclinado, criado pela empresa Ronnefeldt. Fonte: Norman (2008)

(20)

humanos, temos de aprender a nos aperfeiçoar e superá-las” (NORMAN, 2008, P.27) é, absolutamente, errado. As emoções guiam o comportamento de pessoas da forma como acha apropriado, “(...) afastando-nos do mal e guiando-nos para o bem” (NORMAN, 2008, P.27).

(21)

3. Memórias da Vida: álbuns e fotoálbuns

3.1 A origem da imagem fotográfica

A fotografia surgiu com a Revolução Industrial como invenção inovadora de informações atuando como apoio a diversas pesquisas e como expressão artística. (KOSSOY, 2003, P.25)

Charles e Davy foram os primeiros cientistas a descobrir como fixar uma imagem através dos princípios da câmara escura em uma superfície, usando sais de prata. Porém essa fixação era temporária e após isso eles não prosseguiram com suas experiências. O francês Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833) e seu sucessor, Louis Jacques Daguerre (1787-1851) foram, respectivamente, os inventores que descobriram como fixar a imagem que emana da luz. Niépce descobriu uma maneira de fixar a imagem em um papel através de um processo que ele chamou de heliografia (gravura com a luz solar), onde não apresentava tons de cinza e não servia para a litografia (Imagem 03). O procedimento de Daguerre, chamado de daguerreotipo, era mais aperfeiçoado do que seu antecessor, pois apresentavam imagens que, além de nítidas e com rápida formação, têm um procedimento simples e de preço acessível a todos (Imagem 04). (FABRIS, 2008)

(22)

A fotografia teve grande aceitação a partir da década de 1860, seduzindo a indústria e o comércio por dois motivos simples: primeiro porque atendia aos princípios impostos pela Revolução Industrial, sendo eles, exatidão, rapidez de execução, baixo custo, reprodutibilidade e, segundo, porque muitas pessoas nessa época ainda eram analfabetas, sendo a imagem a forma mais prática de alcançar a massa. O seguimento mais procurado na época eram as fotografias de estúdio. (KOSSOY, 2003; FABRIS, 2008)

Imagem 033– Fotografia de Joseph Nicéphore Niépce cerca de 1826. A fotografia não apresentava cor nem tons de cinza, apenas pontos pretos onde se formou a imagem.

Imagem 044– À esquerda, auto retrato de Louis Daguerre. À direita, o daguerreotipo, instrumento usado por muitos fotógrafos até o final da década de 50.

(23)

Os fotógrafos passaram a registrar temas como monumentos históricos, costumes, políticos, religiões, estradas de ferro, expedições científicas entre outros. Isso se deu durante toda a segunda metade do século XIX, período em que a demanda fotográfica foi muito grande desde seu surgimento. As pessoas passaram a ter conhecimento mais preciso e amplo com essa representação visual, informações que antes lhes eram apresentadas apenas pela escrita, verbal e pictórica. (KOSSOY 2003)

Annateresa Fabris (2008) divide o desenvolvimento da Fotografia em três momentos: a fotografia para as classes econômicas altas; o surgimento do

carte-de-visite, e; a fotografia comercial. O primeiro compreende poucos fotógrafos, como

Nadar, Carjat, Le Gray, Hill, Adamson e Julia Cameron, que vendiam suas fotos com preços altos, onde poucas pessoas poderiam pagar. O segundo momento está relacionado ao surgimento dos cartões de visita fotográfico, criado por Disdéri em 1854. Esses cartões foram o início do barateamento da fotografia, não sendo mais restrito a classes altas. O terceiro momento lida com a fotografia totalmente comercial, porém sem perder a essência, ao de ser considerada Arte. Consequentemente, nesse período surgiram várias técnicas novas de revelação.

Segundo Kossoy (2003), as fotografias mostravam “a expressão da verdade” sendo muito importante este novo jeito de contar a história. Mas, inicialmente ela sofreu vários preconceitos sendo, principalmente, o não reconhecimento dela com

status de documento. Isso ocorreu, porque a Fotografia, em sua história e

desenvolvimento, não foi estudada de forma conveniente, afinal, à medida que se distancia da época em que foi popularizada, mais difíceis as possibilidades de suas informações visuais serem resgatadas. Kossoy (2003) considera de forma fundamental apenas dois dos motivos do não reconhecimento e o preconceito em relação a Fotografia: o primeiro de ordem cultural, isto é, mesmo vivendo em uma “civilização da imagem” a escrita ainda é a única forma considerada importante para a transmissão do saber. E o outro decorrente da primeira “diz respeito à expressão”. Kossoy se refere às pessoas que trabalham ou pesquisam fontes históricas que não aceitavam ou não interpretavam informações visuais, isto é, quando a fonte de pesquisa não é escrita.

(24)

Após os daguerreotipos surgiram fotógrafos que tentavam aperfeiçoar a nitidez da fotografia, mas sempre seguindo os princípios da câmara escura. Sem conhecer a invenção de Daguerre, Talbot (1800-1877) foi um dos grandes contribuidores para o progresso da fotografia e foi a partir dele que a ideia da união entre fotografias e livro, surgiu.

3.2 O álbum impresso

Willian Henry Fox Talbot (1800-1877) era um descendente de família nobre nascido na Inglaterra. Foi escritor e cientista onde, sem nenhum contato com os franceses, descobriu uma forma de fixar imagens em papel. Ele construiu uma pequena câmara escura de madeira onde conseguiu uma imagem em negativo. Ele fixou essa imagem com sal de cozinha e em seguida pôs em contato com outro papel sensível, onde o resultado foi uma imagem em positivo. A janela da biblioteca da abadia de Locock Abbey é considerada a primeira imagem por este tipo de processo (Imagem 05). Talbot foi o cientista que sugeriu os termos “fotografia”, “negativo” e “positivo”. Os talbótipos foram sem dúvida muito importante, pois permitia a possibilidade de cópias da mesma imagem, contudo, a técnica não tinha a mesma riqueza de detalhes como os daguerreotipos, pois a textura do papel usado por Talbot prejudicava a nitidez da imagem. (REIMERIN, 2001)5

5

(25)

Os primeiros álbuns fotográficos foram montados na década de 1830-40, sendo considerado “THE PENCIL OF NATURE” (O Lápis da Natureza), o primeiro livro ilustrado com fotografias no mundo, em 1844 (Imagem 06). Talbot foi o responsável por esta ideia. O livro foi editado em seis volumes com 24 talbótipos originais, nele continham explicações de forma detalhada sobre seus trabalhos. (REIMERIN, 2001)6

Os álbuns fotográficos surgiram com a popularização da fotografia, tornando-a economictornando-amente tornando-acessível. Com isso em 1854, Disdéri (1819-1899) ptornando-atenteou ntornando-a França o carte-de-visite – fotos montadas individualmente em formato pequeno, com impressão de albúmen7 de tamanho 11,4cm x 6,4cm, onde os fotógrafos começaram

6 REIMERIN: Disponível no site:

<http://wwwbr.kodak.com/BR/pt/consumer/fotografia_digital_classica/para_uma_boa_foto/historia_foto grafia/historia_da_fotografia05.shtml> Acesso: 02 abr. 2014.

7

Albúmen: O albúmen foi o método de impressão fotográfico mais utilizado entre as décadas de 1850 e 1890, e serviu a diversos artistas deste período como Lewis Carroll, Julia Margaret-Cameron e Henry Peach-Robinson. Desenvolvido pelo francês Louis-Désiré Blanquart-Evrard em 1850, o

albúmen leva este nome em decorrência de uma das substâncias utilizadas em seu preparo, a

Imagem 05 – A esquerda, a janela da biblioteca da abadia de Locock Abbey. Imagem considerada a primeira fotografia revelada pelo processo negativo/positivo. A direita, a pequena câmara escura de madeira construída por Talbot, entre 1835-1839.

(26)

a oferecê-los com imagens de pessoas famosas como políticos e realezas, sendo trocadas entre colecionadores como as atuais figurinhas. Posteriormente, as pessoas sentiram a necessidade de preservar e mostrar suas coleções de forma mais organizada, foi então que surgiu a ideia de reuni-las em livros encadernados. Eram várias folhas em branco reunidas com espaços para receber os carte-de-visite, funcionando como uma coleção de selos ou autógrafos (Imagem 07). A aparência externa logo ganhou a atenção, passando de capas em couro para um objeto decorativo onde existia a preocupação com ricos detalhes (Imagem 08), sendo expostas na sala pública de várias residências abastadas. Esses álbuns também eram usados como auxílio à memória com fotos de histórias pessoais ou coletivas. Desse modo, seguindo a mesma ideia dos álbuns antigos, hoje as fotos são reunidas para contar uma história e eternizar a memória e assim, deixa claro o principal elo entre o artefato (foto/álbum) e o sujeito (colecionador). (LANDFORD, 2005)8

albumina, que provém da clara do ovo e que, quando depositada sobre o papel, cria uma superfície aderente entre este suporte e o material fotossensível.

8

LANDFORD - Disponível no site:

<http://www.mccord-museum.qc.ca/en/keys/virtualexhibits/notmanstudio/themes/albums/>. 2005. Acesso: 10 dez. 2013.

Imagem 06 – The Pencil of Nature (O Lápis da Natureza). Primeiro livro ilustrado do mundo com fotografias, por Fox Talbot, em seis fascículos lançados de 1844 a 1846. Contém 24 fotos em calotipia (talbótipos). Fonte: The Metropolitan Museum of Art (Presente de Jean Horblit, em memória de D. Harrison Horblit de 1994).

(27)

Ao contrário dos álbuns antigos que eram produzidos com capa de couro ou veludo, os atuais são diagramados com fotografias na capa com disponibilidade de vários formatos. Atualmente o tipo de impressão mais usada é em máquina offset, a mesma usada em impressões de revistas (REIS, 2011) e os álbuns mais baratos são confeccionados em papel couché que pode variar em gramaturas e laminações, que podem ter capa dura ou flexível, onde os preços se diferem de acordo com essas variações e tamanhos escolhidos. Diferente dos antigos, os correntes têm suas fotografias impressas diretamente no papel. Uma característica comum é o

merchandising (propaganda) normalmente atribuído aos álbuns na primeira página

ou na quarta capa com a marca da empresa e telefone impressos (Imagem 09).

Imagem 07– Página de um álbum de retratos da família Ayrton (1864-1865). O álbum era composto por fotografias Carte-de-visite de um colecionador da época. Fonte: Biblioteca British Board. Acessado em 19 jun. 2014 e disponível no site: <http://www.bl.uk/learning/images/victorian/photographs/large107387.html>

(28)

Durante um tempo as preocupações eram voltadas para o desenvolvimento da câmera fotográfica a fim de descobrir registros cada vez mais nítidos e com mais riqueza de detalhes. Entre as décadas de 1960 e 1980 alguns álbuns de fotografia seguiam, basicamente, o mesmo estilo dos antigos álbuns, o de colagem, isto é, após revelar as fotos, as pessoas as reuniam em um álbum colando-as, mas o grande diferencial está na praticidade dessa colagem. Os álbuns passaram a ter páginas rígidas com superfície aderente, acompanhadas por um plástico que protegia essa área impedindo que uma página cole em outra. Outro diferencial estava na capa, pois, alguns traziam a possibilidade de fixar uma foto (Imagem 10).

Então, comparando-se com os antigos, este modelo exigia apenas que levantasse o plástico, pôr as fotografias na ordem que desejassem e fixar o plástico novamente, repetindo isso em cada página.

Imagem 08 – Álbum de família (1860-69) tamanho 15.2x15.2x4.4cm. Presente da Miss E. Dorothy Benson. Fonte Musée McCord Museum. Disponível no site: <http://www.mccord-museum.qc.ca/notman/notman.php?fileXML=not man_page_131.xml&Lang=1&accessnumber=N-1986.5.1.1-48> Acesso: 19 jun 2014.

Imagem 09 – Exemplo de quarta capa

e capa de um álbum atual. Fonte da autora.

(29)

Imagem 10 – Álbum de fotografia com páginas rígidas e superfície aderente. Fonte da autora.

Vale ressaltar que antes desses álbuns com páginas rígidas até hoje, existiam álbuns com capa grossa, com o conteúdo composto por bolsas de plástico, onde cabem duas fotos em cada bolsa de forma que as duas fiquem visíveis. Esse tipo de álbum que pode ser oferecido gratuitamente aos clientes por algumas empresas, tem aparência simples, com capa flexível e normalmente com merchandise da própria empresa ou do fabricante do papel fotográfico (Imagem 11). Álbuns desse tipo podem servir como alternativas de baixo custo de revelação e organização dessas fotos.

(30)

No decorrer dos anos a tecnologia influiu muito na produção dos álbuns. Atualmente, encontram-se pessoas que têm fotoálbuns, isto é, álbuns que contém fotografias impressas diretamente no papel. Alguns dos consumidores desses álbuns fazem solicitações a um profissional que saiba manipular os programas gráficos, a fim de organizar as fotografias digitais na ordem desejável, escolher o tamanho do álbum e o tamanho das fotografias na página. Esse mesmo profissional solicita para uma empresa a produção física do álbum escolhido pelo cliente. Existe a possibilidade de o próprio usuário fazer as montagens e organizações sem ajuda de terceiros, pois algumas empresas, através da internet, disponibilizam softwares considerados de fácil manipulação para que a montagem seja realizada sem intermediários, como, por exemplo, a empresa Digipix. Em relação aos tamanhos das fotos, a Digipix traz a possibilidade de variação do tamanho de acordo com a importância individual da pessoa que o compra, podendo ocupar até duas páginas juntas9, chamada de página panorâmica (Imagem 12). Esses são considerados uma verdadeira revolução se comparado aos álbuns antigos.

Após todo esse contexto histórico sobre os álbuns fotográficos é fácil perceber o quão difícil foi o caminho percorrido para que hoje ele tenha dedicação visual adequada. Claro que, para essa boa aparência, a tecnologia contribuiu muito,

9 Páginas juntas: para esse tipo de organização da foto é necessário escolher um álbum de uma lâmina, isto é, álbuns que não têm corte no meio em nenhuma das páginas. Esse modelo de álbum torna-se mais caro do que outros.

(31)

mas por se tornar um produto economicamente acessível, todas as pessoas por igual puderam desfrutar do melhor significado que um álbum de fotografias pode oferecer: a eternização da memória.

Imagem 12– Página panorâmica de um fotoálbum. Ocupa duas páginas abertas sem cortes. Fonte da autora.

(32)

4. Memórias Afetivas: álbuns, fotoálbuns e

emoção

O especial em fotografias pessoais é o poder que elas têm de direcionar o observador àquele momento, de forma a estimular seus pensamentos em relação à recordação de momentos relevantes. Elas contam histórias: “Fotografias pessoais são momentos, recordações e instrumentos sociais, permitindo que as lembranças possam ser compartilhadas através dos tempos, de lugares e pessoas.” (NORMAN, 2008, P.70)

Kossoy (2002) completa dizendo que as imagens fotográficas “não se esgotam em si mesmas”, elas são apenas o início para tentarmos descobrir o passado.

“Toda fotografia tem sua origem a partir do desejo de um indivíduo que se viu motivado a congelar em imagem um aspecto dado do real, em determinado lugar e época”. (KOSSOY, 2003, P.36). Dubois explica que essa motivação faz de qualquer fotografia o correspondente exato da lembrança. “Uma foto é sempre uma imagem mental. Ou, em outras palavras, nossa memória só é feita de fotografias”. (2006, P.314)

Diante de uma câmera fotográfica, Barthes (2012) denuncia suas “imagens mentais” através de sua experiência na prática fotográfica:

“Ora, a partir do momento em que me sinto olhado pela objetiva, tudo muda: preparo-me para a pose, fabrico instantaneamente um outro corpo, metamorfoseio-me antecipadamente em imagem. Esta transformação é activa: sinto que a Fotografia cria meu corpo ou o mortifica a seu bel-prazer...”. (BARTHES, 2012, P.18-19)

Percebe-se que Barthes (2012) descreve a imagem mental que ele fez antes do click da câmera fotográfica, isto é, pode-se afirmar que o ato fotográfico pode induzir à mentalização de uma lembrança antes do click acontecer.

(33)

Então, pode-se dizer com a observação de Kossoy (2002) que assim como os demais documentos, as imagens fotográficas são completamente ambíguas, elas trazem significados implícitos e “(..) omissões pensadas que aguardam pela competente decifração” (KOSSOY, 2003, P.103). Mas, seja qual for o motivo que levou o fotógrafo a registrar o assunto, não haverá dúvida de que esse assunto de fato existiu. Tudo que a fotografia registrou é verdadeiro.

A visualização de uma foto de si mesmo, em um determinado momento no passado, induz a questão da importância que as fotografias têm para as pessoas. O ato de olhar uma fotografia aponta para uma situação de cognição já que induz o observador a condição de interpretação visual daquela imagem. Quando reunidas em um álbum pessoal, sejam de qualquer seguimento, contam histórias do “ritual da vida social” fixadas em momentos. (KOSSOY, 2003; LEITE, 2001)

Segundo Barthes (2012), a fotografia pode ser resumida como o “regresso do morto”, já que induz o observador e dono da imagem a relembrar aquele instante fotografado que remete ao passado muitas vezes distante.

Em concordância com Barthes (2012), Kossoy (2003) completa dizendo:

“Essas imagens nos levam ao passado numa fração de segundo; nossa imaginação reconstrói a trama dos acontecimentos dos quais fomos personagens em sucessivas épocas e lugares. Através das fotografias reconstituímos nossas trajetórias ao longo da vida: o batismo, a primeira-comunhão, os pais e irmãos, os vizinhos, os amores e os olhares, as reuniões e realizações, as sucessivas paisagens, os filhos, os novos amigos, a cada página novos personagens aparecem, enquanto outros desaparecem das páginas do álbum e da vida. Dificilmente nos desligaremos emocionalmente dessas imagens.” (KOSSOY, 2003, P.101)

Quando o observador vê a si mesmo em velhos retratos nos álbuns, ele se emociona ao perceber o passado de fato concretizado. Percebe-se nos álbuns de família a ação do tempo e as marcas por ele deixadas. Kossoy (2003) observa que nos álbuns só aparecem os momentos felizes, logo, com base no psicólogo S. Milgram, “(...) as famílias constroem uma pseudonarrativa que dá realce a tudo o que foi positivo e agradável na vida, com uma sistemática supressão do que foi sofrimento” (KOSSOY, 2003, P.100). Contudo, Kossoy (2003) faz uma observação com base em S. Milgram, comentando que não é incomum existir apenas momentos felizes nos álbuns de família, já que se encontra também, pessoas que já faleceram integrando esses álbuns, normalmente crianças; prática habitual em países

(34)

latino-americanos em meados do século XIX. Isso acontecia porque a fotografia sempre foi vista como uma possibilidade de eternizar a imagem de pessoas queridas.

Refletir sobre o momento olhando para uma fotografia é situar esta imagem em três estágios que marcam sua existência: uma intenção, o ato do registro e os caminhos percorridos por esta fotografia. A intenção pode ser do próprio fotógrafo em registrar o que ele desejar ou de outra pessoa que chamou um terceiro para registrar algo. O ato do registro é a materialização em si da fotografia, isto é, a foto. E Os caminhos percorridos se referem aos caminhos pelos quais a foto passou, tais como o local onde foi guardada, por exemplo, em um álbum de fotografias ou o porta retrato, dentro de uma caixa, etc, se o artefato envelheceu, na foto se mantêm com as mesmas expressões, foi onde “o tempo parou”. (KOSSOY, 2003)

“As fotografias são claramente importantes na vida emocional das pessoas. Sabe-se de casos de pessoas que correram de volta para casas pegando fogo para salvar fotografias especialmente queridas. Sua presença confortadora mantém os laços da família, mesmo quando as pessoas estão separadas. Elas asseguram a permanência das lembranças e com frequência são passadas de geração em geração.” (NORMAN, 2008, P.72)

Norman (2008) lembra que antes da existência da fotografia, as pessoas procuravam pintores de retrato para produzir imagens próprias ou de outras pessoas, baseado no mesmo princípio até hoje mantido, o de lembrar e perpetuar a imagem de geração em geração.

Norman (2008) diz que as pessoas costumam guardar “objetos de associações”, isto é, objetos de lembrança que não possuem nenhum valor a não ser o sentimental, chamados de suvenir (Imagem 13). Sendo assim, os álbuns fotográficos podem ser considerados suvenirs, pois são representações ou associações de momentos vividos. Logo, um álbum nunca poderá transmitir totalmente a realidade. O instante na foto conta a história do antes e o depois do momento do registro, sendo o álbum de fotografias uma lembrança pessoal, um objeto emocional.

(35)

Imagem 13 - Objeto suvenir. Enfeite de mesa que representa o congresso nacional em Brasília. Fonte da autora.

(36)

5. A dimensão afetiva da fotografia

O principal motivo da realização dessa pesquisa foi o fato da constante presença de mulheres comprando fotoálbuns no comércio local de empresas que lidam com o mercado de fotografia em Caruaru. Existe uma demanda alta de produção de fotoálbuns e isso impulsionou essa pesquisa a questionar o que motiva essas pessoas, principalmente as mulheres, a continuar com a preocupação em organizar essas imagens fotográficas em álbuns de fotografia ou fotoálbuns, mesmo na contemporânea “era digital”. Assim, o objetivo geral dessa pesquisa é evidenciar os álbuns fotográficos como um produto de Design baseado nos fundamentos do Design Emocional de Donald Norman, considerando que a Fotografia cumpre um papel importante na construção da memória afetiva individual e coletiva da Cultura. Considerando, sobretudo, o estudo da relação afetiva das mulheres (público alvo da pesquisa) com esse artefato inserido no campo do Design Emocional.

A partir do objetivo geral acima citado, especificamente, pretende-se: Debater os fundamentos do Design Emocional a fim de relacioná-los aos álbuns fotográficos; Aprofundar os conhecimentos sobre os álbuns e o ato fotográfico na história e na filosofia da Fotografia; Discutir o álbum fotográfico como um produto de Design Emocional, segundo os pensamentos de Donald Norman.

A metodologia analítica baseada na coleta de informações através de entrevistas sobre as emoções e os sentimentos de um determinado grupo de mulheres sobre o objeto de estudo escolhido, isto é, álbuns de fotografias e fotoálbuns. Para isso, adotou-se o uso da entrevista semiestruturada (survey). O

survey é uma técnica de pesquisa de opinião pública, de mercado e pesquisas

sociais, isto é, visa-se coletar dados através de entrevistas desenvolvidas para o público alvo em estudo. (DUARTE, 2010)

(37)

A escolha desse tipo de entrevista se deve a características qualitativas, porque de acordo com Oliveira (2007), a abordagem qualitativa10 é “um processo de reflexão e análise da realidade” onde se usa aplicações de questionários, entrevistas, observações e análise de dados, sendo apresentados de forma descritiva11.

Através da observação do público frequentador das empresas de fotografia, constatou-se que a importância dada aos registros fotográficos é, predominantemente, feminina, sendo assim, as entrevistadas são com mulheres, sem limitação quanto a idade, pois o desejo de relembrar momentos vividos e transformá-los em álbuns de fotografia ou fotoálbuns, cabe a qualquer idade.

Considera-se também que o desejo de transformar momentos em álbuns fotográficos parta da própria pessoa, desconsiderando, então, álbuns fotográficos recebidos como um presente de outras pessoas. A escolha justifica-se, porque por se tratar de uma pesquisa qualitativa, e então, de caráter subjetivo, é favorável à pesquisadora que o público entrevistado tenha o maior envolvimento possível com o objeto de estudo, já que assim as entrevistadas saberão contar com mais detalhes todo o processo de envoltura.

Portanto, a escolha e uso das declarações verbais das entrevistadas são consideradas essenciais para essa pesquisa, pois são seus relatos que conduzirão parte do projeto a questionar os conceitos do Design Emocional ditos por Donald Norman (2008) em álbuns fotográficos.

5.1 Pesquisa Piloto

A fase piloto da pesquisa teve tempo total de duas semanas e foi importante para descobrir alguns problemas inesperados. Tentando direcionar as pessoas a contar o que sentem ou o que os álbuns de fotografia significavam para elas, foi escolhido o uso de perguntas abertas, sendo elas impressas e entregues a algumas entrevistadas e, também, realizadas pela internet através de um formulário criado no

10

Abordagem qualitativa: atualmente, essa é a expressão preferencialmente usada. (OLIVEIRA, 2007)

11

Descritiva: A pesquisa descritiva tem por objetivo descrever as características de uma população, de um fenômeno ou de uma experiência. (DUARTE, 2013)

(38)

Google Driver, destinadas as pessoas de difícil contato pessoal. Dentre as perguntas

do formulário pretendia-se, também descobrir qual o nível de envolvimento do público alvo (mulheres) com seus álbuns de fotografia ou fotoálbuns.

O questionário contém sete perguntas abertas. Essa etapa rendeu 10 resultados de pessoas diferentes, porém todas provaram pouco interesse em escrever com detalhes o que foi perguntado, sendo assim, todas foram muito objetivas e isso impossibilitou o uso desse material para a pesquisa.

Percebendo que as perguntas diretas não rendiam respostas mais detalhadas e particulares, o problema poderia ser, simplesmente, na maneira de conduzir as entrevistas. Então foi decidido que essas perguntas seriam modificadas e passariam a ser apenas “guias” para uma possível “redação”, a intenção era deixar a entrevistada livre para escrever o que quiser sobre o assunto, seguindo as “guias”. A forma de envio continuava sendo através do formulário do Google Driver e alguns impressos com duas folhas pautadas frente e verso para escreverem a redação.

Essa mudança na abordagem das entrevistas, também não foi bem sucedida, onde se obteve o mesmo problema, onde as entrevistadas não respondiam as guias e/ou não conseguiam se expressar claramente ao escrever.

A partir do exposto, passou-se a utilizar conversas com cada entrevistada, com uso das mesmas “guias” usadas no segundo teste, onde elas se dispuseram com maior motivação em contar suas histórias estabelecendo uma relação de confiança e amizade entre pesquisadora e pesquisada.

5.2 Procedimentos de Pesquisa

O foco dessa pesquisa está em testar os fundamentos do Design Emocional em artefatos cotidianos, neste caso, o artefato são os álbuns de fotografia e fotoálbuns.

A escolha de como fazer as perguntas foram embasadas pelos autores Anselm Strauss e Juliet Corbin, em seu livro “Pesquisa Qualitativa: técnicas e

procedimentos para o desenvolvimento de teoria fundamentada” (2008), onde eles

(39)

dessa lista são perguntas “sensíveis” onde eles comentam que perguntas desse tipo “sintonizam o pesquisador àquilo que os dados indicam”, isto é, sintonizam o pesquisador com o que acontece no momento da entrevista.

Foram feitos contatos prévios com as entrevistadas através de telefone e redes sociais, a fim de marcar encontros em suas residências para a realização da entrevista.

Foi usado o seguinte texto para selecionar as entrevistadas:

Olá, estou concluindo a Universidade e preciso de depoimentos de algumas pessoas para dar andamento à monografia. Você tem fotoálbuns que encomendou e/ou álbuns de fotografia em casa revelados por você?

Quando a pessoa respondesse “sim”:

Será que eu poderia conversar com você pessoalmente sobre isso?

Após a seleção e no local da entrevista, a pesquisadora tem em mente as perguntas ou assuntos norteadores da pesquisa, que são:

- Foi difícil escolher o álbum no momento da compra?

- Poderia me mostrar e contar a história dos seus álbuns?

- Porque resolveu fazê-lo?

- O que ele significa para você?

- Com que frequência você costuma vê-los ou mostra-los?

- Para quem os mostra?

A realização do procedimento não seguia ordens de perguntas, apenas é iniciada a conversa onde a entrevistada discursa sobre os momentos registrados no seu álbum de fotografia ou em seu fotoálbum. Assim, os assuntos eram inseridos quando conveniente a fim de guiar a conversa rumo ao objetivo da pesquisa.

(40)

6. A vida como o álbum

Após a aplicação das entrevistas, não é difícil observar os níveis de cognição ditos por Donald Norman (2008) no cotidiano das pessoas e suas relações com artefatos em geral. Com os álbuns não são diferentes, pois os níveis apresentados pelo psicólogo são perceptíveis nas falas das entrevistadas. As próximas páginas objetivam relacionar esses níveis com as informações coletadas na pesquisa de campo, porém, os indivíduos entrevistados nesta pesquisa tiveram seus nomes abreviados com o intuito de salvaguardar suas identidades.

6.1 Os três níveis de Norman

No primeiro capítulo dessa pesquisa, foram explanados os três níveis ditos por Norman (2008) da estrutura cerebral humana e a partir dessa visão, traduzem-se para o que chama de os “três níveis do design”. São eles: design visceral, design comportamental e design reflexivo.

6.1.1 Design visceral e o álbum

Esse é o nível mais básico apresentado por Norman (2008) e está relacionado ao primeiro impacto causado por um produto. M.S. descreve em seu depoimento sobre esse momento:

“Ah... eu demoro muito para escolher um álbum, porque existem aquelas prioridades né? Assim... o álbum precisa ter espaço para uma foto na frente, precisa ter florzinha, rosinha, coraçãozinho para menina e carrinho, azulzinho para menino. Não, assim, com esses desenhos que falei, mas tem que ter uns enfeitezinhos umas coisinhas legais e eu acho muito difícil de achar do jeito que eu quero, e quando

(41)

acho é muito caro, tenho que juntar dinheiro, correndo o risco de acabar ou de não vender mais (...)”. (Imagem 14)

Quando se tratava da escolha e compra do álbum para iniciar a organização das fotografias reveladas, W.R. conta sua experiência:

“(...) eu realmente não encontrava o que queria, hoje em dia há mais diversidades de enfeites e tal, mas, também, por uma questão de custo, portanto, eu reutilizava coisas que pra os outros seriam descartáveis (...) na época eu tinha bastante tempo, então, isso facilitava as coisas (...)” (W.R.) (Imagem 15)

Imagem 14 – Álbuns de fotografia dos dois filhos de Márcia. Fonte: M.S.

(42)

6.1.2 Design comportamental e o álbum

Lembrando que o Design comportamental diz respeito ao uso prático e está relacionado à experiência com um produto, e que isso também inclui a eficácia funcional junto ao usuário, alguns depoimentos ilustram bem esse nível:

“(...) porque o prazer de revelar é uma questão pessoal, eu gosto do “pegar”, de sentir e olhar as fotografias no papel. Pegar e olhar o momento é muito melhor do que digital.” (W.R.)

“(...) Adoro fotografias para ficar olhando qualquer acontecimento, principalmente dos meus filhos, quando eles eram menores, dos passeios, das festas... Fotos em CD se perde rápido e eu não tenho paciência de toda vez que eu quiser ver, ter que ligar um computador para vê as fotos. Guardo todas em vários álbuns na sala de casa, olho sempre e meus filhos também! Olha lá, agora mesmo a Emily está vendo as fotos de quando ela era pequena e rindo junto com o Edmar.” (M.S.)

“(...) Quando estou na casa dele e ele vai, sei lá, tomar banho ou comer, eu sento na cama e abro o álbum. É bom demais olhar as primeiras fotos da gente, as descrições das fotos, os adesivos colados relacionados com as fotos... dai ele chega senta do meu lado e fica lembrando comigo, rindo do quanto eu era mais magra na época (gargalhadas)” (E.R.)

“(...) quando decidi montar esse álbum eu pensei, ‘não quero essas fotos naqueles álbuns de plástico’, achava que as fotos iriam ficar feias lá, sei lá. A foto cola no plástico, o plástico amassa, sei lá, não gosto (...)” (N.V.)

“(...) O álbum é legal, porque eu gosto muito de organizar as histórias, diferente de, por exemplo, foto de computador, não funciona, porque de repente acontece alguma coisa com seu computador e se você não salvou em um CD, PRONTO, perdeu tudo! E hoje em dia a moda é publicar em redes sociais né? Mas, eu não acho legal deixar somente lá, porque, por exemplo, antigamente era o Orkut, hoje é facebook, amanhã vai ser alguma outra coisa e suas fotos ficam esquecidas ali na rede social e pronto, e isso é ruim, eu não gosto! E outra, quando você vai na casa de seu namorado, a mãe dele, a primeira coisa que faz é mostrar a foto dele

(43)

pequeno, e eu acho um máximo, porque você percebe que aquele momento não se perdeu no tempo (...)” (R.S.)

O que todas elas têm em comum é justamente o comportamento afetivo junto ao seu próprio álbum de fotografias. Em todos os depoimentos se crê que ter um álbum de fotografias em suas mãos é algo prático quando se deseja olhar e/ou mostrar para outras pessoas e que causam uma boa sensação individual por ter esse artefato em mãos.

6.1.3 Design reflexivo e o álbum

O Design reflexivo se relaciona com a memória afetiva das pessoas e os significados que elas atribuem aos produtos, sendo essas atribuições, também, ligadas a particularidades pessoais e culturais.

“(...) Quando Diego tem algo para me falar ele me deita no colo dele e fica me fazendo carinho, dai diz que vai contar uma historia, ai ele fala como se fosse uma história, mas é a nossa história. Isso nunca mudou, até hoje ele conta nossas historias pra mim e foi isso que me chamou atenção no álbum, ser tão parecido com nossa realidade (...)” (E.R.) (Imagem 16)

Imagem 16 – Na capa do álbum de E.R. tem escrito “Mil histórias para contar”. Fonte: E.R.

(44)

No caso de E.R., a frase “Mil histórias para contar” contida na capa do álbum, está totalmente vinculada com o que ela e seu namorado vivem, isto é, com as brincadeiras que eles têm em seu relacionamento e esse é o principal motivo dela gostar tanto desse álbum de fotografias.

“(...) gosto de registrar momentos, porque todos os meus amigos e eu, estamos sempre muito diferentes, alguém sempre muda em alguma coisa e eu gosto de registrar para vê isso depois e rir e refletir sobre aquela época.” (W.R.)

“(...) Então, a ideia do álbum aconteceu quando chegou o aniversário dele e ele queria que eu fizesse alguma coisa para ele, porque ele disse que eu gostava de comprar muita coisa cara para ele e que ele não queria, mas, assim, ele é uma pessoa cara, é um investimento muito grande... (risos) Então, eu revelei algumas fotos que a gente tem, ai tem umas músicas da Ana Carolina que eu e ele gostávamos muito dela, ai tem alguns versos aqui, muitas fotos do terceiro ano do tempo da escola, (...) ai todo ano a gente faz um álbum (...) mas, assim, é uma forma de recordar os tempos bons, normalmente são tempos bons (...) eu acho legal poder ter uma pessoa que você tem uma história bonita, que você pode contar (...) pelo menos assim, quando eu tiver mais velha, adotar uns meninos, tem uma história para se contar, olha eu tenho um amigo, que será o padrinho dos meus filhos e tal, e dizer, olhe seu padrinho, eu conheço desde... (...)” (R.S.)

R.S. se preocupou muito em descrever todos os detalhes da existência do seu álbum e o que ela pretendia futuramente com ele e, por isso, deixa muito claro a sua preocupação em registrar e guardar os momentos vividos com seu amigo, facilmente percebido no final do seu depoimento. Para R.S. um álbum de fotografias é tão importante a ponto de mudar o seu estado emocional esse momento, também é descrito por Norman (2008) quando ele fala sobre seus bules de chá. Esse momento é percebido na continuação do mesmo depoimento:

“(...) As vezes, eu estou triste com painho ou mainha ou com alguém, ai eu venho aqui, e vejo o álbum da gente, eu mudo de humor na hora, porque ai você vê que tem alguém que você vai lembrar e que você vai... sabe? Então é importante.“

(45)

Dessa maneira percebe-se, segundo Norman (2008), que o álbum fotográfico é um artefato de design emocional, porque se percebe a existência dos três níveis de design fundamentados por ele.

(46)

7. Considerações finais

Reapresenta-se na conclusão desse trabalho o foco da pesquisa que é o álbum fotográfico como um produto de Design baseado nos fundamentos do Design Emocional ditos por Donald Norman.

“Nosso apego não é realmente com a coisa, é com o relacionamento, com os significados e sentimentos que a coisa representa.” (NORMAN, 2008, P.68) Isto é, damos valor ao que os álbuns fotográficos provocam, aos sentimentos que ele provoca e não ao produto ou resultado em si. Isso é comprovado com vários depoimentos, porém o de R.S. é o mais, contundente quando diz: “(...) ai eu venho

aqui, e vejo o álbum da gente, eu mudo de humor na hora (...)“.

As pessoas procuram se relacionar com coisas que proporcionam afetividade positiva. Os álbuns estão totalmente ligados a isso, eles são caracterizados por união de fotografias pessoais aos quais contam e guardam histórias individualmente importantes de determinados momentos que não querem ser esquecidos pela pessoa que as guardam. Essas histórias são lembranças que renovam momentos felizes, aos quais, muitas estão dispostas a fazer de tudo para não esquecer. O depoimento de W.R. explica bem essa questão:

“(...) esse aqui é no Mirabilândia12

e todo ano eu vou para o lá, porque sempre é uma turma diferente e eu gosto de registrar isso, mas esses dois aqui sempre estão comigo, mas eu gosto de registrar, até porque tá todo mundo com um corte de cabelo diferente e todo mundo mudou de alguma forma, ai eu gosto de registrar esses momentos, até para ficar rindo depois (...)” (W.R.)

É inevitável não comentar que hoje temos a possibilidade da rápida visualização das imagens fotográficas, diretamente na câmera ou em outro receptor com possibilidade de visualização da imagem (computador, televisão, tablet etc...) e

12

Referências

Documentos relacionados

Local de visitação e retirada: Rua Jaboatão, 271, Silvia Regina, em Campo Grande/MS. A vistoria do lote será exclusivamente visual, sendo vedados quaisquer outros

En el Viejo Continente la libertad del derecho de asociación se ha de contemplar en dos esferas distintas que son el Consejo de Europa, por un lado, y la Unión Europea por otro. En

Certificamos que Ligia Cavani apresentou o trabalho intitulado “Estudo da endogamia em rebanho bovino da raça Brahman”, na forma de pôster, durante o IX Simpósio de

Os distribuidores e revendedores não actuam como representantes da BEHRINGER e não têm, em absoluto, qualquer autorização para vincular a BEHRINGER através de eventuais declarações

Os paratextos em questão sugerem algumas reflexões: a centralidade do nome de Angela Davis na capa, bem como as imagens de seu rosto tanto na capa quanto na quarta capa, podem

Infelizmente, os exemplares da coleção que se encontram na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, em São Paulo, não contêm a capa original; as descrições sobre a capa

No gráfico 10 os dados obtidos mostram com relação ao quanto o participante esta satisfeito com as condições do seu local de trabalho 62,3% estão satisfeitos, 9,8% estão

Em relação a empresas que realizam a coleta dos REEE em Teresina, elas desempenham um trabalho mui- to importante para a sociedade e meio ambiente, mas enfrentam dificuldades quanto