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Sistema Fotovoltaico com Função Auxiliar de

Regulação de Tensão

Erika Tiemi Anabuki e Edson H. Watanabe

COPPE/UFRJ, Av. Horácio Macedo, 2030, Cidade Universitária, Rio de Janeiro-RJ. Resumo—O presente artigo tem como objetivo analisar o

funcionamento de um sistema fotovoltaico composto de conjunto de placas fotovoltaicas e conversores de tensão conectados à rede elétrica injetando potência ativa e realizando suporte de potência reativa. Para isso, foram realizados estudos do sistema fotovoltaico operando como fonte de potência ativa durante o dia e como equipamento STATCOM nos períodos sem insolação, assim como também a operação mista de fonte de potência e STATCOM (PV-STATCOM) em períodos de baixa insolação. Neste contexto, é detalhado o controle proposto para o inversor realizar o suporte de potência reativa além da geração de potência ativa, viabilizando assim este tipo de fonte de energia ao otimizar seu funcionamento. Foram mostrados os resultados para um sistema fotovoltaico de potência nominal de 200 MVA com suporte de potência reativa para controle de tensão na barra de 500 kV ao qual está conectado, onde os resultados mostram que há uma grande melhora no perfil da tensão no Ponto de Conexão Comum (PCC).

I. INTRODUÇÃO

A sempre crescente demanda de energia elétrica associada à escassez dos recursos naturais tem impulsionado a busca por fontes alternativas de energia. Dentro deste cenário, painéis solares fotovoltaicos têm sido propostos e utilizados. Além da radiação solar relativamente elevada no Brasil e do cenário economicamente favorável à instalação dessa fonte de geração de energia, outros fatores que contribuem para a tendência de aumento da aplicação de sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica são as resoluções da ANEEL, em especial a Resolução Normativa Nº 256 de 10 de junho de 2003 [1] que estabelece procedimentos para prestação de serviços ancilares de geração e transmissão de energia elétrica, e a Resolução Nº 482, de 17 de abril de 2012 [2] que dispõem sobre as condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída ao sistema elétrico.

Neste contexto, tendo em vista a característica estocástica da radiação solar os sistemas de geração fotovoltaica funcio-nam de forma intermitente e com baixa previsibilidade. Por causa disso e do fato de os conversores utilizados comerci-almente nos dias atuais não compensarem potência reativa, apesar de terem essa capacidade, este tipo de aproveitamento energético ainda é tratado com restrições por parte das con-cessionárias de energia elétrica.

De fato, um sistema de geração solar fotovoltaico funciona a plena carga de potência ativa apenas por poucas horas do dia, supondo inexistência de nuvens. No restante do tempo os conversores desses sistemas ficam parcialmente ociosos ou totalmente ociosos, como ocorre durante a noite. Assim, é

Este trabalho foi parcialmente apoiado pelo CNPq (Proc. 305114/2009-3) e FAPERJ (E-26/102.974/2011). Teve também apoio do CNPQ pela bolsa de mestrado e CEFET-MG.

importante estudar o uso desses conversores para dar suporte à tensão através do controle de potência reativa no ponto de conexão e, com isso, prover uma “renda extra” para estes sistemas, supondo que este serviço auxiliar seja remunerado [1], e com isso ajudar a viabilizar grandes sistemas de geração solar.

Assim, o sistema fotovoltaico proposto neste trabalho po-derá fornecer potência reativa em seu valor nominal, desem-penhando o importante papel de compensador de potência reativa, ou STATCOM (do inglês, STATic synchronous

COM-pensator) nos períodos com baixa insolação ou à noite [3], [?],

[4], [5], diminuindo assim a circulação de potência reativa na rede, e consequentemente reduzindo as perdas e carregamento desnecessários nos transformadores. Além disso, este sistema pode também controlar a potência reativa capacitiva da rede no período da madrugada, momento em que o sistema fotovoltaico pode ser tonar indutivo.

Simulações foram realizadas no software PSCAD[6] para mostrar que um sistema de geração solar com seu devido controle pode ajudar a controlar a tensão no ponto de conexão. II. ANÁLISE DO DESEMPENHO DA REDE ELÉTRICA COM

PRESENÇA DE SISTEMA FOTOVOLTAICO

O barramento estudado foi inspirado em um existente no município de Bom Jesus da Lapa, no estado da Bahia. Neste barramento existe um SVC (Static Var Compensator) de potência nominal ±250 Mvar em tensão de 500 kV, que é um equipamento FACTS cuja função é controlar a tensão de acordo com uma referência em condições de estado esta-cionário e de contingência [7]. Neste contexto, foi estudada a viabilidade de substituição deste SVC por um sistema fotovoltaico com inversor capaz de realizar suporte de potência reativa em momentos de baixa insolação.

Tradicionalmente um sistema fotovoltaico é composto por conjuntos de painéis fotovoltaicos, conversores de tensão CC-CA e transformadores. Para a simulação modelou-se o sistema fotovoltaico com o inversor composto de chaves semicondu-toras IGBT de 6 pulsos e o conjunto de placas fotovoltaicas como fontes de corrente contínua controlada, conectado no secundário do transformador e à barra de Bom Jesus da Lapa-BA (barra de carga) [8]. Além disso, a rede elétrica pode ser representada pelo seu equivalente de Thévenin, composto por uma fonte de tensão senoidal alternada de amplitude constante (VS) conectada à barra de Bom Jesus da Lapa-BA (barra

de carga) por meio da impedância série e shunt da linha de transmissão (ZLIN HA). O consumidor está representado

por uma carga equivalente por meio de sua impedância (ZC)

conectada ao barramento de Bom Jesus da Lapa-BA, como mostra a Fig. 1. Os dados de carga e da linha de transmissão foram obtidos a partir do programa ANAREDE, do CEPEL

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[9]. Vs Zlinha Sistema fotovoltaico Vpcc Carga Barra

geração Barra carga

V1 S1 V2 S2 Z1 Z2 Zs Zc I1 I2

Fig. 1: Diagrama esquemático do sistema elétrico em estudo. Para efeito de simulação e análise da tensão no Ponto de Conexão Comum (PCC), considerou-se que o nível de tensão no barramento da carga, sem sistema fotovoltaico, seja de 500 kV. Neste sentido, a tensão na barra de geração para estabelecer 500 kV na barra de carga foi de 504 kV. Assim, a rede elétrica sem presença de sistema fotovoltaico e tensão de referência de 500 kV, possui 1,008 pu de tensão na barra de geração e 1,00 pu na barra de carga.

A potência nominal do sistema fotovoltaico considerado foi de 200 MVA, cujo valor foi determinado por ser próximo da potência do SVC que se encontra instalado e por caracterizar um sistema fotovoltaico de grande porte. A potência ativa sintetizada pelo sistema fotovoltaico foi dada através de uma ordem de potência, na qual foi emulada uma curva ideal de potência ativa gerada pelos painéis fotovoltaicos em um dia sem nuvens. Os parâmetros do circuito equivalente mostrado na Fig. 1 estão presentes na Tabela I.

Tabela I:PARÂMETROS DO CIRCUITO SOB ESTUDO

Tensão CA da barra de geração 504 kV

Tensão CA da barra de Bom Jesus da Lapa 500 kV

Tensão CA do sistema fotovoltaico 1 kV

Impedância da linha de transmissão R=3,0293Ω, L=0,4118 H

e C=0,977 µF (Shunt) Impedância da carga equivalente R=503,94Ω, L=0,0369 H

Potência do sistema fotovoltaico 200 MVA

A Fig. 2 mostra a topologia básica de um conversor de tensão trifásico com seis IGBTs e seis diodos conectados em anti-paralelo utilizados na conversão CC-CA do sistema foto-voltaico utilizado em simulação. A fonte CC (Id) representa

os painéis fotovoltaicos. va vb vc Id + -Id Ls C

Fig. 2: Topologia Básica de um conversor fonte de tensão trifásico em ponte completa.

A Fig. 3 ilustra o bloco de controle utilizado para geração dos pulsos de disparo das chaves do conversor utilizado no presente trabalho. A técnica de chaveamento do conversor adotada foi a modulação por largura de pulso (PWM - "Pulse Width Modulation") [10]. Nesta modulação compara-se um

sinal triangular portador de alta frequência com uma onda senoidal de referência afim de modular a largura dos pulsos de chaveamento dos conversores. Dessa forma, obtêm-se tensões trifásicas com amplitude, frequência e fase controladas.

No controle do conversor, a tensão senoidal de referência a ser comparada com a portadora triangular é gerada a partir de um controlador Proporcional-Ressonante (PR) [11]. Este con-trolador tem como sinal de entrada o erro entre uma corrente de referência e a corrente medida. Mede-se a corrente na saída do conversor, enquanto que a corrente de referência é gerada a partir da Teoria da Potência Instantânea [12]. As entradas do bloco para cálculo da corrente de referência são a tensão na fase A, B e C medidas na saída do conversor e as potências ativa e reativa sintetizada pelo sistema fotovoltaico. A potência ativa sintetizada pelos painéis fotovoltaicos é gerada através de uma ordem de potência que emula uma curva típica ideal de potência ativa gerada por meio dos painéis fotovoltaicos ao longo de um dia sem presença de nuvens. A potência reativa a ser sintetizada pelos conversores é gerada a partir de um controlador Proporcional-Integral (PI) que tem como entrada a tensão medida no Ponto de Conexão Comum (PCC) e uma tensão de referência.

Teoria da potência instantânea

va,vb,vc p* q* V* Vpcc PI ia*,ib*,ic* ia* ia PR va* tri Clarke Clarke-1 iα iβ vα vβ vβ vα -p q = 1 vα2+vβ2 vα,vβ iα,iβ (a) (b) Ordem de potência ativa

Fig. 3: (a) Controle utilizado para geração das referências de cor-rente; (b) Controle de corrente e geração dos pulsos de disparo por chaveamento PWM do conversor.

O bloco de controle utiliza a Teoria da Potência Instantânea desenvolvida em [3] para o cálculo das correntes de referência trifásicas (a, b e c) e as tensões no referencial alpha − beta calculadas a partir da Transformada de Clarke [12]. Os parâ-metros utilizados em simulação estão descritos na Tabela II.

Tabela II:PARÂMETROS UTILIZADOS EM SIMULAÇÃO Potência nominal do conjunto de painéis 200 MW Potência nominal do sistema PV-STATCOM 200 MVA Frequência da onda portadora triangular (PWM) 2 kHz

Frequência da rede 60 Hz

Ganho controlador PR 0,005

Ganho controlador Proporcional 0,005 Mvar/V Ganho controlador Integral 0,01 Mvar/Vs O conjunto de painéis fotovoltaicos foi modelado por meio de uma fonte de corrente contínua. A geração de potência ativa por parte dos painéis, conforme dito anteriormente, é realizado através de uma ordem de potência cujo comportamento diário emula a curva diária de radiação solar. Isto é, relaciona-se com a incidência diária de radiação solar em um dia sem nuvens, que inicia-se por volta das 6 horas da manhã, tendo

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sua incidência máxima por volta do meio-dia, e voltando a se anular por volta das 18 horas. Assim, a corrente ativa sintetizada é relacionada com a ordem de potência ativa, que emula o comportamento da energia incidente do sol durante o período de um dia sem nuvens.

O controle da potência reativa a ser sintetizada pelo conver-sor do sistema fotovoltaico está associada ao nível de tensão no PCC, isto é, estipulou-se o nível de tensão de referência em 500 kV. Portanto, a potência reativa sintetizada pelo conversor é aquela para manter o nível de tensão no PCC nesse valor de referência.

Assim, primeiramente, foi emulada uma curva típica ideal de potência ativa gerada por meio dos painéis fotovoltaicos ao longo de um dia sem presença de nuvens, sendo que a potência ativa máxima injetada, ou seja, sua potência nominal, se encontra próximo ao meio-dia. A Fig. 4 ilustra o compor-tamento da potência ativa injetada pelo sistema fotovoltaico e pela barra de geração do sistema.

0 5 10 15 20 0 100 200 300 400 500 600 Tempo [Horas] Potência Ativa [MW] Potência PV Potência Geração

Fig. 4: Curva de potência ativa fornecida à carga pelo sistema fotovoltaico (vermelho) e pela barra de geração (tracejado)

Inicialmente simulou-se o sistema fotovoltaico com funcio-namento tradicional quando não há suporte de potência reativa, isto é, o sistema fotovoltaico apenas fornece potência ativa ao sistema. Neste contexto, a Fig. 4 ilustra a curva de potência ativa gerada por meio dos painéis fotovoltaicos ao longo de um dia sem nuvens, sendo que a potência ativa máxima injetada, ou seja, a potência nominal, se encontra próximo ao meio-dia (em vermelho). A curva de potência ativa fornecida pela barra de geração está mostrada em tracejado. Observa-se que com o aumento da potência injetada pelos painéis, diminui-se a injeção de potência pela barra de geração. Portanto, como visto na Fig. 4 a utilização de painéis fotovoltaicos alivia o sistema de geração, permitindo assim um incremento de carga devido à potência gerada pelo sistema fotovoltaico.

Conforme descrito em [13], a geração de potência ativa por parte de painéis fotovoltaicos é capaz de elevar a tensão em seu ponto de conexão. Neste contexto, a Fig. 5 ilustra o comportamento da tensão no ponto de conexão comum (PCC), isto é, na barra de conexão do sistema fotovoltaico (barra de carga de Bom Jesus da Lapa-BA).

Nota-se pela Fig. 5 que a tensão no Ponto de Conexão Comum (PCC) sofre elevação com aumento da potência ativa injetada pelo sistema fotovoltaico. Quando não há injeção de potência ativa por parte do sistema fotovoltaico nos períodos sem insolação, a tensão no PCC se encontra em valor de 500 kV, que é o nível de tensão em regime permanente do sistema elétrico em estudo, com carga nominal e sem presença de geração de potência por meio do sistema fotovoltaico. Com inserção de potência ativa por parte dos painéis fotovoltaicos

0 5 10 15 20 480 485 490 495 500 505 510 515 520 525 Tempo [Horas] Tensão [kV] Vpcc

Fig. 5: Comportamento da Tensão no Ponto de Conexão Comum (PCC) para variações durante um dia da potência ativa fornecida pelo sistema fotovoltaico.

esta tensão pode chegar até o valor de 518 kV, próximo ao meio-dia que é o horário de maior nível de radiação solar, considerando ausência de nuvens. Neste caso, o nível de tensão no PCC com inserção de potência ativa por parte dos painéis fotovoltaicos elevou-se à um valor próximo à 4% em relação à tensão de fornecimento, que no caso é de 500 kV.

Portanto, como pôde ser observado na Fig. 4 a utilização do sistema fotovoltaico como uma alternativa renovável de energia mostrou-se eficiente no alívio do sistema. No entanto, contrário à este benefício houve aumento no nível de tensão no PCC, conforme ilustrado na Fig. 5.

As simulações foram realizadas para o estado de carga nominal. No entanto, em estado de carga leve o aumento da potência ativa gerada pelo sistema fotovoltaico pode acarretar em um aumento ainda mais crítico da tensão no PCC, con-forme pode ser observado na Fig. 6. Neste sentido, a mitigação deste problema quanto à qualidade da tensão faz-se ainda mais necessário. A Fig. 6, ilustra o comportamento da tensão no PCC para diferentes valores de corrente ativa injetada pelo sistema fotovoltaico, que varia de 0 a 1 pu. Também variou-se a impedância de carga entre 1 pu a 5 pu. Esta variação de carga representa as situações de carga leve (maior que 1 pu) e nominal (próximo a 1 pu).

1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1

Impedância de carga [pu]

Corrente ativa do painel [pu]

1 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 Vpcc [pu]

Fig. 6: Comportamento da Tensão no Ponto de Conexão Comum para variações da corrente ativa do painel e variações na impedância de carga.

Nota-se pela Fig. 6 que o aumento da corrente ativa injetada pelo sistema fotovoltaico e carga leve (impedância de carga maior que 1 pu) aumenta o nível de tensão do PCC para valores acima dos 5% da tensão de fornecimento de 500 kV. Assim, o nível de tensão nestes estados de carga e potência injetada pelo sistema fotovoltaico estaria em desconformidade quanto à normatização vigente. Neste contexto, faz-se necessário a

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utilização de técnicas para diminuição desta tensão para que a mesma encontre-se dentro da faixa normatizada pelo Módulo 8 dos Procedimentos de Distribuição (PRODIST) [14], que limita o nível de tensão para valores entre 5% acima e 5% abaixo da tensão de referência, no caso 500 kV.

III. SISTEMAFOTOVOLTAICO COM SUPORTE DE

POTÊNCIA REATIVA(PV-STATCOM)

Com o objetivo de realizar suporte de potência reativa e regulação do nível de tensão no Ponto de Conexão Comum (PCC) onde encontra-se conectado o sistema fotovoltaico e a carga (Barra de Bom Jesus da Lapa-BA) adicionou-se a função auxiliar de compensador de potência reativa ao conversor do sistema fotovoltaico, quando em períodos de baixa insolação pode-se aproveitar a "ociosidade"do mesmo e otimizar este tipo de sistema.

O diagrama de blocos do sistema de controle do inversor do sistema fotovoltaico está mostrado na Fig. 3. Para que o mesmo possa exercer a função de STATCOM, o controle foi modificado introduzindo uma parcela de corrente reativa à corrente total fornecida pelo sistema fotovoltaico, que em seu funcionamento convencional fornece apenas corrente ativa. A contribuição de ambas parcelas, ativa e reativa, não pode exceder a corrente total do sistema fotovoltaico, que se re-laciona com a potência nominal de 200 MVA. Assim, no âmbito do presente trabalho o controle utilizado nos con-versores considera a potência reativa a ser sintetizada que está relacionada com a quantidade de potência reativa do inversor e com a tensão de referência estabelecida no controle no PCC. No caso, estabeleceu-se uma tensão de referência de 500 kV. Assim, quando há aumento da tensão no PCC devido ao aumento da potência ativa gerada pelo sistema fotovoltaico, o conversor com função de STATCOM sintetiza uma corrente reativa indutiva para que a tensão medida no PCC se estabeleça no valor da tensão de referência, ou seja, em 500 kV. Ressalta-se que a parcela de corrente reativa sintetizada está vinculada com a disponibilidade de potência reativa do sistema fotovoltaico. Quando os painéis fotovoltaicos estão com sua geração máxima de potência ativa não há, portanto, disponibilidade de potência reativa. Assim, nesta situação o STATCOM não seria capaz de realizar o controle de tensão no PCC, conforme expresso em:

Qmax=

q

S2

nominal− Pf ornecido2 . (1)

Sendo a tensão de fornecimento do sistema em 500 kV, e segundo normatização do PRODIST de que a tensão de atendimento deve-se estabelecer entre os limites de ±5% da tensão de fornecimento, estipulou-se na malha de controle que a corrente reativa máxima sintetizada pelo STATCOM seria aquela para estabelecer o nível de tensão no PCC igual a 500 kV.

A Fig. 7 ilustra o comportamento da potência ativa e reativa do sistema fotovoltaico com função auxiliar de regulação de tensão.

A Fig. 8 ilustra o comportamento da tensão no PCC com o sistema fotovoltaico realizando injeção de potência ativa e suporte de potência reativa.

Assim, conforme expressado na Fig. 7, a curva de potência ativa tem o comportamento relacionado com a incidência solar, tendo seu máximo ocorrendo por volta do meio-dia

0 5 10 15 20 −50 0 50 100 150 200 Tempo [Horas]

Potência Ativa [MW] e Reativa [Mvar]

Potência Ativa PV Potência Reativa PV−STATCOM

Fig. 7: Curvas de potência ativa (vermelho) e reativa (verde) do sistema fotovoltaico.

considerando ausência de nuvens. Porém, a curva de potência reativa possui seu valor mínimo quando a potência ativa é máxima, conforme expressado em (1). Nestes momentos, há pouca disponibilidade de potência reativa. No entanto, nos momentos de insolação nula a potência reativa encontra-se com seu valor máximo disponível. No entanto, como nestes momentos a tensão no PCC se encontra em 500 kV e a síntese de potência reativa depende da tensão de referência estabelecida no sistema de controle, que no caso é 500 kV, não há, portanto, necessidade de suporte de potência reativa. Dessa forma, a curva em tracejado mostra o comportamento da potência reativa, que se relaciona com (1) e portanto decresce à maneira que a curva de potência ativa se aproxima de seu valor máximo.

Com o suporte de potência reativa pelo STATCOM a tensão no PCC se mantem no nível estabelecido pelo controle na maior parte do tempo, conforme pode ser visto na Fig. 8. Po-rém, com o aumento no nível de insolação e consequentemente na potência ativa injetada pelo sistema fotovoltaico, a tensão no PCC aumenta. 0 5 10 15 20 470 480 490 500 510 520 530 540 Tempo [Horas] Tensão [kV] Vpcc Limite Máximo

Fig. 8: Comportamento da Tensão no PCC com o sistema fotovoltaico realizando injeção de potência ativa e suporte de potência reativa.

A elevação da tensão para valores acima de 500 kV ocorre nos intervalos de 11 horas da manhã até aproximadamente 14 horas, como pôde ser visto na Fig. 8. Neste período é quando ocorre os maiores índices de radiação solar e conse-quentemente de geração de potência ativa por parte do sistema fotovoltaico, e baixos valores de potência reativa limitados em função de (1). Em razão do valor elevado da parcela ativa da corrente do sistema fotovoltaico, a tensão máxima ocorre quando o fornecimento de potência ativa por parte dos paineis é máxima. Esta tensão tem seu valor máximo de aproximadamente 515 kV, que no caso é 3% acima da tensão de fornecimento de 500 kV. Apesar de o nível de tensão no

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PCC não ultrapassar os 3% da tensão de fornecimento no cenário simulado, ou seja, está dentro dos limites normatizados pelo PRODIST, o aumento de tensão pode ser violado em outras situações de carga, conforme visto na Fig. 6.

IV. SISTEMAFOTOVOLTAICO NA PRESENÇA DE VARIAÇÕES DE CARGA

No que se refere ao sistema de potência, a carga é mais variável durante o dia. A variação diária de carga depende do tipo de consumidor, se comercial, residencial ou industrial. Cada tipo de consumidor tem sua variação típica que depende principalmente da atividade desenvolvida, posição geográfica, etc. Em [15] o autor apresenta um estudo de estimação da curva de carga em diferentes pontos de consumo na rede de distribuição. A partir das curvas apresentadas em [15] para diferentes tipos de consumidores, foi realizado uma simulação afim de verificar o comportamento do sistema fotovoltaico com função auxiliar de regulação de tensão frente a variações da carga.

Foram consideradas, para efeito de simulação, variações diárias típicas de carga residencial conforme ilustrado na Fig. 9, e hipoteticamente assumido como demanda máxima aproximadamente 470 MW. 0 5 10 15 20 0 100 200 300 400 500 600 Tempo [Horas] Potência Ativa [MW] Potência Carga Carga Residencial

Fig. 9: Curva típica de carga residencial

No que tange ao consumo residencial, observa-se dois picos de consumo de potência ativa, um próximo de meio-dia e outro próximo às 20 horas. Neste contexto, a curva de carga sinaliza as características deste consumidor quanto ao uso da energia elétrica.

Neste sentido, foram realizadas simulações para uma carga variável, considerando o restante do sistema equivalente ao utilizado na seção anterior e sistema fotovoltaico com suporte de potência reativa de potência nominal 200 MVA e dia sem presença de nuvens. As curvas de potência ativa do sistema fotovoltaico durante o período de um dia e as curvas de potência ativa medida no sistema de geração do sistema e a consumida pela carga para as três variações diárias de carga estão ilustradas na Fig. 10.

O comportamento da tensão no PCC para a carga típica residencial e presença de geração de potência ativa pelos painéis fotovoltaicos está mostrada na Fig. 11. Nesse caso, não há controle de tensão no PCC.

A Fig. 11 mostra variações do nível de tensão no PCC ao longo do dia para a carga analisada. Como o consumo de po-tência ativa da carga é baixo na parte da manhã se comparado com outros momentos do dia, conforme mostrado na Fig. 10, a tensão nesse período é elevada, chegando a 530 kV. Há uma diminuição no nível de tensão no PCC quando há um maior consumo de potência ativa pela carga, no entanto, ocorre uma

0 5 10 15 20 0 100 200 300 400 500 600 Tempo [Horas] Potência Ativa [MW] Potência PV Potência da Geração Potência da Carga

Fig. 10: Curvas de potência ativa sintetizado pelo sistema fotovoltaico, pela geração e demandada pela carga residencial.

0 5 10 15 20 460 480 500 520 540 560 Tempo [Horas] Tensão [kV] Vpcc Limites de Tensão

Fig. 11: Comportamento da tensão no PCC com injeção de potência ativa por parte dos painéis fotovoltaicos e carga típica residencial.

elevação do nível de tensão no PCC quando há geração de potência ativa pelos painéis fotovoltaicos. Nos momentos em que o consumo elevado de potência ativa da carga coincide com uma elevada geração de potência ativa pelos painéis, ocorre uma compensação na tensão do PCC. Porém, segundo a Fig. 11 para estas variações de potência ativa da carga, o nível de tensão no PCC, para alguns momentos do dia, não se encontra dentro dos limites estabelecidos pelo PRODIST. Como já citado, para um nível de tensão de referência de 500 kV, os limites estipulados pelo PRODIST é de ±5% da tensão de referência, cujos valores são de 525 kV e 475 kV.

Neste contexto, foram realizadas simulações utilizando o sistema fotovoltaico proposto com suporte de potência reativa para controle da tensão para a situação de carga analisada.

Quanto ao comportamento da potência reativa sintetizada pelo conversor do sistema fotovoltaico, pela geração da rede e a requerida pela carga foram ilustradas as curvas correspon-dentes para o consumidor residencial em questão, conforme mostrado na Fig. 12.

O comportamento da tensão no PCC com suporte de potência reativa por meio do conversor do sistema fotovoltaico para a carga residencial considerada está ilustrada na Fig. 13. Através dos resultados mostrados no presente trabalho conclui-se que o sistema fotovoltaico pode causar vários im-pactos no sistema, na qual destaca-se o aumento da magnitude da tensão de atendimento ao consumidor, quando há geração de potência ativa pelos painéis fotovoltaicos. A Fig. 6 ilustra o comportamento da tensão no ponto de conexão do sistema fotovoltaico para diferentes cargas e injeção de potência ativa por parte do sistema fotovoltaico. Nesta Fig. é possível concluir que o aumento na magnitude da tensão no ponto de conexão pode ser mais crítico dependendo das condições de operação e

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0 5 10 15 20 −100 −50 0 50 100 150 Tempo [Horas]

Potência Reativa [Mvar]

Potência Reativa PV−STATCOM Potência Reativa Geração Potência Reativa Carga

Carga Residencial

Fig. 12: Curvas de potência reativa sintetizado do sistema fotovol-taico, da geração da rede e requerida pela carga residencial com atuação do controle de tensão do PCC.

0 5 10 15 20 460 480 500 520 540 560 Tempo [Horas] Tensão [kV] Vpcc Limite Máximo

Fig. 13: Comportamento da tensão no PCC com síntese de potência ativa e reativa por parte do PV-STATCOM e carga típica residencial com controle de tensão no PCC.

estado de carga. Conforme esperado, a situação de carga mais leve e alta geração de potência ativa pelos painéis caracteriza uma situação de elevação da tensão no ponto de conexão e desconformidade dos limites estabelecidos pelo PRODIST.

Essa elevação na magnitude da tensão de atendimento ao consumidor, pode ser prejudicial ao sistema elétrico de potên-cia e causar desconexões do inversor do sistema fotovoltaico, além de infringir os limites de conformidade da tensão em regime permanente, de acordo com o Módulo 8 do PRODIST. Assim, conclui-se que há a necessidade de análise do nível de tensão no ponto de atendimento devido à presença da fonte fotovoltaica. E dependendo do nível da tensão de atendimento, faz-se necessário o uso de técnicas de regulação de tensão para viabilizar o emprego dessa fonte de geração de energia.

Portanto, conforme visto, uma das soluções para este problema é a utilização do conversor do sistema fotovoltaico proposto atuando com função auxiliar de suporte de potência reativa quando houver disponibilidade de potência. Neste con-texto, o sistema proposto foi capaz de realizar o controle de tensão no ponto de conexão, conforme esperado, e viabilizar a utilização de sistemas fotovoltaicos de grande porte com função auxiliar.

V. CONCLUSÕES

O presente trabalho apresentou simulações de um sistema fotovoltaico de grande potência conectado à rede elétrica com seu conversor realizando função auxiliar de um STATCOM para regulação de tensão em seu ponto de conexão.

O controle estudado para o conversor associado à estratégia de chaveamento utilizada tem a vantagem de fornecer potência reativa durante períodos de baixa insolação, desempenhando o

importante papel de compensador, diminuindo assim a circula-ção de potência reativa na rede elétrica, e consequentemente re-duzindo as perdas e carregamento desnecessários nos transfor-madores e linhas. Neste contexto, o sistema fotovoltaico com função auxiliar de compensador de potência reativa proposto poderia prover uma “renda extra”, onde o mesmo poderá ser remunerado com a venda da potência ativa e reativa excedente, de acordo com a Resolução Nº 265, de 10 de junho de 2003 da ANEEL. Além dos aspectos econômicos, a utilização do sistema proposto vai de acordo com as legislações do setor elétrico quanto à qualidade da energia entregue, em que pode-se citar o Módulo 8 do PRODIST que regulamenta os níveis de tensão entregue ao consumidor.

Como resultados, o sistema fotovoltaico com função au-xiliar de suporte de potência reativa proposto foi capaz de regular a tensão no barramento a qual está conectado, inclusive nos momentos de elevado fornecimento de potência ativa por parte dos painéis fotovoltaicos. Neste contexto, a utilização deste tipo de sistema com função auxiliar se mostrou eficiente quanto ao objetivo proposto, estando em conformidade com a normatização referente à qualidade da energia entregue.

REFERÊNCIAS

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Referências

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