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Análise da Segurança do Trabalho em Serviços com Eletricidad

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Análise da Segurança do Trabalho em Serviços com

Eletricidade sob a Ótica da Nova NR–10

Heliton Lourenço1, Elidio de C. Lobão2

1

Engenheiro Civil – Furnas Centrais Elétricas S.A. – Foz do Iguaçu – PR – Brasil

2

União Dinâmica de Faculdades Cataratas (UDC) – Foz do Iguaçu – PR – Brasil 1

helitonlourenco@hotmail.com, 2 elidiolobao@yahoo.com.br

Abstract. This papper describles analysis of the work-security in services with

electricity. The problematic one of this text is to detach the main alterations that the new NR-10 suffered, through the comparison of the current norm with the previous one, presenting the main improvements and the new concepts brought for the new writing. The relevance of the searched subject inhabits in the protection of the well biggest one, the life human being, through the improvement of the conditions of health and security of the worker. With this she imposed the obligatoriness of if planning all the phases of the work, with this it tends to reduce the errors and possible accidents.

Resumo. O tema abordado por este artigo trata da análise da segurança do

trabalho em serviços com eletricidade. A problemática deste texto é destacar as principais alterações que a nova NR-10 sofreu, através da comparação da atual norma com a anterior, apresentando as principais melhorias e os novos conceitos trazidos pela nova redação. A relevância do assunto pesquisado reside na proteção do bem maior, a vida humana, através da melhora das condições de saúde e segurança do trabalhador. Com isso impôs a obrigatoriedade de se planejar todas as fases do trabalho, com isso ela tende a reduzir os erros e possíveis acidentes.

1. Introdução

A eletricidade é uma das fontes de energia mais utilizadas no mundo moderno, ela é essencial a toda hora, sem interrupções e ainda, é considerada como serviço público. Entretanto, pode comprometer a segurança e saúde das pessoas que a ela estejam expostas direta ou indiretamente, porque a eletricidade não é perceptiva aos sentidos do homem, ou seja, não é vista nem sentida, e em virtude disto, as pessoas podem estar expostas a situações de risco ignoradas ou subestimadas.

A nova NR-10 (Norma Regulamentadora nº 10) estabelece requisitos e condições mínimas para a implementação de medidas de controle e sistemas de prevenção de acidentes, de forma a garantir segurança e a saúde dos trabalhadores que estejam expostos ou interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade em geral. A falta de prevenção envolvendo eletricidade resulta na exposição a dois dos principais agentes de risco: choque e arco elétrico.

Destaca-se ainda que a nova NR-10 abrange todos os serviços que envolvam instalações elétricas de baixa tensão e alta tensão, não incidindo apenas as instalações alimentadas por extra-baixa tensão, consideradas as tensões inferiores a 50 V (Volts) corrente alternada e 120 V corrente contínua.

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Considerando que as construções civis encontram-se normalmente nas proximidades da rede elétrica e que são alimentadas nas tensões de 127 V e/ou 220 V em corrente alternada, esta norma igualmente se aplica às instalações elétricas residenciais e industriais, visto que tais fatos enfatizam que a NR-10 também abrange os trabalhadores da construção civil.

Diante disto, pretende-se, a partir deste trabalho, auxiliar na conscientização dos empregados, empregadores e dirigentes sobre a proteção do trabalhador como sinônimo de produtividade, e em decorrência disto, promover uma melhor garantia da segurança e saúde no trabalho.

2. Conceitos gerais

Segundo Miranda Jr (2007) desde a sua publicação, em junho de 1978, a NR-10 não havia sofrido modificações consideráveis como as que foram aprovadas pela Portaria 598, de dezembro de 2004.

A nova norma traz orientações objetivas quanto às especificidades, e genéricas quanto as finalidades e aplicabilidade, resumindo e condicionando as disposições regulamentadas, fixando requisitos e condições mínimas necessárias para a realização dos trabalhos, tornando-os mais seguros e salubres [Souza 2007].

A aplicabilidade da nova NR-10 se faz em todas as fases: produção, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação e manutenção das instalações elétricas e ou qualquer serviços realizados nas suas proximidades [Atlas 2006].

2.1. Riscos no setor elétrico

Os riscos à segurança e saúde dos trabalhadores expostos a energia elétrica são por si só muito elevados, podendo levar a lesões graves e até mesmo a morte. Os riscos são especificados de acordo com as atividades.

Segundo o Portal da Construção (2008), risco é a probabilidade de ocorrência de danos sobre as pessoas ou bens, resultantes da concretização de uma determinada condição perigosa, em função:

• Da probabilidade de ocorrência de uma determinada condição perigosa;

• Grau de gravidade dos danos conseqüentes, os quais podem ser materiais, ambientais e humanos.

Em serviços com eletricidade o trabalhador está exposto a riscos de acidentes com conseqüências diretas: choque e arco elétrico e com conseqüências indiretas: quedas, batidas, incêndio, explosões de origem elétrica, queimaduras etc.

2.1.1. Choque elétrico

Segundo Vieira (2005), choque elétrico é uma perturbação que se manifesta no organismo humano, quando é percorrido por uma corrente elétrica. Essas perturbações podem provocar: tetanização (contração muscular tônica contínua), parada respiratória, fibrilação ventricular do coração e queimaduras (de origem elétrica e não térmicas).

Os fatores que determinam a gravidade da lesão ocasionada pelo choque elétrico são: a intensidade da corrente elétrica circulante, o percurso e as características da

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corrente elétrica (se corrente alternada ou corrente contínua), e da resistência do corpo humano.

2.1.2. Queimaduras

Na maioria dos casos de acidentes evolvendo eletricidade, as vítimas apresentam queimaduras, porque a corrente elétrica atinge o organismo através do revestimento cutâneo. Devido à alta resistência da pele, a passagem da corrente elétrica produz alterações estruturais no organismo. As queimaduras provocadas pela eletricidade diferem daquelas causadas por efeitos químicos, térmicos e biológicos [Cpnsp 2005].

A eletricidade pode ocasionar queimaduras de diversas formas e podem ser classificadas como:

• queimaduras pelo contato direto, quando se toca uma superfície condutora energizada;

• queimaduras pelo arco voltaico, quando o arco elétrico é caracterizado pelo fluxo de corrente elétrica através do ar;

• queimaduras por vapor metálico, quando na fusão dos contatos elétricos há emissão de vapores e derramamento de metais derretidos.

2.2. Controle de riscos

Os acidentes ocorrem da execução de atos inseguros ou da existência de condições inseguras, constituindo estas, as causas determinantes na ocorrência dos riscos.

E segundo Zocchio (1996) tudo começa com a existência de riscos de acidentes, por isso é indispensável identificá-los e avaliá-los. As medidas de segurança aplicadas para proteger as pessoas contra os riscos de acidentes são por intermédio das seguintes alternativas: eliminando-os, isolando-os e ou sinalizando-os.

Para isso é preciso identificar e avaliar os riscos, através das técnicas de análises de riscos, avaliando todas as etapas e elementos dos trabalhos, racionalizando e desenvolvendo seqüências de operações, criando assim, uma condição segura para a realização dos trabalhos.

2.2.1. Análise de riscos

O processo de avaliação de riscos nos permite identificar a probabilidade de sua ocorrência e quantificar as suas conseqüências. O Fator de Risco é igual à multiplicação da freqüência de um perigo pela sua gravidade, sendo a freqüência uma previsão da quantidade dos acidentes que possam ocorrer, e a gravidade a intensidade dos danos causados por cada acidente.

A principal vantagem da análise de riscos é o fornecimento de elementos para tomadas de decisões que envolvam confiança e segurança, possibilitando assim, apresentar alternativas claras e objetivas. Através da avaliação de riscos é possível identificar os riscos e com isso gerenciá-los.

Para gerenciar riscos é necessário formar uma nova ótica no conceito de segurança industrial, tanto no aspecto de prevenção como no aspecto da ação.

O gerenciamento de riscos visa à busca das causas básicas dos acidentes que possam ocorrer ou que tenham acontecido numa determinada empresa, ou seja, a ênfase

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é em relatar todos os acidentes que causem ou que tenham potencial de causar algum tipo de dano.

Segundo a Funcoge (2008), o método para a avaliação dos riscos adotado pela maioria das empresas do setor elétrico é a APR (Análise Preliminar de Risco), desta forma, pode-se realizar a previsão da ocorrência danos para as pessoas, processos, equipamentos e meio ambiente, no exercício de determinada atividade.

2.2.1.1. Análise preliminar de risco - APR

A APR é uma visão técnica antecipada do trabalho a ser executado, que permite a identificação dos riscos envolvidos em cada passo da tarefa. É elaborada através do estudo, questionamento, levantamento, detalhamento, análise crítica e autocrítica, com estabelecimento das precauções técnicas necessárias para a execução das tarefas, de forma que o trabalhador esteja sempre no controle por maior que seja o risco [Furnas 2006].

Na APR são levantadas às causas que podem promover a ocorrência de cada um dos sinistros e as suas respectivas conseqüências, desta forma, é realizada uma avaliação qualitativa da freqüência de ocorrência do cenário de acidentes, da severidade e do risco associado, (os resultados são qualitativos, não fornecendo estimativas numéricas).

Com a APR consegue-se obter a amplitude do risco, que através do índice de risco se define a prioridade do risco em estudo. Assim, após a priorização do risco pode-se atuar de forma eficaz na prevenção, de forma que pode-se a APR for corretamente elaborada atinge-se uma melhor avaliação dos riscos de acidentes de trabalho.

A APR é uma técnica aplicável a todas as atividades, e uma grande virtude da aplicação desta técnica é o fato de promover e estimular o trabalho em equipe e a responsabilidade solidária.

Quanto à periodicidade e freqüência de elaboração da APR, esta deverá ser preenchida na fase do planejamento da atividade, sob responsabilidade do encarregado ou supervisor do serviço, e devendo constar a assinatura de todos os trabalhadores envolvidos. Ainda, a APR deverá ser feita diariamente, ou ao início de cada atividade, observando os riscos inerentes ao local de execução da atividade.

3. Estatísticas de acidentes no setor elétrico

O número de acidentes com trabalhos relacionados à eletricidade supera todas as outras áreas ocupacionais, e como se não bastasse, em sua grande maioria, são fatais, ou ocasionam a vítima seqüelas irreversíveis.

No setor elétrico também houve um aumento significativo no número de acidentes do trabalho, devido ao processo de privatização ocorrido no setor, trazendo consigo a introdução de novas tecnologias, materiais, mudanças no processo e organização do trabalho, terceirização e cooperativação da mão-de-obra, planos de demissões voluntárias entre outros.

Este quadro tem como conseqüência uma expressiva exposição dos trabalhadores e a precarização das condições de segurança. Com isso, a atualização da Norma Regulamentadora nº. 10, foi de suma importância para os trabalhadores do setor elétrico brasileiro.

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Um dos principais veículos que trata das informações estatísticas sobre acidentes do trabalho com eletricidade no Brasil, é o relatório anual produzido pela Funcoge (Fundação Comitê de Gestão Empresarial), apresentando não apenas os números totais, mas a sua estratificação, classificação e descrição dos acidentes, de forma geral, sejam com os empregados, empresas, bem como, a população envolvida com a energia advinda da rede pública [Mattos 2008].

Segundo a Funcoge (2008) em seu relatório de 2006, o contingente era de 101.105 empregados próprios do setor elétrico, com riscos de natureza geral e riscos específicos, no qual ocorreram registros de 840 acidentados do trabalho típicos com afastamento, acarretando, entre custos diretos e indiretos, prejuízos de monta para o setor elétrico.

Tabela 1. Estatística de acidentes no setor elétrico brasileiro 2006 Dados globais

1 – Empresas 72

2 – Empregados próprios 101.105 3 – Horas-homem de exposição ao risco 200.219.744 4 – Acidentes típicos com afastamento 840 5 – Tempo computado (dias) 144.018 6 – Número médio de clientes 62.043.384 Fonte: Funcoge, 2008

Segundo estudos realizados pela Funcoge em 2006, para cada acidente fatal de empregados próprios das empresas do setor elétrico brasileiro, equivalem a 4 mortes de empregados contratados e 15 mortes envolvendo a população, há também, um grande número de acidentes de origem elétrica envolvendo o setor da construção civil.

Em 2006 foram perdidas 1.152.144 horas de trabalho, e isto é igual ao total de horas de um ano de trabalho de uma empresa de médio porte do setor elétrico, calculando-se os custos dos acidentes de trabalho [Funcoge 2008].

O calculo do custo total estimado (custo direto e indireto), considerando os acidentes sem perda de tempo e os acidentes com e sem danos materiais, equivaleria ao investimento necessário para implantar 10 PCHs (Pequenas Centrais Elétricas) de 30 MW cada, com atendimento a uma demanda de aproximadamente 1.250.000 habitantes. Ou ainda análogo ao exemplo anterior poderia representar a construção de 2.460 km de linhas de transmissão, na tensão de 230 kV e circuito simples [Funcoge 2008].

4. Norma regulamentadora nº. 10 – NR-10

A Norma Regulamentadora n° 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, aprovada pela Portaria do Ministério do Trabalho n° 3.214, de 1978, foi alterada pela portaria n° 598, de 7/12/2004, a qual altera a redação anterior. Esta norma dispõe de diretrizes básicas para a implementação de medidas de controles preventivos, destinados a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam com instalações elétricas e serviços com eletricidade.

4.1. Principais alterações da nova NR-10/2004 frente à NR-10/1978

A nova norma trouxe o conceito de gestão para a prevenção e organização do trabalho em eletricidade, como a metodologia do PCDA (Plan / Do / check / Act). Exige prontuário das instalações, EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), EPCs (Equipamentos de Proteção Coletiva), treinamento, autorização para o trabalho, APR e

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vestimentas, com a preocupação de que as melhorias sejam incorporadas sistematicamente, desta forma evidencía a visão de gestão (Miranda Jr 2007).

A seguir é apresentada uma análise das principais alterações da nova redação da NR-10/04 comparada à antiga redação da referida norma:

a) Estabelecimento de requisitos e condições mínimas para implementação de medidas de controle e sistemas de prevenção inerente ao risco elétrico;

b) Todas as empresas devem manter esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas, e em instalações com carga superior a 75 kW (kilowatts), devem manter prontuário de forma a organizar os documentos e registros, dentro das medidas de controle, coletiva e individual;

c) Realizar relatório de auditoria de conformidade das instalações elétricas; d) Torna obrigatória a introdução de dispositivos e equipamentos e medidas de

controle coletivo;

e) Faz referência a NR-6 (Norma Regulamentadora nº 6) para implementar medidas de proteção individual, todavia, prevê a exigência o uso de vestimentas adequadas ao trabalho não prescritas na referida norma, bem como, proíbe o uso de adornos pessoais;

f) Obrigatoriedade de introduzir conceitos de segurança no projeto das instalações elétricas;

g) Formar diretrizes de segurança para a construção, montagem, operação e manutenção;

h) Resolve e estabelece as exigências para trabalhos em instalações elétricas desernergizadas;

i) Estabelece critérios para a proteção em trabalhos com instalações energizadas;

j) Estabelece que os trabalhadores devem atender o quesito do item 10.8 da nova NR-10, que diz respeito à habilitação, capacitação e autorização, e ainda que os trabalhadores recebam treinamento de segurança básico, independente do cargo ou grau de escolaridade, conforme anexo III da NR-10;

k) Estabelece as zonas de risco e controlada, no entorno de pontos ou conjuntos energizados;

l) Diferencia níveis e estabelece condições para atividades realizadas em alta tensão;

m) Proíbe a realização de serviços individuais em instalações elétricas de alta tensão ou integrantes do SEP (Sistema Elétrico de Potência);

n) Define o entendimento quanto à profissional qualificado e habilitado, pessoa capacitada e autorizada;

o) Reafirma a obrigatoriedade de certificação de equipamentos, dispositivos e materiais destinados a aplicação em áreas classificadas;

p) Remete a NR-23 (Norma Regulamentadora nº 23) as providências de proteção contra incêndio e explosão;

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q) Define que as situações de emergência deverão constar em plano específico das empresas, e as empresas estão obrigadas a elaborar procedimentos emergenciais com disponibilização de recursos materiais, equipamentos e treinamento de pessoas;

r) Torna obrigatória a elaboração de procedimentos operacionais de trabalho contendo as instruções de segurança;

s) Estabelece as responsabilidades aos contratantes e contratados;

t) Ratifica o direito do trabalhador a recusa na execução de determinadas tarefas e obriga a disponibilização de documentos e complementa-se com as normas técnicas oficiais (NBR 5410 / 14039 entre outras);

u) Apresenta um glossário contendo conceitos e definições claras e objetivas. Em síntese, a nova redação da NR-10 buscou inserir conceitos e medidas de segurança de observância obrigatória, mas principalmente a necessidade da organização e do planejamento dos serviços, do conhecimento dos diferentes tipos de risco, da adequada realização de cada tipo de trabalho, para a partir disso, a criação e instituição de medidas eficazes de segurança, individuais e coletivas.

Para uma melhor compreensão das exigências de medidas de controle de riscos, bem como, das medidas de proteção coletiva e individual, que a referida norma torna obrigatória, e segundo as alterações citadas anteriormente, são descritos a seguir alguns desdobramentos dessas exigências para a sua aplicabilidade.

4.2. Medidas de controle de risco

As medidas de controle podem ser interpretadas como um conjunto de ações estratégicas de prevenção com objetivo de reduzir ou eliminar os riscos, ou ainda manter sob controle os possíveis eventos indesejáveis.

A nova NR-10 exige que se faça um controle do risco elétrico, através de medidas preventivas devidamente planejadas antes de sua implantação nas empresas que realizam intervenções em instalações elétricas, ou em suas proximidades.

A despeito das medidas de controle abrangem os sistemas de proteção coletiva, as medidas de proteção coletiva e as medidas de proteção individual, esta ultima sempre deve ser adotada principalmente quando não for possível a adoção das medidas anteriores, e estão descritas nos itens a seguir.

4.2.1. Medidas de proteção coletiva

As medidas de proteção coletiva devem ser adotadas sempre que possível para trabalhos coletivos que expõem as equipes de trabalhadores às mesmas condições de risco, sempre com o objetivo de eliminar, minimizar ou controlar as probabilidades de ocorrer qualquer evento indesejável gerador de risco.

A nova NR-10 prevê medidas de segurança e se faz exigências quanto à isolação, bloqueio, delimitação, sinalização, e aterramento dos equipamentos elétricos.

Para isso adotam-se como medidas de proteção coletiva a utilização dos EPC, que são os equipamentos ou dispositivos para a proteção de vários trabalhadores e/ou

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terceiros em relação dos riscos provenientes do desenvolvimento das atividades laborais.

Dentre as medidas de proteção coletiva, pode-se destacar: desenergização, seccionamento, impedimento de reenergização, constatação de ausência de tensão elétrica, aterramento do equipamento, instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores dos circuitos, proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada e equipotencialização.

Uma das principais medidas de proteção para o trabalhador é a instalação de aterramento temporário, para executar trabalhos em instalações elétricas. E que segundo Almeida (2008) é uma das principais mudanças ocorridas no texto da nova NR-10.

Ainda, durante a realização dos trabalhos com eletricidade deverá ser adotada sinalização adequada de segurança, no entorno do local de trabalho destinada a advertência e identificação do tipo de trabalho, bem como do responsável pelos serviços. Podem ser cartões, placas, avisos, etiquetas, que devem ser claros e adequadamente afixados.

Do mesmo modo a isolação e delimitação da área de serviço é muito importante na prevenção de acidentes, pois através dela é possível evitar que o trabalhador adentre por engano em área energizada, evitando assim que ocorram acidentes. A NR-10 faz exigências quanto à isolação e delimitação da área onde se encontra o equipamento sob manutenção.

4.2.2. Medidas de proteção individual

A principal medida de proteção ao trabalhador é a utilização de EPI’s, e entende-se por EPI os equipamentos ou dispositivos de uso individual e que possuam CA (Certificado de Aprovação) e CRF (Certificado de Registro do Fabricante), emitido pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), utilizados pelo trabalhador para a sua própria proteção contra a exposição aos riscos durante a realização de suas atividades laborais. Dentre os principais EPI’s destacam-se:

• capacete de proteção tipo aba frontal utilizado para proteção da cabeça;

• calçado de segurança utilizado para proteção dos pés contra torção, escoriações, derrapagens e umidade;

• óculos de proteção para os olhos contra impactos mecânicos, partículas volantes e raios ultravioletas;

• luva isolante de borracha utilizada para a proteção contra choque elétrico; • cinto de segurança tipo pára-quedista deve ser utilizado em atividades com

mais de 2 m de altura do piso, e sempre que haja risco de queda;

• vestimentas de trabalho para proteção do corpo do trabalhador contra queimaduras e/ou explosões provenientes de acidentes com choque ou arco elétrico.

Conforme o item 10.2.9.2 da nova NR-10, que trata sobre as vestimentas de trabalho entendida como EPI destinada à proteção dos membros superiores e inferiores e contra diversos efeitos causados pelos riscos elétricos quando a eles expostos, tais como condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas. Não há

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fabricantes de tecidos no Brasil ainda que, atendam as especificações exigidas pela nova NR-10 sendo necessário importar tais tecidos de empresas européias ou norte americana.

A NR-10 remete a NR-6 a responsabilidade de regulamentação que trata especificamente do EPI, mantendo assim sua integridade ética. Com isso cabe ao MTE atualizar e alterar a NR-6, para que contemple outros EPI inerente aos riscos elétricos, de acordo com a NR-10, que ainda não seja contemplado, como por exemplo, as roupas profissionais ou vestimentas de trabalho.

5. Responsabilidade acidentária, civil e penal no acidente pessoal

Os acidentes pessoais decorrentes dos trabalhos com eletricidade, podem acarretar, além da responsabilidade previdenciária inerente ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), responsabilidades ao empregador em âmbito civil, penal, trabalhista e administrativo.

Cumpre mencionar, que tanto as empresas contratantes quanto as tomadoras dos serviços são solidariamente responsáveis pelos danos sofridos pelo trabalhador em caso de acidente em trabalhos com eletricidade. E o descumprimento dos preceitos da NR-10 acarreta para as empresas diversas autuações pelo MTE.

De outro norte, existe responsabilidade também para o trabalhador, decorrente da obrigatoriedade da utilização do EPI conforme item 10.2.9 da NR-10 associado ao art. 158, parágrafo único, b, da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), impondo falta grave em caso de recusa na utilização do equipamento de proteção.

6. Considerações finais

No presente trabalho buscou-se evidenciar que a nova redação da NR-10, responsável pela regulamentação dos procedimentos de segurança dos trabalhos realizados com eletricidade, apresenta maior eficácia na prevenção de acidentes decorrentes do risco elétrico.

O tema discutido é de grande relevância uma vez que trata diretamente da preservação da vida humana, através da busca pela melhora das condições de trabalho, sobretudo, para a Engenharia Civil. Embora, a abordagem principal tenha foco no setor elétrico, a problemática atinge diretamente a Engenharia como um todo, desde o mais simples reparo até a mais complexa obra, tanto na fase do projeto, quanto na de construção, e permanentemente nas manutenções que se fizerem necessárias.

Os danos decorrentes dos acidentes de trabalho com eletricidade, além do dano a integridade física do trabalhador, refletem, também, prejuízos econômicos altíssimos. Estes prejuízos derivam das horas perdidas de trabalho, dos danos ao próprio local do acidente, das indenizações á vítima, ou a família em caso de óbito, e ainda, nas multas impostas pelos órgãos de fiscalização se verificadas irregularidades.

Assim, diante destes fatos, e por todo o exposto no corpo do trabalho, pôde-se verificar que o aumento da complexidade dos procedimentos de segurança sugerem uma redução do número de acidentes, uma vez que, a nova norma fixa de forma clara as condições mínimas necessárias aos trabalhos envolvendo eletricidade.

A norma também evoluiu no sentido de firmar exigências acerca da capacitação dos profissionais aptos ao trabalho com eletricidade, definindo com maior clareza as

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características de cada nível de capacitação, exigindo-se o acompanhamento de profissional habilitado, bem como, da competente autorização da empresa responsável.

Frise-se, ainda, que a ocorrência dos acidentes decorre da existência da condição insegura associada a prática do ato inseguro, e ciente disso, após anos de ineficácia, a NR-10, renovou-se se amparando, principalmente, em medidas de controle de riscos, ou seja, na ação estratégica de prevenção para eliminar ou reduzir riscos, identificando-os, avaliando-os, e planejando-se cuidadosamente a execução da ação repressiva à existência destes riscos.

Em síntese, os acidentes não podem ser extinguidos por completo, pois onde há ação humana, há sempre a possibilidade de erros. No entanto, a obrigatoriedade do planejamento e da previsão de falhas, principais inovações da NR-10, tende a reduzir erros e possíveis acidentes.

7. Referências

Almeida, Aguinaldo B. de. Catelani Jr, Luiz C. Aterramento temporário: A medida provisória usada em redes elétricas desenergizadas protege o trabalhador. Revista Proteção, ed. 195, 2008.

Atlas. Segurança e medicina do trabalho. 59 ed. São Paulo: Atlas, 2006.

Cpnsp – Comissão Tripartite Permanente de Negociação do Setor Elétrico no Estado de São Paulo. Curso Básico de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. Manual de Treinamento. Funcoge: Rio de Janeiro, 2005.

Funcoge – Fundação Comitê de Gestão Empresarial – Fundação COGE. Estatística de Acidentes no Setor Elétrico Brasileiro – Relatório 2006. Disponível em: http://www.funcoge.org.br/csst/relat2006. Acesso em 10 maio 2008.

Furnas Centrais Elétricas S.A., Superintendência de Recursos Humanos, Departamento de Segurança e Higiene industrial. Apostila Curso Básico – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. Rio de Janeiro, 2006.

Mattos, Ricardo Pereira de. Aumenta a preocupação com a segurança. Disponível em: http://www.ricardomattos.com Acesso em 18 maio 2008.

Miranda Jr., Luiz C. de. Com que roupa? Propriedades específicas nas vestimentas garantem conforto e segurança aos eletricistas. Revista Proteção, ed. 192, 2007.

Portal Da Construção. Segurança e Higiene no Trabalho – Análise de Riscos. Desenvolvido pelo Guia Técnico O Portal da Construção. Apresenta textos com conteúdos relacionados à área de Construção Civil. Disponível em http://www.oportaldaconstrucao.com/guiastec/guia_tecnico_sht_volume_1.pdfl.

Acesso em 24 maio 2008.

Souza, João J. B. de; Pereira, Joaquim G. NR–10 Comentada, Manual de auxilio na interpretação e aplicação da nova NR-10. São Paulo: LTr, 2007.

Vieira, Sebastião Ivone. Manual de Saúde e Segurança do Trabalho: segurança, higiene e medicina do trabalho. Vol. 3. São Paulo: LTr, 2005.

Zocchio, Álvaro. Prática da prevenção de acidentes: ABC da segurança do trabalho. 6 ed. ver. e ampl. São Paulo. Atlas, 1996.

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