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Evidenciação ambiental e gastos de natureza ambiental em empresas que divulgam GRI

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS,

ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

CAROLINE KEIDANN SOSCHINSKI

EVIDENCIAÇÃO AMBIENTAL E GASTOS DE NATUREZA

AMBIENTAL EM EMPRESAS QUE DIVULGAM GRI

IJUÍ (RS)

2016

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CAROLINE KEIDANN SOSCHINSKI

EVIDENCIAÇÃO AMBIENTAL E GASTOS DE NATUREZA

AMBIENTAL EM EMPRESAS QUE DIVULGAM GRI

Trabalho de conclusão do curso apresentado no DACEC - Curso de Ciências Contábeis da UNIJUÍ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de bacharel em Ciências Contábeis.

Profª Orientadora: Me MARIA MARGARETE BACCIN BRIZOLLA

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro, à Deus. Por me permitir conhecer pessoas, aprender coisas, tomar decisões e chegar até aqui.

Em segundo, à minha família. Meus queridos pais, Milton e Rosilane, que além de me apoiar a estudar, foram exemplos de pessoas que através de números, melhoraram suas vidas e também a minha. Além da motivação profissional, tenho a agradecer pela base familiar que foi estrutura em todos os momentos de dúvidas. Faltam palavras, sobram motivos para agradecê-los!

Ao meu vô Waldomiro que me incentivou, através da sua própria superação, a estudar. A minha vó Ninfa, que nos domingos em família, perguntava: “E as aulas? Estão boas?”. A minha tia Vânia, que sempre me amparou em Ijuí.

Ao meu namorado Alan, que esteve comigo nos finais de semanas de TCC e em todos os momentos. Obrigada por estar sempre ao meu lado me apoiando e me ajudando. És essencial.

E agora, por ordem cronológica, aos mestres e amigos que encontrei na faculdade. A professora Stela, que na disciplina de Contabilidade I (curso de Administração) me motivou, mesmo que de forma involuntária, a escolher Ciências Contábeis e consequentemente, fez com que eu me tornasse uma acadêmica realizada com o que faz e aprende.

Ao professor Lauri, meu orientador do Projeto de Extensão no laboratório e meu incentivador científico. Me motivou a elaborar artigos, almejar o mestrado, fazer cursos e buscar aprender mais e mais. És exemplo para mim!

Ao professor e amigo de laboratório Marcelo, que pacientemente e constantemente me ensinou muito. Auxiliou-me a entrar no mercado de trabalho e foi meu socorro para muitas dúvidas.

A professora Maria Margarete, por me orientar... Bem, começando pelo Salão do Conhecimento 2013, 2014, 2015 e 2016, projeto de TCC, pré-projeto de mestrado, alguns artigos, TCC e com certeza ainda estou me esquecendo de algo... Minha imensa e indescritível gratidão, que eu insistirei em descrever. Agradeço pelos teus ensinamentos, correções, auxílios, dúvidas que foram sanadas, por me direcionar, torcer por mim e, enfim... Obrigada por tudo!

A professora Roselaine, por me motivar, me auxiliar nos artigos, por torcer por mim e por ser essa professora parceira que és. À você, minha grande admiração!

E a todos os professores do curso de Ciências Contábeis da UNIJUI, que muitas vezes sem perceber, nos pequenos detalhes, traçam marcas em nossas vidas. Obrigada por me tornarem uma pessoa melhor!

E também, a todas as pessoas aqui não nomeadas que fizeram parte da minha trajetória acadêmica e que de alguma forma estiveram presentes nesse período.

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RESUMO

As agressões causadas pelas empresas ao meio ambiente, fez com que se tornasse necessária a transparência de informações sobre as condições ambientais relacionadas as atividades operacionais. A divulgação de informações permite que a sociedade e os demais usuários da informação estejam cientes sobre a conduta ambiental das empresas. Para tanto, esse estudo objetivou analisar o nível de evidenciação ambiental (EA) e os gastos de natureza ambiental (GNA) em empresas que divulgaram relatórios de sustentabilidade com base nas diretrizes do GRI (Global Reporting Initiative) durante os anos de 2011 à 2015. A pesquisa é de origem descritiva e de abordagem qualitativa, utiliza de procedimento bibliográfico e documental. A população consiste em 248 companhias localizadas no continente Africano, Americano, Asiático, Europeu e na Oceania, sendo a amostra delimitada por setores, países, continentes e por ano de análise, o que possibilitou a obtenção de resultados sob distintas perspectivas e passíveis de comparações. Para a obtenção da evidenciação ambiental, utilizou-se da metodologia de Clarkson et al. (2008) que analisou 95 categorias/variáveis dummies que foram aplicadas individualmente em cada relatório de sustentabilidade divulgado por cada empresa e em cada ano. Os gastos de natureza ambiental foram calculados a partir da divisão do valor investido em questões ambientais pelo ativo total de cada empresa e em cada ano. Por conseguinte, utilizou-se do estimador de média aritmética, índice mínimo, índice máximo e desvio padrão em cada segmento de evidenciação ambiental e de gastos de natureza ambiental. Os resultados relativos a aplicação do modelo de Clarkson et al. (2008) constataram a maior evidenciação ambiental de itens referentes à Estrutura de Governança e Sistema de Gestão (EGSG - A1) e a menor evidenciação sobre o Perfil Ambiental das empresas (PA – A4). Em média, as empresas divulgam a metade do total de itens sobre Indicadores de Desempenho Ambiental (IDA – A3) que é uma das categorias de maior pontuação da metodologia utilizada. Com relação à evidenciação ambiental e aos gastos de natureza ambiental, os resultados apontaram que os setores de construção, de mídia, produtos metálicos, ferroviário, têxtil e do vestuário são os que mais investem em questões ambientais, em contrapartida, o setor de bens de consumo durável, é o menor investidor. Ao se tratar de EA, os setores automotivo, logística, mídia, agenciamento público, têxtil e do vestuário se destacam com maior evidenciação, ao contrário do setor hídrico público que divulga menos informações ambientais. Quanto aos países, inferiu-se que o Sri Lanka é destaque em EA, por outro lado, é o menor investidor em GNA, ao contrário da Eslovênia que é destaque em GNA. Quanto aos continentes, o Africano é o que mais evidencia informações ambientais. O destaque de GNA é das empresas Europeias, que mais investem em questões ambientais. Por fim, constatou-se que de 2011 à 2015 as empresas tiveram evolução crescente em EA e GNA, sendo que 2015 foi o ano destaque, onde as empresas evidenciaram mais informações ambientais e mais investiram no meio ambiente. Palavras-chave: Relatório de sustentabilidade. Informação ambiental. Regulamentação.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Histórico GRI ... 24

Quadro 2 - Fontes para coleta de dados ... 36

Quadro 3 - Composição da categoria Estrutura de Governança e Sistemas de Gestão ... 37

Quadro 4 - Composição da categoria Credibilidade ... 37

Quadro 5 - Composição da categoria Indicadores de Desempenho Ambiental ... 38

Quadro 6 - Composição da categoria Gastos Ambientais ... 39

Quadro 7 - Composição da categoria Visão e Estratégia de Reivindicações ... 40

Quadro 8 - Composição da categoria Perfil Ambiental ... 40

Quadro 9 - Composição da categoria Iniciativas Ambientais ... 40

Quadro 10 - Número de empresas que divulgam GRI por países ... 46

Quadro 11 - Número de empresas que divulgam GRI por continentes ... 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Número de empresas que compõem a amostra ... 36

Tabela 2- EA média para as categorias do modelo de Clarkson et al. (2008) por ano. ... 51

Tabela 3 - EA média para as categorias do modelo de Clarkson et al. (2008) por continente. ... 52

Tabela 4- EA média para as categorias do modelo de Clarkson et al. (2008) por setor. ... 53

Tabela 5 - EA média para as categorias do modelo de Clarkson et al. (2008) por país. ... 55

Tabela 6 - Análise estatística das variáveis de EA e GNA por país. ... 57

Tabela 7 - Análise estatística das variáveis de EA e GNA por continente. ... 59

Tabela 8 - Análise estatística das variáveis de EA por setor. ... 60

Tabela 9 - Análise estatística das variáveis dos GNA por setor. ... 62

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LISTA DE SIGLAS AA Accont Ability AFR Africano ASI Asiático BP Balanço Patrimonial BRA Brasil BS British Standard CAN Canadá

CEO Chief Executive Officer

CERES Estados Unidos da Coalizão para Economias Ambientalmente Responsáveis CPC Comitê de Pronunciamento Contábil

CRED Credibilidade DE Diretor Executivo

DFC Demonstração do Fluxo de Caixa

DMPL Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido DRE Demonstração do Resultado do Exercício

DVA Demonstração do Valor Adicionado

EA Evidenciação Ambiental

EGSG Estrutura de Governança e Sistemas de Gestão EUA Estados Unidos da América

EUR Europeu

GA Gastos Ambientais

GRI Global Reporting Initiative

IA Iniciativas Ambientais

IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil IDA Indicadores de Desempenho Ambiental

ISO International Organization for Standardization

LA Latino Americano

MEX México

NA Norte Americano

NED Nível de Divulgação do Ambiente Natural

OCE Oceania

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ONU Organização das Nações Unidas

PA Perfil Ambiental

RA Relatório Anual

RSA Relatório Sócio-Ambiental

UNEP Programa das Nações Unidas para o Ambiente VER Visão e Estratégia de Reivindicações

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 9

1.1 DEFINIÇÃO DO TEMA EM ESTUDO ... 11

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA ... 14 1.3 OBJETIVOS ... 16 1.3.1 Objetivo geral... 16 1.3.2 Objetivos específicos ... 16 1.4 JUSTIFICATIVA ... 17 2 REVISÃO DA LITERATURA ... 19 2.1 CONTABILIDADE... 19 2.2 INFORMAÇÕES AMBIENTAIS ... 21

2.2.1 Global Reporting Initiative ... 23

2.2.2 Evidenciação Ambiental ... 25

2.2.3 Contabilidade Ambiental ... 28

2.2.4 Estudos Anteriores ... 30

3 METODOLOGIA DO ESTUDO ... 33

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ... 33

3.1.1 Pesquisa quanto à natureza ... 34

3.1.2 Pesquisa quanto aos objetivos ... 34

3.1.3 Pesquisa quanto aos procedimentos técnicos ... 34

3.1.4 Pesquisa quanto à abordagem ... 35

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ... 35

3.3 COLETA DE DADOS ... 36

3.3.1 Instrumentos de coleta de dados ... 41

3.4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ... 43

3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ... 43

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 45

4.1 IDENTIFICAÇÃO DAS EMPRESAS QUE DIVULGAM O RELATÓRIO DO GRI 45 4.2 APLICAÇÃO DO MODELO DE EVIDENCIAÇÃO AMBIENTAL ... 49

4.3 IDENTIFICAÇÃO DA EVIDENCIAÇÃO AMBIENTAL E DOS GASTOS DE NATUREZA AMBIENTAL ... 56

4.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 64

CONCLUSÃO ... 67

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1 INTRODUÇÃO

A preocupação com o meio ambiente está evidenciada por Ferreira (2003) em sua retrospectiva ambiental, oriunda dos anos 70 quando o meio ambiente se tornou inicialmente um problema localizado, passando com os anos a se tornar problema globalizado. Atualmente, diversas são as crises enfrentadas por países, empresas e sociedade no geral. Dentre essas crises se destaca a crise de cunho ambiental, a qual não prejudica inicialmente e de forma direta o posicionamento financeiro de pessoas e entidades no geral, porém prejudica e compromete o futuro da sociedade em âmbito mundial.

A partir da conscientização cronológica e vagarosa da sociedade, iniciou um processo de controle acerca das agressões que haviam sendo causadas ao meio ambiente pelas entidades. Com isso, tornou-se cada vez mais necessário a transparência de todas as informações, atos e fatos ocorridos nas entidades, para que dessa forma pudesse evidenciar as condições ambientais com que cada entidade operacionaliza suas atividades. Denota-se a preocupação com a geração de resultados positivos e em conformidade com a preservação e o cuidado com o meio ambiente (GOMES; GARCIA, 2013).

O tema de estudo foi determinado, levando-se em consideração as condições atuais nas quais as empresas estão inseridas, sendo essas pressionadas a evidenciar seus impactos positivos ou negativos ao meio ambiente. Nesse sentido, de acordo com Marconi; Lakatos (2010) a escolha do tema deve estar adequada a fatores internos, externos e de interesse pessoal, sendo o tema relevante, preciso e válido.

A contabilidade foi a origem do tema de estudo, que de acordo com Basso (2011) é responsável por estudar o patrimônio das entidades, incluído nesse, o ativo e passivo ambiental e todo e qualquer fato impactante ligado ao meio ambiente e ao patrimônio das entidades. Para Paulo (2007), a geração de informações é de extrema relevância para o estudo, levando-se em consideração a prestação de informações úteis aos diversos usuários.

Informações ambientais são divulgadas a partir de demonstrativos capazes de evidenciar de forma transparentes os acontecimentos ou eventos relacionados com a proteção, preservação e recuperação ambiental (RIBEIRO, 2006). Nesse sentido, analisou-se nesse estudo, as informações de evidências ambientais e de gastos de natureza ambiental em empresas que divulgam GRI (Global Reporting Initiative), objetivando verificar o nível de evidenciação ambiental em empresas do continente Americano, Africano, Asiático, Europeu e Oceania.

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O trabalho de conclusão de curso está dividido em quatro partes a partir de uma ordem numérica. A primeira parte é composta pela definição do tema, dos objetivos gerais e específicos, bem como a justificativa para a realização da pesquisa. A segunda parte é derivativa de referências bibliográficas que são responsáveis por embasar teoricamente o estudo. A terceira parte é composta pela metodologia que foi utilizada, a classificação da pesquisa quanto a natureza, os objetivos, os procedimentos técnicos e a abordagem utilizada, bem como a exemplificação da população e amostra utilizada como base para a coleta de dados e também a forma de análise dos dados. Por fim, a última parte se refere aos resultados obtidos e discussões finais da pesquisa.

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1.1 DEFINIÇÃO DO TEMA EM ESTUDO

Para Santos (2009) a fase inicial do estudo acadêmico se configura na definição do tema. Esse é o momento que instiga o pesquisador, visto que a partir dessa definição, pode-se haver a possibilidade de sucesso, bem como, na mesma proporção, a possibilidade de insucesso. Inicia-se o estudo a partir da definição do campo de pesquisa que é a contabilidade, cujo objeto de estudo é o patrimônio das entidades, o qual, engloba áreas, técnicas e dimensões distintas. De acordo com a definição de Basso (2005, p. 23), contabilidade é:

Conjunto ordenado de conhecimentos, leis, princípios e métodos de evidenciação próprios, é a ciência que estuda, controla e observa o patrimônio das entidades nos seus aspectos quantitativo (monetários) e qualitativo (físico) e que, como conjunto de normas, preceitos e regras gerais, se constitui na técnica de coletar, catalogar e registrar os fatos que nele ocorrem, bem como de acumular, resumir e revelar informações de suas variações e situações, especialmente de natureza econômico-financeira.

A partir disso, sabe-se que a contabilidade evoluiu paralelamente a globalização. Para Tinoco; Kraemer (2004) a contabilidade avançou em seu leque de áreas, tendo dessa forma, a responsabilidade de ampliar seus estudos para diversos problemas que surgiram, como os problemas em controlar os impactos ambientais causados pelas empresas. Sendo assim, a contabilidade deve continuar cumprimento seu objetivo nessa área de estudo, que de acordo com Basso (2005) é gerar informação aos seus usuários.

Segundo Paulo (2007), a prestação de informações úteis é um dos principais objetivos da contabilidade, cujas informações são devidas à diversos usuários, os quais não escolhem diretamente os critérios de avaliações e mensuração dos fatos contábeis, mas precisam estar ciente das consequências econômicas da atividade da empresa.

Nesse sentido, também para Tinoco; Kraemer (2004) a contabilidade deve prover informação aos seus usuários, dessa forma, dando subsídio para a tomada de decisões, que são capazes de maximizar resultados e minimizar impactos. De acordo com Basso (2005), a contabilidade foi criada com o intuito da geração de informação aos seus diversos usuários, inicialmente tendo esse objetivo como forma bem sucinta, diferente da atualidade, que requer informações cada vez mais pormenorizadas.

A contabilidade divulga as informações referentes ao patrimônio das entidades, através de demonstrativos, os quais, para Tinoco; Kraemer (2004) são: o balanço patrimonial (BP), a demonstração do resultado do exercício (DRE), a demonstração de lucros ou prejuízos acumulados ou demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL), a demonstração do

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fluxo de caixa (DFC), a demonstração do valor adicionado (DVA), as notas explicativas, relatórios da administração, entre outros.

Segundo Basso (2005), a informação contábil contida nas demonstrações contábeis, devem refletir características confiáveis, tempestivas, compreensivas e comparáveis, para que dessa maneira, a informação seja concedida de forma transparente aos seus usuários. Da mesma forma, o CPC (Comitê de Pronunciamento Contábil) em seu pronunciamento de número 00 - Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade (2011), identifica as demonstrações contábeis como responsáveis por satisfazer as necessidades de usuário. A informação é necessária para a tomada de decisão, que condiz desde a escolha entre comprar ou vender instrumentos patrimoniais até a decisão sobre políticas tributárias.

De acordo com Ribeiro (2006), as demonstrações contábeis e as informações nelas contida, são instrumentos de comunicação capazes de evidenciar o desempenho e o empenho da empresa, bem como o comportamento ambiental e os efeitos sobre a sociedade.

A informação contábil é reflexo dos relatórios fornecidos, nesse sentido, constata-se que relatórios de cunho ambiental não dispõem da inserção legal ás formas de divulgação de informações. Para Tinoco; Kraemer (2004) a contabilidade ambiental, surgiu como ramo da ciência contábil somente em 1998, quando foi criado um modelo de relatório financeiro e contábil não obrigatório sobre passivo ambiental e custos ambientais. Esse relatório foi criado pelo Grupo de Trabalho Intergovernamental das Nações Unidas de especialistas em padrões Internacionais de Contabilidade e Relatórios (United Nations Intergovernmental Working Group of Experts on International Standards of Accounting and Reporting – Isar).

De acordo com Ferreira (2003), os relatórios ambientais geram informações que devem apresentar a descrição física sobre como uma ação distinta pode modificar fisicamente o meio ambiente. Também, os relatórios ambientais devem subsidiar o conhecimento de agentes externos sobre impactos ambientais.

Para Ribeiro (2006), o principal objetivo em evidenciar as informações de natureza ambiental, é informar aos usuários como a empresa está interagindo com o meio ambiente. A evidenciação ambiental deve passar por processos de identificação, mensuração e contabilização.

A necessidade da existência de um relatório capaz de evidenciar o que a entidade faz para minimizar os impactos ambientais, é consequência de acontecimentos como a ocorrência do efeito estuda, da destruição da camada de ozônio, da destruição da biodiversidade, extinção de espécies e outros problemas ambientais, que muitas vezes são causados pela emissão de gases poluentes gerados pelas indústrias. Esses problemas ambientais, fazem com que seja

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necessária a mensuração dos impactos causados pelas empresas e exigem da contabilidade um padrão de relatório que seja capaz de refletir informações transparentes e confiáveis (TINOCO; KRAEMER, 2004).

Esse estudo buscou identificar o nível de evidenciação ambiental e dos gastos de natureza ambiental, a partir de relatórios padrões de empresas que adotam as diretrizes de uma organização internacional independente sem fins lucrativos, a qual é denominada de GRI (Global Reporting Initiative). Essa organização surgiu em 1997, foi fundada em Boston nos Estados Unidos da América (EUA), oriunda de uma parceria entre os Estados Unidos da Coalizão para Economias Ambientalmente Responsáveis (CERES), com o instituto Tellus e com o envolvimento do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP). O objetivo da sua origem era criar um mecanismo de responsabilização que garantisse o comprometimento das empresas com uma conduta ambiental adequada (GRI, 2016).

O GRI, a partir de seu ano de surgimento, tem ganhado novos parceiros, emitiu novas diretrizes e têm evoluído. Tal evolução dá-se pelo aumento da demanda por orientação na divulgação de relatórios baseados na sustentabilidade. Em 2015, o GRI tem sua sede em Amsterdã na Holanda e representa uma organização internacional cuja estrutura se baseia em rede. É responsável por auxiliar empresas, governos e outras organizações a interpretar, compreender e divulgar informações sobre os impactos ambientais, sustentabilidade, alterações climáticas, direitos humanos, entre outros (GRI, 2016).

Estudos anteriores analisaram as informações geradas pelas empresas que divulgam GRI no meio empresarial, assim Sampaio et al. (2012) pesquisaram sobre o processo isomórfico entre relatórios anuais e de sustentabilidade em empresas de mineração. Constataram a impossibilidade de verificar tal processo entre os indicadores ambientais e de atendimento às diretrizes da GRI.

A pesquisa de Qi; Taplin; Brown (2012) analisou o nível de divulgação do ambiente natural (NED). Os autores constataram que apenas 2% da amostra de empresas em questão, divulga as informações ambientais cumprindo os oito critérios de informação dos índices NED, destacando dessa forma a necessidade de melhoramento na comunicação das informações ambientais.

Nesse sentido, a presente pesquisa aborda um estudo sobre no nível de evidenciação ambiental e de gastos de natureza ambiental, em empresas que divulgam GRI. Para a identificação da evidenciação ambiental, utilizou-se a metodologia proposta por Clarkson et al. (2008). Para a identificação dos gastos de natureza ambientais, investigou-se quanto do ativo total das empresas é investido em questões ambientais.

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1.2 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA

A geração de informações de qualidade é de extrema importância para os usuários, assim como para o próprio profissional da contabilidade. Por meio do aperfeiçoamento da qualidade da informação divulgada, o contador pode ser beneficiado, uma vez que tal estudo gera aprendizado e troca de informações responsáveis por aprimorar a prática contábil. Para a sociedade, é relevante monitorar a qualidade das informações geradas sobre as atividades das entidades, garantindo a transparência das mesmas (ALMEIDA, 2010).

É inquestionável a importância que há em gerar informações de qualidade, porém, a qualidade está relacionada diretamente aos seus usuários, que podem obter conceitos distintos sobre o que é a informação de qualidade. A diferente interpretação de dados informatizados é devida as características institucionais e organizacionais do mercado, e também, a aspectos culturais, sociais, geográficos, econômicos e temporais (PAULO, 2007). Portanto, entende-se ser relevante identificar o nível de evidenciação ambiental e dos gastos de natureza ambiental, visto que tais informações contribuem com a qualidade da informação contábil.

De acordo com o CPC 00 (2011), o interesse pela informação é oriundo de usuários externos que possuem necessidades diversas, como o governo, órgãos reguladores e autoridades tributárias. Entretanto, o pronunciamento destaca a impossibilidade de atender a totalidade de informações demandadas pelos variados usuários.

Buscou-se para essa pesquisa, identificar o comportamento das empresas que divulgam GRI no que tange ao nível de evidenciação ambiental e de gastos de natureza ambiental. Nesse sentido, sabe-se que os principais usuários e questionadores sobre as informações de cunho ambiental têm aumentado na última década. Considera-se que os investidores, clientes, funcionários e a sociedade em geral, estão preocupados não somente com a geração de resultados, mas com o desempenho de uma conduta ambiental responsável, por parte de pequenas e grandes empresas (GRI, 2016).

De acordo com Ribeiro (2006), as empresas estão sendo cada vez mais pressionadas por vários segmentos, que cobram o aperfeiçoamento em processos produtivos visando a minimização de impactos ambientais. Essa cobrança provêm da legislação, que ainda que incompleta, trata de obrigatoriedades ambientais, como por exemplo, o acondicionamento de resíduos tóxicos, as exigências sobre o tratamento desses resíduos, a reutilização ou ainda, a substituição de insumos agressivos.

Hendriksen; Breda (1999) atentam para o fato de que a contabilidade numa visão microeconômica, carece de divulgação de informações sobre a totalidade de efeitos que as

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empresas exercem na sociedade e no meio ambiente. Os autores ainda exemplificam citando os custos com a poluição ambiental como um problema social que ainda é evidenciado de maneira minimizada pelas empresas.

Busca-se pelos interessados, a divulgação de informações transparentes com relação ao meio ambiente. Porém, esse é um processo no qual as empresas estão lentamente se inserindo, visto que anteriormente à criação do GRI, não existia o apoio e o auxílio à divulgação de inúmeras informações, de modo a considerar, a complexidade da padronização (GRI, 2016).

O GRI busca auxiliar a divulgação de informações coerentes e padronizadas. Para Ferreira (2003) tais informações devem servir como orientação para a tomada de decisões e como garantia de transparência dos acontecimentos empresariais. São exemplos: dados da gestão ambiental, investimentos em prevenção e recuperação, desastres possíveis, desastres realizados e efeitos causados pela poluição.

Segundo Gomes; Garcia (2013) o processo de evidenciação das informações ambientais objetiva reduzir o ambiente de incerteza da empresa. Da mesma forma, gera prováveis cenários, e por meio da confiabilidade e qualidade da informação, propiciar um ambiente seguro para as empresas na tomada de decisão.

Para Almeida (2010) o processo de divulgação de informações de qualidade não é tarefa fácil, pois se enfrenta dificuldades na identificação de propriedades relevantes como fidedignidade, transparência, confiabilidade, entre outras. Considera-se o fato da literatura ainda ser recente no Brasil e também incapaz de avaliar se números contábeis divulgados estão de fato sendo aperfeiçoados e aprimorados. Destaca-se a importância de investigações capazes de compreender a qualidade das informações contábeis e suas propriedades envolvidas.

O CPC 00 (2011) estabelece dois critérios específicos que visam garantir que a informação tenha utilidade e qualidade. Esses critérios são definidos como relevância e representação fidedigna. A melhoria da utilidade da informação é dada quando a mesma for comparável, verificável, tempestiva e compreensível (GOMES; GARCIA, 2013).

Paulo (2007) relaciona a qualidade da informação contábil com a mensuração e evidenciação fidedigna e não-enviesada dos eventos e acontecimentos. Ressalta a importância de adequação à temática do conservadorismo e neutralidade, que buscam evidenciar benefícios e malefícios, pelos quais é possível aumentar a probabilidade de atingir objetivos de divulgação da informação dos relatórios contábeis e ambientais.

A problematização do estudo considera a preocupação ambiental de diversos segmentos, bem como a exigência da divulgação de informações de cunho ambiental pelos stakeholders. Busca-se com o auxílio do modelo de estudo proposto por Clarskson et al. (2008), a motivação

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da pesquisa, que provém do problema de estudo, o qual busca especificar de maneira clara, objetiva e explícita, a dificuldade que se pretende resolver (ZAMBERLAN et al., 2014). Para o estudo, analisou-se uma amostra de empresas de capital aberto localizadas no continente Asiático, Africano, Americano, Europeu e na Oceania, que divulgam o relatório do GRI. A amostra está descrita detalhadamente no capítulo 3 desse estudo.

Nesse contexto, tem-se como problema de estudo a indagação acerca de: Qual o nível de evidenciação ambiental e de gastos de natureza ambiental em empresas que divulgam GRI?

1.3 OBJETIVOS

Os objetivos da pesquisa delimitam a especificidade do problema, dimensionando através dos objetivos o universo a ser pesquisado (GIL, 2010; RICHARDSON, 2010). Considerando o tema proposto, e tendo como propósito responder a questão problema deste estudo, na sequência apresenta-se: o objetivo geral e os específicos.

1.3.1 Objetivo geral

O objetivo geral é responsável por determinar a pretensão do pesquisador, estabelecendo o que é almejado com a investigação, tal objetivo na hipótese de ser atendido, responde ao problema de pesquisa (ZAMBERLAN et al., 2014). Para o estudo, o objetivo geral consiste em verificar o nível de evidenciação ambiental em empresas que divulgam GRI, no continente Americano, Africano, Asiático, Europeu e na Oceania.

1.3.2 Objetivos específicos

Com o intuito de operacionalizar o objetivo geral e delimitar o raciocínio do estudo (ZAMBERLAN et al., 2014), os seguintes objetivos específicos foram estabelecidos para esta pesquisa:

 Identificar as empresas situadas no continente Africano, Asiático, Europeu, Latino Americano, Norte Americano e Oceania, que divulgam o relatório do GRI, a partir do site do Global Reporting Initiative;

 Aplicar nas empresas da amostra o modelo de evidenciação ambiental proposto por Clarkson et al. (2008) e identificar os índices dos gastos de natureza ambiental com base no valor do ativo total das empresas;

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 Identificar o nível de evidenciação ambiental e os gastos de natureza ambiental das empresas da amostra.

1.4 JUSTIFICATIVA

Para o estudo proposto, buscou-se explicitar os motivos teóricos e práticos que motivaram a realização da pesquisa, bem como justificá-los a partir da contribuição pessoal, acadêmica, científica, social, cultural, ambiental e acerca dos resultados gerados aos usuários da informação.

Para a pesquisadora, à amplitude do estudo e às possibilidades de aprimorar o conhecimento teórico e científico, tendo em vista uma pesquisa diferenciada que visa contribuir para a evidenciação nas informações de desenvolvimento ambiental e sustentável, bem como a superação de desafios que a pesquisa propõe, são fatores que instigam o estudo.

Aos usuários das informações, a credibilidade e confiança para os stakeholders, o fortalecimento de uma boa reputação para a empresa, bem como a criação de valor financeiro e atração de capital favorável. Para os gestores a melhoria contínua do controle. Para os funcionários motivação e incentivo à proteção ambiental. Para a comunidade, fornecedores, acionistas e demais usuários, a geração da informação transparente e inovadora.

Considera-se para justificar o trabalho, a pesquisa realizada pelo GRI (2016), que constatou que a partir da última década houve uma drástica expansão na publicação de relatórios de sustentabilidade e/ou de responsabilidade social e corporativa por empresas, na mesma proporção da expansão de questionamentos sobre a preocupação das organizações com o meio ambiente, o que valoriza estudos nessa área, considerando o aumento do valor de uma empresa no longo prazo e mercado de capital, que interessa aos investidores.

Considera-se, a partir do estudo de Mussoi; Bellen (2010) às criticas em âmbito mundial em função da não obrigatoriedade da divulgação de informações de cunho ambiental. Os autres consideram um ponto positivo a padronização disponibilizada pelo GRI e afirmam que estudos acerca da evidenciação ambiental e divulgação de informações de qualidade podem garantir maior confiabilidade das informações ambientais, incentivando e destacando a importância de pesquisas como a realizada neste estudo.

De acordo com Sampaio et al. (2012) a realização de estudos visando a evidenciação de informações socioambientais de forma mais transparente e comparável é necessária e de extrema importância. Para Ribeiro (2006) a contribuição do estudo está ligada as informações ambientais que proporcionam benefícios educacionais, de preservação ambiental e lazer. Ainda,

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para Seiffert (2011) a legislação ambiental vem evoluindo e juntamente com essa evolução, cresce a exigibilidade de organizações com uma postura proativa em relação as questões ambientais.

Para a pesquisa, o estudo contribuirá no sentido a instigar outros pesquisadores à aprimorar e aperfeiçoar evidenciações ambientais em relatórios e demonstrações deste âmbito ou talvez de outras áreas, tendo como base e estrutura o presente trabalho, entendendo que a pesquisa de cunho ambiental é carente de estudo e necessita de compreensão aprofundada.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Esse capítulo apresenta o referencial teórico do estudo. Inicia-se por tratar da contabilidade como delimitação geral e as atribuições dessa ciência em gerar informações de cunho ambiental. Dessa apresentação o enfoque passa a ser os aspectos relevantes para geração de informação ambiental e a padronização na forma de divulgação, considerando nesse ângulo os padrões estabelecidos pelo GRI. Busca-se por fim, à importância da contabilidade ambiental como amparo estrutural aos relatórios de sustentabilidade e estudos anteriores que evidenciaram informações ambientais.

2.1 CONTABILIDADE

De acordo com Ribeiro (2006) a contabilidade está desmembrada em quatro dimensões: a jurídica, que é responsável por distinguir os interesses dos empresários e da empresa; a econômica, que analisa o patrimônio da entidade; a organizacional, responsável por avaliar a atuação dos gestores e; a social, capaz de valorar os benefícios sociais da entidade.

Segundo Ribeiro (2006) a contabilidade está classificada em uma de suas dimensões como ciência social destinada a geração de benefícios para a sociedade. Para Ferreira (2003) a ciência contábil deve evoluir em questões de difícil mensuração, como questões sociais e ambientais que exigem maiores estudos.

A contabilidade está dividida em vários enfoques, sendo estes: Fiscal, econômico, ético, legal, estrutural, entre outros. De outro ângulo, a ciência contábil pode ser analisada pela visão macroeconômica ou microeconômica. Nesse sentido, a microeconomia surge como estudo social-empresarial que auxilia as empresas na divulgação de problemas sociais e/ou ambientais que sejam tributados, regulamentados ou exigidos por usuários (HENDRIKSEN; BREDA, 1999).

Gomes; Garcia (2013) atentam para o fato de que as empresas estão atualmente inseridas em um contexto econômico que exige mais do que produtos e serviços de qualidade, mas que exige boas práticas ambientais e sociais.

Entende-se que a conscientização ambiental por parte das empresas seja mensurada, evidenciada e divulgada aos usuários pela contabilidade. Mas além de gerar informações, a contabilidade é desafiada a motivar as empresas à aderir práticas voltadas a sustentabilidade, bem como buscar a minimização de questões que impactam negativamente no meio ambiente (FERREIRA, 2003).

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Nesse sentido, surge a exigência da sociedade e de usuários da informação, por divulgações de cunho ambiental das empresas. De acordo com Gomes; Garcia (2013) a ONU (Organização das Nações Unidas) em 1972 teve a iniciativa através da realização da primeira Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente, que influenciou a alteração do conceito de desenvolvimento, fazendo com que esse, passasse a incluir a preocupação com o meio ambiente. O segundo grande evento realizado, foi o Eco-Rio 92 em 1992. Por fim, a terceira conferência conhecida como Rio + 20, foi realizada na África do Sul em 2002. Cada um destes eventos mundiais, aprovaram documentos importantes que passaram a alterar questões ambientais. A partir disto, o processo de conscientização ambiental e medidas de proteção ao meio ambiente começaram a serem tomadas pela sociedade e principalmente pelo meio empresarial que fazem uso de recursos renováveis.

Segundo Gomes; Garcia (2013) as empresas estão incumbidas em realizar estratégias de sustentabilidade social, ambiental e econômica, expressão determinada pelos autores de triple bottom line.

De acordo com Ribeiro (2006) a conduta ambiental e sustentável de uma empresa, pode ter maior significância do que variáveis internas. Dessa forma, as práticas de triple bottom line podem ser indicativos responsáveis pelo sucesso ou insucesso dos negócios. Tem-se dessa forma, a consciência de que a conduta sustentável das empresas, não é preocupação somente com a sociedade e meio ambiente, mas também, com a saúde financeira da empresa.

O mercado no qual as empresas estão inseridas atualmente, apresenta exigências de produtividade, eficácia, racionalização, agilidade técnica e também, de questões sobre impactos ambientais (RIBEIRO, 2006).

A evolução de questões sociais e ambientais ligadas a contabilidade, faz com que esta, seja responsável pela comunicação transparente entre empresas e sociedade. Desta forma, a ciência contábil é encarregada de elaborar demonstrativos e/ou relatórios ambientais que permitam demonstrar a transparência de informações aos seus usuários, evidenciando a posição financeira e econômica da empresa de forma confiável (GOMES; GARCIA, 2013).

Segundo Gomes; Garcia (2013) as informações divulgadas pela contabilidade sobre questão ambientais, devem ser relevantes e fidedignas. Devem atender aos interesses, tanto dos usuários externos (investidores, acionistas, bancos, governos, sindicatos, comunidade, dentre outros), quanto dos internos (gestores e empregados).

O processo de divulgar e gerar informações é criterioso, por isso, os profissionais da área da contabilidade devem dispor de conduta ética e responsável. Considerando as consequências das decisões tomadas a partir das informações divulgadas (DANTAS, 2005).

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2.2 INFORMAÇÕES AMBIENTAIS

De acordo com Dantas (2005) o objetivo da contabilidade é prover informações úteis e confiáveis para a tomada de decisões por parte dos gestores e informar os usuários sobre a situação da empresa. Assim como, para Gomes; Garcia (2013) as informações devem ser claras, compreensíveis, fidedignas e transparentes.

As informações geradas pela contabilidade aos stakeholders, visam atender necessidades estratégicas, de controle de custos e de performance. Já as informações de cunho ambiental, podem auxiliar na tomada de decisões sobre impactos ambientais e desempenho empresarial. Ademais, podem auxiliar os gestores a definir atividades, processos e produtos que acarretam custos ambientais, bem como definir metas estratégicas que visam reduzir tais custos (GOMES; GARCIA, 2013).

Para que a informação ambiental tenha utilidade, ela deve estar completa, ser clara, precisa e relevante (FERREIRA, 2003). Para Gomes; Garcia (2013) é importante além de divulgar informação de qualidade, direciona-la aos usuários interessados.

Nesse sentido, surge a dificuldade enfrentada pela contabilidade em conseguir atender, dispondo de um único padrão de evidenciação, às distintas especificidades de cada um dos usuários. Tendo em vista que a diversidade desses interessados na informação ambiental, que se estende desde os acionistas até o público no geral (DANTAS, 2005).

Ao se tratar de informações ambientais, ainda é identificado um novo grupo de usuários da informação, os movimentos sociais ambientalistas. Tais grupos, exigem das empresas, informações transparentes que dizem respeito a responsabilidade e comprometimento ambiental/social. Dentro desse contexto, as informações devem atender à questões sobre benefícios ambientais promovidos pela empresa, preocupação com a qualidade e comprometimento de normas legais, entre outras (RIBEIRO, 2006).

De acordo com Dantas (2005) não basta divulgar com transparência atendendo aos mais diversos usuários, se não há qualidade. Existe o atrelamento direto entre qualidade da informação e transparência, para garantir informação com qualidade, oportunidade e clareza.

Segundo Gomes; Garcia (2013) a informação deve assegurar a qualidade do documento no qual estiver inserida.

A divulgação de informações ambientais ainda é muito discutida e questionada. De um lado, entende-se que a divulgação da totalidade de informações pode comprometer as estratégias e as intenções da empresa, considerando que terão conhecimento dessas informações usuários de interesses contrários. Por outro lado, o fato de não divulgar a totalidade destas

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informações, pode gerar uma imagem enganosa da empresa, assim como possibilidade da mesma divulgar apenas o que deseja para manipular os aspectos desfavoráveis (DANTAS, 2005).

Nesse ângulo, Gomes; Garcia (2013) denotam atenção na divulgação de relatórios de sustentabilidade que visam evidenciar informações ambientais. Constatando que esses, devem estar diretamente ligados à ética das empresas, considerando que uma vez que a empresa omite alguma informação negativa, gera a total desconfiança dos stakeholders.

De acordo com Dantas (2005), por mais que existam lados favoráveis e desfavoráveis na divulgação de informações ambientais, é de consenso entre as pesquisas realizadas nessa área, que a relação entre quantidade divulgada e qualidade da informação, resulta na boa influência nos mercado de capitais, segregando outras variáveis favoráveis nesse sentido.

Segundo Mussoi; Bellen (2010) as empresas muitas vezes utilizam da divulgação ambiental para obter melhor imagem social, deixando de divulgar informações que refletem seu desempenho ambiental, como indicadores de consumo de recursos e emissão de poluentes. A falta de padronização na forma de divulgar as informações ambientais dá essa liberdade ás empresas. Dessa forma, torna-se limitada a análise de peritos ambientais e dificulta a comparação entre empresas de diferentes setores.

A crítica é voltada à credibilidade das informações ambientais que pelo fato de não serem obrigatória, destina as empresas a decisão de divulgar o que acharem viável (MUSSOI; VAN BELLEN, 2010).

Considerando os empecilhos enfrentados pela falta de padronização no que se refere a forma de divulgar as informações ambientais, sabe-se que as empresas vêm buscando um demonstrativo capaz de evidenciar questões socioambientais de maneira transparente. Esse demonstrativo se configura como um relatório de sustentabilidade, que não dispõe de amparo legal e ainda é desobrigatório (GOMES; GARCIA, 2013).

De acordo com Gomes; Garcia (2013) os pronunciamentos técnicos (CPC) e a legislação internacional vêm esclarecendo formas de evidenciar ativos e passivos ambientais, porém, estes pronunciamentos não estabelecem padrões de divulgação e nem a obrigatoriedade dos mesmos. A padronização dos relatórios de sustentabilidade é oriunda de organizações não governamentais, que apesar de não possuírem força legal para a implantação do relatório, já estão praticamente universalizadas. São exemplos, a ISO, séries 9000 e 14000, sobre qualidade e proteção ambiental; a British Standard 8800 – BS 8800 e a Occupational Health and Safety Assessment Series 18001 – OHSAS 18001, a respeito da segurança e saúde no local de trabalho;

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a AccountAbility 1000 – AA 1000, relativa à responsabilidade social de forma geral, e o Global Reporting Initiative – GRI, que enfatiza as questões ecológicas (RIBEIRO, 2006).

Segundo Gomes; Garcia (2013) as organizações não governamentais estabelecem diretrizes e princípios que visam auxiliar as empresas na elaboração de relatórios de sustentabilidade para evidenciar informações de cunho ambiental. O GRI é um dos modelos mais utilizados e bem conceituados atualmente.

2.2.1 Global Reporting Initiative

De acordo com Gomes; Garcia (2013) o modelo GRI é a primeira iniciativa de âmbito mundial que desenvolve diretrizes de comunicação sobre informações empresariais de responsabilidade social, ambiental e econômica. O GRI através de suas diretrizes, denominadas cronologicamente de G1, G2, G3 e G4 estabelece um padrão de relatório, no qual as empresas se adequam para que através desse, possam divulgar inúmeras informações, entre essas, as informações de cunho ambiental, as quais são objeto de estudo nessa investigação (GRI, 2016). O surgimento dessa organização internacional ocorreu em Boston, em 1997, originária de uma parceria entre a organização sem fins lucrativos do Estados Unidos da Coalizão para Economias Ambientalmente Responsáveis (CERES) e o instituto Tellus (GRI, 2016). Gomes; Garcia (2013, p. 112) afirmam que “seu objetivo é elevar a qualidade dos relatórios de sustentabilidade a um nível passível de comparação, consistência e utilidade.”

Segundo Ribeiro (2006) o GRI apresenta a intenção de desenvolver e expandir diretrizes úteis na elaboração de relatórios de sustentabilidade aplicados mundialmente e de forma voluntária. Tal relatório deve obter informações sobre questões econômicas, ambientais e sociais.

O objetivo inicial do GRI era ser uma organização de ajuda e auxílio para as empresas, governos e demais organizações. O auxílio que o GRI proporciona é a maneira de compreender e comunicar os impactos que as entidades causam acerca de questões críticas como poluição ao meio ambiente, direitos humanos, corrupção, etc (GRI, 2016).

Para Gomes; Garcia (2013) o modelo do GRI tem o propósito de auxiliar a tomada de decisões através de seus indicadores de desempenho econômico, social e ambiental.

Atualmente, além de auxiliar as entidades no geral, o GRI estabelece padrões na divulgação de informações que são utilizados no mundo inteiro. Esses relatórios padrões permitem que as empresas, governos, sociedade civil e demais interessados no processo,

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tenham a garantia na transparência de informações sociais, ambientais e econômicas (GRI, 2016).

Segundo Gomes; Garcia (2013) o modelo do GRI trabalha com princípios e diretrizes que buscam a qualidade das informações. Tais princípios são classificados como materialidade, inclusão dos stakeholders, contexto de sustentabilidade, equilíbrio, comparabilidade, exatidão, periodicidade, clareza e confiabilidade.

Esses princípios, de acordo com Clarkson et al. (2008) são responsáveis por garantir que os relatórios de sustentabilidade apresentem explicações razoáveis e equilibradas sobre os benefícios econômicos, ambientais e sociais, facilidade na comparação entre as empresas de diferentes setores e a credibilidade sobre aspectos de preocupação dos stakeholders.

As empresas obtém o auxílio na elaboração de relatórios por meio das diretrizes, que de acordo com Ribeiro (2006) objetivam criar vínculo entre o nível micro e nível macro, ou seja, entre desempenho empresarial com condições ambientais e sociais.

O quadro 01 apresenta uma breve evolução cronológica do lançamento das diretrizes pelo GRI.

Quadro 1 - Histórico GRI Ano Acontecimento 1997 Fundação GRI

1998 Criação do Comitê Diretor 2000 Lançamento da 1º diretriz (G1) 2002 Lançamento da 2º diretriz (G2) 2006 Lançamento da 3º diretriz (G3)

2011 Lançamento da versão atual da 3º diretriz (G3.1) 2013 Lançamento da 4º diretriz (G4)

Fonte: GRI (2016).

Entre os anos de 2000 até 2013 o GRI emitiu 4 diretrizes. A diretriz que representou maior inovação para os relatórios de sustentabilidade foi o G3, pois criou a possibilidade das empresas auto avaliarem-se através de critérios definidos (GOMES; GARCIA, 2013). A partir do G3, o número de empresas que divulgavam relatórios de sustentabilidade aumentou, bem como a conscientização das mesmas sobre a influência do meio ambiente no valor da empresa (GRI, 2016).

A última diretriz lançada pelo GRI foi a G4 em 2013, a qual, oferece princípios, informações-padrão e um manual de implantação para a elaboração de relatórios de sustentabilidade por empresas de qualquer porte ou setor (GRI, 2016).

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Cada diretriz, estabelece um leque de informações, a avaliação realizada por Gomes; Garcia (2013) identificou mais de 140 informações que devem ser evidenciadas para atender os critérios do GRI. Para os autores, esse é o modelo de evidenciação ambiental que apresenta maior grau de detalhamento das informações, as quais, são divulgadas de forma completa e atendem aos princípios que garantem a qualidade.

Segundo Ribeiro (2006) o relatório de sustentabilidade sugerido pelo GRI deve apresentar a clara identificação do impacto ecológico e humano que a empresa oferece ao meio ambiente. Tais informações contidas nesse relatório, devem apoiar decisões e a transparência para os stakeholders, bem como ser confiável e relevante.

Os relatórios ambientais descrevem fisicamente as ações e suas influencias no meio ambiente. O objetivo principal, é gerar informações sobre a contribuição da empresa em minimizar danos ambientais e maximizar atitudes de preservação (FERREIRA, 2003).

De acordo com Gomes; Garcia (2013) os demonstrativos de sustentabilidade objetivam evidenciar informações ambientais, organizar estrategicamente a empresa e antecipar a visão da empresa.

O GRI identifica benefícios internos para as empresas que divulgam relatórios de sustentabilidade, como: compreensão aperfeiçoada de riscos e oportunidades; relação entre desempenho financeiro e não financeiro; controle estratégico a longo prazo; possibilidade de simplificar processos, reduzir custos e melhorar a eficiência; avaliar o desempenho e as iniciativas voluntárias; evitar a implicação em falhas ambientais; possibilita a comparação de desempenho interno entre as organizações e setores (GRI, 2016).

Os benefícios externos em divulgar relatório de sustentabilidade: Podem reverter impactos ambientais, sociais e de governança negativos; tendem a melhorar a reputação e a confiabilidade da empresa (marca); permite com que os stakeholders entendam o verdadeiro valor da organização, dos ativos tangíveis e intangíveis e; demonstram como a organização é influenciada pelas expectativas de desenvolvimento sustentável (GRI, 2016).

Além dos benefícios na emissão de relatórios, a padronização da evidenciação ambiental proposta pelo GRI, é opção das empresas para melhor detalhar a forma como conduzem suas atividades ambientais inseridas em seus processos operacionais (MUSSOI; BELLEN, 2010).

2.2.2 Evidenciação Ambiental

Assim como na contabilidade geral, em âmbito ambiental existem formas tradicionais de evidenciação dos fatos, que de acordo com Paiva (2003) estavam primitivamente divulgadas

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através de balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício, bem como relatórios complementares e em notas explicativas, ocupando um espaço complementar nos relatórios já existentes.

Com o crescimento da preocupação das entidades para com o meio ambiente, sua preservação e formas de mensurar o impacto causado pelas atividades operacionais, a contabilidade evoluiu em questões de como evidenciar essas informações. A partir disto, surgem relatórios ambientais e de sustentabilidade, os quais ocupam um lugar distinto ao das formas tradicionais de evidenciação do patrimônio das entidades (FERREIRA, 2003).

Para Ribeiro (2006) a contribuição da contabilidade para a preservação e proteção ao meio ambiente consiste em auxiliar o processo de evidenciação ambiental.

Segundo Ferreira (2003) a preocupação em evidenciar as informações ambientais vêm crescendo internacionalmente. O primeiro relatório que visava examinar os efeitos do meio ambiente foi divulgado no Canadá em 1993, pelo Instituto Canadense de Contadores Certificados, o qual destaca a preocupação dos responsáveis em comunicar as informações ambientais.

De acordo com Ribeiro (2006) a continuidade da ideia de criar um relatório ambiental e/ou sustentável, foi realizado na Dinamarca em 1995, incentivado pela legislação da Lei das Contas Verdes. O relatório criado na ocasião, evidenciava itens como as atividades primárias e secundárias da empresa, nome da autoridade responsável por supervisionar a licença ambiental, uma breve descrição qualitativa dos recursos utilizados para às atividades, razão pela qual tais informações deveriam ser consideradas relevantes, uso de substâncias poluentes que apresentam riscos à saúde dos trabalhadores, principais consumos de água, energia e matérias primas, entre outros.

A contabilidade utiliza do termo evidenciação ambiental para nomear o processo de divulgar informações para seus usuários. Tal processo, objetiva reduzir a incerteza por meio do esclarecimento de informações, bem como gerar segurança no processo de tomada de decisão (GOMES; GARCIA, 2013).

Segundo Rosa et al. (2011) a evidenciação ambiental consistem em um processo complexo que envolve conflito de interesses entre as partes envolvidas.

De acordo com Iudícibus (2000) é responsabilidade da contabilidade evidenciar informações à seus usuários, tal evidenciação pode ser diferente para cada empresa, porém a essência é sempre a mesma. A evidenciação deve apresentar informações de ordem quantitativa e qualitativa, devem estar ordenadas e devem considerar o máximo possível de informações capazes de garantir uma base adequada para a tomada de decisão dos usuários.

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Para Rosa et al. (2012) a evidenciação ambiental objetiva demonstrar a relação entre meio ambiente e empresa. Dessa forma, evidenciar informações ambientais consiste em divulgar ações e reações da empresa que impactam negativamente ou positivamente a sociedade e o meio ambiente. Cada empresa divulga individualmente e de forma voluntária as informações demandadas pelos stakeholders. Os autores consideram a evidenciação ambiental uma atividade complexa e delicada, que envolve diversos interesses, muitas vezes contrários.

Para Gomes; Garcia (2013) a evidenciação ligada à questões ambientais por parte das empresas é voluntária, e mesmo assim, o número de empresas que divulgam tais informações vem crescendo consideravelmente nos últimos anos, o que deixa transparecer que a divulgação de informações ambientais traz benefícios para as empresas e se trata de algo muito importante no meio empresarial.

Mussoi; Bellen (2010, p. 56) afirmam: “As informações ambientais, apesar da falta de obrigatoriedade de sua evidenciação, já fazem parte do cotidiano das grandes empresas brasileiras. Não evidenciá-las tornou-se uma desvantagem competitiva”.

De acordo com Mussoi; Bellen (2010) existem duas formas de evidenciar ambientalmente as informações. A primeira, preocupa-se com resultados finais (instrumentos regulatórios) como por exemplo os relatórios anuais, que expõem as informações que devem ser evidenciadas, mas não de que forma. A segunda, preocupa-se com as especificidades e a forma com que as empresas divulgam as informações ambientais, essa evidenciação é de origem voluntária.

A evidenciação voluntária das informações ambientais está sendo utilizada pelas empresas como forma de alcançar a legitimidade (GOMES; GARCIA, 2013).

Para Ribeiro (2006) é dever dos contadores evidenciar informações ambientais e influenciar as entidades a inibir as práticas ilícitas e prejudiciais ao meio ambiente. Ademais, esses profissionais devem estimular a adoção de procedimentos que visam contribuir para o desenvolvimento sustentável.

Com o auxílio da contabilidade, é possível realizar a evidenciação correta das informações. As influências desse processo, podem provocar o desenvolvimento do mercado de capitais, diminuir os custos do capital, expandir a liquidez das ações e construir imagem ou boa reputação (DANTAS, 2005; RIBEIRO, 2006).

Segundo Mussoi; Bellen (2010) fatores como o tamanho da entidade (faturamento e/ou patrimônio líquido), setor de atuação ou atividade e o país sede (culturas distintas), podem influenciar o nível das informações ambientais evidenciadas.

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Visando melhorar o nível de evidenciação ambiental, sugere-se a obrigatoriedade em divulgar relatórios ambientais passíveis de auditoria. Nesse sentido, destaca-se a carência de estudos que comprovem a relação entre a regulamentação e o melhor nível de evidenciação (MUSSOI; BELLEN, 2010).

São várias as iniciativas organizacionais que sugerem a evidenciação ambiental como atividade benéfica as empresas. Apesar de não haver normalização legal, existem muitas orientações e diretrizes que auxiliam as empresas à adequar a contabilidade, o relatório de sustentabilidade que possibilita evidenciar de forma confiável e transparente as informações ambientais (RIBEIRO, 2006).

2.2.3 Contabilidade Ambiental

Para Gomes; Garcia (2013) o desenvolvimento econômico está diretamente atrelado ao desenvolvimento social e ecológico. Nesse sentido, a sociedade passou a visualizar a economia como fator diretamente ligado à proteção ao meio ambiente, sendo que a partir dessa ideia surgiu o termo desenvolvimento sustentável.

Segundo Ribeiro (2006) a contabilidade é a ciência que utiliza de relatórios e instrumentos como a pesquisa operacional e diversas técnicas quantitativas, capazes de gerar resultados quanto a otimização de recursos, maximização de lucro e retorno de investimentos e designa competência a essa ciência como capaz de também se tornar uma disciplina social e política, capaz de gerar resultados e informações de cunho ambiental.

De acordo com Ferreira (2003) o meio ambiente é uma área de conhecimento multidisciplinar que dispõe do conhecimento em outras ciências.

A ciência contábil ambiental, para Ribeiro (2006), não é uma nova ciência, é uma área dentre o leque de áreas que a contabilidade estuda, cujo objetivo é identificar, mensurar e registrar eventos, dessa vez, de cunho ambiental, bem como o impacto desses fatos ao patrimônio da entidade.

Segundo Ferreira (2003) a contabilidade ambiental não deve ser entendida como uma nova área da contabilidade, mas sim uma área de especialização da contabilidade geral. Tal contabilidade voltada ao meio ambiente, consiste em um elencado de informações capazes de divulgar de maneira adequada as ações da entidades que causam impacto ao meio ambiente e que modificam o patrimônio.

A contabilidade ambiental é uma ferramenta capaz de identificar dados de acontecimentos ambientais, realizar o processamento desses dados e produzi-los como

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informações capazes de subsidiar decisões aos gestores das entidades, bem como gerar a informação adequada e correta aos diversos usuários. A atribuição da contabilidade consiste em criar parâmetros de mensurar e de registrar fatos que relacionem a entidade com o meio ambiente, bem como sua evolução ao decorrer dos períodos de tempo (PAIVA, 2003).

De acordo com Paiva (2003) a contabilidade ambiental está classificada como uma forma de demonstração alternativa, ou seja, é através dela que a informação ambiental é evidenciada aos usuários.

No plano de contas formado por Ferreira (2003), o ativo ambiental das entidades correspondem a posse e a propriedade dos recursos econômicos naquele período, a disposição da entidade e que obedeçam ao sentido geral dos ativos de gerar benefício econômico futuro. Nesse mesmo plano de contas, está contemplado o passivo ambiental, que representa os impactos ambientais em sua origem geradora, ou seja, os impactos não são contabilizados quando de fato acontecem, mas quando de fato são gerados.

A partir de outro ângulo de entendimento, para Paiva (2003) os passivos ambientais de uma forma mais peculiar, são separados em normais e anormais. Os passivos ambientais normais são consequências da produção da entidade, ou seja, de sua atividade operacional. Já os passivos anormais são consequências de situações não esperadas e fora do contexto operacional.

Os gastos com o meio ambiente, de acordo com Ferreira (2003) são divididos em gastos diretos e indiretos distintos pela ocorrência do fato gerador, ou seja, o gasto direto é aquele onde seu fato gerador causou impacto diretamente relacionado ao meio ambiente e fisicamente visível, já o gasto indireto está relacionado à fatos geradores que não afetam diretamente o meio ambiente e no qual o impacto não pode ser visível em forma física. O autor ainda exemplifica gasto direto como o custo relativo à produção ou estocagem e o custo indireto como o custo relativo ao uso de bateria de telefones celulares.

Ribeiro (2006) conceitua de forma ampla os gastos ambientais como todo e qualquer custo, direta ou indiretamente, ligado com a proteção do meio ambiente. Exemplifica por meio da disposição dos resíduos poluentes.

Para o patrimônio das empresas, muitas vezes é viável adotar programas antipoluição. A cultura do consumidor está mais consciente e esse, busca por produtos não poluentes e em muitos casos está disposto a pagar mais caro por isso. Dessa forma, investir em preservação ambiental, é muito mais do que mostrar a preocupação com o meio ambiente, pois tal comportamento reflete em aspectos como o destaque competitivo (FERREIRA, 2003).

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Ribeiro (2006) destaca que a conscientização cultural passou a ser entendida com rigorosidade, a partir do pronunciamento do IBRACON (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil), em 1996, estabelecendo um novo mundo para as entidades, onde a partir disso, deveria ser evidenciado metas ambientais, além das econômicas, nas quais deveriam conter diretrizes ecológicas adotadas pelas entidades. A partir de então, a contabilidade ambiental passou a ser valorizada pelos empresários e a sociedade no geral.

2.2.4 Estudos Anteriores

Ingram; Frazier (1980) foram pioneiros no que se refere às informações ambientais geradas e divulgadas pelas empresas. Os autores examinaram a ligação entre o conteúdo ambiental evidenciado em relatórios anuais com o desempenho ambiental das empresas. Constataram a inexistência da associação entre evidenciação ambiental e performance ambiental, o que conclui baixa qualidade nas informações.

O estudo consecutivo e de grande importância, foi realizado por Wiseman (1982) que criou os primeiros índices para mensurar o grau de evidenciação ambiental. A ideia consiste em analisar 18 itens separados por 4 categorias: fatores econômicos (valendo-se de 5 itens); atividades poluidoras (valendo-se de 5 itens); litígios ambientais (valendo-se de 2 itens) e; outras informações ambientais (valendo-se de 6 itens).

Demais estudos são responsáveis pela evolução de pesquisas sobre evidenciação ambiental (HUGHES, ANDERSON, GOLDEN, 2001; PATTEN, 2002; CHO, PATTEN, 2007).

Clarkson et al. (2008) revisaram a relação entre evidenciação e desempenho ambiental, utilizando indicadores das teorias econômica e socio-política de evidenciação voluntária. Para a pesquisa, utilizou-se de informações não regulamentadas (discricionárias) e de padrões estabelecidos pelo GRI. Os autores concluíram a relação positiva entre desempenho e nível de evidenciação ambiental, considerando a inconsistência dos resultados com teorias sócio-políticas e consistência com a teoria econômica. Tal estudo resultou em um modelo de evidenciação ambiental muito utilizado para evidenciação das informações ambientais.

A pesquisa de Mussoi; Bellen (2010) baseou-se em analisar três tipos de relatórios empresarias: relatório anual (RA), formulário 20F (20F) e relatório sócio-ambiental (RSA), a partir dos estudos de Clarkson et al. (2008) e Wiseman (1982) e das diretrizes do GRI. A análise consiste em identificar quais tipos de informações ambientais denotam maior evidenciação e o nível (bom, normal e/ou ruim) de divulgação. Os autores utilizaram de uma amostra de

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empresas brasileiras que negociam papéis no mercado nacional e nos Estados Unidos da América. A constatação se baseou na comprovação de consideráveis diferenças entre a quantidade e a qualidade das informações ambientais divulgadas nos distintos relatórios, destacando o socioambiental como o mais relevante e o anual como o mais utilizado.

Rodrigues; Machado; Cruz (2011) verificaram como as empresas do segmento de adubos e fertilizantes têm classificado e evidenciado os gastos de natureza ambiental. A análise se baseou nos relatórios de administração e nas demonstrações contábeis de 4 empresas, no ano de 2008. Para o estudo, utilizou a análise de conteúdos com apoio do software Atlas.ti ®, através da qual, a autora constatou a preocupação das empresas com questões sociais e ambientais, porém no que diz respeito a evidenciação, há limitação em evidenciar somente informações qualitativas.

A pesquisa de Rosa et al. (2012) concentrou-se em analisar o perfil das publicações em revistas brasileiras e espanholas inerentes as evidenciações ambientais, através de um estudo comparativo. Os autores trabalharam com uma amostra de 103 artigos no período de 1991 à 2010. Comparativamente, constatou- se que no Brasil a consolidação do tema ambiental aconteceu a partir de 2007 e o país direciona o enfoque para a divulgação de relatórios corporativos capazes de identificar o perfil da empresa. Na Espanha, essa consolidação, ocorreu a partir do ano de 2000, as empresas nesse país concentram as divulgações sob aspectos legais, normativos e baseados nas diretrizes do GRI.

Mussoi; Bellen (2010) verificaram se as práticas de evidenciação ambiental das companhias analisadas reagem aos distintos estímulos regulatórios de seus países. As companhias pertencem ao setor de petróleo e gás natural dos Estados Unidos da América, Canadá, Inglaterra e Austrália. A pesquisa constitui-se dos relatórios anuais de 2007 observados a partir dos métodos de Clarkson et al. (2008) e Wiseman (1982). Os autores constataram que a evidenciação ambiental está diretamente ligada aos estímulos regulatórios de cada país.

Rosa et al. (2011) realizaram o estudo sobre a evidenciação ambiental no que diz respeito às potencialidades e oportunidades da empresa Petrobrás S.A. Os autores realizaram a pesquisa considerando fatores de sustentabilidade (orientados pelo GRI), elementos normativos e informações ambientais. Constataram que a potencialidade do tema se designa a estabelecer padrões de informação ambiental, mostrando-se transparente a sociedade por meio da legislação. Como oportunidade, foi apontado a necessidade de uma melhor estruturação capaz de identificar e mensurar as características ambientais de cada entidade.

Dantas (2005) estudou sobre a dualidade entre os benefícios em evidenciar informações e a relutância das organizações em aumentar o grau de evidenciação. Constatou que o processo

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de evidenciação pode ser compreendido como uma via de mão dupla. Por um lado, beneficia os usuários das informações, cria condições para o desenvolvimento do mercado de capitais, valoriza a empresa, aumenta a confiança de credores e investidores, contribui para o aumento da liquidez de ações e reduz custo de capital. Porém, de outro lado, a relutância das empresas em evidenciar informações, é entendida pela proteção às informações estratégicas.

Referências

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