• Nenhum resultado encontrado

Significados de espiritualidade por equipe de enfermagem de enfermaria psiquiátrica : um estudo clínico-qualitativo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Significados de espiritualidade por equipe de enfermagem de enfermaria psiquiátrica : um estudo clínico-qualitativo"

Copied!
99
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENFERMAGEM

GABRIEL LAVORATO NETO

S

IGNIFICADOS DE

E

SPIRITUALIDADE POR

E

QUIPE DE ENFERMAGEM DE ENFERMARIA PSIQUIÁTRICA

:

UM

E

STUDO

CLÍNICO

-

QUALITATIVO

.

CAMPINAS 2016

(2)

GABRIEL LAVORATO NETO

Significados de Espiritualidade por Equipe de Enfermagem de

Enfermaria Psiquiátrica: Um Estudo Clínico-Qualitativo.

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde, área de Concentração: Enfermagem e Trabalho.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Claudinei José Gomes Campos

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO

ALUNO GABRIEL LAVORATO NETO, E ORIENTADO PELO PROF(a). DR(a). Claudinei José Gomes Campos.

CAMPINAS 2016

(3)
(4)

BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO GABRIEL LAVORATO NETO

ORIENTADOR: Prof. Dr. Claudinei José Gomes Campos

MEMBROS:

1. Prof. Dr. Claudinei José Gomes Campos

2. Profa. Dra. Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva

3. Prof. Dr. Joel Sales Giglio

Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

(5)

Dedicatória

(6)

Agradecimentos

Muitas pessoas foram importantes durante o período da jornada de confecção deste trabalho. Elas me concederam apoio, parceria e amizade, e talvez eu seja injusto por omitir algumas. Agradeço à Sofia pela experiência de compartilhar o amor. Agradeço à minha família, de maneira especial à Tânia Sgarbi e ao Ademir, em muitos momentos de aperto foram anjos comigo. Agradeço à minha filha Raquel por me permitir ter a experiência de ser um pai orgulhoso. Agradeço aos meus irmãos Alexandre, André e Regiane. Agradeço o carinho e orações de minha tia-mãe Alice, da minha madrinha Mônica. Também de meus tios e prima vizinhos: Eduardo, Itair e Vera (esta, minha gentil revisora de língua Inglesa).

Agradeço aos pares dos grupos de pesquisa NUPEQS e LPCQ pelo carinho, companheirismo e a torcida de todos. Ao Prof. Dr. Egberto Ribeiro Turato por todas as recomendações e ensinos; à Vera Alves e à Daniela Dantas pela parceria e disponibilidade de trocarem ideias comigo nas horas em que precisei; à Maria Eufrasia, sempre tão afetuosa. Ao estimado orientador Prof. Dr. Claudinei José Gomes Campos, por sua maneira tão dócil, precisa e sempre encorajadora na condução da orientação.

Agradeço à Faculdade de Enfermagem da Unicamp que me permitiu a experiência desta pesquisa, acolhendo minha pessoa e o projeto, concedendo-me a oportunidade de me encantar com a dedicação das pessoas que nela trabalham envolvendo-se com a formação, com a pesquisa, com a gestão acadêmica, e com os muitos serviços necessários para que a Faculdade cumpra sua missão. Agradeço, nas pessoas do Saulo e da Letícia, representantes dos servidores públicos da área administrativa desta Faculdade, a todo corpo de servidores pelo tempo de excelente convívio. Também agradeço à simpatia e convivência com todos os outros trabalhadores desta unidade. Em todo tempo fui alvo de gentilezas, e préstimos de todas estas pessoas, as quais faço questão de expressar meu reconhecimento e gratidão.

Agradeço aos amigos: Savério Marchese; ao Zeca (Vovô Garoto), tão querido companheiro esportivo, e ao grupo de tenistas do qual participo - eles me proporcionam muita diversão. Ao Alexandre Silva e Vandi, casal que sempre quer saber como eu estou, e me dar seu abraço. Agradeço aos “parças”: Heinz, Célia, Heliana e Ethel, pelos momentos acolhedores e muito divertidos. A L. Mara, seu carinho. Ao Hélio, sua companhia e oposição nas ideias que promove reflexão.

(7)

RESUMO

Este trabalho trata da espiritualidade no cenário de cuidados em psiquiatria. Definida pela área como uma necessidade humana elementar e que exerce profunda função interior na vida das pessoas e ligada à promoção do bem-estar, do estabelecimento de conexões transcendentais com o sagrado, com o ser profundo (eu interior), e com a vida comum e cotidiana, esta função modula a experiência de significação simbólica do propósito e dos eventos da vida. Para os cuidados de enfermagem, a abordagem desta necessidade atende as qualificações de uma clínica que pretende ser holística, segundo as tendências adotadas nas diretrizes do cuidado. Nosso objetivo é expor a conceituação atual no campo de saúde mental e psiquiatria sobre o manejo das necessidades espirituais dos pacientes; e analisar os significados atribuídos pelos profissionais de enfermagem em enfermaria psiquiátrica à espiritualidade e sua relação com o cuidado que prestam. Os métodos que adotamos foram: a produção de um trabalho teórico de Revisão Integrativa introdutório; e uma pesquisa de campo que adotou o método-clínico qualitativo, com apreciação ao significado simbólico atribuído à espiritualidade pelos sujeitos da pesquisa. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com um roteiro semiestruturado de questões abertas e analisados à luz da hermenêutica simbólica de Paul Ricoeur, focada no sistema freudiano de interpretação. A discussão se empreendeu a partir da sobreposição do entendimento do símbolo na fenomenologia do sagrado, no psicanalítico, e na logoterapia, se valendo do diálogo complementar dos sentidos. Há dois artigos de resultados. O primeiro, revisional, expõe o conceito de espiritualidade, sua relação com a religião, e suas funções em saúde mental; os limites científicos e de prática clínica, com especial destaque para a negligência das necessidades espirituais nos cuidados de enfermagem em psiquiatria; e por fim, um catálogo descritivo das teorias, modelos e instrumentos de enfermagem psiquiátrica com atenção holística. O segundo artigo, descreve como os profissionais de enfermagem da unidade psiquiátrica desenvolveram sua espiritualidade em formas distintas e a partir das fontes de inquietação das experiências limítrofes da vida: o contato com a morbidade hospitalar e a constante vivência da transitoriedade; a função dela no desempenho das funções sociais destes sujeitos, e a segurança no equilíbrio psicológico através de práticas sagradas para o empenho em salvar. Na prática clínica dos cuidados de enfermagem, os sujeitos expressaram a vivência de

(8)

uma espiritualidade que se mostra como uma a atitude ético-combativa às formas maléficas, por outro lado uma restrição em conhecer a espiritualidade dos pacientes. Concluímos que o trabalho na psiquiatria desperta um temor e uma angústia espiritual nos sujeitos cuidadores, fundida ao funcionamento simbólico pelo qual desenvolveram a própria espiritualidade, e isto os conecta a zonas limítrofes de apreensão vivencial semelhantes aos quadros patológicos do doente psiquiátrico. Tal fenômeno pode representar uma dentre as possíveis razões para a negligência de tal área em psiquiatria, a despeito dos esforços teóricos em promover o preenchimento da lacuna de assistência às necessidades espirituais neste cenário de saúde mental.

Descritores: Espiritualidade; Enfermagem Psiquiátrica; Enfermagem Holística; Saúde Mental; Recursos Humanos de Enfermagem.

(9)

ABSTRACT

This work deals with the spirituality in psychiatry care setting. Defined by the area as a basic human need which carries a deep inner function in people's lives that is linked to promoting the welfare, the establishment of transcendental connections with the sacred, with the deepest being (inner self) and the common everyday life, this function modulates the experience of the symbolic significance of life‘s purpose and its events. In nursing care, addressing this need meets the qualifications of a clinic that aims to be holistic, according to the trends adopted in care. Our goal is to expose the current concept in the field of mental health and psychiatry on the management of the spiritual needs of patients; and to analyze the meanings attributed by nursing professionals in psychiatric wards of spirituality and its relation to the care they provide. The methods adopted were the production of the theoretical work of a prior Integrative Review; and the field research adopted a qualitative-clinical method, with consideration to symbolic meanings. Data were collected through interviews with semi-structured open questions and analyzed in the light of the symbolic hermeneutics of Paul Ricoeur, focused on the Freudian system. The discussion was undertaken from the overlapping on the understanding of the symbol in the phenomenology of the sacred, in psychoanalysis, and logo therapy, taking advantage of the complementary sense of dialogue. There are two articles of results. The first, revisional, exposes the concept of spirituality, its relationship with religion, and their roles in mental health; scientific boundaries and of clinical practice, with particular emphasis on the neglect of the spiritual needs in psychiatry nursing care; and finally, a descriptive catalog of theories, models and psychiatric nursing instruments in holistic care. The second article describes how the psychiatric unit nursing professionals developed their spirituality in different ways and from the uneasiness sources of borderline experiences of life: the contact with hospital morbidity and with the constant experience of transience. The article also describes the role of spirituality in the performance of social functions of the subjects, and its confidence in the psychological balance through sacred practices in the commitment to save. In nursing, it shows the ethical and spiritual attitude to fight evil ways and the restriction to know the spirituality of patients. We conclude that psychiatry arouses fear and spiritual distress in caregivers, merged with the symbolic operation by which they developed their own spirituality, and this connects to the neighboring areas of

(10)

experiential apprehensions similar to the pathological conditions of the psychiatric patient. This phenomenon may represent one among the possible reasons for the neglect of this area in psychiatry, despite the theoretical efforts to promote the filling of the gap in the assistance to the spiritual needs in the mental health setting.

(11)

Sumário

1. Questões Introdutórias ... 13 1.1. Apresentações ... 13 1.2. Delimitação de objeto ... 18 1.3. Justificativas ... 19 2. Pressupostos ... 21 2.1. O cerne da vida ... 21 2.2. O pressuposto do anti-científico. ... 21

2.3. O pressuposto do receio/conflito psiquiátrico. ... 21

2.4. O pressuposto do Treinamento. ... 21

2.5. O pressuposto da confusão Confessional. ... 22

2.6. O pressuposto de Defesa. ... 22

3. Objetivo ... 23

4. Percurso Metodológico ... 24

4.1. Metodologia ... 24

4.2. Local de Pesquisa e critérios de inclusão/exclusão dos sujeitos e fechamento da amostra ... 25

4.3. Instrumentos e técnicas de coleta e análise dos dados. ... 27

4.4. Questões Éticas ... 31

4.5. Manejo de Vieses ... 31

5. Artigos de resultados ... 35

5.1. Artigo de Introdução: “Concepts, Models, Opinions, Problems and Interventions of Spirituality on Caring in Mental Health and Psychiatry – An Integrative Review” ... 36

INTRODUCTION ... 37

Methodology ... 38

Results ... 40

Conclusion ... 53

References ... 54

5.2. Espírito solto e espanto espiritual na enfermaria: significados de espiritualidade nos símbolos da vida por equipe de enfermagem em psiquiatria. ... 57

RESUMO ... 58 Introdução ... 58 METODOLOGIA ... 59 RESULTADOS ... 60 Discussão ... 68 Considerações finais ... 72 Referências ... 73 6. Discussão ... 76

(12)

6.1. Religião e Espiritualidade ... 76

6.2. Arte e Ciência no Cuidar, Educação e Implicações da Espiritualidade. ... 79

6.3. Os receios à prática de assistência espiritual. ... 81

7. Conclusão ... 83

Referências ... 87

APÊNDICES ... 91

APÊNDICE 1 - ROTEIRO DE ENTREVISTA... 92

APÊNDICE 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... 93

ANEXOS... 95

Anexo 1 - Autorização do Comitê de Ética em Pesquisa ... 96

Anexo 2 – Protocolos de Submissão de Artigos ... 97

Anexo 2.1 – Protocolo de Submissão REBEn Artigo de Revisão ... 98

(13)

1. Questões Introdutórias 1.1. Apresentações

Não cessa o interesse da literatura a respeito das relações da mente sobre o corpo. Este saber foi tão difundido que, considerando os binômios saúde-doença e corpo-alma, fundaram um campo de estudos conhecido como psicossomática que recebeu há 25 anos um estatuto científico(1). A ele toca a relação entre o psíquico e o corpo nos processos que fazem oscilar a saúde de um indivíduo.

Para além deste campo que potencializa os fenômenos do anímico e sua influência sobre o corpo, os profissionais de saúde lidam com a questão da espiritualidade, seja por cultivo dela na vida, ou quando atendem a clientes que a cultivam, e a esta relação se prende grande debate(2). Separar os domínios do psíquico e do espiritual, e a expressão religiosa deste, constitui um problema muito peculiar para as disciplinas da antropologia, filosofia, psicologia e teologia.

Uma interessante resposta no campo dos cuidados em saúde vem do artigo: ―Spirituality: Everyone has it, but what is it?‖ (2)

(Espiritualidade: Todo mundo tem, mas o que é?). Seja esta uma questão não consciente para as pessoas, ou uma confusão com a religião, argumenta a autora, definir e situar a espiritualidade, bem como sua função de otimizar o bem-estar e a saúde do ser humano, é uma tarefa complexa(2).

Se for possível o entendimento de espiritualidade ―não consciente‖(2) por sua forma adjetiva mais simples, ―inconsciente‖(3)

, e ainda sustentar sua relação com a saúde mental, o tema nos remeterá às questões da ―análise existencialista”(3) proposta por Frankl, um neurologista vienense radicado nos EUA proponente de uma crítica a Freud e a Adler, e uma consecutiva escola vienense de psicoterapia. Para o Adler, Frankl classificou restritivamente os efeitos de sua escola ao encorajamento(3). Com respeito a Freud, antecessor de Adler, a crítica é mais extensa, e a conclui anunciando que a psicanálise propõe um psiquismo ―automístico, energético e mecanicista‖(3)

. Frankl se empenha em mostrar a limitação da psicanálise em explicar o funcionamento da natureza humana sem considerar

(14)

sua dimensão espiritual, fato que requereria uma extensão dos métodos psicológicos das escolas vienenses, e que a partir de sua proposta, considera a análise existencial como o constructo que provê esta falta. A ―análise existencialista” é a que ―preconiza a autonomia da existência espiritual‖, e tal análise se vale das virtudes do ―senso e da responsabilidade‖ (3)

.

O que está exposto até aqui se aproxima de complexas questões ontológicas sobre as dimensões que compõe a natureza humana: corpo-alma ou corpo-alma-espírito; e as relações entre as funções de cada uma dessas dimensões. Todavia, o interesse deste estudo é a relação própria do espírito e sua utilidade para o cuidado em psiquiatria. Quanto à ontologia, sua natureza é para ser compreendida pela metafísica, disciplina de onde se requer uma resposta, mas que ainda não está suficientemente apresentada. Por outro lado, a práxis de espiritualidade em saúde já é efetiva.

Com essas preposições, o interesse não é anunciar a construção da resposta metafísica, mas situar a direção na qual se instala uma parte da dúvida deste estudo, que visa entender as expressões da espiritualidade dos profissionais de enfermagem no processo de cuidar em psiquiatria, e cooperar com a necessidade de clareza sobre espiritualidade neste campo específico.

Dentre as produções sobre a espiritualidade em saúde, grande parte é sustentada no conceito holístico, onde a concepção humana abrange as dimensões do corpo, da alma e do espírito(2). Por esta noção, Lepherd empenha-se em discutir a espiritualidade em suas interlocuções com o transcendente, o sagrado, a religião; suas características internas e práticas multidimensionais; suas manifestações comportamentais; e, por fim, os proveitos dela para o ser humano e seu bem-estar. A multiplicidade de conceitos na integração dos resultados da revisão demonstra o trabalho de montar um complexo vitral. Seu enquadramento (framework) é um corolário expressionista que organiza em uma arquitetura funcional destas propriedades em uma estrutura maior que ainda não está explicada; talvez em decorrência dos próprios limites de apreensão impostos pela objetividade, e por isso concordamos que não é possível adotar uma postura reducionista, e sim integrar.

Frankl propõe uma definição mais simples para espiritualidade, e eleva ao ápice a sua funcionalidade que se liga à vida humana nos termos de pergunta e

(15)

resposta(3) diante da busca de um sentido último que justifique a existência ante a experiência do sofrimento(4), uma vez que concluiu parte de suas observações em uma das situações mais limítrofe da vida, o Campo de Concentração(5). Segundo Frankl, a pergunta não é feita pelo ser humano – o que amplia a dimensão transcendental do problema-, antes ele é posto na condição de ser-interrogado, o que lhe confere responsabilidade e liberdade para responder a algo além de si. Isto é o que Frankl chama de ―o sentido da existência‖, aquele pelo qual se espera ―mostrar o caráter do dever, ou missão, da vida e, simultâneo a ele, o caráter de resposta da existência‖(3)

.

Há muito por percorrer em pesquisas para aprofundar os fundamentos já implantados acerca desse conhecimento ainda obscuro, mesmo que a natureza dele, comumente, atraia adjetivos como clarividente. Por isso, no intuito de separar os conceitos, é claro que a prática religiosa de alguém reflete dimensões de sua espiritualidade em sua dimensão de prática, crença e cultura; entretanto, a espiritualidade não pode ser confundida com religiosidade ou a ausência desta(6,7).

Neste sentido, garantindo a validade e serventia da investigação para o campo, lidamos com outras certezas proveitosas, como os direitos que regem a ordem da sociedade contemporânea. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)(8) visa proteger e promover a dignidade humana e o direito ao bem-estar. Nela, a promoção desta dignidade passa pelos campos que tentam capturar e promover práticas espirituais, como é a religião; sendo esta um direito universal do ser humano, e isto implica nos desdobramentos dos aspectos de investigações metafísicas (as metacategorias, como Ricoeur(9) as nomeia) para a moral e a ética.

Na relação espiritualidade (em sua expressão religiosa) com o cuidado em enfermagem, encontramos a declaração de que ―há uma raiz religiosa com ramificações profundas na conformação da enfermagem brasileira[...] mesmo com a expansão de instituições que não se declaram religiosas, os pressupostos cristãos se mantêm presentes e com vitalidade‖(10)

. Ainda que, mundialmente, a enfermagem moderna tenha adotado a tendência de práticas baseadas em evidência(11) e se desenvolva por desencadeamentos que advém dos entrelaços de pesquisa/prática, encontramos esta peculiaridade no cenário brasileiro, onde a práxis preserva pressupostos herdados da tradição cristã que fundou estes serviços em nossa pátria.

(16)

Assim, no desenvolvimento desta pesquisa, pretendeu-se dar voz aos profissionais de enfermagem, permitindo-lhes narrar suas percepções e experiências, especialmente no campo da psiquiatria, onde também são encontrados trabalhos que traçam as relações do tema espiritualidade com o adoecer, mas que não priorizam, contudo, a voz do cuidador(12–23).

Uma escuta em profundidade nos leva às questões relacionadas de metodologia que integre a situação da natureza simbólica e qualitativa da pesquisa, com a população na qual se pretende estudar o objeto, alcançado pelos relatos desses profissionais de saúde em seu ambiente de trabalho. Elegemos assim o Método Clínico-Qualitativo(24) por atender a todas essas exigências: seu alvo de promover conhecimento de espectro simbólico por desenho qualitativo no cenário clínico.

Conforme as linhas gerais que o estudo teórico e a análise dos dados nos permitiram, o esforço visa ampliar o conhecimento deste campo intrigante, já debatido pelos que se ocupam do cuidado holístico, mas que requer o aprofundamento para compor sua caracterização no cenário de cuidados psiquiátricos brasileiro, que sofre fundamentais processos de transformação nos últimos anos. Por isso, nosso cenário elegido é a enfermaria de psiquiatria de um hospital geral e a equipe de enfermagem que ali trabalha.

Para alcançar nosso alvo, trabalhamos o desacordo entre Frankl e a psicanálise quando este a rotulou de mecanicista. Se a espiritualidade tem relações com os aspectos anímicos, não podemos desprezar que Freud mergulhou fundo na alma humana por meio do que pode dela apreender pela palavra a ele narrada. Além do mais, a conexão dos aspectos que incluem certa perspectiva antropológica e sociocultural, a ligação com as condições de saúde mental, e a pesquisa de um objeto de estudos que se pretende apreender pelo relato de alguém que vivencia o fenômeno, naturalmente elege a psicanálise como um excelente referencial para abordar o problema constituído na temática proposta.

Ainda mais, outras vozes interpretam Freud. Para Ferreira Netto(25), ―o fato de que ele era ateu não impede que cultivasse a espiritualidade‖ no sentido que Leonardo Boff a define: ―Espiritualidade é aquela atitude que coloca a vida no centro‖(25)

(17)

espiritualidade freudiana, e em conexão com a composição da teoria psicanalítica, Ferreira Netto argumenta a escolha do termo ―alma‖ por Freud nos escritos originais dele em língua alemã, geralmente traduzida para outros idiomas como psique.

Ao utilizar a psicanálise como parte do quadro teórico que proveu a análise dos dados, empreendemos uma jornada pelos significados de espiritualidade no cuidado como eles são ditos ―pela alma‖ dos profissionais de enfermagem que trabalham na enfermaria psiquiátrica do HC/UNICAMP, ao relatarem suas afirmações, formações e experiências, com relação aos aspectos sagrados de suas vidas, e como isto se implica no trabalho de cuidado cotidiano.

(18)

1.2. Delimitação de objeto

O objeto investigado é a espiritualidade e sua relação com a enfermagem em psiquiatria. Sua objetificação é uma tarefa complexa devido à sua natureza abranger dimensões para além do material. Foi necessário haver um intermediário para acessá-lo, neste caso, as palavras do sujeito na predicação do significado a ela atribuído. Para responder à pergunta: ―quais os significados atribuídos pelos profissionais de enfermagem sobre espiritualidade na prática clínica de psiquiatria‖, foi necessário atinar e debruçar sobre algo objetificável, portanto os “relatos sobre a vivência da espiritualidade destes profissionais e suas opiniões” proveram esta necessidade empírica. Assim, nos relatos surgiram os significados e os sentidos simbólicos que guardam e refletem a intriga, a motivação, a hesitação; como vivenciam a espiritualidade na prática e os frutos que dela colhem.

Os ―sentidos e significações dos fenômenos são o cerne para os pesquisadores qualitativistas‖(24)

. No caso do problema em questão, a metodologia (descrita em seção própria deste projeto) provoca a fala dos profissionais a fim de prover a fonte dos dados para a análise. Estes relatos compõem o corpo de dados e trazem as representações das múltiplas apreensões dos sujeitos referentes às possibilidades atreladas aos fenômenos, tais como as que aqui brevemente foram alistadas a título de exemplo (motivação, hesitação...).

O relato, como resposta, é um código arranjado na linguagem, um ―texto negociado‖(26)

, que guarda a relação do sujeito-cuidador com seu paciente e os dilemas de sua intriga psíquica diante deste paciente. Sua resposta subjetiva revela o local de seu Eu na posição que assume e se constitui intersubjetivamente na ação cuidadora. A resposta, portanto, advém de inclinações motivadoras ao conforto, consolo, algum tipo de virtude anímica que objetiva otimizar a recuperação de seu cliente; ou sustentar algo de seu mundo interno; e estas expressões virtuosas estão simbolicamente cunhadas nos signos que apontam para sua espiritualidade, para além do aspecto religioso estrito; apontam para como o sujeito coloca ―a vida no centro‖(25)

.

Agrupados os signos e dando-lhes a constituição constelar, analisados frente a um corpo teórico pertinente para a apreensão intersubjetiva (além dos sentidos manifestos, mas considerando aqueles latentes na enunciação dos relatos), fornecem o conjunto de respostas da pergunta a objetificada e um estudo

(19)

sistematizado que serve à descrição das propriedades simbólicas deste objeto, como de suas funções em futuras reflexões que incrementem as práticas de cuidado em enfermaria psiquiátrica. Além disto, a ética pertinente desta resposta considera os aspectos da espiritualidade como elementar para a qualidade e a dignidade da vida humana como preconizado na DUDH.

1.3. Justificativas

Os dados da literatura têm demonstrado a acentuada importância da relação da espiritualidade no campo da saúde mental(27,28) e, com o advento desta tendência, aparecem revisões (mesmo quando consideram a interlocução religião/espiritualidade e a saúde mental) (29,30).

Em enfermagem, o estudo de Cortez et al., identifica a presença do treinamento teórico de espiritualidade na formação de profissionais de enfermagem, mas reconhece a carência da prática:

―a religiosidade e espiritualidade estão mais presente nos momentos teóricos do que nos práticos. Sugere-se que a temática seja ampliada na prática de cuidar em saúde mental, pois, ao realizar o estado da arte, evidenciou que há relação entre sofrimento psíquico, religiosidade e espiritualidade, além das duas últimas trazerem benefícios positivo no enfrentamento das adversidades, promoverem a saúde mental e o equilíbrio interno‖(31)

.

Além de denunciar a carência, Cortez et al. reforça a recomendação das práticas de espiritualidade no cuidado em enfermagem por seu valor ético em promover o enfrentamento, a saúde mental, e o equilíbrio. Afinal, a espiritualidade ―conduz a vida ao centro‖ (Boff), ao ponto de equilíbrio. Mas se, ―entretanto, no cuidado psiquiátrico, as dificuldades derivadas do papel da religiosidade no desenvolvimento das patologias podem promover a rejeição da oferta de espiritualidade no cuidado, e isto advém da psiquiatria‖(32)

, foi razão para a exploração da lacuna pela opinião dos profissionais.

Escutar esta classe de profissionais e categorizar através dela, e para ela, um saber científico válido com respeito ao tema, é valorizar não só o conhecimento, mas o próprio estado essencial desta forma de cuidado ―holístico em suas

(20)

dimensões (social, política, econômica, cultural, espiritual, física, emocional)‖(33) que por ela é praticado.

Justificando este empreendimento temos o apoio, a abertura, e o interesse da literatura neste saber; a reconhecida utilidade prática da espiritualidade como condição de promotora de bem-estar e seu encontro ético com a dignidade da vida humana; a sugestão de um conflito interdisciplinar (psiquiatria e enfermagem) que toca este saber e requer solução que voz aos lados com a finalidade de uma troca produtiva de conhecimento científico (e que é realizada neste empreendimento com a enfermagem). Todos estes fatores potencializam a utilidade desta pesquisa, tanto para contribuir, pelo caráter descritivo e até inaugural que as pesquisas qualitativas ofertam à episteme (e suas bases para a ciência), quanto no que ela pode refletir para a práxis em enfermagem.

(21)

2. Pressupostos

Dos expostos desta introdução, colecionamos alguns pressupostos aqui didaticamente nominados e agrupados. Eles refletem as impressões prévias extraídas da literatura por uma primeira consulta a ela que está citada nas seções anteriores, e que pretendeu levantar as tendências do debate científico. Os pressupostos serão discutidos, ao fim deste trabalho, à luz dos achados de uma segunda consulta regida pela metodologia integrativa, e à luz dos achados em campo.

2.1. O cerne da vida

A espiritualidade se refere a um tipo de registro pessoal ao sagrado e ao transcendente pelo qual se explica e se percebe a vida por sua articulação simbólica, onde a aspiração íntima da existência, do sentido de ser pelo qual se empreende a experiência de vida, vai ganhando notoriedade e função de organização da energia pessoal deste empreendimento. Tal articulação pode emergir tanto no lapso como no complemento de outros registros para a realidade.

2.2. O pressuposto do anticientífico.

Poderá haver no profissional de enfermagem receio de levar adiante a interação espiritual e o cuidado holístico que prevê esta prática. Tal receio poderá ser nominado por antigos vetores culturais advindos do tecnicismo, por exemplo; e que no mundo da produção do conhecimento de enfermagem pautado por práticas baseadas em evidências, a espiritualidade seja tida como anticientífica.

2.3. O pressuposto do receio/conflito psiquiátrico.

Como indicamos, advém da psiquiatria uma tradição que associa religiosidade e espiritualidade com o desenvolvimento de patologias. Pressupõe-se que ofertar qualquer tipo de ajuda espiritual possa agravar o quadro patológico.

2.4. O pressuposto do Treinamento.

Ainda que haja dados na literatura que indiquem a presença de treinamento em práticas de espiritualidade para profissionais de enfermagem, pressupõe-se que

(22)

haverá o apontamento de deficiências ou carências deste treinamento como causa da ausência destas práticas.

2.5. O pressuposto da confusão Confessional.

Como dito consagrado pelo senso comum, ―não se discute religião‖. Este tipo de pensamento poderá ser achado nos profissionais, o que refletiria que a realização de práticas espirituais poderia ofender a sua confissão religiosa, ou a confissão religiosa de seu cliente.

2.6. O pressuposto de Defesa.

A oferta de espiritualidade seja uma defesa satisfatória contra os perigos da vida e do acometimento de doenças. Sua prática poderá, ainda, pressupor duas formas: 1) próxima ao pensamento mágico, na qual as causas do sofrimento podem ser milagrosamente extirpadas; ou 2) elas não alteram o curso sofrido dos fatos, mas atenuam seus efeitos e potencializam o enfrentamento.

(23)

3. Objetivo

Nossa tarefa é guiada pela questão ―quais os significados atribuídos pelos profissionais de enfermagem sobre espiritualidade na prática clínica de psiquiatria‖, e, a partir dela, conseguirmos captar significados que possam dar as propriedades da vivência espiritual deles e sua relação com o manejo dela na clínica de seus pacientes. Portanto, nosso objetivo, nesta pesquisa, é analisar os significados atribuídos pelos profissionais de enfermagem em enfermaria psiquiátrica à espiritualidade e sua relação com o cuidado que prestam.

(24)

4. Percurso Metodológico

4.1. Metodologia

Nossa opção, como anunciado na introdução, deu-se pelo Método Clínico-Qualitativo(24) por sua natureza ocupar-se com a construção de significados a partir de relatos em locais de atendimento em saúde, valorizando os aspectos psicodinâmicos das entrevistas, e as percepções do entrevistador, sendo este o principal instrumento de coleta e interpretação dos dados. Outro segmento importante é a pertinência por valorizar a escuta em profundidade que advém das técnicas de interpretação psicanalítica, e sua busca por sentidos latentes na fala, além daqueles sentidos manifestos presentes na comunicação que há entre o par emissor-interlocutor.

O método, seus pilares e propósitos, são assim descritos:

―atitudes existencialista, clínica e psicanalítica, pilares do método, que projetam respectivamente a colhida das angústias e ansiedades do ser humano, a aproximação de quem dá ajuda e a valorização dos aspectos emocionais psicodinâmicos mobilizados na relação com os sujeitos em estudo, este método científico de investigação, sendo uma particularização e um refinamento dos métodos qualitativos genéricos das ciências humanas, e pondo-se como recurso na área da psicologia da saúde, busca dar interpretações a sentidos e significações trazidos por tais indivíduos sobre múltiplos fenômenos pertinentes ao campo do binômio saúde-doença, com o pesquisador utilizando um quadro eclético de referenciais teóricos para a discussão no espírito da interdisciplinaridade‖(24)

.

Procedimentos, ou ―passos‖, pertinentes ao método e a execução da pesquisa são descritos por Turato(24), e são:

 Aculturação e ambientação: refere-se ao entrosamento do

pesquisador com o serviço e com cultura dele, o estabelecimento de relações intersubjetivas, e uma imersão do pesquisador no ambiente;

 Entrevistas preliminares: ou fase de teste do roteiro, para estabelecer ajustes no enfoque e condução;

 Seleção e convite para participação dos sujeitos: escolha pelos critérios e chamada para entrevista;

(25)

 Agendamento das entrevistas;

 Uso de ambiente próprio e reservado para conduzir a entrevista;  Estabelecimento do rapport: visa a diminuir a estranheza mútua e a conscientização do sujeito sobre as razões da entrevista;

 Aplicação do termo de consentimento;  Coleta de Dados e identificação pessoal;

 Início da entrevista com os cuidados necessários, e as atitudes pertinentes ao seu transcurso;

 Observação dos fenômenos transferências, contratransferenciais (conceitos extraídos da psicanálise que constituem o conjunto de representações e jogo de afetos que envolvem a inter-relação, neste caso, entre entrevistado e entrevistador), e comunicação não-verbal;

 Disponibilidade do entrevistador ao entrevistado para qualquer questão que este queira. Vale lembrar, que a norma do comitê de ética exige que o contato do entrevistador esteja na cópia do TCLE que fica com o entrevistado, portanto, essa disponibilidade transcende ao momento da entrevista no que se refere às questões desta.

4.2. Local de Pesquisa e critérios de inclusão/exclusão dos sujeitos e fechamento da amostra

A amostra se formou no ambiente da Enfermaria Psiquiátrica do HC/UNICAMP, que conta com equipes de enfermagem composta por graduados, técnicos e auxiliares responsáveis pela execução dos cuidados de enfermagem aos acometidos de diversos tipos de psicopatologias. Autorizações emitidas pelos coordenadores: do hospital, da enfermagem, e da unidade de serviço, foram colhidas as cópias das mesmas constam nos anexos (anexo 2) deste trabalho. Foi acordada a melhor maneira de acesso aos sujeitos e as condições da presença do pesquisador no cenário de estudo. Uma vez que a filosofia de um hospital escola se dá pelo tripé de Pesquisa, Ensino, Prática/Extensão, não houve dificuldades de acesso ao local e aos sujeitos, sendo também a pesquisa vinculada a UNICAMP.

Inclusão: A amostra é intencional(24) e se compõe pelo critério de variação de tipo(24): a população dos profissionais de enfermagem de enfermaria psiquiátrica, à disposição no serviço que atendem a mesma demanda de assistência, mas com distintos cargos e níveis de formação profissional em

(26)

enfermagem. Não há restrição estabelecida de participação, salvaguarda a indisponibilidade insuperável do sujeito. O único critério de exclusão será por questões que tocam ao manejo ético. O fechamento da amostra será por exaustão(34), e o tamanho das equipes não foi obstáculo à realização das entrevistas com todo o corpo de enfermagem envolvido no cuidado psiquiátrico do serviço. Dentre os 22 candidatos, 18 foram entrevistados. À época do fechamento do período de coleta, dois estavam de licença ou em férias, e dois declinaram. Assim, a amostra está caracterizada no Quadro de Descrição Amostral, codificada por nomes que aludem à mitologia e à filosofia clássica.

Quadro 1- Caracterização da Amostra dos Sujeitos da Pesquisa. Campinas, 2016.

Codinome Sexo Escolaridade Tempo de Formado* Cargo Tempo na Carreira de enfermagem* Tempo na enfermaria*. Crença

Amazonés F Superior Int. 0 Técnica 17 0,5 Evangélica

Aquiles M Superior 7 Enfermeiro 7 4 Católico

Aristóteles M Superior Cursando Técnico 6 6 Católico

Atalanta F Superior Cursando Técnica 7 4 Católica

Crispo M Superior 24 Enfermeiro 20 20 Católico/Espírita

Equestro M Superior 3 Técnico 8 1 Católica

Erínia F Superior 15 Auxiliar 32 20 Evangélica

Esculápia F Superior 26 Enfermeira 26 4 Espírita

Filofrósine F Técnica 15 Técnica 15 9 Evangélica

Hefesto M Técnico 29 Técnico 37 15 Espírita

Medina F Técnica 2 Técnica 1,9 1 Evangélica

Olímpia F Superior 30 Enfermeira 30 23 Católico

Pinna F Técnica 6 Técnica 18 6 Católica

Plegé M Técnico 11 Técnico 35 15 Católico Ind.

Rhodopis F Técnico 8 Técnico 16 8 Evangélica

Romana F Superior 7 Enfermeira 7 1 Católica

Spartacos M Superior 18 Técnico 18 2,1 Católica

Zakintio M Técnico 17 Técnico 17 11 Evangélico

* Tempo em anos.

Entendemos que esta amostra representa um subconjunto do universo dentre toda a população dos profissionais de enfermagem atingidos por nossa questão temática. Dos resultados emergentes da análise dos dados nela obtidos, não esperamos que se comparem aos realizados por metodologias de outra natureza, nas quais os achados seriam idênticos quando da reprodução exata do método do estudo, e que exigiram outros critérios de amostragem, coleta e análise.

(27)

Com essa amostra, esperou-se encontrar dados pelos quais a análise nos trouxessem descrições oriundas do exaustivo empenho hermenêutico(24), pois o corpus dos dados é formado pelo conjunto dos relatos obtidos pelas entrevistas.

Questões de qualificação sobre as diferenças entre os sujeitos da amostra, como tempo de exercício da profissão ou função, idade, crenças, entre outras, não impedem e nem excluem a importância da atribuição do significado por qualquer um. O significado é uma experiência de vida que se modifica constantemente conforme novas apreensões vão remodelando antigas. Portanto, ao investigar em tal campo estamos trabalhando nos códigos simbólicos de representação da realidade, e o sentido simbólico(35) é aquele no qual as sobreposições são complementares, assim as heterogeneidades são valorizadoras enriquecendo os muitos contrastes por tais sobreposições simbólicas.

4.3. Instrumentos e técnicas de coleta e análise dos dados.

As pesquisas de metodologia qualitativa têm caráter compreensivo. Seus resultados são ―tópicos redigidos, com observações do campo e citações literais,

não separados da discussão‖(24)

. Tais tópicos referem-se à construção de categorias, produto final da análise, que serão discutidas pelo pesquisador, valendo-se de princípios descritivos e reflexivos dentro do arcabouço teórico valendo-selecionado. A pesquisa propôs-se a responder uma pergunta para avançar o conhecimento e o interesse no tema, e o resultado final caracteriza-se como uma produção teórica do mesmo(36).

Como objetivos da redação qualitativa, consta que a apresentação dos dados deverá ser de tal forma ―que o leitor compartilhe as experiências dos participantes‖(36), e os resultados sejam ―de maneira que o leitor compartilhe os insights e as conclusões do pesquisador‖(36), e as relações se configurem pelo ―nexo de sentido‖, que é a ―apreensão e interpretação da relação de significações de fenômenos para os indivíduos e sociedade‖(24)

.

Todo o processo requer um suporte instrumental para a efetiva coleta dos dados no campo, o que significa apreender aqueles que reflitam a natureza do objeto em investigação e, de igual modo, que estes sejam aptos para atender os objetivos da pesquisa. A coleta se deu por meio de um roteiro de entrevista semiestruturado com questões abertas(26,37) que visou nortear o percurso da coleta,

(28)

mas não restringi-lo, pois o conteúdo das entrevistas durante o percurso suscitou questões e esclarecimentos oportunos.

Os autores citados acima veem no roteiro um meio pelo qual se aborda o sujeito, sua intersubjetividade, as relações que mantém com os objetos à sua volta, e constitui-se no mecanismo pelo qual se colhe as significações; também por onde se observa a comunicação para-verbal e não-verbal; ainda analisam os procedimentos de transcrição do discurso e a questão da validade científica de todo o processo.

Atendendo a essas orientações, o roteiro foi construído com o objetivo de empreender uma prospecção pelas ideias dos sujeitos de maneira que retornasse ao pesquisador a captura dos significados em questão. Assim, ele permitiu ao sujeito percorrer sua experiência, suas crenças, seus empreendimentos, suas hesitações. A utilização do instrumento foi permeada pela atitude psicanalítica de entrevista, esta prevê espaço para perceber perturbações nas formulações do sujeito; e, sobretudo, superar a condição de uma entrevista técnica e tornar-se o meio pelo qual o discurso do entrevistado é gerado tão livremente quanto o for possível, e assim o entrevistado compor respostas que vão à direção do objeto investigado.

Quanto às perturbações que provocaram digressões, o entrevistador, com esta atitude psicanalítica, se valeu do roteiro para auxiliar o emissor modulando a orientação para que produzisse um fluxo mais contínuo, unificado e centrado na temática. A eficácia das funções do roteiro foi assegurada previamente em testes realizado em local de serviço psiquiátrico nas imediações de Campinas.

No processo de coleta, o roteiro foi aplicado de tal forma que as nuances do discurso, e a convocação da intervenção do entrevistador, permitiram tanto a retomada do fluxo do discurso quanto marcou o momento das partes do movimento dialético da subjetividade do emissor como o é esperado da fala típica do sujeito em entrevistas preliminares de análise, pois:

―...do ponto de vista metodológico, se alguém quiser explicar cientificamente certo fenômeno este seria um assunto para investigadores em psiquiatria, em epidemiologia ou farmacologia clínica...se alguém quiser compreender o que este fenômeno significa ..., este é um tema para investigadores qualitativistas, que podem ser psicólogos, psicanalistas...‖(26).

(29)

Se, então, a questão do significado é pertinente à investigação exercida pelos psicanalistas, esperou-se que os procedimentos da interpretação psicanalítica nos fornecessem os recursos dos procedimentos teóricos pelo qual se promove a análise. Este se baseia na abordagem à forma livre do encadeamento do discurso, conhecido como ―associação livre‖(35), aqui aportado para o campo da ciência qualitativa, com todo seu potencial de investigação do conteúdo profundo e simbólico da mente.

As entrevistas foram conduzidas em local adequado para seu acontecimento conforme acordado com as chefias do serviço. O pesquisador utilizou o gravador digital para o registro delas, e anotou, logo após o fim de cada entrevista, impressões importantes de suas observações. Todas as entrevistas foram transcritas. A transcrição e as notas de observação foram associadas, o que permitiu maior elucidação de trechos do texto durante a análise provendo os resultados da pesquisa.

Os teóricos metodológicos aqui adotados sugerem que toda a entrevista qualitativa parta de uma pergunta disparadora essencial que deverá viabilizar o discurso do entrevistado sobre o tema. Neste sentido, a pergunta catalisa a fala dos participantes a respeito de suas vivências. Escolhemos a pergunta: ―O que você pensa sobre espiritualidade? ”. A partir dela, colhemos os relatos para chegarmos aos mecanismos mais complexos da interação esperada para o roteiro (Apêndice 1).

Roteiro e amostra nos serviram à composição do corpus de dados que nos permitiu à análise e discussão dos núcleos temáticos e do ―nexo de sentido‖(24)

. Esta produção foi posta na forma de comunicação de artigo (seção de resultados 5.2) que visa ampliar a reflexão e o debate entre os conceitos epistêmicos aos quais futuros pesquisadores poderão se voltar para a posterior produção do conhecimento.

O processo hermenêutico que nos serviu para a análise dos dados, adotou uma proposta libertadora dos relatos de sua prisão sincrônica. Se visamos a produção de comunicações que difunde um ―nexo de sentido‖(24) contributivo à episteme, é necessário que futuros leitores possam achar em nossas produção um valor diacrônico aplicável. Isso implicou em desencadear, a parir das entrevistas transcritas, um novo texto útil para novas análises e sínteses.

Este processo hermenêutico se valeu do emprego adequado das regras psicanalíticas para a desfragmentação do símbolo, como descritas nas

(30)

contribuições hermenêuticas de Paul Ricoeur(35). O filósofo se empenhou em produzir o tipo de hermenêutica que necessitamos, que considera o símbolo produzido pela sobreposição de sentidos(35,38,39).

Tendo se pautado na discussão do símbolo no âmbito do sagrado e do psicológico, fenomenologia da religião e freudianismo, Ricoeur nos oferece o arcabouço metodológico de interpretação, do qual escolhemos sua ênfase na hermenêutica freudiana. Além disto, aproveitamo-nos também do arcabouço filosófico-teórico deste autor para integrarem nossas discussões. Ele nos dá tanto a técnica freudiana de compreensão, que também são englobadas nas normas da pesquisa clínico-qualitativa(24) e pelas quais lemos as entrevistas, como nos fornece a teoria mais ampla que nos ajuda a articular o conhecimento obtido com os sujeitos.

Para Ricoeur, e no sentido Freudiano, a ―interpretação é a inteligência do duplo sentido‖(35)

. Para chegar a isto, nossa análise se deu através da escuta repetida das entrevistas, seguida de sucessivas leituras flutuantes(24), a fim de que o pesquisador apreende-se os conteúdos simbólicos.

Símbolo é ―toda estrutura de significação de onde um sentido direto, primário e literal designa por adição outro sentido indireto, secundário e figurado, que só pode ser apreendido através do primeiro‖(39)

. O símbolo, em relação ao sentido, é tanto duplo como múltiplo(35). Portanto o pesquisador, no presente empreendimento, valoriza a experiência de apreender, no texto das entrevistas, os eixos contraditórios, complementares, ou remontantes em relação à significação, à expressão e à designação(35), ao manifesto e ao latente(35), na tentativa que o sujeito faz de discorrer com ―expressões indiretas tomadas de empréstimo à esfera cotidiana da vivência‖(35)

os argumentos conforme a ele solicitados. Esta maneira respeita a lógica da interpretação freudiana, que concebe o sentido nas cisões do sujeito formulando-o num outro nível psíquico de validade do contraditório, sem negação, sem temporariedade, e regido por formações que faz figurar a satisfação das demandas do desejo(35,40).

Findas as leituras, o pesquisador elegeu e organizou em planilhas as unidades das falas nas quais entendeu que o múltiplo sentido transparecia. Uma vez organizadas estas unidades de expressão, receberam um nome temático, geralmente extraído da própria expressão, para serem agrupadas respeitando as operações lógicas de distinguir e compor grupos de elementos, o que resultou nos

(31)

conjuntos categóricos das ideias. Tais resultados são apresentados com a finalidade de que os leitores compartilhem das vivências dos sujeitos estabelecendo um ―nexo de sentido‖(24)

com seu próprio contexto.

A este último processo, alinhou-se à lógica matemática, que nos dirigiu o olhar para as unidades extraídas das entrevistas na busca de elementos que pudessem ser conjugados pelas operações lógicas que constituem os conjuntos matemáticos. A identificação dos elementos se dá pela definição de suas propriedades, o que em termos linguísticos remete ao resultado exegético do significado e da qualificação das coisas, sua relação com a teoria, com os objetivos e com os pressupostos. Ou seja, existe possibilidade de função lógica entre a propriedade do elemento com os arcabouços à priori.

Estas duas etapas da análise nos proporcionaram os conjuntos categóricos. Com estes se empreendeu uma discussão para gerar um novo discurso, inovando e ampliando o saber para a prática do campo objetivado.

4.4. Questões Éticas

A pesquisa recebeu aprovação do comitê de Ética em Pesquisa da Unicamp (Anexo 1), e sua composição contemplou a Res. CNS n.º 466/12, ―toda pesquisa envolvendo seres humanos deverá ser submetida à apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa‖. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 2) foi lido e minuciosamente explicado para cada participante, bem como todas as condições gerais do andamento e condução da pesquisa (como exposto nos métodos de coleta e análise dos dados). O pesquisador armazena os TCLE‘s assinados junto com as mídias de áudio das entrevistas e o material de transcrição em local protegido para resguardar a identidade e o sigilo dos sujeitos pelos prazos designados nas normas de Ética em Pesquisa, e serão disponibilizados na necessidade de qualquer esclarecimento ético às autoridades competentes.

4.5. Manejo de Vieses

O conceito de espiritualidade na área da saúde tem múltiplas considerações. Nossa investigação tem o alvo privilegiado pelas pesquisas de desenho qualitativo, não requereu concluir fatos a partir dos achados, porém prospectar no campo um fenômeno subjetivo da construção simbólica dos sujeitos.

(32)

Mesmo que tenhamos partido de certa ancoragem teórica, esta não se prestou ao rigor de ser levada aos sujeitos para orientá-los na captura ou ordenação dos dados por eles a nós fornecidos. Nosso trabalho priorizou a investigação do significado atribuído pelos profissionais nas sobreposições que a linguagem faz com o símbolo, permitindo-lhes que os significados fossem expressos em múltiplas direções, tomados das bases da experiência formativa de cada sujeito e conforme estas emergiram em suas falas. São os sujeitos que nos orientam no enquadre dos dados, e isto respeitamos no manejo.

Afastamos da leitura das entrevistas as preconcepções teológicas ou psicológicas, que são campos das tendências do pesquisador, como categorias a priori. O pesquisador se orientou pela concepção que os sujeitos lhes ofereceram, para que somente depois de agrupadas as categorias dos resultados, os dados fossem discutidos com os elementos sagrados, psicológicos e existencialistas.

A respeito desta sobreposição dos sentidos realizada na discussão teórica de nosso artigo de campo, e na seção de discussão desta dissertação, antevemos a possibilidade de suscitar algum tipo de preocupação de desequilíbrio teórico entre as escolas que adotamos: 1) a literatura de Enfermagem Psiquiátrica de nossa Revisão Integrativa; 2) a fenomenologia da religião na expressão da simbólica que toma do cosmos sua relação com sagrado, realizada por Ricoeur na reconstituição da Simbólica do Mal; 3) a leitura de Ricoeur da psicanálise freudiana em sua concepção de símbolo e de Ilusão; e, 4) a logoterapia de Frankl e a relação do sentido existencial de propósito para a vida. Tal quadro referencial pode sugerir discrepância, e de fato as três últimas escolas citadas têm distintos caminhos epistêmicos.

Para Ricoeur, isso se trata de uma epistemologia da interpretação, surgida de uma reflexão da exegese sobre o método da história, sobre a psicanálise e a fenomenologia da religião, etecetera, quando é alcançada, animada e aspirada por uma ontologia da compreensão(39). Ou seja, o conflito dos vários percursos de compreensão no qual o espírito humano se lança a partir de suas apreensões.

Nós também tomamos a os caminhos compreensivos pela história, a nós representada pelos documentos científicos do campo da Enfermagem Psiquiátrica, analisados em nossa Revisão Integrativa; pela leitura que fizemos nos resultados empreendendo uma tentativa de restauração do sentido simbólico sobre o bem e o

(33)

mal; pela descrição da natureza de forças psíquicas envolvidas nestes resultados; e como expressam a atitude dos sujeitos para a vida como expressão de liberdade. Este percurso congrega a exegese da ciência, da compreensão fenomenológica, a psicanalítica, e existencialista.

Tais discrepâncias epistemológicas não são vieses de compreensão para Ricoeur, mas sobreposições do que o homem pode fazer com a linguagem, pois o símbolo ―é mais do que os autores podem fazer‖(39)

:

“O elemento comum em todas as partes, desde da exegese até a psicanálise, parece ser uma certa arquitetura do sentido, que podemos chamar de sentido duplo, ou múltiplo. Cujo papel é, em cada caso, ainda de maneira diferente, mostrar ocultando. É, pois, na semântica do mostrado e o ocultado, na semântica das expressões multívolas, donde advirto que é análise da linguagem se afiança”(39)

.

Todos estes caminhos, fenomenologia, psicanálise, logoterapia, tratam de sobreposições do sentido para os achados, e não dão os achados. Argumentamos ainda que o próprio método clínico-qualitativo se vale das atitudes clínica, psicanalítica e existencialista para acolher a plenitude do significado. Assim, superamos tal restrição tanto pela segurança da validade filosófica que proveu uma triangulação dos achados, como por medidas de validação dos resultados apresentando nossos achados prévios e decisões metodológicas em consecutivas reuniões dos grupos de pesquisa ―Núcleo de Pesquisa e Estudos Qualitativos em Saúde‖ (NUPEQS) e no ―Laboratório de Pesquisa Clínico-qualitativa‖ (LPCQ), onde obtivemos dos pares significativas devolutivas para validarmos nossos achados e controlarmos a confiabilidade de nossos procedimentos.

Uma preocupação especial pode se dar em virtude do uso compreensivo da psicanálise para entender o sagrado. O próprio Ricoeur, em sua leitura da psicanálise, à primeira vista, levanta a dúvida. Nesse sentido, Freud empreendeu uma redução da questão do sagrado. Todavia, a perseverança de Ricoeur na leitura de Freud o mostrou uma dialética na psicanálise, e uma utilidade dela para a reflexão em função da razão que ela emprega na percepção do meta-sentido (35,38).

Por fim, elucidamos sobre a possibilidade de viés advindo da relação de convívio entre os sujeitos da nossa amostra, e a maneira como os dados nos chegaram. Nos preocupou que pudesse acontecer acordo entre os sujeitos e assim alguma opinião verticalizada perdurasse. Dedicamo-nos à solução das seguintes formas: 1) didática, instruindo os participantes à discrição; 2) na condução da

(34)

entrevista, aproveitando a atitude psicanalítica em busca do ―não dito‖ pelo entrevistado, modulando as entrevistas com o roteiro com as requisições de que os sujeitos nos contassem experiências próprias; e, 3) quando alguém se expressou com uma preconcepção sobre a entrevista, refletimos sobre o que ela representaria em termos de significado.

(35)

5. Artigos de resultados

 Artigo 1 - Introdutório-teórico: “Concepts, Models, Opinions, Problems and Interventions of Spirituality on Caring in Mental Health and Psychiatry – An Integrative Review”;

 Artigo 2 – Artigo de Campo: “Espírito solto e espanto espiritual na enfermaria: significados de espiritualidade nos símbolos da vida por equipe de enfermagem em psiquiatria”.

(36)

5.1. Artigo de Introdução: “Concepts, Models, Opinions, Problems and

Interventions of Spirituality on Caring in Mental Health and Psychiatry – An Integrative Review”1

Lavorato Neto, Gabriel2; Silva, Diego Alexandre Rozendo3; Turato, Egberto Ribeiro4; Campos, Claudinei José Gomes5.

1 Submetido à Revista Brasileira de Enfermagem.

2 Psicanalista, professor. Mestrando em Ciências da Saúde, FENF/Unicamp. Membro do Núcleo de Pesquisa

Qualitativa em Saúde e do Laboratório de Pesquisa Clínico-qualitativa.

3

Enfermeiro, professor. Doutorando em Ciências Médicas, FCM/Unicamp. Membro do Laboratório de Pesquisa Clínico-Qualitativa.

4 Médico Psiquiatra, professor titular do Depto. de Psicologia Médica e Psiquiatria, FCM/Unicamp. Membro do Núcleo

de Pesquisa Qualitativa em Saúde; Diretor do Laboratório de Pesquisa Clínico-Qualitativa.

5

Enfermeiro, professor doutor da Faculdade de Enfermagem da Unicamp. Membro do Laboratório de Pesquisa Clínico-qualitativa; Diretor do Núcleo de Pesquisa Qualitativa em Saúde.

(37)

Concepts, Models, Opinions, Problems and Interventions of Spirituality on Caring in Mental Health and Psychiatry – An Integrative Review

ABSTRACT

CONTEXT: There are antagonistic concepts about the presence and utility of Spirituality in Mental Health even though that is a recognized dimension of human care. It is necessary to observe the peculiarities of the relationship between the theme and assistance often put into scientific judgment restriction on psychopathological correlations. OBJECTIVES: Gather the concepts and theories about the nature, function, spirituality practices and interventions in the literature on mental health care. METHOD: Integrative Literature Review. RESULTS: Literature strives to distinguish spirituality from religion and to give the multicultural complexity and their functions to the human being in perceptions of the purpose of life, the establishment of transcendental connections with the sacred and community life, and the

support that it gives to mental health. Limits are pointed out in the ethical considerations and the extreme forms of spiritual expression. There is theoretical basis of holistic nursing that support the exposed necessary skills, tools and examples of assessment and intervention. Training problems and feelings of restriction still affect the addressing of spiritual need what leaves this dimension of mental health care with a neglected aspect.

SUMÁRIO

Contexto: Existem conceitos antagônicos sobre a presença e utilidade de Espiritualidade em Saúde Mental ainda que esta seja uma reconhecida dimensão do cuidado humano. É necessário observar as peculiaridades da relação entre o tema e assistência, muitas vezes, posto em

restrição de juízo científico em correlações psicopatológicas. OBJETIVOS: Reunir os conceitos e teorias sobre a natureza, função, práticas e intervenções de espiritualidade na literatura sobre cuidado em saúde mental. MÉTODO: Revisão Integrativa de Literatura. RESULTADOS: A literatura se empenha por distinguir espiritualidade de religiosidade e dar-lhe a complexidade multicultural e suas funções para o ser humano nas percepções do propósito de vida, no estabelecimento de conexões transcendentais com o sagrado e a vida comunitária, e o suporte que isto dá à Saúde Mental. Limites são apontados nas considerações éticas e nas formas extremas da expressão espiritual. Existe aporte teórico de enfermagem holística que sustentam as expostas habilidades necessárias, instrumentos e exemplos de levantamento e intervenção.

INTRODUCTION

Acute patients in mental health treatment often have disorders that affect their spiritual and religious perceptions in correlation to themselves and life [1]. There is a similarity between psychotic episode and mystical state [2,3] and that causes estrangement. The classic literature in psychopathology is rich of cases reporting the content of mystical delirium, and how

Psychiatry attempted to explain the

experiences of religious figures in psychopathological terms [4]. In addition, the unclear distinction between spirituality and religion [5], and the damages or benefits that they can cause to mental health takes place in the literature [6] leading them to an obscurity function.

The professionals who meet service users that expose their needs in this dimension deal with the drama on

(38)

how to address them; this is not just in reference to acute patients. It is common that people in the process of mental health recovery search for spiritual support [3], what implies the same professional conflict about the task to discern the consequences of this search to such patients. How to lead and address the spiritual issues of service users is a matter that requires knowledge of the cultural context [7,8], psychopathological conditions and psychological implications [1,9], an ethical appreciation [10], and technical preparation based on evidence balanced with the art of caring [3]. Spirituality in health science remains a hard question that

touches the limits of methodological objects delineations, although its use and presence is largely employed on multiple therapeutic models and theories which also influence the caring [6,11]. Placed in such pressure zone between classic psychopathological heritage and challenged for its holistic bases [5,8], the caring science attempts to answer the new demands of mental health in an evidence based context to lead the spiritual issues.

Considering the importance of the theme to caregivers of Mental Health, and the plurality of answers, the implications of those trends in a humanistic and holistic approach to a human being, the problematic cross-cultural caring in cosmopolitan areas, this Integrative Review

exposes the concepts; practices interventions and assessment questions; limits; theories and

models; and implications on how the

spirituality theme is taking off in the mental health care field. It aims to collect the evidence available for field researchers, expertize

theoretical explanations, and know-how experience. It is expected that the results could give support to clinical practices and the nursing education area, in a manner to demonstrate the actual state of discussion on the theme, providing a condensed view of scientific material about it in the Mental Health and Psychiatry Caring fields in order to reflect the trends and to provide references.

Methodology

The adopted methodology [12] aimed to summarize the previous literature produced until December 2015, by combining the knowledge of sources with different methodological

designs, and to focus the various perspectives on the management of spirituality phenomenon in a holistic and humanized nursing care to mental health patients. Between January and February 2016, a total of 214 studies were found by crossing their mesh terms that matched Spirituality and Psychiatric Nursing in the following databases now discriminated with the

respective number of studies therein contained in parentheses:

BIREME/BVS (0), Medline/Pubmed (35), Embase (48), Lilacs (0), Scopus (47), Cinahal (56), Psycinfo (9) and Web of Science (19).

Based on this query, duplicates were excluded. Studies that met the following criteria were selected to

(39)

the analytical process: field studies with nursing staff of psychiatry or mental health caring; theoretical, reflective or opinion studies

produced by expert authors of the mental health-nursing field; studies with the theme centered on the relationship between spirituality and psychiatric or mental health caring. The exclusion criteria was

implemented as follows: those who aimed to promote apology to some kind of belief or specific faith above the research related to caring; or

those where the issue of mental health involved was due to other health complications; even the journal editorials and unavailable studies for electronic consultation. As a result of the collecting process, selection and election of the studies, 24 were read and classified into a spreadsheet according to its own design (respected the designation of the design described in the study), purposes, main methodological properties and results.

Table 1 - Studies Inform

Year Country Author Design Sample

1996 USA Pullen L, Tuck I, Mix K.[13] Descriptive (Cross

Sectional)

Mental health nurses of a public facility (n=50).

1997 USA Tuck I., Pullen L., Lynn C.[14] Descriptive (Cross

Sectional) Mental health nurses (n=50). 1997 UK Nolan, P. and Crawford, P.[15] Reflection Article

1999 USA Aftonomos S.[16] Experience

Report 2001 USA Tuck I, Pullen L, Wallace D.[17]

Descriptive-comparative (Cross Sectional)

Mental Health Nursing (n=91); Parish Nursing (n=95) 2001 UK Greasley P., Chiu L.F., Gartland

M.[18]

Qualitative Nine Focus Groups (n=9).

2002 UK Thompson, I.[5] Literature Review

2003 UK Eeles, J., Lowe, T. and Wellman, N.[9]

Literature Review Six articles (n=6).

2003 USA Cox T.[10] Theoretical

2004 USA McLaughlin, D.[3] Theoretical

2004 USA O'Reilly M.L.[19] Theoretical

2005 SWE Koslander, T. and Arvidsson, B[20].

Qualitative Nurses in psychiatric care (n=12). 2006 USA Mohr, Wanda K.[1] Literature Review Literatures (n=56).

2007 USA Schuhow D.A.[21] Theoretical

2007 UK Brimblecombe, N. and Tingle, A. and Tunmore, R. and Murrells, T.[22]

National open

consultation Nurses network (n=327).

2007 USA Baumann, S.L.[23] Theoretical

2010 USA Stuart GW.[8] Reflection Article

2011 UK Elliott, Ruth.[24] Qualitative Psychiatric Nurses (n=14).

2012 BRA Murakami, Rose and Campos, Claudinei José Gomes.[25]

Literature Review Thirteen papers were integrated (n=13).

2013 UK Ledger, Peter and Bowler, David.[26]

Experience Report

Referências

Documentos relacionados

Janaína Oliveira, que esteve presente em Ouagadougou nas últimas três edições do FESPACO (2011, 2013, 2015) e participou de todos os fóruns de debate promovidos

Os dados referentes aos sentimentos dos acadêmicos de enfermagem durante a realização do banho de leito, a preparação destes para a realização, a atribuição

Esta dissertação pretende explicar o processo de implementação da Diretoria de Pessoal (DIPE) na Superintendência Regional de Ensino de Ubá (SRE/Ubá) que

O construto estilo e qualidade de vida é explicado pelos seguintes indicadores: estilo de vida corrido realizando cada vez mais trabalho em menos tempo, realização

8- Bruno não percebeu (verbo perceber, no Pretérito Perfeito do Indicativo) o que ela queria (verbo querer, no Pretérito Imperfeito do Indicativo) dizer e, por isso, fez

A Sementinha dormia muito descansada com as suas filhas. Ela aguardava a sua longa viagem pelo mundo. Sempre quisera viajar como um bando de andorinhas. No

Fugiu – forma verbal do verbo “fugir”, no Pretérito Perfeito do Indicativo, na 3.ª pessoa do singular. Forma afirmativa: Eu

5- Bruno não percebeu (verbo perceber, no Pretérito Perfeito do Indicativo) o que ela queria (verbo querer, no Pretérito Imperfeito do Indicativo) dizer e, por isso, fez