• Nenhum resultado encontrado

Qualidade da Energia

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Qualidade da Energia"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

Resumo— Quando se fala em qualidade de energia elétrica, abrange-se todo o processo, desde a geração até o consumo, e saber reconhecer os problemas e suas consequências é importante para que se possa chegar a planos de ações estruturados para evitá-los. Por isso, esse artigo tratará em primeiro lugar dos distúrbios que podem afetar o fornecimento de eletricidade, associados normalmente a tensões e correntes. Em seguida, será mostrado como a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) avalia as distribuidoras de energia, isto é, os principais indicadores utilizados para aferir tanto a qualidade do serviço, associada a interrupções no fornecimento, como do produto, a energia em si.

Index Terms— Distúrbios na Energia Elética, Eletricidade, Frequência, Indicadores de Qualidade, Interrupções de fornecimento, Regulamentações, Rendimento, Tensões

I. INTRODUÇÃO

partir do momento em que começou a utilizar energia elétrica em larga, o homem precisou estudar e criar os padrões que definifiriam a qualidade desse novo produto e do serviço de transmissão associado, para que os benefícios obtidos fossem assegurados e potencializados, evitando falhas em equipamentos.

Dessa forma, apesar de parecer em um primeiro momento que seria importante se preocupar apenas em oferecer eletricidade de maneira continua e sem interrupções, é preciso avaliar também aspectos da energia em si, ou seja, vendo a eletricidade como um produto. Muitos consideram que um período longo sem interrupções de fornecimento significa uma energia de qualidade, contudo há muitos problemas associados à energia fornecida em si.

No caso brasileiro, há diversas distribuidoras de energia, cada uma com seu local de atuação. Portanto, no Sistema Nacional, medir a qualidade da energia elétrica é não apenas uma forma de evitar essas falhas de operações de aparelhos elétricos, mas também uma forma de garantir que as empresas responsáveis pelas concessões estejam trabalhando dentro de altos padrões de qualidade. A agência responsável por esse controle é a ANEEL, que define e acompanha indicadores tanto do serviço como do produto.

Como o sistema produção de energia elétrica possui várias peculiaridades, não são utilizadas ferramentas tradicionais de controle da qualidade, e é mais difícil fazer essa avaliação, já que os distúrbios estão normalmente associados a valores ou formas de tensões e correntes elétricas, que muitas vezes requerem aparelhos razoavelmente sofisticados para medição.

II. PRINCIPAIS PROBLEMAS DE QUALIDADE

A qualidade da energia é atualmente definida pela ocorrência ou não de diferentes distúrbios que comprometem o bom funcionamento dos sistemas e o melhor rendimento dos equipamentos. Os principais serão explicados nesta seção, bem como suas consequências negativas.

A. Transitórios

São fenômenos eletromagnéticos de curtíssima duração, oriundos de alterações súbitas nas condições operacionais de um sistema de energia elétrica. Apesar da duração muito pequena, são bastante relevantes, pois submetem equipamentos a grandes solicitações de tensão e/ ou corrente. Existem dois tipos de transitórios: os impulsivos, de nano, micro ou milisegundos, causados por descargas atmosféricas, e os oscilatórios, de baixa, média ou alta frequência, causados por chaveamentos.

B. Variações de tensão

Entre os fenômenos que contribuem para a perda de qualidade de um determinado suprimento elétrico, aqueles associados às variações dos valores RMS das tensões ocupam posição de destaque.

1) de Curta Duração

Variações de tensão de curta duração são causadas por condições de faltas, energização de grandes cargas que requerem altas correntes de partida ou a perda intermitente de conexões nos cabos do sistema e são classificadas em instantâneas (0,5 a 30 ciclos), momentâneas (30 ciclos a 3 s) ou temporárias (3 s a 1 min).

A amplitude desse distúrbio é definida pelo valor extremo do valor eficaz (média quadrática) da tensão em relação à tensão de referência do sistema no ponto considerado. Já a duração é definida pelo intervalo de tempo decorrido entre o instante em que o valor eficaz da tensão, em relação à tensão de referência do sistema, ultrapassa determinado limite e o instante em que a mesma variável volta a cruzar esse limite.

As variações de curta duração são classificadas em elevações de tensão, afundamentos de tensão e interrupções de curta duração. A seguir será detalhado cada um destes eventos. Elevação momentânea de tensão, ou Voltage Swell, são distúrbios que podem ser caracterizados por um aumento da tensão eficaz do sistema (entre 10% e 80% da tensão, na com duração de meio ciclo a 1 min). As elevações são caracterizadas pela sua magnitude (valor eficaz) e duração.

Qualidade da Energia no Sistema Elétrico

Brasileiro (Julho 2016)

João Victor Souza, Marianna Lion, Nicole Musafir, Victor Ramos, Victor Hugo Santos e Vítor

Mendonça com orientação de Flavio G. R. Martins

(2)

Cabe comentar que a duração da elevação está ligada aos ajustes dos dispositivos de proteção, à natureza da falta (permanente ou temporária) e à sua localização na rede elétrica.

Este fenômeno pode estar associado à saída de grandes blocos de cargas ou à energização de grandes bancos de capacitores, porém, com uma incidência pequena se comparada com as sobretensões provenientes de faltas monofásicas nas redes de transmissão e distribuição.

Como consequência das elevações de curta duração em equipamentos, podem-se citar falhas dos componentes, dependendo da frequência de ocorrência do distúrbio. Com isso, a preocupação principal recai sobre os equipamentos eletrônicos, uma vez que estas elevações podem vir a danificar os componentes internos destes equipamentos, conduzindo-os à má operação ou à inutilização, dependendo, além da magnitude da elevação, mas também do período de atuação.

Os afundamentos momentâneos de tensão, ou Voltage Sag ou Voltage Dip, destacam-se como os mais significantes distúrbios da qualidade da energia que se manifestam nas redes elétricas.

Um afundamento de tensão consiste numa redução no valor eficaz da tensão por um curto período de tempo, causada por curtos-circuitos, sobrecargas, energização de transformadores de grande porte ou partidas de grandes motores.

A magnitude pode ser definida como o menor valor da tensão RMS e a duração reflete o tempo em que a magnitude da tensão está abaixo de 90% da tensão eficaz nominal. Em afundamentos trifásicos, as três tensões de fase poderão ter e, na maioria dos casos, têm magnitude e duração diferentes para cada uma das fases.

2) de Longa Duração

Os efeitos de longa duração são caracterizados por ocorrerem por um período superior a um minuto, sendo, portanto, consideradas como distúrbios de regime permanente que podem ser caracterizados como desvios que ocorrem no valor eficaz da tensão.

As variações de tensão de longa duração são causadas por variações de carga ou por perda de interligações no sistema elétrico e são classificadas em sobretensão, subtensão e interrupção sustentada. A seguir será analisado cada um destes eventos.

Podemos designar uma Sobretensão como sendo um aumento no valor eficaz da tensão CA, (maior do que 110%) na frequência do sistema, por uma duração maior do que 1 minuto. Sobretensões usualmente resultam do desligamento de grandes cargas ou da energização de um banco de capacitores.

Para evitar tal distúrbio, são instalados nas indústrias bancos de capacitores, normalmente fixos, para correção do fator de potência ou mesmo para elevação da tensão nos circuitos internos da instalação. Nos horários de ponta, quando há grandes solicitações de carga, o reativo fornecido por estes bancos é desejável.

Com relação às consequências das sobretensões de longa duração, estas podem resultar em falha dos equipamentos.

Já a Subtensão apresenta características opostas, sendo que agora um decréscimo no valor eficaz da tensão AC para

menos de 90% na frequência do sistema é caracterizado também com uma duração superior a 1 min.

Estas são decorrentes, principalmente, do carregamento excessivo de circuitos alimentadores, os quais são submetidos a determinados níveis de corrente que dão origem a quedas de tensão acentuadas. Outros fatores que contribuem para esse distúrbio são a conexão de cargas à rede elétrica e o desligamento de bancos de capacitores.

Dentre os problemas causados por subtensões de longa duração, destacam-se a redução da potência reativa fornecida por bancos de capacitores ao sistema e uma possível interrupção da operação de equipamentos eletrônicos, tais como computadores e controladores eletrônicos. Dessa forma, para minimizar estes problemas, as medidas corretivas geralmente envolvem uma compensação da impedância Z ou a compensação da queda de tensão causada pela impedância.

Por fim, as Interrupções sustentadas ocorrem quando o fornecimento de tensão permanece em zero por um período de tempo que excede um minuto. As interrupções maiores do que um minuto são geralmente permanentes e requerem intervenção humana para reparar e retornar o sistema à operação normal no fornecimento de energia.

Essas podem ocorrer de forma inesperada ou de forma planejada. A maioria delas ocorre inesperadamente e as principais causas são falhas nos disjuntores, queima de fusíveis e falha de componentes de circuito alimentador. Já as interrupções planejadas são feitas geralmente para executar manutenção na rede, como o serviço de troca de cabos e postes.

Cabe ressaltar que, independente das variações de tensão serem de longa ou curta duração, elas são falhas dos sistemas elétricos e, portanto, compete à ANEEL regular os serviços de energia elétrica.

C. Flutuações de tensão

As flutuações de tensão normalmente são causadas por cargas industriais e podem se manifestar de diferentes formas. Elas correspondem a variações sistemáticas no valor eficaz da tensão de suprimento entre 0,95 e 1,05pu. Sua diferença para as variações é seu caráter mais repetitivo e cíclico, ao passo que as primeiras tendem a ser eventos mais pontuais.

Normalmente esse fenômeno é causado por um consumo excessivo de energia reativa por grandes cargas, que provoca as flutuações em circuitos quando esses não possuem potências adequadas de curto-circuito. Pode ser motivado também pela mudança na fonte de alimentação, mais tipicamente para geradores de back-up cuja capacidade de suportar essa energia é menor. Por isso, é frequente que indústrias que solicitam muita energia reativa sejam obrigadas a compensar essa sobrecarga elevando a potência de curto-circuito, normalmente através de bancos capacitivos.

Existem três ocorrências principais de flutuações de tensão, no sentido de diferentes frequências. As flutuações aleatórias possuem como principal fonte os fornos elétricos a arco (produção de aço) e sua amplitude depende do estado de fusão do material e da capacidade da instalação. As flutuações repetitivas são causadas em sua maioria por máquinas de solda, laminadores, elevadores de minas e ferrovias. Por

(3)

último, as esporádicas têm caráter mais momentâneo associado a partida de grandes motores.

Os principais efeitos desse distúrbio nos sistemas elétricos são oscilações de potência e torque das máquinas elétricas, queda de rendimento dos equipamentos elétricos, interferência nos sistemas de proteção, e efeito "flicker" de cintilação luminosa, esse último o mais comum, caracterizado pelo pisca-pisca de lâmpadas, principalmente incandescentes. D. Variações de frequência

A corrente alternada surgiu quando Nikola Tesla foi contratado por J. Westinghouse para construir uma linha de transmissão entre Niágara e Búfalo, em NY. Thomas Edison fez o possível para desacreditar Tesla, mas o sistema polifásico de Tesla foi adotado. A Corrente Alternada é a forma mais eficaz de se transmitir uma corrente elétrica por longas distâncias. Nela os elétrons invertem o seu sentido várias vezes por segundo.

No Brasil a variação de frequência da rede elétrica é de 60 Hz. Dessa forma, desvios desse valor na frequência da rede caracterizam este distúrbio.

A frequência da rede está diretamente ligada à velocidade de rotação dos geradores e as ligeiras variações estão relacionadas à resposta do controle dos geradores à variações de carga. Variações fora dos limites aceitáveis são relativamente raras e estão ligadas a severas faltas no corpo principal do sistema de transmissão - grandes blocos de carga sendo desligados (um bairro inteiro, por exemplo) ou queda de geradores.

Essas variações são mais facilmente encontradas em sistemas que possuem grupos geradores que assumem o fornecimento de energia, na falta da rede pública. A resposta inadequada do controle desses equipamentos geradores à abruptas mudanças de carga podem conduzir a desvios sensíveis na frequência de saída, afetando principalmente circuitos que utilizam cruzamento de zero da rede para contagem de tempo. Fontes chaveadas costumam conviver bem com grandes variações de frequência da rede o que não ocorre com fontes lineares, pois o transformador pode sofrer um sobreaquecimento e até mesmo queimar.

E. Desequilíbrios trifásicos

O desequilíbrio de tensão é o fenômeno associado a alterações dos padrões trifásicos do sistema de distribuição. Ele pode ser manifestados nos consumidores alimentados de três formas; assimetria nas fases, assimetria conjunta de amplitudes e fases e amplitudes diferentes. Este último é frequentemente evidenciado no sistema elétrico.

Os desequilíbrios são, normalmente, originados nos sistemas de distribuição, quando possuem cargas monofásicas distribuídas inadequadamente, causando o surgimento de tensões de sequência negativa. Esse problema pode ser agravado quando houver uma má distribuição de carga nos circuitos internos de consumidores alimentados de forma trifásica. Esses fatores gerarão correntes desequilibradas no circuito da concessionária, que também podem ser causadas pela queima de fusíveis em uma fase de um banco de capacitores trifásicos.

Os desequilíbrios podem ser calculados, em percentual, pela divisão do desvio máximo da média das correntes ou tensões trifásicas, pela média das correntes ou tensões trifásicas. Eles podem ser caracterizados por diagramas de sequência com a relação entre o componente de sequência negativa e o componente de sequência positiva dos sinais referenciados. F. Distorções de forma de onda

A distorção de forma de onda é definida como um desvio em regime permanente da forma de onda, em relação à onda teórica puramente senoidal, na frequência fundamental, sendo caracterizada principalmente pelo seu conteúdo espectral. São cinco os principais tipos de distorções:

1) Harmônicos

Tensões ou correntes senoidais de frequências múltiplas inteiras da frequência fundamental (50 Hz ou 60 Hz) na qual opera o sistema de energia elétrica. Estes harmônicos se sobrepõem à forma senoidal, distorcendo-a. São oriundos de equipamentos e cargas não lineares instalados ao longo do sistema de energia. Podem sobreaquecer componentes como cabos e transformadores, danificar capacitores e atrapalhar a operação de itens como disjuntores e fusíveis.

2) Inter-harmônicos

Possuem formações semelhantes ao anterior, porém os componentes não são múltiplos inteiros da frequência fundamental. Elas podem aparecer como frequências discretas ou como uma larga faixa espectral. Os inter-harmônicos podem ser encontrados em redes de diferentes classes de tensão, sendo originados principalmente de conversores estáticos de potência, ciclo-conversores, motores de indução e equipamentos a arco. Sinais "carrier" em linhas de potência também podem ser considerados como inter-harmônicos. Os efeitos deste fenômeno não são bem conhecidos, mas admite-se que podem afetar a transmissão de sinais "carrier" e induzir "flicker" visual no display de equipamentos como tubos de raios catódicos.

3) Nível CC (DC offset)

Este fenômeno, caracterizado pela presença de tensão ou corrente CC em um sistema CA, pode ocorrer como resultado da operação ideal de retificadores de meia-onda. O nível CC pode saturar os transformadores e corroer eletrodos e outros conectores, resultando em perdas adicionais e redução da vida útil dos equipamentos.

4) Notching

Distúrbio causado pela operação normal de equipamentos de eletrônica de potência quando a corrente é comutada de uma fase para outra. Podemos detectá-lo pela observação do conteúdo harmônico da tensão afetada. Por apresentar um alto valor, as componentes de frequência associadas com os "notchings" não podem ser medidas pelos equipamentos normais de análise harmônica. Sua presença pode ocasionar operação indevida de dispositivos de medição e proteção.

(4)

5) Ruído

É por definição, um sinal elétrico indesejado, contendo uma larga faixa espectral com frequências menores que 200 KHz, as quais são superpostas às tensões ou correntes de fase, ou encontradas em condutores de neutro. Suas causas costumam ser equipamentos eletrônicos de potência, circuitos de controle, equipamentos a arco, retificadores a estado sólido e fontes chaveadas. Nestas, normalmente estão relacionados com aterramentos impróprios. Causam distúrbios no funcionamento de equipamentos eletrônicos, como computadores e controladores programáveis.

III. INDICADORES DE QUALIDADE

No Brasil, através da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), as distribuidoras de energia são avaliadas em diversos aspectos no seu fornecimento, através da qualidade do produto e do serviço oferecidos aos consumidores. Essa avaliação é realizada através de indicadores que mensuram a qualidade do produto e do serviço e os quais as distribuidoras devem estar de acordo e dentro dos valores definidos pela a Agência.

Em relação a qualidade do produto, é avaliado a conformidade de tensão em regime permanente e as perturbações na forma de onda de tensão. Os indicadores que se destacam nesse quesito são os DRPe e DRCe, obtidos a partir da campanha de medição amostral instituída pela ANEEL.

Já a qualidade dos serviços prestados diz respeito a avaliação das interrupções no fornecimento da energia elétrica. Destacam-se os indicadores de continuidade individuais, DIC, FIC e DMIC e os indicadores de continuidade coletivos, DEC e FEC.

A. Do produto

Os indicadores referentes à qualidade do produto se refere à conformidade de tensão em regime permanente e as perturbações na forma de onda de tensão.

Para realizar a medição amostral dos indicadores, a distribuidora deve manter atualizadas algumas informações em arquivo eletrônico, até o mês de setembro de cada ano. Com base nesse cadastro, a ANEEL definirá, por meio de critério estatístico aleatório, as unidades consumidoras da amostra para fins de medição. Quanto mais unidades consumidoras forem atendidas pela distribuidora, maior será a amostra necessária, seguindo conceitos de amostragem e confiança. As distribuidoras devem efetuar, para cada uma das unidades consumidoras pertencentes a cada amostra, dentro do trimestre correspondente, medição dos valores eficazes da tensão com período de observação mínimo de 168 horas consecutivas totalizando 1008 leituras válidas. A partir destas medições devem ser calculados os índices.

A partir das medições, a distribuidora deve manter registro em sistema informatizado, contendo obrigatoriamente os seguintes dados: identificação da unidade consumidora ou do ponto de conexão medido; período de observação utilizado (ano, mês, dia, hora e minuto inicial e final); valores apurados de DRP (duração relativa da transgressão de tensão precária) e

DRC (duração relativa da transgressão de tensão crítica); valores máximo e mínimo das tensões de leitura; histograma de tensão e tabela de medição, em por unidade de tensão nominal, com o intervalo de 0,8 p.u a 1,20 p.u. inclusive e com uma discretização mínima de 40 (quarenta) intervalos; coordenadas geográficas da unidade consumidora ou coordenadas geográficas dos postes da rede de distribuição a que estiverem vinculadas as unidades consumidoras.

Os dados deverão estar disponibilizados, em meio magnético ou ótico, por período mínimo de 5 (cinco) anos, para fins de fiscalização da ANEEL e consulta dos consumidores.

Sendo assim, a distribuidora deve enviar trimestralmente à ANEEL, até o último dia útil do mês subsequente de cada trimestre, os valores dos indicadores individuais (DRP e DRC) obtidos das medições amostrais trimestrais. O indicador coletivo (ICC) será calculado pela ANEEL quando do envio dos indicadores individuais pela distribuidora e os indicadores individuais (DRP e DRC) deverão ser identificados por unidade consumidora.

Para se obter as leituras, utilizam-se equipamentos que operem segundo o princípio da amostragem digital e os equipamentos de medição devem atender os seguintes requisitos mínimos: taxa amostral de 16 amostras/ciclo, conversor A/D (analógico/digital) de sinal de tensão de 12 bits e precisão de até 1% da leitura. Além disso, os equipamentos de medição devem permitir a apuração dos valores calculados dos indicadores individuais, da tabela de medição e do histograma de tensão. A medição de tensão deve corresponder ao tipo de ligação da unidade consumidora, abrangendo medições entre todas as fases ou entre todas as fases e o neutro, quando este for disponível.

A tensão de atendimento associada às leituras deve ser classificada segundo faixas em torno da tensão de referência (TR) que corresponderá à tensão contratada, no caso de unidades atendidas pelo SDMT (Sistema de Distribuição de Média Tensão) ou SDAT (Sistema de Distribuição de Alta Tensão), ou à tensão nominal de operação, no caso de unidades atendidas pelo SDBT (Serviços de Distribuição de Baixa Tensão). Para cada tensão de referência, as leituras a ela associadas classificam-se em três categorias: adequadas, precárias ou críticas, baseando-se no afastamento do valor da tensão de leitura em relação à tensão de referência.

Figura 1 Faixas de tensão em relação à referência, em que: Tensão de Referência (TR); Faixa Adequada de Tensão (verde); Faixas Precárias de Tensão (amarelo); Faixas Críticas de Tensão (rosa)

(5)

Em relação aos indicadores individuais, o conjunto de leituras para gerá-los deverá compreender o registro de 1008 (mil e oito) leituras válidas obtidas em intervalos consecutivos (período de integralização) de 10 minutos cada. No intuito de se obter 1008 (mil e oito) leituras válidas, intervalos adicionais devem ser agregados, sempre consecutivamente. O conjunto das leituras efetuadas deve ser armazenado, por no mínimo 5 (cinco) anos. Os valores eficazes devem ser calculados a partir das amostras coletadas em janelas sucessivas. Cada janela compreenderá uma sequência de doze ciclos (0,2 segundos) a quinze ciclos (0,25 segundos).

Após a obtenção do conjunto de leituras válidas, devem ser calculados o índice de duração relativa da transgressão para tensão precária (DRP) e o para tensão crítica (DRC) de acordo com as seguintes expressões:

Onde nlp e nlc representam o maior valor entre as fases do número de leituras situadas nas faixas precária e crítica, respectivamente.

Em relação aos indicadores coletivos, sendo NC o número de unidades consumidoras com registros de tensões nas faixas críticas e NL o número total de unidades consumidoras da amostra, o Índice de Unidades Consumidoras com Tensão Crítica (ICC) é dado por:

Para a determinação de Índices Equivalentes por Consumidor, devem ser calculados o índice de duração relativa da transgressão para tensão precária equivalente (DRPE) e o índice de duração relativa da transgressão para tensão critica equivalente (DRCE), de acordo com as seguintes expressões:

A saber: DRPi é a Duração Relativa de Transgressão de Tensão Precária individual da unidade consumidora (i); DRCi é a Duração Relativa de Transgressão de Tensão Crítica individual da unidade consumidora (i); DRPE é a Duração Relativa de Transgressão de Tensão Precária Equivalente; DRCE é a Duração Relativa de Transgressão de Tensão Crítica Equivalente; NL é o Número total de unidades consumidoras da amostra.

A ANEEL estabelece limites para os indicadores de tensão em regime permanente: O DRPM (Duração Relativa da Transgressão Máxima de Tensão Precária) fica estabelecido em 3% e o DRCM (Duração Relativa da Transgressão Máxima de Tensão Crítica) fica estabelecido em 0,5%.

Transcorridos os prazos normais para a regularização da não conformidade, e aqueles estabelecidos pela ANEEL, a

distribuidora deve regularizar o atendimento e compensar financeiramente aqueles consumidores responsáveis pelas unidades consumidoras que estiveram submetidas a tensões de atendimento com transgressão dos indicadores DRP e/ou DRC e deve ser paga até que a distribuidora regularize a tensão fornecida ao consumidor.

Para o cálculo da compensação deve ser utilizada a seguinte fórmula:

Na qual k1 = 0, se DRP ≤ DRPM; k1 = 3, se DRP > DRPM; k2 = 0, se DRC ≤ DRCM; k2 = 7, para unidades consumidoras atendidas em Baixa Tensão, se DRC > DRCM; k2 = 5, para unidades consumidoras atendidas em Média Tensão, DRC > DRCM; k2 = 3, para unidades consumidoras atendidas em Alta Tensão, DRC > DRCM; DRP = valor do DRP expresso em %, apurado na última medição; DRPM = 3 %; DRC = valor do DRC expresso em %, apurado na última medição; DRCM = 0,5 %; e k3 = valor do encargo de uso do sistema de distribuição, referente ao mês de apuração.

B. Do serviço

Os indicadores de qualidade do serviço de fornecimento de energia elétrica possuem como objetivo estabelecer processos para o serviço prestado por distribuidoras, além de possibilitar a realização de controle, avaliação e planos de melhoria.

Para que isso seja realizado, é necessário que as unidades consumidoras sejam geograficamente contíguas, cabendo à ANEEL exigir a correta configuração dos conjuntos de unidades consumidoras.

Além disso, as distribuidoras devem dispor de serviços de atendimento emergenciais gratuito e a qualquer momento para que os consumidores possam entrar em contato, relatando e buscando solucionar os problemas relacionados à distribuição de energia elétrica. Tal processo deve ser constantemente supervisionado, controlado e mensurado, por meio de indicadores, como o tempo médio de preparação (TMP), tempo médio de deslocamento (TMD) e tempo médio de execução (TME), considerando todas as ocorrências emergenciais, exceto as relativas a redes de iluminação pública, à interrupções programadas ou necessárias. Por meio da soma desses três, obtém-se o tempo médio de atendimento à emergências (TMAE). Os indicadores coletados serão auditados, desde o processo realizado até o resultado obtido. Para isso, as distribuidoras possuem certo padrão de registro de informações imprescindíveis, como número da ordem de ocorrência, data e horário do conhecimento da ocorrência, autorização para deslocamento, deslocamento, chegada e resolução, forma do conhecimento e descrição da ocorrência. Esses dados devem ser apurados e enviados à ANEEL mensalmente, permitindo a avaliação do desempenho da distribuidora pela agência nacional.

Além do tempo de atendimento, outro grupo de indicadores essenciais para avaliação do desempenho do sistema elétrico é o de continuidade do serviço de distribuição de energia elétrica. Nesse sentido, torna-se indispensável a avaliação da frequência e duração equivalentes de interrupção. Por causa

(1)

(2)

(3)

(4)

(5)

(6)

(6)

disso, essas medições são realizadas tanto em relação ao conjunto de distribuidoras, quanto individualmente, por meio dos indicadores: duração equivalente de interrupção por unidade consumidora (DEC), frequência equivalente de interrupção por unidade consumidora (FEC), duração de interrupção individual por unidade consumidora (DIC), frequência de interrupção individual por unidade consumidora (FIC) e duração máxima de interrupção contínua por unidade consumidora (DMIC).

Quando se torna necessária a realização de interrupções, é obrigatório o aviso com, no mínimo, 3 dias de antecedência (em alguns casos específicos, o mínimo de antecedência é de 5 dias). Além disso, é obrigatório o relato e disponibilização de algumas informações, como o fato gerador, data e horário do início e término da interrupção, número de unidades consumidoras atingidas e código de identificação de cada unidade consumidora. O período de apuração é mensal, e o cálculo do indicador de continuidade normalmente é dado por mês, trimestre ou ano. Além disso, normalmente se realiza o cálculo por conjunto e global, que corresponde a um agrupamento de conjuntos, seja ele municipal, estadual ou nacional. Cada distribuidora deve enviar a apuração de cada um desses indicadores até o final do mês para a ANEEL, permitindo a avaliação do desempenho pela agência nacional.

Os valores das metas anuais dos indicadores de continuidade dos conjuntos de unidades consumidoras são disponibilizados pela Audiência Pública da Revisão Tarifária Periódica. Para padronização dos indicadores, cada distribuidora deve enviar informações acerca dos seus conjuntos (excluindo as unidades consumidoras com tensão igual ou superior a 69kV, que possuem padrões específicos), como área e extensão da rede primária, media de energia consumida, número de unidades consumidoras atendidas e potência instalada. As unidades consumidoras com tensão igual ou superior a 69 kV são separadas em 5 grupos, de acordo com a tensão do ponto de conexão.

No caso de violação do padrão de continuidade individual em relação ao padrão de apuração, a distribuidora deve calcular o valor da compensação e efetuar o crédito na fatura subsequente. No caso de violação do padrão de continuidade de conjunto, a distribuidora recebe pena e multa, caso as justificativas não sejam consideradas plausíveis pela ANEEL. As penalidades às distribuidoras por violação dos padrões de continuidade são estabelecidas nos respectivos contratos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)..Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional.

[Online]. Disponível em

http://www2.aneel.gov.br/arquivos/PDF/Modulo8_F.pdf

[2] Revista O Setor Elétrico. Gilson Paulilo. Conceitos Gerais sobre qualidade da energia [Online]. Disponível em http://www.osetoreletrico.com.br/web/documentos/fasciculos/Ed84_fasc _qualidade_energia_cap1.pdf

[3] Grupo de Qualidade e Racionalização da Energia Elétrica. Universidade Federal de Uberlândia. Qualidade da Energia Elétrica: Definição e análise de itens de quantidade. Disponível em http://www.utilidades.eng.br/media/1009/power_quality.pdf

[4] Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (abracopel). A importância da qualidade da energia elétrica e seus problemas. 2016. [Online] Disponível em http://abracopel.org/blog/a-importancia-da-qualidade-da-energia-eletrica-e-seus-problemas/

[5] Universidade Federal do Paraná (UFPR). Evaldo L. M. Mehl. Qualidade da Energia Elétrica. [Online]. Disponível em http://www.eletrica.ufpr.br/mehl/downloads/qualidade-energia.pdf [6] Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sigmar Maurer

Deckmann, José Antenor Pomilio. Avaliação da Qualidade da Energia Elétrica. 2016. [Online] Disponível em http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor/pdffiles/qualidade/a1.pdf

Referências

Documentos relacionados

As frequências alélicas e haplotípicas dos loci HLA variam entre as diferentes populações e grupos étnicos.. Os genes do sistema HLA demonstram serem mais similares entre

Mova a alavanca de acionamento para frente para elevação e depois para traz para descida do garfo certificando se o mesmo encontrasse normal.. Depois desta inspeção, se não

Para essa discussão, selecionamos o programa musical televisivo O fino da bossa, apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues, na TV Record de São Paulo, entre os anos de 1965 e

Efetivação da inscrição: No ato da inscrição deverá obrigatoriamente ser feita a escolha do curso (descritos no item 2.), do turno (descritos no item 3.1.) e da unidade

As farinhas de soja decorticada branqueada apresen- taram maiores capacidades emulsifi cantes (CE) e estabili- dades de emulsão (EE), quando os grãos de soja decortica- da

Este estudo teve como objetivo verificar a existência de diferença na compreensão de leitura, em aprendentes alfabetizados pelo método fônico e pelo método global de

Os Florais Cromáticos de Minas representam mais um recurso terapêutico para o uso da cor no bem-estar geral, com a particularidade e a especialidade de se utilizar

Ou o enfoque é na aprendizagem como um processo de acomodação, que passa pelo desenvolvimento de nova informação e pelo uso dos novos conhecimentos em vez dos que já existem (rever