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DIREITO CONSTITUCIONAL

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Academic year: 2021

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DIREITO CONSTITUCIONAL

CONCURSO: Departamento Penitenciário Nacional CARGO: Agente Penintenciário

PROFESSORA: Paola Restini

Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei n.º 9.610/1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Rateio é crime!!! Valorize o trabalho do professor e adquira o curso de forma honesta,

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AULA INAUGURAL

1. APRESENTAÇÃO ... 3

1.1 CRONOGRAMA DAS AULAS. ... 3

1.2 O CURSO ... 4

1.3 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ... 5

2. ESTRUTURA DAS CONSTITUIÇÕES... 7

2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS ... 7

2.2 NORMAS DE EFICÁCIA PLENA ... 8

2.3 NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA ... 8

2.4 NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA ... 8

2.5 NORMAS DE EFICÁCIA ABSOLUTA ... 10

2.6 NORMAS COM EFICÁCIA PLENA ... 10

2.7 NORMAS COM EFICÁCIA RELATIVA RESTRINGÍVEL ... 10

2.8 NORMAS COM EFICÁCIA RELATIVA COMPLEMENTÁVEL OU DEPENDENTES DE COMPLEMENTAÇÃO. ... 10

2.9 APLICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS NO TEMPO ... 10

3. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL ... 12

4. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL ... 19

5. PRINCÍPIOS QUE REGEM A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL EM SUAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. ... 19

6. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ... 21

7. LIMITES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. ... 23

8. A EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ... 23

9. CARACTERÍSTICA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ... 24

10. O ARTIGO 5° DA CF/88 ... 25

11. QUESTÕES PARA FIXAÇÃO ... 62

12. RESUMO DA AULA ... 85

13. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 98

Temas abordados: Constituição, conceito, classificações, princípios fundamentais e direitos e garantias fundamentais.

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1. Apresentação

Prezado aluno, nossa aula demonstrativa tratará do Tema Constituição, conceito, classificações, princípios fundamentais e direitos e garantias fundamentais.

Destaco que apresentaremos conteúdo completo para sua prova, bem como questões comentadas e resumo da aula ao final de cada material.

A proposta deste curso é dar a você o melhor suporte teórico, para a resolução das questões objetivas dos concursos do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás, Tribunal Regional Eleitora de Minas Gerais, Tribunal de Contas da União, TFCE, Técnico Ministério Público da União, Defensoria Pública da União (técnico e analista) e ABIN (Agente e oficial de inteligência). Tudo isso em linguagem fácil e com muitos esquemas, para facilitar a fixação.

Além disso, resolveremos milhares de questões em nossas aulas. Questões comentadas, de varias bancas, como CESPE, FCC, Vunesp, Cesgranrio entre outras. Você ficará "expert" nessas bancas, não tem jeito de errar na hora da prova!

1.1 Cronograma das Aulas.

Antes de iniciar os estudos, me apresento: meu nome é Paola Restini, sou professora de Direito Constitucional e Previdenciário e estarei aqui para um único objetivo: a aprovação de vocês!

A matéria será dividida em vários assuntos.

O objetivo dessa divisão é fazer com que o leitor se prepare para a realização de provas de concursos, sem grandes dificuldades. A apresentação do tema será de forma clara, didática, sem embromação. A linguagem utilizada é simples e acessível a todos. Abordarei os assuntos de modo objetivo com inúmeros quadros e tabelas comparativos, o que facilita o entendimento e a memorização. Ao final de cada titulo, inclui as questões mais recentes de provas, para que o leitor tenha a oportunidade de testar seu conhecimento e perceber de forma bem clara como os temas são cobrados em provas.

É uma leitura que recomendo, pois quanto mais objetivo e simples for à leitura, maior será o grau de aprovação.

Agora chegou a hora de conhecer um pouco mais sobre mim.

Me formei em direito e já obtive êxito na prova da OAB. Tentei advogar na iniciativa privada, mas não era o que realmente queria. Iniciei meus estudos para concursos públicos, e ao mesmo tempo, comecei a dar aulas nessa área e escrever livros. Me identifiquei muito lecionando.

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A partir daí as oportunidades foram surgindo. Me aperfeiçoei em cursos de extensão em direito previdenciário e logo mais termino minha pós graduação na área.

Segue meu currículo para vocês me conhecerem melhor:

o Bacharel em Direito pela Faculdade Colégio Osvaldo Cruz;

o Pós graduada em Direito Administrativo e Comercial com relações com o mercado;

o Pós graduada em Direito Previdenciário;

o Professora de Direito Constitucional, Administrativo e Previdenciário na escola preparatória para concursos Eclipse em Ribeirão Preto.

Para que vocês obtenham sucesso nessa escola que é o concurso público basta manter o foco e ter disciplina, sendo objetivo e organizado.

Torço pelo sucesso de vocês!

1.2 O Curso

O objetivo maior deste curso é compilar os estudos das leis com o regulamento e suas alterações de forma a facilitar os estudos de vocês para a tão sonhada aprovação.

O curso contará com a análise das jurisprudências atuais bem como com resolução de questões da CESPE, FCC, Vunesp, Cesgranrio entre outras E mais, vocês poderão tirar dúvidas comigo por email.

Meu objetivo maior é fazer com que vocês estudem de uma forma objetiva, sem se tornar cansativo, pois sei muito bem como é chato ficar lendo artigos, jurisprudências e doutrinas.

Espero que vocês alcancem a tão sonhada aprovação. Vamos agora ao nosso cronograma!

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL:

1 Constituição. 1.1 Conceito, classificações, princípios fundamentais.

2 Direitos e garantias fundamentais. 2.1 Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos.

3 Organização político-administrativa. 3.1 União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios.

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4 Administração Pública. 4.1 Disposições gerais, servidores públicos.

5 Poder legislativo. 5.1 Congresso nacional, câmara dos deputados, senado federal, deputados e senadores.

6 Poder executivo. 6.1 atribuições do presidente da República e dos ministros de Estado.

7 Poder judiciário. 7.1 Disposições gerais. 7.2 Órgãos do poder judiciário. 7.2.1Competências. 7.3 Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 7.3.1 Composição e competências.

8 Funções essenciais à justiça. 8.1 Ministério Público, Advocacia e Defensoria Públicas.

1.3 Considerações iniciais

Iniciaremos nossa aula apresentando o conceito de Constituição.

A Constituição é a lei fundamental e suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do povo. Ela determina a organização político-jurídica do Estado, dispondo sobre a sua forma, os órgãos que o integram e as competências destes bem como a aquisição e o exercício do poder. Cabe também a ela estabelecer as limitações ao poder do Estado e enumerar os direitos e garantias fundamentais.

Para compreender bem o Direito Constitucional, é fundamental que estudemos a hierarquia das normas, através do que a doutrina denomina "pirâmide de Kelsen".

A pirâmide de Kelsen representa bem como nosso ordenamento jurídico é dividido: em seu vértice se encontra a Constituição e as emendas constitucionais, conhecidas como o fundamento e a validade de todas as demais normas do sistema. Assim, nenhuma norma do ordenamento jurídico pode se opor à Constituição: ela é superior a todas as demais normas jurídicas, que são, por isso mesmo, denominada infraconstitucional.

Importante destacar aqui, que após a promulgação da emenda constitucional de número 45 de 2004, os tratados internacionais de direitos humanos passaram a ter status de emenda constitucional situando-se, portanto, no topo da pirâmide, juntamente com a Constituição Federal.

Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados pelo rito ordinário, têm, segundo o STF, "status" supralegal. Isso significa que se situam logo abaixo da Constituição e acima das demais normas do ordenamento jurídico.

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Logo abaixo da CF e das emendas, encontramos as normas infraconstitucionais, como as leis, tratados, medidas provisórias, decretos legislativos normas constitucionais, as resoluções legislativas, os tratados internacionais em geral incorporados ao ordenamento jurídico e os decretos autônomos. Todas essas normas serão estudadas em detalhes em aula futura, não se preocupem!

O importante aqui é vocês saberem quais são as normas existentes e que não há hierarquia entre elas.

Essas normas são primárias, sendo capazes de gerar direitos e criar obrigações, desde que não contrariem a Constituição.

Destaca-se que o Supremo Tribunal Federal entende que a lei complementar não é hierarquicamente superior a lei ordinária. Ambas possuem campo de atuação diverso, ou seja, eventuais alterações no texto da lei podem ocorrer tanto pela lei ordinária quanto pela lei complementar (lógico que aqui temos as condições de cada uma, que veremos em aula específica).

Por fim, abaixo das leis encontram-se as normas infra legais. Tais normas não tem poder de gerar direitos nem de criar obrigações, são exemplos: portarias, instruções normativas, entre outras.

Vejamos:

Constituição, Emendas Constitucionais, Tratados Internacionais de Direitos Humanos

aprovados como emendas constitucionais.

Outros tratados internacionais de direitos humanos.

Leis complementares, ordinárias e delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos,

resoluções, decretos autônomos, etc.

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2. Estrutura das Constituições

A Constituição se divide em três partes: preâmbulo, parte dogmática e disposições transitórias.

O preâmbulo é a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. Serve para sintetizar a ideologia do poder constituinte originário, expondo os valores por ele adotados e os objetivos por ele perseguidos. Segundo o STF, ele não dispõe de força normativa, não tendo caráter vinculante.

A parte dogmática da Constituição é o texto constitucional propriamente dito, onde se encontram os direitos e deveres criados pelo poder constituinte. Tais normas não têm caráter transitório, embora possam ser modificadas pelo poder constituinte derivado, mediante emenda constitucional.

Por fim, a parte transitória da Constituição visa a integrar a ordem jurídica antiga à nova, quando do advento de uma nova Constituição, garantindo a segurança jurídica e evitando o colapso entre um ordenamento jurídico e outro.

2.1 Classificação das normas constitucionais

O grande jurista Michel Temer, dispõe que: “considerando que a Constituição Federal de 1988 é do tipo formal, entende-se por normas constitucionais quaisquer disposições nela inseridas, independentemente de seu conteúdo. Assim, a distinção entre normas formalmente materiais (todas as normas da CF/88) e normas materialmente constitucionais (aquelas que regulam a estrutura do Estado, a organização do Poder e os direitos fundamentais) é irrelevante, à luz da Constituição atual”.

Para que haja a aplicação das normas constitucionais mister analisar alguns pontos: vigência, validade ou legitimidade e eficácia.

Vejamos cada um deles.

 Vigência: compreende o período entre a entrada em vigor da norma e sua revogação, durante o qual a norma existe juridicamente e tem observância obrigatória.

 Validade e legitimidade: é a compatibilidade da norma com o ordenamento jurídico. No caso da Constituição, tendo em vista situar-se no topo do ordenamento jurídico, sua validade não depende de qualquer outra norma. Seu fundamento advém do poder constituinte originário, cujo titular é o povo.

 Eficácia: é a qualidade de a norma produzir efeitos jurídicos. OBS: Aplicabilidade e eficácia são fenômenos distintos, embora intimamente relacionados. A aplicabilidade é a

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capacidade de aplicação da norma, enquanto a eficácia é sua capacidade de produzir efeitos. A aplicabilidade depende da eficácia, só sendo aplicável a norma eficaz. Enquanto a eficácia se dá quanto à produção potencial de efeitos, a aplicabilidade exige realizabilidade, praticidade.

Todas as normas constitucionais apresentam juridicidade, ou seja, produzem efeitos jurídicos.

José Afonso da Silva classifica as normas constitucionais em: normas de eficácia plena, normas de eficácia contida e normas de eficácia limitada.

2.2 Normas de eficácia plena

São aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos que o legislador constituinte quis regular. E o caso do art. 2° da CF/88,o qual dispõe: "são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o judiciário". São normas de aplicabilidade direta, imediata e integral: produzem todos os efeitos de imediato, independentemente de lei posterior que lhes complete o alcance e o sentido.

2.3 Normas constitucionais de eficácia contida

São aquelas em que a Constituição regulou suficientemente os interesses relativos à determinada matéria, mas permitiu a atuação restritiva por parte do Poder Público. Um exemplo é o art. 5°, LVIII, que estabelece que "o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses

previstas em lei". O dispositivo é de aplicabilidade imediata, produzindo todos

os efeitos imediatamente. Entretanto, pode ter sua eficácia restringida por lei ordinária. Importante ressaltar que, enquanto tal lei ordinária não for criada, sua eficácia é plena, ou seja, não depende de lei para produzir todos os efeitos.

Cabe destacar que a aplicabilidade das normas de eficácia contida é direta e imediata, mas não é integral, já que podem ter sua eficácia restringida por lei, por outras normas constitucionais ou por conceitos jurídicos indeterminados nelas presentes (ao fixar esses conceitos, o Poder Público poderá limitar seu alcance, como é o caso do art.5°, XXIV e XXV, que restringem o direito de propriedade estabelecido no art.5°, XXII da CF/88).

2.4 Normas constitucionais de eficácia limitada

São aquelas que dependem de regulamentação futura para produzirem todos os seus efeitos. Sua aplicabilidade é indireta, mediata e reduzida, pois somente

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produzem integralmente seus efeitos quando regulamentadas por lei posterior que lhes amplia a eficácia.

José Afonso da Silva as subdivide em normas declaratórias de princípios institutivos ou organizativos e normas declaratórias de princípios programáticos. As primeiras são aquelas que dependem de lei para estruturar e organizar as atribuições de instituições, pessoas e órgãos previstos na Constituição. É o caso do art. 18, §30, CF/88, que dispõe: "os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar". Já as segundas estabelecem programas a serem desenvolvidos pelo legislador infraconstitucional. Um exemplo é o art. 196 da Carta Magna que dispõe: "a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação".

É importante destacar que, embora as normas de eficácia limitada não produzam todos os efeitos tão somente com sua promulgação, muitos entendem que estas completamente desprovidas de eficácia jurídica, o que é mentira! Sua eficácia é limitada, não inexistente! Isso porque, independentemente de regulamentação pelo legislador infraconstitucional, produzem alguns efeitos: revogam disposições anteriores em sentido contrário e impedem a validade de leis posteriores que se oponham a seus comandos.

Resumindo:

Outra classificação das normas constitucionais bastante cobrada em concursos • Produzem ou estão aptas a produzir efeitos desde sua

entrada em vigor.

• Aplicabilidade direta, imediata e integral. Norma de eficácia plena

• Podem sofrer resstrições.

• Aplicabilidade direta e imediata, mas não integral. Normas de eficácia contida

• Necessitam de regulamentação para produzir todos os seus efeitos.

• Aplicabilidade indireta, mediata e reduzida. Normas de Eficácia limitada

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públicos é aquela proposta por Maria Helena Diniz, explanada a seguir.

2.5 Normas de eficácia absoluta

São aquelas que não podem ser suprimidas por meio de emenda constitucional. Podemos citas como exemplo o art. 60, parágrafo 4° da CF/88, que dispõe: "não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes e, finalmente, os direitos e garantias individuais. São as denominadas cláusulas pétreas expressas.

2.6 Normas com eficácia plena

O conceito utilizado pela autora é o mesmo aplicado por José Afonso da Silva

para normas de eficácia plena. Destaca-se que essas normas se assemelham às de eficácia absoluta por possuírem aplicabilidade imediata, independendo de regulamentação para produzirem todos os seus efeitos. A distinção entre elas se dá pelo fato de as normas com eficácia plena poderem sofrer emendas tendentes a suprimi-las.

2.7 Normas com eficácia relativa restringível

Essas normas são as normas de eficácia contida, referidas anteriormente. Essas normas possuem cláusula de redutibilidade, possibilitando que atos infraconstitucionais lhes componham o significado. Além disso, sua eficácia poderá ser restringida ou suspensa pela própria Constituição.

2.8 Normas com eficácia relativa complementável ou dependentes de complementação.

São equivalentes às normas de eficácia limitada de José Afonso da Silva, ou seja, dependem de legislação infraconstitucional para produzirem todos os seus efeitos. Alguns autores consideram, ainda, a existência de normas constitucionais de eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada. São normas cujos efeitos cessaram, não mais apresentando eficácia jurídica. É o caso de vários preceitos do ADCT da CF/88.

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Com o advento de uma nova constituição todos os atos normativos com ela compatíveis permanecem validos, ou seja, a nova constituição recepciona esses atos. Podemos citar como exemplo o Código Tributário Nacional que, embora tenha sido criado como lei ordinária, foi recepcionado como lei complementar.

Destaca-se que no caso de lei editada por ente federativo diverso daquele ao qual a nova Constituição atribuiu competência para dispor sobre a matéria, esta também será recepcionada, se houver compatibilidade material com o novo texto constitucional. Nesse caso, a lei será recebida como se tivesse sido editada pelo ente competente para tratar da matéria.

Outra possibilidade de recepção se dá quando a nova Constituição determina, expressamente, a continuidade de dispositivos daquela que lhe precedeu.

Insta mencionar que o princípio da recepção não ocorre no caso de emenda constitucional. Isso porque o poder de reforma encontra limites na própria Constituição. Assim, o que se dá, no caso de edição de emenda constitucional, é a revogação do direito ordinário anterior, se desconforme com ela, ou a manutenção de sua validade, caso ele seja com ela compatível.

Muitos autores entendem que as normas, no caso de entrada em vigor de uma nova Constituição, com ela incompatíveis se tornam inconstitucionais, pelo fenômeno da inconstitucionalidade superveniente. Porém, essa não é a posição do STF.

Para o STF, trata-se de simples conflito de normas no tempo, em que a norma posterior revoga a anterior. Nesse caso, portanto, haveria simples revogação, e não inconstitucionalidade.

Os atos que são incompatíveis com a nova Constituição serão revogados (tanto expressamente quanto tacitamente), suprimidos no nosso ordenamento jurídico, ou seja, perdem sua vigência.

Curiosidade: os atos revogados pela Constituição pretérita podem ser revogados pela nova Constituição?

Claro que sim! Trata-se da repristinação (provas de concursos adora perguntar o que é repristinação).

Vamos ao conceito de repristinação!

É o fenômeno pelo qual “ressuscita” as normas anteriormente revogadas. Tal prática somente é admitida em casos excepcionais e quando há disposição expressa nesse sentido em virtude da necessidade de se resguardar a segurança jurídica. Por esse motivo, em regra, só ocorre recepção de dispositivos legais em vigor no momento da promulgação da nova Constituição.

Por fim, pode uma norma constitucional revogada na vigência da Constituição pretérita adquirir "status" de lei com a promulgação da nova Constituição?

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Tem-se, aí, o princípio da desconstitucionalização, em que a nova Constituição recepciona as normas da pretérita, conferindo-lhes "status" legal. Embora não houvesse óbice para que a CF/88 adotasse a desconstitucionalização, ela não o fez, nem de forma genérica nem quanto a algum dispositivo específico.

Pronto! Vimos os conceitos e as classificações da Constituição Federal. Partiremos para os princípios fundamentais.

Essa parte quase não cai em prova: DESPENCA! Por isso prestem muita atenção, e caso tenham dúvidas podem entrar em contato comigo por email.

3. Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil

Primeiramente vamos analisar dois conceitos: regras constitucionais e princípios constitucionais.

As regras e os princípios são espécies de normas constitucionais. As primeiras são mais concretas, servindo para definir condutas. Já os segundos são mais abstratos. Não definem condutas, mas sim diretrizes para que se alcance a máxima concretização da norma. Por esse motivo, as regras não admitem o cumprimento ou o descumprimento parcial, mas apenas total, enquanto os princípios podem ser cumpridos apenas parcialmente.

Assim, quando duas regras entram em conflito, cabe ao aplicador do direito determinar qual delas foi suprimida pela outra. Já no caso de confronto entre princípios, o conflito é apenas aparente, ou seja, um não será excluído pelo outro. Portanto, apesar de a Constituição, por exemplo, garantir a livre manifestação do pensamento (art.5°, IV, CF/88), esse direito não é absoluto. Ele encontra limites na proteção à vida privada (art.5°, X, CF/88), outro direito protegido constitucionalmente.

Os princípios fundamentais são as características essenciais de um Estado, representam os valores que orientaram o constituinte na elaboração da Constituição bem como suas escolhas políticas fundamentais.

Segundo Alexandre de Morais, “são os princípios constitucionais politicamente conformadores do Estado, que explicitam as valorações políticas fundamentais do legislador constituinte, revelando as concepções políticas triunfantes numa Assembleia Constituinte, constituindo-se, assim, no cerne político de uma Constituição política”.

Estão dispostos no Título I, artigo primeiro na Constituição Federal:

Art. 10 A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

1 - a soberania; II - a cidadania;

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III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Vejamos cada um deles.

No "caput", observa-se a forma de estado adotada pelo Brasil, qual seja: a federação.

O que é federação?

Dá-se o nome de Federação ou Estado federal a um Estado composto por diversas entidades territoriais autônomas, dotadas de governo próprio.

Depreende-se, ainda, que a Federação brasileira é composta por União, estados-membros, Distrito Federal e Municípios. Todos pessoas jurídicas de direito público, com vínculo indissolúvel (não há direito de secessão em nosso ordenamento jurídico). Na CF/88 os Municípios foram incluídos, pela primeira vez, como entidades federativas. Observe que os Territórios não fazem parte da Federação. Por isso, nosso federalismo é de terceiro grau: temos uma federação composta por União, Estados e Municípios. Em outros Estados, o federalismo é de segundo grau, composto apenas pelas esferas federal e estadual.

Segundo nossos doutrinadores, o Estado federal apresenta duas características: autonomia e participação.

A primeira traduz-se na possibilidade de os Estados e Municípios terem sua própria estrutura governamental e competências distintas daquelas da União. A participação desses entes consiste na possibilidade de interferir na formação das leis, através do Senado (órgão legislativo que representa os Estados).

Cabe lembrar que autonomia não se confunde com soberania. Soberania se concentra na autoridade suprema do poder representante, na hierarquia dos órgãos integrantes da Administração e, sobretudo, na justificação da autoridade conferida ao titular do poder supremo, não permitindo que dentro da sociedade haja um poder superior ao seu. Assim, temos que, mesmo a soberania pertencendo ao próprio povo, o povo deve se submeter à soberania no Estado. Ou seja: o Brasil possui personalidade internacional

Destaca-se que a federação pressupõe um território, dentro do qual o Estado federal exerce a soberania e a descentralização política dentro desse mesmo território. Isso significa que os membros da federação têm capacidade política assegurada pela Constituição.

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ramificações, todas dotadas de capacidade política concedida pela Constituição Federal. Tal capacidade implica na possibilidade de produção de normas de sua competência.

Como não há hierarquia entre os poderes, o governo de qualquer um deles não pode impor normas ou determinar ações a serem realizadas. Cada qual exerce sua competência dentro dos limites reservados pela CF/88.

Outra característica importante da federação é a indissolubilidade, ou seja, os entes federativos não têm direito a secessão (art. 1°, "caput", CF). Além disso, a federação é considerada como cláusula pétrea (art. 60, § 4°, 1, CF), não podendo sofrer emenda tendente a aboli-la.

Insta mencionar ainda o cooperativismo presente na federação sendo que a repartição de competências entre os entes da federação se dá de forma que todos contribuam para que o Estado alcance seus objetivos. Algumas competências são comuns a todos, como por exemplo, a colaboração técnica e financeira entre os entes para a prestação de alguns serviços públicos, e até mesmo repartição das receitas tributárias.

E quanto nossa forma de governo?? O modo como se dá a instituição do poder na sociedade e a relação entre governantes e governados.

Sem titubear: República.

E quais as características da República?

Caráter eletivo, representativo e transitório dos detentores do poder político.

Os governantes são eleitos pelo povo, o que vincula a forma de governo à democracia. Além disso, na República, o governo é limitado e responsável, surgindo à ideia de responsabilidade da Administração Pública.

Finalmente, o caráter transitório dos detentores do poder político é inerente ao governo republicano, sendo ressaltada, por exemplo, no art. 60, §40 da CF/88, o qual impede que seja objeto de deliberação a proposta de emenda constitucional tendente a abolir o "voto direto, secreto, universal e periódico".

Cabe destacar que a República é fundada na igualdade formal das pessoas, sendo terminantemente intolerável qualquer forma de discriminação.

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Continuando ainda na análise do artigo primeiro da CF/88, temos ainda o regime político adotado pelo Brasil, qual seja, democracia.

Esse regime garante uma sociedade pluralista, em que todas as pessoas se submetem às leis e ao Direito, que, por sua vez, são criados pelo povo, por meio de seus representantes. A lei e o Direito, nesse Estado, visam garantir o respeito aos direitos fundamentais, assegurando a todos uma igualdade material, ou seja, condições materiais mínimas a uma existência digna. Nos dizeres de Dirley da Cunha Jr, "o Estado Democrático de Direito, portanto, é o Estado Constitucional submetido à Constituição e aos valores humanos nela consagrados'".

Resumindo!

O princípio democrático é reforçado pelo parágrafo único do art.10 da Constituição Federal. Por ele conclui-se que em nosso Estado vigora a democracia semidireta

ou participativa. Nela há uma combinação de representação política com formas

de democracia direta (o plebiscito), referendo e iniciativa popular.

Ai vocês me questionam: qual a diferença entre plebiscito e referendo??

De acordo com o Tribunal Superior eleitoral, plebiscito e referendo são consultas ao povo para decidir sobre matéria de relevância para a nação em questões de natureza constitucional, legislativa ou administrativa.

•DEMOCRÁTICO

Regime

político

•REPÚBLICA

Forma de

governo

•FEDERAÇÃOo

Forma de

Estado

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A principal distinção entre eles é a de que o plebiscito é convocado previamente à criação do ato legislativo ou administrativo que trate do assunto em pauta, e o referendo é convocado posteriormente, cabendo ao povo ratificar ou rejeitar a proposta.

Ambos estão previstos no art. 14 da Constituição Federal e regulamentados pela Lei nº 9.709, de 18 de novembro de 1998. Essa lei, entre outras coisas, estabelece que nas questões de relevância nacional e nas previstas no § 3º do art. 18 da Constituição – incorporação, subdivisão ou desmembramento dos estados –, o plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto legislativo. Nas demais questões, de competência dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, o plebiscito e o referendo serão convocados em conformidade, respectivamente, com a Constituição Estadual e com a Lei Orgânica.

Os incisos do art. 1° da CF/88 preveem os fundamentos da República Federativa do Brasil, que são os pilares do nosso ordenamento jurídico. É o famoso

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Vamos ver cada uma delas?

A soberania é um poder supremo e independente. Por ser o Estado brasileiro é superior ou supremo a todas as outras pessoas no âmbito interno: as normas e decisões elaboradas pelo Estado prevalecem sobre as emanadas de grupos sociais intermediários.

É independente, pois não depende de nenhum outro poder para se manifestar,

A cidadania exige que o Poder Público incentive a participação popular nas decisões

SOCIDIVAPLU

SOBERANIA CIDADANIA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA

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políticas do Estado. Nesse sentido, está intimamente ligada ao conceito de democracia, supondo que o cidadão seja responsável pela construção de seu Estado, da sua ordem democrática.

A dignidade da pessoa humana é um dos pontos mais importantes dos fundamentos da República Federativa do Brasil, ela é a base de todos os direitos fundamentais, pois coloca o ser humano a uma preocupação central para o Estado brasileiro. Determina que a pessoa humana deve ser tratada como um fim em si mesma, e não como meio para se obter um resultado.

Segundo o STF, a dignidade da pessoa humana é princípio supremo, "significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso País e que traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre nós, a ordem republicana e democrática consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo.'"

Com base nesse principio, o STF decidiu: "assistir, a qualquer pessoa, o direito fundamental à orientação sexual, havendo proclamado, por isso mesmo, a plena legitimidade ético-jurídica da união homoafetiva como entidade familiar, atribuindo-lhe, em consequência, verdadeiro estatuto de cidadania, em ordem a permitir que se extraiam, em favor de parceiros homossexuais, relevantes consequências no plano do Direito, notadamente no campo previdenciário, e, também, na esfera das relações sociais e familiares".

Considerou ainda que "a extensão, às uniões homoafetivas, do mesmo regime jurídico aplicável à união estável entre pessoas de gênero distinto justifica- se e legitima-se pela direta incidência, dentre outros, dos princípios constitucionais da igualdade, da liberdade, da dignidade, da segurança jurídica e do postulado constitucional implícito que consagra o direito à busca da felicidade, os quais configuram, numa estrita dimensão que privilegia o sentido de inclusão decorrente da própria Constituição da República (art. 10, III, e art. 30, IV), fundamentos autônomos e suficientes aptos a conferir suporte legitimador à qualificação das conjugalidades entre pessoas do mesmo sexo como espécie do gênero entidade familiar". Além disso, entendeu ser impossível a coação do pai no sentido da realização do exame de DNA.

Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa foram considerados como fundamentos tendo em vista que o trabalho tem um valor social. Podemos observar essa norma analisando concomitantemente o artigo 170 da CF/88 o qual dispõe: "a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social".

Por fim, o pluralismo político visa garantir a inclusão dos diferentes grupos sociais no processo político nacional.

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4. Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil

O art. 3° da CF/88 estabelece os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, sendo eles:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Para que vocês nunca mais esqueçam, pois as provas costumam misturar os objetivos com os fundamentos, vai uma dica: objetiVos = V de verbo – todos os objetivos começam com verbos!

Cabe destacar aqui que o último inciso, que trata da promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, consagra a igualdade formal, como por exemplo, a reserva de vagas nas Universidades Federais, a serem ocupadas exclusivamente por alunos egressos de escolas públicas. Busca-se tornar o sistema educacional mais justo, mais igual. Não se trata de preconceito, mas de uma ação afirmativa do Estado. Complementando esse conceito, o STF dispôs que "ações afirmativas são medidas especiais tomadas com o objetivo de assegurar progresso adequado de certos grupos raciais, sociais ou étnicos ou indivíduos que necessitem de proteção, e que possam ser necessárias e úteis para proporcionar a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades fundamentais, contanto que, tais medidas não conduzam, em consequência, à manutenção de direitos separados para diferentes grupos raciais, e não prossigam após terem sido alcançados os seus objetivos" (REsp 1132476/PR, Rei. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/10/2009, Die 21/10/2009)

5. Princípios que regem a República Federativa do Brasil em suas relações internacionais.

O artigo 4° da CF/88 prevê os princípios que regem a RFB em suas relações internacionais, sendo eles:

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Art.4°: A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

1 - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

É bem simples esse artigo, sendo, na maioria das vezes, cobrados da seguinte maneira: o legislador mistura tais fundamentos com os objetivos. Mas como eu dei uma diquinha básica, vocês não vão errar! Objetivos são os verbos!!! Tal artigo foi criado através da grande inspiração no sentimento de paz mundial após a Segunda Guerra Mundial.

Podemos perceber ao analisarmos os incisos III, IV, VI, VII e IX, os quais dispõem: a autodeterminação dos povos, ou seja, respeitar a sua soberania, não intervindo em suas decisões. Isso porque defende a paz e, para tal, a solução pacífica dos conflitos, assumindo que as relações entre os povos devem ser de cooperação. Para que se alcançasse a paz mundial, que era o desejo dos nossos constituintes, necessário se fazia a independência nacional, ou seja, ter sua soberania respeitada pelas outras nações. Ademais, verificou-se que a paz somente seria possível com a igualdade entre os Estados, pois a existência de colônias e as sanções impostas à Alemanha após a Primeira Guerra Mundial foram as principais causas para a eclosão da Segunda Guerra. A igualdade entre os Estados é uma contrapartida à independência nacional: é o compromisso de que uns respeitem a soberania dos outros. Esses são os motivos pelos quais os incisos I e V do art. 40 foram

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escolhidos por nosso constituinte como princípios das relações internacionais do Brasil.

A Carta da ONU assume como princípio o estímulo aos direitos humanos. Inspirado naquela Carta, nosso constituinte elevou à condição de princípios a serem buscados pela RFB em suas relações internacionais a prevalência dos direitos humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo.

O parágrafo único do art.4° da Constituição traz um objetivo a ser buscado pelo Brasil em suas relações internacionais: a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

Ficar atento aqui, pois o examinador costuma trocar algumas palavrinhas como: América Latina por América do Sul.

Pronto! Agora vamos entrar no tópico mais importante de Direito Constitucional, os Direitos e Garantias Fundamentais.

6. Direitos e Garantias Fundamentais

Os Direitos fundamentais são os bens protegidos pela constituição Federal, como a vida, a liberdade, propriedade e outros mais.

As garantias são os meios ou as formas de se protegerem desses bens, ou seja, os instrumentos constitucionais utilizados para materializar os direitos, como o habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, etc.

Podemos classificar os direitos fundamentais em quatro gerações.

A Primeira geração abrange os direitos relativos à liberdade, isto é, os civis e políticos, reconhecidos no final do século XVIII, com as Revoluções Francesas e Americana. Tem o escopo de restringem a ação do Estado sobre o indivíduo, impedindo que este se intrometa de forma abusiva na vida privada das pessoas. São por isso também chamado liberdades negativas: traduzem a liberdade de não sofrer ingerência abusiva por parte do Estado. Exemplo: direito de propriedade.

Os de segunda geração abrangem os direitos referentes à igualdade, tais como aqueles ligados aos direitos econômicos, sociais e culturais. Tais direitos são

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representados por liberdades positivas, ou seja, os indivíduos recebem prestações do Estado através de políticas e serviços públicos, como no caso da educação, por exemplo. Destaca-se que alguns desses direitos consubstanciam liberdades negativas, de não fazer, tais como o direito de greve.

Já os direitos de terceira geração referem-se ao principio da fraternidade, compreendendo os direitos difusos e coletivos, tais como o direito do consumidor e o direito ao desenvolvimento.

Mas o que seria os direitos difusos e coletivos?

Conclui-se portanto, que as três primeiras gerações seguem o lema: igualdade, liberdade e fraternidade.

Alguns doutrinadores, ainda, considera a existência de mais uma geração, a quarta, a qual inclui o direito a democracia, a informação e ao pluralismo político.

Como não temos, ainda, um consenso, não vamos nos aprofundar nessa geração. Direitos Difusos

Apresentam indivisibilidade, ou seja, é impossível satisfazer-se

um de seus titulares

individualmente. Isso porque seus sujeitos são indeterminados.

Exemplo: ar puro

Direitos Coletivos

Também têm natureza indivisível, mas têm como titulares um grupo, uma categoria ou uma classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma

relação jurídica.

Exemplo: direitos de

determinadas categorias sindicais que agem coletivamente por meio

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Outro ponto importante a ser destacado é a natureza dos direitos fundamentais. Eles possuem natureza relativa e não absoluta!

Todos os direitos encontram limites uns nos outros. Casa haja conflito entre dois direitos, não haverá o sacrifício total de um em relação ao outro, mas redução proporcional de ambos, buscando-se, com isso, alcançar a finalidade da norma.

Também é importante destacar que os direitos fundamentais cumprem a função de direito de defesa dos cidadãos, sob dupla perspectiva: não permitem aos Poderes Públicos a ingerência na esfera jurídica individual, bem como conferem ao indivíduo, poder para exercê-los e exigir do Estado à correção das omissões a eles relativas.

7. Limites aos direitos fundamentais.

Conforme mencionado acima, os direitos são relativos e não absolutos e para complementar essa tese a doutrina apresentam duas teorias: a externa e a interna.

A primeira preceitua que as limitações aos direitos fundamentais encontram-se externamente a seu conceito, ou seja, os direitos são restringíveis, respeitando o principio da proporcionalidade ou da proteção de seu núcleo essencial, como por exemplo, o direito a vida pode sofrer restrições no caso concreto (fala-se aqui do aborto).

Já a segunda estabelece que o conteúdo de um direito somente pode ser definido após seu confronto com os demais direitos.

8. A Eficácia dos Direitos Fundamentais

Antigamente os direitos fundamentais eram tidos como eficácia vertical, ou seja, somente se aplicavam nas relações entre o individuo e o Estado.

Após o século XX, surge a teoria da eficácia horizontal a qual estende essa aplicação não somente entre as relações de indivíduos e o Estado, mas também nas relações entre particulares, podendo ser de maneira indireta e mediata ou direta e imediata.

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A eficácia indireta e mediata consiste em aplicar os direitos fundamentais somente nas relações entre particulares de maneira indireta, através de cláusulas gerais de direito privado. Tal teoria é totalmente incompatível como nosso texto constitucional, pois, como vimos anteriormente, as normas definidoras dos direitos fundamentais possuem aplicabilidade imediata.

A eficácia direta e imediata consiste na aplicação dos direitos fundamentais diretamente nas relações entre particulares, sendo que esses estão obrigados a cumprir os direitos na mesma proporção que o poder público. Essa teoria é a adotada pelo nosso ordenamento.

9. Característica dos direitos fundamentais

Os direitos fundamentais possuem as seguintes características:  Historicidade;  Universalidade;  Inalienabilidade;  Imprescritibilidade;  Irrenunciabilidade;  Limitabilidade;  Concorrência e  Proibição de retrocesso.

A historicidade decorre da criação dos mesmos através de acontecimentos históricos.

A universalidade dispõe que os direitos fundamentais são comuns a todos os seres humanos, respeitadas suas particularidades. Isso porque existem direitos comuns a todos (como o direito à vida, por exemplo) e direitos próprios de um grupo (como os direitos dos trabalhadores).

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A inalienabilidade preceitua que os direitos fundamentais são intransferíveis e inegociáveis, não podendo ser abolidos por vontade de seu titular. Além disso, não possuem conteúdo econômico-patrimonial.

Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se perdem com o tempo, sendo sempre exigíveis.

Irrenunciabilidade: o titular dos direitos fundamentais não pode deles dispor, embora possa deixar de exercê-los. É admissível, entretanto, em algumas situações, a autolimitação voluntária de seu exercício, num caso concreto.

Limitabilidade: não há direitos fundamentais absolutos. Trata-se de direitos relativos, limitáveis, no caso concreto, por outros direitos fundamentais. No caso de conflito entre eles, há uma concordância prática ou harmonização: nenhum deles é sacrificado definitivamente.

Concorrência: os direitos fundamentais podem ser exercidos cumulativamente, podendo um mesmo titular possuir vários direitos ao mesmo tempo.

Proibição do retrocesso: por serem os direitos fundamentais o resultado de um processo evolutivo, de conquistas graduais da Humanidade, não podem ser enfraquecidos ou suprimidos. Isso significa que as normas que os instituem não podem ser revogadas ou substituídas por outras que os diminuam, restrinjam ou suprimam.

10. O artigo 5° da CF/88

Após essas considerações acerca dos direitos fundamentais, vamos iniciar o estudo do artigo mais importante do nosso ordenamento jurídico, o artigo 5°.

Art.5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: ( ... )

Há a previsão de cinco direitos fundamentais: os direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

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Apesar de referir-se apenas a "brasileiros e estrangeiros residentes no país", há consenso na doutrina de que eles abrangem qualquer pessoa que se encontre em território nacional, mesmo que seja estrangeira residente no exterior, como no caso dos turistas.

Nesse sentido, o STF entende que o súdito estrangeiro, aquele sem domicílio no Brasil, tem direito a todas as prerrogativas básicas que lhe assegurem a preservação do status libertatis e a observância, pelo Poder Público, da cláusula constitucional do due process.

Com relação ao direito a vida, importante destacar um recente entendimento do nosso STF: “é legítima e não ofende o direito a vida nem, tampouco, a dignidade da pessoa humana, a realização de pesquisas com células-tronco embrionárias, obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização "in vitro" e não utilizados neste procedimento”. Isso tem sido cobrado em prova!

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

Conceitua-se aqui o princípio da igualdade, que determina que se dê tratamento igual aos que estão em condições equivalentes e desigual aos que estão em condições diversas, dentro de suas desigualdades. Obriga tanto o legislador quanto o aplicador da lei.

Cabe destacar que o legislador fica obrigado a obedecer à 'igualdade na lei", não podendo criar leis que discriminem pessoas que se encontram em situação equivalente, exceto quando houver razoabilidade para tal, como por exemplo: concurso público para provimento de vagas somente a pessoas do sexo masculino. O mesmo vale para limites de idade em concursos públicos: o STF considera a previsão legítima quando justificada pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido (súmula 683).

Nesse sentindo, entende o STF que não afronta o princípio da isonomia a adoção de critérios distintos para a promoção de integrantes do corpo feminino e masculino da Aeronáutica. Trata-se de uma hipótese em que a distinção entre homens e mulheres visa a atingir a igualdade material, sendo, portanto, razoável. Também entende a Corte Suprema que o foro especial para a mulher nas ações de separação judicial e de conversão da separação judicial em divórcio não ofende o princípio da isonomia entre homens e mulheres ou da igualdade entre os cônjuges. Isso porque não se trata de um privilégio estabelecido em favor das mulheres, mas de uma norma que visa a dar um tratamento menos gravoso à parte que, em regra, se encontrava e, ainda se encontra, em situação menos favorável econômica e financeiramente.

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Importante!

Lembrem-se! Somente a lei ou a própria Constituição podem determinar discriminações entre as pessoas. Os atos infralegais (como edital de concurso, por exemplo) não podem determinar tais limitações sem que haja previsão legal. Veja o interessante julgado do STF a respeito do assunto:

O principio da isonomia, que se reveste de auto-aplicabilidade, não é - enquanto postulado fundamental de nossa ordem politico jurídica - suscetível de regulamentação ou de complementação n o r m a t i v a . E s s e p r i n c i p i o - c u j a o b s e r v â n c i a v i n c u l a , incondicionalmente, todas as manifestações do Poder Público - de ve se r co ns id e r ado , e m sua p r e cípua fu nção de o bs tar discriminantes e de extinguir privilégios (RDA 55/114), sob duplo aspecto: (a) o da igualdade na lei; e (b) o da igualdade perante a lei. A igualdade na lei - que opera numa fase de generalidade puramente abstrata - constitui exigência destinada ao legislador que, no processo de sua formag5o, nela não poderá incluir fatores de discriminação, responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. A igualdade perante a lei, contudo, pressupondo lei já elaborada, traduz imposição destinada aos demais poderes estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão subordiná-la a critérios que ensejem tratamento seletivo ou discriminatório.

O STF entende que o principio da isonomia não autoriza ao Poder Judiciário estender a alguns grupos vantagens estabelecidas por lei a outros. Isso porque se assim fosse possível, o Judiciário estaria "legislando". O STF considera que, em tal situação, haveria ofensa ao principio da separação dos Poderes.

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

Percebemos aqui o principio da legalidade o qual preceitua que os particulares só podem ser obrigados a fazer ou deixar de fazer alguma coisa através de lei. Tal princípio se aplica também ao poder público, mas de maneira mais restrita, pois este somente pode fazer o que é permitido em lei, é uma legalidade estrita. Mas não se preocupem, veremos mais a funda na aula sobre Administração Pública.

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Para complementar, precisamos saber a diferença entre legalidade e reserva legal.

A legalidade consiste quando a CF/88 determina a submissão e o respeito à lei, ou a atuação dentro dos limites legais, ou seja, a lei adquire sentido mais amplo, sendo considerados também atos infra legais, desde que expedidos nos limites da norma legal. Trata-se da lei em sentido material, ou seja, todo ato normativo do Estado que obedeça às formalidades que lhe são próprias e contenha uma regra jurídica.

Já a reserva legal ocorre quando a Constituição exige expressamente que determinada matéria seja regulada por lei formal ou atos com força de lei (como decretos autônomos, por exemplo). E o caso do art. 173, §10, CF/88, que determina que lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica. Trata-se do sentido formal, ou seja, a lei é necessariamente emanada do Poder Legislativo, podendo conter ou não uma regra jurídica.

III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

Inciso tranquilo, sem necessidade de comentários adicionais.

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Trata-se da liberdade de expressão. Todos podem se manifestar, oralmente ou por escrito, desde que não seja feito anonimamente. A vedação ao anonimato visa a garantir a responsabilização de quem utilizar tal liberdade para causar danos a terceiros.

Com base na vedação ao anonimato, o STF veda, em regra, o acolhimento a denúncias anônimas. Essas poderão servir de base para gerar investigação pelo Poder Público, mas jamais poderão ser causa única de exercício de atividade punitiva pelo Estado.

Segundo a Corte, as autoridades públicas não podem iniciar qualquer medida de persecução (penal ou disciplinar), apoiando-se apenas em peças apócrifas ou em escritos anônimos. As peças apócrifas não podem ser incorporadas, formalmente, ao processo, salvo quando tais documentos forem produzidos pelo acusado, ou,

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ainda, quando constituírem, eles próprios, o corpo de delito (como sucede com bilhetes de resgate no delito de extorsão mediante sequestro, por exemplo). E por isso que o escrito anônimo não autoriza a imediata instauração de "persecutio criminis".

Entretanto, pode o Poder Público, provocado por delação anônima ("disque-denúncia", p. ex.), adotar medidas informais destinadas a apurar, previamente, em averiguação sumária, a possível ocorrência de ilicitude, desde que o faça com o objetivo de conferir a verossimilhança dos fatos nela denunciados. Em caso positivo, poderá, então, ser promovida a formal instauração da "persecutio criminis", mantendo-se completa desvinculação desse procedimento estatal em relação as peças apócrifas.

A prerrogativa jornalística em utilizar o sigilo da fonte foi uma inovação trazida pela Lei de Imprensa, nos seus artigos 7º, caput e 71, ao disporem que será assegurado e respeitado o sigilo quanto às fontes ou origem de informações recebidas ou recolhidas por jornalistas, rádio repórteres ou comentaristas, os quais não poderão ser compelidos ou coagidos a indicar o nome de seu informante ou a fonte de suas informações, não podendo seu silêncio, a respeito, sofrer qualquer sanção, direta ou indireta, nem qualquer espécie de penalidade.

Essa proteção jornalística também foi recepcionada pela Constituição Federal de1988 ao estabelecer que é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional (artigo 5º, inciso XIV).

Segundo Celso Mello [93], o texto constitucional intensificou, ainda mais, a ideia de que o sigilo da fonte é um "dos valores essenciais à preservação do Estado Democrático de Direito, além, de ser uma garantia básica de acesso à informação". V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou imagem;

Essa norma traduz o direito de resposta à manifestação do pensamento de outrem. Destaca que a resposta deverá ser sempre proporcional, ou seja, veiculada no mesmo meio de comunicação utilizado pelo agravo, com mesmo destaque, tamanho e duração. Salienta-se, ainda, que o direito de resposta se aplica tanto a pessoas físicas quanto a jurídicas ofendidas pela expressão indevida de opiniões. Destaca-se ainda que o direito de resposta proporcional ao agravo é aplicável em relação a todas as ofensas, independentemente de elas configurarem ou não infrações penais. Além disso, seu exercício não afasta o direito à indenização.

Outro aspecto importante a ser considerado é que as indenizações materiais, morais e a imagem são cumuláveis, ou seja, podem ser aplicadas conjuntamente tanto a pessoas físicas (indivíduos) quanto a jurídicas ("empresas").

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Importante ressaltar que as indenizações referente a imagem abrangem a honra, e, segundo a doutrina e a jurisprudência, o direito à honra se estende às pessoas jurídicas, que podem, inclusive, sofrer dano moral. É o que determina a Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça: "a pessoa jurídica pode sofrer dano moral".

Para o STF, há uma relação de proporcionalidade entre o dano moral ou material sofrido por alguém e a indenização que lhe caiba receber (quanto maior o dano maior a indenização), que opera no âmbito interno da potencialidade da ofensa e da concreta situação do ofendido. Nada tendo a ver com essa equação a circunstância em si da veiculação do agravo por órgão de imprensa, porque, senão, a liberdade de informação Jornalística deixaria de ser um elemento de expansão e de robustez da liberdade de pensamento e de expressão lato sensu para se tornar um fator de contração e de esqualidez dessa liberdade. Em se tratando de agente público, ainda que injustamente ofendido em sua honra e imagem, subjaz à indenização uma imperiosa cláusula de modicidade. Isso porque todo agente público está sob permanente vigília da cidadania. E quando o agente estatal não prima por todas as aparências de legalidade e legitimidade no seu atuar oficial, atrai contra si mais fortes suspeitas de um comportamento antijurídico francamente sindicável pelos cidadãos (ADPF 130, DJE de 6-11-2009).

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; Consagra-se, nesses incisos, a liberdade religiosa.

No que se refere ao inciso VII, observe que não é Poder Público o responsável pela prestação religiosa, pois o Brasil é um Estado laico, portanto a Administração Pública esta impedida de exercer tal função.

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou politica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigado legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Tal inciso contempla a norma conhecida como "escusa de consciência".

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Isso significa que, em regra, ninguém será privado de direitos por no cumprir obrigação legal imposta a todos devido a suas crenças religiosas ou convicções filosóficas ou politicas. Entretanto, caso isso aconteça, o Estado poderá impor prestação alternativa fixada em lei.

Caso o indivíduo se recuse a cumprir essa prestação, poderá sofrer restrição de seus direitos. Lembrem-se: para que isso aconteça é preciso que aconteça, cumulativamente, duas condições: recusar-se a cumprir obrigação legal alegando escusa de consciência e, ainda, não cumprir a prestação alternativa fixada pela lei. Ai sim poderá haver a perda de direitos políticos, na forma do art. 15, IV, da Constituição.

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

Simples: veda-se a censura. Entretanto, a liberdade de expressão, como qualquer direito fundamental, é relativa. Isso porque é limitada por outros direitos protegidos pela CF, como a inviolabilidade da privacidade e da intimidade do indivíduo, por exemplo.

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

A CF/88 protege o direito a intimidade e a vida privada bem como a honra e o direito a imagem.

Cabe destacar que para que haja condenação por dano moral, não é necessário ofensa à reputação do indivíduo. Esse é o entendimento do STF.

Outro entendimento do STF se da no sentido de que não se pode coagir suposto pai a realizar exame de DNA. Essa medida feriria, também, outros direitos humanos, como, por exemplo, a dignidade da pessoa humana, a intangibilidade do corpo humano. Nesse caso, a paternidade só poderá ser comprovada mediante outros elementos constantes do processo.

Importante, ainda, destacar que o STF entende ser válida decisão judicial proibindo a publicação de fatos relativos a um indivíduo por empresa jornalística.

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O fundamento da decisão é a inviolabilidade constitucional dos direitos da personalidade, notadamente o da privacidade.

Outra importante decisão do STF diz respeito à privacidade dos agentes políticos. Segundo a Corte, tal privacidade relativa, uma vez que estes devem à sociedade as contas da atuação desenvolvida. Mas isso não significa que quem se dedica à vida pública não tem direito à privacidade. O direito se mantém no que diz respeito a fatos íntimos e da vida familiar.

Destaque-se também que, segundo Alexandre de Moraes, a inviolabilidade do sigilo de dados (art.5°, XII) complementa a previsão do direito a intimidade e vida privada (art. 5°, X), sendo ambas as previsões uma defesa da privacidade e regidas pelo principio da exclusividade. Esse princípio pretende assegurar ao individuo, como ressalta Tercio Ferraz a "sua identidade diante dos riscos proporcionados pela niveladora pressão social e pela incontrastável impositividade do poder politico”.

XI - a casa é asilo inviolável do individuo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Muito importante esse inciso!

Trata-se da inviolabilidade domiciliar, a qual alcança não somente a residência do individuo, mas também o local onde ele exerce sua profissão.

E em quais hipóteses se pode entrar na casa do indivíduo? Três hipóteses:

 com o consentimento do morador;

 sem o consentimento, sob ordem judicial, apenas durante o dia;  sem o consentimento, a qualquer hora do dia, em caso de flagrante delito ou desastre, ou ainda, para prestar socorro.

OBS: para o código civil, durante o dia seria das 06:00 as 20:00 horas. Qual o conceito de casa?

Para o STF, o conceito de "casa" revela-se abrangente, estendendo-se a qualquer compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade (Código Penal, art. 150, § 40, III), bem como os escritórios profissionais. (HC 93.050, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 10-6-2008, Segunda Turma, DJE de 10-8-2008).

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Entretanto, embora o escritório esteja abrangido pelo conceito de "casa", o STF entende que não se pode invocar a inviolabilidade de domicilio como escudo para a prática de atos ilícitos em seu interior. Com base nisso, a Corte autorizou a instalação de escuta em um escritório de advogados, por ordem judicial.

A Corte também considerou válida ordem judicial que autorizava o ingresso de autoridade policial no estabelecimento profissional inclusive durante a noite para instalar equipamentos de captação de som ("escuta"). Entendeu-se que tais medidas precisavam ser executadas sem o conhecimento do investigado, o que seria impossível durante o dia.

É importante destacar que a inviolabilidade domiciliar também se aplica ao fisco e à polícia judiciária. Segundo o STF, "nem a Polícia Judiciária e nem a administração tributária podem, afrontando direitos assegurados pela Constituição da República, invadir domicílio alheio com o objetivo de apreender, durante o período diurno, e sem ordem judicial, quaisquer objetos que possam interessar ao Poder Público" (AP 370-3/DF, RTJ, 162:249-250).

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Esse dispositivo constitucional trata da inviolabilidade das comunicações e das correspondências. Mas como toda regra tem sua exceção, há a possibilidade de quebra do sigilo das comunicações telefônicas quando atendidos três requisitos: lei que preveja as hipóteses e na forma com que esta deva acontecer; existência de investigação criminal ou instrução processual penal e, finalmente, ordem judicial.

Como não há direito absoluto, admite-se, mesmo sem previsão expressa na Constituição, a interceptação das correspondências e das comunicações telegráficas e de dados, sempre que a norma constitucional esteja sendo usada para acobertar a prática de ilícitos. Isso porque a Constituição não pode servir como manto protetor para a ilicitude.

De acordo com a Lei 9.296, as interceptações telefônicas só podem ocorrer desde que haja a observância conjunta de três requisitos:

 Se existirem razoáveis indícios de autoria ou participação na infração penal;

 Se a prova não puder ser obtida por outros meios disponíveis;

 Se o fato investigado não constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção (só pode haver interceptação em crime punível com reclusão).

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A decisão judicial deverá ser fundamentada, devendo o magistrado indicar a forma de sua execução, que não poderá ter prazo maior que quinze dias, renovável por igual período. O STF entende que pode haver renovações sucessivas desse prazo, e não apenas uma única renovação da medida, pois há situações extremas que o exigem (STF, HC 106.129, DIE de 23.11.20 10).

Uma jurisprudência importante para provas de concurso é que o STF entende que, uma vez obtidas provas mediante quebra do sigilo das comunicações telefônicas com base no dispositivo constitucional acima, estas podem ser usadas, também, em processos de natureza administrativa. Trata- se da denominada "prova emprestada". Assim, caso uma "escuta telefônica" resulte em prova de que um juiz esteja recebendo dinheiro para atrasar o processo ou julgar a favor da parte, por exemplo, além de essa prova ser usada no processo penal do crime referente a essa pratica, poderá ser usada pela Corregedoria quando do processo administrativo destinado a apurar o ilícito e determinar a correspondente penalidade administrativa.

O STF entende ainda que "é valida a prova de um crime descoberta acidentalmente durante a escuta telefônica autorizada judicialmente para apuração de crime diverso". Assim, se o juiz havia autorizado uma escuta telefônica para apurar um crime de homicídio e descobre-se que um dos interlocutores cometeu o crime de sequestro, a prova será válida no processo referente a este crime (sequestro). Para o STF, também não se opera a inviolabilidade do escritório de advocacia, quando o próprio advogado seja suspeito da pratica de crime, sobretudo concebido e consumado no âmbito desse local de trabalho, sob pretexto de exercício da profissão.

Muitos alunos me fazem a seguinte pergunta: é possível a gravação telefônica por um dos interlocutores sem a autorização judicial, caso haja investida criminosa daquele que desconhece que a gravação esta sendo feita.

De acordo com o STF, é "inconsistente e fere o senso comum falar-se em violação do direito privacidade quando interlocutor grava diálogos com sequestradores, estelionatários ou qualquer tipo de chantagista".

Outra exceção à regra do sigilo prevista pelo STF é a admissão da interceptação da comunicação telefônica entre o acusado em processo penal e seu defensor. Isso porque, apesar de o advogado ter seu sigilo profissional resguardado para o exercício de suas funções, tal direito não pode servir como escudo para a prática de atividades ilícitas, pois nenhum direito é absoluto. O simples fato de ser advogado não pode conferir, ao individuo, imunidade na pratica de delitos no exercício de sua profissão.

Admite-se, também, que o sigilo de correspondência sofra limitações, no caso de conflito com outros bens jurídicos. Nesse sentido, entende o STF que a administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre

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