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Metáfora e Metonímia: perspectivas atuais

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Academic year: 2021

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Metáfora e Metonímia:

perspectivas atuais

Sintaxe do Português II

Prof. Dr. Paulo Roberto Gonçalves Segundo (FFLCH-USP) 1º Semestre de 2016

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1. O pontapé inicial da TMC foi o livro Metaphors we live by, de Lakoff & Johnson, em 1980. Outra obra essencial para a abordagem é a Women, Fire and Dangerous Things: What Categories reveal about the

mind, escrita por Lakoff (1987).

2. Os autores propuseram-se a enfrentar a corrente majoritária daquele momento, que via a metáfora como um recurso figurativo de caráter estilístico, típico de textos literários.

3. Lakoff & Johnson, a partir de uma análise volumosa de dados linguísticos de diversas campos, buscam mostrar que a metáfora não é apenas um fenômeno de linguagem, mas um fenômeno de cognição que envolve a projeção de correspondências entre diferentes domínios cognitivos – um domínio-fonte, mais concreto e usualmente mais corporificado; e um domínio-alvo, mais abstrato.

4. A partir dos estudos sobre metáfora, também abarcou-se o fenômeno da metonímia.

5. Hoje, a TMC, apesar de influente, tem perdido espaço para outras abordagens, como a Teoria dos Espaços Mentais e da Integração Conceptual (MSCI). Entretanto, muitos autores têm trabalhado no sentido de refiná-la, dentre eles Ruíz de Mendoza Ibañez, Grady, Kövecses, Diéz, Vereza, dentre outros.

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I. Diferenças básicas entre Metáfora e Metonímia

a. Croft & Cruse (2004: 193)

“Metáfora envolve a interação entre dois domínios construídos a partir de duas regiões de significado, e o conteúdo do domínio-fonte consiste em um ingrediente do alvo, construído por meio de processos de correspondência e mesclagem [...] Na metonímia, a função do veículo é meramente identificar a construção do alvo”.

b. Ferrari (2011: 92; 102)

“[...] a metáfora é, essencialmente, um mecanismo que envolve a conceptualização de um domínio da experiência em termos de outros [...] a projeção metonímica envolve só um domínio, ao contrário da metáfora, que se dá entre dois domínios”.

c. Ruiz de Mendoza (2006)

A metáfora prototípica é predicativa e envolve a projeção entre domínios, permitindo-nos compreender e raciocinar sobre o alvo a partir dos conhecimentos e das experiências acerca da fonte, ao passo que a metonímia prototípica é referencial, viabilizando que façamos referência a uma entidade em um domínio ao sinalizarmos outra no mesmo domínio.

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II. Sobre a noção de domínio ou modelo cognitivo idealizado

Kövecses (2010) compreende domínio conceptual como qualquer organização coerente de experiência.

Lakoff (1987) propõe a noção de modelo cognitivo idealizado (MCI) para explicar a organização conceptual.

1. MCI são representações mentais relativamente estáveis que abarcam teorias sobre o mundo (Evans &

Green, 2006). São idealizados, na medida em que:

a. consistem em abstrações relativas a uma gama de experiências que reiteradamente vivenciamos, permitindo-nos não só categorizar e raciocinar, como também interpretar situações e reagir de forma mais ou menos adequada.

b. não abarcam a representação de cada instância de uma dada experiência. Por conseguinte, não se encaixam perfeitamente a todas as situações e não abrangem toda a complexidade da realidade.

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III. Sobre a noção de Esquema Imagético e Corporeamento

1. A hipótese do Corporeamento estabelece que a estrutura conceptual é determinada e delimitada, por refração, pela gama e pela natureza das experiências que vivenciamos, a partir das potencialidades dos nossos corpos (não dicotomização entre corpo e mente). A representação conceptual, por sua vez, é codificada e externalizada pela linguagem por meio da estrutura semântica, organizada em termos específicos e esquemáticos.

2. Esquemas Imagéticos (EI) são, para Grady (2005), um conjuntos de representações mentais, de caráter multimodal, que atuam como âncoras da cognição, na medida em que emergem de padrões recorrentes de interação e experiência corpórea, o que inclui percepção visual, auditiva, gustativa, olfativa, tátil; sensações internas, como fome ou dor; e movimentação.

3. Dado seu caráter emergente,

a. o conteúdo dos esquemas imagéticos não é inato; o que é inata é a capacidade de gerá-los. b. eles possuem origem pré-conceptual.

4. Entretanto, EI são conceptuais, consistindo nos elementos fundamentais da estrutura conceptual, uma vez que são os primeiros a emergirem na mente humana. Por estarem tão profundos no sistema cognitivo, EI não podem ser acessados via introspecção consciente.

5. Como EI são derivados de nossas interações com o mundo, eles são inerentemente significativos e ativam consequências previsíveis.

6. EI podem possuir estrutura interna e ocorrer em clusters. Exemplo: EI de FORÇA, que inclui EQUILÍBRIO, FORÇA CONTRÁRIA, COMPULSÃO, RESTRIÇÃO, HABILIDADE, BLOQUEIO e ATRAÇÃO (Ferrari, 2011; Croft & Cruse, 2004). 7. Grady associa os EI aos fonte de projeções metafóricas e denomina esquemas de respostas os

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i. O Haiti tem nos custado muito dinheiro.

ii. O 121 está subindo agora. Ruiz de Mendoza (2000) Intervenção

militar

Haiti

LUGAR POR EVENTO

Metonímia Alvo-na-Fonte (target-in-source): um domínio inteiro é usado para simbolizar um subdomínio.

Apartamento 121

Condômino

MORADIA PELO MORADOR

Metonímia Fonte-no-Alvo (source-in-target):

um subdomínio é utilizado para simbolizar um domínio todo.

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iii. A máquina de arrecadação de impostos no Brasil faz do governo sócio parasita de todo mundo que trabalha.

Fórmula: DOMÍNIO-ALVO É DOMÍNIO-FONTE

SOCIEDADE É UM ORGANISMO; INSTITUIÇÕES SÃO PARTES/COMPONENTES DO CORPO; GOVERNO É

PARASITA.

Análise não exaustiva e focada apenas na metáfora em negrito.

Domínio-Fonte Domínio-Alvo

Parasita Governo

Alvo: Organismo Alvo: Conjunto de Trabalhadores

Método de atuação: Infecção Método de atuação: Cobrança de impostos Consequência: Adoecimento Consequência: Empobrecimento

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IV. Explorando a Metáfora Conceptual

a. A TMC assume como foco a abordagem das metáforas convencionalizadas, atribuindo o caráter convencional à importância cognitiva das projeções, uma vez que são ancoradas na experiência humana corporificada.

b. Hipótese da Invariância: as projeções metafóricas preservam a estrutura imagética do domínio-fonte;

em outros termos, nós raciocinamos sobre o domínio-alvo a partir da imagética da fonte.

 Consequência 1: assimetria entre Domínio-fonte e Domínio-Alvo.

Consequência 2: O Domínio-Fonte não é reconceptualizado por suas correspondências em relação ao domínio-alvo.

c. Lakoff & Johnson (1980) propõem dois tipos de correspondências: i. as ontológicas, que dizem respeito às projeções de um domínio a outro; ii. as epistêmicas, que abarcam as relações possíveis e inferíveis entre os elementos dos domínios, tendo como base o conhecimento enciclopédico.

d. Os autores propõem, originalmente, três grandes tipos de metáfora: i. as estruturais;

ii. as ontológicas; iii. as orientacionais.

e. Deve-se tomar cuidado em diferenciar o domínio conceptual da metáfora de sua expressão

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IVa. Explorando as Metáforas Estruturais

Neste tipo de metáfora, o domínio-fonte possui uma rica estrutura conceptual que permite compreender e estruturar o domínio-alvo.

TEMPO É ESPAÇO

PASSAGEM DO TEMPO É MOVIMENTAÇÃO NO ESPAÇO

Vai chegar a hora de a gente resolver essa situação. Já passou a hora de resolvermos essa situação.

O tempo voa, né?

EXTENSÃO TEMPORAL É DISTÂNCIA ESPACIAL. O Natal ainda está longe.

O aniversário dele está próximo.

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IVb. Explorando as Metáforas Ontológicas

Metáforas Ontológicas não possuem domínios-fonte com rica estrutura conceptual para a formação e a compreensão de um conceito-alvo. Seu trabalho cognitivo é oferecer estatuto ontológico para alvos abstratos.

Exemplos:

Eu tenho medo de baratas. EMOÇÃO É OBJETO POSSUÍDO. Ele me levou à loucura. EMOÇÃO É DESTINO ESPACIAL.

Ele fez muito exercício ontem. ATIVIDADE É SUBSTÂNCIA/MASSA.

A mente dele estava repleta de bobagens. ENTIDADE E CONTEÚDO NÃO FÍSICOS SÃO CONTÊINER E CONTEÚDO FÍSICO.

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IVc. Explorando as Metáforas Orientacionais

As metáforas orientacionais provêm ainda menos estrutura conceptual da fonte para o alvo. Sua função é dar coerência para um conjunto de conceitos-alvo no nosso sistema conceptual. O nome

orientacional deriva de sua ligação comum com orientações espaciais humanas, como cima-baixo, centro-periferia, esquerda-direita, etc.

Exemplos:

Eu estou em cima dele / A situação está sob controle. CONTROLAR É RELAÇÃO CIMA-BAIXO; SER CONTROLADO É BAIXO-CIMA.

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IVd. Explorando a Metáfora Conceptual –Metáfora Primária

a. Grady denomina primárias as metáforas que estruturam domínios-alvo com base em imagens sensoriais com objetivo de destacar operações cognitivas de fundo. Os domínios-fonte estão sempre relacionados a experiências sensório-motoras, derivadas da experiência, ao passo que os domínios-alvo referem-se a respostas e avaliações que emergem da experiência corpórea.

Exemplos: SIMILARIDADE É PROXIMIDADE; IMPORTÂNCIA É TAMANHO; QUANTIDADE É ELEVAÇÃO VERTICAL; CAUSAS SÃO FORÇAS; MUDANÇA É MOVIMENTO; DESEJO É FOME; ESTADO É CONTÊINER.

b. Grady denomina compostas as metáforas que emergem da unificação de metáforas primárias.

Exemplos: TEORIAS/ARGUMENTOS SÃO CONSTRUÇÕES emerge das metáforas primárias PERSISTIR É PERMANECER ERETO e ORGANIZAÇÃO LÓGICA É ESTRUTURA FÍSICA.

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IVd. Explorando a Metáfora Conceptual –Metáfora Primária Exemplos:

1) SIMILARIDADE É PROXIMIDADE  Essas abordagens sobre a linguagem são bem próximas. 2) IMPORTÂNCIA É TAMANHO  Amanhã será um grande dia.

3) QUANTIDADE É ELEVAÇÃO VERTICAL  Ele tem uma alta capacidade de atenção. 4) CAUSAS SÃO FORÇAS; ESTADOS SÃO LUGARES  Aquela pessoa me levou à loucura. 5) MUDANÇA É MOVIMENTO  Ele saiu da adolescência agora.

6) DESEJO É FOME  Ele está com fome de bola.

7) ESTADOS SÃO CONTÊINERES  Eles entraram em coma ontem; não conseguimos sair dessa enrascada.

Exemplos:

8) TEORIAS E ARGUMENTOS SÃO CONSTRUÇÕES  Aquela teoria não tem fundamento; seu argumento não se sustenta; ele construiu um argumento sólido; toda aquele aparato teórico ruiu.

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V. A Ancoragem da Metáfora

A visão cognitivista propõe que as metáforas conceptuais se baseiem em uma variedade de experiências humanas, a destacar:

i. correlações experienciais;

ii. similaridades estruturais percebidas.

i. Correlações experienciais dizem respeito à seguinte noção: se um evento X é acompanhado de um evento Y com frequência, eles estão correlacionados (mas não são similares).

 QUANTIDADE É VERTICALIDADE: um monte de; alta capacidade de atenção;  OBJETIVO É DESTINO: usos da preposição para.

 RAIVA É CALOR: ele está de cabeça quente; vá esfriar a cabeça; ele está soltando fumacinha

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ii. Similaridades estruturais percebidas são outra fonte comum de metáforas. Os falantes, em dada cultura, depreendem aproximações entre o conteúdo de um domínio-fonte e um domínio-alvo e estruturam esse último a partir daquele.

Um exemplo – complexo, mas interessante – envolve a metáfora IDEIAS SÃO ALIMENTOS.

Exemplos: Eu não consigo engolir esse conceito; Ainda estou digerindo essa nova abordagem; Ele ainda está ruminando aquela ideia.

O que, entretanto, ligaria IDEIAS e ALIMENTOS? Inicialmente, o fato de concebermos, metaforicamente, a mente como um contêiner, ideias como conteúdos a serem inseridos nesse contêiner.

Exemplos [com metonímias internas]: Essa matéria não entra na minha cabeça; Essa dúvida não sai da minha mente; Não consigo tirar ele/a do meu pensamento.

O estômago, visto como órgão prototípico do sistema digestório, também é concebido como um contêiner. Do mesmo modo como a digestão é um processo lento que leva à absorção de nutrientes pelo organismo, a compreensão ou a reflexão podem também ser processos lentos anteriores à absorção de ideias.

Domínio-Fonte (ALIMENTO) Domínio-Alvo (IDEIA)

Engolir Aceitar

Mastigar/Ruminar Considerar

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VI. A natureza parcial das projeções metafóricas

Segundo Kövecses (2010: 96), como conceitos (tanto alvos quanto fontes) possuem diversos

aspectos, falantes precisam de diversos domínios-fonte para entender os diferentes aspectos dos conceitos-alvo.

Assim, denomina-se destaque metafórico (metaphorical highlighting) os traços do domínio-alvo que são perfilados pela metáfora, ao passo que se denomina utilização metafórica (metaphorical

utilization) os aspectos do domínio-fonte que são recrutados para a interpretação metafórica. Deve-se

destacar que esse processo sempre implica um ocultamento. Se algum aspecto de um dos domínios é destacado ou utilizado, outros são ocultados. Isso pode ser explorado em termos de análise discursiva.

A metáfora PESSOAS SÃO ALIMENTOS é largamente utilizada no país no que tange a um domínio sexual. Exemplo: Aquele cara é delicioso; Que menina gostosa!; Fulano dá uma bela refeição. Contudo, no que tange à relação sexual em si, em geral, é a mulher que ocupa a função de alimento: Fulano comeu

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VII. O escopo da metáfora

Do mesmo modo que um mesmo domínio-alvo pode ser construído por inúmeros domínios-fonte,

PESSOAS SÃO ANIMAIS: Nunca mais jogo com aquele cavalo

PESSOAS SÃO ALIMENTOS: Aquele ator é um pão-de-ló

PESSOAS SÃO MÁQUINAS: Aquele aluno sempre está desligado

um mesmo domínio-fonte pode estruturas vários domínios-alvo

TEORIAS SÃO CONSTRUÇÕES: O paradigma gerativista foi construído por Chomsky

RELAÇÕES SÃO CONSTRUÇÕES: Quando passamos a enxergar o outro como é - e principalmente nos enxergamos tal

qual somos - passamos a construir a base sólida de um amor real [...]

SISTEMAS ECONÔMICOS SÃO CONSTRUÇÕES: O Neoliberalismo está em ruínas, se desfazendo

Contudo, é possível depreender, em análise horizontais e verticais de dados extensos, um foco principal de significado (main meaning focus).

Kövecses (2010: 138) assim define essa noção:

Cada fonte está associada a um foco (ou focos) de significado particulares que é (ou são) projetados para o alvo. O foco de significado é convencionalmente fixo e compartilhado por uma comunidade de fala; é típico de vários casos daquela fonte; e é característico daquela fonte apenas. O alvo herda o foco (ou focos) de significado principal da fonte.

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VII. O escopo da metáfora

SISTEMAS COMPLEXOS SÃO CONSTRUÇÕES

Projeções centrais são aquelas que levam à emergência de outras projeções, refletindo preocupações humanas mais prementes e/ou salientes da fonte em questão. Em geral, possuem maior motivação experiencial e são mais expressas linguisticamente.

CONSTRUTO É CONSTRUÇÃO; ESTRUTURA ABSTRATA É ESTRUTURA FÍSICA; ESTABILIDADE É FORÇA.

Domínio-fonte (CONSTRUÇÃO) Domínio-alvo (SISTEMA COMPLEXO)

Fundação Base que fundamenta o sistema inteiro

Armação/estrutura Estrutura geral dos elementos que compõem o sistema Elementos estruturais adicionais Elementos adicionais que auxiliam na estrutura do sistema

Design Estrutura lógica do sistema

Arquiteto/Engenheiro Construtor/Desenvolvedor do sistema Processo de construção Processo de elaborar o sistema

Força Duração/Estabilidade do sistema

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Kövecses (2010: 173)

De forma análoga às metáforas, metonímias também possuem natureza conceptual e são reveladas por expressões linguísticas. Diferente delas, no entanto, sua principal função parece ser a de prover acesso a uma entidade conceptual, o alvo, por meio de outra, o veículo, em um mesmo domínio ou MCI.

Há várias polêmicas acerca da natureza da metonímia e, embora haja ressalvas aqui ou ali, em geral, ela se encontra associada às seguintes características:

a. A metonímia tem uma função precipuamente referencial, embora não unicamente. Em geral, ela não é usada, como a metáfora, para compreender um domínio com base em outro.

b. A metonímia atua como ponto de referência que permite dirigir a atenção para outra entidade relacionada. Ela está na base da noção langackeriana de zona ativa.

c. Metonímias constituem a base de várias metáforas conceptuais, especialmente, das primárias – MAIS É PRA CIMA; RAIVA É CALOR; CAUSAS SÃO FORÇAS.

Ruiz de Mendoza (2014: 147) a define como uma projeção conceptual interna a um domínio por meio da qual

o domínio-alvo é resultado ou de uma expansão ou de uma redução do material conceptual do domínio-fonte.

Tal definição aponta para duas grandes categorias de metonímia:

1. Metonímias fonte-no-alvo (parte de um domínio pelo domínio todo)  Expansão. Acessa-se a parte como ponto de referência para se conceber o todo.

2. Metonímias alvo-na-fonte (o domínio todo por parte dele)  Redução conceptual. Acessa-se o todo como ponto de referência para se conceber a parte.

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i. O Haiti tem nos custado muito dinheiro.

ii. O 121 está subindo agora. Ruiz de Mendoza (2000) Intervenção

militar

Haiti

LUGAR POR EVENTO

Metonímia Alvo-na-Fonte (target-in-source): um domínio inteiro é usado para simbolizar um subdomínio.

Apartamento 121

Condômino

MORADIA PELO MORADOR

Metonímia Fonte-no-Alvo (source-in-target):

um subdomínio é utilizado para simbolizar um domínio todo.

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Metonímias Alvo-na-Fonte

Metonímias Fonte-no-Alvo Parte

Parte

O conceito a que se quer chegar (alvo) é parte de um domínio maior, a/o fonte/veículo, que é explicitado linguisticamente.

Eu estou estacionado aqui na frente [POSSUIDOR PELO POSSÚIDO; CONTROLADOR PELO CONTROLADO]

Ela está tomando pílula [GRUPO PELO MEMBRO]

Você não quer me ver bravo [CAUSA PELA CONSEQUÊNCIA]

Domínio

Domínio

O conceito a que se quer chegar (alvo) é o domínio maior, cuja parte (fonte/veículo) é explicitada linguisticamente.

Eu preciso de uma mão aqui [PARTE PELO TODO; CONSTITUINTE PELO CONJUNTO] Eu consigo ver o mar pela minha janela [CAPACIDADE PELA REALIZAÇÃO FACTUAL] O Bradesquinho está precisando de mais uma aula [PROPRIEDADE PELO INDIVÍDUO]

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Lakoff (1987) destaca que as relações metonímicas estabelecem pontos de referência cognitiva para uma categoria, viabilizando a emergência de normas e expectativas a partir das quais outros membros da categoria são avaliados. Há subtipos de fronteiras não discretas:

i. Estereótipo social: MCI consciente que emerge de nossas interações no contato com determinados discursos. Fator ideológico. Exemplos: JUDEU-AVARENTO; CABELEIREIRO-GAY; MUÇULMANO-TERRORISTA.

ii. Exemplo típico: Trata-se das instâncias que mais frequentemente são encontradas em um dado ambiente. Exemplos: CANÁRIO ou PERIQUITO para a categoria PASSARINHO; MAÇÃ ou BANANA para FRUTA (contexto local).

iii. Ideal: Trata-se de grupos que combinam propriedades ideais de uma categoria. Exemplo: CORINTHIANO para TORCEDOR FANÁTICO.

iv. Modelo: trata-se de instâncias de um ideal. Exemplos: BIN LADEN para TERRORISTA; MADRE TERESA para PESSOA CARIDOSA. GISELE BÜNDCHEN para MODELO.

v. Gerador: subconjunto de membros de uma categoria que gera outros membros dessa mesma categoria. Os primeiros são, portanto, mais prototípicos. Exemplos: NÚMEROS 0-9 para NÚMEROS NATURAIS.

vi. Exemplos salientes: trata-se de instâncias memoráveis ou famosas de uma categoria. Exemplos: OMO para SABÃO EM PÓ; NESCAU para ACHOCOLATADOS.

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a. Elx conquistou meu coração.

Domínio-Fonte (GUERRA/INVASÃO) Domínio-Alvo (AMOR) Agente: Conquistador Agente: Amante

Ação: conquistar Ação: fazer apaixonar Alvo: Território Alvo: Coração de alguém

Metonímia

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b. Caetano Veloso é o Pelé da música.

Domínio-Fonte (FUTEBOL/JOGADOR) Domínio-Alvo (MÚSICA/CANTOR-COMPOSITOR)

Modelo: Pelé Metonímia

Ação: jogar futebol Propriedades: Talento,

excepcionalidade, o “Rei do Futebol”

Modelo: Caetano Veloso

Ação: compor/cantar/interpretar canções

Propriedades: Talento, excepcionalidade, “?O Rei da Música”

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c. Ele saiu com o rabo entre as pernas.

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Referências

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