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ADEQUAÇÃO DA TÉCNICA DE TERMOTERAPIA EM SEMENTES DE Bixa orellana

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Academic year: 2021

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ADEQUAÇÃO DA TÉCNICA DE TERMOTERAPIA EM SEMENTES DE Bixa orellana Eloah Lellis¹; Lucas Emanuel Nunes Gonçalves¹; Cleiton da Silva Oliveira¹; Gesiane Ribeiro Guimarães¹,

Vitor Corrêa de Mattos Baretto², Rute Quélvia de Faria³.

RESUMO

O urucum (Bixa orellana-Bixaceae) é uma espécie nativa da região amazônica, único gênero da Família Bixaceae, apresenta folhas simples e flores em tonalidades de branca até arroxeadas, frutos são cápsulas recobertas de cerdas curtas e rígidas, suas sementes são de cor vermelho-alaranjado condimentares e tintoriais e possuem coloração amarela (orelina) e vermelha a (bixina), que são extraídas da polpa que envolve a semente, sendo muito apreciadas na culinária, indústria alimentar, e impressão e tecidos. A termoterapia consiste na medida de controle que busca a restauração fisiológica da planta, fundamentando-se na sensibilidade diferencial, entre patógeno e hospedeiro, em relação ao tipo de intensidade de calor, que pode ser úmido ou seco, e o tempo de exposição do material infectado à temperatura. O presente trabalho objetivou a determinação de temperatura e tempo de exposição ideal, para a erradicação do patógeno sem afetar a qualidade fisiológica das sementes dessa espécie. O experimento foi conduzido em delineamento casualizado, em esquema fatorial 3X2 (temperatura x tempo de exposição) com 8 repetições de 25 sementes para o teste de sanidade e 5 repetições de 25 sementes para o teste de germinação por tratamento. As temperaturas utilizadas foram 30, 60 e 90°C nos tempos de 20 e 40 minutos. Para a comparação das médias utilizou-se o teste de Tukey à 5% de probabilidade. Utilizou-se o programa estatístico SISVAR. A porcentagem de germinação foi baixa nas sementes sem tratamento com 36%. A termoterapia não favoreceu nem prejudicou a porcentagem de germinação das sementes de urucum A maior incidência de fungos foi detectado para o gênero Aspergillus sp., sendo reduzido após os tratamentos de termoterapia nas temperaturas 30 e 45°C e em todos os períodos de exposição, e erradicado na temperatura de 90ºC apesar de não ter havido germinação nesta temperatura.

Palavras-chave: tratamento térmico, sementes florestais, fungos. ABSTRACT

Annatto (Bixa orellana-Bixaceae) is a species native to the Amazon region, only genus of the Family Bixaceae, has simple leaves and flowers in shades of white to purple, fruit capsules are covered with short, stiff bristles, its seeds are red in color orange-spice dyeing and have a yellow color (orelina) and the red (bixin) which are extracted from the pulp surrounding the seed, being highly prized in cooking, food processing, and printing and textiles. Thermotherapy control measure consists in seeking the physiological restoration of the plant, the ground of the sensitivity difference between pathogen and host, as to the type of heat intensity which can be wet or dry, and the exposure time of the infected material at room temperature. This study aimed to determine the temperature and exposure time ideal for the eradication of the pathogen without affecting the physiological quality of seeds. The experiment was conducted in a completely randomized design in factorial 3X2 (temperature x exposure time) with eight replications of 25 seeds for the sanity and 5 replicates of 25 seeds for germination test for treatment. The temperatruas used were 30, 60 and 90 ° C for times of 20 and 40 minutes. For comparison of means used the Tukey test at 5% probability. We used the statistical program SISVAR. The germination percentage was low in untreated seeds with 36%. Thermotherapy neither favored nor hindered the germination of seeds of annatto The highest incidence of fungi was detected for the genus Aspergillus sp., Being reduced after thermotherapy treatments at temperatures 30 and 45 ° C and in all periods of exposure, and eradicated at a temperature of 90 ° C although there was no germination at this temperature.

INTRODUÇÃO

O urucum (Bixa orellana L – Bixaceae) orginária da América cultivado na Ásia e na África (MENDONÇA et al, 2001), apresenta comportamento perene, semi-arbóreo de sistemas agroflorestais de grande importância nacional e regional. A árvore é cultivada em muitas regiões do país como planta ornamental e para exploração de suas sementes devido a presença pigmentos bixina e norbixina (SCOTTER et al., 1998), os quais estão sendo amplamente usados como corantes naturais nas indústrias de alimentos, de laticínios, de bebidas, de tintas, de cosméticos, farmacêuticas e têxteis (MELO e LIMA, 1990; PÓVOA, 1992), ocupando a segunda posição em importância econômica entre os corantes naturais (CUSTODIO, 2002).

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manutenção ecológica, são desestimuladas em função dos baixos índices de germinação não atendendo as necessidades de produção esperadas. A qualidade das sementes é estabelecida pelo conjunto de uma série de aspectos tais como qualidade fisiológica, sanitária, genética e física, dentre esses fatores a qualidade sanitária é de suma importância pois ela influencia diretamente na longevidade, viabilidade, e qualidade da muda. (CHEROBINI, 2006).

Sobre a coleta das sementes de Bixa orellana L, é de suma importância colher apenas as cápsulas que apresentem-se maduras e secas, uma vez que o porcentual elevado de umidade nas sementes contribuirá negativamente para a perda da qualidade das mesmas, e propiciando o aparecimento de microorganismos.

Quando se dispõe de diferentes lotes de sementes, conhecer a qualidade fisiológica intrínseca a cada um é de extrema importância. Sabe-se, contudo, que a queda na germinação é um dos últimos eventos que caracterizam o declínio na qualidade fisiológica de sementes e o teste de germinação, isoladamente, não é adequado para discriminar corretamente os lotes de sementes, pois, quando possuem porcentagem de germinação semelhantes, podem apresentar qualidades fisiológicas distintas (BONNER et al., 1994).

Muitas são as técnicas que cercam o estudo de sementes de espécies florestais nativas, necessitando ainda de investigações sobre as características que podem influenciar seu vigor. Garcia (2003) afirma que o comportamento fisiológico de sementes florestais nativas é um importante fator no que diz respeito aos estudos básicos de desenvolvimento de métodos adequados na sua utilização.

O tratamento de sementes florestais ainda é pouco estudado no país, embora seja uma prática necessária no manejo integrado de doenças de plantas. Muitos tratamentos alternativos, tais como a termoterapia, são citados para outras culturas, especialmente para as agrícolas.

A termoterapia pode ser aplicada via calor úmido (água quente ou vapor) ou calor seco. Este último apresenta menor capacidade térmica ou troca de calor que a via úmida, requerendo, portanto, maior tempo de exposição (SILVA et al., 2002). Não ficaram evidenciadas as implicações do teste considerando-se alguns fatores que normalmente interferem no desempenho deste tipo de tratamento (ERDEY et al., 1997).

Este trabalho teve o objetivo de avaliar os efeitos da termoterapia, sobre a qualidade sanitária e fisiológica de sementes da espécie florestal Bixa orellana L.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes Florestais da Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Ipameri. Os frutos, provenientes de matrizes localizadas nos Municípios de Pires do Rio, Urutai e Ipameri – GO. Os frutos foram coletados diretamente da árvore, ainda fechados e, em seguida, procedeu-se extração para a retirada das sementes.

Os experimentos foram conduzidos de forma adaptada caixa térmica com capacidade de 5 litros de água (Figura 1.), onde o procedeu-se aquecimento com a utilização de ebulidor elétrico de água (mergulhão), e a temperatura foi controlada com a utilização de dois termômetros. Foram ajustadas três temperaturas de 30°C e 60°C e 90ºC para o estudo. As sementes foram acondicionadas em sacos de filó (Figura 2.) e colocadas em banho-maria durante dois períodos de exposição: 20 e 40 minutos para ambas as temperaturas.

Após cada período de exposição, amostras de sementes foram retiradas da água. Para o teste de sanidade, uma parte da amostra de sementes de cada tratamento foi semeada em papel de filtro e caixas plásticas tipo “gerbox”, utilizando-se o método papel de filtro e deixadas durante sete dias em temperatura de 25 ± 2°C em sala de laboratório, em seguida realizou-se a identificação dos fungos associados às sementes com auxilio de microscópio estereoscópio, sendo a identificação confirmada através da visualização das estruturas dos fungos.

Para o teste de qualidade fisiológica, outra parte das sementes de cada tratamento foi semeada em caixas plásticas tipo ”gerbox”, e como substrato foi utilizado o papel filtro umedecido com 2,5 vezes o peso do papel em volume de água destilada. As sementes foram mantidas em germinadores à temperatura de 25°C, na presença de luz constante. Foi avaliado a porcentagem, tempo médio e índice de velocidade de germinação. As avaliações foram realizadas diariamente, desde o dia de instalação do experimento até a estabilização da germinação. Como critério de germinação, utilizou-se o tecnológico (plântulas normais).

O experimento foi conduzido em delineamento casualizado, em esquema fatorial 3X2 (temperatura x tempo de exposição) com 8 repetições de 25 sementes para o teste de sanidade e 5 repetições de 25 sementes para o teste de germinação por tratamento. Para a comparação das médias utilizou-se o teste de Tukey à 5% de probabilidade. Utilizou-se o programa estatístico SISVAR.

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Figura 1. Caixa térmica com sementes de urucum sendo submetidas ao tratamento térmico com a utilização do mergulhão e do termômetro para o controle da temperatura.

Figura 2. Sacos de filó contendo sementes de Bixa orellana,

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não foi realizado nenhum tratamento de quebra de dormência nas sementes de urucum. A porcentagem de germinação foi baixa nas sementes sem tratamento com 36%. A termoterapia não favoreceu nem prejudicou a porcentagem de germinação das sementes de urucum (Tabela 1.), não havendo assim diferença estatística a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Verifica-se que nas sementes sem tratamento, houve incidência dos fungos Trichoderma sp.,

Penicillium sp.,. Macrophomina sp e Aspergillus sp., sendo que o maior valor médio foi obtido para o

gênero Aspergillus sp. com 19% (Tabela 2.).

Entre os gêneros encontrados inicialmente o Trichoderma sp. foi o único que não foi encontrado em nenhum dos tempos testados na temperatura de 60º C e durante 40 minutos a 30ºC. Já os gêneros Macrophomina sp. e Penicillium sp. não foram detectados na temperaturas de 60º C por 20 minutos.

De forma geral, houve baixa incidência dos gêneros encontrados variando de 0,7 a 4,2%. Contudo, o gênero Aspergillus sp. a porcentagem foi reduzida quando foi aumentado o tempo de exposição de 20 para 40 minutos nas temperaturas de 30 e 60ºC.

Assim, verifica-se que existe uma relação entre a temperatura e o tempo de exposição, pois em sementes sujeitas a altas temperaturas, houve a tendência de redução da ocorrência de certos gêneros de fungos presentes nas mesmas.

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Na temperatura de 90ºC nos dois tempos testados não foi encontrado nenhum gênero fúngico, entretanto não houve germinação das sementes evidenciando que elevadas temperaturas podem prejudicar fisiologicamente sementes de urucum.

Com o aumento da temperatura foi possível diminuir a incidência do gênero Aspergillus sp. em sementes de urucum. Já para o gênero Trichoderma sp., embora a ocorrência tenha sido baixa, na temperatura de 60º C foi possível erradicar os fungos detectados no inicio dos estudos, sem que a qualidade germinativa tenha sido afetada.

Sugerem-se mais estudos com temperaturas intermediárias entre 60º e 90º em sementes de urucum para a erradicação do gênero Aspergillus sp pois apesar deste ter sido erradicado na temperatura de 90°C não houve germinação das sementes. Existem vários trabalhos que estudaram temperaturas na faixa de 70º C para sementes de espécies florestais SILVA et al. (2002).

Porcentagem de Germinação (%) Temperatura Tempo (minutos)

0 20 40

45°C 36 a 34 a 35 a

60°C 38 a 36 a

90°C - -

Tabela 1. Porcentagem de germinação de sementes de urucum Bixa orellana) após serem submetidas a diferentes tratamentos de termoterapia.

CONCLUSÕES

A maior incidência de fungos foi detectado para o gênero Aspergillus sp., sendo reduzido após os tratamentos de termoterapia nas temperaturas 30 e 45°C e em todos os períodos de exposição, e erradicado na temperatura de 90ºC apesar de não ter havido germinação nesta temperatura.

A temperatura de 90ºC foi considerada inadequada para as sementes de urucum pois, apesar de erradicar todos os patógenos não houve nenhuma semente germinada quando submetida a esta temperatura.

Foi observado que a medida que a temperatura é elevada houve queda na incidência de patógenos nas sementes evidenciando a efetividade das altas temperaturas na erradicação dos mcirorganismos, entretanto, não houve germinação das sementes de urucum quando foi utilizada a temperatura de 90º C, portanto sugere-se testes com temperaturas entre 60 e 90°C.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BONNER, F.T.; VOZZO, J.A.; ELAN, W.W. & LAND-JR., S.B. Tree seed technology training course:

student outline. New Orleans: U.S. Department of Agriculture, Forest Service, Southern Forest

Experiment Station, 1994. 81p.

CHEROBINI, E.A.I.; Avaliação Da Qualidade De Sementes E Mudas De Espécies Florestais Nativas. Santa Maria, RS. 2006

CUSTODIO, C.C.; Germinação De Sementes De Urucum (Bixa Orellana L.). Revista Brasileira de Sementes, vol. 24, nº 1, p.197-202, 2002

ERDEI , D.P., M COC , D.J. & BERJA , P. The elimination of Fusarium moniliforme (Sheldon)

infection in maize caryopses by hot water treatment. Seed Science and Technology, v. 25,

p.485-501, 1997.

GARCIA, L.C. Aspectos morfo-anatômicos e tolerância à dessecação de sementes de Podocarpus

lambertii Klotz. e Podocarpus sellowii Klotz. (Podocarpaceae). Curitiba, 2003. 81f. Tese

(Doutorado em Ciências Florestais), Universidade Federal do Paraná.

MELO, A. A. A.; LIMA, L. C. F. A situação da cultura de urucum no Brasil e perspectiva. Vitória da Conquista: UESB, 1990. p.9-1

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MENDONÇA, M.S.; BARBOSA, T.C.T.S.; ARAÚJO, M.G.P.;VIEIRA, M.G. Morfologia floral de

algumas frutíferas ocorrentes em Manaus. Manaus: EDUA, 2001. 56p.

PÓVOA, M.E.B. Extração do corante de urucum (Bixa orellana L.) com diversos solventes. Revista Brasileira de Corantes Naturais, v.1, p.153-157, 1992

SCOTTER, M.J. et al. Analysis of annatto (Bixa orellana) food coloring formulations. Journal of Agriculture Food Chemistry, v. 46, p.1031-1038, 1998

SILVA, A.M.S. Termoterapia via calor seco no tratamento de sementes de tomate: eficiência na

erradicação de Xanthomonas campestris pv. vesicatoria e efeitos sobre a semente.

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