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curso de análise das interações verbais Abordagens antropológica, linguística e sociológica sessão 1 09 Outubro 2015

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Abordagens antropológica, linguística e sociológica curso de

análise

das

interações

verbais

sessão 1 | 09 Outubro 2015

(2)

Etnometodologia e Análise das

interações verbais

Michel G. J. Binet

Licenciado em Sociologia – Mestre em Ciências Sociais – Doutor em Antropologia Professor Auxiliar na Universidade Lusíada de Lisboa

(3)

Etnometodologia: Heranças e filiações

Etnociências Erving Goffman (1922-1982) Alfred Schütz (1899-1959) Harold Garfinkel (1917-2011) Harvey Sacks (1935-1975) AC

(4)

Bibliografia

• Garfinkel, H., 1984 [1967]. Studies in

Ethnomethodology, Cambridge: Polity Press.

• Garfinkel, H., 2007. Recherches en

ethnométhodologie, Paris: PUF.

• Garfinkel, H. & Sacks, H., 2007. Les structures

formelles des actions pratiques (1967). In

Recherches en ethnométhodologie. Paris: PUF,

(5)

Bibliografia

Alfred Schütz: o antecessor

• Schütz, A., 1962. Collected Papers (Vol. 1), The

Hague: Martinus Nijhoff.

• Schütz, A., 1964. Collected Papers (Vol. 2), The

Hague: Martinus Nijhoff.

• Schütz, A., 1998. Éléments de sociologie

phénoménologique, Paris: L’Harmattan.

• Schütz, A. & Luckmann, T., 1974. The

Structures of the Life-World, London:

(6)

Bibliografia

Erving Goffman: co-autoria / intertextualidade / Polifonia

• Goffman, E., 1953. Communication Conduct in an Island

Community. PhD dissertation. Chicago: University of

Chicago.

• Goffman, E., 1972 [1961]. Encounters: Two Studies in the

Sociology of Interaction 2nd ed., Harmondsworth: Penguin

Books.

• Goffman, E., 1999a. A situação negligenciada (1964). In Y.

Winkin, ed. Os momentos e os seus homens. Lisboa: Relógio

d’Água, pp. 148-153.

• Goffman, E., 1974. Frame Analysis - An Essay on the

Organization of Experience, Boston, Massachusetts:

Northeastern University Press.

• Goffman, E., 1999b. A ordem da interacção (1982). In Y.

Winkin, ed. Os momentos e os seus homens. Lisboa: Relógio

d’Água, pp. 191-235.

(7)

Bibliografia

Harvey Sacks: aluno e continuador

• Sacks, H., 1995. Lectures on conversation (Vol. 1 & Vol. 2), Oxford: Blackwell. [1964-72]

• Sacks, H., Schegloff, E. & Jefferson, G., 1974. A Simplest Sistematics for the Organization of Turn-Taking for Conversation. Language, 50(4), pp.696-735.

• Sacks, H., Schegloff, E. & Jefferson, G., 1977. The Preference for Self-Correction in the Organization of Repair in Conversation.

Language, 53(2), pp.361-382.

• Schegloff, E., 2006. Interaction: The infrastructure for social

institutions, the natural ecological niche for language, and the arena in which culture is enacted. In N. J. Enfield & S. C. Levinson,

eds. Roots of Human Sociality: Culture, cognition and interaction. London: Berg, pp. 70-96.

• Schegloff, E., 2007. Sequence Organization in Interaction - A Primer

(8)

Etnometodo

logia

• A Ordem social: Níveis de organização e escalas de análise (Macro

v/s Micro)

• Interaccionismo metodológico (Adriano Duarte Rodrigues) • A situação negligenciada

• A Ordem da interação: método “idiográfico” v/s método

nomotético ? Da dicotomia (opções mutuamente exclusivas) ao “trajeto investigativo plural” (Michel Binet & David Monteiro, 2012)

• Etnométodos: os interactantes como metodólogos práticos • Compreensão e Perspectiva émica: ciência objectiva da

subjectividade dos actores (Max Weber)

• Tipificações: sociólogos profissionais & sociólogos profanos

«Os analistas da conversação são os próprios falantes» (Adriano Duarte Rodrigues)

• Etnometodologia conversacional: ações concertadas e metodicamente organizadas

(9)

Etnometodo

logia

Pano de fundo dos saberes partilhados

Estruturadas e estruturantes mediante a sua incorporação cognitiva e disposicional (Bourdieu, 2001a: 204), padronizadas e padronizantes («standardized and

standardizing»; Garfinkel, 1984: 36; 2007: 99), as estruturas objectivas são

estruturas objectivadas em contexto situacional no e pelo discurso e na e pela acção dos agentes.

Schütz: Atitude natural(izante)

Saberes partilhados de um modo tácito formam o pano de fundo das interacções quotidianas, partilha postulada como dada à partida, mas interactivamente revista sempre que necessário.

Membership Categorization Analysis (Sacks, 1995)

A troca conversacional se efectua dentro de mundos cognitivos por ela convocados, partilhados em maior ou menor grau pelos falantes. Representações, categorizações e saberes configuram mundos ordenados mentalmente que funcionam na conversação como quadros ou contextos interpretativos.

Troca de SMS (08/10/2015):

– Onde estás? – Na ponte

(10)

Etnometodo

logia

• Harold Garfinkel « empiriciza » a fenomenologia,

retraduzindo-a em instruções de pesquisa permitindo a

localização de situações e de comportamentos que

possibilitam

a

observação

dos

processos

de

microconstrução da ordem social.

• A cunhagem de acções reconhecíveis é um processo activo

de produção endógena da ordem da interacção. Garfinkel

desloca o foco da análise, convertendo um problema de

método do observador (como reconhecer o valor accional

dos comportamentos observados ?) num problema de

método (ou etnométodo) de co-produção da interacção,

problema atendido pelos seus participantes (como tornar

reconhecível o valor accional do meu comportamento ?),

por meio de competências interaccionais e comunicativas

a investigar.

• John

Gumperz:

Pistas

de

contextualização

(contextualization cues)

(11)

Etnometodo

logia

• Esta deslocação do foco da análise operada por Garfinkel tem o mérito de converter uma abordagem inicialmente cognitivista numa

abordagem comportamentalista centrada na acção situada,

proporcionando um programa de investigação empírica que converte a fenomenologia numa ciência observacional do

comportamento humano em contexto situacional.

• Empenhado em estranhar frente a um «mundo teimosamente

familiar» (2007: 101) ao ponto de arriscar passar despercebido,

Garfinkel também explorou com a ajuda dos seus alunos técnicas de observação “reactiva” em contextos naturais, breaching

experiments (Garfinkel, 2007: 120–6) consistindo em violações

deliberadas de normas tácitas inferidas mais do que directamente

observadas, para quebrar as expectativas que formam o pano de fundo das interacções, gerando espanto, vergonha, desconforto, irritação, confusão, perturbando situações e desorganizando interacções, no intuito de provocar a explicitação endógena das

expectativas, normas e rotinas de fundo, pela via de protestos e de

pedidos de explicação que as tornam então visíveis, operando a sua transferência do campo inferencial para o campo observacional .

(12)

O saber de 1º grau não se articula em primeira

instância no discurso sobre a prática, mas, sim, dentro

da própria prática no curso da sua realização

A ação situada e a sua organização metódica são o nicho ecológico da fala

(13)

Etnometodo

logia

• Reflexividade: os membros ordenam a sua interacção se observando, descrevendo, interpretando e tipificando mutua e continuamente. Garfinkel escreve: «(…) os inquéritos dos membros são elementos

constitutivos das situações que analisam» (2007: 61).

Os etnométodos, objecto de estudo da etnometodologia, são práticas observacionais, descritivas e interpretativas «omnipresentes», realizadas de dentro de cada uma das situações de interacção que contribuem em constituir, pelos membros que nelas participam reflexivamente.

• Indexicalidade: a âncora situacional da ação concertada

Os valores referenciais dos pronomes e dos nomes bem como as

orientações no espaço e no tempo operadas na e pela linguagem usada in

situ, são fixados e organizados em redor de uma âncora situacional, axis mundi de toda a actividade enunciativa.

O comportamento se indexicaliza ancorando-se numa situação tornada « familiar » por um processo já mencionado de tipificação-padronização que remete para dimensões da organização social.

A analisabilidade da acção como acção ocorrendo num micro-contexto em construção que incorpora na sua definição interactiva uma representação estruturada e estruturante da ordem social.

(14)

Etnometodo

logia

 Incompletude das regras sociais e práticas ad hoc : ceteris

paribus, factum valet e et cetera

Incompletas e genéricas, as regras introduzidas localmente

pelas

pré-definições

socio-institucionais

das

situações

precisam de serem completadas por um trabalho interactivo

de co-ordenamento da interacção, atento às contingências e

singularidades da mesma.

• Esta tese potencia o retorno do actor na agenda da

investigação sociológica. Um actor situado, a quem compete

agir em contextos inacabados, incompletamente definidos e

regulamentados.

«A ordem social (...) não é uma "ordem

encontrada", mas sim "realizada" [practical

(15)

Etnometodo

logia

 Accountability

As acções são activamente cunhadas como observáveis, descritíveis, relatáveis, analisáveis, intencionais, consequentes, justificáveis, numa palavra: racionais.

Esta racionalidade, reivindicada de dentro (e não atribuída de fora por um observador exterior) e incorporada numa prática ciosa da sua descritibilidade e justificabilidade, projecta e performa uma ordem social ordenando a prática (Garfinkel, 2007:95).

Cada interactante, guardião zeloso da racionalidade das suas acções na interacção com os outros, antecipa qualquer eventual incompreensão fornecendo informações e justificações prévias à realização de um acto ou à produção de uma fala susceptível de não ser compreendido; ou, em caso de mal interpretação não antecipada, investe em dar conta e responder a posteriori pela sua conduta ou pelas suas palavras. A trama da interacção é composta

(16)

Etnometodo

logia

• a «temporalidade interna» (organização

sequencial) dos cursos de acção como

dimensão-chave da ordem interaccional:

decomposição analítica, sob a forma de

uma estrutura multi-operacional (Garfinkel,

2007: 91), caminho investigativo continuado e

aprofundado por Harvey Sacks, que, sob a

designação de Análise da Conversação (Sacks,

1995), se tornou uma corrente de investigação

de âmbito internacional.

(17)

Etnometodo

logia

• A etnometodologia, i.e. o estudo dos métodos práticos de

organização do curso temporal das acções concertadas à

escala

situacional,

encontra

nas

interacções

conversacionais um terreno privilegiado de observação e

análise da produção social e cultural de “eventos” e de

“identidades” reconhecidos porque tornados localmente

reconhecíveis. As identidades são «realizações práticas e

contingentes» (Garfinkel, 2007: 286), que, longe de operar

num vazio social, convocam, ratificam e incoproram

«expectativas socialemente padronizadas» (Garfinkel, Op.

Cit.: 289), no decurso de um «trabalho de organização

invisível [aos próprios membros da sociedade]» (Op. Cit.:

288), por uma parte importante de teor conversacional,

passível de descrição detalhada mediante o seu registo por

observação

directa

ou

gravação,

vasto

programa

investigativo que define a Análise da Conversação.

(18)

«Posso…..?»

• Os próprios interactantes subordinam a

realização de certos actos a um «pedido de

licença» prévio:

• Trecho 1 – 5.2.(02

)

469

Técnica1

posso pôr aqui dentro?

470

Utente

pode pode claro

• Trecho 2 – 5.2.(02)

1955 Técnica1

posso lhe fazer uma pergunta?

1956 Utente

pode

1957 Técnica1

quem é que faz a sua higiene

(19)

A prova administrada pelos próprios

falantes

• Trecho 3 – 5.2.(02)

249 Técnica1

não gosto nada de abrir as

(20)

Bibliografia

• Amiel, P., 2004. Ethnométhodologie appliquée. Éléments de

sociologie praxéologique, Paris: Presses du LEMA (Laboratoire

d’Ethnométhodologie Appliquée - Université Paris 8).

• Binet, M., 2013. Microanálise etnográfica de interacções

conversacionais: atendimentos em serviços de acção social. Tese de

Doutoramento em Antropologia (dir. Adriano Duarte Rodrigues ). Lisboa: FCSH-UNL.

• Coulon, A., 1987. L’ethnométhodologie, Paris: PUF.

• Fornel (de), M. & Léon, J., 2000. L’analyse de conversation: de l’ethnométhodologie à la linguistique interactionnelle. Histoire

Épistémologie Langage, 22(I), pp.131-155.

• Heritage, J., 1987. Ethnomethodology. In A. Giddens & J. Turner, eds. Social Theory Today. Cambridge: Polity Press, pp. 224-272.

• Heritage, J., 1998. Harold Garfinkel. In R. Stones, ed. Key

Sociological Thinkers. Basingstoke: Palgrave Macmillan, pp. 175-188.

• Wolf, M., 1979. Sociologias de la vida cotidiana 2nd ed., Madrid: Cátedra.

(21)

Abordagens antropológica, linguística e sociológica curso de

análise

das

interações

verbais

http://civfcshunl.wordpress.com/

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