ATA DA REUNIÃO ADMINISTRATIVA DOS JUÍZES INTEGRANTES DO COLÉGIO RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL DE ARAÇATUBA.
Aos dez de dezembro de 2009, às 17h30min, no salão do Júri da comarca de Araçatuba, sob a presidência do Dr. Emerson Sumariva Junior, reuniram-se os Juízes integrantes do Colégio Recursal do Juizado Especial da comarca de Araçatuba, abaixo assinados, para o fim de deliberarem a respeito dos Enunciados que expressam o entendimento do Colegiado à vistas dos recursos já julgados. Iniciados os trabalhos constatou-se a ausência justificada dos Juízes Dr. João Roberto Cassali, Dr. Welington José Prates, Dr. Antonio Fernando Sanches Batagelo, Dr. Rodrigo Chammes e Dr. Luciano Bruneto Beltran, deliberando o Sr. Presidente pela realização da reunião dado o comparecimento da maioria dos integrantes do Colégio. Em seguida, foram discutidos e aprovados pelos presentes, unanimemente, os Enunciados consoante comunicado que segue:
O Presidente do Colégio Recursal da 36ª Circunscrição
Judiciária – Araçatuba-SP, comunica que, cumprindo o
comunicado nº 87/2009, da e. Presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo, no dia 10 de dezembro de 2009, em reunião administrativa dos Juízes integrantes das Turmas Recursais, aprovados os seguintes enunciados, os quais constituem a orientação jurisprudencial deste Colégio e se materializam nas seguintes súmulas.
1. “É admissível o recurso de agravo de instrumento no Juizado
Especial Cível”.
2. “O agravo de instrumento, sob pena de não conhecimento,
deve ser instruído, no ato de sua interposição, não só com os documentos obrigatórios, mas também os necessários à compreensão da controvérsia, salvo justo impedimento”.
3. “Não cabe mandado de segurança contra ato judicial
passível de recurso”.
4. “Não cabe recurso adesivo no Juizado Especial Cível”.
5. “É aplicável no Juizado Especial Cível o disposto no artigo
285-A do Código de Processo Civil”.
6. “O juiz não receberá o recurso inominado quando a
sentença estiver em conformidade com Enunciado do Colégio Recursal ou Súmula de Tribunal Superior, nos termos do artigo 518, § 1º, do Código de Processo Civil”.
7. “Contra as decisões das turmas recursais são cabíveis
apenas embargos de declaração e recurso extraordinário”.
8. “Inexiste omissão a sanar por meio de embargos de
declaração quando o acórdão não enfrenta todas as questões argüidas pelas partes, desde que uma delas tenha sido suficiente para o julgamento do recurso”.
9. “Nos termos dos artigos 17 e seus incisos, 18, caput e § 2º e
538, parágrafo único, todos do Código de Processo Civil, embargos de declaração protelatórios justificam a condenação do embargante ao pagamento de multa de 1% e de indenização de até 20% sobre o valor da causa”.
10. “Na hipótese de não se proceder ao recolhimento integral
do preparo recursal no prazo do artigo 42 da Lei n. 9.099/95, o recurso será considerado deserto, sendo inaplicável o artigo 511 do Código de Processo Civil”.
11. “Indeferida a concessão do benefício da gratuidade da
justiça requerida na fase recursal, conceder-se-á o prazo de 48 horas para o preparo do recurso“.
12. “Não é obrigatória a designação de audiência de
conciliação e de instrução no Juizado Especial Cível em se tratando de matéria exclusivamente de direito”.
13. “O relator, nas turmas recursais, em decisão monocrática,
pode negar seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em desacordo com súmula ou jurisprudência dominante do próprio juizado ou de tribunal superior”.
14. “O relator, nas turmas recursais, em decisão monocrática,
manifesto confronto com Súmula de Tribunal Superior ou jurisprudência dominante do próprio juizado”.
15. "Quando manifestamente inadmissível ou infundado o
agravo interno interposto contra a decisão monocrática do relator, a turma recursal condenará o agravante como litigante de má fé”.
16. “A gratuidade da justiça não abrange o valor devido em
condenação por litigância de má-fé”.
17. “É facultado ao juiz exigir que a parte comprove a insuficiência de recursos para obter concessão do benefício da gratuidade da justiça (art. 5º, LXXIV, da CF), uma vez que afirmação da pobreza goza apenas de presunção relativa de veracidade”.
18. “Os valores restituídos pelas administradoras de títulos de
capitalização devem ser atualizados monetariamente desde os respectivos pagamentos e acrescidos de juros de mora desde a citação”.
19. “A mera recusa ao pagamento de indenização
decorrente de seguro obrigatório não configura dano moral”.
20. “O simples descumprimento do dever legal ou contratual,
moral, salvo se da infração advém circunstância que atinja a dignidade da parte”.
21. “Os juros de que trata o art. 406 do Código Civil de 2002
incidem desde sua vigência e são aqueles estabelecidos pelo art. 161, § 1º, do Código Tributário Nacional”.
22. “O índice a ser utilizado para fins de atualização monetária
dos saldos de Cadernetas de Poupança, no período de implantação dos Planos Econômicos conhecidos como Bresser, Verão e Collor I é o IPC-IBGE, que melhor refletiu a inflação e que se traduz nos seguintes percentuais: 26,06% (junho/1987), 42,72% (janeiro/1989), 10,14% (fevereiro/1989 ), 84,32% (março/1990), 44,80% (abril/1990), 7,87% (maio/1990)”. 23. “As instituições financeiras depositárias dos valores disponíveis em cadernetas de poupança têm legitimidade passiva para a ação em que se busca discutir a remuneração sobre expurgos inflacionários”.
24. “É de vinte anos o prazo prescricional para cobrança
judicial da correção monetária e dos juros remuneratórios incidentes sobre diferenças decorrentes de expurgos inflacionários em caderneta de poupança, não se aplicando o Código de Defesa do Consumidor”.
25. “As instituições financeiras depositárias respondem pela
remuneração das contas poupança com aniversário até 15 de março de 1990, quando editada a MP n. 168/90,
convertida na Lei n. 8.024/90, referente ao período aquisitivo de fevereiro a março, devida em abril de 1990 pelo IPC de 84,32%, mesmo sobre valores bloqueados, pois a transferência ao BANCO CENTRAL DO BRASIL somente ocorreu após o creditamento”.
26. “A diferença de remuneração da conta poupança
decorrente de expurgos inflacionários deve ser atualizada monetariamente pela Tabela Prática do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, com incidência de juros remuneratórios de 0,5% ao mês, desde quando deveriam ter sido creditados até a liquidação final, de forma capitalizada, e juros de mora de 1% ao mês a partir da citação”.
27. “O crédito de juros ou correção em valor inferior ao devido
não garante a quitação senão daquilo que efetivamente foi
pago, autorizando o depositante a buscar a
complementação do que foi suprimido”.
28. “Não são cabíveis embargos de declaração contra
acórdão que confirma a sentença pelos próprios fundamentos, nos termos do art. 46 da Lei nº 9.099/1995”.
29. “Não se admite o pedido contraposto por quem não pode
ser autor no procedimento do JEC”.
30. “O Juizado Especial Cível é competente para julgar ações
31- “Os extratos da conta poupança não são documentos
indispensáveis à propositura da ação de cobrança de expurgos inflacionários decorrentes de planos econômicos.”
32- “Não é necessário o ajuizamento prévio de ação de
exibição de documento para se demandar a cobrança da correção monetária não creditada em razão dos expurgos inflacionários decorrentes dos planos econômicos.”
33- “O espólio só não pode ser parte no Juizado Especial se
houver interesse de herdeiros menores ou incapazes.”
34. “As guias de recolhimento das taxas judiciais devem ser
exibidas no original e delas devem constar expressamente os dados do processo a que elas se referem, sob pena de deserção”.
35. “Atendendo ao princípio da oralidade, a prova produzida
em audiência, preferencialmente, será registrada apenas em meio magnético ou digital, não sendo cabível transcrição, inclusive em caso de recurso”.
36. “O acesso da microempresa ou empresa de pequeno
porte no sistema dos Juizados Especiais depende da comprovação de sua qualificação tributária, mas não requer a exibição de documento fiscal referente ao negócio jurídico”.
37. “Para aferição do valor da causa levar-se-á em conta o
valor do salário mínimo nacional em vigor na data da propositura da ação”.
38. “O comparecimento pessoal da pessoa física em
audiência não pode ser suprido por mandatário, salvo se houver conciliação na própria audiência”.
39. “A perícia é incompatível com o procedimento da Lei
9.099/95 e afasta a competência dos juizados especiais”.
40. “Na execução de título extrajudicial não é possível o
arresto por envolver citação por edital, vedada pela Lei 9.099/95”.
41. “O silêncio do credor, após o prazo para cumprimento do
acordo, deve ser entendido como satisfação da obrigação, desde que previamente advertido desta conseqüência jurídica”.
42. “Não cabem embargos infringentes no sistema dos juizados
especiais”.
CRIMINAIS
1. “A falta de observância do procedimento sumaríssimo,
por si só, nulidade do processo, sendo necessária a demonstração do prejuízo (art. 65, § 1º)”.
2. “No caso de oferecimento de proposta de transação penal
ou de suspensão condicional do processo, se houver divergência entre a vontade do autor do fato e de seu defensor, deve prevalecer a vontade do autor do fato”.
3. “Não são cabíveis embargos de declaração contra
acórdão que confirma a sentença pelos próprios fundamentos, nos termos do art. 82, § 5° da Lei nº 9.099/1995”.
4. “Descumprida a transação penal, é possível o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público, desde que não homologada a transação com caráter extintivo”.
5. “Nos crimes sujeitos a ação penal privada, fica dispensada a designação de audiência preliminar até o oferecimento da queixa crime”.
6. “O juiz pode propor transação penal ou suspensão condicional do processo ao autor do fato ou réu, quando o Ministério Público se recusar a fazê-lo sem justa motivação, inclusive nas hipóteses de ação penal privada”.
7. “O art. 28, da Lei nº 11.343/2006 configura infração penal,
não obstante o preceito secundário da norma não fixar pena privativa de liberdade.”
8. “A revogação da suspensão condicional do processo
prevista no art. 89, § 3º, da Lei nº 9.099/95 não pode ser efetivada depois de expirado o prazo do período de prova.”
9. “A apelação interposta pelo Ministério Público ou pelo
Defensor deverá ser feita por meio de petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente, sob pena de não recebimento ou não conhecimento do recurso.”
Aprovados os Enunciados o Sr. Presidente Dr. Emerson Sumariva Junior agradeceu a presença dos Juízes integrantes do Colégio Recursal do Juizado Especial de Araçatuba e deliberou pelo envio de cópia dessa ata ao Exmo. Sr. Presidente do e. Tribunal de Justiça de São Paulo para publicação no Diário da Justiça Eletrônico para que, a partir dessa publicação, passem a vigorar os Enunciados aprovados. Araçatuba, 10 de dezembro de 2009
EMERSON SUMARIVA JUNIOR – PRESIDENTE
VICENTE BENEDITO BATAGELO
JOSÉ DANIEL DINIZ GONÇALVES
ADEILSON FERREIRA NEGRI
FERNANDO AUGUSTO FONTES RODRIGUES JUNIOR
ANTONIO CONEHERO JUNIOR
ROBERTO SOARES LEITE
MARCIO EID SAMMARCO