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P O D E R J U D I C I Á R I O

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Academic year: 2021

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Registro: 2012.0000365145

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Agravo de Instrumento nº 0303750-54.2011.8.26.0000, da Comarca de Rosana, em que é agravante JACKSON PEARGENTILE, é agravado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em 5ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores FRANCO COCUZZA (Presidente sem voto), FERMINO MAGNANI FILHO E FRANCISCO BIANCO.

São Paulo, 30 de julho de 2012.

MARIA LAURA TAVARES RELATOR

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VOTO N° 8.016

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0303750-54.2011.8.26.0000 COMARCA: ROSANA

AGRAVANTE: JACKSON PEARGENTILE

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Juiz de 1ª Instância: Robson Barbosa Lima

AGRAVO DE INSTRUMENTO Ação Civil Pública por ato de Improbidade Administrativa - Decisão que declarou a revelia nos termos do parágrafo único do artigo 238 do Código de Processo Civil Réu, ora agravante, que apresentou defesa prévia e após o recebimento da inicial não foi encontrado para citação Alegação de que o novo endereço constava nos autos Artigo 238 do Código de Processo Civil que é aplicável apenas para comunicações e intimações, e não para a citação Recurso provido, para afastar a declaração de revelia.

Trata-se de recurso de Agravo de Instrumento com pedido de concessão de efeito suspensivo, interposto por JACKSON PEARGENTILE contra a r.decisão copiada a fls. 79/83 que, nos autos de ação civil pública para apuração de atos de improbidade administrativa ajuizada pelo MINITÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, ratificou a declaração de revelia do agravante nos termos do parágrafo único do artigo 238 do Código de Processo Civil, pois teria sido notificado da ação, apresentado resposta e não teria sido localizado no endereço informado para citação.

Alega o agravante, em síntese, que em 19.01.2009 foi notificado a apresentar defesa preliminar, a qual foi apresentada. Após a análise de referida defesa, o MM. Juiz determinou sua citação para contestar a ação, mas o oficial de justiça deixou de citar o agravante em virtude de haver sido informado que ele residiria atualmente em Presidente Prudente/SP (conforme

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certidão de 30.09.2010, copiada a fls. 76v).

O Ministério Público manifestou-se em 17.02.2011, indicando o endereço atual do agravante, para sua citação (fls. 77/78). Posteriormente, em 10.11.2011, o MM. Juiz ratificou determinação anterior, declarando a revelia do agravado, nos termos do parágrafo único do artigo 238 do Código de Processo Civil, decisão contra a qual se insurge o agravante, que teria tomado conhecimento da determinação em 18.11.2011, com a publicação do despacho (fls. 84/85).

Sustenta o agravante que o artigo 238 do Código de Processo Civil não se aplica ao caso concreto, pois possui endereço correto nos autos, e que a citação deve operar de forma pessoal. Alega que em 24.08.2010, a Sra. Oficial de Justiça deixou de notificar outros réus no endereço indicado por ter verificado que ali residia o agravante (fls. 86). Aduz que, em 01.03.2011, juntou aos autos substabelecimento onde constava seu endereço atual (fls. 87) e que, na mesma data, juntou petição pedindo a expedição de alvará para licenciamento de veículo bloqueado, onde também constava seu novo endereço (fls. 88).

Diz que em 09.04.2010 juntou aos autos petição requerendo vista para extração de cópias dos autos, onde constava seu novo endereço (fls. 89). Por fim, alega que responde a várias outras ações na Comarca, tendo inclusive participado de audiência no local em 01.08.2011 e tendo sido decretada, em outro processo, sua prisão domiciliar e permanecido à disposição daquele Juízo até 04.11.2011. Sustenta que, mantido o entendimento do MM. Juiz, deveria ter sido nomeado curador para apresentação da contestação, nos termos do artigo 9º do Código de Processo Civil.

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Com tais argumentos, pede a atribuição de efeito suspensivo para determinar a suspensão da tramitação do processo e de qualquer prazo até a decisão final do presente agravo e o provimento do recurso, a fim de que seja reformada a decisão atacada e determinada a citação do agravante para apresentação de contestação.

O efeito suspensivo pleiteado foi concedido a fls. 134/137.

O Juízo a quo apresentou informações a fls. 144/145.

O Ministério Público apresentou contraminuta a fls. 359/365, alegando, em síntese, que o dever de demonstrar a atualização do endereço nos autos não se faz com a juntada de documentos vários, mas por meio da indicação direta do endereço atual, nos termos do artigo 238 do Código de Processo Civil. Diz que não pode prevalecer o argumento do agravante no tocante à necessidade de nomeação de curador para apresentação de contestação, pois a hipótese somente é prevista no caso de citação do revel por edital, nos termos do artigo 9°, inciso II do Código de Processo Civil.

A D. Procuradoria Geral de Justiça manifestou-se a fls. 367/370, pelo desprovimento do recurso.

É o relatório.

Trata-se de ação civil pública por atos de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público de São Paulo em face de Jackson Peargentile e outros.

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Jackson Peargentile, ora agravante, foi notificado para oferecer manifestação por escrito, nos termos do parágrafo 7° do artigo 17 da Lei n° 8.429/92:

“Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será

proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar. (...)

§ 6º A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios suficientes da existência do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil.

§ 7º Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias.

§ 8º Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita. § 9º Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação”

O agravante apresentou sua defesa preliminar, copiada a fls. 183/261.

O MM. Juiz recebeu a petição inicial e determinou a citação dos réus para responderem aos termos da ação (fls. 306).

O agravante não foi encontrado para citação, o que levou o MM. Juiz a declarar a revelia, e contra essa decisão foi interposto o

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presente agravo.

A análise detalhada dos institutos da intimação de da citação é fundamental para a resolução do presente recurso.

A intimação e a citação, de acordo com CANDIDO RANGEL DINAMARCO1, são atos de comunicação processual, ou seja, buscam a “transmissão de informações sobre os atos do processo às pessoas

sobre cujas esferas de direito atuarão os efeitos deste, eventualmente acompanhadas do comando a ter uma condita positiva ou uma

abstenção”. Assim, nas palavras de José Frederico Marques2 são “formas

de intercâmbio processual, cada uma com finalidade própria e objetivos específicos” (não destacado no original).

A citação, nos termos do artigo 213 do Código de Processo Civil, é “o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim

de se defender”. CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO3 destaca que “citação é o ato

mediante o qual se transmite ao demandado a ciência da propositura da demanda, tornando-o parte do processo”. O efeito da citação consiste

em completar a estrutura tríplice da relação processual, “de modo que a

partir dela o processo conta com os três sujeitos indispensáveis para a preparação válida e emissão eficaz do provimento jurisdicional

esperado” 4.

A intimação, por sua vez, nos termos do artigo 234 do Código de Processo Civil, é “o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e

termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa”. A intimação,

portanto, poderá dar ciência de algum ato ou, além de da ciência, conter um

1 Instituições de Direito Processual Civil, Vol. II, 2ª.ed, Malheiros, São Paulo, 2002, p. 505. 2 Instituições de Direito Processual Civil, Vol. II, Ed. Millennium, Campinas, 2000, p. 453. 3 Instituições de Direito Processual Civil, Vol. II, 2ª.ed, Malheiros, São Paulo, 2002, p. 506. 4 Instituições de Direito Processual Civil, Vol. II, 2ª.ed, Malheiros, São Paulo, 2002, p. 506.

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comando a ser cumprido5.

In casu, o MM. Juiz declarou a revelia do agravante,

pois após a apresentação da defesa prévia e recebimento inicial, ele não foi encontrado pelo oficial de justiça para citação.

Observada a literalidade da lei, não seria aplicável o disposto no artigo 238 do Código de Processo Civil ao presente caso, uma vez que ele trata apenas de comunicações e intimações:

“Art. 238. Não dispondo a lei de outro modo, as

intimações serão feitas às partes, aos seus

representantes legais e aos advogados pelo correio ou, se presentes em cartório, diretamente pelo escrivão ou chefe de secretaria.

Parágrafo único. Presumem-se válidas as comunicações e intimações dirigidas ao endereço residencial ou profissional declinado na inicial, contestação ou embargos, cumprindo às partes atualizar o respectivo endereço sempre que houver modificação temporária ou definitiva.”

Dessa forma, merece ser provido o recurso interposto pelo réu, para afastar a revelia declarada nos termos do parágrafo único do artigo 238 do Código de Processo Civil.

Pelo exposto, pelo meu voto, dou provimento ao agravo, para afastar o decreto de revelia.

Maria Laura de Assis Moura Tavares Relatora

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