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Silva Vieira, Risomar; Fialho Moreira, Iara; Faria Neves, Jânia; Lucena Rangel, Mayara. Brasil

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Academic year: 2021

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ID:1808

A INFLUÊNCIA DO LAZER E DO ESPORTE NA QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Silva Vieira, Risomar; Fialho Moreira, Iara; Faria Neves, Jânia; Lucena Rangel, Mayara. Brasil RESUMO

Com o aumento do número de pessoas com deficiência, cresce a necessidade de melhoria da inclusão social. O Projeto “Acesso cidadão ao lazer, esporte, arte e cultura”, realizado na praia do Cabo Branco em João Pessoa, Paraíba, Brasil, proporciona o acesso ao mar e a prática esportiva para pessoas com deficiência como instrumento de inclusão social. O presente estudo objetivou analisar a influência do acesso ao lazer, esporte e cultura na qualidade de vida dos usuários desse projeto. Trata-se de uma pesquisa de campo, de corte transversal com caráter descritivo e exploratório, com abordagem quanti-qualitativa. Os instrumentos de pesquisa foram um questionário semiestruturado para caracterização dos perfis clínico e sociodemográfico e o WHOQOL-bref, para avaliar a qualidade de vida. A análise dos dados utilizou o Microsoft Office Excel 2013 de acordo com a proposta de Pedroso et al. (2014). Para as entrevistas utilizou-se a técnica de análise de discurso no modelo de Michel Pêcheux. A média de idade foi 41,45 (±12,37). Dos sujeitos, 37% recebem Benefício de Prestação Continuada, 47% são solteiros, 46% utilizam o transporte cedido por apoiadores e 82% são usuários cadeira de rodas. O diagnóstico topográfico mais prevalente foi amputação dos membros inferiores (37%) e o etiológico foram as lesões por traumatismo (37%). Avaliando a qualidade de vida, o maior escore foi no domínio psicológico, seguido pelo físico e social. Foi observado que o lazer e a prática de esporte adaptado oferecido no projeto “Acesso Cidadão” influência positivamente na qualidade de vida dos indivíduos.

Palavras chaves: Acessibilidade, Qualidade de vida, Inclusão Social. INTRODUÇÃO

O número de deficientes aumentou nos últimos anos. Segundo dados do Censo de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística1, quase 24% da população brasileira tem algum tipo de deficiência. Na Paraíba, estima-se que 27,7% da população têm algum tipo de deficiência sendo, destes, 8,5% deficiência motora, condição essa que passa a influenciar no exercício cotidiano da cidadania e na qualidade de vida.

Qualidade de vida é definida como sensação íntima de conforto, bem estar ou felicidade no desempenho de funções físicas, intelectuais e psíquicas dentro da realidade da sua família, do seu trabalho e dos valores da comunidade a qual pertence. Considerando isso, diversos fatores influenciam na qualidade de vida como a alimentação, habitação, trabalho, educação, saúde, sexualidade e lazer, até aspectos macrossociais 2.

O esporte e o lazer são considerados indispensáveis na vida do deficiente. Estudos mostram que a prática regular de atividade física, para fins competitivos ou não, traz benefícios como desenvolvimento físico (funções metabólicas, cardiorrespiratórias e motoras), psicológicos e sociais, como a melhora da

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autoestima, do bom humor e redução do estresse, proporcionando também uma oportunidade para o relacionamento com diversos grupos sociais 3-4.

Visando facilitar o acesso ao mar, promover inclusão social e melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, existem espalhados pelo Brasil projetos que, através de equipamentos adaptados e equipe treinada, promovem um espaço de lazer e prática de esportes adaptados. Em João Pessoa está em funcionamento, desde dezembro de 2012, o projeto “Acesso Cidadão ao lazer, esporte, arte e cultura” que conta com o apoio da Prefeitura e do Estado sob a gerência da associação sem fins lucrativos AC-Social (Assessoria e Consultoria para Inclusão Social). Com o desejo de investigar o impacto das ações realizadas neste projeto sobre a qualidade de vida das pessoas com deficiência, na cidade de João Pessoa, surgiu o interesse em realizar o presente estudo. Sendo assim, esta pesquisa teve por objetivo analisar a influência do acesso ao lazer, esporte e cultura na qualidade de vida dos usuários do projeto “Acesso Cidadão”.

MATERIAL Y MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa de campo de corte transversal com caráter descritivo e exploratório com abordagem quanti-qualitativa realizada entre os meses de outubro e novembro de 2014, no projeto Acesso Cidadão ao Lazer, Esporte, Arte e Cultura, que desenvolve suas atividades todos os sábados na praia do Cabo Branco no município de João Pessoa, Paraíba, Brasil.

Participaram do estudo 11 sujeitos de ambos os sexos, com mais de 18 anos, sem comprometimento cognitivo e que estão no projeto há, no mínimo, quatro meses de forma assídua. Estes foram esclarecidos previamente quanto à metodologia e objetivo do estudo e deram sua anuência assinando do Termo Livre de Consentimento (TCLE).

Foram utilizados como instrumentos de pesquisa um questionário semiestruturado e o World Health

Organization Quality of Life Instruments (WHOQOL-bref). O questionário semiestruturado com 16

perguntas foi construído com a finalidade de obter um perfil sociodemográfico e clínico da amostra, bem como as percepções sobre o projeto. A qualidade de vida foi mensurada utilizando-se o questionário WHOQOL-bref 5. Este é formado por 26 questões multidimensionais considerando quatro domínios (físico, psicológico, relação social e meio ambiente) e mais duas questões relacionadas à qualidade de vida de maneira geral.

Para a análise de dados provenientes do questionário foi utilizada estatística descritiva, fazendo uso de média, desvio padrão, valor mínimo e máximo para variáveis quantitativas, bem como de proporções para variáveis categóricas. Concomitantemente uma planilha disponibilizada no artigo de Pedroso et al.6 sobre o cálculo dos escores e estatística descritiva do WHOQOL-bref através do Microsoft Office Excel

2013. Quanto ao produto do questionário, foi utilizada a técnica de análise de discurso do modelo

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A pesquisa foi conduzida de acordo com normas e diretrizes do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, respeitando as exigências da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde 7.

RESULTADOS

Foram avaliados 11 indivíduos com média da idade de 41,45 ± 12,37, sendo 8 (73%) do sexo masculino e 3 (28%) do feminino. Em relação ao estado civil, 5 (46%) solteiros, 2 (18%) casados, 2 (18%) divorciados e 2 (18%) vivendo como coabitação. No tocante à forma de locomoção, houve um predomínio de cadeira de rodas com 82% (n=9). Dos outros entrevistados, 1 usa próteses de MMII (9%) e 1 (9%) é usuário de órtese (tutor longo).

O diagnóstico topográfico visualizado entre os usuários mostra que a maioria apresentava maior comprometimento funcional nos membros inferiores. Do total, 4 (37%) por amputação de membro inferior, 3 (27%) por paraparesia, 2 (18%) por diplegia e 2 (18%) com paraplegia. Já sobre o diagnóstico etiológico, 4 (37%) casos são decorrentes de traumatismo, 3 (27%) de poliomielite, 2 (18%) de paralisia cerebral e 2 (18%) por motivo vascular.

Em relação ao transporte utilizado para ir para o projeto 5 (46%) utilizam o transporte cedido pelas instituições apoiadoras, 4 (36%) utilizam o transporte próprio e apenas 2 (18%) utilizam transporte público.

Quanto à atividade preferida do projeto, 7 (64%) sujeitos responderam ser o banho de mar acessível, com a cadeira anfíbia. Os outros 4 (36%) responderam ser o vôlei adaptado e formaram um time amador na modalidade.

O perfil da amostra revela algumas nuances interessantes. O predomínio de homens no projeto pode se dar por questões culturais, já que há um estímulo precoce à prática esportiva no sexo masculino desde a infância. Ao mesmo tempo, uma vez que o projeto acontece no turno da manhã, as mulheres podem ter sua participação restringida por necessitarem cumprir suas atividades domésticas, o que reforça os debates sobre os papéis de gênero, sobretudo no nordeste brasileiro em que há um predomínio de uma cultura sexista 8.

No tocante ao diagnóstico, os resultados vão de encontro ao estudo de Martins e Rabelo9, nos quais a deficiência de 43% e 39% da amostra, respectivamente, provém da poliomielite. Isso pode ser explicado pela alta incidência de poliomielite até algumas décadas no Brasil. Paralelamente, houve um aumento na última década no índice de violência e de acidentes no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde 10. Isso associado a uma melhoria significativa na assistência médica em casos desse tipo aumenta a sobrevida e gera, como consequência, uma população cada vez maior de pessoas com deficiência.

Outro fator de relevância é o percentual restrito de usuários que fazem uso dos transportes públicos. Esse pode ser inclusive, um dos mais importantes fatores restritivos para outros usuários que desejem

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participar do projeto e que, pelas dificuldades de locomoção, acabam desistindo. Os problemas de mobilidade decorrentes da precária acessibilidade aos transportes públicos interferem diretamente na qualidade de vida, pois restringem os deslocamentos e, dessa forma, as relações sociais e as atividades cotidianas 11.

Fig. 1 Média dos escores por domínios na avaliação da qualidade de vida.

A análise da qualidade de vida através do WHOQUOL-bref revelam que o domínio de maior pontuação foi o psicológico, como pode ser observado na figura 1. Noce et al. 12 investigaram as repercussões da prática de basquete em deficientes. Em relação ao grupo controle, os ativos apresentam escores maiores nos domínios, o que se configura como uma melhora na qualidade de vida. Fazendo um comparativo entre o estudo de Noce et al.12 e este, percebe-se escores aproximados. Isto pode ser observado no gráfico 2 (representado em azul), o que reforça o impacto positivo das atividades do Projeto “Acesso Cidadão” para melhorar a qualidade de vida de seus usuários.

Fig. 2 Comparação com os escores encontrados no estudo de Noce et al. (2008).

69,48 76,89 68,94 58,52 75,36 81,94 75,28 53,85 54,29 54,58 61,67 42,4

FISÍCO PSICOLÓGICO SOCIAL AMBIENTAL

Usuários Ativos* Sedentários*

Os resultados obtidos com o WHOQOL-bref podem ser endossados pelas falas dos usuários:

[...] Minha vida mudou completamente. Antes eu tinha vergonha de expor o meu

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tenho uma autoestima elevada, me sinto bonita. Fiz amigos verdadeiros e até estou namorando. (Participante 1)

[...] O estresse passou. Atualmente sou mais paciente, mais disposta, tenho mais amigos e uma sensação maravilhosa de liberdade quando entro no mar.

(Participante 2)

[...] Melhorou a saúde, principalmente. Como sou diabético e hipertenso, ajudou a normalizar minhas taxas. Passei a praticar esporte. (Participante 3)

Barrozo et al. 4 e Martins e Rabelo 9 em seus estudos sobre acessibilidade ao esporte, cultura e lazer para pessoas com deficiência, chegaram a resultados semelhantes. Constatando-se a necessidade que as pessoas com deficiência têm em participar dos vários grupos sociais. Desta forma, esporte, cultura e lazer vão além da promoção da qualidade de vida ou bem estar. São meios pelos quais o sujeito se desenvolve e exerce sua cidadania, além de se apropriar do seu espaço físico e social gerando autonomia.

CONCLUSÃO

Os resultados encontrados neste estudo revelam que a prática de atividade física realizada em longo prazo, mesmo que uma vez por semana, quando associadas ao lazer e a cultura, influenciam positivamente na qualidade de vida das pessoas com deficiência, principalmente nos componentes físico e psicológico que compõem a qualidade de vida.

REFERENCIAS

1. Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo 2010. Brasília, 2012. 2. Nobre, M. R. Qualidade de vida. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v.64, n.4, 1995.

3. Mazzotta, M. J. S.; D’Antino, M. E. F. Inclusão Social de Pessoas com Deficiências e Necessidades Especiais: Cultura, Educação e Lazer. Revista Saúde Social, v.20, n.2, p. 377-389, 2011.

4. Barrozo, A. F.et al. Acessibilidade ao esporte, cultura e lazer para pessoas com deficiência. Cadernos de pós-graduação em distúrbios do desenvolvimento. v.12, n.2, p. 16-28, 2012.

5. Fleck, M.P.A. O instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100): características e perspectivas. Ciência & Saúde Coletiva, v.05, n. 01, p.33-38, 2000.

6. Pedroso, B. Versão francesa da ferramenta para o cálculo dos escores e estatística descritiva do WHOQOL-bref através do Microsoft Excel. Revista Brasileira de Qualidade de Vida, v.06, n.01, jan/mar, p.60-62, 2014.

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7. Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 466/12. Brasília, 2012.

8. Neves, J. F. Percepção da mulher de classe média sobre os seus papéis nas diferentes configurações familiares, 2009. 129f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social). Universidade Federal da Paraíba (UFPb), João Pessoa, 2009.

9. Martins, D. L.; Rabelo, J. R. Influência da atividade física adaptada na qualidade de vida de deficientes físicos. Movimentum. v.3, n.2,. 2008.

10. Gonsaga, R. A. T. et al . Avaliação da mortalidade por causas externas. Rev. Col. Bras. Cir., v. 39, n. 4, Aug. 2012.

11. Araujo, M. R. M. et al . Transporte público coletivo: discutindo acessibilidade, mobilidade e qualidade de vida. Psicol. Soc., v. 23, n. 3, dez. 2011.

12. Noce, F.; Simim, M. A. M.; Mello, M. T. A percepção de qualidade de vida de pessoas portadoras de deficiência física pode ser influenciada pela prática de atividade física?. Rev Bras Med Esporte. v. 15, n. 3, 2009.

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