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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Academic year: 2021

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Registro: 2017.0000972714

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1021953-12.2014.8.26.0002, da Comarca de São Paulo, em que é apelante ELISANGELA MARQUES DE OLIVEIRA (JUSTIÇA GRATUITA), são apelados IVAN DUNSHEE DE ABRANCHES OLIVEIRA SANTOS FILHO, HOSPITAL E MATERNIDADE VIDA'S LTDA. e AMEPLAN ASSISTÊNCIA MÉDICA PLANEJADA SC LTDA.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 7ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram provimento em parte ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente sem voto), MARY GRÜN E RÔMOLO RUSSO.

São Paulo, 14 de dezembro de 2017. Luis Mario Galbetti

Relator Assinatura Eletrônica

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VOTO Nº 16446

Apelação com Revisão nº 1021953-12.2014.8.26.0002 Apelante: Elisangela Marques de Oliveira

Apelados: Ivan Dunshee de Abranches Oliveira Santos Filho; Ameplan Assistência Médica Planejada S/C Ltda Hospital e Maternidade Vida's S/C Ltda

Origem: 7ª Vara Cível de Santo Amaro Juíza: Adriana Borges de Carvalho

Responsabilidade civil Cirurgia plástica que resultou cicatrizes alargadas e pontos de sutura com processos inflamatórios Alegação de imprudência, negligência e imperícia médica Laudo pericial que afastou irregularidade no procedimento Responsabilidade do médico e do hospital afastada Culpa que deve recair sobre a operadora de plano de saúde que não deu oportunidade à autora de se manter no contrato após o fim da relação empregatícia, prejudicando o pós operatório, conforme revelou o laudo pericial - Violação às regras do artigo 30 da Lei nº 9.656/98 e da Resolução 19 do CONSU, que garantem ao ex-funcionário a continuidade do plano Danos materiais no valor de R$ 19.000,00 e danos morais fixados em R$ 10.000,00 Recurso parcialmente provido.

1. Trata-se de apelação interposta contra sentença que julgou improcedente ação de reparação de danos, condenada a autora no pagamento das custas e despesas processuais,

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fixados os honorários advocatícios em 10% do valor atribuído à causa, observados os termos do art. 98, parágrafo 2º e 3º do Novo Código de Processo Civil.

Apela a autora para busca a inversão do julgado. Diz que se submeteu a cirurgia de abdominoplastia e teve complicações. Sentiu fortes dores, os pontos abriram, a região apodreceu e ficou com mau cheiro. Sofreu prejuízo moral, estético e precisa se submeter a novo procedimento para reparar as cicatrizes defeituosas. Foi vítima de erro médico. A obrigação é de resultado. Diz que a culpa está evidenciada. A operadora do plano de saúde também deve responder, pois negou a continuidade do plano de saúde na ocasião em que se desligou da empresa que trabalhava. O juízo apresentou proposta de conciliação para que a reparação fosse realizada pelo mesmo médico. Recebeu telegrama com a data da cirurgia e nenhum exame prévio foi exigido. Desistiu do acordo. Tem o direito de ter o corpo reparado por outro profissional.

Recurso respondido.

2. Consta dos autos que a autora se submeteu a cirurgia plástica para correção de excesso de pele na região do abdômen (abdominoplastia em âncora), em 09.03.2013, que resultou em cicatrizações inestéticas alargadas em 10 e 04 centímetros acima e

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inflamatórios, conforme revelou o laudo pericial de fls. 247/262 e as fotografias de fls. 46/50.

A necessidade do reparo cirúrgico foi reconhecida pelos réus no 27º dia após o procedimento, quando o processo inflamatório estava se iniciando, mas havia necessidade de se aguardar o tempo de maturação da cicatriz para que novo procedimento fosse realizado (fls. 105/106 e 249).

Ocorre que a autora não retornou mais ao consultório do médico e passou a se tratar no SUS (que não dispunha de cirurgião plástico), em razão do plano de saúde negar a continuidade do contrato na ocasião em que ela se desligou da empresa que trabalhava - Viação Miracatiba Ltda (fl. 39).

A operadora afirmou na contestação que a possibilidade de migração foi oferecida, mas não comprovou minimamente o alegado (fl. 115), infringindo duas normas do ordenamento jurídico.

A primeira é a do artigo 30 da Lei 9.656/98 que assegura ao beneficiário o direito de se manter no contrato nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, pelo período de um terço de permanência no plano ou seguro, com tempo mínimo a de seis meses e

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um máximo de vinte e quatro meses.

Art. 30. Ao consumidor que contribuir para

produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art.

1o desta Lei, em decorrência de vínculo

empregatício, no caso de rescisão ou exoneração do contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua condição de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral.

§ 1o O período de manutenção da condição de

beneficiário a que se refere o caput será de um terço do tempo de permanência nos produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o, ou

sucessores, com um mínimo assegurado de seis meses e um máximo de vinte e quatro meses.

No caso a autora trabalhou na empresa Viação Miracatiba Ltda no período de 13.01.2011 até 18.02.2013, sendo certo que possuía o direito de permanecer por no mínimo mais seis meses, mas a operadora a excluiu em 22.03.2013, ou seja, pouco mais de um mês após a rescisão contratual (fls. 39 e 150).

E nem se diga que logo em seguida ela passou a trabalhar em outra empresa, porque o desemprego foi comprovado na ocasião em que apresentou contestação ao incidente de impugnação à assistência judiciária, em agosto de 2014 9 (autos em apenso).

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CONSU, de 25.03.1999, que estabelece:

Art. 1º - As operadoras de planos ou seguros de assistência à saúde, que administram ou operam planos coletivos empresariais ou por adesão para empresas que concedem esse benefício a seus

empregados, ou ex-empregados, deverão

disponibilizar plano ou seguro de assistência à saúde na modalidade individual ou familiar ao

universo de beneficiários, no caso de

cancelamento desse benefício, sem necessidade de cumprimento de novos prazos de carência. (grifei)

O Conselho de Saúde Suplementar estabeleceu que o beneficiário de plano coletivo tem o direito à contratação de plano individual ou familiar, em caso de rescisão do contrato coletivo.

A falta de cumprimento das normas jurídicas prejudicou a continuidade do trabalho pós-cirúrgico com a mesma equipe médica, sendo intuitivo que causou prejuízo à autora que agora terá que se submeter a nova, dolorosa e extensa cirurgia.

Até mesmo o perito apontou que a falta de continuidade do tratamento com o profissional adequado contribuiu para

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a formação do problema na cicatriz e nos pontos de sutura (fl. 258).

Assim, dada a abusividade da conduta, deve ser reconhecida a responsabilidade da operadora de plano de saúde Ameplan Assistência Médica Planejada SC Ltda pelos danos morais na quantia de R$ 10.000,00, por ter retirado a chance da autora cuidar da saúde da melhor forma, corrigidos da data da publicação do acórdão pela Tabela Prática do Tribunal de Justiça, com juros desde a data da exclusão do contrato (22.3.2013 fl. 150).

Os danos materiais consubstanciados no valor de um novo procedimento cirúrgico reparador também são devidos, adotando-se a quantia pretendida na inicial de R$ 19.000,00, com juros e correção monetária pela Tabela Prática do Tribunal de Justiça a contar da citação.

Não se vislumbra responsabilidade do Hospital e do médico pelos danos, porque o laudo pericial concluiu pela inexistência de falha na prestação dos serviços.

Os danos estéticos também não são devidos, uma vez que a cicatriz é inerente ao procedimento cirúrgico.

3. Diante do exposto e por tudo mais que dos autos consta DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para

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condenar a operadora de plano de saúde, Ameplan Assistência Médica Planejada SC Ltda, a pagar à autora indenização por danos materiais no valor de R$ 19.000,00, com juros e correção monetária pela Tabela Prática do Tribunal de Justiça a partir da citação, além de danos morais na quantia de R$ 10.000,00, com juros a partir do término do contrato (22.03.2013 evento danoso) e correção monetária a partir da publicação deste acórdão. A operadora também fica condenada a pagar metade das custas e despesas processuais fixados os honorários advocatícios em 15% do valor da condenação, mantida a sucumbência da autora quanto aos demais réus, devendo o valor decair pela metade, dado o desfecho dado à lide, observada a justiça gratuita.

LUÍS MÁRIO GALBETTI RELATOR

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