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Rádio Cultura de Lorena:

sessenta anos de comunicação

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“O rádio e a literatura têm proporcionado momentos de ex-trema beleza história afora, inclusive sendo cúmplices um do outro. É esta cumplicidade e “ invasão “ de uma linguagem na outra – a transmutação de linguagem - , uma reinterpretação dos enunciados literários como enunciados radiofônicos, as fraturas e fragmentações deste processo, é que dão importância científica e necessidade de pesquisas aprofundadas ao tema. “

Adami, A., 2002,p.160

Palavras-Chave

resumo

Rádio Cultura, comunicação, educação

Cantora do “cast” de artistas da Rádio Cultura de Lorena, Miriam Santos se apresenta em programa de calouros, em plena era de ouro do rádio, observada pelo já famoso apresentador Jota Silvestre (São Paulo / SP - anos 50)

Em sua edição nº 973 o Jornal Guaypacaré, de Lorena / SP, publicou um texto sobre a fundação da Rádio Cultura. A matéria demonstra como está fragmentada a história da emis-sora, pois o conteúdo, escrito origi-nalmente por um dos fundadores, ficou “escondido” por anos o que denota o descuido em se escrever, registrar e divulgar tal evolução. Procuramos aqui, identificar a razão desta rádio, de um grande grupo de comunicação, numa das regiões mais importantes do país, não pos-suir registro histórico à sua altura. Além disso, criar um processo que documente toda sua história.

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Introdução

Esta história poderia ter sido escrita por qualquer autor ou per-sonagem saído de um tempo real, de um momento real qualquer, em que o rádio esteve presente na vida de cada um de nós. Assim ela me foi contada:

No canto da sala, o rádio antigo transmitia mais um da-queles programas de calouros tão comuns na era de ouro do rádio, meados dos anos 50. Mas era especial naquele dia para toda a audiência que tinha naquele veículo, seu único meio de diversão, lazer e entretenimento. O rádio era a vida das pessoas.

Uma final de concurso tem sempre uma expectativa a mais para quem ouve, mais ainda para ela, que estivera tão emocionalmente envolvida. Tinha realmente um outro sabor.

Após os primeiros acordes da vinheta sonora que anunciava a volta do programa após o intervalo dos comerciais, entra a voz mais que conhecida, muito marcante na comunicação brasileira, a voz de Jota Silvestre.

De forma clara e pausada ele conclama:

Antes da seqüência da apresentação dos nossos outros candidatos, gostaríamos de informar que ainda aguarda-mos aqui a presença da forte candidata Miriam Santos, que até agora não chegou aos nossos estúdios para esta grande final.

Aquela frase, assim ao vivo, foi o bastante para provocar suas lágrimas, que até naquele momento mareavam seus olhos, mas não escondiam um misto de decepção e revolta pela autoridade de um pai austero que a impedira de seguir sua grande vontade e vocação. Ser uma cantora do rádio com o reconhecimento nacional.

Seu jovem e promissor talento já tinha alcançado as fronteiras do seu estado, abrindo shows de outros astros da música popular da época. Mas faltava aquele salto final para o sucesso total, que nunca veio depois deste dia. Frustrada, ela desistiu. Casou-se e pouco tempo depois, com 23 anos, veio a falecer.

Seria apenas uma história, se não fosse parte da minha história e de minha mãe, Miriam Santos. Uma promissora cantora nascida no interior, mas com um talento do tamanho do mundo, pois ainda hoje

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Apresentação

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é uma referência das pessoas que com ela conviveram. Acredito que tenha sido por ouvir tantas histórias assim que eu também tenha me apaixonado pelo rádio.

“ Há duas concepções básicas de cultura: as humanistas, de um lado, e as antropológicas, de outro. As primeiras são seletivas. Separam alguns segmentos das atividades humanas, concebendo-os como culturais em detrimento de outros considerados não-culturais. As antropológicas são não-seletivas, pois aplicam o termo cultura à trama total da vida humana numa dada sociedade, à herança social inteira e a qualquer coisa que possa ser adicionada a ela”. (SANTAELLA, 2002, p.48)

O ano de 2003 estabeleceu um momento histórico para esta emis-sora de rádio. A Rádio Cultura de Lorena – AM 1460 Khz, situada em Lorena, Estado de São Paulo e que pertence a um dos maiores grupos de Comunicação do país: a Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão.

Este veículo, que completou recentemente sessenta anos de exis-tência, depois de conhecer a ascensão e o sucesso em outros tempos, idos tempos da era de ouro do rádio, trilhava caminhos de pouco êxito, comercial ou artístico desde o final dos anos 80 até os dias atuais.

Estes períodos recentes apontavam para um grande impasse à administração do grupo. Como gerir à distância esta tradicional emis-sora do grupo num mercado de comunicação que apresentava muitas adversidades?

Este desafio até que encontrou um desfecho relativamente feliz e muito benéfico para as partes envolvidas neste processo decisório.

Uma parceria inédita nesta região, do grupo Band Vale e a FATEA, uma renomada faculdade local, que ministra quatro opções de gradu-ação em Comunicgradu-ação Social (Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Rádio e Televisão ), passou a controlar, produzir e veicular uma programação própria e eliminou o risco da Rádio Cultura ir parar em mãos aventureiras.

Mas quem irá contar este fato, parte de tão rica história, parte significativa dos anais da comunicação valeparaibana? É neste sen-tido que se acredita que um projeto desta natureza venha resgatar e

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estabelecer a verdade de fatos da trajetória sem registro definido, tão desfalcada e falha, deste importante veículo regional que sustenta um marco de vivência no meio rádio e a partir daí constituir um memorial biográfico organizado.

Parte do texto original escrito por um dos fundadores e só agora publicado

Em 1944 surgiu a idéia para dotar Lorena de uma Emissora de rádio. Naquela época só existiam no Vale do Paraíba a Rádio Mantiqueira de Cruzeiro, a Rádio Difusora de Taubaté e a de São José dos Campos.

No entanto, ela nasceu de uma brincadeira que passo a relatar: em 1943/44 a Philco lançou um tipo revolucionário de toca-disco (que não havia a necessidade de ser ligado ao rádio), pois funcionava numa freqüência fora da faixa AM – porém com uma pequena modificação efetuada pelo nosso técnico sr. Giannethi, ‘aliás, muito competente, trazido da Philco’, que adaptou uma antena, com a qual sua onda atingia, e distribuía som num perímetro de 3 a 5 kilômetros ... assim, todas as noites, após as 23 horas, transmitíamos músicas pelo espaço de uma hora, usando o microfone, e o locutor improvisado Osíris Ferrari (Zirão).

Jornal Guayparé, p. A4 e A5- Edição de 20 de de-zembro de 2003. A História da emissora Cultura, idéia nascida a partir dos servi-ços de alto falante que sonorizavam a praça principal da pequena cidade do interior, para o deleite das famílias e casais que saíam a passeio, se confunde com a história e a evolução cultural e política e econômica de Lorena. Além do mercado profissional das áreas de comunicação e seus talentos.

Estava lançada a semente, ficou reforçada a idéia de montarmos uma estação de rádio em Lorena... e, mãos à obra. Precisávamos de terreno para instalar a torre e o transmissor, recaindo a escolha no alto da Vila Zélia. Con-tando com a grande colaboração e ajuda do sr. Epitácio Santiago, fomos procurar o sr. Peixoto de Castro, proprie-tário daquela Vila, grande amigo do nosso padrinho. Nos atendeu com a melhor boa vontade e nos ofertou 2 lotes naquele aprazível recanto.

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O nome da Rádio Cultura de Lorena foi escolhido pelo nosso amigo e incansável companheiro Aldo Ferreti – sócio-gerente da sociedade.

A Rádio funcionou sob minha presidência e propriedade durante mais ou menos quatro anos, sendo que por in-junções comerciais, fui obrigado a transferir a nossa Rádio aos srs. Rozendo Pereira Leite e José Machado Coelho, que também, após alguns anos, a transferiu ao sr. Aldo Ferreti. Por último passou-a para a Rádio Bandeirantes de São Paulo S/A, atual proprietária.

Em tempo: na inauguração da nossa Rádio, lembro-me de dois locutores naquele evento: sr. Luiz Soares de Gouveia e sr. Genézio do Nascimento; e do diretor-gerente, o nosso saudoso Aldo Ferreti.

Lorena, 24/07/1988

Obs.: Desculpem-me por alguma falha ou esquecimento, são passados quarenta e três anos.”

Jorge Salomão, empresário lorenense e fundador da Rádio Cultura. Falecido em 1990.

Jornal Guayparé, p.A5 - Edição de 20 de dezembro de 2003.

1.1.

Fases cronológicas determinadas e tópicos pesquisados para este estudo:

Foram objetos desta pesquisa os fatos correlatos desde a idéia e a necessidade de uma rádio local à implantação da parceria empresa de comunicação e universidade e a interação conteúdo pedagógico e prática comercial.

1.2.

Anos 40: a fundação no apogeu do rádio - o início de um sonho

Criada em 1944, a partir dos modelos existentes das rádios me-tropolitanas, como a Rádio Mayrink, Rádio Nacional, buscou orienta-ções de fundação e funcionamento em outras 03 emissoras regionais: Rádio Difusora (Taubaté), Rádio Mantiqueira (Cruzeiro) e outra ainda legalmente habilitada ao funcionamento, a Rádio Clube de Guaratin-guetá. A Rádio Cultura reflete o sonho dos pioneiros que, ainda que, amadoristicamente, plantaram a semente da comunicação na cidade

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de Lorena.

1.3.

Os anos 50, a época de ouro dos programas de rádio, auditório ao vivo

O auditório da Rádio Cultura em Lorena foi palco de estréia de todos os talentos locais e regionais. Os domingos eram palcos e opor-tunidade para quem quisesse mostrar qualquer atividade ou expressão artística.

Depoimentos colhidos informalmente que resgatam a memória verbal, hoje, demonstram que era programa obrigatório nos fins de semana assistir ao show de calouros, seus concursos e até promoções publicitárias locais, como de uma sorveteria que premiou quem mais juntasse palitos de seus produtos, que culminavam com a entrega do prêmio numa dessas sessões.

Neste contexto, o rádio viveria aquela que é considerada a sua época de ouro, caracterizada por uma programação voltada ao entretenimento, predominando programas de auditório, radionovelas e humorísticos. A cobertura esportiva também ocupa seu espaço. O radiojornalismo, por sua vez, ganha força à medida que o país se envolve na Segunda Guerra Mundial. O veículo adquire, desta forma, audiência massiva, tornando-se, no início dos anos 50, principalmente por meio da Nacional, a primeira expressão das indústrias culturais no Brasil (FERRARETTO, 2001, p.112-3) [...] O sucesso das novelas, no entanto, foi gradativo. Com o tempo, eram transmitidas nos três turnos do dia. Em 1945, a Nacional transmitia diariamente 14 produções. Seis anos depois, o Brasil pararia para ouvir “O direito de nascer”, outro roteiro importante de Cuba. (FERRARETTO, 2001, p.120)

Nas emissoras locais a realidade espelhava o comportamento social e comercial dos grandes centros. Existe em poder de pessoas que atuaram na emissora, originais e gravações da década de seten-ta de adapseten-tações de radio novelas veiculadas pela Cultura.

Eram profissionais de teatro local que emprestaram suas vozes para levar a dramaturgia ao gosto popular da população lorenense. Mas a retransmissão de produções de outras emissoras também ajudavam na captação de anunciantes para a receita comercial.

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qual-quer ouvinte de rádio. Não seria diferente a atitude de um veiculo local ou regional. Os programas de auditório foram sempre a coqueluche do rádio.

Seus reflexos ainda ecoam hoje em emissoras da capital paulista que tentam re-editar este tipo de produção, apresentando para o pú-blico jovem novos e consagrados artistas em apresentações ao vivo e abertas para o público.

Mistura de programa radiofônico, show musical, espetá-culo de teatro de variedades, circo e festa de adro (o que não faltavam eram sorteios); esses programas chegaram a alcançar uma dinâmica de apresentação que conseguia manter o público dos auditórios em estado de excitação contínua durante três, quatro e até mais horas. Para isso, os animadores contavam não apenas com a presença de cartazes de sucesso garantido junto ao público, mas ain-da com a colaboração de grandes orquestras, conjuntos regionais, músicos solistas, conjuntos vocais, humoristas e mágicos, aos quais se juntavam números de exotismo, concursos a base de sorteios e distribuição de amostras de produtos entre o público” (FERRARETTO, 2001, p.121). As cidades nesta época também criavam seus concursos de canto-res e grupos, o que gerou sempre uma rivalidade sadia dos “famosos locais”. As famílias e grupos de amigos torciam pelos seus prediletos nas apresentações como quem vai ao estádio e torce pelo seu time. Como todas as localidades, a cidade e a Rádio Cultura, tinham suas rainhas “Emilinhas” e “Marlenes”.

Também como característica do povo brasileiro, o humor estava presente na programação local. Os esquetes de humor ou anedotários, concursos de piadas ou peças sátiro-musicais, também fizeram parte das atrações dos shows de calouros nos idos anos de sucesso do rádio feito ao vivo.

1.4.

Anos 60: a informação a serviço da comunidade

O advento rádio nasceu com o perfil da informação. O entreteni-mento foi conseqüência da expectativa de audiência e uma adequação natural. O rádio foi e sempre será ágil na vanguarda. Ouvir os jornais falados era tão obrigatório quanto assistir um jornal televisado ou lê-lo impresso ou ainda via net, hoje.

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Segunda Guerra Mundial. No espírito da aproximação brasileira com os Estados Unidos, irrompe nos receptores o “Repórter Esso”, identificado por uma característica musical e textos de abertura que ficariam na memória de milhares de ouvintes em todo o país: - Prezados ouvintes, bom dia. Aqui fala o Reporter Esso, porta-voz radiofônico dos revendedores Esso, apresentando as últimas notícias da UPI (FERRARETTO, 2001,p.127).

Os “causos locais” demonstram a importância desta emissora e os serviços informacionais por ela prestados. A interatividade com a população está explícita nos serviços de campanhas de cidadania ou de saúde pública como vacinações.

As enchentes do Rio Paraíba também foram uma constante nas cidades da região. Na época campanhas de arrecadação de roupas e mantimentos eram feitas via a Rádio Cultura. Existe registro por parte de locutores e funcionários da emissora que foram até as margens do rio levar o arrecadado para as populações ribeirinhas.

Ao assumir a Rádio Cultura de Lorena, o Grupo Bandeirantes for-talece a rádio, gerando informação, disponibilizando os seus jornais via ondas com retransmissões locais, além de fortalecer o esporte. E, principalmente, fica clara a força do futebol nacional com os seus campeonatos.

Em 1954, a Rádio Bandeirantes lança um sistema intensivo de noticiário. A cada 15 minutos de programação, um era dedicado à transmissão de informações. Nas horas cheias, este espaço ampliava-se para três minutos. Walter Sampaio atribui a inovação a Carlos Pedregal, que teria se inspirado no rádio argentino. Associando esta fórmula à cobertura esportiva, a emissora ganha audiência e pres-tígio (FERRARETTO, 2001, p.140-1 ).

1.5.

Anos 70: o serviço e o “des-serviço” com circo,

carnaval e o futebol

Apesar de a TV estar se sedimentando como veiculo massivo e introduzindo a transmissão em cores no futebol, no início dos anos setenta ainda ocorreram com força total, pelo menos na cidade de Lo-rena, as transmissões via rádio, como ocorrido na Copa do Mundo de 1966. A cada jogo programado, a população menos favorecida que não possuía TV, se reunia na praça principal para ouvir e depois comemorar

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cada vitória do time brasileiro. Além disso, a cidade possuía o time do Esporte Clube Hepacaré, que disputou divisões intermediárias do estado. As transmissões esportivas de lá eram prato principal do esporte local e seus campeonatos municipais ou regionais. Até o atleta do século, o Pelé que jogava pela seleção do Exército, chegou a se apresentar em Lorena, bem como seu pai Dondinho, que segundo afirmam os mais antigos, jogou pelo time local.

Assim como no futebol, a emissora era localmente o único meio de acesso à distância de quem não vinha assistir aos desfiles de blocos e escolas de samba da cidade, que durante décadas foi uma referência de carnaval popular na região, atraindo muitos visitantes e fortalecendo o turismo regional.

Também para citar as comemorações cívicas e atos políticos, sem-pre tiveram a sem-presença do meio rádio na sua pauta de comunicação. Dos desfiles às eleições, a presença em visitas de autoridades estaduais ou do governo federal eram acompanhadas e divulgadas pela rádio Cultura. Sempre monitoradas de perto no período da repressão pelo Exército, que ainda hoje possui um Batalhão de Infantaria na cidade de Lorena. Por ser um pólo de faculdades e palco de shows de expoentes da MPB no circuito estudantil, a cidade teve sempre uma “liberdade muito bem vigiada”.

A reestruturação (de 1970 a 1983)

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No período mais duro do regime militar, o quadro da radiodifusão brasileira começa a se alterar com o início das transmissões regulares e comissão da chamada música ambiente, mas, ao longo dos anos 70, ganham o público jovem, seguindo modelos norte-americanos de programa-ção [...] Nas FMs, predomina a música. Inicia um processo de divisão do público que vai se consolidar nos anos 80. Nesta nova realidade, o rádio reestrutura-se e, mesmo sem recuperar o faturamento de outras épocas, reposiciona-se no mercado (FERRARETTO, 2001 p.155).

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2.1.

Os anos 80, a rádio AM x FM,

confronto de qualidade tecnológica

No final dos anos oitenta, instala-se na cidade A Rádio e Televisão Columbia. Apesar de nunca ter explorado o setor TV, esta emissora (Columbia FM 102,3 MHz ) vem abocanhar uma grande parte da ver-ba publicitária disponível no mercado e que até então era destinada à Rádio Cultura, que mesmo transmitindo em AM, era a única opção local na época.

Foram anos difíceis. Economicamente o país era instável e comer-cialmente a realidade local refletia estes efeitos. O aspecto econômico e administrativo da emissora sofre todas as influências destes fatos acima denotados.

Diversas gestões incoerentes se rendiam ao poder público e a estratégia dos ganhos políticos de quem bancar mais a verba aparece mais e bem. Como reflexo da minguante verba de publicidade, a emis-sora passa a sofrer o assédio do poder e fica refém do “falar bem, de quem paga bem”, o que acaba influindo na linha ideológica do veículo Cultura e abalando sua credibilidade.

2.2.

Anos 90: política local e o poder financeiro

das igrejas; grandes clientes?

Para macular ainda mais a imagem, o recesso econômico traz no seu bojo o “Milagre da Fé” e o assédio das igrejas que locam espaço radiofônico para divulgar suas religiões.

Nas duas últimas décadas do século 20, seitas e igre-jas evangélicas buscaram crescentemente no rádio um instrumento de conversão religiosa. De modo diferente das organizações católicas e protestantes tradicionais, transformam as emissoras em templos eletrônicos com a transmissão constante de cerimônias, entremeadas por preces e, em alguns casos, notícias sobre suas atividades e músicas com temática bíblica. Em meados dos anos 80, Gisela Swetlana Ortri Wano numa pesquisa registrava que 10% das rádios do país estavam nas mãos de religiosos.” (Ferraretto, 2001, p.182/183)

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A nova Cultura AM – Band e FATEA, agora, juntas.

A Rádio Cultura como parte do Grupo Band Vale, ao se integrar à FATEA, estabelece o processo integrado Empresa-Escola-Comunidade da forma mais perfeita e harmônica. Também será sempre um sonho de qualquer cidade ou região ter como facilitar o acesso de novos pro-fissionais pelo caminho mais curto e objetivo. A prática profissional e laboratorial durante a aprendizagem.

A expectativa da evolução para o digital denota um grande futuro para o rádio no cenário atual de convergência das mídias. Os novos rumos da tecnologia apontam para, num futuro muito próximo, mudan-ças para a rádio difusão em freqüência AM. A digitalização do sistema já em discussão vai melhorar a transmissão e qualificar novamente a audiência.

Considerações Finais

Os objetivos iniciais de resgatar historicamente a trajetória de um veículo do meio rádio (A Cultura AM 1460 Khz) e demonstrar sua importância na comunicação valeparaibana tem aparecido com bons momentos de cobertura jornalística e entretenimento.

O curso de Publicidade e Propaganda e a própria emissora apli-caram pesquisas de opinião junto à comunidade, que já demonstram um reposicionamento da imagem anteriormente desgastada. Fixou-se a idéia da necessidade da Rádio Cultura de Lorena ser um veículo a serviço da comunidade, ético e isento da política e do poder constituído, refém de verbas governamentais ou financeiramente dependentes de capital indústria da fé popular.

Após um período de adaptação, o redimencionamento da grade de programação hoje gerida em grande parte com apoio da comunidade acadêmica e a relação cursos professores e alunos, indicam eficácia e um bom aproveitamento na relação de aprendizagem.

Demonstrou-se também, junto à Rede Bandeirantes, a importân-cia do resgate histórico do veículo, já que investigou-se com o intuito de identificar porquê não existe um registro biográfico adequado (do início, o do seu auge e o atual momento da Rádio Cultura de Lorena ). Isto foi determinante para os benefícios da parceria Band-FATEA. Já

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Referências

existe no curso de jornalismo, um projeto de conclusão de curso com este foco de pesquisa acadêmica.

O acordo foi representativamente positivo pela forma ética de educação laboratorial para a Comunicação Social da Fatea e seus cursos, e porque não dizer significativo para a história da comunicação brasileira e do Vale do Paraíba. Afinal de contas, são sessenta e dois anos agora, correlatos à vida comunitária de Lorena e da região. Caracterizados, portanto, pelos fatores que respondem à importância deste veículo de comunicação para a cidade, gerando talentos e impulsionando o mer-cado; com informação e entretenimento fundamentais para publicidade no comércio local.

ADAMI, Antonio et al. Mídia, Cultura e Comunicação. São Paulo: Arte & Ciência, 2002 .

EIS o texto deixado por Jorge Salomão. Jornal Guaypacaré, Lorena,

20 dez. 2003. Primeiro caderno, p. A4-5.

FERRARETTO, Luiz Arthur. Rádio: o veículo, a história e a Técnica. 2. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2001.

SANTAELLA, Lucia. Comunicação e Pesquisa: Projetos para Mestrado

e Doutorado. São Paulo: Hackers Editores, 2001.

SOCIEDADE DOS AMIGOS DA CULTURA, Memórias de Lorena em fotos

e palavras. Coleção Lorenense, Lorena: Ed. Stiliano, 1999.

SOCIEDADE DOS AMIGOS DA CULTURA, Memórias de Lorena em

fotos e palavras. Coleção Lorenense, Tomo 2, v.4, Lorena: Ed. Stiliano,

1999.

SOCIEDADE DOS AMIGOS DA CULTURA, Memórias de Lorena em fotos

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Abstract

Marcus Augusto Santos Silva é publicitário, formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo e mestrando em Lingüística Aplicada pela UNITAU, orientado pelo prof. Dr. Antonio Adami (UNIP/SP). O autor coordena desde 2000 o curso de Comunicação Social, habilitação Pu-blicidade e Propaganda e a Experimenta Agência Integrada de Comunicação da FATEA – Faculdades Integradas Teresa d´Ávila em Lorena/SP. É também professor titular da Disciplina Marke-ting Geral no curso de Design e nos cursos de pós-graduação de Administração do Nupex, núcleo de pesquisa e extensão desta instituição.

In its issued by number 973, the Guaypacaré’s newspaper, in Lorena/SP, published a text about Cultura’s Radio. The subject shows how the history of this radio is reduced by fragments because the subjects were originally written by its founders, it was “hidden” for years until arrives to the target. This fact shows no importance given to the written, registered and published of an efficient way on this evolution. We looked for, in this article, identify the reason of a radio station, in one of the most impor-tant historical regions in this country, belonging to a great communication group, doesn’t have a his-torical registration according to your importance. Besides this, our purpose is create a process of its historical documentation.

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