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TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

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Academic year: 2021

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Registro: 2016.0000599552

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 1020211-75.2016.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante SUL AMÉRICA SERVIÇOS DE SAÚDE S/A, é apelada PAOLA MENDES ANDRADE SPIRANDEO.

ACORDAM, em 9ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ALEXANDRE LAZZARINI (Presidente sem voto), ANGELA LOPES E PIVA RODRIGUES.

São Paulo, 16 de agosto de 2016

JOSÉ APARÍCIO COELHO PRADO NETO RELATOR

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APELAÇÃO Nº 1020211-75.2016.8.26.0100

APELANTE: SUL AMÉRICA SERVIÇOS DE SAÚDE S/A APELADA: PAOLA MENDES ANDRADE SPIRANDEO JUIZ: LEONARDO CHRISTIANO MELO

VOTO Nº 9.987

APELAÇÃO Plano de Saúde - Ação Cominatória cumulada

com Indenização por Danos Materiais e Morais Pretensão de compelir a empresa ré a fornecer os medicamentos “PERJETA” e “ZOLADEX”, destinados ao tratamento de câncer Sentença de procedência - Inconformismo da ré - Alegação de não obrigatoriedade de custeio de medicação não registrada na ANVISA (“off label”) - Descabimento Acervo documental que comprova que os medicamentos possuem registro no mencionado órgão de fiscalização e controle estatal Ademais, eventual ausência de prescrição autorizada pelos órgãos administrativos responsáveis, não prevalece diante da notória necessidade de prosseguir com tratamento que foi prescrito por médico ao paciente Recurso desprovido.

Vistos.

Trata-se de Apelação interposta contra sentença proferida pelo MM. Juiz da 21ª Vara Cível do Foro Central da Comarca da Capital, em Ação Cominatória cumulada com Indenização por Danos Materiais e Morais, proposta por PAOLA MENDES ANDRADE SPIRANDEO contra SUL AMÉRICA SERVIÇOS DE SAÚDE S/A, que julgou a ação procedente para, tornada definitiva a tutela de urgência anteriormente concedida, determinar que a ré arque com o tratamento oncológico prescrito à autora, fornecendo os medicamentos “PERJETA” e “ZOLADEX”, ou outros similares, a serem aplicados em clínica ou hospital credenciado, nos exatos termos da prescrição médica, bem como para condenar a ré a

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arcar com as custas, despesas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) do valor atualizado da causa.

Apela a ré, pugnando pela reforma integral da sentença, alegando, em síntese, que os medicamentos requisitados pela autora são “off label” por não constar do rol editado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA, razão pela qual não está obrigada a fornecê-los. Postula, ainda, pelo afastamento dos danos morais e da astreintes fixadas na sentença.

Recurso tempestivo, preparado e contrarrazoado, com alegação preliminar de não conhecimento do recurso em razão do manifesto confronto com o entendimento sumulado por esta Egrégia Corte.

É o breve relatório do necessário.

A preliminar suscitada em contrarrazões se confunde com o próprio mérito do apelo e, por isso, com ele será analisado.

Ao contrário do que se alega nas razões recursais, revela-se descabida a alegação recursal no sentido de que os remédios pretendidos pela autora (“PERJETA” e “ZOLADEX”) se tratam de medicação “off label” ou experimental, na medida em que os relatórios de fls. 43/62 e 63/73 comprovam que tais medicamentos possuem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ANVISA.

Ademais, ainda que não tivessem a prescrição autorizada pela ANVISA e demais órgãos administrativos responsáveis, é certo que tal argumento não prevalece diante da notória necessidade da autora em prosseguir com tratamento que lhe foi prescrito.

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A propósito, alinho-me ao entendimento manifestado pelo eminente Desembargador SILVÉRIO DA SILVA, com assento na Colenda 8ª Câmara de Direito Privado, a seguir transcrito:

“Assegurar a cobertura da moléstia, porém excluir do contrato o tratamento mais adequado equivale, em última análise, a nada cobrir, afetando em excesso o sinalagma contratual e colocando o consumidor em manifesta desvantagem.

Nesse sentido, foi editada a súmula 96 deste E. Tribunal, que dispõe: “Havendo expressa indicação médica de exames associados a enfermidade coberta pelo contrato, não prevalece a negativa de cobertura do procedimento”.

Entre a aceitação de novos procedimentos pela comunidade científica médica e os demorados trâmites administrativos de classificação, não pode o paciente permanecer a descoberto, colocando em risco bens existenciais.

Evidente que não pode um catálogo de natureza administrativa contemplar todos os avanços da ciência, muito menos esgotar todas as moléstias e seus meios curativos usados com base científica. Por isso, a pretendida exclusão do custeio do tratamento somente poderia ser acolhida se houvesse manifesto descompasso entre a moléstia e o tratamento proposto, o que não é o caso dos autos.

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“a assistência a que alude o artigo 1º desta lei, compreende todas as ações necessárias à prevenção da doença e à recuperação, manutenção e reabilitação da saúde, observados os termos desta lei e do contrato firmado entre as partes”. O tratamento clínico pleiteado foi realizado em especialidade reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. Não houve tratamento ministrado por especialista em outra área.”

(Apelação nº 1014347-61.2013.8.26.0100, j. 06.11.2013, grifei).

Com efeito, tal limitação viola o disposto no artigo 51, inciso IV, do Código de Defesa do Consumidor, pois coloca o paciente em situação de ampla desvantagem, retirando dele a possibilidade de se submeter a um tratamento mais eficaz.

Convém registrar, ainda, que “havendo cobertura contratual para determinada doença, só se admite a exclusão de tratamentos que, comprovadamente provoquem o rompimento do equilíbrio contratual” (“in” Apelação nº 0012796-73.2012.8.26.0011, Relator Flávio Abramovici, julgado em 1.10.2013)

Frise-se, também, que por iterativos julgados

prolatados por este Egrégio Tribunal de Justiça, tem sido judiciosamente decidido que não cabe aos planos de saúde proceder a indicação do tipo de tratamento a ser seguido, em detrimento daqueles prescritos pelo médico que assiste o doente.

Levando-se em conta a correta observação de NELSON NERY JÚNIOR no sentido de que, “Quem quer contratar plano de saúde quer cobertura total, como é óbvio. Ninguém paga plano de saúde para, na hora em

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que adoecer, não poder ser atendido.” (In, “ CÓDIGO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR”, Forense Universitária, 8ª edição, página 570), observa-se, claramente, que o posicionamento sustentado pela ré só à ela favorece, em detrimento da autora, situação repudiada pelo artigo 51, inciso IV, e seu parágrafo 1º, inciso II, Código de Defesa do Consumidor.

É de rigor, pois, a manutenção “in totum” da decisão sob ataque.

Ante o exposto, nego provimento ao recurso.

Por fim, levando em conta o trabalho adicional desenvolvido pelo patrono da apelada em decorrência do presente recurso, majorados os honorários advocatícios aplicados na sentença, ficam definitivamente fixados em 20% (vinte por cento) sobre o valor atualizado da causa, com fundamento no artigo 85, parágrafo 11º, do Novo Código de Processo Civil.

JOSÉ APARÍCIO COELHO PRADO NETO Relator

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