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REPENSANDO O ROTEIRO DE AUDIODESCRIÇÃO PARA O PÚBLICO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE LETRAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUÇÃO EM LÍNGUA E CULTURA

BÁRBARA CRISTINA DOS SANTOS CARNEIRO

REPENSANDO O ROTEIRO DE AUDIODESCRIÇÃO PARA O

PÚBLICO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Salvador 2015

(2)

BÁRBARA CRISTINA DOS SANTOS CARNEIRO

REPENSANDO O ROTEIRO DE AUDIODESCRIÇÃO PARA O

PÚBLICO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Letras, do Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura da Universi-dade Federal da Bahia – UFBA, como requisito parcial para ob-tenção do título de Mestre.

Orientadora: Profª Drª Jael Glauce da Fonseca

Salvador 2015

(3)

Sistema de Bibliotecas da UFBA

C289 Carneiro, Bárbara Cristina dos Santos.

Repensando o roteiro de audiodescrição para o público com deficiência intelectual / Bárbara Cristina dos Santos Carneiro. - 2015.

283f.: il. + anexos

Orientadora: Profª. Drª. Jael Glauce da Fonseca.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Letras, Salvador, 2015.

1. Audiodescrição. 2. Deficientes visuais – Serviço audiovisual. 3. Incapacidade intelectual. . I. Fonseca,Jael Glauce da. II. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Letras. III. Título.

CDD – 371.922 CDU – 791-056.4

(4)

REPENSANDO O ROTEIRO DE AUDIODESCRIÇÃO PARA O

PÚBLICO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura, do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Língua e Cultura.

Aprovada em 19 de junho de 2015.

Jael Glauce da Fonseca ______________________________________ Doutora em Língua e Literatura Alemã pela Universidade de São Paulo Universidade Federal da Bahia

Silvia Maria Guerra Anastácio _____________________________________

Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Universidade Federal da Bahia

Sandra Regina Rosa Farias ________________________________________________ Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia

(5)

A meus pais, Sueli e Valmar. Eu nada seria sem vocês!

A meu querido, eterno e amado avô Vieira, sentirei saudades para sempre.

(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a CAPES pelo apoio financeiro, o qual tornou este trabalho viável, além das participações em eventos, contribuindo para o amadurecimento das ideias que compõem este trabalho. Agradeço a Profª Drª Eliana P. C. Franco por me acompanhar, desde 2009, nessa árdua jornada e,

mesmo após seus caminhos nos terem distanciado, continuou a me orientar até o final. Agradeço a Profª Drª Jael Glauce da Fonseca por ter me acolhido e pelas contribuições para a

elabo-ração deste trabalho.

Agradeço a Profª Me. Manoela Cristina Correia Carvalho da Silva pela sua dedicação árdua e con-tribuições valiosíssimas para a conclusão deste trabalho. Serei eternamente grata.

Agradeço a Srª Maria Margarida Paes Cardoso Franco por ter ajudado e intermediado o acesso à APAE de São Paulo.

Agradeço a toda equipe da APAE de São Paulo, em especial, a Valquíria Barbosa, gerente de Servi-ço Sócio Assistencial, Milena Oshiro, Terapeuta Ocupacional do mesmo setor, e todos os oficinei-ros do Serviço de Apoio Socioeducativo (SASE), que me acolheram e auxiliaram em todo o tempo

que estive na Instituição.

Agradeço a toda equipe da APAE de Salvador, em especial, a Tânia Brandão, gerente do Centro de Formação e Acompanhamento Profissional (CEFAP), por ter me recebido e se interessado pela pes-quisa. Agradeço ainda a Antonio Marques, coordenador do Centro de Artes do CEFAP, pelo auxilio

e pela presteza dedicados durante minha presença no Centro. Agradeço também a todos os oficinei-ros do Centro de Artes e à estagiária Deise pelo apoio e auxilio.

Agradeço aos alunos das APAE de Salvador e São Paulo pela participação, colaboração, entusiasmo e carinho durante todo o processo da pesquisa de recepção nestas instituições.

Agradeço ao Prof. Dr. Jorge Hernán Yerro pelo apoio, dedicação e contribuições durante todo o tra-jeto desta pesquisa.

Agradeço aos meus pais por terem acreditado em mim e me dado todo o auxilio, apoio e amor em todos os momentos dessa jornada.

Agradeço a minha irmã Bianca Carneiro pelo apoio, amor, dedicação, momentos de descontração, discussões sobre a pesquisa, ainda que seja uma menina.

Agradeço ao grupo de pesquisa TRAMAD, que sempre esteve comigo e me apoiou em todas as e-tapas desse processo.

Agradeço a minha querida amiga Fernanda Cerqueira pelas contribuições, apoio, amor e cuidado que sempre teve comigo. Obrigada, irmã.

(7)

Agradeço a minha família em São Paulo, pelo acolhimento durante minha estadia. Agradeço aos meus familiares pela compreensão das minhas ausências.

(8)

RESUMO

A audiodescrição (AD) é uma ferramenta de acessibilidade que torna acessíveis produtos culturais a pessoas com deficiência visual (DV). A construção dos roteiros de audiodescrição está pautada nas necessidades desse público primário, cabendo aos audiodescritor/tradutor fazer escolhas que favo-reçam o entendimento dessa audiência às diversas manifestações culturais as quais a AD é aplicada. Entretanto, no campo dos Estudos da Tradução Audiovisual, o consumo deste recurso de acessibili-dade não está restrito às pessoas com DV. Segundo teóricos da área, a AD também pode ser usufru-ída por pessoas com dislexia, deficientes intelectuais (DI), idosos entre outros. A partir do estudo piloto de Franco et al. (2013) junto a alunos da APAE de Santo Amaro da Purificação – Ba é que fica claro que a AD realmente auxilia na melhor compreensão fílmica por parte do público DI, ape-sar de revelar a necessidade de mais pesquisas para se chegar a uma conclusão efetiva. O presente trabalho tem como objetivo identificar os elementos que devem conter num roteiro de audiodescri-ção para esse público através de uma pesquisa de recepaudiodescri-ção. Alunos da APAE de Salvador e São Paulo fizeram parte deste estudo, no qual três filmes previamente audiodescritos para DVs foram exibidos a esses alunos em duas etapas, com e sem o recurso, seguidos da aplicação de um questio-nário de compreensão da narrativa. De natureza qualitativa, o trabalho leva a conclusão de que uma AD mais explicativa deve ser considerada, no momento da construção do roteiro de AD para DI, palavras que apresentem conceitos complexos devem ser evitadas, a repetição de nomes, como dos personagens, é importante para uma maior fixação dessas informações pelos sujeitos. Ainda que um modelo de AD voltado para esse público não seja incorporado pela mídia brasileira como uma fer-ramenta exclusiva para esse público, é importante delimitar tais parâmetros, pois dessa forma será possível uma noção das necessidades dessa plateia no momento da construção de um roteiro, mes-mo que seja em contextos pontuais.

(9)

ABSTRACT

Audio description (AD) is an accessibility tool that makes cultural products accessible to people with visual impairment (VI). The construction of the audio description scripts is guided by the needs of this primary audience, leaving the audiodescritor / translator make choices that favor the understanding of this audience to diverse cultural manifestations to which AD is applied. However, in the field of Audiovisual Translation Studies, the use of accessibility features is not restricted to people with VI. According to the theoretical area, AD can also be enjoyed by people with dyslexia, intellectual disabilities (ID), the elderly and others. From the pilot study of Franco et al. (2013) with students of APAE of Santo Amaro da Purificação – Ba it is clear that the AD really helps in better understanding the film by the ID public, despite highlighting the need for more research to reach an effective conclusion. This study aims to identify the elements that should contain an audio descrip-tion script for this audience through a recepdescrip-tion research. APAE students from Salvador and São Paulo took part in this study, where three previously audio described films for VI audience were shown to these students in two stages, with and without the feature, followed by the application of a narrative comprehension quiz. Qualitative nature, the work led to the conclusion that a more expla-natory AD must be considered when building the AD script for ID, words that present complex concepts should be avoided, the repetition of names, like the characters, is important for better fixa-tion of such informafixa-tion by the subjects. Though an AD model aimed at this audience is not incor-porated by the Brazilian media as a unique tool for this audience, it is important to define these pa-rameters, so this way the ones who construct a script specifically for this public will have the notion of their needs, even if the context is punctual.

(10)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Questionário de perfil dos participantes de São Paulo e Salvador. 47

Quadro 2 Pergunta 1 do questionário de compreensão do filme Vida Maria. 67

Quadro 3 Pergunta 2 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 68

Quadro 4 Pergunta 3 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 70

Quadro 5 Pergunta 4 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 72

Quadro 6 Pergunta 5 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 75

Quadro 7 Pergunta 6 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 77

Quadro 8 Pergunta 7 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 79

Quadro 9 Pergunta 8 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 81

Quadro 10 Pergunta 9 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 84

Quadro 11 Pergunta 10 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 85

Quadro 12 Pergunta 11 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 87

Quadro 13 Pergunta 12 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 90

Quadro 14 Pergunta 13 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 91

Quadro 15 Pergunta 14 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 93

Quadro 16 Pergunta 15 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 95

Quadro 17 Fragmento do roteiro de AD para o curta Vida Maria. 98

Quadro 18 Pergunta 16 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 98

Quadro 19 Pergunta 17 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 101

Quadro 20 Pergunta 18 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 102

Quadro 21 Pergunta 19 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 103

Quadro 22 Pergunta 20 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 104

Quadro 23 Pergunta 21 do questionário de compreensão do filme Vida Maria 105

Quadro 24 Pergunta 1 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 107

Quadro 25 Pergunta 2 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 108

Quadro 26 Pergunta 3 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 110

Quadro 27 Pergunta 4 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 111

Quadro 28 Fragmento do roteiro de AD para o curta Reisado Miudim. 113

Quadro 29 Pergunta 5 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 113

Quadro 30 Pergunta 6 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 115

Quadro 31 Pergunta 7 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 116

Quadro 32 Pergunta 8 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 117

Quadro 33 Pergunta 9 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 119

Quadro 34 Pergunta 10 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 120

Quadro 35 Pergunta 11 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 122

Quadro 36 Pergunta 12 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 124

Quadro 37 Pergunta 13 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 126

Quadro 38 Pergunta 14 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 128

Quadro 39 Pergunta 15 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 129

(11)

Quadro 41 Pergunta 17 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 132

Quadro 42 Pergunta 18 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 133

Quadro 43 Pergunta 19 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 134

Quadro 44 Pergunta 20 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 136

Quadro 45 Pergunta 21 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 136

Quadro 46 Pergunta 22 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 138

Quadro 47 Pergunta 23 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 140

Quadro 48 Pergunta 24 do questionário de compreensão do filme Reisado Miudim 141

Quadro 49 Pergunta 1 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 143

Quadro 50 Pergunta 2 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 145

Quadro 51 Pergunta 3 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 147

Quadro 52 Pergunta 4 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 148

Quadro 53 Pergunta 5 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 150

Quadro 54 Pergunta 6 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 152

Quadro 55 Pergunta 7 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 154

Quadro 56 Pergunta 8 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 156

Quadro 57 Pergunta 9 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 157

Quadro 58 Pergunta 10 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 159

Quadro 59 Pergunta 11 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 161

Quadro 60 Pergunta 12 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 164

Quadro 61 Pergunta 13 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 168

Quadro 62 Pergunta 14 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 171

Quadro 63 Pergunta 15 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 174

Quadro 64 Pergunta 16 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 175

Quadro 65 Fragmento do roteiro de AD para o curta Águas de Romanza 176

Quadro 66 Pergunta 17 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 177

Quadro 67 Pergunta 18 do questionário de compreensão do filme Águas de Romanza 179

(12)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Classificação da OMS (Organização Mundial da Saúde) 59

Tabela 2 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 1 do

questi-onário de compreensão de Vida Maria 68

Tabela 3 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 2 do

questi-onário de compreensão de Vida Maria 70

Tabela 4 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 3 do

questi-onário de compreensão de Vida Maria 72

Tabela 5 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 4 do

questi-onário de compreensão de Vida Maria 75

Tabela 6 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 5 do

questi-onário de compreensão de Vida Maria 77

Tabela 7 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 6 do

questi-onário de compreensão de Vida Maria 79

Tabela 8 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 7 do

questi-onário de compreensão de Vida Maria 81

Tabela 9 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 8 do

questi-onário de compreensão de Vida Maria 83

Tabela 10 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 9 do

questi-onário de compreensão de Vida Maria 85

Tabela 11 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 10 do

ques-tionário de compreensão de Vida Maria 87

Tabela 12 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 11 do

ques-tionário de compreensão de Vida Maria 90

Tabela 13 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 12 do

ques-tionário de compreensão de Vida Maria 91

Tabela 14 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 13 do

ques-tionário de compreensão de Vida Maria 93

Tabela 15 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 14 do

ques-tionário de compreensão de Vida Maria 95

Tabela 16 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 16 do

ques-tionário de compreensão de Vida Maria 101

Tabela 17 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 1 do

questi-onário de compreensão de Reisado Miudim 108

Tabela 18 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 2 do

questi-onário de compreensão de Reisado Miudim 110

Tabela 19 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 3 do

questi-onário de compreensão de Reisado Miudim 111

(13)

onário de compreensão de Reisado Miudim

Tabela 21 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 5 do

questi-onário de compreensão de Reisado Miudim 114

Tabela 22 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 6 do

questi-onário de compreensão de Reisado Miudim 115

Tabela 23 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 7 do

questi-onário de compreensão de Reisado Miudim 117

Tabela 24 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 8 do

questi-onário de compreensão de Reisado Miudim 118

Tabela 25 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 9 do

questi-onário de compreensão de Reisado Miudim 120

Tabela 26 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 11 do

ques-tionário de compreensão de Reisado Miudim 124

Tabela 27 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 12 do

ques-tionário de compreensão de Reisado Miudim 126

Tabela 28 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 13 do

ques-tionário de compreensão de Reisado Miudim 128

Tabela 29 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 14 do

ques-tionário de compreensão de Reisado Miudim 129

Tabela 30 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 15 do

ques-tionário de compreensão de Reisado Miudim 131

Tabela 31 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 16 do

ques-tionário de compreensão de Reisado Miudim 132

Tabela 32 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 17 do

ques-tionário de compreensão de Reisado Miudim 133

Tabela 33 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 18 do

ques-tionário de compreensão de Reisado Miudim 134

Tabela 34 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 19 do

ques-tionário de compreensão de Reisado Miudim 135

Tabela 35 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 20 do

ques-tionário de compreensão de Reisado Miudim 136

Tabela 36 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 21 do

ques-tionário de compreensão de Reisado Miudim 138

Tabela 37 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 22 do

ques-tionário de compreensão de Reisado Miudim 139

Tabela 38 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 1 do

questi-onário de compreensão de Águas de Romanza 145

Tabela 39 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 2 do

questi-onário de compreensão de Águas de Romanza 147

Tabela 40 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 3 do

questi-onário de compreensão de Águas de Romanza 148

(14)

onário de compreensão de Águas de Romanza

Tabela 42 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 5 do

questi-onário de compreensão de Águas de Romanza 151

Tabela 43 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 6 do

questi-onário de compreensão de Águas de Romanza 154

Tabela 44 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 7 do

questi-onário de compreensão de Águas de Romanza 156

Tabela 45 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 8 do

questi-onário de compreensão de Águas de Romanza 157

Tabela 46 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 9 do

questi-onário de compreensão de Águas de Romanza 159

Tabela 47 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 10 do

ques-tionário de compreensão de Águas de Romanza 161

Tabela 48 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 11 do

ques-tionário de compreensão de Águas de Romanza 164

Tabela 49 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 12 do

ques-tionário de compreensão de Águas de Romanza 168

Tabela 50 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 13 do

ques-tionário de compreensão de Águas de Romanza 171

Tabela 51 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 14 do

ques-tionário de compreensão de Águas de Romanza 174

Tabela 52 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 15 do

ques-tionário de compreensão de Águas de Romanza 174

Tabela 53 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 16 do

ques-tionário de compreensão de Águas de Romanza 177

Tabela 54 Índice de acerto entre SSA e SP e porcentagem geral da pergunta 17 do

(15)

LISTA DE ABREVISTURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas e Técnicas

AD Audiodescrição

ANCINE Agência Nacional de Cinema

APAE Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais

ARSAD Seminário de Pesquisa Avançada em Audiodescrição (Advanced Research Seminar

on Audio Description)

CEDIT Centro de Estudos e Difusão de Tecnologia da APAE de Salvador

CEDUC Centro Educacional Especializado da APAE de Salvador

CEFAP Centro de Formação e Acompanhamento Profissional da APAE de Salvador

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CIEJA Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos de Campo Limpo - SP

CID Classificação Internacional de Doenças

CONEP Conselho Nacional de Ética em Pesquisa

CNS Conselho Nacional de Saúde

DI Deficiente Intelectual

DV Deficiente Visual

FENAPAE Federação Nacional das APAEs

GIME Grupo de Pesquisa em Inclusão, Movimento e Ensino a Distância

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LEAD Grupo de pesquisa da Universidade do Ceará - Legendagem e Audiodescrição

LFSE Legenda Fechada para Surdos e Ensurdecidos

LIBRAS Língua Brasileira de Sinais

MIDIACE Associação Mídia Acessível

NUPEC Núcleo de Pesquisa Científica da APAE de Salvador

OMS Organização Mundial da Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

QI Quoeficiente de Inteligência

SASE Serviço Sócio Educativo da APAE de São Paulo

TAV Tradução Audiovisual

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(16)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15

2 TRADUÇÃO AUDIOVISUAL E ACESSIBILIDADE 18

2.1 AUDIODESCRIÇÃO E ACESSIBILIDADE 21

2.1.1 A AD no Brasil e no mundo 22

2.1.2 Pesquisas desenvolvidas no âmbito da Audiodescrição 26

2.2 A AUDIODESCRIÇÃO PARA OUTROS PÚBLICOS 28

2.2.1 O público com Deficiência Intelectual 30

2.2.1.1 Definição de Deficiência 30

2.2.2 AD para pessoas com Deficiência Intelectual 34

3 ORIENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA 37

3.1 CENÁRIO E PARTICIPANTES DA PESQUISA 43

4 ANÁLISE DOS DADOS 64

4.1 VIDA MARIA 65 4.2 REISADO MIUDIM 106 4.3 ÁGUAS DE ROMANZA 142 4.4 CONCLUSÕES 182 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 188 REFERÊNCIAS 191 APÊNDICES 195 ANEXOS 260

(17)

1 INTRODUÇÃO

A audiodescrição (AD) é uma modalidade de tradução que torna produtos visu-ais ou audiovisuvisu-ais acessíveis, a partir da transformação de signos visuvisu-ais em signos verbais, ou seja, através da tradução de imagens em palavras. Ela foi inicialmente com-preendida como uma modalidade de Tradução Audiovisual (TAV), mas, como também pode ser aplicada à descrição de imagens estáticas, é melhor definida como uma moda-lidade de tradução intersemiótica1.

O público-alvo primário da AD é formado por pessoas com deficiência visual (DVs). Os debates e estudos acerca da teoria e prática dessa área, portanto, são voltados a essa audiência. Entretanto, na bibliografia da área dos estudos da AD, há menções quanto à efetividade dessa ferramenta aplicada a outros públicos, como idosos, disléxi-cos, deficientes intelectuais (DIs), ou ainda pessoas que enxergam, como donas de casa que deixam a TV ligada, enquanto cumprem seus afazeres domésticos, mas seria o ro-teiro de AD elaborado para DVs eficiente quando aplicado para esses outros públicos?

O presente trabalho se propõe, justamente, a investigar essa questão, ou seja, quais lacunas de compreensão são encontradas quando o roteiro de audiodescrição (AD) direcionado ao público (DV) é aplicado a um público distinto, mais especificamente o público DI.

Nenhum estudo sistemático havia sido feito no Brasil para saber se os DIs real-mente seriam beneficiados com a audiodescrição até bem pouco tempo atrás. Levados por uma experiência na APAE de Santo Amaro da Purificação – Ba (cf. FRANCO et al., 2013), o grupo TRAMAD iniciou um estudo piloto acerca da efetividade real da au-diodescrição para DIs em 2011. Nessa ocasião, quatro alunos dessa instituição foram selecionados para assistirem a um curta-metragem e serem submetidos a um questioná-rio para poder identificar se a AD auxiliaria ou não a melhor compreensão do filme por parte desse público.

Mediante esse contato com os DIs, além do fato de almejar um maior aprofun-damento nesta temática, que surgiu a motivação para levar adiante esse projeto e identi-ficar quais elementos um roteiro deve conter para melhor atender aos deficientes inte-lectuais, uma vez que o referido estudo piloto já havia revelado que a AD voltada para o

1

Essa definição é uma proposta da professora e pesquisadora Manoela Cristina da Silva, que enxerga a AD para além dos Estudos da TAV, pois esta ferramenta também é aplicada a imagens estáticas.

(18)

público DV ajudava na compreensão da narrativa fílmica, mas o roteiro também apre-sentava limitações que não contribuíam com a compreensão plena deste novo grupo.

Sabendo que a audiodescrição é prevista em um projeto de lei, conforme a legis-lação brasileira, lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e que este recurso, caracteri-zado como ferramenta de acessibilidade, é considerado fundamental pelo público DV, fomos movidos pela vontade de contribuir com mais estudos sobre a AD a fim de que a ferramenta pudesse se tornar útil ao maior número possível de indivíduos, fazendo valer a lei de que toda pessoa tem direito ao lazer, ao ócio, à educação e à arte.

É importante salientar que, apesar de a AD ser prevista em lei e de emissoras de TV serem obrigadas a ter em sua grade de programação quatro horas semanais com o recurso, estamos cientes de que o mercado televisivo brasileiro não absorveria dois tipos distintos de roteiro, um para o público DV e outro para o público DI; o que acarretaria em maiores custos de produção e na necessidade de mais uma faixa de áudio. A justifi-cativa desse estudo reside em nossa vontade de entender melhor esse novo público e possibilitar àqueles que desejem criar um roteiro mais alinhado com os princípios do design universal, atendendo ao maior número possível de pessoas, que possam conhecer quais elementos poderiam ser incluídos num roteiro tradicional para facilitar o entendi-mento do público DI. Além disso, acreditamos que a proposta aqui apresentada possa ser utilizada em contextos específicos, como, por exemplo, instituições especializadas em deficiência intelectual, nas quais os profissionais poderiam audiodescrever produtos audiovisuais para os alunos.

A pesquisa aqui apresentada é de caráter qualitativo. Ampliamos o número de participantes do estudo piloto de 4 estudantes para 12 e, a partir das respostas desses informantes, foi possível detectar várias lacunas deixadas pelo roteiro de AD voltado para DVs no momento em que se aplicado ao público DI. Esses 12 participantes, na fai-xa etária de 20 a 40 anos, foram convidados a participar de uma pesquisa de recepção. Três curtas-metragens foram selecionados e exibidos com e sem o recurso da audiodes-crição. Após cada exibição, um questionário de compreensão foi aplicado e, assim, os dados coletados. Utilizamos como instrumentos de coleta: questionários, entrevistas es-truturadas e a gravação em vídeo durante as sessões de exibição dos filmes, bem como durante a aplicação dos questionários. A análise dos dados foi feita à luz das ideias de pesquisa sistemática proposta por Franco (2010) e na proposta de uma audiodescrição mais explícita ou descritiva delineada por Costa (2014).

(19)

Logo, o presente trabalho divide-se da seguinte forma: o primeiro capítulo constitui a introdução do trabalho, no qual o tema da pesquisa é abordado, assim como a estrutura do próprio texto; o segundo capítulo versa sobre os Estudos da Tradução e, mais especificamente, a audiodescrição, modalidade foco desta pesquisa. Esta sessão também se debruça sobre a definição de acessibilidade e noções sobre deficiência inte-lectual; o terceiro capítulo trata das orientações teórico-metodológicas, como também, dos instrumentos utilizados na pesquisa e a apresentação das instituições e participantes do estudo de recepção; o quarto capítulo é reservado à análise dos dados e aos resulta-dos obtiresulta-dos, a partir da pesquisa de recepção junto aos alunos das APAE de Salvador e São Paulo; o quinto capítulo é dedicado às considerações finais do trabalho.

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2 TRADUÇÃO AUDIOVISUAL E ACESSIBILIDADE

Durante muito tempo, a tradução esteve diretamente relacionada à tentativa de transposição de significados. A equivalência, defendida por muitos teóricos formalistas, era o objetivo daqueles que praticavam o ato da tradução. Suas vozes eram silenciadas pela implacável necessidade de traduzir seu texto de uma forma tal que sua produção estivesse no mesmo patamar que o texto “original”. Yerro (2012) aponta que

com base nos conceitos de signo e linguagem, a reflexão teórica sobre tradu-ção girava em torno da possibilidade que tinha um texto traduzido de ‘recu-perar’ o significado ‘transmitido’ por um texto ‘original’. Ou seja, a tradução devia ‘transportar’, por meio de seus significantes, os significados contidos nos significantes do texto a traduzir. Isto implicava uma concepção de signi-ficantes com significados ‘estáveis’, que não dependiam do receptor, dado que era este quem tinha a capacidade de captá-los em sua plenitude. (YER-RO, op. cit., p. 14)

Assim, a tradução se restringia à tirania de “espelhagem”, na qual o texto tradu-zido, para ser aceito, deveria transmitir o mesmo conteúdo semântico, tornando-se um espelho do “original”. Segundo essa ótica, a tradução de textos literários era, para mui-tos ainda é, a forma mais desafiadora e sublime, pois haveria apenas uma forma de tra-duzir um texto.

A partir da década de 1960, século XX, esse olhar tradicional sofre um fluxo de mudanças, pois é nesse período que teóricos passam a perceber o ato tradutório para a-lém de uma mera transposição linguística. Assim, a tradução passa a ganhar novos sen-tidos, incluindo a modificação conceitual de termos como “original”, “essência”, “fide-lidade”, “equivalência”, etc. O teórico russo Roman Jakobson, por exemplo, desconstrói a ideia de equivalência, como nos apresenta Pardo (2013), no seu passeio histórico so-bre os Estudos da Tradução,

Jakobson (1959) aborda o problema da equivalência em diferentes idiomas, salientando o fato de que o equivalente perfeito entre palavras em línguas não existe: «Da mesma forma, no nível da tradução interlinguística, normalmente não há equivalência completa entre as unidades de código» (1959: 233)2. (PARDO, op. cit., p. 9).

2

Jakobson (1959) approaches the problem of equivalence in different languages stressing the fact that the perfect equivalent between words in languages does not exist: «Likewise, on the level of interlingual translation, there is ordinarily no full equivalence between code-units» (1959: 233).

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A partir dessas mudanças, o papel do tradutor ganha novo sentido. Sua voz não é mais silenciada. Seu papel não é mais o de reproduzir o original na língua de chegada sem levar em consideração a cultura para o qual o texto é traduzido. O tradutor passa a ser um leitor/autor, cujas interpretações são levadas em conta no momento da escrita do novo texto e ele/a adquire autonomia sobre o texto de chegada. Assim, o texto fonte deixa de ser o “centro das atenções”, dando lugar à cultura e ao texto de chegada.

Apesar de não ser o único estudioso a realizar seus estudos acerca da tradução de um ponto de vista menos estruturalista, Jakobson fez grandes contribuições para a área. Em seu livro Linguística e comunicação, o teórico apresenta três categorias, através das quais seria possível conceituar a tradução, a saber:

1) A tradução intralingual [...] consiste na interpretação dos signos verbais por meio de outros signos da mesma língua.

2) A tradução interlingual [...] consiste na interpretação dos signos verbais por meio de alguma outra língua.

3) A tradução inter-semiótica ou transmutação consiste na interpretação dos signos verbais por meio de signos de sistemas não-verbais (JAKOB-SON, 2007, 64-65).

A tradução interlingual, ou mais atualmente interlinguística, seria o que o senso comum entende por tradução propriamente dita, ou seja, a passagem de um texto de uma língua para outra língua. A tradução intralingual, chamada também de intralinguís-tica, seria aquela em que um texto de uma determinada língua é traduzido para aquela mesma língua ou suas variedades, como, por exemplo, a tradução de um texto em Por-tuguês Europeu para um em PorPor-tuguês Brasileiro. Finalmente, chegamos à tradução in-tersemiótica, na qual um texto literário, por exemplo, é traduzido em um filme, ou uma música. Porém, ainda há outras formas de se pensar a tradução, como Silva (2011) apre-senta em sua dissertação,

A tradução também pode ser pensada em termos da natureza do material a ser traduzido, se um texto literário, técnico (ex. manual) ou, ainda, audiovisual (ex. filme). Isso nos leva a outras três modalidades, quais sejam: a tradução literária, a tradução técnica e a tradução audiovisual, respectivamente. Essa nova tipologia, no entanto, não exclui a anterior, ou seja, um texto literário pode ser traduzido em uma mesma língua, para uma outra língua, ou para um outro sistema de signos. Do mesmo modo, no caso da tradução audiovisual, a legenda, a dublagem e o voice-over seriam exemplos de tradução interlin-guística; a legenda fechada para surdos, de tradução intralingüística; e a audi-odescrição, de tradução intersemiótica (SILVA, op. cit., p. 11).

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Uma vez consolidada como ciência já no final do século XX, os Estudos da Tra-dução adotaram abordagens de outros campos de conhecimento, como demonstra Hur-tado (2001),

A abordagem linguística, cujos principais representantes são Vinay e Darbel-net, Catford, etc; a abordagem textual, cujos principais representantes são Reiß, Neubert, Hatim e Mason, etc .; a abordagem cognitiva, cujas principais representantes são Bell, Gutt, Sleskovitch, etc; a abordagem comunicativa e sociocultural, cujos representantes principais são Snell-Horby, Hermans, etc; e a abordagem filosófica e hermenêutica, cujas principais representantes são Schökel, Ladmiral, Paz, Venuti, Robinson, etc3 (HURTADO apud PARDO, 2013, p. 15).

Dentro da perspectiva comunicativa e sociocultural, nasce a teoria do skopos, segundo a qual a tradução passa a ser estudada dentro de uma ótica funcional, ou seja, a finalidade do texto-alvo ganha primazia. Neste campo teórico, as estratégias utilizadas e a forma do texto traduzido sofrem impacto do público-alvo e da cultura de chegada.

Os Estudos da Tradução sempre tiveram uma relação próxima com os avanços tecnológicos e novas modalidades surgiram para suprir as carências de comunicação entre povos de diferentes línguas. Com o advento do cinema, no final do século XIX, por exemplo, os filmes que eram produzidos em diferentes culturas começaram a chegar a países de línguas diferentes, necessitando de recursos que tornassem tais produtos cul-turais acessíveis. Para tanto, foi necessário se valer de alguma ferramenta (legenda, du-blagem, etc.) que pudesse auxiliar na compreensão da nova língua e que só poderia ser gerada mediante a tecnologia. É de acordo com essa união entre tecnologia e arte que nasce o campo de conhecimento dos Estudos da Tradução Audiovisual (TAV).

Segundo Chaume (2004, p. 30), "[a Tradução Audiovisual é] [...] una variedad de traducción que se caracteriza por la particularidad de los textos objeto de la transfe-rencia interlingüística”.A tradução audiovisual gera textos multimodais que são incor-porados ao texto de partida e com isso estabelece a acessibilidade daquele conteúdo desconhecido. Para o autor, o texto audiovisual é

un texto que se transmite a través de dos canales de comunicación, el canal acústico y el canal visual , y cuyo significado se teje y construye a partir de la

3

The linguistic approach, whose main representatives are Vinay and Darbelnet, Catford, etc; the textual approach, whose main representatives are Reiß, Neubert, Hatim and Mason, etc.; the cognitive approach, whose main representatives are Bell, Gutt, Sleskovitch, etc; the communicative and sociocultural approach, whose main representatives are Snell-Horby, Hermans, etc; and the philosophical and hermeneutic approach, whose main representatives are Schókel, Ladmiral, Paz, Venuti, Robinson, etc.

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confluencia e interacción de diversos códigos de significación, no sólo el código linguístico. (Ibid., p. 15)

Estos textos, como su nombre indica, aportan información (traducible) a tra-vés de dos canales de comunicación que transmiten significados codificados de manera simultánea: el canal acústico (las vibraciones acústicas a través de las cuales recibimos las palabras, la información paralingüística, la banda so-nora y los efectos espciales) y el canal visual (las ondas luminosas a través de las que recibimos imágenes, pero también carteles o rótulos com textos escri-tos, etc.) Em términos semióticos, como ya se ha apuntado, su complejidad reside em um entramado sígnico que conjuga información verbal (escrita y oral) e información non verbal, codificada según diferentes sistemas de signi-ficación de manera simultanéa. (Ibid., p. 30)

Segundo o autor, as modalidades Legendagem e Dublagem são as mais popula-res e as mais consumidas em todo o mundo (Id., 2004, p.31). Para além de tais modali-dades, Chaume nos apresenta a outros tipos de traduções provenientes desse campo, a saber, voice over, interpretação simultânea de textos audiovisuais, narração, dublagem parcial, e comentário livre. Tais modalidades nascem da necessidade de tornar filmes entre línguas distintas acessíveis àqueles que não são familiarizados com o idioma de partida.

Apesar de abordar apenas as modalidades referidas acima, o estudioso deixa cla-ro que a TAV não se restringe somente a essas formas de tradução. Novas modalidades surgem conforme a necessidade do público e dos progressos tecnológicos. De fato, essa assertiva corrobora com o nascimento de novos “braços” dentro desse campo de estudo. O teórico Gambier (2003), em seu trabalho Screen transadaptation: perception and reception, também elenca e define as modalidades da TAV e ainda acrescenta ou-tras formas de tradução, as quais denomina como tipos desafiadores, sendo elas, a le-genda fechada para surdos e ensurdecidos (LFSE) e a audiodescrição (AD) para defici-entes visuais4. Elas estão intimamente relacionadas com a ideia de acessibilidade e in-clusão cultural. O presente trabalho tem como objeto de pesquisa a modalidade da AD.

2.1 AUDIODESCRIÇÃO E ACESSIBILIDADE

AD consiste na transformação de signos imagéticos em signos verbais, ou seja, é a tradução de imagens em palavras. Desse modo, trata-se de uma modalidade de tradu-ção de natureza intersemiótica. Essa ferramenta pode ser aplicada em produtos culturais

4

O autor trata também os tipos de tradução de cenário/roteiro, legenda ao vivo ou em tempo real e surtitling como desafiadores.

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como exposições em museus, performances de dança, filmes (cinema e DVD), descri-ção de slides em palestras e congressos, livros didáticos e performances em peças de teatro, podendo se adequar a qualquer outro produto que a AD possa fornecer informa-ções às pessoas com deficiência visual.

A AD pode ser pré-gravada, ao vivo ou simultânea, sendo cada um desses tipos diferenciado pela existência ou não de um roteiro. A AD pré-gravada se dá quando um roteiro é preparado e gravado em estúdio para tornar acessíveis filmes para cinema, DVD ou programas de TV. Na modalidade ao vivo existe um roteiro prévio, mas como os produtos culturais geralmente são performances de dança e peça de teatro, ele não é gravado já que podem haver mudanças durante as apresentações, por conseguinte, a a-tenção do audiodescritor deve estar no palco e não apenas no roteiro. Numa AD simul-tânea, a presença de um roteiro é inexistente, pois ocorre em palestras e em congressos. O ambiente e os recursos a serem audiodescritos não podem, em geral, ser disponibili-zados previamente.

O presente trabalho está voltado para a AD de filmes, cujo roteiro prévio é cons-truído para ser inserido nos intervalos dos diálogos e informações importantes para a narrativa são perdidas no caso de espectadores que não tenham acesso às imagens. A faixa de áudio inserida com as descrições não interfere no áudio original, podendo haver diminuição de sons menos relevantes para a construção da narrativa, deste modo, a AD sempre estará em diálogo com o texto fílmico.

Como uma prática já consolidada no Brasil e no mundo, a AD vem sendo estu-dada a nível acadêmico e não acadêmico, sendo objeto de estudo não apenas no campo da TAV, mas nas áreas da Tecnologia Assistiva e também na Educação Inclusiva. Isso porque a AD já é considerada uma ferramenta de acessibilidade às pessoas com defici-ência visual, assim, muitas pesquisas têm sido realizadas a fim de garantir um serviço de qualidade e que leve em consideração as necessidades do seu púbico-alvo.

A seguir traçarei brevemente um histórico no Brasil e no mundo sinalizando pesquisas na área e como a audiodescrição tem sido encarada como um recurso de aces-sibilidade para o fomento da inclusão social.

2.1.1 A AD no Brasil e no mundo

O surgimento da Audiodescrição data do ano de 1981, em Washington DC, onde o casal Pfanstiehl audiodescreveu a primeira peça de teatro. No mesmo ano, o casal

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fundou o Serviço de Audiodescrição5, promovendo AD em teatros nos Estados Unidos. Em meados dos anos 80, a AD já estava sendo aplicada em teatros da Europa. Dois anos após esse evento, a TV Japonesa NTV transmitiu pela primeira vez o recurso de acessi-bilidade em rede nacional (cf. AUDIO DESCRIPTION COALITION, 2007). A audio-descrição, desde então, passou por muitas transformações e, desde então, iniciaram-se as investigações acerca deste campo de produção.

No Brasil, a AD foi aplicada pela primeira vez em 2003 “durante o festival te-mático Assim vivemos: Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência” (cf. SIL-VA, 2009). Como objeto de pesquisa acadêmico, a AD começou a ser investigada a par-tir de 2004, quando destacamos o trabalho do grupo TRAMAD, pioneiro em pesquisas nesse âmbito, fundado e coordenado pela Profª Drª Eliana Paes Cardoso Franco. Conse-quentemente, grupos de pesquisa no Ceará, Pernambuco e mais tarde na região sudeste começaram a pesquisar numa perspectiva acadêmica a AD como objeto de estudo (cf. FRANCO; SILVA, 2010).

No início das pesquisas, a grande maioria dos trabalhos tratava de encontrar um modelo de audiodescrição para o meio audiovisual que fosse satisfatório ao público com deficiência visual, com intuito de criar parâmetros e orientar futuros trabalhos dentro desse campo de estudo. Com o passar do tempo, normas de AD foram criadas para guiar aqueles que se iniciavam no trabalho de audiodescrever. Por conta disto, as principais normas elaboradas foram a “britânica (ITC Guidanceon Standards for Audiodescription, 2000), a espanhola (UNE153020, 2005) e a americana (AudioDescriptionCoalition, 2008)” (FRANCO, 2010, p.4).

Tais normas norteiam o audiodescritor na construção de um roteiro de audiodes-crição de qualidade, por conseguinte, ele deve ser levado em consideração no momento da elaboração. Uma das leis mais importantes presente nas normas é a de que se deve descrever apenas aquilo que se vê, sem a interpretação do audiodescritor, “[d]escritores não devem fornecer opinião pessoal ou interpretar eventos” (ITC guidance, 2000, p.15, Tradução Nossa). Esse direcionamento hoje é entendido como uma falácia, uma vez que, uma vez que o tradutor é o primeiro leitor da obra e é a partir do seu olhar sobre o trabalho que a tradução será apoiada, é ingenuidade dizer que não há interpretação no processo de tradução.

5

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Percebe-se, entretanto, que a ideia de que a interpretação deve ser limitada, ainda reside nos discursos acerca da produção do roteiro da AD. Costa (2014) elucida o posi-cionamento de alguns estudiosos da área quanto ao papel da interpretação nas descri-ções e como isso afeta o produto final. Essa discussão será mais aprofundada mais adi-ante.

No Brasil, ainda não solidificamos nossa norma de AD, contudo, os grupos que trabalham com essa ferramenta tem noções das normas internacionais nas quais se ba-seiam para construir o roteiro.

A ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas) criou uma comissão pa-ra a organização das normas de AD em 2010, sendo todas as discussões voltadas papa-ra a priorização das necessidades das pessoas com deficiência visual. As discussões estariam voltadas para “aspectos relativos a produções de roteiros de audiodescrição, sua inser-ção em produtos audiovisuais e nas formas de como pode ser disponibilizada para o pú-blico” (ROMEU, 2010). De acordo com Paulo Romeu (2010), em seu blog da audio-descrição,

[...] a expectativa é de que o texto base da norma esteja pronto para ser publi-cado como Norma Brasileira pela ABNT dentro de um ano, coincidindo com o prazo estipulado pelo Ministério das comunicações para o inicio das trans-missões de programação com audiodescrição pelas emissoras brasileiras de televisão (ROMEU, op. cit)

Após 5 anos de debate, a ABNT finalmente convida o público para uma consul-ta, em fevereiro de 2015, com a intenção de convocar uma reunião plenária para a apro-vação do projeto de norma da AD (cf. MIDIACE, 2015)6.

A mesma lentidão também tem afetado o cumprimento da lei de acessibilidade n. 10.098, (cf. BRASIL, 2000), que visa implantar a audiodescrição como obrigatória na programação das redes televisivas do país. Em 2000, foi iniciada a discussão sobre a-cessibilidades resultando na criação da lei n. 10.098, (cf. BRASIL, 2000), a “lei da aces-sibilidade”. Essa lei sofreu alterações pelo Decreto n. 5.296 (cf. BRASIL, 2004), Decre-to n. 5.645 (cf. BRASIL, 2005), e DecreDecre-to n. 5.762 (cf. BRASIL, 2006), garantido por lei o direito do recurso da audiodescrição na grade de programação das emissoras brasi-leiras. Em 2008, as emissoras deveriam cobrir 2 horas de sua programação e até 2016 o

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“A MIDIACE – referência nacional em audiodescrição e legendagem para surdos – é uma associação sem fins lucrativos, criada em 2008 em Belo Horizonte, cujo objetivo é promover acessibilidade para as mais variadas mídias”. Texto disponível em: www.midiace.com.br/sobre/midiace.

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recurso já deveria fazer parte de toda a grade. Porém, penso que essa resolução ainda está longe de alcançar seu objetivo final, pois estamos em 2015 e só agora o número de horas para 4h semanais foi alcançado, sendo que a programação total está prevista para daqui a um ano. Apenas em 1º de julho de 2011, as emissoras foram notificadas a forne-cer a AD por 2 horas semanais. Em 2014, a quantidade de horas foi elevada para 4 ao dia. O recurso está disponível para os televisores que recebem sinal digital e pode ser ativado através da tecla SAP, assim como a legenda fechada. Apesar de ter sido e ainda ser reflexo de um trabalho árduo a implementação da AD nas redes televisivas, essas conquistas são avanços para a sociedade e em especial para as pessoas com deficiência visual. Em 2015, foi conquistado o cumprimento da lei que obriga as televisões por as-sinatura de transmitirem na programação todo o conteúdo dos canais de TV aberta com o recurso da audiodescrição, mas caso tal determinação legal não seja cumprida, o te-lespectador com DV pode fazer sua denuncia telefônica à ANATEL (cf. MAYER, 2012, p. 28-29)

Apesar da morosidade no cumprimento da lei de acessibilidade, outras iniciati-vas começam a se desenvolver e a beneficiar às pessoas com deficiência visual e auditi-va. A ANCINE – Agência Nacional do Cinema publicou a Instrução Normativa nº 116 , de 18 de dezembro de 2014, que obriga todas as produções financiadas com verba pú-blica devem apresentar orçamentos referentes aos serviços de legendagem descritiva, audiodescrição e LIBRAS (cf. RANGEL, 2014).

Essa iniciativa é mais uma conquista pela luta da acessibilidade nos meios de comunicação do país, mas ainda assim enfrentamos uma luta constante para que mais ações como a lei 10.098 e a Instrução Normativa nº 116 possam tomar proporções mai-ores, uma vez que estas iniciativas tornam o serviço público responsáveis pelo acesso de cidadãos com deficiência à cultura e ao lazer. A medida se justifica em sua demanda, pois grande é o contingente de pessoas beneficiadas pela AD. Segundo o IBGE (Censo 2010), o Brasil possui 190.755.799 cidadãos que apresentam algum tipo de deficiência, 23,9% da população. Dentre as deficiências identificadas pelo IBGE, a saber, visual, auditiva, motora e mental, 18,8% das pessoas assumiram possuir algum grau de defici-ência visual. Logo, são 35.774.392 pessoas que possuem sua visão totalmente compro-metida ou que possuem alguma dificuldade em enxergar. A AD, no entanto, não é bené-fica apenas para deficientes visuais. Sabendo que 1,4% da população apresenta algum

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tipo de deficiência intelectual, ou seja, 2.611.536 pessoas, a importância da AD torna-se ainda mais clara. Contudo, poucos são os estudos voltados para esse público.

2.1.2 Pesquisas desenvolvidas no âmbito da Audiodescrição

Em universidades públicas do país podemos mencionar grupos de estudos que tem como objeto de pesquisa a audiodescrição, como o grupo de pesquisa TRAMAD, pioneiro nas pesquisas acadêmicas, no qual a autora deste trabalho faz parte desde 2009. O grupo foi criado pela Professora Doutora Eliana Franco, em 2004, na Universidade Federal da Bahia, se dedicando aos estudos e à prática de várias modalidades de tradu-ção audiovisual, contudo, atualmente, a modalidade de audiodescritradu-ção tem sido o prin-cipal foco do grupo. No Ceará, há o grupo de pesquisa LEAD (Legendagem e Audio-descrição), coordenado pela Professora Doutora Vera Lúcia Santiago, cujo foco de pes-quisa refere-se a estudos acerca da legendagem para surdos e ensurdecidos e a AD para as pessoas com deficiência visual (FRANCO; SILVA, p. 34-35, 2010).

Na Universidade Federal de Juiz de Fora temos o grupo GIME (Grupo de Pes-quisa em Inclusão, Movimento e Ensino à Distância), coordenado por Paulo Romeu Fi-lho, e cuja Universidade oferece curso de Pós-Graduação de Audiodescrição, formando audiodescritores para suprir a demanda de trabalhos que surgiram após o recurso da AD ter sido requerido de forma legal nas redes televisivas abertas do Brasil. Além dessas Universidades, temos também as Universidades Federais de Minas Gerais e Pernambu-co que promovem estudos acerca da AD.

No Brasil, várias pesquisas de cunho acadêmico são desenvolvidas buscando a melhoria da AD para as pessoas com deficiência visual. Cito aqui aquelas que influenci-am, de alguma forma, o presente trabalho bem como aquelas que executaram teste de recepção. Silva (2009), em sua dissertação: Com os olhos do coração: estudo da audio-descrição acerca de desenhos animados para o público infantil, desenvolveu o primeiro trabalho acadêmico sobre audiodescrição no país, no qual objetivou delinear os primei-ros parâmetprimei-ros para a construção de um roteiro voltado às crianças DVs.

Mascarenhas (2012), em sua tese: A audiodescrição da minissérie policial Luna Caliente: uma proposta de tradução à luz da narratologia, na qual o objetivo foi anali-sar o papel da narratologia na construção de roteiros para minisséries, comparando duas versões de AD, uma feita pela pesquisadora e outra por uma colaboradora. A autora concluiu que para aspectos como descrição de espaços e personagens, focalização, e

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montagem, os dois roteiros se assemelharam. Entretanto, Mascarenhas notou que a ver-são da autora foi mais sensível à regularidade e sistematização na narrativa, como as descrições de efeitos, transições, distribuição de elementos no enquadramento, entre ou-tros aspectos.

Mayer (2012), em sua dissertação: Imagem como símbolo acústico: a semiótica aplicada à prática da audiodescrição, no qual foram desenvolvidas reflexões sobre as características e os contextos históricos dos deficientes visuais, com base em temas con-cernentes ao lugar de fala, leitor-modelo, dispositivo, cognição, fenomenologia, tradu-ção, tradução intersemiótica e estudos do som no qual a autora realizou um teste de re-cepção para experimentar diretrizes de roteiro e locução.

Nóbrega (2012), em sua dissertação: Caminhos para inclusão: uma reflexão so-bre audiodescrição no teatro infanto-juvenil objetivou examinar as contribuições de uma professora de teatro na audiodescrição e o ponto de vista de jovens com deficiência visual, através de um teste de recepção (cf. NÓBREGA, 2013, p. 27).

Farias (2013), em sua tese, a segunda do país, Audiodescrição e a poética da linguagem cinematográfica: um estado de caso do filme Atrás das nuvens. A autora a-nalisou duas versões de roteiro de AD para o filme português Atrás das nuvens quanto a poética produzida pela Linguagem Cinematográfica. Farias também analisou aspectos como objetividade, expressividade e poética passadas nas versões pesquisadas. Com intuito de fundamentar o estudo, foi feito um estudo de caso com pessoas com deficiên-cia visual, para que estes pudessem dar suas impressões sobre as duas versões. Concluiu que é possível produzir uma audiodescrição expressiva, criativa e poética, a partir da poética da Linguagem Cinematográfica.

Costa (2014) com sua tese: Audiodescrição em filmes: história, discussão con-ceitual e pesquisa de recepção, traz uma discussão muito interessante sobre a preferên-cia do público DV entre uma AD mais interpretativa ou não. Para tanto, a pesquisadora faz um panorama histórico da audiodescrição no Brasil e no mundo, além de discutir o que é interpretar e descrever na audiodescrição ou o que seria limitar a um mínimo a interpretação. Costa fez um teste de recepção com alunos de duas instituições para ave-riguar qual tipo de roteiro eles mais preferiam.

No âmbito mundial, a AD também tem sido pesquisada e muitos dos trabalhos feitos têm sido apresentados em congressos da área e demonstram resultados no que

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concerne a AD para a pessoas com deficiência visual. Destaco aqui alguns trabalhos em áreas distintas, mas nenhum que atente para outro público que não o DV.

Apresentação do trabalho Speed, explicitationandintonation in AD: Best values, Best practice, de autoria de Cristóbal Cabeza-Cáceres (2013) no 4th ARSAD, na Uni-versitat Autònoma de Barcelona. O teórico demonstrou os resultados de sua pesquisa de doutorado referente a como os diferentes tipos de velocidade, entonação e explicitação de informação afetam a compreensão dos usuários da AD, pesquisa esta baseada na teo-ria da narrativa e estudos da recepção (cf. CABEZA-CÁCERES, 2013, p. 25). Neste mesmo evento, a pesquisadora Elena SV Flys demonstra com seu trabalho Evaluation of the performing tools for an inclusive and accesible theater, um estudo de recepção refe-rente à maneira como diferefe-rentes ferramentas de performance e tecnologias permitiriam um teatro acessível e de inclusão (cf. FLYS, 2013, p. 28).

No ano de 2015, o ARSAD contou com a participação de pesquisadores e aca-dêmicos para apresentação de suas pesquisas referentes à audiodescrição. Assim, desta-co os trabalhos de Susanne Jekat, On the reception of áudio description: developing a model to compare films and their audio described versions, que buscou fazer um estudo de recepção para identificar se, através dos adjetivos utilizados pelos audiodescritos a-cerca das características da personagem principal, o público vidente e não vidente teria as mesmas impressões (cf. JEKAT, 2015, p.17). E o trabalho de doutorado de Floriane Bardine, Audiodescription and film experience. Design of a reception study, no qual a autora pretende explorar a experiência fílmica das pessoas com deficiência visual e co-mo isso é afetado pela linguagem fílmica na AD (cf. BARDINE, 2015, p.20).

Logo, percebe-se que apesar do escasso material dos estudos da AD voltados pa-ra as pessoas com deficiência intelectual, há, dentre os tpa-rabalhos suppa-racitados, três tpa-ra- tra-balhos produzidos que contemplam esse público.

2.2 A AUDIODESCRIÇÃO PARA OUTROS PÚBLICOS

Apesar da audiodescrição estar sempre vinculada às pessoas com deficiência vi-sual, a literatura da área menciona outras pessoas que podem se beneficiar com esse re-curso, pois o público alvo da audiodescrição não se restringe apenas às pessoas com de-ficiência visual. Teóricos da área já indicavam a AD para outros públicos, como pessoas com deficiência intelectual (DI) (cf. DÍAZ CINTAS, 2007; MACHADO, 2011; RIOS, AZEVEDO, 2013; MASCARENHAS, 2012; MOTTA; ROMEU, 2010).

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As pesquisas acerca da audiodescrição, como pontuo, desde o início deste traba-lho, sempre buscaram normas e parâmetros para um texto que suprisse as necessidades das pessoas com DV. Todos aqueles que se debruçam sobre audiodescrição buscam sempre retratar seu público alvo, os DV. Em todas as definições e ao longo da história dessa modalidade, o texto traduzido sempre levou em consideração as necessidades do não vidente.

Dentre os trabalhos realizados referentes às pessoas com deficiência intelectual, destaco aqui três, no qual o pesquisador, mesmo que indiretamente, utilizou a audiodes-crição como ferramenta de inclusão cultural para esse público.

O primeiro estudo7, realizado em 2011, quando o grupo de pesquisa TRAMAD – UFBA realizou um estudo piloto no qual pessoas com deficiência intelectual foram expostas a um curta-metragem com e sem o recurso da audiodescrição. O objetivo foi confirmar se de fato a AD beneficiaria este público em específico, uma vez que a teoria expõe essa afirmação, mas até então, não havia pesquisas sistemáticas que corroboras-sem com esta premissa. O estudo contou com a participação de quatro alunos da APAE (Associação de Paes e Alunos dos Excepcionais) da cidade de Santo Amaro da Purifica-ção – BA.8 Para atingir o objetivodo trabalho, as autoras selecionaram um curta-metragem e o exibiram para os quatro estudantes individualmente em duas etapas. Na primeira, os participantes assistiram ao filme sem o recurso da audiodescrição. Logo após, foi realizada a aplicação de um questionário de compreensão da narrativa fílmica e, posteriormente, foi iniciada a segunda etapa, na qual assistiram ao filme novamente, só que com o recuso da AD. Novamente, um questionário de compreensão da narrativa foi aplicado, para saber se os alunos entenderam mais ou não com o recurso. A partir desta investigação foi possível confirmar que a audiodescrição feita, a priori, para as pessoas com deficiência visual auxilia na melhor compreensão do curta, por parte desse novo grupo. Porém, este diagnóstico também nos alertou para a necessidade de mais pesquisas na área, para se chegar a um roteiro voltado para suprir as necessidades dos DI, uma vez que o texto da AD voltada para os DV deixa lacunas, sendo ineficiente di-ante do público com DI.

O segundo trabalho é um artigo das autoras Rios e Azevedo (2013), intitulado Audiodescrição e o brincar na educação: inclusão de crianças com necessidades

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O presente trabalho está baseado no estudo piloto explicitado, estudo este que a autora também fez parte.

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cacionais especiais. As autoras especularam como a audiodescrição auxilia as crianças com necessidades especiais, a partir do uso do recurso da audiodescrição no seu apren-dizado. As autoras fizeram um estudo de caso com uma criança síndrome de down, com 2 anos de idade, cujas atividades lúdicas foram adaptadas com a ferramenta da AD, tais como a descrição de cartões de desenhos referentes a histórias, música e um questioná-rio aplicado a criança com perguntas de sim e não, mediadas pela intervenção das auto-ras. Elas concluíram que a audiodescrição ajudou a criança a se desenvolver melhor nas atividades, interagiu mais com a professora e colegas de sala e aprendeu palavras novas. O artigo não deixa claro se existiu um roteiro de AD anterior as atividades ou se foram feitos no momento da interação, mas ficou claro que o recurso de acessibilidade influ-enciou de forma positiva nas atividades desse aluno (cf. RIOS; AZEVEDO, 2013).

O terceiro e último trabalho não estuda a AD como objeto de investigação, mas a ferramenta foi utilizada como recurso de apoio na pesquisa que culminou na dissertação da autora Camila Silva (2014): A capacidade narrativa da mente humana: uma análise de interlocuções com crianças com diagnóstico de deficiência intelectual, cujo objetivo foi

[...] descrever e explicar como fatores inerentes ao gênero de atividade influ-enciam nos padrões narrativos emergentes, bem como identificar e descrever operadores linguístico-cognitivos que se materializam no cenário enunciativo e manifestam a operação de integração de redes de espaços semióticos subja-cente à construção de narrativas (SILVA, 2014, p. 5).

Para tanto, a autora utilizou filmes audiodescritos no seu estudo, a fim de saber se a AD ajudaria os participantes a prestarem mais atenção e se este fato influenciaria no reconto da narrativa pelos sujeitos da pesquisa.

Em contexto nacional e internacional, estes três trabalhos são os únicos que con-templam a pessoa com deficiência intelectual como público potencial para o consumo da audiodescrição. Há urgência em mais estudos na área, visto que no campo de conhe-cimento no qual a AD está inserida, os Estudos da Tradução, há referência desse público como beneficiário da AD. Como o presente trabalho se debruça sobre a inclusão das pessoas e serviços culturais, através da audiodescrição, faz-se necessário entender o pú-blico alvo, assim como se tem feito com os DVs ao longo dos anos.

2.2.1 O público com Deficiência Intelectual 2.2.1.1 DEFINIÇÃO DE DEFICIÊNCIA

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Segundo o Decreto nº 5.296, de 2 dezembro de 2004, entende-se que a pessoa portadora de deficiência é aquela que “possui limitação ou incapacidade para o desem-penho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias: deficiência física, deficiência auditiva, deficiência visual e deficiência mental (BRASIL, 2004).

No que concerne à deficiência mental9, o Decreto afirma que a deficiência men-tal é um

funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associa-das a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: 1. comunicação;

2. cuidado pessoal; 3. habilidades sociais;

4. utilização dos recursos da comunidade; 5. saúde e segurança;

6. habilidades acadêmicas; 7. lazer; e

8. trabalho;

e deficiência múltipla - associação de duas ou mais defici-ências; (BRASIL, 2004)

Para a maioria das pessoas, ver a deficiência é muito óbvio. Um paraplégico, uma pessoa surda, uma pessoa com Síndrome de Down, etc, tudo que para as pessoas “normais” é diferente, não está dentro dos padrões, é deficiente. Entretanto, infelizmen-te, as pessoas com qualquer tipo de deficiência, seja ela física, sensorial ou intelectual, são vistas como imperfeitas, marginalizadas, diferenciadas.

Durante a história da humanidade, as pessoas com deficiência sempre sofreram algum tipo de retaliação, como perseguição ou morte. Silva (1987) traz em seu livro A epopeia ignorada: a pessoa deficiente na história do mundo de ontem e de hoje a traje-tória de grandes nações no que se refere ao seu comportamento diante das pessoas defi-cientes. O autor inicia sua trajetória na era primitiva, sabendo que seria muito difícil sa-ber o que de fato aconteceu naqueles primeiros momentos da vida humana por falta de informações concretas sobre o assunto. O autor supõe, por analisar, a atmosfera e as

9

A ONU, em 2006, surge com nova proposta sobre acepção de deficiência, modificando também a denominação para pessoas com deficiência intelectual, a fim de que não haja confusão entre deficiência intelectual e doença mental. A deficiência intelectual “apresenta um atraso no seu desenvolvimento, dificuldades para aprender e realizar tarefas do dia a dia e interagir com o meio em que vive, ou seja, existe um comprometimento cognitivo, que acontece antes dos 18 anos, e que prejudica suas habilidades adaptativas” (APAE SP, 2015). A doença mental é um transtorno da mente que compromete o convívio dessa pessoa em sociedade. A doença mental é uma patologia e deve ser tratada com um psiquiatra (APAE SP, 2015).

Referências

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