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Relatório estágio profissional

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Academic year: 2021

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Relatório Final

Estágio Profissionalizante | 6º ano

Mestrado Integrado em Medicina

2019/2020

Francisco de Oliveira Faustino

Turma 1 | nº 2013166

Orientador: Prof. Dr. Fernando Cirurgião

Regente da UC: Prof. Dr. Rui Maio

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1 “In examining disease, we gain wisdom about anatomy and physiology and biology. In examining the person with disease,

we gain wisdom about life.” ― Oliver W. Sacks

Agradecimentos

À minha família e namorada pelo apoio constante Aos meus amigos por me incentivarem sempre a ser melhor

Aos meus tutores pela eterna paciência

Aos pacientes, por todas as oportunidades formativas que me proporcionaram

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Índice

Introdução ... 3 Objetivos ... 3 Atividades Curriculares ... 4 Cirurgia Geral ... 4 Medicina Interna ... 4 Ginecologia e Obstetrícia ... 5 Pediatria ... 5 Saúde Mental... 6

Medicina Geral e Familiar ... 6

Atividades Extracurriculares ... 7

Reflexão Crítica ... 8

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3

Introdução

O 6º ano do Mestrado Integrado de Medicina (MIM) da Nova Medical School Universidade Nova de Lisboa (NMS/UNL) representa o culminar do trabalho realizado ao longo dos anos prévios e procura integrar todo o conhecimento adquirido ao longo da nossa formação e contextualizá-lo na realidade da prática clínica. O Estágio Profissionalizante encontra-se dividido em seis estágios que representam áreas consideradas nucleares para o conhecimento básico de um profissional de saúde, sendo também áreas com desafios e focos variados permitindo assim confrontar o aluno com as mais diversas situações formativas. O presente relatório encontra-se dividido em 4 segmentos distintos, começando com a enumeração dos objetivos formativos, seguido de uma apreciação e descrição sumária das atividades curriculares realizadas, uma enumeração e breve descrição dos elementos valorativos extra curriculares realizados ao longo dos seis anos e por último um comentário final onde confronto os objetivos delineados com os objetivos cumpridos e onde teço breves considerações sobre a minha experiência no curso de Medicina com especial enfoque no 6º ano. Em anexo é possível encontrar vários certificados sobre as atividades que vão sendo referidas ao longo deste relatório.

Objetivos

Os objetivos delineados neste segmento estão de acordo com o documento “The Tuning Project (Medicine) – Learning Outcomes/Competences for Undergraduate Medical Education in Europe”1 e nos objetivos

delineados pela própria NMS/UNL na sua apresentação no website oficial da mesma2. Apresento de seguida

os objetivos gerais que considerei serem transversais a este ano:

1. Realizar uma consulta com um paciente de forma autónoma 2. Comunicar de forma profissional e empática com os pacientes 3. Reconhecer apresentações clínicas, saber colher dados, pedir exames complementares, realizar um diagnóstico diferencial e estabelecer um plano de cuidados 4. Prescrever medicação 5. Saber intervir em situações de emergência 6. Realizar procedimentos práticos 7. Aplicar princípios éticos e legais na prática médica 8. Promover saúde populacional 9. Avaliar os fatores psicossociais dos pacientes

Queria ainda delinear objetivos gerais que procurei alcançar ao longo do meu curso e não são exclusivas do 6º ano, embora também sejam parte integrante do mesmo:

1. Desenvolver competências de autonomia 2. Desenvolver competências de investigação 3. Ser autocrítico 4. Saber relacionar-me com colegas de trabalho e pacientes 5. Adquirir competências de liderança 6. Ser empático

1

The Tuning Project (Medicine) - Learning Outcomes/Competences for Undergraduate Medical Education in Europe. Allan Cumming and Michael Ross, 2004. 2

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Atividades Curriculares

As datas dos estágios não são concordantes com o que consta no calendário oficial dado que fiz uma pausa nos estágios de 6º ano para realizar um ano sabático, não tendo sido formalmente considerado como tal pois não respeitava as datas de um ano letivo.

Apresento de seguida um breve resumo de cada estágio realizado. Em anexo encontra-se uma tabela com a organização temporal dos meus estágios (Anexo I), e outra tabela com todas as apresentações realizadas ao longo destes mesmos estágios (Anexo II).

Cirurgia Geral

(10/9/2018 a 02/11/2018)

Realizei este estágio no Hospital Beatriz Ângelo (HBA) sob orientação da Dra. Mónica Oliveira. A primeira semana consistiu em várias sessões teórico-práticas, com enfoque em temas pertinentes à Cirurgia Geral, como realização de suturas e realização de procedimentos estéreis, mas também houve um grande foco em soft-skills e temas menos teóricos, como comunicação, liderança, gestão de stress, ou princípios de gestão em cuidados de saúde, que são de grande importância para a nossa formação profissional. Ainda no segmento teórico-prático deste estágio participei no curso TEAM “Trauma Evaluation and Management”

(Anexo III). A segunda semana foi passada no Serviço de Urgências, tendo tido a oportunidade de observar

uma grande variedade de patologias e suturar na Pequena Cirurgia. Nas duas semanas seguintes estagiei no serviço de Anestesia, que escolhi pela proximidade entre as duas especialidades, tendo realizado várias técnicas, como entubação orotraqueal, colocação de tubo de Guedel, colocação de Máscara Laríngea, ventilação manual do paciente sedado, pré-oxigenação do doente e colocação de termómetro esofágico sob supervisão. Quanto ao estágio de Cirurgia em si, seguia de forma quase diária os pacientes que estavam ao cuidado da Dra. Mónica, atualizava o diário clínico e discutia com a Dra. Mónica o trabalho realizado e qual o plano de cuidados. Também presenciei várias consultas e cirurgias tendo participado como segundo ajudante numa cirurgia, onde me foi permitido agrafar a ferida cirúrgica. Infelizmente devido à quantidade de alunos, não tive oportunidade de participar em mais cirurgias. Concluí o estágio com a apresentação “À procura de um alvo” sobre um caso de invaginação intestinal, que foi submetida para ser publicada na revista “Casos Clínicos do Hospital da Luz”, aguardando neste momento o parecer da mesma.

Medicina Interna

(26/11/2018 a 04/01/2019)

Realizei este estágio em Heidelberg, na Alemanha, no Hospital Universitário de Heidelberg, Universitätsklinikum Heidelberg (UKH), ao abrigo do programa Erasmus Estágios. Visto que na Alemanha a Medicina Interna se encontra dividida em sub-especialidades, optei por estagiar no serviço Medicina Interna IV Gastroenterologia, Infecciologia e Toxicologia, por serem áreas do meu interesse. A dinâmica dos estágios é muito diferente, visto que há uma liberdade maior na escolha do lugar de estágio do 6º ano, tendo moldes

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mais próximos ao nosso Internato de Ano Comum, logo a quantidade de alunos por serviço é muito menor, a duração dos estágios costuma ser no mínimo de quatro semanas e o horário de trabalho é das 7:30 às 16 todos os dias. A divisão de tarefas é muito mais hierárquica, sendo que os alunos de 6º ano fazem as notas de entrada todas e a maioria das técnicas, os Internos de Formação Específica são responsáveis pela execução do plano de cuidados e seguimento do paciente durante o internamento, e os Assistentes fazem duas reuniões diárias com os internos e os alunos para discutir os pacientes e elaborar o plano de cuidados. Como tal, não tive a experiência de elaborar o plano de cuidados de forma ativa, embora participasse na visita e observasse a discussão. Por outro lado, fazia várias notas de entrada por dia, realizava inúmeras flebotomias, colocava acessos venosos periféricos, fazia gasimetrias, picava sistemas de cateter venoso central com porta subcutânea, fiz várias ecografias diagnósticas e terapêuticas sob supervisão, e realizei ainda três paracenteses e duas toracocenteses sob supervisão. Concluindo, foi um estágio que me permitiu desenvolver a componente prática, muito embora não tenha incluído o envolvimento dos alunos no que diz respeito à elaboração do plano de cuidados e da prescrição terapêutica.

Ginecologia e Obstetrícia

(07/01/2019 a 25/01/2019)

Realizei este estágio em Heidelberg, na Alemanha, no Hospital Universitário de Heidelberg, Universitätsklinikum Heidelberg (UKH), ao abrigo do programa Erasmus Estágios. A componente principal deste estágio foi definitivamente a cirúrgica. Participei como 1º ou 2º ajudante num regime quase diário em várias cirurgias, tendo sido, por exemplo, responsável pela câmara do laparoscópio ou pela tração do colo uterino em várias ocasiões. Participei ainda em várias curetagens uterinas e cesarianas. Nos dias em que não participava nas cirurgias assisti a consultas, nomeadamente: Infertilidade, seguimento pré-natal, Colpocitologia, Mama, Ginecologia Oncológica e de Urgência. De destacar as consultas de Displasia da Vulva, Vagina e Cérvix, onde observei várias colposcopias de pacientes com Lichen planus, Lichen scleroso e Condilomas, que achei particularmente interessante. Foi ainda uma oportunidade de contacto com questões legais e éticas em Medicina, aquando da realização de procedimentos de interrupção voluntária da gravidez.

Pediatria

(20/01/2020 a 14/02/2020)

Realizei este estágio no Hospital Dona Estefânia (HDE) Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC) sob orientação da Dra. Paula Kjöllerström. Ao longo do estágio participei em atividades na Enfermaria, observei consultas, fiz turnos no Serviço de Urgências e participei nas reuniões de serviço e multidisciplinares. Fiquei colocado no serviço de Hematologia, e como tal tive contacto próximo com patologias como talassemias, hemofilias e drepanocitose. Devido à diversidade étnica e cultural da população da área abrangida pelo HDE, sendo a maioria dos doentes originários de África e da Ásia e uma vez que certas patologias como a drepanocitose são mais prevalentes em populações não caucasianas, tive contacto com casos clínicos que noutros contextos epidemiológicos seria menos provável. A multiculturalidade associava-se por vezes a barreiras linguísticas e

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de compreensão que careciam da utilização de técnicas que propiciassem a comunicação no âmbito das consultas. Tive oportunidade de assistir às consultas da Dr.ª Paula, cuja forma prática, objetiva e dinâmica com que abordava os problemas e preocupações dos doentes, com enfoque na sua resolução e prestação dos melhores cuidados de saúde, me proporcionou uma experiência única de aprendizagem, especialmente ao nível da comunicação e da gestão de consultas. No serviço de urgências tive ainda a possibilidade de observar várias patologias da Pediatria Geral, cuja natureza caracterizei no Anexo IV.No final apresentei o trabalho “ITP: um caso clínico” sobre Púrpura Trombocitopénica Idiopática.

Saúde Mental

(23/03/2020 a 17/04/2020)

Realizei este estágio on-line, devido às medidas de contingência a que obrigaram o COVID19. O estágio consistiu numa aula de Urgências Psiquiátricas, na realização de um relatório final, na elaboração de perguntas no estilo da Prova Nacional de Acesso (PNA) e na elaboração de duas histórias clínicas com base em entrevistas a doentes previamente gravadas. Foi particularmente interessante a realização de questões com o formato da PNA visto que nos colocaram na posição do avaliador, o que se revelou mais exigente do que se esperava. A escrita de vinhetas clínicas requer um conhecimento sólido da matéria visada, no sentido de conseguir manter a coerência da história apresentada, certificar-me da veracidade de todas as afirmações e principalmente para conseguir elaborar opções de resposta que não sejam demasiado óbvias, para poderem constituir de facto um desafio. Embora não substituam o contacto com pacientes, as gravações das consultas apresentaram dois casos clínicos com pacientes de características muito diferentes, e que permitiram que observássemos uma entrevista clínica psiquiátrica extensa e detalhada dirigida por alguém com experiência, o Dr. Miguel Talina. Este modelo foi particularmente formativo, visto que noutras circunstâncias ou os alunos colhem de forma isolada as histórias clínicas e de seguida apresentam-nas aos seus tutores, ou então os tutores fazem histórias clínicas mais sumárias e dirigidas para a prática clínica.

Medicina Geral e Familiar

(20/04/2020 a 15/05/2020)

Realizei este estágio on-line, devido às medidas de contingência a que obrigaram o COVID19. Eu tinha optado por fazer o estágio em Beja para conhecer uma população de doentes diferente da que estou habituado a encontrar numa região metropolitana. É sem dúvida o estágio que mais sofreu com a transição para o on-line visto que é um estágio que promove mais que qualquer outro a autonomia dos estudantes de 6º ano, principalmente através da realização de consultas supervisionadas. O estágio consistiu na visualização de cursos on-line, na discussão de uma prescrição de MCDTs, na discussão de um caso clínico e no comentário de consultas gravadas. De especial interesse na minha opinião foi a discussão da prescrição de MCDTs, que obrigou a uma consulta bibliográfica extensa e a procurar indicadores como Number Needed to Treat e custo-eficácia que raramente abordamos em detalhe durante o curso. No sentido de melhorar a minha compreensão dos indicadores apresentados em estudos clínicos e a sua tradução para a prática clínica,

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frequentei os seguintes cursos opcionais: “Thinking Critically – Interpreting Clinical Trials” e “Thinking Critically – Interpreting Screening Trials”, tendo lido ainda o documento da UC de Medicina Geral e Familiar de 5º ano “Efectividade da Prevenção”. No final do estágio apresentei o tema: “Tenho uma dor nas costas e nem sentada consigo estar” sobre lombalgias.

Atividades Extracurriculares

Enumero de seguida as atividades extracurriculares que considero terem tido um maior contributo para a minha formação:

Publicações:

• Wiedmann, F., Schlund, D., Faustino, F., Kraft, M., Ratte, A., Thomas, D., … Schmidt, C. (2019). N-Glycosylation of TREK-1/hK2P2.1 Two-Pore-Domain Potassium (K2P) Channels. International Journal

of Molecular Sciences, 20(20), 5193. doi: 10.3390/ijms20205193 (Anexo V)

• Oliveira, M., Faustino, F., Almeida, M. (2019). À Procura de um Alvo (Submetido para publicação na revista “Casos Clínicos Hospital da Luz”, aguardando confirmação) (Anexo VI)

• Mora, P. Lima Lagoa, M.; Vasconcelos Baltazar, C.; Carvalho, D.; Perry Da Câmara, G.; Modesto, F.; Pohle, C.; Fernandes, S.; Salvador, P.; Marques De Sousa, I.; Gaspar Guerreiro, A.; Faustino, F.; Ramalho, S. (2020), Projeto De Notificação E Seguimento Da Covid-19 No Hospital Cuf Sintra (Submetido para publicação na revista “Gazeta Médica”, aguardando confirmação) (Anexo VII)

Estágios:

• Departamento de Neurologia Krankenanstalt Rudolfstiftung Viena, Áustria, 07/08/2017 a 02/09/2017 ao abrigo do Programa de Intercâmbios Clínicas da IFMSA (International Federation of Medical Students Association) (Anexo VIII)

• Departamento de Cardiologia, Universidade de Heidelberg, grupo de trabalho “Arritmopatias Atriais e Eletrofisiologia Celular”, 1 Janeiro 2019 a 31 Agosto 2019 (Anexo IX)

Erasmus:

• Ano letivo 2017/2018 em Berlim, Charité Universitätsmedizin, ao abrigo do Programa Erasmus Estudos (Anexo X)

• Ano letivo 2018/2019 em Heidelberg, Alemanha, Universitätsklinikum Heidelberg ao abrigo do Programa Erasmus Estágios (Anexo XI)

Voluntariado:

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• Medical Volunteers International, Salónica, Grécia, prestação de cuidados de saúde primários a refugiados e sem-abrigo, Setembro 2019 (Anexo XIII)

• CUF Sintra, Projeto de Notificação e Seguimento Da Covid-19 No Hospital CUF Sintra (Anexo XIV)

Outros:

• Monitor da UC Anatomia nos anos letivos 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017 (Anexo XV) • Monitor da UC Fisiologia no ano letivo 2014/2015 (Anexo XVI)

• Múltiplos Congressos e Workshops, entre eles: iMed 8.0, II Conference Novasaúde Migration and Health, Formação para Rastreio Cardiovascular (Anexos XVII, XVIII e XIX)

• Funcionário no Serviço de Nefrologia da Universidade de Heidelberg de Fevereiro 2019 a Agosto 2020 a exercer funções de “Apoio Estudantil à Enfermagem”

• Funcionário na exposição “Exposição Real Bodies – Descubra o corpo humano” como monitor de Novembro 2015 a Abril de 2016 (Anexo XX)

• Curso de Alemão, Nível C1 (Anexo XXI)

Reflexão Crítica

Como não podia deixar de ser, o impacto da pandemia a COVID-19 obrigou a um repensar de quase todos os aspetos da nossa sociedade, sendo que o ensino médico não foi exceção. Como tal, muitos dos objetivos aos quais me tinha proposto tornaram-se muito difíceis, senão mesmo impossíveis de alcançar.

Começando pelos objetivos que considero ter atingido, aquele que sinto que de facto ficou mais consolidado foi o reconhecimento de apresentações clínicas e a colheita de dados do paciente. Ao longo de todo o curso realizei inúmeras histórias clínicas e notas de entrada, tendo reforçado essas capacidades em todos os estágios do 6º ano. Sinto-me capacitado na comunicação com o paciente e na formulação de perguntas pertinentes e apropriadas ao contexto. A experiência de comunicar com pacientes numa língua que não domino foi também extremamente formativo, visto que revelou os meus pontos mais fracos. Numa situação de fragilidade os pacientes procuram profissionais que transmitam confiança e certeza, e tive que aprender a mostrar essa confiança e a demonstrar empatia enquanto eu próprio geria as minhas inseguranças com a língua. A nível da intervenção em situações de emergência, do ponto de vista teórico, participei em várias formações de Suporte Básico e Avançado de Vida, entre elas o curso TEAM e as simulações realizadas no estágio de Pediatria do 6º ano. Quando de facto estive perante uma Paragem Cardiorrespiratória, sabia exatamente o que fazer e todas as simulações realizadas previamente permitiram-me ter um comportamento quase automatizado e, na minha opinião, profissional. Embora tenha sempre sentido uma mais-valia quando realizava estes cursos, foi extremamente gratificante ver a sua aplicação prática e confirmar o seu valor formativo. A esse nível considero principalmente que a gestão das emoções e do surto de adrenalina são os pontos onde tenho mais trabalho a fazer. Outro objetivo que considero cumprido foi o

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da realização de procedimentos práticos, sendo que me sinto confortável com a realização de paracenteses, toracocenteses e entubação orotraqueal, sob supervisão de um profissional mais graduado, e consigo realizar de forma autónoma flebotomias, gasimetrias, colocação de acessos venosos periféricos e manipulação de acessos venosos centrais.

Houve vários objetivos que não consegui cumprir com o nível que desejava, principalmente os relacionados com a prática de MGF, Saúde Mental e Medicina Interna. Este ano não tive oportunidade de realizar consultas com pacientes de forma autónoma, apenas ocasionalmente de forma supervisionada em estágios no 3º e 4º ano. Quanto à elaboração de um plano de cuidados, prescrição de MCDTs e de medicação, tive oportunidade de o fazer nos estágios de Medicina Interna ao longo de todo o curso, e em Cirurgia Geral no 6º ano, mas sempre no âmbito de discussões com os tutores, raramente o fiz de forma autónoma. Especialmente agora que estou no processo de fazer uma introspeção e a encarar os meus objetivos e realização de expectativas durante curso, apercebo-me que o estágio de MGF, que eu aguardava com grande antecipação, teria sido o estágio em que eu poderia afinar muitas destas capacidades acima citadas que considero que neste momento estão aquém do nível desejado. Nesse sentido tenho tentado colmatar essas falhas durante o estudo para a PNA, com auxílio das NOCs e de plataformas como o Uptodate que confrontam a evidência científica com a prática clínica, estabelecendo recomendações que têm em conta a realidade do exercício das nossas funções. Procurarei como Interno de Formação Geral (IFG) fazer um esforço redobrado para corrigir os défices já referidos. Dada a situação excecional em que vivemos, sugiro a possibilidade de existir um processo de escolha dos estágios durante o ano de IFG, o qual considere os estágios que não foram realizados no ano curricular anterior devido às medidas de contingência COVID19.

Deixo um segmento desta análise para a pausa que realizei nos estudos, e os motivos pelos quais decidi realizá-la, que estão diretamente relacionados com o meu percurso formativo. Desde o final do meu estágio de Ginecologia no 6º ano em Janeiro de 2019 até Outubro de 2019, estive primeiro envolvido num projeto de investigação sobre Arritmopatias Atriais em Heidelberg, do qual resultou uma publicação (Anexo V), e de seguida fui para a Grécia fazer trabalho de voluntariado. Em Heidelberg participei num projeto que procura caracterizar a eletrofisiologia das arritmias atriais, usando com esse propósito óvulos da rã Xenopus e técnicas de grampeamento de voltagem para estudar a cinética de canais iónicos. Na Grécia trabalhei com uma equipa variada de profissionais de saúde, entre eles médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, prestando cuidados de saúde a refugiados e sem-abrigo numa clínica móvel instalada numa ambulância. Com estas experiências atingi objetivos pessoais já previamente delineados como desenvolver capacidades de autonomia, de investigação, saúde populacional, competências de liderança, empatia e avaliação psicossocial do paciente, tendo saciado a minha curiosidade pelos mundos da investigação e do trabalho humanitário, que considero ambos como possível futuro profissional. Esta vontade de fazer uma pausa nos estudos veio no sentido de complementar a minha formação com experiências que não estão diretamente ligadas a nenhuma UC,

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embora sejam do domínio da Medicina. Considero que o facto de ter diversificado o mais possível o meu percurso académico contribuiu de forma muito significativa para a minha formação, sem descurar com isto a importância do que aprendi com o curso de Medicina. Deixo então a sugestão de se incorporar uma UC creditada, com uma carga horária equivalente à de um estágio, ou com duração prolongada, consistindo na realização de um trabalho de investigação, participação em projetos sociais ligados à saúde populacional, ou outra atividade de escolha livre ligada à saúde, em detrimento do tempo de estágio. A diversificação da formação académica nestes moldes promoveria o desenvolvimento de capacidades de autonomia e de liderança, levando à formação de profissionais com experiências ricas e variadas.

Por último gostava de deixar uma breve comparação entre a formação médica na Alemanha e em Portugal. Considero que a formação, principalmente a nível teórico disponibilizada na nossa faculdade, é largamente superior à média alemã, o que é reflexo também das avaliações e horários mais exigentes a que somos sujeitos. Por outro lado, considero que o sistema de estágios no 4º e 5º ano, de muito curta duração, durante o qual não há tempo para adquirir autonomia, nem estabelecer uma verdadeira relação/tutor que promova a transmissão de conhecimento, acabam por ser menos formativos que na Alemanha, onde se realizam menos estágios, não cobrindo todas as especialidades (muitas são apenas lecionadas de forma teórica com uma componente prática de 1 ou 2 dias), mas os estágios têm a duração mínima de 2 semanas. Isso permite que os alunos escolham livremente quais as especialidades em que querem fazer um maior investimento de tempo, sendo que leva também a um melhor rácio tutor/aluno e à integração dos alunos como membros da equipa médica, fomentando assim a sua autonomia e constituindo um maior desafio formativo. Na minha opinião gostaria de ver uma organização mais neste sentido, principalmente no 4º e 5º ano, em vez do sistema que temos presentemente, no qual é proposto fazermos 25 especialidades ao longo de 4º e 5º ano, havendo pouco tempo para aprofundar a maioria. Queria deixar claro que as críticas explicitadas nesta secção prévia não se aplicam ao 6º ano, onde o cariz extremamente prático, rácio tutor/aluno muito baixo e estágios de no mínimo 1 mês, permitem o estabelecimento de uma verdadeira relação tutor/tutorando e contribuem todos para estágios de facto formadores e enriquecedores a nível pessoal e profissional.

Concluo então com o balanço final destes últimos sete anos, que foi claramente positivo. A formação oferecida pela NMS preparou-me da melhor forma para a atividade clínica, e louvo os vários esforços de inovação e enriquecimento que a nossa faculdade procura incessantemente introduzir, como é o exemplo da formação com recurso às simulações médicas. Não obstante as críticas apontadas e o facto de considerar que há sempre espaço para melhoria, é notório que há muito esforço feito pela faculdade e o seu corpo de docentes para prestar a melhor educação possível aos seus alunos, e quero aproveitar este texto para manifestar os meus agradecimentos. Acabo este curso de coração cheio e cheio também de vontade de começar uma nova etapa da minha vida que espero ser tão rica em experiências e desafios quanto esta última se revelou.

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Anexos

Anexo I

Estágio Local Regente Tutor Datas

Cirurgia Geral

HBA Prof. Dr. Rui Maio Dra. Mónica Oliveira 10/9/2018 a 2/11/2018

Medicina Interna

UKH N/a N/a 26/11/2018 a 04/01/2019

Ginecologia e Obstetrícia

UKH N/a N/a 07/01/2018 a 25/01/2019

Pediatria HDE Prof. Dr. Luís Varandas Dra. Paula Kjöllerström 20/01/2020 a 14/02/2020 Saúde

Mental

Online Prof. Dr. Miguel Talina N/a 23/3/2020 a 17/04/2020

Medicina Geral e Familiar

Online Prof. Dra. Isabel Santos N/a 20/04/2020 a 15/05/2020

n/a – não aplicável

Anexo II

Estágio Parcelar Tema apresentado e oradores

Cirurgia “À procura de um alvo” Matilde Almeida, Francisco

Faustino

Pediatria “ITP: um caso clínico” Maria Beatriz Gonçalves, Mafalda Guimarães, Francisco Faustino

Medicina Geral e Familiar “Tenho uma dor de costas e nem sentada consigo estar” Francisco Faustino

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12 Anexo III Anexo IV 13 9 4 3 3 3 3 3 3 7 4

Motivo de vinda à urgência

Infecção Respiratória Superior Infecção Respiratória Inferior Gastroenterite

Crise Vasooclusiva TCE Trauma (outro)

Convulsão Icterícia Doença Dermatológica

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13 Anexo V

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14 Anexo VI

À Procura de um Alvo

Autores: Oliveira, M., Faustino, F., Almeida, M.

Resumo: A invaginação intestinal é uma patologia tipicamente associada à idade pediátrica e que não apresenta sinais ou sintomas específicos da mesma, sendo de difícil diagnóstico clínico. Em adultos é muitas vezes a manifestação de outra patologia subjacente e encontra-se associado a malignidade em 30% a 70 % dos casos, dependendo da sua localização anatómica. Apresenta-se aqui um caso de invaginação intestinal secundária a um pólipo do intestino delgado, com enfoque na importância da Tomografia Axial Computorizada para o diagnóstico.

Anexo VII

Projeto de Notificação e Seguimento da COVID-19 no Hospital CUF Sintra

Autores: Mora, P. Lima Lagoa, M.; Vasconcelos Baltazar, C.; Carvalho, D.; Perry da Câmara, G.; Modesto, F.; Pohle, C.; Fernandes, S.; Salvador, P.; Marques de Sousa, I.; Gaspar Guerreiro, A.; Faustino, F.; Ramalho, S. Resumo: Com início em dezembro de 2019, na província chinesa de Wuhan, a infeção pelo novo coronavírus originou uma pandemia que levou à declaração de uma Emergência de Saúde Pública Internacional pela Organização Mundial de Saúde a 30 de janeiro de 2020. Em Portugal, os primeiros casos datam a 3 de março de 2020 e ao fim de dois meses, contavam-se mais de 24.600 casos positivos dos cerca de 247.000 casos suspeitos. Face à gravidade da situação, foi declarado o Estado de Emergência Nacional a 18 de março, prorrogado a 2 e 17 de abril de 2020. Consequentemente, e de acordo com o comunicado oficial da NOVA Medical School em conformidade com o parecer da Universidade NOVA de Lisboa e Conselho de Escolas Médicas Portuguesas, todas as atividades letivas presenciais foram suspensas. Sensibilizados para o problema, os finalistas do curso de Mestrado Integrado em Medicina prontificaram-se a ajudar no combate à pandemia. Estabeleceu-se assim uma parceria com a Unidade de Saúde José de Mello Saúde/CUF, que se disponibilizou para apoiar esta iniciativa integrando os alunos no Hospital CUF Sintra, um dos seus espaços COVID-free, em tarefas de índole burocrática sob orientação e tutoria da Dr.ª Patrícia Mora.

O projeto iniciou-se a 31 de março de 2020, ficando os alunos responsáveis por colaborar na realização de notificações na plataforma do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, uma ferramenta que tem sido fundamental na recolha de dados representativos para elaboração de estratégias nacionais de resposta, e posterior atualização da base de dados interna. Este projeto permitiu diminuir significativamente a carga burocrática dos profissionais de saúde com ganhos valorizáveis na disponibilidade destes para o atendimento e prestação de cuidados diferenciados e seguimento dos clientes com ou sem a infeção pelo novo coronavírus.

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15 Anexo VIII

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16 Anexo X

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17 Anexo XI

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18 Anexo XII

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19 Anexo XIV

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20 Anexo XVI

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21 Anexo XVIII

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22 Anexo XX

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