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Modelação de radiação galáctica para sistemas radioastronómicos

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Academic year: 2021

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Universidade de Aveiro Departamento de F´ısica 2015

Patr´ıcia Sofia

Pereira Soares

Martins

Modela¸

ao de radia¸

ao gal´

actica para sistemas

Radioastron´

omicos

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Universidade de Aveiro Departamento de F´ısica 2015

Patr´ıcia Sofia

Pereira Soares

Martins

Modela¸

ao de radia¸

ao gal´

actica para sistemas

Radioastron´

omicos

Disserta¸c˜ao apresentada `a Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necess´arios `a obten¸c˜ao do grau de Mestre em Engenharia F´ısica, realizada sob a orienta¸c˜ao cient´ıfica do Doutor Domingos Barbosa (orien-tador), investigador no Instituto de Telecomunica¸c˜oes da Universidade de Aveiro, e do Doutor Alexandre Correia (coorientador), Professor auxiliar do Departamento de F´ısica da Universidade de Aveiro.

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o j´uri / the jury

presidente / president Jo˜ao Filipe Calapez de Albuquerque Veloso

Professor Auxiliar com Agrega¸c˜ao da Universidade de Aveiro

vogais / examiners committee Dalmiro Jorge Filipe Maia

Investigador da Universidade do Porto

Domingos da Silva Barbosa

Investigador do Instituto de Telecomunica¸c˜oes da Universidade de Aveiro (coorientador)

Alexandre Carlos Morgado Correia

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agradecimentos Em primeiro lugar agradecer aos meus orientadores Professor Dou-tor Domingos Barbosa pela oportunidade e desafio apresentado e pelo constante suporte e apoio ao longo da elabora¸c˜ao desta disserta¸c˜ao e ao Professor Doutor Alexandre Correia.

Um especial agradecimento ao Professor Doutor V´ıtor Bonif´acio pelas cr´ıticas, sugest˜oes e apoio ao longo deste trabalho mesmo n˜ao estando diretamente associa¸c˜ao `a disserta¸c˜ao, revelando-se um pilar fundamen-tal para a concretiza¸c˜ao da mesma.

Aos meus colegas de laborat´orio pelo companheirismo e boa disposi¸c˜ao ao longo destes meses e ainda ao Instituto de Telecomunica¸c˜oes local onde trabalhei ao longo deste ano.

Finalmente agrade¸co ainda aos colegas Joana Santos, Rui Neves, Eli-sabete Nascimento e Catarina Santos por todo o apoio e afeto. A todos os que me ajudaram, um muito obrigado.

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Palavras-chave sincrotr˜ao, contaminantes gal´acticos, Global Sky Model, radia¸c˜ao c´osmica de fundo, Radioastronomia

Resumo A evolu¸c˜ao tecnol´ogica permitiu que a Radioastronomia lidere atual-mente a ´area da observa¸c˜ao e an´alise do Universo.

Nesta disserta¸c˜ao pretende-se estudar as emiss˜oes gal´acticas cont´ınuas que contaminam as observa¸c˜oes da radia¸c˜ao c´osmica de fundo com especial enfoque na regi˜ao de baixas frequˆencias, isto ´e, at´e 10 GHz. Assim pretendemos com este estudo inferir a distribui¸c˜ao energ´etica do g´as quente ionizado da Via L´actea e estimar a distribui¸c˜ao espectral do ´ındice sincrotr˜ao, principal componente que sobrep˜oe o sinal da RCF.

Tendo em conta que v´arias regi˜oes do c´eu tˆem diferente emiss˜ao ra-diativa por este mecanismo, inferimos tamb´em quais as regi˜oes mais transparentes e mais ricas em g´as e poeiras da Via L´actea.

Ser´a feita uma introdu¸c˜ao aos mecanismos respons´aveis pela emiss˜ao gal´actica e uma descri¸c˜ao das fontes c´osmicas respons´aveis por tais emiss˜oes.

No final ser´a efetuada uma compara¸c˜ao entre os mapas simulados pelo Global Sky Model e os obtidos a partir de observa¸c˜oes. Pretende-se deste modo aferir da sua viabilidade no planeamento de futuras observa¸c˜oes.

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Keywords sychrotron, galactic contamination, Global Sky Model, cosmic mi-crowave background, Radio astronomy

Abstract Technological developments allowed radio astronomy to currently lead the area of observation and analysis of the universe.

In this thesis, we intend to study the continuous galatic emissions pro-duced by our galaxy that contaminate the observations of the cosmic microwave background, with special focus on the low frequency re-gion, ie, up to 10 GHz. Thus, we intend this study to infer the energy distribution of hot ionized gas of Milky Way, to estimate the spectral distribution of the synchrotron index of synchrotron emission.

Given that different regions of the sky have different radiative emission by this mechanism I, also infer which regions are more transparent and more rich in gas.

An introduction to the galactic emissions mechanisms is made. At the end a comparison is performed between the simulated maps from the Global Sky Model and our observations. This comparison assess the reability of the Global Sky Model for the planning of future observations.

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Conte´

udo

Conte´udo i

Lista de Figuras iii

Lista de Tabelas vi

Acr´onimos vii

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Motiva¸c˜ao . . . 1

1.2 Enquadramento Te´orico . . . 2

1.3 Estado de Arte . . . 4

1.4 Estrutura do Documento . . . 5

2 Quantidades Fundamentais em Radioastronomia 6 2.1 Fun¸c˜ao de Planck e limite de Rayleigh-Jeans . . . 6

2.2 Intensidade ou Brilho de superf´ıcie e densidade de fluxo . . . 7

2.3 Temperaturas de brilho e de antena . . . 8

2.4 Radiotelesc´opios . . . 10

2.4.1 Resolu¸c˜ao Angular . . . 10

2.4.2 Sensibilidade . . . 10

3 Mecanismos de Emiss˜ao R´adio 12 3.1 Fontes c´osmicas emissoras de ondas r´adio . . . 12

3.2 Processos de Emiss˜ao Gal´actica . . . 13

3.2.1 Espectro de emiss˜ao Sincrotr˜ao . . . 15

3.2.2 Espectro de emiss˜ao Livre-livre ou de Bremsstrahlung . . . 16

3.2.3 Espectro de emiss˜ao t´ermica de poeira . . . 16

3.3 A Radia¸c˜ao C´osmica de Fundo . . . 17

4 Ferramentas Computacionais Utilizadas 19 4.1 Sistema de Coordenadas Gal´actico . . . 19

4.2 HEALPix . . . 20

(14)

4.4 Programa¸c˜ao . . . 22

5 Proje¸c˜ao de mapas a multi frequˆencias 24 5.1 An´alise de proje¸c˜oes de mapas a v´arias frequˆencias . . . 24

5.2 Distribui¸c˜ao espectral sincrotr˜ao . . . 29

5.2.1 Totalidade do c´eu . . . 29

5.2.2 Regi˜ao do plano gal´actico . . . 31

5.2.3 Regi˜oes polares gal´acticas . . . 32

5.2.4 Hemisf´erios norte e sul gal´acticos . . . 33

5.2.5 An´alise das regi˜oes selecionadas . . . 35

5.3 Varia¸c˜ao do ´ındice sincrotr˜ao com a frequˆencia . . . 37

5.4 An´alise da qualidade do Global Sky Model . . . 39

5.5 An´alise dos parˆametros sensibilidade e resolu¸c˜ao de uma Antena . . . 42

6 Conclus˜oes 46

(15)

Lista de Figuras

1.1 Imagem ilustrativa da profundidade de penetra¸c˜ao da radia¸c˜ao eletromagn´etica na atmosfera terrestre nas diferentes regi˜oes espectrais. . . 2 1.2 Estrutura da gal´axia. . . 3 2.1 Espectro de um corpo negro a diferentes temperaturas. Verifica-se que

cor-pos a menores temperaturas tˆem picos de emiss˜ao deslocados para menores frequˆencias. ´E evidente a tendˆencia linear da fun¸c˜ao para baixas frequˆencias. 7 2.2 Antena inserida no interior de um corpo negro a uma temperatura, T . . . . 9 3.1 Intensidade relativa das emiss˜oes gal´acticas em fun¸c˜ao da frequˆencia. . . . 14 3.2 Proje¸c˜oes de mapas reais da miss˜ao Planck associados `a radia¸c˜ao sincrotr˜ao

em diferentes escalas de intensidade: `a esquerda em escala normal ao centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica. . . . 16 3.3 Proje¸c˜oes mollview de mapas a 94 GHz onde ´e predominante a emiss˜ao

t´ermica de poeira, em diferentes escalas de intensidade: `a esquerda em escala normal ao centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica. . . 17 3.4 Espectro corpo negro da RCFM `a temperatura de 2,72 K. . . 18 3.5 Proje¸c˜oes mollview da RCFM segundo dados obtidos pela miss˜ao Planck. . 18 4.1 Representa¸c˜ao da longitude e latitude gal´acticas parˆametros que

caracteri-zam o sistema de coordenadas gal´actico. . . 20 4.2 Ilustra¸c˜ao da divis˜ao da esfera da ferramenta HEALPix, cuja simetria ´e

octa´edrica. . . 21 4.3 Proje¸c˜ao cil´ındrica da divis˜ao de uma esfera nos diferentes esquemas de

numera¸c˜ao de pixeis do HEALPix.A figura proje¸c˜oes nos dois tipos de es-quemas HEALPix correspondentes a um Nside = 2, a primeira no esquema

RING e a segunda no esquema NESTED. . . 21 5.1 Proje¸c˜ao mollview a 408 MHz: `a esquerda em escala normal, ao centro em

escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica. . . 25 5.2 Proje¸c˜ao mollview a 1,4 GHz: `a esquerda em escala normal, ao centro em

(16)

5.3 Proje¸c˜ao mollview de um mapa a 5 GHz: `a esquerda em escala normal, ao centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica. 26 5.4 Proje¸c˜ao mollview a 10 GHz: `a esquerda em escala normal, ao centro em

escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica. . . 26 5.5 Proje¸c˜ao mollview de mapas a 10 MHz: `a esquerda em escala normal, ao

centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica. 26 5.6 Proje¸c˜ao mollview de mapas a 100 MHz: `a esquerda em escala normal, ao

centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica. 27 5.7 Proje¸c˜ao mollview de mapas a 800 MHz: `a esquerda em escala normal, ao

centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica. 27 5.8 Proje¸c˜ao mollview de mapas a 1000 MHz: `a esquerda em escala normal, ao

centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica. 27 5.9 Histogramas obtidos para as frequˆencias 408 MHz e 1,4 GHz que indicam o

fluxo obtido em cada pixel. . . 28 5.10 Histogramas obtidos para as frequˆencias 5 e 10 GHz que indicam o fluxo

obtido em cada pixel. . . 28 5.11 Proje¸c˜ao mollview de um mapa a 408 MHz relativo `a totalidade do c´eu. . . 30 5.12 Gr´afico em escala logar´ıtmica da temperatura da antena m´edia em fun¸c˜ao

da frequˆencia para observa¸c˜oes da totalidade do c´eu. . . 30 5.13 Proje¸c˜ao mollview de um mapa a 408 MHz com aplica¸c˜ao de m´ascara `as

regi˜oes exteriores ao plano gal´actico. . . 31 5.14 Gr´afico em escala logar´ıtmica da temperatura da antena m´edia em fun¸c˜ao

da frequˆencia de observa¸c˜ao. . . 32 5.15 Proje¸c˜ao mollview de um mapa a 408 MHz com a aplica¸c˜ao de uma m´ascara

a todas as regi˜oes que n˜ao correspondam aos polos gal´acticos. . . 32 5.16 Gr´afico em escala logar´ıtmica da temperatura da antena m´edia em fun¸c˜ao

da frequˆencia de observa¸c˜ao para os polos gal´acticos. . . 33 5.17 Proje¸c˜oes mollview de mapas a 408 MHz onde ´e apenas vis´ıvel os hemisf´erios

norte e sul gal´acticos, `a esquerda e direita, respetivamente. . . 34 5.18 Gr´afico em escala logar´ıtmica relativo `a temperatura da antena em fun¸c˜ao

da frequˆencia para as regi˜oes do hemisf´erio norte e sul gal´acticos. . . 34 5.19 Gr´aficos em escala logar´ıtmica considerando as 5 regi˜oes de estudo: `a

es-querda temos a intensidade m´edia em temperatura da antena em fun¸c˜ao da frequˆencia de observa¸c˜ao e `a direita a densidade eletr´onica em fun¸c˜ao da energia. . . 35 5.20 Gr´aficos que representam os ´ındices espectrais inferidos em fun¸c˜ao das regi˜oes

de estudo: `a esquerda temos o gr´afico relativo ao ´ındice espectral sincrotr˜ao e `a direita ao ´ındice de densidade eletr´onica. . . 36 5.21 Gr´aficos em escala logar´ıtmica da temperatura da antena em fun¸c˜ao da

frequˆencia de observa¸c˜ao nas sub bandas de frequˆencias 10-408 MHz (`a es-querda) e 408 MHz a 1,4 GHz (`a direita). . . 37

(17)

5.22 Gr´aficos em escala logar´ıtmica da temperatura da antena em fun¸c˜ao da frequˆencia de observa¸c˜ao nas sub bandas de frequˆencias 1,4-5 GHz (`a es-querda) e 5-10 GHz (`a direita). . . 38 5.23 Gr´afico que representa os ´ındices espectrais m´edio inferidos em fun¸c˜ao das

gamas de frequˆencias de estudo em trˆes regi˜oes espec´ıficas, ao c´eu total, o plano gal´actico e os polos gal´acticos. . . 39 5.24 Proje¸c˜ao a 408 MHz resultante da diferen¸ca entre os mapa simulado e o da

NASA. `A direita ´e ilustrada a proje¸c˜ao a 94 GHz resultante da diferen¸ca entre um mapas simulado e o da NASA. . . 40

(18)

Lista de Tabelas

5.1 Valores referentes `as intensidades m´edias de emiss˜ao em temperatura da antena para as diferentes frequˆencias de observa¸c˜ao consideradas. . . 30 5.2 Valores de intensidades de emiss˜ao m´edia em fun¸c˜ao da frequˆencia

conside-rando somente a regi˜ao do plano gal´actico. . . 31 5.3 Valores referentes `a intensidade de emiss˜ao m´edia em fun¸c˜ao da frequˆencia

(10-10000 MHz) considerando apenas vis´ıvel as regi˜oes polares. . . 33 5.4 Valores de intensidade m´edia de emiss˜ao em fun¸c˜ao da frequˆencia ap´os

aplica¸c˜ao da m´ascara espacial. . . 34 5.5 Valores m´edios estimados para os ´ındices espectrais sincrotr˜ao, β e densidade

eletr´onica, δ. . . 35 5.6 Valores obtidos para o ´ındice espectral, β, nas diferentes subbandas de

frequˆencia consideradas. . . 38 5.7 Intensidades m´edias obtidas para os mapas simulado e da NASA e ainda as

diferen¸cas das intensidades m´edias obtidas pela subtra¸c˜ao dos mesmo. . . . 40 5.8 Valores estat´ısticos obtidos pelo m´etodo de correla¸c˜ao de Pearson e pelo

teste de Kolmogorov-Smirnov. . . 42 5.9 Parˆametros do radiotelesc´opio GEM Brasil. . . 43 5.10 Parˆametros do radiotelesc´opio GEM Portugal. . . 43 5.11 Valores dos parˆametros diˆametro, ´area efetiva e sensibilidade instantˆanea,

considerando uma antena com uma resolu¸c˜ao angular de 5,1°. . . 44 5.12 Valores dos parˆametros resolu¸c˜ao angular e poder de resolu¸c˜ao para

diferen-tes frequˆencias de observa¸c˜ao do c´eu para uma antena de diˆametro 9,5 e 9 m. . . 45

(19)

Acr´

onimos

COBE Cosmic Background Explorer [PT:Explorador c´osmico de fundo] ESA European Space Agency

[PT:Agˆencia Espacial Europeia] GEM Galactic Emission Mapping

[PT:Mapeamento da emiss˜ao gal´actica] GSM Global Sky Model

[PT:Modelo global do c´eu]

HEALPix Hierarchical Equal Area isoLatitude Pixelization

LAMBDA Legacy Archive for Microwave Background Data Analysis IDL Interactive Data Language

NASA National Aeronautics and Space Administration [PT:Administra¸c˜ao Nacional de Aeron´autica espacial] RCFM Radia¸c˜ao c´osmica de Fundo em micro-ondas

RCF Radia¸c˜ao c´osmica de Fundo

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(21)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸

ao

1.1

Motiva¸

ao

Um dos maiores desafios das medidas da radia¸c˜ao gal´actica produzida pelo g´as quente da Via L´actea em micro-ondas ´e a distin¸c˜ao do sinal c´osmico da contribui¸c˜ao denominada foreground. Os principais ‘contaminantes’ gal´acticos s˜ao a emiss˜ao sincrotr˜ao, livre-livre e t´ermica das poeiras gal´acticas. O estudo destas emiss˜oes gal´acticas difusas contribui para um melhor conhecimento da nossa pr´opria gal´axia.[1]

As simula¸c˜oes das diferentes emiss˜oes utilizando dados dispon´ıveis para calibrar modelos tˆem um papel vital visto que a constru¸c˜ao de modelos exatos e a subtra¸c˜ao dos foreground gal´acticos ´e necess´aria para a corre¸c˜ao das medidas da RCFM. A remo¸c˜ao dos diferentes componentes exige o conhecimento da sua dependˆencia em fun¸c˜ao da frequˆencia e uma melhor caracteriza¸c˜ao do seu comportamento espectral e espacial. Trata-se, portanto, de uma oportunidade ´unica de entender os processos de origem cosmol´ogica na gama das micro-ondas.[2]

Em particular na an´alise de mapas r´adio a baixas frequˆencias verifica-se que o principal mecanismo das emiss˜oes observado ´e o sincrotr˜ao. Este ´e respons´avel por grande parte da ‘contamina¸c˜ao’ sendo crucial o conhecimento do seu comportamento espectral. A radia¸c˜ao sincrotr˜ao tem uma varia¸c˜ao espectral denunciada pelo ´ındice espectral sincrotr˜ao.[3]

O principal problema assenta, no entanto, no facto de que a dependˆencia da frequˆencia do mecanismo sincrotr˜ao varia ao longo do c´eu. Isto ocorre porque o seu comportamento espectral depende da distribui¸c˜ao de energia dos eletr˜oes relativistas.[1] Como consequˆencia a morfologia dos mapas varia consoante a dire¸c˜ao e frequˆencia de observa¸c˜ao.[1]

Por esta raz˜ao, estudos a baixas frequˆencias s˜ao utilizados para inferir a distribui¸c˜ao energ´etica do g´as quente ionizado e estimar a distribui¸c˜ao espectral do ´ındice associado ao mecanismo sincrotr˜ao. Al´em disso, podemos estimar quais as regi˜oes mais transparentes e mais ou menos ricas em g´as e poeiras da Via L´actea.

O projeto GEM trata-se de uma colabora¸c˜ao internacional em curso que envolve as ´areas da Radioastronomia e cosmologia e destina-se a determinar com precis˜ao a intensidade e distribui¸c˜ao espacial da radia¸c˜ao emitida pela Via L´actea. Desta forma, pretende medir a

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emiss˜ao r´adio gal´actica em 5 faixas do espectro entre 408 MHz e 10 GHz, para constru¸c˜ao de um mapa preciso de c´eu inteiro a baixas frequˆencias. A finalidade deste mapa consiste na calibra¸c˜ao de futuros radiotelesc´opios de modo a filtrar as contamina¸c˜oes gal´acticas sincrotr˜ao e livre-livre para observa¸c˜ao da RCFM.[4]

1.2

Enquadramento Te´

orico

At´e `as primeiras d´ecadas do s´eculo XX o conhecimento do Universo era obtido a par-tir de observa¸c˜oes astron´omicas efetuadas na regi˜ao do vis´ıvel. Atualmente grande parte do nosso conhecimento provem da an´alise de luz ‘invis´ıvel’, particularmente nas regi˜oes do espectro eletromagn´etico de baixas frequˆencias designado por ondas r´adio e de altas frequˆencias raios X e raios γ.[5] A utiliza¸c˜ao das bandas ´otica e de r´adio do espectro eletromagn´etico coincide com as duas principais bandas transparentes da atmosfera e io-nosfera terrestre, figura 1.1.[6] De facto, nem todas as radia¸c˜oes provenientes do espa¸co atingem a superf´ıcie terrestre uma vez que, a atmosfera imp˜oe restri¸c˜oes `a passagem de uma ampla gama de comprimentos de onda. Estas restri¸c˜oes s˜ao devidas `a mistura de gases atmosf´ericos, vapor de ´agua, poeira e outras part´ıculas em suspens˜ao que absorvem a radia¸c˜ao.[5, 7] A an´alise da figura 1.1 permite verificar que as janelas ´otica e de r´adio se estende aproximadamente na gama de comprimentos de ondas 0, 4-0, 8 µm e 1 cm-10 m, respetivamente.[5]

Estas caracter´ısticas tornam as ondas r´adio uma potente ferramenta no estudo do Uni-verso.[5]

Figura 1.1: Imagem ilustrativa da profundidade de penetra¸c˜ao da radia¸c˜ao eletromagn´etica na atmosfera terrestre nas diferentes regi˜oes espectrais.[8]

A Radioastronomia iniciou-se em 1932 com Karl Jansky investigador do Laborat´orio Bell Telephone. Jansky investigava interferˆencias atmosf´ericas respons´aveis por ru´ıdos pre-sentes nas comunica¸c˜oes telef´onicas a longas distˆancias com aux´ılio de uma antena com

(23)

30 m de comprimentos e 4 m de altura quando verificou que parte do ru´ıdo identificado estava associado `as tempestades e outra parte tinha origem desconhecida. Jansky previu, mais tarde, que este ru´ıdo desconhecido era devido a emiss˜oes r´adio originadas na dire¸c˜ao do centro gal´actico, mais precisamente da constela¸c˜ao Sagit´ario. No seguimento desta des-coberta outros investigadores desenvolveram instrumentos capazes de detetar as emiss˜oes r´adio oriundas de regi˜oes do c´eu ou mesmo do c´eu inteiro.[6, 9] Os primeiros mapas do c´eu inteiro foram produzidos por Reber (1944, 1948) nas frequˆencias de 160 MHz e 408 MHz. O primeiro mapa obtido, o mapa de 160 MHz, permitiu n˜ao s´o confirmar a descoberta de Jansky, como identificar outras fontes na Via L´actea.[6,9] Em 1964, Arno Penzias e Robert Wilson engenheiros do laborat´orio Bell Telephone nos EUA descobriram acidentalmente a RCFM ao testarem recetores destinados a medidas de emiss˜ao em micro-ondas. Curiosa-mente, tal como Jansky, pretendiam identificar interferˆencias de comunica¸c˜oes via sat´elite a uma frequˆencia de 408 MHz quando se depararam com um ru´ıdo persistente, independente da regi˜ao do c´eu e que pensaram inicialmente estar associado a interferˆencias terrestres. Mais tarde, identificaram este ru´ıdo como sendo a RCFM. As observa¸c˜oes realizadas no comprimento de onda de 7,35 cm indicaram uma temperatura do c´eu de 3, 5 K. Devido a esta descoberta foi-lhes atribu´ıdo o pr´emio Nobel da f´ısica em 1974.[6, 9, 10, 10, 11]

Durante os anos 70 estabeleceu-se um consenso de que a RCFM era remanescente do Big Bang. Harrison, Peebles, Yu e Zeldovich verificaram que o Universo apresentava pequenas inhomogeneidades que, por sua vez, estariam associadas a anisotropias da RCFM.[6,10,11] Para o estudo das anisotropias associadas `a RCFM lan¸caram-se os sat´elites COBE 1989 e WMAP em 2001. Ambos mapearam o c´eu com o objetivo de estudar a RCFM e obter melhores estimativas de v´arios parˆametros cosmol´ogicos. Mais recentemente, a ESA construiu o sat´elite Planck com o intuito de observar as anisotropias da RCFM com elevada precis˜ao e resolu¸c˜ao angular. Lan¸cado no ano 2009, este sat´elite mede tamb´em a polariza¸c˜ao desta radia¸c˜ao, o que permite uma melhor defini¸c˜ao da mesma e por sua vez da evolu¸c˜ao do Universo.[6, 11]

A Via L´actea apresenta uma estrutura em espiral, figura 1.2, estrutura esta vis´ıvel a um observador posicionado no exterior da gal´axia. De perfil evidenciam-se trˆes estruturas: o n´ucleo central, mais saliente, o disco, mais fino e plano e por ´ultimo o halo.[6]

(24)

O disco gal´actico da Via L´actea cont´em cerca de 80% da massa vis´ıvel da mesma.[7] O meio interestelar da gal´axia, ambiente que permeia o espa¸co entre as estrelas, contribui com 10% a 20% da massa total da mesma e apresenta uma densidade extremamente baixa.[1, 6] A primeira evidˆencia encontrada sobre a existˆencia deste meio foi observada em 1930 por Robert Julius Trumpler. O meio interestelar gal´actico ´e caracterizado como sendo um meio de elevada complexidade com diferentes constituintes que interagem atrav´es de processos f´ısicos. Os eletr˜oes livres que se encontram em movimento nas linhas de campo magn´eticos emitem radia¸c˜ao sincrotr˜ao.[1]

O Big Bang ´e a teoria cosmol´ogica atualmente aceite para a origem e evolu¸c˜ao do Universo em que a origem do Universo ter´a surgido de uma grande explos˜ao inicial.

Estando o observador no interior da gal´axia, a ´unica maneira poss´ıvel de caracterizar a radia¸c˜ao c´osmica de fundo ´e melhorar o nosso conhecimento sobre os ‘contaminantes’ gal´acticos. Entender a varia¸c˜ao espectral e espacial da emiss˜ao em r´adio da gal´axia ´e fundamental para obter informa¸c˜ao ´util para a compreens˜ao das diferentes componentes e intera¸c˜oes do nosso Universo e sobre a evolu¸c˜ao da Via L´actea. Em frequˆencias inferio-res a 30 GHz a emiss˜ao gal´actica ´e dominada pela emiss˜ao sincrotr˜ao devido `a intera¸c˜ao dos eletr˜oes relativistas com o campo magn´etico da gal´axia. A dependˆencia da emiss˜ao sincrotr˜ao com a distribui¸c˜ao dos eletr˜oes relativistas e com o campo magn´etico gal´actico indica que a morfologia dos mapas sincrotr˜ao varia bastante com a dire¸c˜ao de observa¸c˜ao e com a frequˆencia. Esta emiss˜ao pode ser diferenciada pelo ´ındice espectral associado.[12]

1.3

Estado de Arte

Estudos detalhados da emiss˜ao gal´actica em baixas frequˆencias r´adio, nos quais o me-canismo sincrotr˜ao domina, tˆem sido realizados com intuito de produzir mapas de emiss˜ao gal´actica para a totalidade do c´eu uma vez que a emiss˜ao se estende por todo o c´eu. Apesar deste mecanismo ser bem compreendido, os detalhes da distribui¸c˜ao das fontes na gal´axia e muitas fontes externas n˜ao s˜ao bem caracterizados. A produ¸c˜ao de mapas de emiss˜ao gal´actica com cobertura total do c´eu requer um conjunto de dados bastante homog´eneos.[13]

Lawson et al. verificaram que a emiss˜ao sincrotr˜ao gal´actica apresentava um ´ındice espectral dentro do intervalo de valores de 2,6 a 3, nas frequˆencias superiores a alguns GHz.[14]

Em 1997, P. Platina et al. ao realizarem um estudo da emiss˜ao gal´actica numa gama de frequˆencia de 1-10 GHz determinaram um ´ındice espectral sincrotr˜ao de -2,81 ± 0,16 na gama de frequˆencias de 1,375 a 7,5 GHz. Ao compararem os seus resultados com os mapas de Haslam et al. e Reich&Reich obtiveram um ´ındice espectral de -2,76 ± 0,11 na gama de frequˆencias de 0,4 a 7,5 GHz.[14]

Um estudo realizado em 2002 por Giardino et al. estimou o ´ındice espectral para os hemisf´erios norte e sul gal´acticos. Para o hemisf´erio norte recorreu ao mapa de Haslam a 408 MHz e o de 1420 MHz de Reich&Reich. Para o hemisf´erio sul utilizou o mesmo

(25)

mapa Haslam e ainda o de 2326 MHz de Jonas et al. realizado em 1998. Para a regi˜ao norte obteve um ´ındice espectral de valor m´edio β408

1420=-2,78±0,17 e para a regi˜ao sul de

β408

2326=-2,75±0,12. Com estes valores construiram, posteriormente, um mapa de c´eu total

do ´ındice espectral.[13]

Mais tarde, no ano 2003, Bennett et al. mostrou que o plano gal´actico apresenta um valor de ´ındice espectral inferior ao halo gal´actico. O plano gal´actico apresenta valores m´edios de aproximadamente−2, 5 devido `a predominˆancia de regi˜oes de forma¸c˜ao estelar e o halo gal´actico um valor de ´ındice m´edio de aproximadamente −3, 0. [13, 15]

Em 2009, Maria Guedes estudou a emiss˜ao gal´actica sincrotr˜ao atrav´es de dados obtidos pelo radiotelesc´opio GEM na frequˆencia de 2300 MHz. A partir destes e dos mapas de emiss˜ao gal´actica Haslam em 408 MHz e WMAP em 23 GHz determinou o ´ındice espectral pixel a pixel. Entre as frequˆencias de 408 MHz e 2300 MHz obteve um ´ındice espectral m´edio β=-2,97 ± 0,16 e entre 2300 MHz e 23 GHz β =-3,45 ± 0,38. Os resultados que obteve indicaram que o ´ındice espectral m´edio ´e menor no plano gal´actico do que nas regi˜oes fora do mesmo. Estes indicam que na regi˜ao do plano gal´actico os eletr˜oes devem escapar da gal´axia antes de perderem parte da sua energia enquanto que fora desta regi˜ao os eletr˜oes perdem energia a uma taxa elevada permanecendo no halo da gal´axia. [13]

1.4

Estrutura do Documento

No segundo cap´ıtulo introduzem-se as grandezas e equa¸c˜oes fundamentais utilizadas em Radioastronomia, nomeadamente, densidade de fluxo, temperatura de brilho e tempe-ratura da antena. Refere-se igualmente `a tecnologia das antenas e os parˆametros que as caracterizam tais como, ganho, resolu¸c˜ao angular, poder de resolu¸c˜ao e sensibilidade.

No terceiro capitulo apresentam-se os mecanismos de emiss˜ao r´adio e fontes c´osmicas respons´aveis pelas emiss˜oes observadas. Faz-se uma breve introdu¸c˜ao `a radia¸c˜ao c´osmica de fundo mencionando o seu espectro caracter´ıstico e apresentam-se mapas do c´eu obtidos nas frequˆencias correspondentes `a dominˆancia dos potenciais ‘contaminantes’ do sinal.

O quarto cap´ıtulo apresenta o Global sky model que simula a emiss˜ao do c´eu para qualquer frequˆencia entre 10 MHz e 100 GHz e a ferramenta HEALPix em ambiente IDL que permite a constru¸c˜ao dos mapas respetivos.

O quinto cap´ıtulo inicia-se com a apresenta¸c˜ao de v´arias proje¸c˜oes de mapas obtidos pelo modelo a frequˆencias at´e 10 GHz. Efetua-se igualmente uma an´alise estat´ıstica ao modelo utilizado na simula¸c˜ao dos mapas, atrav´es da subtra¸c˜ao dos mesmos com mapas reais obtidos pela base de dados LAMBDA da NASA. Por ´ultimo, realiza-se uma an´alise aos parˆametros que caracterizam uma antena para os diferentes valores obtidos da emiss˜ao a determinada frequˆencia tendo como base de compara¸c˜ao o radiotelesc´opio GEM Brasil e Portugal.

No ´ultimo cap´ıtulo apresentam-se as considera¸c˜oes finais sobre o trabalho desenvolvido e propostas para trabalho futuro.

(26)

Cap´ıtulo 2

Quantidades Fundamentais em

Radioastronomia

Um radiotelesc´opio mede intensidades de fluxo e estados de polariza¸c˜ao (radia¸c˜ao ele-tromagn´etica no comprimento de onda r´adio) em fun¸c˜ao da frequˆencia, posi¸c˜ao angular e tempo. Na situa¸c˜ao em que a radia¸c˜ao ´e n˜ao polarizada apenas a energia de fluxo ´e medida o que ´e suficiente na maioria das situa¸c˜oes estudadas em Astronomia.

2.1

Fun¸

ao de Planck e limite de Rayleigh-Jeans

Todos os objetos com temperatura acima do zero absoluto radiam energia na forma de ondas eletromagn´eticas. Em geral, um corpo n˜ao s´o emite radia¸c˜ao eletromagn´etica como tamb´em absorve e reflete alguma da radia¸c˜ao que nele incide.

Em 1859, Kirchhoff mostrou que um objeto bom absorsor de energia ´e tamb´em um bom radiador. Um corpo negro caracterizado como sendo um perfeito absorsor de energia, encontra-se a uma temperatura de equil´ıbrio uma vez que as suas taxas de emiss˜ao e absor¸c˜ao s˜ao iguais.[5]

A lei de Planck, formulada em 1901, d´a-nos o brilho, B, ou intensidade monocrom´atica Iν, isto ´e a potˆencia por unidade de ´area, por unidade de largura de banda (frequˆencia) e

por unidade de ˆangulo s´olido, da radia¸c˜ao de um corpo negro sendo expressa da seguinte forma [5], Iν = B = 2hν3 c2 1 ehν/kT − 1, (2.1)

em que B ´e o brilho, h a constante de Planck, ν a frequˆencia, c a velocidade da luz, k a constante de Boltzmann e T a temperatura do corpo. A intensidade monocrom´atica denotada Iν tem unidades Jm−2s−1Hz−1Ω−1, 2.1.[16] Ou seja, a lei de Planck caracteriza

uma emiss˜ao t´ermica perfeita.

(27)

com o produto kT (hν  kT ), pelo que [5],

ehν/kT − 1 ' 1 + hν

kT − 1 = hν

kT (2.2)

Ou seja, nesta aproxima¸c˜ao conhecida como limite de Rayleigh-Jeans, a equa¸c˜ao 2.1 pode ser escrita como,

Iν = B = 2hν3 c2 kT hν = 2ν2kT c2 = 2kT λ2 (2.3)

Esta aproxima¸c˜ao torna-se particularmente relevante para qualquer fonte de emiss˜ao r´adio, sendo regra geral a utilizada em Radioastronomia.[7] O gr´afico do logaritmo do brilho em fun¸c˜ao do logaritmo da frequˆencia real¸ca a gama de frequˆencias para as quais ´e v´alida a aproxima¸c˜ao anterior, figura (2.1).[5]

Figura 2.1: `A esquerda apresenta-se o espectro de um corpo negro a diferentes temperatu-ras, onde se verifica que corpos a menores temperaturas tˆem picos de emiss˜ao deslocados para menores frequˆencias. `A direita temos o espectro referente ao limite de Rayleigh para diferentes temperaturas. ´E evidente a tendˆencia linear da fun¸c˜ao para baixas frequˆencias, de declive 2, de acordo com a equa¸c˜ao 2.3.[5]

2.2

Intensidade ou Brilho de superf´ıcie e densidade

de fluxo

A intensidade ou brilho de superf´ıcie resulta da integra¸c˜ao da equa¸c˜ao de Planck em todas as frequˆencias [16],

I = Z

(28)

O fluxo F, potˆencia por unidade de ´area, ´e obtido integrando o brilho de superf´ıcie para o ˆ

angulo s´olido da fonte [16],

F = Z

IdΩ (2.5)

Em Radioastronomia utiliza-se habitualmente a grandeza densidade de fluxo, Sν, obtida

pela integra¸c˜ao da intensidade monocrom´atica sobre o ˆangulo s´olido [16],

S = Z

IνdΩ (2.6)

Um radiotelesc´opio mede a densidade de fluxo numa banda 4ν. A intensidade da fonte r´adio no c´eu ´e na maioria das vezes especificada em Jansky, 1J y = 10−26W m−2Hz−1.[16]

2.3

Temperaturas de brilho e de antena

Se a intensidade monocrom´atica Iν ´e medida podemos atribuir-lhe uma temperatura

designada por temperatura de brilho Tb, independentemente do facto de a fonte ser ou n˜ao

t´ermica. Esta temperatura ´e definida a uma determinada frequˆencia v da seguinte forma [17], Tb(ν) ≡ Iνc2 2kv2 = Iν 2kλ 2 (2.7)

onde Tb ´e a temperatura de um corpo negro ideal, cuja energia emitida numa gama de

frequˆencias entre ν e ν + ∆ν ´e a mesma do que a fonte observada.[17]

Em geral, a potˆencia absorvida por uma antena depende da dire¸c˜ao da fonte observada. A resposta de uma antena, A(θ, φ) ´e designada por ´area efetiva e a potˆencia absorvida ´e dada por [17],

P ≡ 1 2

Z

A(θ, φ)Iν(ν, θ, φ)dνdΩ (2.8)

Na situa¸c˜ao em que estamos perante uma fonte pequena P (ν, θ, φ)dν = 12F (ν)A(θ, φ)dν com F (ν) = R I(ν)dΩ, onde F (ν) ´e denominado fluxo na antena. Se a radia¸c˜ao recebida pela antena ´e de natureza n˜ao polarizada apenas metade da potˆencia incidente ´e recebida uma vez que qualquer antena tem como resposta uma componente de polariza¸c˜ao. O fator

1

2 deve-se a este facto. No caso mais geral, onde a radia¸c˜ao ´e parcialmente polarizada (ou

parcialmente n˜ao polarizada) o fator pode tomar valores entre 0 e 1.[5]

O valor m´edio da ´area efetiva obtido em todas as dire¸c˜oes pode ser definido como [17],

< A > ≡ 1 4

Z

A(θ, φ)dΩ (2.9)

e o ganho da antena, isto ´e, raz˜ao entre a ´area efetiva numa dada dire¸c˜ao e valor m´edio da mesma ´e dada por [7, 17],

G(θ, φ) = A(θ, φ)

(29)

Logo, o ganho da antena ´e adimensional. Com a introdu¸c˜ao dos conceitos anteriores, equa¸c˜oes 2.8, 2.9 e 2.10, podemos obter a grandeza temperatura de antena Ta. Se a fonte

observada ´e caracterizada por uma direcionalidade e um brilho espectral I(ν, θ, φ), um radiotelesc´opio associado a uma ´area efetiva A(θ, φ) recebe um valor de potˆencia [17],

P (ν) = 1 2

Z

A(θ, φ)I(ν, θ, φ)dνdΩ (2.11)

Por outro lado, a potˆencia de ru´ıdo por unidade de largura de banda aos terminais de uma resistˆencia, R, a uma temperatura, T , ´e dada por [5, 17],

w = kT ∆ν, (2.12)

Recorrendo `a equa¸c˜ao 2.8 definimos o conceito de temperatura da antena Ta como [17],

Ta= 1 k∆ν = 1 2 Z A(θ, φ)I(ν, θ, φ)dνdΩ (2.13)

Tendo em conta a figura 2.2 se a antena for colocada no interior de um corpo negro a uma temperatura,T , o brilho ´e constante em todas as dire¸c˜oes e de acordo com o limite de Rayleigh-Jeans, Bc, seria dado por [5, 7, 17],

Bc(θ, φ) = Bc =

2kT

λ2 (2.14)

Substituindo as equa¸c˜oes 2.12 e 2.14 na equa¸c˜ao 2.14 obtemos,

kT ∆ν = kT λ2dν

Z

A(θ, φ)dΩ (2.15)

Desta forma, o ganho de uma antena em fun¸c˜ao da sua ´area efetiva ´e dado por [7],

A(θ, φ) = λ

2

4πG(θ, φ) (2.16)

(30)

2.4

Radiotelesc´

opios

Um radiotelesc´opio n˜ao ´e nada mais do que um telesc´opio, instrumento que permite observar a radia¸c˜ao emitida por objetos astron´omicos, especificamente, na faixa de ondas eletromagn´eticas correspondentes `as radio frequˆencias. A sua constitui¸c˜ao assenta em trˆes componentes principais, os refletores, os alimentadores e o sistema recetor. A sensibilidade instantˆanea e a resolu¸c˜ao angular s˜ao dois parˆametros fundamentais na caracteriza¸c˜ao de um radiotelesc´opio, os quais ser˜ao abordados de seguida.[18]

2.4.1

Resolu¸

ao Angular

A capacidade de discriminar os sinais provenientes de diversas dire¸c˜oes do espa¸co ´e uma das mais importantes caracter´ısticas de um radiotelesc´opio. Esta caracter´ıstica designa-se por resolu¸c˜ao angular e representa a menor distˆancia angular entre duas fontes pontuais que podem ser detetadas separadamente pelo instrumento. O ˆangulo de resolu¸c˜ao, δmin,

apresenta uma rela¸c˜ao direta com o diˆametro do instrumento utilizado, D, da seguinte forma [18],

δmin = 1, 22

λ

D (2.17)

em que λ ´e o comprimento de onda de observa¸c˜ao.

Uma vez que a gama de comprimentos r´adio torna a resolu¸c˜ao espacial fraca, ´e ne-cess´ario que o diˆametro do radiotelesc´opio satisfa¸ca a seguinte condi¸c˜ao, D > 10λ.[18]

2.4.2

Sensibilidade

A sensibilidade de um radiotelesc´opio ´e definida como a capacidade do mesmo medir fontes r´adio fracas. A ´area efetiva de capta¸c˜ao de energia por parte de uma antena e a potˆencia de ru´ıdo na faixa de frequˆencias observada s˜ao dois parˆametros que em conjunto definem a sensibilidade de um radiotelesc´opio.[18]

A dimens˜ao de uma antena ´e respons´avel pela sua capacidade de discriminar a radia¸c˜ao proveniente de diferentes dire¸c˜oes, de modo que, quanto maior o diˆametro da antena mais precisa ser´a a sua sensibilidade instantˆanea e maior ser´a a sua resolu¸c˜ao angular.[18]

Aef = π 2( D 2) 2 (2.18)

A potˆencia de ru´ıdo do sistema, Psist, ´e calculada atrav´es de duas componentes, a potˆencia

de ru´ıdo da antena, PA, e a potˆencia de ru´ıdo do recetor incluindo cabos e conetores dada

por PR.[18] Assim,

Psist= PA+ PR= K(TA+ TR)∆ν (2.19)

Sabendo a temperatura de ru´ıdo do sistema ´e, ent˜ao, poss´ıvel determinar a sensibilidade te´orica de um radiotelesc´opio.[18]

∆Tmin =

Tsist

(31)

onde ∆ν ´e a banda de frequˆencias que o recetor capta e t ´e o tempo de exposi¸c˜ao numa dada dire¸c˜ao de observa¸c˜ao. O aumento destes parˆametros permite aumentar a sensibilidade de um radiotelesc´opio. Frequentemente, utiliza-se a sensibilidade em termos de densidade de fluxo, pelo que [18],

Smin = 2k Aef ∆Tmin (2.21) Desta forma, Smin ∝ 1 Aef (2.22)

Introduzindo a equa¸c˜ao 2.18 ficamos com

Smin ∝

8

πD2 (2.23)

Verifica-se, assim, que quanto maior o diˆametro de um radiotelesc´opio maior ser´a a sua ´

area efetiva e a sua sensibilidade. Recorrendo `a equa¸c˜ao 2.20 podemos calcular o tempo de exposi¸c˜ao de um dado radiotelesc´opio para uma determinada dire¸c˜ao de observa¸c˜ao,

t = T 2 sist ∆ν∆T2 min (2.24)

(32)

Cap´ıtulo 3

Mecanismos de Emiss˜

ao R´

adio

Este cap´ıtulo aborda as emiss˜oes gal´acticas difusas com ˆenfase no mecanismo sincrotr˜ao por ser o que apresenta maior fra¸c˜ao contaminante a baixas frequˆencias. Outros mecanis-mos referidos s˜ao a emiss˜ao livre-livre e t´ermica de poeira gal´actica. D˜ao-se exemplos de fontes c´osmicas respons´aveis por v´arios tipos de emiss˜oes em r´adio S˜ao ainda identificadas in´umeras fontes c´osmicas respons´aveis por estas emiss˜oes em r´adio. Por fim apresentam-se algumas proje¸c˜oes de mapas obtidos pela base de dados LAMBDA da NASA a frequˆencias que evidenciam os principais contaminantes das medidas da RCFM.

A maioria dos objetos c´osmicos tem emiss˜ao r´adio quer devido a processos t´ermicos quer n˜ao t´ermicos. Enquanto que o processo t´ermico ´e associado `a temperatura do corpo, o mecanismo de emiss˜ao n˜ao t´ermico pode estar associado `a acelera¸c˜ao de cargas el´etricas em campos magn´eticos. Nas fontes n˜ao t´ermicas o Sol ´e respons´avel por algumas das mais intensas e nas fontes temos como exemplo a radia¸c˜ao emitida pelos planetas do sistema solar.[7] A maioria das fontes dram´aticas de emiss˜ao r´adio apresenta uma natureza n˜ao t´ermica.[7]

3.1

Fontes c´

osmicas emissoras de ondas r´

adio

A emiss˜ao por parte de objetos c´osmicos, dentro e fora do sistema solar, divide-se em emiss˜oes t´ermicas e n˜ao t´ermicas. O Universo apresenta uma imensid˜ao de fontes r´adio quer dentro do sistema solar quer fora dele quer fora da Via L´actea.[5, 7]

ˆ Fontes n˜ao t´ermicas,[5,7]:

– Restos de Supernovas: Como exemplos temos Cassiopeia A e a nebulosa do Caranguejo. Cassiopeia A, a fonte discreta de r´adio mais intensa no c´eu, foi identificada em 1954 por Baade e Minkowski e deve-se a um resto de supernova. – Pulsares: S˜ao estrelas de neutr˜oes que giram rapidamente e apresentam um campo magn´etico de tal maneira intenso, que grande parte da sua emiss˜ao deve-se `a componente sincrotr˜ao emitida por eletr˜oes aprisionados `as linhas de campo magn´etico que os aceleram a elevadas velocidades. Este campo magn´etico teve

(33)

origem na contra¸c˜ao das linhas de campo devido `a pr´opria contra¸c˜ao sofrida durante o colapso que levou `a forma¸c˜ao da estrela de neutr˜oes.[7]

– N´ucleos gal´acticos ativos: est˜ao presentes em gal´axias com n´ucleos muito pe-quenos e brilhantes de elevada energia. As gal´axias com esta caracter´ıstica denominam-se gal´axias ativas. Como exemplos temos as r´adio gal´axias e os quasares. O sinal detetado mais intenso de uma radio gal´axia corresponde `a gal´axia Cygnus A mas outras r´adio gal´axias foram tamb´em detetadas tais como a Centarus A.

ˆ Fontes t´ermicas,[5,7]:

– Planetas, sat´elites, o Sol e alguns aster´oides

– Emiss˜ao de linha do hidrog´enio neutro (HI): o hidrog´enio interestelar na nossa gal´axia tende a distribuir-se em nuvens. Na ausˆencia de qualquer fonte de excita¸c˜ao o hidrog´enio no seu estado neutro emite nos 21 cm. Quando uma fonte quente estelar chega perto da nuvem, a sua radia¸c˜ao UV ioniza a nuvem o que causa emiss˜ao de radia¸c˜ao continua.

– Nuvens de Hidrog´enio ionizado (HII): Como, por exemplo, as nebulosas de Orion e Rosette.

– Masers astron´omicos: encontram-se frequentemente em regi˜oes de forma¸c˜ao de estrelas e consistem em ´atomos, mol´eculas e i˜oes de elementos qu´ımicos ou substˆancias gasosas presentes no meio interestelar, que amplificam milhares de vezes a radia¸c˜ao eletromagn´etica.[7]

Para al´em das fontes discretas existem ainda a emiss˜ao de fundo devido a fontes dis-cretas n˜ao resolvidas e a radia¸c˜ao c´osmica de fundo, principal fonte de informa¸c˜ao sobre o Universo primordial.[5, 7]

3.2

Processos de Emiss˜

ao Gal´

actica

As trˆes principais emiss˜oes difusas da gal´axia denominam-se por emiss˜ao sincrotr˜ao, livre-livre ou de Bremsstrahlung e de poeira t´ermica gal´actica que contribuem significati-vamente para a contamina¸c˜ao das observa¸c˜oes e medidas da RCFM.[3, 7, 12, 15]

Resumidamente este mecanismo resultam dos seguintes processos:

ˆ Mecanismo Sincrotr˜ao: A radia¸c˜ao resulta da acelera¸c˜ao de eletr˜oes que perdem energia devido ao seu movimento acelerado em torno das linhas de campo magn´etico gal´actico. A emiss˜ao sincrotr˜ao ocorre durante o processo de forma¸c˜ao estelar e com maior intensidade nos restos de supernovas.[3, 15] O mecanismo de emiss˜ao de ra-dia¸c˜ao sincrotr˜ao ´e o principal respons´avel pela maioria das emiss˜oes n˜ao t´ermicas emitidos por fontes r´adio a baixas frequˆencias. Tal emiss˜ao, foi observada pela pri-meira vez ap´os a 2ª Guerra Mundial, por Elder, Langmuir e Pollack em 1948[5,19] Em

(34)

1950, Alfv´en e Herlofson propuseram que a radia¸c˜ao emitida por fontes r´adio podia ter origem no movimento de eletr˜oes relativistas movendo-se no campo magn´etico de uma estrela. Simultaneamente, Kiepenheuer sugeriu que os eletr˜oes eram, de facto, constituintes dos raios c´osmicos e que a emiss˜ao da radia¸c˜ao tinha origem na sua intera¸c˜ao com o campo magn´etico interestelar. Esta interpreta¸c˜ao ganhou am-pla aceita¸c˜ao e com refinamentos posteriores fornece, hoje, a teoria b´asica de uma emiss˜ao n˜ao t´ermica proposta por Shklovsky em 1960.[5, 19] Sullivan, em 1978, ao reanalisar a observa¸c˜ao original de Jansky verificou que, de facto, a gal´axia era uma fonte de intensa radia¸c˜ao a frequˆencias < 10 GHz.[20]

ˆ Emiss˜ao Livre-livre: A radia¸c˜ao Bremsstrahlung tem origem na intera¸c˜ao dos eletr˜oes livres com o campo coloumbiano de um i˜ao. Este tipo de emiss˜ao est´a, predominantemente associado a regi˜oes HII (nuvens de hidrog´enio ionizado) que se localizam principalmente ao longo do plano gal´actico.[5, 7, 15, 21]

ˆ Emiss˜ao t´ermica de poeira: Os gr˜aos de poeira interestelar s˜ao part´ıculas s´olidas constitu´ıdas por ´oxidos, silicatos, gelo e compostos orgˆanicos. Esta emiss˜ao ´e prove-niente da radia¸c˜ao t´ermica dos gr˜aos de diferentes tamanhos e composi¸c˜oes qu´ımicas que est˜ao distribu´ıdos por todo o meio interstelar. Aquecidos por estrelas quentes emitem radia¸c˜ao designada emiss˜ao t´ermica de poeira gal´actica. Esta emiss˜ao cor-responde `a de um corpo ‘cinzento’, isto ´e, a uma radia¸c˜ao de corpo negro modificada. Um corpo ‘cinzento’ ´e caracterizado por emitir uma fra¸c˜ao constante da potˆencia emitida por um corpo negro `a mesma temperatura em todos os comprimentos de onda.[5, 7, 15, 21]

Figura 3.1: Intensidade relativa em fun¸c˜ao da frequˆencia para as emiss˜oes sincrotr˜ao, livre-livre e emiss˜ao t´ermica de poeira: na esquerda a intensidade ´e medida em temperatura da antena e na direita em temperatura de brilho, ambas em fun¸c˜ao da frequˆencia.[22]

(35)

Estes s˜ao os principais mecanismos de emiss˜ao gal´actica na regi˜ao das micro-ondas e o seu o conhecimento ´e fundamental para uma boa subtra¸c˜ao do sinal da RCFM.[5, 7, 9]

A figura 3.1 ilustra a intensidade relativa destas trˆes componentes em fun¸c˜ao da frequˆencia. A radia¸c˜ao sincrotr˜ao ´e dominante a baixas frequˆencias (<30 GHz). A emiss˜ao de Bremss-tralung torna-se dominante para frequˆencias na gama dos 30 GHz aos 60 GHz. Por ´ultimo, a emiss˜ao t´ermica da poeira acima da faixa das 60 GHz ´e a emiss˜ao mais proeminente.[9,19]

3.2.1

Espectro de emiss˜

ao Sincrotr˜

ao

O espectro de energia dos eletr˜oes relativistas da gal´axia ´e expresso como uma distri-bui¸c˜ao de densidade de energia, N (E), para uma popula¸c˜ao de eletr˜oes ´e descrito por uma lei de potˆencia do tipo [3],

N (E) ∼ E−δ (3.1)

em que δ ´e o ´ındice espectral de densidade eletr´onica e E a energia dos eletr˜oes relativistas. Estes eletr˜oes tˆem energias na ordem das dezenas de GeV. Uma vez que a densidade eletr´onica de energia e o campo magn´etico, B, variam ao longo da gal´axia o mecanismo sincrotr˜ao pode ser caracterizado pelo seu comportamento espectral e, consequentemente, a morfologia dos mapas apresentam varia¸c˜oes substanciais com a frequˆencia de observa¸c˜ao.[3, 9, 14]

As quantidades densidade de fluxo, S, e temperatura de antena, Ta, s˜ao igualmente

descritas por leis de potˆencia da seguinte forma [14],

S ∼ να (3.2)

Ta ∼ νβ, (3.3)

onde ν ´e a frequˆencia da radia¸c˜ao e α = −(δ − 1)/2. O parˆametro β ´e designado por ´ındice espectral da radia¸c˜ao sincrotr˜ao e apresenta valores −3, 4 6 β 6 −2, 2.[14, 21]

Os ´ındices espectrais das equa¸c˜oes 3.2 e 3.3 relacionam-se da seguinte forma, β = α − 2 pelo que δ = −2β − 3. Ou seja, o conhecimento da varia¸c˜ao da emiss˜ao sincrotr˜ao permite inferir a distribui¸c˜ao energ´etica do g´as da gal´axia. Isto torna o mapeamento do sincrotr˜ao em r´adio uma ferramenta poderosa na descri¸c˜ao morfol´ogica da Via L´actea.[3, 14, 15]

Na gama de energia 2 . E . 15 GeV, correspondente a frequˆencias entre os 408 MHz e 10 GHz, o ´ındice espectral da radia¸c˜ao sincrotr˜ao ´e descrito por δ ∼ 3 e α ∼ 3.[14]

O espectro de emiss˜ao sincrotr˜ao ´e bastante afetado pela propaga¸c˜ao dos raios c´osmicos ao longo do campo magn´etico, pela energia perdida e pelo grau de confinamento dos eletr˜oes. Os eletr˜oes podem estar largamente confinados `as suas gal´axias ou simples-mente livres dos seus halos. Para um elevado confinamento dos eletr˜oes, estes perdem energia antes de escaparem do halo da gal´axia enquanto que num pobre confinamento os eletr˜oes conseguem escapar da gal´axia antes de perderem uma fra¸c˜ao significante da sua energia.[3, 12]

(36)

Quando α < −0, 9 e β < −2, 9, a taxa de energia perdida ´e elevada e a taxa a que os eletr˜oes escapam da gal´axia ´e baixa. Se α > −0, 7 e β > −2, 7, os valores indicam que os eletr˜oes escapam da gal´axia mesmo antes de perderem parte significante da sua energia.[3]

Figura 3.2: Proje¸c˜oes de mapas reais da miss˜ao Planck associados `a radia¸c˜ao sincrotr˜ao em diferentes escalas de intensidade: `a esquerda em escala normal ao centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica.[23]

3.2.2

Espectro de emiss˜

ao Livre-livre ou de Bremsstrahlung

A temperatura de brilho de uma regi˜ao HII ´e dada por [15, 21],

Tb = Te× (1 − eτ), (3.4)

em que τ ´e a profundidade ´otica e Te a temperatura dos eletr˜oes.[7]

Em temperatura de antena, este mecanismo t´ermico apresenta uma lei de potˆencia,

TA∼ νβ, (3.5)

em que para elevadas frequˆencias espectrais (ν >10 GHz) β tem o valor de −2, 15. Para frequˆencias baixas a lei de potˆencia ´e dada por TA∼ ν2.[3]

3.2.3

Espectro de emiss˜

ao t´

ermica de poeira

A lei de Planck descreve o espectro da radia¸c˜ao t´ermica de poeira uma vez que, este apresenta um comportamento semelhante ao de um corpo negro. O espectro da radia¸c˜ao t´ermica segue a lei de potˆencia [21],

Ip(ν) = να× βν(Tp), (3.6)

em que α = 2 ´e o ´ındice espectral associado `a poeira t´ermica gal´actica, Tp, a temperatura

(37)

Figura 3.3: Proje¸c˜oes mollview de mapas a 94 GHz onde ´e predominante a emiss˜ao t´ermica de poeira, em diferentes escalas de intensidade: `a esquerda em escala normal ao centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica.[23]

Esta componente de emiss˜ao pode ainda ser o resultado dos modos vibracionais e ro-tacionais dos dipolos magn´etico e el´etrico.A emiss˜ao por dipolo el´etrico ocorre de modos rotacionais dos gr˜aos de poeira e a emiss˜ao por dipolo magn´etico pela flutua¸c˜oes t´ermicas dos gr˜aos de poeira.[3, 15]

3.3

A Radia¸

ao C´

osmica de Fundo

Ap´os o Big Bang a temperatura do Universo era demasiado elevada, de tal forma, que era imposs´ıvel a forma¸c˜ao de ´atomos. No entanto, como consequˆencia da expans˜ao, o Universo foi arrefecendo e aproximadamente 380 mil anos ap´os o Big Bang este atingiu uma temperatura de ∼ 3000 K (era da recombina¸c˜ao). Sob estas condi¸c˜oes, tornou-se poss´ıvel a forma¸c˜ao do ´atomo neutro de hidrog´enio e o Universo opaco deu lugar a um universo transparente, onde a radia¸c˜ao eletromagn´etica podia viajar livremente sem ser absorvida. Hoje, o Universo encontra-se a uma temperatura inferior e todos os fot˜oes libertados na ´

epoca de recombina¸c˜ao constituem a RCFM. Esta radia¸c˜ao ´e,consequentemente, uma rel´ıquia do Universo jovem e pode ser detetada com maior intensidade na regi˜ao das micro-ondas do espectro eletromagn´etico. Esta radia¸c˜ao tem um sinal praticamente idˆentico em qualquer dire¸c˜ao de observa¸c˜ao, ou seja ´e aproximadamente isotr´opica.[10, 24] A primeira observa¸c˜ao realizada constatou que a RCF ´e de facto descrita pelo espectro de um corpo negro a uma temperatura de ∼2,72 K, 3.4.[11]

Um dos marcos relevantes nas observa¸c˜oes da RCFM foi a descoberta de pequenas flutua¸c˜oes, ou anisotropias, de temperatura na RCFM. Tais medidas permitem obter informa¸c˜oes sobre as propriedades do Universo, nomeadamente, a sua geometria, consti-tui¸c˜ao e evolu¸c˜ao. As flutua¸c˜oes da temperatura s˜ao expressas como a diferen¸ca entre a temperatura local e o valor m´edio e s˜ao da ordem dos µK. [10, 24]

Os sat´elites de observa¸c˜ao em micro-ondas COBE, WMAP e Planck mediram a tem-peratura de todos os fot˜oes observados. Estes fot˜oes al´em de conterem o sinal da RCFM, contˆem fot˜oes provenientes de outras fontes tais como, a Via L´actea. Posto isto, ´e ne-cess´ario efetuar a distin¸c˜ao dos fot˜oes que efetivamente constituem o sinal da radia¸c˜ao de todos os outros.[11, 24]

(38)

Figura 3.4: Espectro corpo negro da RCFM `a temperatura de 2,72 K. [10]

(39)

Cap´ıtulo 4

Ferramentas Computacionais

Utilizadas

Antes de referirmos o software computacional utilizado, que permitiu as proje¸c˜oes a diferentes frequˆencias e o Global Sky Model que permitiu a obten¸c˜ao dos dados para pos-terior proje¸c˜ao, faremos uma breve introdu¸c˜ao ao sistema de coordenadas de referˆencia utilizado.

4.1

Sistema de Coordenadas Gal´

actico

Qualquer objeto c´osmico necessita de ter coordenadas definidas atrav´es de um sistema de referˆencia. No presente estudo utilizou-se o sistema de coordenadas gal´actico. No sistema de coordenadas gal´actico o plano de referˆencia ´e o plano da gal´axia com centro no seu n´ucleo.[5]

As coordenadas gal´acticas s˜ao caracterizadas por dois parˆametros, longitude e latitude gal´acticas, [5]:

ˆ Longitude gal´actica, l - Consiste na distˆancia angular do objeto ao grande c´ırculo que passa pelo centro gal´actico e pelos polos gal´acticos. Este parˆametro varia de 0°, perto do centro gal´actico, a 360° no sentido anti-hor´ario, figura 4.1.

ˆ Latitude gal´actica, b - Define-se como a distˆancia angular medida perpendicular-mente ao plano gal´actico. Trata-se de uma medida entre o objeto de estudo e o plano gal´actico com origem no sol. A latitude gal´actica varia de -90° no polo sul gal´actico, sendo 0° no equador gal´actico e +90° no polo norte gal´actico, figura 4.1.

(40)

Figura 4.1: Representa¸c˜ao da longitude e latitude gal´acticas parˆametros que caracterizam o sistema de coordenadas gal´actico.[25]

4.2

HEALPix

O sistema de proje¸c˜ao celestial HEALPix ´e amplamente utilizado pela comunidade ci-entifica, uma vez que permite simular e analisar mapas da RCFM. Este consiste numa metodologia de discretiza¸c˜ao, r´apida an´alise num´erica e s´ıntese de fun¸c˜oes ou distribui¸c˜ao de dados localizados sobre uma esfera.[26] O HEALPix gera mapas com as seguintes ca-racter´ısticas,[26, 27]:

ˆ Estrutura hier´arquica da base de dados - Esta propriedade facilita a imple-menta¸c˜ao de v´arios m´etodos de an´alise topol´ogica e, al´em disso ´e essencial para bases de dados muito grandes,

ˆ Sistemas de posicionamento - A estimativa da posi¸c˜ao atual pode ser feita tendo em conta a potˆencia recebida pelo utilizador, o ˆangulo de rece¸c˜ao e no envio da informa¸c˜ao, da posi¸c˜ao do dispositivo emissor face ao recetor,

ˆ Particionamento em elementos discretos de ´areas iguais - Esta propriedade torna-se vantajosa j´a que permite suavizar o sinal no sentido em que o ru´ıdo associ-ado aos instrumentos pode ser integrassoci-ado como ru´ıdo no espa¸co de pixeis, Todavia, ´e necess´ario ter como precau¸c˜ao a escolha de um tamanho de pixel suficientemente pequeno comparado `a resolu¸c˜ao instrumental a fim de se evitar uma suaviza¸c˜ao ex-cessiva do sinal,

ˆ Distribui¸c˜ao em isolatitudes de elementos discretos de ´area sobre uma esfera - trata-se de uma propriedade fundamental para a velocidade computacional em todas as opera¸c˜oes que envolvem estimativas de harm´onicos esf´ericos.

(41)

Figura 4.2: Ilustra¸c˜ao da divis˜ao da esfera da ferramenta HEALPix, cuja simetria ´e octa´edrica.[27]

Pela an´alise da figura 4.2, considerando o sentido hor´ario verifica-se o particionamento progressivo da esfera para maiores resolu¸c˜oes. A grelha ´e hierarquicamente dividida e o parˆametro de resolu¸c˜ao ´e dado por Nside igual a 1, 2, 4 e 8, correspondente ao n´umero de

divis˜oes ao longo do lado de um pixel da resolu¸c˜ao base. O n´umero total de pixeis ´e igual a Npix = 12 × Nside2 . Por conseguinte, a esfera do lado esquerdo, com menor resolu¸c˜ao

poss´ıvel, tem a superf´ıcie dividida em 12 pixeis com a mesma ´area. J´a as esferas seguintes est˜ao particionadas em 48, 192 e 768 pixeis, respetivamente.[26, 27]

A ferramenta HEALPix devido `as sua propriedades geom´etricas especificas, suporta dois esquemas diferentes para ordenar os pixeis: o esquema RING e o esquema NESTED, ambos esquematizados na figura 4.3. O esquema RING permite ordenar os pixeis de norte para sul ao longo de cada anel de isolatitude. No esquema NESTED os pixeis s˜ao ordenados em doze estruturas de ´arvore organizadas como ilustrado na figura 4.3.[27, 28]

Figura 4.3: Proje¸c˜ao cil´ındrica da divis˜ao de uma esfera nos diferentes esquemas de nu-mera¸c˜ao de pixeis do HEALPix.A figura proje¸c˜oes nos dois tipos de esquemas HEALPix correspondentes a um Nside = 2, a primeira no esquema RING e a segunda no esquema

(42)

As ferramentas HEALPix em conjunto com o IDL foram concebidas com o intuito de criar, visualizar, filtrar e analisar mapas do c´eu. Para a obten¸c˜ao dos mapas e, posterior an´alise foi utilizada a ferramenta de visualiza¸c˜ao equatorial mollview. Esta trata-se de uma facilidade IDL que permite a visualiza¸c˜ao de todo o c´eu atrav´es de uma proje¸c˜ao mollview do HEALPix em ambiente IDL.[28]

Com a aplica¸c˜ao de m´ascaras espaciais podemos estudar v´arias regi˜oes do c´eu, tais como por exemplo, o plano gal´actico ou as regi˜oes polares, por forma a medir a transparˆencia das v´arias regi˜oes `a RCFM.

4.3

Global Sky Model

Uma das principais preocupa¸c˜oes na an´alise de qualquer anisotropia da RCF ´e deter-minar qual a fra¸c˜ao do sinal observado ´e devido, a contaminantes de primeiro plano. Duas fontes de contamina¸c˜ao de primeiro plano foram identificadas: a emiss˜ao gal´actica difusa e fontes pontuais n˜ao resolvidas. A emiss˜ao gal´actica est´a associada predominantemente, como referido no capitulo 2, `as componentes radia¸c˜ao sincrotr˜ao e livre-livre principalmente a frequˆencias inferiores a 60 GHz e a emiss˜ao t´ermica de part´ıculas de poeira importante a frequˆencias superiores, figura 3.1. Do ponto de vista fenomenol´ogico ´e poss´ıvel distinguir estas trˆes componentes, observando a sua diferente dependˆencia com a frequˆencia e mor-fologia espacial. Na pr´atica, no entanto, existem algumas incertezas na dependˆencia das emiss˜oes.[29]

O GSM ´e um modelo de c´eu global que prevˆe a emiss˜ao difusa Gal´actica na gama de frequˆencias 10 MHz e 100 GHz. O modelo ´e baseado na an´alise de componentes principais dos 5 mapas do sat´elite WMAP (30-90 GHz) e uma cole¸c˜ao de mapas de r´adio em 6 frequˆencias entre 10 MHz e 2326 MHz, tipicamente com uma precis˜ao entre 1% e 10% dependendo da frequˆencia e da regi˜ao do c´eu. Os mapas s˜ao modelados em coordenadas gal´acticas, pixelizados usando o esquema em anel do HEALPix, com resolu¸c˜ao Nside = 512

correspondendo a 12 × 5122=3145728 pixeis de igual ´area atrav´es do c´eu.[29] Nos 5 mapas

WMAP utilizados na an´alise, a componente RCFM a 2,72 K tamb´em foi removida das medidas. Por fim, todos os mapas s˜ao convertidos em temperatura de antena e convertidos para uma resolu¸c˜ao angular de 5,1°.[1]

4.4

Programa¸

ao

Neste trabalho utilizaram-se as seguintes rotinas, [28]:

ˆ uma rotina em IDL construida para leitura dos mapas simulados pelo modelo GSM que se encontram em formato de texto,

(43)

ˆ a rotina mollview do HEALPix para visualizar as proje¸c˜oes do c´eu a diferentes frequˆencias de observa¸c˜ao do c´eu. As proje¸c˜oes realizadas s˜ao efetuadas em trˆes diferentes escalas de intensidade:

– escala de intensidade normal,

– escala de histograma equatorial vantajosa para dados com comportamento n˜ao Gaussiano, como ´e o caso da Via L´actea,

– escala logar´ıtmica que exibe o logaritmo do mapa,

ˆ na leitura dos mapas da base de dados Lambda da NASA, em formato Fitts a rotina read fitts e a rotina reorder para reordena¸c˜ao dos pixeis e consequente altera¸c˜ao do esquema HEALPix.

ˆ a rotina pix2ang ring utilizada para fornecer as coordenadas dos pixeis, θ e φ. ´E necess´ario fornecer como parˆametros de entrada, o parˆametro de resolu¸c˜ao nside e o

n´umero de pixeis. Esta rotina permite-nos, ent˜ao, obter as coordenadas dos pixeis e posteriormente aplicar m´ascaras `as proje¸c˜oes. Com a aplica¸c˜ao de m´ascaras podemos estudar v´arias regi˜oes do c´eu, tais como, o plano gal´actico e as regi˜oes polares. O parˆametro θ d´a-nos a co-latitude em radianos, medido com origem no polo norte at´e ao polo sul, onde apresenta valor π radianos. Relativamente aos φ d´a-nos a longitude em radianos, de 0 a 2π.

ˆ a rotina IDL where que permitiu restringir os valores da co-laitude denotada por θ para proje¸c˜oes de regi˜oes espec´ıficas do c´eu, neste caso de estudo, o plano gal´actico, as regi˜oes polares e os hemisf´erios norte e sul gal´acticos separadamente.[30]

(44)

Cap´ıtulo 5

Proje¸

ao de mapas a multi

frequˆ

encias

Com o intuito de verificar as caracter´ısticas e varia¸c˜ao do fluxo com a frequˆencia das emiss˜oes gal´acticas difusas s˜ao simulados, numa primeira fase, mapas para frequˆencias de radia¸c˜ao 408 MHz, 1,4 GHz, 5 GHz e ainda 10 GHz. Seguidamente s˜ao projetados mapas a frequˆencias diferentes das referidas anteriormente, para em conjunto se estimar o ´ındice espectral da radia¸c˜ao sincrotr˜ao em diferentes regi˜oes do c´eu. Consideram-se as regi˜oes polares, o plano gal´actico, os hemisf´erios norte e sul gal´acticos e a totalidade do c´eu por forma a inferir a variabilidade espacial do campo de radia¸c˜ao sincrotr˜ao. Posteriormente, analisamos a qualidade do modelo utilizado, Goblal Sky Model, na obten¸c˜ao dos dados e, por fim, estimamos os parˆametros resolu¸c˜ao angular e sensibilidade instantˆanea de uma antena tendo como referˆencia os radiotelesc´opios GEM Brasil e Portugal.

5.1

An´

alise de proje¸

oes de mapas a v´

arias frequˆ

encias

As figuras 5.1 a 5.4 representam mapas obtidos pela proje¸c˜ao mollview a frequˆencias de 408 MHz, 1,4 GHz, 5 GHz e 10 GHz, escolhidas com o seguinte intuito:

ˆ 408 MHz - o sinal nesta frequˆencia ´e dominado pelo mecanismo sincrotr˜ao e tendo sido esta a banda de frequˆencia utilizada por Reber na obten¸c˜ao das primeira proje¸c˜oes efetuadas em Radioastronomia existe um grande acervo de observa¸c˜oes dispon´ıveis na mesma.

ˆ 1,4 GHz - os mapas a estas frequˆencia revelam a emiss˜ao do hidrog´enio neutro a 21 cm, componente que constitui maioritariamente o meio interestelar. Sendo o hi-drog´enio a esp´ecie at´omica mais abundante no Universo, inferimos rapidamente a densidade do meio interestelar. ´E a frequˆencia de trabalho principal em Radioastro-nomia.

ˆ 5 e 10 GHz - As proje¸c˜oes a 5 e 10 GHz s˜ao bandas de trabalho do projeto GEM que permitem inferir desvios `a emiss˜ao sincrotr˜ao pela poeira gal´actica. Nestas

(45)

frequˆencias, a emiss˜ao difusa de poeiras e riscas espectrais das mol´eculas que consti-tuem as poeiras contribuem para estes desvios, ou seja para este fluxo adicional. As proje¸c˜oes apresentam diferentes escalas de intensidades. Foi utilizada a escala de histograma equatorial e escala logar´ıtmica para explorar diferentes aspetos morfol´ogicos da emiss˜ao e expor fontes pontuais associadas a fontes extendidas.

A figura 5.1 relativa a mapas cont´ınuos a 408 MHz ilustra a predominˆancia de uma componente da Via L´actea sendo a radia¸c˜ao c´osmica sobretudo ao longo do plano gal´actico. A gal´axia tem um campo magn´etico e os eletr˜oes movem-se em espiral ao longo das linhas de campo emitindo radia¸c˜ao sincrotr˜ao. S˜ao tamb´em vis´ıveis restos de explos˜oes de supernovas que aceleram os eletr˜oes a altas velocidades, produzindo radia¸c˜ao especialmente intensa nas proximidades destas fontes. O mais evidente observado ´e conhecido como North Polar Spur que se origina a uma longitude gal´actica de l=30° e estende-se ao longo do polo norte gal´actico.[7, 20]

Figura 5.1: Proje¸c˜ao mollview a 408 MHz: `a esquerda em escala normal, ao centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica.

Figura 5.2: Proje¸c˜ao mollview a 1,4 GHz: `a esquerda em escala normal, ao centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica.

Para frequˆencias inferiores a 3 GHz o mecanismo predominante nas observa¸c˜oes, como anteriormente referido, ´e ainda o mecanismo sincrotr˜ao. A medida que aumentamos a` frequˆencia de observa¸c˜ao, o plano gal´actico rico em poeiras destaca-se do fundo sincrotr˜ao que decresce significativamente.[7]

(46)

Figura 5.3: Proje¸c˜ao mollview de um mapa a 5 GHz: `a esquerda em escala normal, ao centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica.

Figura 5.4: Proje¸c˜ao mollview a 10 GHz: `a esquerda em escala normal, ao centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica.

De seguida, figuras 5.5 a 5.8, s˜ao apresentadas algumas proje¸c˜oes de mapas a outras frequˆencias, 10, 100, 800 e 1000 MHz, por forma a abranger um maior leque de frequˆencias para an´alise posterior das intensidades emitidas e estimar o ´ındice espectral da componente sincrotr˜ao, componente esta que predomina nas observa¸c˜oes efetuadas.

Figura 5.5: Proje¸c˜ao mollview de mapas a 10 MHz: `a esquerda em escala normal, ao centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica.

(47)

Figura 5.6: Proje¸c˜ao mollview de mapas a 100 MHz: `a esquerda em escala normal, ao centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica.

A frequˆencias elevadas 800 e 1000 MHz, figuras 5.7 e 5.8, tornam-se evidentes as fontes mais fortes de emiss˜ao r´adio tais como pulsares e restos de supernovas, que tamb´em emitem em raios X e raios γ. Al´em disso, podemos visualizar a discretiza¸c˜ao de pequenas nuvens e objetos.

Figura 5.7: Proje¸c˜ao mollview de mapas a 800 MHz: `a esquerda em escala normal, ao centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica.

Para estas frequˆencias a cartografia gal´actica revela essencialmente a distribui¸c˜ao de poeiras, em particular a associada `as nuvens com forma¸c˜ao estelar, fontes poderosas (Sa-git´ario, Cisne) e o centro gal´actico, muito denso em mat´eria.

Figura 5.8: Proje¸c˜ao mollview de mapas a 1000 MHz: `a esquerda em escala normal, ao centro em escala de histograma equatorial e `a direita em escala logar´ıtmica.

(48)

O plano gal´actico mostra-nos uma elevada emiss˜ao de radia¸c˜ao pois ´e onde a maioria das estruturas se encontram. Os picos principais de emiss˜ao dessas regi˜oes s˜ao fontes intensas e as regi˜oes apresentam diferen¸cas nos processos f´ısicos respons´aveis pela radia¸c˜ao.[20]

As regi˜oes de elevada intensidade est˜ao confinadas ao plano gal´actico, com brilho m´aximo em toda a gama de frequˆencias na dire¸c˜ao do centro gal´actico. Embora as emiss˜oes a elevadas latitudes sejam mais suaves no hemisf´erio norte uma estrutura, Big Polar Spur, em forma de arco surge a uma latitude de 30° e ocupa quase todo o polo norte gal´actico. [20] Esta resulta de uma antiga supernova associada a uma intensa emiss˜ao de radia¸c˜ao devida a eletr˜oes relativistas com energias elevadas.

A baixas latitudes gal´acticas as emiss˜oes sincrotr˜ao e livre-livre s˜ao reconhecidas como fontes r´adio individuais maioritariamente associadas `a forma¸c˜ao de estrelas. O estudo destas emiss˜oes permite estimar parˆametros que descrevem a estrutura da gal´axia tais como, campo magn´etico, densidade de eletr˜oes do meio interstelar e a distribui¸c˜ao de mat´eria.[5, 7]

Figura 5.9: Histogramas obtidos para as frequˆencias 408 MHz e 1,4 GHz que indicam o fluxo obtido em cada pixel.

Figura 5.10: Histogramas obtidos para as frequˆencias 5 e 10 GHz que indicam o fluxo obtido em cada pixel.

(49)

Os histogramas do fluxo, figuras 5.9 e 5.10 d˜ao-nos a intensidade de fluxo por cada pixel, evidenciando que quanto maior a frequˆencia de observa¸c˜ao h´a menos pixeis com elevado fluxo associado. A uma frequˆencia de 408 MHz verifica-se uma quantidade de fluxo maior num maior n´umero de pixeis. Essencialmente, os picos de fluxo est˜ao associados com o plano e centro gal´actico, regi˜oes mais densas.

5.2

Distribui¸

ao espectral sincrotr˜

ao

De acordo com a figura 3.1, a emiss˜ao sincrotr˜ao ´e a mais intensa para frequˆencias inferiores a 30 GHz. Esta apresenta uma varia¸c˜ao espacial devido a mudan¸cas na densidade dos eletr˜oes e na intensidade de campo magn´etico.[9, 14]

Como referido no cap´ıtulo 3, a componente sincrotr˜ao ´e descrita por uma lei de potˆencia, equa¸c˜ao 3.3. Se aplicarmos uma escala logar´ıtmica a ambos os eixos passamos de uma lei de potˆencia a uma rela¸c˜ao linear cujo declive permite estimar diretamente o ´ındice espectral que caracteriza o mecanismo sincrot˜ao. Matematicamente, temos

Ta = νβ ⇒ log(Ta) = βlog(ν) + constante (5.1)

O ´ındice espectral ´e estimado tendo em considera¸c˜ao 8 frequˆencias de observa¸c˜ao 10, 100, 408, 800, 1000, 1400, 5000 e 10000 MHz. A an´alise efetuada consistir´a em 5 casos sendo maior ˆenfase dado `as primeiras trˆes regi˜oes:

ˆ Regi˜ao I: a totalidade do c´eu,

ˆ Regi˜ao II: o plano gal´actico por ser uma regi˜ao extremamente densa e rica em poeiras e associada a elevadas emiss˜oes gal´acticas,

ˆ Regi˜ao III: as regi˜oes polares caracterizadas por uma menor densidade e associadas a menores intensidades de emiss˜ao gal´actica,

ˆ Regi˜ao IV: o hemisf´erio norte gal´actico, ˆ Regi˜ao V: o hemisf´erio sul gal´actico.

Os valores obtidos para o ´ındice espectral sincrotr˜ao s˜ao valores m´edios obtidos na gama de frequˆencias de 10 MHz a 10 GHz a partir de intensidades m´edias de emiss˜ao nas frequˆencias de estudo.

5.2.1

Totalidade do c´

eu

A figura 5.11 representa uma proje¸c˜ao do c´eu efetuada `a frequˆencia de 408 MHz. Na tabela 5.1 s˜ao apresentadas as frequˆencias de observa¸c˜ao e respetivas intensidades m´edias medidas em temperatura de antena para a totalidade do c´eu.

(50)

Figura 5.11: Proje¸c˜ao mollview de um mapa a 408 MHz relativo `a totalidade do c´eu.

Tabela 5.1: Valores referentes `as intensidades m´edias de emiss˜ao em temperatura da antena para as diferentes frequˆencias de observa¸c˜ao consideradas.

Frequˆencia (MHz) Tantena (K)

10 301336,0 100 1195,22 408 32,0584 800 5,27734 1000 2,87192 1400 1,13271 5000 0,033781 10000 0,005563

Figura 5.12: Gr´afico em escala logar´ıtmica da temperatura da antena m´edia em fun¸c˜ao da frequˆencia para observa¸c˜oes da totalidade do c´eu.

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