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Ecogerenciamento: aspectos das características Geológicas e de gestão na construção de um modelo para instalação de aterros sanitários no estado da Bahia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

ÁREA DE GEOLOGIA AMBIENTAL, HIDROGEOLOGIA E RECURSOS

HÍDRICOS

TESE DE DOUTORADO

ECOGERENCIAMENTO: ASPECTOS DAS CARACTERÍSTICAS

GEOLÓGICAS E DE GESTÃO NA CONSTRUÇÃO DE UM MODELO

PARA INSTALAÇÃO DE ATERROS SANITÁRIOS NO ESTADO DA

BAHIA

CRISTINA MARIA DACACH FERNANDEZ MARCHI

Salvador- Bahia

2011

(2)

CRISTINA MARIA DACACH FERNANDEZ MARCHI

ECOGERENCIAMENTO: ASPECTOS DAS CARACTERÍSTICAS

GEOLÓGICAS E DE GESTÃO NA CONSTRUÇÃO DE UM MODELO

PARA INSTALAÇÃO DE ATERROS SANITÁRIOS NO ESTADO DA

BAHIA

Tese de Doutorado apresentada ao Curso de

Pós-Graduação em Geologia do Instituto de Geociências da

Universidade Federal da Bahia como requisito parcial

à obtenção do grau de Doutora em Geologia.

Orientador: Prof. Dr. Johildo Salomão Figueirêdo Barbosa

Co-Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Montenegro Barbosa

Salvador- Bahia

2011

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(4)

ECOGERENCIAMENTO: ASPECTOS DAS CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS E DE GESTÃO NA CONSTRUÇÃO DE UM MODELO PARA INSTALAÇÃO DE ATERROS SANITÁRIOS NO ESTADO DA BAHIA

Autora: Cristina Maria Dacach Fernandez Marchi

Orientador : Prof. Dr. Johildo Salomão Figueirêdo Barbosa Co-Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Montenegro Barbosa

RESUMO: A crise ambiental vivenciada no mundo tem se constituído em um dos maiores desafios da humanidade. Contudo, a problemática não se resume ao contexto ecológico, mas também permeia o contexto social. As dificuldades de natureza social e ecológica são indissociáveis, apesar de muitas vezes serem tratadas de forma isolada. A complexidade que envolve a prestação dos serviços públicos de coleta, tratamento e destinação final de resíduos sólidos, as dimensões que a questão assume face às diversas repercussões sociais, governamentais, territoriais e técnicas e o seu potencial de alteração qualitativa do meio ambiente, conduzem a um estudo mais aprofundado da caracterização geológica e de gestão dos aterros e suas inter-relações com as instituições ligadas aos resíduos sólidos e ao meio ambiente. A questão que norteou esta Tese foi se o desenvolvimento de um modelo para instalação de equipamentos de destinação final dos resíduos sólidos, que envolvesse aspectos geológico-ambientais e de gestão, poderia atender às especificidades, particularidades, de diferentes municípios? Este Trabalho procura buscar conceitos e técnicas que sirvam de base para a obtenção de resultados inovadores na área de resíduos sólidos; compor um cenário mundial do estado da arte na gestão de resíduos sólidos no mundo e no Brasil, por meio de pesquisa bibliográfica; avaliar as tecnologias utilizadas na implantação e gerenciamento de dois aterros sanitários no estado da Bahia, com enfoques geológico e de gestão; e utilizar os resultados encontrados, identificando a relação entre os fatores ambientais/litologia e a gestão dos aterros sanitários selecionados, para o desenvolvimento de um modelo para instalação de equipamentos de destinação final de resíduos sólidos. A metodologia adotada foi o estudo multicasos descritivo e exploratório. O delineamento utilizado se deu por meio da pesquisa bibliográfica e da pesquisa de campo. Quanto aos procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação dos eventos encontrados, o estudo se desenvolveu num ambiente que preconizou a abordagem quantiqualitativa. Conclui-se que, quando o Estado resolve instalar um equipamento de destinação final vem aplicando, na maioria das vezes, corretos fundamentos técnicos e geológicos. Mas, é durante o processo de operacionalização e gestão desses equipamentos, que começam as dificuldades e carências de recursos humanos, técnicos, operacionais e financeiros, transformando o equipamento apropriado em vazadouro a céu aberto.

(5)

ECO-MANAGEMENT: ASPECTS OF GEOLOGICAL AND MANAGEMENT CHARACTERISTICS IN THE COSNTRUCTION OF A MODEL FOR THE INSTALATION OF LANDFILLS IN THE STATE OF BAHIA.

Author: Cristina Maria Dacach Fernandez Marchi

Adviser : Prof. Johildo Salomão Figueirêdo Barbosa, PHD. Co- Adviser: Prof. Ronaldo Montenegro Barbosa, PHD.

ABSTRACT: The environmental crisis experienced in the world has been constituted as one of the greatest challenges facing humanity. However, the problem is not restricted to the ecological context, but also permeates the social context. The difficulties of a social and ecological nature are interlinked, though often they are treated in isolation. The complexity involved in providing waste collection, treatment, and disposal of solid waste, the dimensions that the problem assumes makes for various social, governmental, technical and territorial consequences and, their potential for qualitative change of the environment lead to further study of the geological characterization and management of landfills and their inter-relationships with institutions related to solid waste and the environment. The key question of this thesis is: would the development of an equipment model for a final disposal of solid waste, able to involve at the same time geological and environmental aspects, be able to suit the specific needs, peculiarities from the different municipalities? This study aims to look for new concepts and techniques that could be used to achieve innovative results in the of solid waste area; compose a global scenario of how the solid waste management is being conducted in Brazil and around the world, by bibliographical research; evaluate the technologies used in the deployment and management of two landfills in the state of Bahia, with geological emphasis and a management approach; and use the results identifying the relationship between environmental factors and management of the selected landfills in order to develop an equipment model for the final disposal of solid waste. The methodology used was descriptive and an exploratory multicase study. The experimental design was through the literature and field research and the study was conducted in an environment that invoqued the quantitative and qualitative approach. The conclusion is that when the State takes the decision to install an equipment for final disposal, it was applied with it, in mostly cases, the right technical and geological grounds. But it's only during the operation and management of those equipments that the difficulties show up as the lack of human, technical, financial and operational resources come and transform the new and appropriate equipments into an open dump.

(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, à minha família, ao meu orientador e co-orientador, aos colegas do Grupo de Pesquisa Observatório de Políticas Públicas (Observa Políticas), da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia, aos participantes do Grupo de Pesquisa em Gestão Ambiental e Desenvolvimento em Empreendimentos Sociais (GamDes), da Escola de Administração da Universidade Católica do Salvador, aos parceiros da Associação de Moradores do Mutá (AMMU), aos meus amigos e colegas que leram, ouviram e aprimoraram esta Tese, à Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (SEDUR) e à Empresa Baiana de Águas e Saneamento S. A. (EMBASA).

(7)

SUMÁRIO

RESUMO i

ABSTRACT ii

AGRADECIMENTOS iii

SUMÁRIO iv

LISTA DE FIGURAS vii

LISTA DE QUADROS viii

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO 1

1.1. Considerações Iniciais 2

1.2. Justificativa da Pesquisa 2

1.3. Pergunta da Pesquisa 4

1.4. Objetivos Geral e Específicos da Pesquisa 4

CAPÍTULO II – REVISÃO DE ANTIGOS E NOVOS CONCEITOS 6

2.1. Geologia Ambiental 7

2.2. Ecogerenciamento 9

2.3. Saneamento: Conceito e Estrutura Organizacional na Bahia 13

2.4. Resíduos Sólidos Urbanos 16

CAPÍTULO III – ESTADO DA ARTE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNDO E NO BRASIL

24

3.1. Estado da Arte dos Resíduos Sólidos no Mundo 25

3.1.1. Minimização – Redução, Reuso e Reciclagem dos Resíduos Sólidos 25

3.1.1.1. África 26

3.1.1.2. América do Norte 26

3.1.1.3. América Latina e Caribe 28

3.1.1.4. Ásia e Pacífico 28

3.1.1.5. Europa 31

3.1.2. Destinação Final - Aterros Sanitários 32

3.1.2.1. África 32

3.1.2.2. América do Norte 33

(8)

3.1.2.4. Ásia e Pacífico 38

3.1.2.5. Europa 40

3.1.3. Gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos 43

3.1.3.1. África 43

3.1.3.2. América do Norte 44

3.1.3.3. América Latina e Caribe 47

3.1.3.4. Ásia e Pacífico 50

3.1.3.5. Europa 55

3.2. Estado da Arte dos Resíduos Sólidos no Brasil 58 3.2.1. Minimização – Redução, Reuso e Reciclagem dos Resíduos Sólidos 60

3.2.2. Destinação Final - Aterros Sanitários 68

3.2.3. Gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos 76

CAPÍTULO IV – ÁREAS DE ESTUDO E METODOLOGIA APLICADA 84 4.1. Localização Geográfica e Geológica dos Aterros Amostrados 85

4.2. O Processo Metodológico 89

4.2.1. Coleta de Dados 90

4.2.2. Análise dos Dados 91

CAPÍTULO V – RESULTADOS E DISCUSSÃO 93

5.1. Dados Básicos Relativos aos Aterros Sanitários da Região Metropolitana de Salvador e da Ilha de Itaparica

94

5.2. Caracterização Geológica dos Aterros Sanitários Estudados 95 5.2.1. Localização Geológica do Aterro Metropolitano Centro (AMC) 95 5.2.1.1. Reconhecimento Geológico de Campo do Aterro Metropolitano Centro 97

5.2.1.2. Solos do Aterro Metropolitano Centro 97

5.2.1.3. Barreiras Naturais a Migração de Poluentes no Aterro Metropolitano Centro 98 5.2.1.4. Lençol Freático do Aterro Metropolitano Centro 99

5.2.2. Localização Geológica do Aterro Integrado Ilha (AII) 100

5.2.2.1. Reconhecimento Geológico de Campo do Aterro Integrado Ilha 103

5.2.2.2. Solos do Aterro Integrado Ilha 103

5.2.2.3. Barreiras Naturais a Migração de Poluentes no Aterro Integrado Ilha 104 5.2.2.4. Lençol Freático do Aterro Integrado Ilha 105

(9)

5.3. Caracterização Organizacional e da Gestão dos Aterros Sanitários Estudados

106

5.3.1. Levantamento Organizacional do Aterro Metropolitano Centro 107 5.3.1.1. Frequência da Coleta dos Resíduos Sólidos para o Aterro Metropolitano Centro 107 5.3.1.2. Adequação da Destinação dos Resíduos Sólidos 109 5.3.1.3. Busca por Alternativas para o Processamento dos Resíduos Sólidos 116 5.3.1.4. Qualidade das Respostas das Exigências Ambientais e Econômicas 118 5.3.1.5. Incentivos às Iniciativas que Busquem Minimizar a Geração de Resíduos

Sólidos

121

5.3.2. Levantamento Organizacional do Aterro Integrado Ilha

5.3.2.1. Frequência da Coleta dos Resíduos Sólidos para o Aterro Integrado Ilha 121 5.3.2.2. Adequação da Destinação dos Resíduos Sólidos 122 5.3.2.3. Busca por Alternativas para o Processamento dos Resíduos Sólidos 123 5.3.2.4. Qualidade das Respostas das Exigências Ambientais e Econômicas 129 5.3.2.5. Incentivos às Iniciativas que Busquem Minimizar a Geração de Resíduos

Sólidos

129

5.4. Apresentação de um Modelo Alternativo para a Gestão de Aterros Sanitários 131 CAPÍTULO VI – CONCLUSÃO 139 6.1. Conclusão 140 REFERENCIAS 144 ANEXO 151

LISTA DE FIGURAS

3.1. Evolução do Número de Aterros nos Estados Unidos - 1988 a 2006 33

3.2. Aterro Sanitário situado no Estado da Flórida – EUA 35

3.3. Maquete de Aterro Sanitário Gerido pelo SyCTOM nos arredores de Paris

42

3.4. Hábitos e Costumes que Agravam a Limpeza das Vias Públicas nas Metrópoles Indianas – Jaipur, Índia

54

3.5. Gráfico da Geração de Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil em 2008 e 2009

58

(10)

3.7. Jovens Catando Lixo no Aterro de Jequié- BA 76

3.8. Fluxograma da Gestão dos Resíduos Sólidos. 82

4.1. Localização Geográfica dos Aterros Sanitários Estudados 87

4.2. Mapa Geológico com a Localização dos Aterros Sanitários Estudados

88

4.3. e 4.4. Croquis com a Localização do Aterro Metropolitano Centro e Aterro Integrado Ilha

88

4.5. Metodologia Adotada na Tese 90

5.1. Mapa Geológico da RMS 96

5.2. e 5.3. Detalhes dos Solos do AMC 98

5.4. e 5.5. Barreiras Naturais no AMC 99

5.6. e 5.7. Vista Geral das Lagoas Artificiais Existentes no AMC 100

5.8. Mapa Geológico da Ilha de Itaparica 102

5.9. e 5.10. Detalhes dos Solos do Aterro Integrado Ilha 104

5.11. e 5.12. Barreiras Naturais no Aterro Integrado Ilha 105

5.13. e 5.14. Organização da Entrada e das Vias do AMC 110

5.15. e 5.16. Recepção dos Resíduos Sólidos do AMC 111

5.17. e 5.18. Estado de Conservação dos Equipamentos do AMC 111

5.19. e 5.20. Sinalização no AMC 112

5.21. e 5.22. Sede Administrativa da Battre 113

5.23. e 5.24. Uso de Equipamentos de Proteção Individual no AMC 113 5.25. e 5.26. Aspectos da Impermeabilização e Cobertura do AMC 115

5.27. e 5.28. Aspectos da Drenagem do AMC 116

5.29. e 5.30. Captação Gases no AMC 117

5.31. e 5.32. Sala Informatizada para Controle dos Gases Gerados e Vendidos pelo AMC

117

5.33. e 5.34. Aspectos da Captação Gás para Geração de Energia Limpa no AMC 118

5.35. e 5.36. Tratamento do Lixiviado do AMC 119

5.37. e 5.38. Campanha Interna para Reutilização de Material Orgânico Proveniente dos Resíduos Sólidos no AMC

120

5.39. e 5.40. Coleta Seletiva do Aterro Metropolitano Centro 121 5.41. Presença de Pontos de Resíduos Sólidos nas Margens das Rodovias

da Ilha de Itaparica

122

5.42. e 5.43. Recepção dos Resíduos Sólidos do Aterro Integrado Ilha 123 5.44. e 5.45. Balança e Equipamentos para Pesagem do Aterro Integrado Ilha 124 5.46. e 5.47. Estado de Conservação dos Equipamentos do Aterro Integrado Ilha 124

(11)

5.50. e 5.51. Sede Administrativa do Aterro Integrado Ilha 125

5.52. e 5.53. Vegetação do Aterro Integrado Ilha 126

5.54. e 5.55. Ausência de Uso de EPI no Aterro Integrado Ilha 127 5.56. e 5.57. Presença de Catadores e de Animais no Aterro Integrado Ilha 127 5.58. e 5.59. Aspectos da Impermeabilização e Cobertura do Aterro Integrado

Ilha

128

5.60. e 5.61. Presença de Entulho e Sucatas na Área do Aterro Integrado Ilha 129 5.62. e 5.63. Queima a Céu Aberto dos Resíduos Sólidos de Saúde no Aterro

Integrado Ilha

131

5.64. e 5.65. Aspectos da Catação de Reciclados no Aterro Integrado Ilha 132 5.66. Modelo para Instalação e Gestão de Equipamentos de Destinação

Final de Resíduos Sólidos

134

LISTA DE QUADROS

3.1. Quantidade de Unidades de Processamento de Resíduos Sólidos Urbanos, por Disposição no Solo

72

3.2. Natureza Jurídica dos Órgãos Gestores do Manejo dos RSU nos Municípios Brasileiros – 2008

81

5.1. Dados Comparativos entre o Aterro Metropolitano Centro e o Aterro Integrado Ilha

94

5.2. Frequência da Coleta de Resíduos Sólidos junto à População de Baixa Renda em 10 Municípios Baianos

(12)

C

(13)

I - INTRODUÇÃO

1.1. Considerações Iniciais

A crise ambiental vivenciada no mundo tem se constituído em um dos maiores desafios da humanidade. O aumento da poluição e a utilização predatória das riquezas naturais têm acelerado o aquecimento global causado pelo efeito estufa e a destruição das florestas e dos rios. Contudo, a problemática não se resume ao contexto ecológico, mas também permeia o contexto social. As dificuldades de natureza social e ecológica são indissociáveis, apesar de muitas vezes serem tratadas de forma isolada. As práticas inadequadas de saneamento básico fomentam a deterioração ambiental e mobilizam o Estado a implantar novas tecnologias, além de enfatizar ações educativas, visando reduzir o desequilíbrio existente no meio ambiente e criar facilidades à incorporação de novas práticas, que proporcionem maior qualidade de vida.

Entende-se como qualidade de vida qualquer estímulo que nos afeta direta ou indiretamente, como a forma que a sociedade enfrenta os desafios de mudança de hábitos para a sua sustentabilidade. Muitas vezes, procedimentos e posturas simples, como evitar jogar papel no chão, outras complexas, como controlar de forma organizada a maneira que os representantes do Estado e das organizações lidam com as Políticas Públicas.

1.2. Justificativa da Pesquisa

Em junho de 2012, no Rio de Janeiro, acontecerá a Rio+20, a cúpula mundial de desenvolvimento sustentável. Uma das razões do Brasil ter sido escolhido como sede, foi a realização, em 1992, de uma conferência semelhante, a Rio 92. Além disso, o Brasil é visto como país que registrou importante crescimento econômico, apesar das crises mundiais, com avanços na erradicação da pobreza e na conservação ambiental.

Um dos objetivos desse futuro evento será a discussão de um modelo de desenvolvimento econômico global destinado a melhorar a vida das pessoas e garantir a equidade social, reduzindo os riscos ambientais e a escassez ecológica, ou seja, a transição de uma economia de alto consumo para uma Economia Verde, de baixo carbono e eficiência de recursos.

Em fevereiro de 2011, em Nairóbi, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) lançou um relatório que estimula o mundo a investir dois por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em dez áreas estratégicas. Uma dessas áreas é a de resíduos sólidos. Pretende-se

(14)

desassociar o crescimento do PIB com a geração de resíduos sólidos. Em vez de aumentar os resíduos sólidos, investir em ações de recuperação e reciclagem.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (Lei nº. 12.305/2010) segue a visão do PNUMA e determina o prazo final de 2014 para que os estados e municípios possam elaborar seus planos de gestão, para cumprimento das suas determinações. O Capítulo Primeiro desta Política Nacional estabelece que deva ser observada a seguinte ordem de prioridade na gestão e no gerenciamento de resíduos sólidos: (i) não geração; (ii) redução; (iii) reutilização; (iv) reciclagem; (v) tratamento dos resíduos sólidos; e (vi) destinação final ambientalmente adequada dos rejeitos. Essas ações de gestão e gerenciamento desafiam o Poder Público, as empresas e a sociedade.

A complexidade que envolve a prestação dos serviços públicos de coleta, tratamento e destinação final de resíduos sólidos, as dimensões que a questão assume face às diversas repercussões sociais, governamentais, territoriais e técnicas e, o seu potencial de alteração qualitativa do meio ambiente, conduzem a um estudo mais aprofundado da caracterização geológica e de gestão dos aterros e suas inter-relações com as instituições ligadas aos resíduos sólidos e ao meio ambiente.

Nas duas últimas décadas, o padrão de comportamento social e institucional vem sendo modificado, principalmente por razões de ordem cultural, intervindo no cotidiano social e ambiental, necessitando de novos investimentos em saneamento básico, notadamente em locais destinados à disposição dos resíduos sólidos gerados, cada vez mais, nos centros urbanos.

Na maioria dos locais de depósito final dos resíduos sólidos urbanos, principalmente os das pequenas cidades brasileiras, não existe estudo preliminar da área, que envolva a definição de fatores condicionantes geológicos da região, como litologias, estratigrafia e estruturas, para o auxílio do estudo de alternativas de traçado viáveis e que possam causar o menor impacto ambiental possível.

A gestão da área de saneamento básico é, antes de tudo, uma questão de sobrevivência, tanto para a sustentabilidade do meio ambiente, quanto das instituições e organizações que o cercam. Isto faz com que a variável ambiental esteja presente no planejamento das organizações por envolver a oportunidade de redução de custos, já que a poluição significa o desperdício de matéria-prima e insumos, além de afastamento de novos investimentos.

Diante da falta de trabalhos específicos sobre esse tema, a presente Tese se reveste de uma relevância especial. Objetivando suprir essa lacuna, o estudo em questão procura ser congruente com a idéia de sustentabilidade ambiental e organizacional de equipamentos públicos de destinação final. Busca investigar quais os instrumentos de gestão que podem provocar ampliação

(15)

e melhoria no atendimento às comunidades e ao meio ambiente, analisando as relações entre aspectos ambientais/litologia e a gestão em dois aterros sanitários, localizados no estado da Bahia.

O presente texto foi estruturado em quatro partes (que são os quatro Capítulos), além desta introdução e da conclusão. A primeira parte incumbe-se de revisar antigos e novos conceitos que fundamentam o estudo e trazem as principais discussões sobre a Geologia Ambiental, o Ecogerenciamento, o Saneamento Básico e os Resíduos Sólidos Urbanos. Na segunda, investiga-se como está se dando o estado da arte dos resíduos sólidos no mundo e no Brasil, relativo à minimização, reciclagem, reuso e redução dos resíduos sólidos, à destinação final e ao gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos. A terceira apresenta a área de estudo e a metodologia aplicada e finalmente, na quarta parte do texto são relatados os resultados obtidos na pesquisa de campo, por meio da descrição das observações efetuadas e das informações obtidas em entrevistas e relatórios e apresentado o Modelo para Instalação de Equipamentos de Destinação Final dos Resíduos Sólidos, onde são observados aspectos ambientais e de gestão.

Os resultados desta pesquisa demonstraram que os aspectos gerenciais e de gestão, além dos geológicos, devem se apresentar inter-relacionados para fornecer sustentabilidade a uma área onde se pretende destinar os resíduos sólidos de pequenos, médios ou grandes municípios.

1.3. Pergunta da Pesquisa

No intuito de verificar se a situação geológica de uma área a ser utilizada como aterro sanitário é suficiente para a preservação sócio-ambiental do seu entorno, o questionamento que norteou o estudo foi: o desenvolvimento de um modelo para instalação de equipamentos de destinação final dos resíduos sólidos, que envolva aspectos geológico-ambientais e de gestão pode atender às especificidades, particularidades, de diferentes municípios?

1.4. Objetivos Geral e Específicos da Pesquisa

Geral: Desenvolver um Modelo para Instalação de Equipamento de Destinação Final dos Resíduos Sólidos, que integre os aspectos geológicos e de gestão observados nos aterros sanitários estudados, quais sejam: o da Região Metropolitana de Salvador (Aterro Metropolitano Centro) e o da Ilha de Itaparica (Aterro Integrado Ilha).

(16)

Específicos: (i) buscar conceitos e técnicas que sirvam de base para a obtenção de resultados inovadores na área de resíduos sólidos; (ii) compor um cenário mundial do estado da arte na gestão de resíduos sólidos no mundo e no Brasil, por meio de pesquisa bibliográfica; (iii) avaliar as tecnologias utilizadas na implantação e gerenciamento de dois aterros sanitários no estado da Bahia (Região Metropolitana de Salvador e Ilha de Itaparica), com enfoque geológico; (iv) avaliar as tecnologias utilizadas na implantação e gerenciamento de dois aterros sanitários no estado da Bahia (Região Metropolitana de Salvador e Ilha de Itaparica), com enfoque de gestão; e (v) utilizar os resultados dos objetivos (i) ao (iv), identificando a relação entre os fatores ambientais/litologia e a gestão dos aterros sanitários selecionados, para o desenvolvimento do Modelo pretendido no Objetivo Geral desta Tese.

(17)

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II – REVISÃO DE ANTIGOS E NOVOS CONCEITOS

A compreensão das definições de Geologia Ambiental, Ecogerenciamento, Saneamento Básico e Resíduos Sólidos, assim como as suas perspectivas, características e desdobramentos, mostra-se como fator preponderante para se entender os princípios que norteiam o desenvolvimento desta Tese.

2.1. Geologia Ambiental

A Geologia é a ciência que estuda a Terra. De forma ampla, ainda permanece nos estudos das Geociências os aspectos ligados aos minerais e rochas, aos fenômenos naturais da crosta terrestre e à água. Durante muitos anos, os geólogos pesquisadores foram preparados para desenvolver ao máximo suas experiências em campos de atuação muito reduzidos. Essa tendência está sendo revertida. Press et al. (2006) relatam que nas últimas décadas os homens têm modificado o meio ambiente pelo desmatamento, pela agricultura e por outros tipos de uso do solo, afetando a qualidade de todo o ecossistema global numa escala inteiramente nova. Assim, os estudos das ciências da Terra vêm envolvendo a atuação de especialidades distintas, observando as atividades humanas, visando o equacionamento correto de problemas globais.

O conceito de Geologia Ambiental pode suscitar questionamentos. Poderia estar aí uma redundância. Porém, o que se percebe é um esforço para colocar nos estudos da Terra o conceito de meio ambiente, ligado à idéia de conjunto de condições, leis, influências e infraestruturas de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e permeia a vida; como objeto de diversas apropriações.

Para Hrasna (2002), o termo meio ambiente tem sido usado há quase quarenta anos e que uma das primeiras definições aceitas internacionalmente prega que o meio ambiente é parte do universo, que está em interação com o homem, que o explora, o afeta e se adapta. Dentro desta linha de raciocínio, esse autor define Geologia Ambiental como parte da litosfera, que o homem explora e altera e que influencia diretamente, pelas suas ações, nas condições de existência e de progresso. O autor afirma que, existem geofatores que formam as condições da Geologia Ambiental em um território, as quais trazem ao homem benefícios ou problemas para a sua evolução. Coloca que, o conceito de Geologia Ambiental, para ser usado racionalmente, deve abranger os seguintes aspectos: (i) utilidade; que não impacte nocivamente o meio ambiente; (ii) a paisagem; (iii) simplicidade; e, (iv) adequabilidade ao cenário e à arquitetura.

(19)

O autor destaca que as condições geoambientais de um território são tomadas dentro de uma perspectiva ampla, permitindo várias possibilidades de uso da terra. Explica que as melhores decisões para esse uso são adotadas com base na visão nacional ou por meio de requerimentos econômicos regionais. De acordo com Hrasna (2002),

The geoenvironmental conditions of a territory enable generally various possibilities of land use (mining of mineral raw materials, civil and industrial construction, transport construction, ground water exploitation, recreation, sanitary and sporting purposes, etc.). Decision making process in that case is aimed at the best way of land use from point of view of nation-wide or regional economic requirements. So the first demand covers possible collisions of interests in a territory (HRASNA, 2002, p.4).

No Brasil, em 1982, com a proposta inicial de direcionar as Geociências nos estudos do Meio Ambiente, o Instituto Geológico de São Paulo desenvolveu a Política Básica para Manejo do Meio Ambiente, a fim de impulsionar e movimentar uma série de políticas setoriais, integrando-as e racionalizando-as. Azevedo et al. (1982) afirmam que o objetivo geral desta Política foi:

... adequar e direcionar ações no sentido de respeitar os mecanismos da natureza e garantir sua continuidade. Estes postulados podem ser definidos em uma única frase: "uso racional da terra”, que pressupõe o uso propriamente dito, a preservação da terra e a recuperação de áreas degradadas. Compreende ainda todas as formas possíveis de uso, desde o urbano ao rural, do natural ao cultural (AZEVEDO et al., 1982, p.6).

Esse foi um dos primeiros movimentos, na prática, de integração das relações entre as Geociências e o Meio Ambiente. Inicialmente, foi realizado um estudo preliminar no Vale do Rio Ribeira de Iguape, São Paulo. A pretensão era que os subsistemas integrados gerassem o “Geossistema”, que forneceria subsídios para o manejo do meio ambiente.

Durante os últimos anos, a parceria entre o estudo das Ciências da Terra e o estudo do seu entorno promoveu sistematicamente a aproximação entre a Geologia e o Meio Ambiente. Esta aproximação vincula as principais preocupações dessas duas áreas, ou seja, a da Geologia, em sentido mais restrito, que evidencia facetas da evolução da Terra e a do Meio Ambiente, em sentido mais amplo, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida.

O Instituto de Geociências e Ciências Exatas, da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (IGCE) considera que a Geologia Ambiental é um ramo da Geologia que atualmente apresenta um grande desenvolvimento, graças às preocupações em relação ao Meio Ambiente e às legislações cada vez mais exigentes e restritivas. Esse Instituto aborda a Geologia Ambiental como uma disciplina que estuda e analisa as interações entre o ser humano e o meio físico, dando grande ênfase para os estudos ambientais como os Estudos de Impactos Ambientais

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– Relatórios de Impactos Ambientais (EIA-RIMA), a série 14000 de normas desenvolvidas pela International Organization for Standardization (ISO), que estabelecem diretrizes sobre a área de gestão ambiental dentro de empresas, a cartografia geológico-geotécnica, que tratam do planejamento urbano, dos riscos geológicos e da destinação final de resíduos sólidos, sendo todos esses temas integrados, principalmente aos processos geológicos (IGCE 2010).

Segundo o ICGE (2010), nos livros textos mais antigos era dada muita ênfase aos processos geológicos, centrando as discussões na sua caracterização. Atualmente, os referidos processos ainda têm grande importância nos livros, porém vêm ganhando bastante espaço, as discussões sobre as consequências econômicas e sociais da interação inadequada do ser humano com o meio físico.

Medina et al (2007) afirmam que o campo das Geociências, que trata a Geologia Ambiental, avançou bastante nos últimos vinte anos, diante da sua efetiva contribuição ao desenvolvimento sustentável do Planeta e definem a Geologia Ambiental como o estudo da Geologia aplicada ao meio ambiente, buscando investigar os problemas geológicos decorrentes da relação entre o homem e a superfície terrestre. Consideram que a Geologia Ambiental interage com outras áreas do conhecimento visando estabelecer e definir os relacionamentos entre os diversos meios que integram os sistemas da paisagem. De acordo com Medina et al. (2007) a importância da Geologia Ambiental está diretamente relacionada à capacidade de apoio à gestão ambiental e ao planejamento territorial.

Seguindo as perspectivas relatadas, afirma-se que a disposição incorreta dos resíduos sólidos é um problema geológico na medida em que, acumulados no ambiente, são capazes de contribuir com mecanismos que provocam desastres como enchentes, alagamentos e poluição.

O próximo item abordará o Ecogerenciamento, no intuito de construir consensos ao reunir perspectivas inovadoras e muito diversas.

2.2. Ecogerenciamento

O modelo de produção contemporâneo não coincide com os limites ambientais do planeta. Assunto presente nos constantes debates entre o setor produtivo, o Estado e a sociedade civil organizada é o ascendente descarte dos resíduos sólidos urbanos, que gera consequências ambientais intensas, como emissões de gases de efeito estufa, odores e contaminação da água e da terra, provocando impactos sobre a vida das pessoas. O gerenciamento dos resíduos sólidos no

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mundo é motivo de preocupação e os países buscam, cada vez mais, o compartilhamento das ações entre o poder local, organizações e a sociedade civil organizada.

A gestão ambiental se tornou uma importante ferramenta estratégica, consoante com os objetivos do modelo integrado, descentralizado e participativo, de gerir uma organização. Para Moreno & Pol (1999) a gestão ambiental é aquela que incorpora os valores do desenvolvimento sustentável1 na organização social e nas metas corporativas da empresa e da administração pública. Integra políticas, programas e práticas relativas ao meio ambiente, em um processo contínuo de melhoria da gestão. Portanto, a gestão ambiental é a forma de gerir uma organização pública ou privada, sem prejuízos ao meio ambiente.

Para Shigunov et al. (2009), poucos pesquisadores vêm apresentando conceitos claros relativos à gestão ambiental, voltadas para a perspectiva de atendimento às normas e às leis. Reis define a gestão ambiental como rotinas e procedimentos que permitem a uma organização administrar adequadamente as relações entre suas atividades e o meio ambiente, atendendo às expectativas das partes interessadas; Reis ainda analisa a gestão ambiental, como dinâmica que objetiva identificar as ações mais adequadas ao atendimento das imposições aplicáveis às várias fases dos processos organizacionais, desde a geração, até o descarte final, observando permanentemente os parâmetros legais (REIS, 1996, apud SHIGUNOV et al., 2009).

Outra definição publicada é a de Moreira, que afirma que para a empresa apresentar um nível mínimo de gestão ambiental tem que possuir um departamento de meio ambiente responsável pelas exigências legais e pelas indicações dos meios mais adequados para o controle do processo (MOREIRA, 2001, apud SHIGUNOV et al., 2009). Conforme Barbieri (2004) na origem da expressão “Gestão Ambiental” estão as ações governamentais para enfrentar a escassez de recursos, afirma que com o tempo outras questões estão sendo incorporadas por outros agentes e com alcances diferentes (BARBIERI, 2004, apud SHIGUNOV et al., 2009).

Shigunov et al. (2009) desenvolvem a Gestão Ambiental como ação eficaz entre a organização e o meio ambiente e que trata das atividades da função gerencial que determinam a Política ambiental, os objetivos e as responsabilidades e os colocam em prática por intermédio do sistema ambiental, do planejamento ambiental e do controle ambiental.

Atualmente, muitos esforços são realizados na elaboração de normas relativas aos sistemas de gestão ambiental, auditoria ambiental, rotulagem e outros processos ambientais. Entretanto, esse esforço pode aumentar o custo operacional das organizações. Programas de

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Nesta Tese o termo Desenvolvimento Sustentável será entendido como desenvolvimento desejável que propõe uma conciliação entre o desenvolvimento e o crescimento econômico, sendo, simultaneamente, sensível à dimensão social, ambientalmente prudente e economicamente viável (Morin 2001).

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gestão ambiental, nos quais as organizações estabelecem e mantêm ações visando atender a seus objetivos e metas ambientais, são práticas que vêm ganhando espaço nas empresas públicas e privadas. Esses programas estão em busca da melhoria contínua para as políticas voltadas para a conservação e proteção das riquezas naturais, da prevenção e do controle da poluição, da minimização dos resíduos sólidos, do reaproveitamento de materiais recicláveis e do desenvolvimento de novas tecnologias, que minimizem possíveis impactos no meio ambiente.

Apesar dos esforços, cada vez são mais frequentes as notícias sobre desastres ambientais, aquecimento global, redução do volume de água potável e aumento da miséria, comprometendo o sucesso de sistemas e modelos econômicos convencionais. Os gestores dos serviços públicos, das organizações privadas e a sociedade civil são chamados a esse debate, para que contribuam com as transformações requeridas, construindo novos caminhos em direção a modelos que possam contemplar as demandas da sociedade e do Estado. Gestores demonstram preocupações não só com a resolução dos problemas ambientais em benefício das suas organizações, mas também com a mudança de clima e com a mitigação da degradação das riquezas naturais.

A proposta é alargar a perspectiva atual, compreender o caminho trilhado, na busca da incorporação da gestão ambiental de forma ampliada, que a associa não só às regras, normas, leis, mas também, ao reconhecimento de que os problemas ecológicos no mundo não podem ser entendidos isoladamente. Eles devem ser tratados de forma interligada e interdependente, requerendo para a sua compreensão e solução um novo tipo de comportamento ecológico.

Nessa direção, emerge um regulamento europeu que traduz a co-participação entre organizações, governos e comunidade: o Regulamento do Conselho das Comunidades Europeias (CEE) de número 1836/93, tendo sido adotado em junho de 1993. Esta normativa possibilita a participação voluntária das empresas do setor industrial num sistema comunitário de eco-gestão e auditoria, objetiva melhorar o desempenho ambiental, buscar a conformidade das ações empresariais com a legislação ambiental e, comunicar ao público os resultados ambientais alcançados no cenário das organizações europeias. Está aberta à participação voluntária das empresas desde abril de 1995, e se encontra em constante revisão, buscando a integração do seu conteúdo com outros instrumentos, normas e políticas, como a International Organization for Standardization (ISO 14001), o Responsible Care Program, o Modelo Winter, a Coalision for Environmentally Responsible Economies (CERES), o Strategies for Today’s Environmental Partnership (STEP), dentre outras. As organizações que participam desse Sistema recebem atestados e os seus nomes são divulgados no Jornal Oficial da União Europeia. O público é informado do comportamento ambiental, a fim de exercer controle social sobre as atividades da organização. Esse regulamento é chamado de Ecogerenciamento.

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Orbach e Liedtke (1998) definem Ecogerenciamento como a gestão voltada para integrar as questões ambientais no processo decisório. Para esses autores, é uma área emergente, de grande importância para empresas comprometidas com seu ambiente ecológico e que inserem a variável ambiental nas suas atividades. Classificam essa definição em quatro abordagens, que diferem de acordo com as limitações impostas na sua aplicação: a econômica restrita, a econômica ampla, a ecológica restrita, além da econômica e ecológica integradas. Seu ponto de partida é uma mudança de valores na cultura organizacional.

O Ecogerenciamento sugere práticas de gestão que diminuam os impactos negativos ocasionados pela organização, em contraste com a simples adesão às normas e às regulações impostas pelo mercado ou pelo Estado. O Ecogerenciamento se baseia em uma visão ecológica, em uma acepção mais ampla e profunda do que as descritas nos regulamentos dos Sistemas de Gestão Ambiental (SGA2).

A coletânea de textos organizada por Callenbach (2000), propõe que as organizações identifiquem o que pode ser feito a fim de reduzir os impactos das suas operações junto ao meio ambiente. Os autores dos textos recomendam a sistematização de prioridades e a criação de uma estratégia de ação, para que melhorias ambientais sejam implementadas. É uma nova forma de agir, que não se subordina às ações defensivas ou reativas. Seria um comportamento ativo e criativo junto ao seu entorno.

Está-se falando, portanto, de um valor e de práticas que pressupõem a potencialização da definição do conceito de gestão ambiental. Essa definição não é só voltada para a preocupação do atendimento legal, mas, sobretudo, para a incorporação de variáveis ecológicas e ambientais, que ainda não estejam institucionalizadas no processo gerencial.

Para Bitar e Ortega (1998) começa a delinear-se um contexto no qual investimentos e proposições de projetos de Engenharia e uso de riquezas naturais, deixam de ser analisados somente sob o aspecto tradicional desenvolvimentista, passando a ser discutidos e entendidos sob uma nova perspectiva: a da efetiva contribuição ao desenvolvimento sustentável local, regional e global. As Geociências se adaptam a essa tendência geral e iniciam a direcionar parte de suas pesquisas e aplicações para o desafio da sustentabilidade ambiental, social e econômica, buscando responder às demandas correlatas, como às do Ecogerenciamento.

Neste estudo, o Ecogerenciamento passa a ser concebido, como importante condição, para o estabelecimento da interação entre a Gestão e a Geologia. Tal constatação também é explicada

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SGA - segundo a NBR ISO 14.001 o SGA é parte do sistema da gestão que compreende a estrutura organizacional, as responsabilidades, as práticas, os procedimentos, os processos e os recursos para aplicar, elaborar, revisar e manter uma política ambiental.

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pelas observações de Bitar e Ortega (1998), que abordam o papel da Geologia de Engenharia no contexto da Gestão Ambiental. Os autores afirmam que:

O papel da Geologia de Engenharia no contexto da gestão ambiental, é preponderante na caracterização dos processos do meio físico, atuantes no ambiente considerado, bem como na previsão das alterações a que estes processos estão sujeitos em face da instalação e funcionamento de uma mina, obra civil ou outra forma de uso do solo. Os processos que, com frequência, interessam à gestão, especialmente em razão da potencialidade que apresentam no sentido de influir, de forma significativa, na qualidade ambiental de um determinado contexto, são os que representam a dinâmica terrestre atual, como erosão, transporte e deposição de sedimentos e partículas, escorregamentos ... (BITAR E ORTEGA, 1998, p.449).

Os autores estabelecem dois grupos de instrumentos da gestão ambiental relacionados com os riscos geológicos do meio físico e do uso do solo, nos quais a Geologia de Engenharia tem atuado e contribuído por meio dos seus estudos, ou seja: (i) a escala territorial como minerações, hidrelétricas, estradas, indústrias, dutovias, aterros sanitários, loteamentos, dentre outros; e, (ii) a região geográfica que delimita bacias hidrográficas, unidades de conservação ambiental e metrópoles, dentre outros.

A gestão de riscos geológicos pode ser conceituada como um processo que se traduz pelas escolhas políticas e pelas decisões finais de organização em um determinado território. Os danos causados à Terra “são largamente evitáveis através de uma melhor gestão” (ARAÚJO et al., 2005, p.41).

Infere-se, portanto, que a escolha do presente estudo junto aos aterros sanitários e das proposições de medidas mitigadoras dos impactos de projetos de saneamento básico em uma escala territorial, constituem-se objeto de grande importância para as Geociências. A crescente preocupação com os problemas ambientais e o posicionamento mais crítico por parte da sociedade vêm pressionando os gestores públicos, ligados ao saneamento básico, a identificarem modelos de gestão mais apropriados para apoiarem a gestão ambiental.

2.3. Saneamento: Conceitos e Estrutura Organizacional na Bahia

A história das organizações de saneamento do estado da Bahia mostra que estas surgiram obedecendo a uma lógica de atuação política, baseada em estruturas organizacionais autônomas, com significativa ausência de articulação interna e externa, apoiadas por interesses de poder dominante, sem levar em consideração a preservação ambiental.

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A partir de meados dos anos 70, os investimentos para fazer face ao crescimento do Estado da Bahia e, principalmente, a expansão da cidade do Salvador e de sua região metropolitana, foram cada vez maiores. Nessa época, o Plano Nacional de Saneamento (Planasa) supria as necessidades de expansão, pois o processo de urbanização não era tão célere como nas últimas quatro décadas.

Além disso, a massa de população carente, principalmente a residente no interior do estado, devido à sua incapacidade de discernimento, sempre serviu de garantia de votos para os políticos, admitindo inaugurações de obras de fachada, perpetuando, assim, uma situação de precariedade nos serviços públicos de saneamento básico, acarretando em desperdício de recursos, tão necessários para a otimização de uma distribuição bem planejada e proteção do meio ambiente.

Diante da carência de serviços públicos de saneamento básico, em 1992, o Governo do Estado da Bahia apresentou protocolo ao BID, solicitando financiamento para o “Programa de Recuperação Ambiental de Salvador e Baía de Todos os Santos”, com o objetivo de amenizar os problemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário e gerenciamento de resíduos sólidos, dentre outros, da cidade do Salvador e de mais dez cidades localizadas no entorno da Baía de Todos os Santos. A partir de 1995, o Programa foi denominado “Bahia Azul - Programa de Saneamento Ambiental da Bahia”, com investimento total de U$ 600 milhões.

Outro marco importante para a área de saneamento básico na Bahia foi a promulgação da Lei nº 11.445, sancionada em janeiro de 2007, que estabelece as Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico e para a Política Federal de Saneamento Básico, contribuindo para esta proposta, na medida em que enfatiza a necessidade de regulação do saneamento básico e o seu controle, garantindo transparência e participação no processo de formulação das medidas relacionadas à área, com o objetivo de preservar o interesse da sociedade e um meio ambiente salubre. O Estado da Bahia vem discutindo, portanto, a sua política estadual para os resíduos sólidos.

A expressão meio ambiente salubre pode ser representada pelo ato de perceber o ambiente, em que se está inserido, de forma saudável, higiênica, benéfica. Dias et al. (2003) consideram que a salubridade ambiental é o produto das relações entre as pessoas, comunidades e organizações e o meio ambiente, criado pela mesma sociedade, dentro de uma tradição cultural, ou seja, que o meio ambiente deriva da cultura, da educação e da ideologia daqueles que o habitam.

A relação entre saneamento e salubridade é intrínseca. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que

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exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar físico, mental e social. O saneamento é o conjunto de ações sócio-econômicas que têm por objetivo alcançar a salubridade ambiental, colaborando para a proteção ao meio ambiente. O saneamento é uma matriz capaz de gerar avanços na preservação e salubridade ambiental.

Fundamentado na ampla noção de saneamento, a OMS engloba os seguintes serviços públicos no saneamento: (i) água; (ii) esgotamento sanitário; (iii) drenagem urbana; (iv) resíduos sólidos; (v) controle de vetores de doenças transmissíveis; (vi) saneamento dos alimentos; (vii) saneamento dos meios transportes; (viii) saneamento e planejamento territorial; (ix) saneamento da habitação, dos locais de trabalho, de educação e de recreação e dos hospitais, e (x) controle da poluição ambiental (água, ar e solo, acústica e visual).

Essa amplitude conceitual possibilita, até, uma visão estendida de saneamento a fatos históricos do País; segundo Rezende e Heller (2008) o saneamento decorre de processos econômicos, sócio-políticos e culturais. Os autores instam uma visão menos fragmentada, mais abrangente para o papel do saneamento identificando sua contextualização na sociedade, na vida das cidades, nas bacias hidrográficas e no âmbito da saúde humana.

Borja e Moraes (2006) afirmam que a noção de saneamento assume conteúdos diferenciados em cada cultura e que o seu conceito vem sendo socialmente construído ao longo da história em função das condições materiais e sociais de cada época, do avanço do conhecimento e da sua apropriação pela população. Assim, o conceito de saneamento não pode ficar vinculado a uma ampla definição, nem tampouco a uma concepção estreita, atrelada somente às ações voltadas ao abastecimento de água, ao esgotamento sanitário, a coleta e disposição de resíduos sólidos ou a drenagem urbana.

Assim sendo, o saneamento pode ser conceituado de forma ampla, como conjunto de medidas visando preservar ou modificar as condições do ambiente com a finalidade de melhorar a qualidade do meio físico e de vida da população, prevenir doenças, promover a saúde, melhorar a produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica. Também pode ser tomado de forma restrita, conforme a Lei 11.445/2007, como conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de: (i) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição; (ii) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e destinação final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente; (iii) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, referindo-se ao conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte,

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transbordo, tratamento e destino final dos resíduos sólidos domésticos e dos resíduos sólidos originários da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; e (iv) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas que encerram um conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e destinação final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.

Quaisquer que sejam os diversos conceitos e componentes utilizados, esses revelarão sempre múltiplas associações entre o saneamento e o meio ambiente. A conservação do meio físico e biótipo é um pressuposto atual inserido nos projetos de saneamento, diferentemente de alguns anos atrás quando a concepção sanitária clássica recaía somente na promoção da saúde humana. A condição ambiental e social gerada pelos efeitos dos investimentos ligados aos sistemas de saneamento nas cidades vem se incorporando como pressupostos relevantes nos estudos avaliativos adotados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), principalmente naqueles referentes a levantamentos suplementares como a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) construída ao longo dos anos.

A ausência do saneamento interfere na conservação do meio físico e biótipo. No que tange aos serviços públicos de resíduos sólidos, a destinação final mal gerenciada pode causar sérios danos ambientais, como será tratado adiante.

2.4. Resíduos Sólidos Urbanos

Segundo a Norma Brasileira ABNT NBR 10004, de 2004, os resíduos sólidos são definidos como:

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (NBR 10004, p.1).

Esta Norma adverte que esses tipos de resíduos sólidos podem causar risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices; e riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada (NBR 10004). Portanto, o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos tem relação direta com a mitigação de impactos

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ambientais, ou seja, o gerenciamento pode minimizar os impactos ambientais nocivos, causados pelos resíduos sólidos.

O Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos é a co-participação no sistema de limpeza urbana (acondicionamento, coleta, triagem e reciclagem, transporte, tratamento e destinação final dos rejeitos). Envolve diferentes órgãos da Administração Pública, das organizações e da sociedade civil, objetivando elevar a qualidade de vida da população e promover o desenvolvimento sustentável. Um instrumento que apóia o gerenciamento integrado de resíduos sólidos é o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PGIRS), documento que diagnostica a situação atual e traça cenários para o sistema de limpeza urbana. O plano de gerenciamento integrado estabelece diretrizes e ações ligadas aos aspectos ambientais, econômicos, financeiros, administrativos, técnicos, sociais e legais, desde a geração até a destinação final dos resíduos sólidos.

As ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento, que compõem o plano de gerenciamento integrado dos resíduos sólidos, devem se processar de modo articulado, porque as atividades e procedimentos envolvidos nesse componente do saneamento básico encontram-se interligados, comprometidos entre si.

A interligação entre estas diferentes esferas necessita de instrumentos legais que a fundamente. Desde os anos oitenta, as legislações federais que vêm atuando como ferramenta de apoio na inter-relação entre resíduos sólidos, sociedade e meio ambiente são:

i) A Lei Federal nº 6.766/1979, que define as competências do Estado e do Município sobre a questão do parcelamento do solo. É um instrumento importante na interface de áreas contaminadas com o desenvolvimento urbano. A Lei não permite o parcelamento do solo em áreas poluídas, em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que sejam previamente saneados.

ii) A Lei Federal nº 6.938/1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274/1990, define a política nacional do meio ambiente e regula a estrutura administrativa de proteção e de planejamento ambiental, o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA).

iii) A Constituição Federal do Brasil de 1988, que estabelece os princípios da política nacional do meio ambiente. No capítulo VI (“Do Meio Ambiente”), Artigo 225, é colocado, dentre outros, o princípio que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

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iv) A Resolução CONAMA n.º 005, de 31 de março de 1993, dispõe sobre o tratamento de resíduos sólidos gerados em estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários;

v) A Lei ordinária n.º 787, de 1997, dispõe sobre o Programa de Prevenção de Contaminação por Resíduos Tóxicos, a ser promovido por empresas fabricantes de lâmpadas fluorescentes, de vapor de mercúrio, vapor de sódio e luz mista e dá outras providências.

vi) A Resolução CONAMA n.º 237, de 19 de dezembro de 1997, estabelece norma geral sobre licenciamento ambiental, competências, listas de atividades sujeitas a licenciamento.

vii) A Lei nº 9.605/98, sobre as sanções penais e administrativas derivadas de lei de crimes ambientais, condutas e atividade lesivas ao meio ambiente. Prevê penas de reclusão de até cinco anos.

viii) A Lei nº. 11.445/2007 estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e a política federal de saneamento básico. Estabelece a responsabilidade do titular dos serviços públicos de saneamento básico.

ix) O Decreto n.º 7.217/2010, que regulamenta a Lei n.º 11.445/2007 e estabelece normas para sua execução.

x) A Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Dentre outras definições, esta Lei considera área contaminada o local onde há contaminação causada pela disposição, regular ou irregular de quaisquer substâncias ou resíduos.

xi) O Decreto n.º 7.404/2010, que regulamenta a Lei n.º 12.305/2010.

Os marcos relativos aos itens viii ao xi merecem destaque. A Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e a Política Federal de Saneamento Básico, resultado de décadas de debates, exige legalmente a ação de planejamento. Na Lei cabe ao titular dos serviços públicos de saneamento básico formular a política pública de saneamento básico, ação indelegável a outro ente, devendo para tanto elaborar

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o plano de saneamento básico (art. 9º, do Capítulo II). A participação da sociedade na elaboração do Plano é assegurada no parágrafo 5, inciso V, do art. 19, do Capítulo IV e no art. 51, do Capítulo IX. Esse Marco Regulatório também prevê, com consultas e audiências públicas, o acesso a todos, aos estudos e às informações. Assim, não só a ação de planejamento se constitui em um desafio, mas também a promoção de um planejamento participativo (MORAES E BORJA, 2009).

Em 2011, o Governo do Estado da Bahia vem discutindo e elaborando a Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERS), em consonância com o Conselho Nacional das Cidades (ConCidades), ligado ao Ministério das Cidades, que coordena a formulação de estratégias para dar apoio aos planos municipais de saneamento básico de forma participativa. Esse Conselho aprovou a Resolução Recomendada nº. 32/2007, que estabelece uma campanha para elaboração dos planos dessa área. Determinou também, por meio da Resolução Recomendada nº. 33/2007 o prazo de até dezembro de 2010 para os municípios formularem seus planos de saneamento básico, senão, a partir de 2011, não teriam acesso aos recursos financeiros da União para aplicar em serviços de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de coleta e destinação final de resíduos sólidos e de drenagem urbana. Entretanto, o ConCidades constatou a dificuldade de muitos municípios brasileiros para prepararem eficientemente os seus planos e por meio da Resolução Recomendada nº. 75/2009 estabeleceu os conteúdos mínimos para elaboração dos seus planos, detalhando aqueles contidos no art. 19 da Lei n.º 11.445/2007.

Finalmente, em 21 de junho de 2010, o Decreto nº. 7.217, estendeu para 2014 a apresentação dos planos de saneamento básico elaborados como condição para acesso a recursos federais. A justificativa utilizada pelos municípios para a dificuldade na elaboração dos planos municipais de saneamento básico é que eles não possuem técnicos capacitados para a elaboração de trabalhos dessa natureza ou verbas para a contratação de profissionais para tal fim (AESBE, 2010).

Outra importante Norma para a área é a Lei nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, tendo sido discutida desde 1991, pelo Congresso Nacional. Em março de 2010, a Câmara dos Deputados aprovou esse marco regulatório. Em julho de 2010, o Senado aprovou a matéria e, em agosto do mesmo ano, foi sancionada pelo presidente da República. Esse regulamento impõe obrigações aos empresários, ao Poder Público e aos cidadãos no gerenciamento dos resíduos sólidos. Esse marco regulatório busca reforçar e incentivar o consumo consciente e o combate ao desperdício. Estimula a pesquisa, as tecnologias sustentáveis e o controle social. Reconhece também a ação dos catadores de materiais recicláveis, como a força motriz da coleta seletiva, seja ela de caráter formal ou não.

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Para os efeitos da Lei nº 12.305/2010, os resíduos sólidos foram classificados quanto a origem e a periculosidade. Quanto à origem, incluem-se: (i) resíduos sólidos domiciliares, aqueles originários de atividades domésticas em residências urbanas; (ii) resíduos sólidos de limpeza urbana, aqueles originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas além de outros serviços de limpeza urbana; (iii) resíduos sólidos urbanos, aqueles englobados nas alíneas “a” e “b”; (iv) resíduos sólidos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços; (v) resíduos sólidos dos serviços públicos de saneamento básico, aqueles gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”; (vi) resíduos sólidos industriais, aqueles gerados nos processos produtivos e instalações industriais; (vii) resíduos sólidos de serviços de saúde, aqueles gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) e do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS); (viii) resíduos sólidos da construção civil, aqueles gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis; (ix) resíduos sólidos agrossilvopastoris, aqueles gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades; (x) resíduos sólidos de serviços de transportes, aqueles originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira; e, (xi) resíduos sólidos de mineração, aqueles gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios. Quanto à periculosidade estão incluídos: (i) resíduos sólidos perigosos, aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica; e, (ii) resíduos sólidos não perigosos, aqueles não enquadrados na alínea “a”.

As disposições da recente Lei reforçam e apóiam o desenvolvimento sustentável. Alterações ambientais, físicas e biológicas ao longo do tempo modificam a paisagem e comprometem a qualidade de vida do cidadão, principalmente, aqueles que habitam em áreas empobrecidas.

É inevitável a geração de resíduos sólidos nas cidades devido à cultura do consumo. O sistema de limpeza urbana deve estar preparado para ser administrado por meio de diversas estruturas organizacionais, seja pela administração direta do município, por uma empresa pública específica, por uma empresa de economia mista, criada para desempenhar especificamente essa função, por concessões, terceirizações ou consórcio com outros municípios, especialmente para a destinação final dos resíduos sólidos. O uso de instrumentos gerenciais como planejamento

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técnico, operacional e gerencial, administração dos recursos humanos, patrimoniais e financeiros, organização das tarefas, direção das atividades e controle de todo o sistema de limpeza urbana, permitem a criação de procedimentos e rotinas, que contribuem para um manejo apropriado dos resíduos sólidos.

Esses procedimentos e rotinas enfocam desde o planejamento integrado dos sistemas de limpeza urbana, com a elaboração dos Planos de Gestão de Limpeza Urbana (PGLU), até a sua implementação, ou ainda construção de aterros sanitários, recuperação de áreas degradadas por “lixões”, programas de educação ambiental, capacitação do pessoal operacional e projetos de ressocialização dos catadores dos “lixões”.

A etapa do sistema de limpeza urbana que será tratada nesta Tese, com maior profundidade, é a da destinação final dos resíduos sólidos. Assim, convêm definir, clara e objetivamente, o que sejam os processos de destinação final, fazendo distinção entre aterro sanitário, aterro controlado e o seu concorrente maior, amplamente utilizado no Brasil: “o lixão”.

O aterro sanitário é um equipamento projetado para receber e tratar os resíduos sólidos gerados pelos habitantes de uma cidade, com base em estudos de Engenharia e Geologia, para reduzir ao máximo os impactos causados ao meio ambiente. Segundo a UNEP (2005) e o SyCTOM (2008), o aterro sanitário constitui-se em uma das técnicas mais seguras e de mais baixo custo para destinação final de resíduos sólidos.

Os aterros são projetados para uma vida útil superior a 10 anos, prevendo-se ainda a sua monitorização alguns anos após o seu fechamento. São projetados e construídos em conformidade com a legislação vigente, após estudos de impacto ambiental (EIA) e processo de licenciamento. Os aterros sanitários não são considerados, realmente, um processo de tratamento dos resíduos sólidos. Trata-se, apenas, de uma tecnologia de disposição segundo métodos adequados de colocação da escória industrial, resíduos sólidos vegetais, papéis e papelões, panos, madeiras, latas, vidros, louça e sintéticos. O resíduo sólido é disposto no solo, proveniente da alteração das rochas, em camadas sucessivas de espessura predeterminada, cada uma das quais é recoberta por uma camada de solo argiloso, compactado. De acordo com a CETESB (1984), formam-se assim células recheadas de resíduos sólidos, os quais passam a sofrer um processo de decomposição em ambiente confinado, livre do acesso de insetos e outros animais.

Nesses processos de destinação final, ocorre a decomposição do material orgânico originalmente disposto devido à ação da microbiota nativa, tanto em aerobiose, que ocorre nas regiões mais superficiais das células de confinamento, quanto em anaerobiose, estabelecida nas regiões mais profundas. No caso da matéria orgânica morta, a sua estabilização só se processa com a presença de bactérias saprófitas, que existem em abundância nas camadas superficiais do

Referências

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