• Nenhum resultado encontrado

III – ESTADO DA ARTE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNDO E NO BRASIL

3.1. Estado da Arte dos Resíduos Sólidos no Mundo

Por meio da publicação Solid Waste Management: Regional Overviews and Information Sources, o PNUMA buscou divulgar dados de resíduos sólidos dos continentes da Terra. Esse propósito objetiva difundir as boas práticas na área e as convergências em relação a problemas ambientais comuns, causados pelos resíduos sólidos.

3.1.1. Minimização – Redução, Reuso e Reciclagem dos Resíduos Sólidos

A publicação da IETC, imbuída na divulgação do estado da arte praticado pela área de resíduos sólidos, promove as ações em direção à minimização dos resíduos sólidos, que inclui a redução, o reuso, a reciclagem e a compostagem (na fonte), que desvia os resíduos sólidos dos locais de destinação final. A redução na fonte leva à diminuição da quantidade e redução da

toxicidade provocada pelos resíduos sólidos ao solo. O reuso do produto inclui a redução do volume de material, a eliminação da toxicidade, o aumento da vida do produto e a diminuição do consumo. Por fim, o reaproveitamento, que abrange a reciclagem e a compostagem, gera a necessidade de desenvolvimento de novas tecnologias, que fazem parte das estratégias de alcance do desenvolvimento sustentável.

3.1.1.1. África

Na maioria dos países africanos, o poder municipal é o responsável pela coleta dos resíduos sólidos. Esta coleta é feita de diversas maneiras, desde homens e carroças, até caminhões compactadores. A coleta de resíduos sólidos no Continente varia de 20% a 80%, perfazendo uma média de 40% a 50% em toda África, sendo o descarregamento, frequentemente, em locais a céu aberto, sobre o solo, sem preocupação com o preparo da área ou dos aspectos operacionais (UNEP, 2005).

Em Lagos (Nigéria), a rápida urbanização das cidades incrementou a geração de resíduos sólidos urbanos e industriais. Aproximadamente 90% das indústrias não tratam seus rejeitos, que não são controlados nem fiscalizados, devido à fragilidade das instituições que gerenciam essa área (UNEP, 2005). Em Lusaka (Zâmbia), aproximadamente 1.400 toneladas de resíduos sólidos são diariamente geradas e não coletadas. As instituições locais ligadas à área de resíduos sólidos têm poucos funcionários, equipamentos e recursos financeiros (AGYEMANG et al., 1997). Exceto nas principais cidades, inexistem sistemas formais de coleta de materiais recicláveis. Porém, no setor informal, esta atividade é amplamente realizada e ocorre em diferentes níveis, de acordo com a valoração promovida pelo mercado. A indústria de bebidas, por exemplo, incentiva o reuso das suas embalagens.

3.1.1.2. América do Norte

Na América do Norte, muitos problemas de poluição e de desperdício são causados pelo contínuo crescimento econômico e pela dependência de níveis elevados de energia e de riquezas naturais. Os norte-americanos são os maiores produtores de resíduos sólidos contínuos municipais do mundo. Entre 1980 e 1995, o norte-americano gerou aproximadamente 620 quilogramas de resíduos sólidos por ano, nível elevado se confrontado com a média de 430 quilogramas gerados por ano pelo cidadão europeu. A prática de redução de resíduos sólidos, reuso e reciclagem nos Estados Unidos vem promovendo uma gradual redução das quantidades

enviadas para disposição e tratamento final (aterros ou incineração). Porém, ainda é baixa a reciclagem de materiais como o vidro e o papel, se comparada com a da maioria dos países europeus (UNEP, 2005).

No passado, a reciclagem na América do Norte ocorria fora da jurisdição oficial da gestão dos resíduos sólidos. Grupos voluntários organizavam nos bairros movimentos de coleta de materiais como jornais, frascos e latas. Uma rede bem organizada de negócios recuperava o papel e os metais dos centros comerciais. Nos últimos anos, a reciclagem é prioridade máxima na América do Norte, devido ao aumento dos custos relativos à destinação final dos resíduos sólidos, à dificuldade de encontrar locais para construir aterros ou incineradores e à renovada preocupação pública com o meio ambiente. O Canadá, por exemplo, no ano 2000, projetou para os próximos anos uma meta de 50% na redução da destinação final dos materiais de empacotamento.

Em 2005, aproximadamente 25% a 30% dos resíduos sólidos contínuos na América do Norte eram dirigidos para reciclagem, incluindo cerca de 5% para compostagem. Comparativamente, em 1975, menos de 10% dos resíduos sólidos eram destinados à reciclagem e nenhum destinado para compostagem. Em 2005, mais de 9.700 programas de reciclagem estavam em operação na região, na forma de incentivos advindos de programas de todos os níveis do governo, especialmente do nível local nos Estados Unidos e do regional no Canadá. As quantidades e os tipos de materiais recuperados per capita, entretanto, diferem de forma distinta, especialmente se consideradas as zonas urbanas, suburbanas ou rurais. A disponibilidade de determinada infraestrutura pública para reciclagem é igualmente causa determinante (UNEP, 2005).

Na América do Norte, os programas de redução na fonte foram executados por meio da educação, da pesquisa, de incentivos e de estímulos financeiros (por exemplo, taxas baseadas em volumes gerados), regulamentações e desenvolvimento tecnológico.

Os métodos mais utilizados para coleta desses materiais são: (i) coleta central, onde os geradores transportam materiais a um receptor central; e, (ii) coleta selecionada, onde os recicláveis são coletados nos domicílios. Os centros coletores permanecem no mesmo local há muitos anos. Atualmente, governos locais se esforçam para alcançar um alto grau de coleta de recicláveis, estimulando também a reciclagem doméstica. Pontos centrais de coleta recebem utensílios domésticos e materiais de pequenos comerciantes e são conhecidos geralmente como centros de recompra (buyback centres) ou centros de depósito (dropoff centres). Esses centros determinam que os usuários levem os recicláveis a um ponto central de coleta. Somente os

centros de recompra pagam pelo material. Os custos de operação desse tipo de coleta são menores que a coleta tradicional nos bairros (UNEP, 2005).

A United States Environmental Protection Agency (EPA), agência de proteção ambiental americana, publicou um guia para ajudar os planejadores de eventos culturais, esportivos, acadêmicos, sociais e públicos a reduzir a quantidade de resíduos sólidos gerados nas suas reuniões. Esse guia resume os passos chave para planejar e organizar um evento que seja marcado pela consciência ambiental, por meio de uma lista com itens como: utilização de transporte público para os participantes do evento; hospedagem em hotéis que tenham preocupações ambientais; uso de material impresso frente e verso, em papel reciclado; uso de tintas não tóxicas para as impressoras e canetas distribuídas; oferecimento de coffee-breaks em recipientes reutilizáveis e, distribuição de contêineres para coleta de restos de alimentos, com fins de compostagem (EPA, 1996). Esse guia revela a preocupação da agência ambiental americana com a redução, reuso e reciclagem, no país de maior consumo per capta do mundo.

3.1.1.3. América Latina e Caribe

Na América Latina e no Caribe a recuperação dos materiais recicláveis é uma atividade difundida amplamente. A reciclagem ocorre na maioria das grandes e médias cidades. Os materiais reversos mais utilizados são o papel e papelão, o vidro, os metais (predominantemente o alumínio) e plásticos. Todos esses materiais, exceto os plásticos, são reciclados pelas indústrias em grande escala, para a fabricação de sacos plásticos e recipientes.

Nos grandes centros urbanos argentinos, brasileiros, colombianos e mexicanos, locais de recepção de materiais recicláveis podem ser encontrados nas áreas externas de centros comerciais.

Posteriormente, as ações de minimização desempenhadas no Brasil serão tratadas de forma mais detalhada.

3.1.1.4. Ásia e Pacífico

Nas maiores cidades da Austrália, Hong Kong, Japão, Coréia do Sul e Nova Zelândia, encontra-se um alto grau na redução de resíduos sólidos, separação na fonte e reciclagem, estimulados pela educação pública, novas práticas e cobrança de taxas de coleta. A Coréia do Sul vem implementando, desde 1995, um sistema de cobrança de taxa. Usuários devem colocar os seus resíduos sólidos em sacolas, que são vendidas pela administração municipal, com os

materiais reutilizáveis separados. Esta iniciativa vem resultando em 20% a 30% de decréscimo de resíduos sólidos nos aterros coreanos (UNEP, 2005).

Yasuda (2006) apresenta os resultados de uma pesquisa realizada em mais de duas mil residências japonesas, sobre a geração de resíduos sólidos perigosos. Assinala que entre 2,5 e 4,3kg por tonelada de resíduos sólidos domésticos são considerados perigosos. O percentual de baterias corresponde a mais de 50%. Nos meses de novembro e dezembro, o descarte desses resíduos sólidos é maior do que nos meses anteriores. Um dos objetivos desta pesquisa foi o de estimar a geração desse tipo de resíduos sólidos, na busca de subsídios para a elaboração de projetos na área da coleta e possíveis reusos dos resíduos sólidos especiais no País.

A UNEP (2005) expõe que o conceito americano de garage sale também vem sendo adotado pelo Japão. O poder municipal de algumas cidades japonesas vem encorajando escambo de roupas e de eletrodomésticos entre a vizinhança. A cidade de Osaka possui uma publicação intitulada Osaka Recycling Monthly, que visa incentivar trocas, principalmente de móveis e utensílios elétricos. O Hong Kong Productivity Council vem promovendo educação ambiental com foco na geração e destinação de resíduos sólidos. Há um sofisticado mercado de produtos ligados aos resíduos sólidos, inclusive com resultados que geram excedentes para exportação. Estas cidades possuem companhias especializadas para coletar produtos recicláveis, com o intuito de processamento e venda interna ou externa. Em Singapura, 38% do total dos resíduos sólidos gerados, majoritariamente pela indústria e pelo comércio, é reciclado por companhias comerciais.

Na República Popular da China e no Vietnam, a reutilização e reciclagem são atividades organizadas a nível municipal, com suporte federal. A China, especialmente as principais cidades, tem grandes companhias que coletam materiais das organizações privadas e das governamentais para reciclagem. Há também feiras nos bairros, onde as pessoas podem vender frascos, papel e roupa. Normas estatais regulamentam os materiais e os preços de forma ineficaz. Porém, nos últimos anos, desde o estabelecimento da nova política econômica no País, as pessoas têm mais liberdade e, preferem negociar com os materiais de maior valor de mercado, tais como os metais e não com recicláveis domésticos. Atualmente, materiais são coletados e negociados por empreendedores privados, que podem vender às companhias do governo ou diretamente às fábricas. Diversas cidades no Sudeste e no Leste da Ásia tentaram, de forma experimental, a separação na fonte. Bancoc, Hanói, cidade de Ho Chi Minh, Shah Alam (Malásia) e Xangai, buscaram pôr em prática esta atividade em bairros selecionados, mas nenhuma persistiu, por causa dos muitos problemas encontrados. Um município de Kuala Lumpur está tentando financiar esta atividade. Recentemente, o Programa GEO 2000 - Ásia-Pacífico da United Nations

Environment Programme (UNEP), vem financiando organizações comunitárias para promoverem a separação na fonte (UNEP, 2005).

Em diversos países do subcontinente asiático, existe dificuldade na gestão de pessoas dos serviços públicos ligados aos resíduos sólidos. É visto com desconfiança o manejo executado por sindicatos, considerados muito fortes e demasiadamente poderosos. Quase em toda parte, são deficientes a execução dos planos de limpeza urbana e a monitorização sistemática do seu desempenho. Não há norma ou plano de manejo moderno. Em alguns casos, não há padronização de desempenho, como manuais de procedimentos para varrição e coleta nas ruas indianas. Em geral, trabalhadores de manejo de resíduos sólidos são mal pagos, mal treinados e supervisionados inadequadamente, além do departamento de gestão de resíduos sólidos ser considerado de baixo-status. Técnicos graduados não permanecem por muito tempo nas funções, trazendo permanente descontinuidade nos serviços.

É difícil para as autoridades da área de resíduos sólidos interagirem com as populações de baixa renda. Tal cooperação está sendo conseguida, entretanto, com a mediação de ONGs em diversos países (projeto de Orangi em Karachi, projeto piloto PROUD em Bombaim, Society for Clean Environment and United Way em Baroda, Sneha Bhavan em Cochin e comitê Save Pune em Pune) (UNEP, 2005).

A presença das organizações ambientais cívicas está aumentando na região e, especialmente, desde os casos de epidemia na Índia, em 1994, estas organizações estão voltando a atenção para o gerenciamento dos resíduos sólidos. Em geral, o papel das ONGs junto às comunidades locais pode ser extremamente útil, verificando o desempenho dos serviços, implementando a redução por meio da compostagem e promovendo a reciclagem.

No que se refere ao reuso, a Índia priorizou o do plástico. Bangladesh tem discutido limites para o empacotamento plástico. Nas regiões sul e ocidental da Ásia, muitas atividades ligadas à redução, à reutilização e à reciclagem, têm dificuldades no seu desenvolvimento, devido às elevadas porcentagens de resíduos sólidos orgânicos e em alguns lugares, de cinzas. A separação formal e informal na fonte e a reciclagem da maioria dos produtos manufaturados não- orgânicos são significativas na região. A prática é essencialmente controlada pelo mercado; as indústrias se interessam em usar materiais reciclados somente quando o seu custo é compensador, em relação ao custo da matéria prima convencional (UNEP, 2005).

3.1.1.5. Europa

Os governos europeus, muitos com tradição política social-democrata, não questionam a sua responsabilidade direta na área da saúde pública, assim como também no gerenciamento dos resíduos sólidos, que se enquadram nas competências dos governos locais. Nos países da União Europeia (EU), o reuso e a reciclagem fazem parte das práticas incorporadas pelos cidadãos e são necessárias e essenciais para o bom desempenho dos sistemas de gerenciamento integrado. Porém, há consideráveis variações nas práticas europeias de redução na fonte, de recuperação dos materiais e de reciclagem. Estas variações ocorrem desde os métodos empregados, grau de compromisso político e fiscal e mercados disponíveis (UNEP, 2005).

A logística reversa vem sendo difundida e incorporada, de forma crescente, pela indústria europeia. Esse princípio obriga ao poluidor a arcar com os custos da atividade poluidora, que, em decorrência de sua atividade produtiva, possa estar causando danos ao meio ambiente. Dessa forma, a responsabilidade financeira de coleta dos resíduos sólidos industriais cabe ao produtor. Alguns países, tais como Áustria e Alemanha, tratam esse princípio como lei; outros, como a Grã Bretanha e a França, voluntariamente executam a coleta, depois elaboram relatórios documentados, objetivando obter incentivos fiscais com a recuperação, o reuso ou a reciclagem dos resíduos sólidos coletados.

Na França, o Estado permite que a indústria utilize a infraestrutura de gerenciamento dos resíduos sólidos públicos para fins privados de reciclagem e, em contrapartida, recebe taxas que convergem para a melhoria dos equipamentos públicos. Relatórios objetivos sobre a eficácia desses programas são difíceis de encontrar (UNEP, 2005). Um complicador, que pode ser citado, é o fato que muitos programas tiveram objetivos ambiciosos de recuperação e não demonstraram os seus efeitos até o ano 2000. Um exemplo do esforço de responsabilidade do gerador é o sistema alemão de DSD (DUALIS), que obteve prejuízos em 1993, e terminou disseminando grandes quantidades de recicláveis de baixa qualidade no mercado secundário europeu. Sobreviveu somente depois de intervenção governamental, que patrocinou alguns empréstimos em longo prazo para quitação dos débitos dos governos locais e regionais (UNEP, 2005).

A diretiva Waste Electrical and Electronic Equipment (WEEE/2002) e a diretiva Restriction of Hazardous Substances Directive (RoHS/2003) estabelecidas pela Comunidade Europeia para disciplinar os resíduos sólidos de equipamentos eletroeletrônicos, revisadas em 2008, sinalizam um caminho a ser seguido. Estas duas diretivas se complementam e, se por um lado estimulam a reciclagem de produtos eletroeletrônicos, por outro proíbem que certas substâncias como cádmio, mercúrio e chumbo sejam usadas em processos de fabricação de

produtos. Apesar destas normas, somente um terço dos eletroeletrônicos europeus são separados, coletados e tratados apropriadamente (EC, 2010). Diversos estados norte-americanos também estabeleceram marcos regulatórios para disciplinar esta questão e o debate também ocorre no âmbito federal. Porém, os custos e as implicações envolvidos na recuperação e tratamento dos Resíduos Eletroeletrônicos (REEE) se revelaram complexas, retardando avanços mais significativos.

3.1.2. Destinação Final - Aterros Sanitários

A publicação Solid Waste Management: Regional Overviews and Information Sources conceitua aterro sanitário como a área reservada e operada por normas técnicas para a destinação final de resíduos sólidos, gerados pela atividade humana. Nele são dispostos resíduos sólidos domésticos, comerciais, de serviços de saúde e industriais. Para uma análise mais acurada, optou- se por desenvolver o estudo por região, para permitir uma melhor visualização das características registradas na publicação do IETC.

3.1.2.1. África

Nesse Continente a operação e o tratamento final dos resíduos sólidos são de responsabilidade do setor público. Na maioria das principais cidades africanas, os resíduos sólidos são depositados em áreas a céu aberto no perímetro urbano, apesar de muitas prefeituras possuírem regulamentos para construção e manutenção de aterros.

Os locais para depósito de resíduos sólidos são escolhidos de acordo com a localização, em detrimento dos aspectos hidrológicos, das consequências ao nível da degradação do solo e das questões de salubridade, principalmente nas regiões ao norte da África, como Argélia, Líbia e Sudão (UNEP, 2005).

Segundo a UNEP (2005), nos aterros existentes, o gerenciamento é mínimo, não inclui compactação, nem cobertura. Nos últimos cinco anos, países como Egito e África do Sul têm estimulado políticas para promover melhorias nos seus aterros. Programas nacionais para construção e operação de aterros vêm sendo desenvolvidos na Tunísia. Em 1995, a África do Sul instituiu um guia para construção e operação de aterros, assim como a Zâmbia, nesse mesmo ano, buscou melhorar a sua performance nesses serviços, por meio de um plano nacional.

Na maioria dos países africanos, o despejo no oceano é proibido por lei, porém algumas cidades costeiras do Sul e do Oeste africanos ainda utilizam esta prática.

3.1.2.2. América do Norte

Aterros sanitários ainda são os meios preliminares de disposição dos resíduos sólidos contínuos na América do Norte, manejando aproximadamente 65% a 70% dos resíduos sólidos urbanos. Desde os finais dos anos 80, quando aterros sanitários eram usados para a disposição final de aproximadamente 80% do total de resíduos sólidos, vem se dando uma diminuição progressiva da utilização desse equipamento público. No ano de 1988, havia, aproximadamente, 7.924 aterros sanitários em operação nos Estados Unidos, enquanto que em 2006, tinha apenas 1.754 aterros. Este número representa um declínio significativo de equipamentos em operação, visto que, em 1979, foi proibido por Lei o despejo de resíduos sólidos a céu aberto, conforme pode ser verificado na Figura 3.1.(EPA, 2007).

Figura 3.1. – Evolução do Número de Aterros nos Estados Unidos - 1988 a 2006 Fonte: EPA (2007).

Recentes exigências reguladoras americanas ampliaram as proibições de 1979, de modo que a destinação final deve possuir projeto adequado, destinado a minimizar os perigos à saúde pública e ao meio ambiente. Autoridades locais têm dificuldades para encontrar terrenos para a instalação de novos aterros. Algumas comunidades têm se deparado com uma verdadeira crise de instalação (capacity crisis), particularmente no Nordeste e no meio Oeste americano.

Nos últimos anos, uma parte dos resíduos sólidos que era encaminhada para os aterros, tem sido levemente reduzida. Entretanto, a quantidade total gerada tem aumentado significativamente, resultando em aumento do volume destinado aos aterros. Pelas leis americanas, somente a disposição dos resíduos sólidos contínuos não perigosos são permitidas

nos aterros, tais como resíduos sólidos domiciliares e comerciais, além de pequenas quantidades de resíduos sólidos considerados perigosos oriundos de residências e do comércio (EPA, 2007).

Em parte, em resposta à esta situação, aterros regionais estão sendo projetados e construídos em número menor, porém com maior capacidade de processamento. Esses megafills estão sendo projetados e construídos, visando assegurar as necessidades atuais e futuras de destinação final de resíduos sólidos. Esses novos aterros, que fornecem uma considerável economia de custos, são projetados com o objetivo de cumprir os regulamentos federais e estaduais e contam inclusive, com parceria entre o Estado e o setor privado. Entretanto, instalar em um determinado local um aterro desta natureza pode ser difícil. Por exemplo, em 1991, na região de Toronto, o processo de localização de um novo aterro foi assunto de intenso debate. Por esse motivo, a responsabilidade para estudar a questão deslocou-se das esferas locais e regionais, para um comitê independente, ligado ao governo provincial (UNEP, 2005).

Nos Estados Unidos, a monitorização é realizada pela U.S. Environmental Protection Agency (EPA), a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e possui critérios rígidos e permanentes. Aplica duras penalidades para o não cumprimento das suas recomendações. Um caso típico, que pode ser relatado, é o da cidade de Fort Lauderdale, Broward County, Flórida. Em 1964, o projeto original do equipamento de disposição de resíduos sólidos existente abrangia