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III – ESTADO DA ARTE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNDO E NO BRASIL

3.2. Estado da Arte dos Resíduos Sólidos no Brasil

O problema da geração dos resíduos sólidos no Brasil é incessante. A Abrelpe (2009) divulgou um dado preocupante de uma pesquisa sobre o crescimento do volume de resíduos sólidos gerado no Brasil, demonstrando que, de 2008 para 2009, a geração desses aumentou em 7,7%, enquanto que o crescimento populacional foi de apenas 1% (Figura 3.5.).

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Figura 3.5. - Gráfico da Geração de Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil em 2008 e 2009 Fonte: ABRELPE (2009). Adaptado pela autora.

Apesar de a quantidade de resíduos sólidos coletados ter crescido quase 8% nesse período, a intensificação da geração de resíduos sólidos pela população brasileira representa um cenário de quase sete milhões de toneladas de resíduos sólidos sem serem coletados, jogados em áreas inapropriadas.

O tratamento dado aos resíduos sólidos no Brasil pode ser avaliado a partir da própria dificuldade na obtenção de informações detalhadas sobre o tema, que são bastante escassas.

Os últimos dados publicados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são do ano 2008. Estes dados, divulgados em 2010, reúnem os resultados da pesquisa sobre a oferta e a qualidade dos serviços públicos de

saneamento básico no País, com base em levantamento realizado junto às entidades formais, com registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, prestadoras desses serviços em todos os municípios brasileiros. Essas entidades englobam prefeituras municipais e empresas contratadas para a prestação de serviços públicos de saneamento básico, tais como autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, consórcios públicos, empresas privadas, fundações e associações.

Outra fonte de dados de saneamento básico, administrado pelo Governo Federal, no âmbito do Programa de Modernização do Setor Saneamento (PMSS), Ministério das Cidades, é o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Desde 2002, é publicado um diagnóstico relativo aos resíduos sólidos. O SNIS contém informações coletadas e indicadores calculados, referentes a uma amostra de municípios do País, que atenderam, voluntariamente, à solicitação para participar desse Sistema. Entretanto, o próprio Ministério das Cidades concorda que ainda falta muito para que se tenha um quadro mais consistente dos serviços públicos ligados aos resíduos sólidos, inclusive porque a amostra não contempla a aleatoriedade e a estratificação exigidas, para que se tenha uma representatividade garantida estatisticamente. Apesar do esforço desenvolvido pelo Estado, que reconhece que existe espaço para evoluir e vem buscando o aperfeiçoamento e ampliação do banco de dados, ainda são escassos os elementos que propiciem uma análise completa da forma como estão atendendo aos usuários.

Segundo o Ministério das Cidades, o próximo desafio é transformar o SNIS em Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA). Para o SINISA, foi dedicado um capítulo inteiro, o Capítulo V, do Decreto nº. 7.217, de 21 de junho de 2010, que regulamenta a Lei nº. 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. Esse enfoque especial objetivou estimular os prestadores dos serviços públicos de saneamento básico a se organizarem e manterem sistemas de informações atualizados. Novos elementos devem ser agregados e organizados em uma matriz de dados, dando subsídios para a melhoria da área e para o desenvolvimento sustentável.

Além da importância de se evidenciar os indicadores da área, conhecer as normas e procedimentos são requisitos para a ampliação dos serviços públicos de saneamento básico. Tendo em vista a definição de desenvolvimento sustentável e suas premissas, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, discutida desde 1991 no Congresso Nacional e aprovada em 2010, estabeleceu a “responsabilidade compartilhada” entre governo, indústria, comércio e consumidor final no gerenciamento e na gestão dos resíduos sólidos.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos preconiza que o desenvolvimento da gestão integrada deve contemplar, além da coleta, valorização, tratamento e disposição final dos

resíduos sólidos, as tecnologias disponíveis para cumprir as definições contidas na Lei. Um dos maiores problemas atuais para se fazer cumprir esta Lei, é a ausência de canais de escoamento dos materiais recicláveis para serem reaproveitados pela indústria. Esta infraestrutura terá que ser instalada o mais rápido possível. Os próximos itens discorrerão sobre o estado da arte da minimização, da destinação final e do gerenciamento dos resíduos sólidos no Brasil.

3.2.1. Minimização – Redução, Reuso e Reciclagem dos Resíduos Sólidos

Para minimizar os problemas ambientais inerentes ao descarte dos resíduos sólidos urbanos, a Agenda 21 considera os 3Rs (reduzir, reutilizar, reciclar) como passos fundamentais para minimizar os impactos dos aterros sanitários sobre o meio ambiente. A redução na fonte é uma das atividades na gestão integrada dos resíduos sólidos, que se sobrepõe às decisões cotidianas de gerenciamento, ação esta que pressupõe, além de esforço gerencial, com tomada de decisões no âmbito legal e fiscal, participação comunitária, por meio de normas e educação sócio- ambiental. A reutilização se refere às ações que possibilitam a utilização de resíduos sólidos gerados para outras finalidades, otimizando ao máximo o uso desses materiais antes do descarte final. A reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os resíduos sólidos e reutilizá-los no ciclo de logística de fluxos de retorno ou logística reversa, que recupera produtos, reintegrando-os aos ciclos produtivos e de negócios. Este é um instrumento de desenvolvimento econômico e social, caracterizado por ações destinadas a facilitar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos aos seus geradores, para que sejam tratados ou reaproveitados em novos produtos, na forma de novos insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, visando a não geração de rejeitos.

No Brasil, resíduos sólidos orgânicos e inorgânicos são usualmente misturados na fonte geradora e na coleta. Esta prática dificulta o reuso de muitos materiais que poderiam ter destino final diferente do usual, ou seja, depósitos de resíduos sólidos ou aterros sanitários. Em 2006, aproximadamente 3% dos resíduos sólidos orgânicos urbanos gerados no Brasil foi reciclado. O índice nacional de 11% de reciclagem e compostagem de resíduos sólidos urbanos está acima da República Tcheca, Portugal, Argentina, Colômbia e Hungria e próximo do Reino Unido (CEMPRE, 2010).

Os dados publicados pelo Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos (BRASIL, 2010), relativos ao ano de 2008, levantados em 372 municípios de todos os Estados brasileiros e o Distrito Federal, englobando mais de 91,8 milhões de habitantes, coloca que a coleta seletiva é praticada em 54,4% dos municípios da amostra. Nesses locais, a triagem de

materiais recicláveis recupera uma média de 4,6kg/habitante urbano/ano. Esse valor implica um montante aproximado de 276,5 milhões de toneladas/ano de resíduos sólidos. Para o IBGE (2010), os programas de coleta seletiva são realizados em 994 municípios brasileiros, sendo que os principais materiais recolhidos nesses municípios são: o papel ou papelão em 98,6%, o plástico em 98,3%, o vidro em 92,9% e o metal em 92,0%.

Trazendo ainda dados do SNIS de 2008 (BRASIL, 2010), a amostra representada por 54,4% dos municípios que afirmaram possuir coleta seletiva, esta é realizada, majoritariamente, por meio de: coleta porta a porta em dias específicos e em postos de coleta voluntária. A coleta porta a porta em dias específicos é obtida de três maneiras: (i) pelas Prefeituras ou por empresas contratadas por estas (49,1%); (ii) por cooperativas ou associações de catadores com parceria da Prefeitura (52,1%); e (iii) por cooperativas ou associações de catadores sem parceria da Prefeitura (6,0%). A coleta realizada por meio de postos de coleta voluntária é alcançada da seguinte forma: (i) pelas Prefeituras ou por empresas contratadas por estas (23,4%); (ii) por cooperativas ou associações de catadores com parceria da Prefeitura (24,6%) e, (iii) por cooperativas ou associações de catadores sem parceria da Prefeitura (5,4%) (BRASIL, 2010).

Percebe-se que o aumento de investimentos de prefeituras e empresas da área, participação de cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis e do controle mais rígido por parte de agentes ambientais e da sociedade, vem permitindo um melhor desempenho dos 3 Rs no Brasil.

No Brasil, nos últimos anos, algumas medidas vêm sendo tomadas visando minimizar os impactos que os resíduos sólidos trazem à sociedade e ao meio ambiente. Em fevereiro de 2011, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), reuniu delegados de mais de 120 países na cidade de Nairobi, Quénia, para discutir medidas de combate à crescente ameaça representada pelos resíduos sólidos, principalmente junto aos mais pobres. O relatório final gerado defendeu um maior investimento na economia verde. Intitulado "Em Direção de uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e para Erradicação da Pobreza" defende o investimento global de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e sugere um modelo econômico que evitaria riscos, choques, escassez e crises cada vez mais inerentes na atual economia de alta emissão de carbono. Caso esse montante fosse aplicado em algumas áreas, entre elas a da reciclagem dos resíduos sólidos, o mundo estaria financiando a transição para uma economia de carbono e combate à pobreza. Este relatório cita o Brasil como exemplo: a reciclagem já gera retornos de 2 bilhões de dólares por ano no País, evitando desta forma a emissão de 10 milhões de toneladas de gases de efeito estufa.

Mas, o que se percebe é que programas de reciclagem no País não são contínuos, a boa vontade dos cidadãos em participar de campanhas, muitas vezes frágeis ou esporádicas, das prefeituras e das organizações não governamentais não é suficiente para que o Brasil tenha maior consistência e uniformidade nos projetos para a redução, o reuso e a reciclagem.

Segundo pesquisa Ciclosoft, realizada pelo Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE), que informa desde 1994 sobre os problemas de coleta seletiva desenvolvidos pelas prefeituras brasileiras, a coleta seletiva cresceu 24% nos municípios brasileiros e mais de um milhão de pessoas têm acesso aos programas municipais desse tipo de coleta, passando de 25 milhões, em 2006, para 26 milhões em 2008 (CEMPRE, 2010). Esse crescimento é importante na medida em que cada dia aumenta o consumo de produtos industrializados devido à mudança nos hábitos dos centros urbanos. Porém, esses programas têm que ter maior dinâmica e incentivo.

Em 1988, uma resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), estabeleceu a obrigatoriedade da realização do Inventário Nacional de Resíduos Industriais pelos programas estaduais de gerenciamento de resíduos sólidos industriais. Em outubro de 2002, o CONAMA fez uma revisão da Resolução de 1988, dando enfoque às responsabilidades civil, penal e ambiental do gerador. A revisão objetivou sistematizar as informações sobre a geração, características, armazenamento, transporte, tratamento, reutilização, reciclagem, recuperação e destinação final dos resíduos sólidos gerados pelas indústrias do País. A retomada do Inventário de Resíduos Industriais por esse Conselho, sinalizou a importância atribuída à esse tema na agenda ambiental. Uma má gestão na área dos resíduos sólidos industriais provoca graves impactos ambientais, causando a contaminação do solo, das águas e do ar, comprometendo as riquezas naturais necessárias à vida humana.

Marchi et al. (2007) afirmam que atualmente a sustentabilidade é um tema recorrente no mundo empresarial. É imperativo para as empresas estarem voltadas para a responsabilidade corporativa e social e para a sustentabilidade no uso de recursos humanos, naturais e financeiros. Produtos e serviços de qualidade são exigidos pelos clientes, provocando nas organizações adaptação rápida e constante. Um estudo elaborado pelos Institutos Ethos e Acatu revela que 76% dos consumidores brasileiros tem consciência de que pode interferir na gestão das empresas, por meio do consumo responsável; 72% tem interesse em saber mais sobre as ações e iniciativas ligadas à responsabilidade sócio-ambiental das organizações.

Os gestores brasileiros vêm buscando novos modelos e formas de gerir, diante da necessidade de sobrevivência do seu negócio frente ao mercado internacional e aos seus clientes, praticando um novo pensar e agir no âmbito empresarial. O preço e a qualidade não são mais fatores decisivos para a competitividade das organizações. Atualmente, investir nas relações com

todos os públicos, dos quais dependem e com os quais se relacionam, ou seja, os stakeholders, é de fundamental importância para que uma organização seja competitiva.

Ainda assim, por falta de consciência sobre o problema dos resíduos sólidos e de políticas públicas focadas, no Brasil, o componente Reciclagem registra “índices insatisfatórios e apresenta(m) alto potencial de ampliação para os próximos anos” (ABRELPE, 2009).

Nos últimos anos, algumas empresas, localizadas principalmente no Estado de São Paulo, vêm se especializando no desenvolvimento e implantação da logística reversa. A especialização visa fornecer serviços de consultoria às indústrias de informática, eletro-eletrônicos, lâmpadas, aço inoxidável e ligas, catalisadores automotivos e industriais e baterias, por meio de tecnologia de coleta de materiais, desmontagem, descaracterização das marcas e destruição de produtos fora de linha, assim como da destinação final dos resíduos sólidos tecnológicos inservíveis.

Indústrias de grande porte vêm adotando práticas sustentáveis, ainda que de forma tímida. A indústria automobilística procura utilizar matéria-prima obtida de fontes renováveis como a fibra de coco, a juta e o sisal, na fabricação de componentes, nos revestimentos e estofamentos dos bancos. Outros exemplos pontuais podem ser citados, no intuito de difundir tecnologias que podem ser inseridas em outras organizações, por meio de processo de benchmarking3.

Empresas multinacionais instaladas no Brasil trazem as suas experiências externas e têm se preparado constantemente para enfrentar os desafios da preservação do meio ambiente. Neiva (2009) expõe que a Hewlett-Packard (HP), companhia multinacional que opera em mais de 170 países, tem como objetivo para o ano de 2010, a redução de 25% no consumo combinado de energia e nas emissões de gases que provocam o efeito estufa associados às operações e produtos da empresa, em relação aos níveis de 2005. No que se refere à redução de resíduos e reciclagem, a HP reservou uma sala de cerca de 40 metros quadrados, no piso térreo de sua fábrica, em Sorocaba, no interior de São Paulo, especialmente para o projeto. Os cartuchos devolvidos pelos consumidores em diversos pontos de coleta do País são reciclados. Mais de trezentos e setenta e cinco mil cartuchos já foram reciclados. O processo, em três etapas, consiste na desmontagem, na separação de materiais não recicláveis, como a tinta remanescente e na logística reversa do plástico. Nesse processo, o plástico é moído e transformado em placas, que são enviadas ao Canadá para servirem como insumo de peças instaladas na parte interna de impressoras. A empresa afirma que hoje, em média, até 85% dos componentes das impressoras mais modernas são recicláveis. Dez anos atrás esse porcentual não passava de 40%.

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Benchmarking - O benchmarking é uma ferramenta que busca a adoção das melhores práticas na indústria. Sua essência está centrada em um processo comparativo, ao identificar modelos de excelência para produtos, serviços ou processos.

Outra experiência bem sucedida é a das embalagens PET4. Estas embalagens foram introduzidas no Brasil em 1988, e desde seu lançamento a produção nacional é crescente. No ano de 2008, o País gerou quatrocentos e sessenta e duas mil toneladas, sendo que 54,8% foram recicladas. O Brasil alcançou o segundo lugar no mundo na reciclagem do PET, perdendo apenas para o Japão, que reciclou 69,2% (CEMPRE, 2010). Está à frente da Europa, Argentina e Estados Unidos. Apesar destes números estimulantes, é necessário lembrar que 45,2% de embalagens PET seguiu para a destinação final. Para um país onde menos de 57% dos resíduos sólidos gerados tem uma destinação apropriada, esses resíduos sólidos, apesar dos avanços, representam algo de nocivo à natureza.

Diante do inconveniente de adequada destinação final no Brasil, a Coca-Cola e AmBev vêm buscando ampliar o reaproveitamento das suas embalagens. Cerca de 70% da cerveja vendida pela AmBev é sob a forma de garrafas retornáveis de plástico e vidro. Os rótulos das embalagens são reciclados e a celulose resultante é usada na produção de papelão. As cascas do malte, o extrato de levedura e outros produtos decorrentes da fermentação, são usados na alimentação de animais, na criação de peixes e na indústria de laticínios.

Em março de 2010, em São Paulo, a Coca-Cola lançou o PlantBottle, uma garrafa sustentável que utiliza uma embalagem feita de PET, na qual o etanol da cana-de-açúcar substitui parte do petróleo utilizado como insumo. Os resíduos sólidos das embalagens são triturados e passam por um processo de limpeza. O material é derretido e misturado a uma nova resina, produzindo os recipientes que retornarão ao mercado. Por ter origem parcialmente vegetal (30% à base da planta), a nova embalagem reduzirá a dependência da empresa em relação aos recursos não-renováveis, além de diminuir em até 25% as emissões de CO².

Esta tecnologia já estava disponível na Alemanha e nos países nórdicos há quase dez anos. Mas, a Coca Cola resolveu aplicá-la no Brasil, e, antes do lançamento nacional, experimentou a PET retornável em supermercados e bares de algumas cidades do interior de São Paulo, agregando um atrativo monetário: o preço de uma Coca de 1,5 litro em PET retornável variava de R$1,59 a R$2,10, se o consumidor levasse o casco; a mesma garrafa, sem a troca, custava R$1,50 a mais (COCA-COLA, 2010). Esta postura da empresa vem ao encontro das diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

O comércio de latas de alumínio é o mais atrativo em preço, pois é o material reciclável com maior valor de mercado. O valor residual de latas de alumínio é alto, visto que o mesmo não se degrada durante o processo e pode ser usado para o mesmo fim, ao contrário das garrafas

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PET - Politereftalato de etileno, polímero termoplástico, formado pela reação entre o ácido tereftálico e o etileno glicol. Utiliza-se principalmente na forma de fibras para tecelagem e de embalagens para bebidas.

plásticas. Cada brasileiro consome em média 54 latas por ano, volume bem inferior ao norte- americano, que é de 375 latas/ano. Em 2008, apesar do consumo inferior, aproximadamente 91,5% da produção de latas de alumínio brasileira foi reciclada, superando os Estados Unidos que recuperou apenas 54,2%. Além de reduzir os resíduos sólidos que vão para os aterros, a reciclagem desse material proporciona significativo ganho energético, visto que para reciclar uma tonelada de latas se gasta 5% da energia necessária para produzir a mesma quantidade de alumínio pelo processo primário (CEMPRE, 2010).

Desenvolver tecnologias que permitam economia energética e materiais mais fáceis de reciclar, inofensivos e inertes, visando a proteção do meio ambiente, é uma prática corporativa que vem tomando corpo. Neiva (2009) opina que desde 2005, a Whirlpool (Brastemp e Consul) dispõe de um programa experimental de coleta e reciclagem de geladeiras antigas. As peças usadas são removidas e seguem para uma linha de desmontagem na fábrica da empresa, em Joinville, Santa Catarina. Uma parte das embalagens dos produtos da Whirlpool Latin América é reciclada. Essas embalagens são coletadas por meio de parceria com uma empresa de varejo paulista, onde os seus entregadores, quando levam os produtos novos à casa do cliente, retiram a embalagem do eletrodoméstico. Esta prática já gerou o recolhimento de aproximadamente 127 toneladas de papelão, plástico e isopor.

A dificuldade da coleta, transporte, tratamento e destinação correta dos resíduos industriais vem ajudando a desenvolver novas tecnologias para apoio estratégico em ações menos poluentes. O consumidor vem cobrando uma postura ética e responsável das empresas. A cada dia, o mercado está mais exigente no que diz respeito às questões ambientais. Em junho de 2010, na Feira Internacional de Embalagens e Processos para as Indústrias de Alimentos e Bebidas (FISPAL), a TetraPak, empresa que lida com soluções para processamento e acondicionamento de alimentos, apresentou as suas mais recentes tecnologias e ações de sustentabilidade. Lançou as tampas plásticas produzidas com polietileno de alta densidade (PEAD5), a partir do etanol de cana de açúcar, matéria-prima 100% renovável. Este produto foi desenvolvido em parceria com a Braskem. No evento, também foi divulgado, com a parceria da mesma empresa, uma tecnologia que produz embalagens cartonadas, feitas com 75% de papel certificado pelo Forest Stewardship Council (FSC), um material renovável e 100% reciclável.

Essas ações derivaram da pesquisa e desenvolvimento de novas máquinas para serem usadas na sua linha de produção, considerando o conceito de ecodesign ou design for environment, que busca sempre comprovar os benefícios comparados, como a redução na geração

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PEAD – Polietileno de Alta Densidade. Polietileno de baixo custo e alta produção mundial. É quimicamente inerte e obtido por meio da polimerização do etileno.