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Região Norte 6,1%

ATERRO INTEGRADO ILHA

5.3. Caracterização Organizacional da Gestão dos Aterros Sanitários Estudados

Para Chanlat (1995), modelo de gestão pode ser definido por um conjunto de práticas administrativas empregadas em uma dada Instituição, com vistas a se alcançar os objetivos que lhe foram fixados, estabelecendo as condições e a organização do trabalho, a natureza das relações hierárquicas, os tipos de estruturas organizacionais, os sistemas de avaliação e controle dos resultados, as políticas em matéria de gestão de pessoal e os objetivos, os valores e a filosofia de gestão que o inspiram.

No mundo contemporâneo, modelos de gestão vêm passando por constantes mudanças, que podem se constituir de perspectivas diversas, adotando maior ou menor integração com a sociedade ou praticando posturas mais ou menos participativas junto aos seus empregados, fornecedores e clientes. Para Kozlowski e Klein (2000), o contexto organizacional é o efeito resultante da combinação das diferenças individuais e contextuais, ou seja, a articulação entre atos humanos individuais e condutas coletivas.

Na ausência de gestão adequada, a geração e a destinação dos resíduos sólidos podem conduzir a vários problemas, tais como: contaminação do solo com fungos e bactérias; contaminação das águas de chuva e do lençol freático; aumento da população de ratos, baratas e moscas, disseminadores de doenças diversas; aumento dos custos de produtos e serviços; entupimento das redes de drenagem de águas pluviais; assoreamento dos córregos e dos cursos d’água; incêndios de largas proporções e difícil combate; destruição da camada de ozônio, dentre outros.

Nesse sentido, diante das dificuldades enfrentadas por essa área, é importante que, além dos procedimentos técnicos, se faça uma avaliação da estrutura organizacional, das práticas, dos comportamentos e das ações mais representativas das aspirações e interesses coletivos da amostra selecionada, o que vai contribuir para o desenvolvimento de um modelo alternativo para a gestão de aterros sanitários.

5.3.1. Levantamento organizacional do Aterro Compartilhado Centro (AMC)

 Breve Histórico do Aterro Metropolitano Centro (AMC)

O AMC iniciou as operações em 1997, tendo sido implantado e operado pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia até 1998, quando foi transferido para a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador. Desde janeiro de 2000, a empresa Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos S.A. (BATTRE) vem sendo a responsável pelos serviços de operação e manutenção da Estação de Transbordo, que atende a cidade de Salvador e pela implantação, operação e manutenção do Aterro Metropolitano Centro, que atende aos municípios de Salvador, Simões Filho e Lauro de Freitas.

Essa empresa gerencia os resíduos sólidos urbanos e comerciais da Região Metropolitana de Salvador e possui 140 funcionários.

A Solví é a holding controladora da empresa Battre e de outras empresas localizadas em diversos estados do Brasil. Possui também uma base no Peru. Estas empresas atuam nos segmentos de Resíduos Sólidos, Saneamento e Valorização Energética.

5.3.1.1. Frequência da Coleta dos Resíduos Sólidos para o Aterro Metropolitano Centro

Os resíduos sólidos das cidades de Salvador, Lauro de Freitas e Simões Filho é coletado com frequência, principalmente nos bairros comerciais e de residência das classes de renda mais alta. O SNIS de 2007 (BRASIL, 2009) revela que mais de oitocentas mil toneladas de resíduos sólidos são coletadas na cidade de Salvador, apresenta o percentual de 72% de habitantes servidos diariamente pela coleta de resíduos sólidos e 28% em dias alternados. Esses dados corroboram a pesquisa feita junto a dez municípios baianos, intitulada “Tecnologias de Gestão no Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais: desafios da Sociedade e dos Serviços Públicos na Bahia”, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), que teve os seus resultados publicados em 2008. Segundo os resultados desta pesquisa, 38,8% da população de baixa renda respondeu que não tem coleta diária de resíduos sólidos e quase 10% afirmou que nunca foi beneficiado por esse serviço público (Quadro 5.2.).

Quadro 5.2. - Frequência da Coleta dos Resíduos Sólidos junto à População de Baixa Renda em 10 Municípios Baianos

A Coleta de Resíduos Sólidos é feita diariamente pela Prefeitura?

Quantidade Frequência Não resposta 4 0,3% Sim 942 59,3% Não 616 38,3% Não sei 26 1,6% Total 1588 100%

Fonte: Tecnologias de Gestão no Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais: desafios da Sociedade e dos Serviços Públicos na Bahia, 2008.

Esta pesquisa revela ainda que a população de baixa renda acredita que o convívio com a poluição causada pela ausência do saneamento básico é considerado componente grave para o seu cotidiano.

Esses resultados se referem aos serviços públicos de varrição, coleta, transporte e tratamento dos resíduos sólidos e revelam uma baixa participação popular e alta centralização desses serviços, além da precária qualidade do meio físico, mais acentuadamente nas zonas onde moram as populações mais carentes. As prefeituras dos três municípios terceirizam os serviços de limpeza urbana para empresas privadas que atuam na área.

Uma estação de transbordo fica localizada no município de Salvador, no antigo “lixão” de Cana Brava, otimizando o transporte dos resíduos sólidos desde esse município até o aterro sanitário.

A terceirização e o compartilhamento de projetos e obras ou serviços públicos relativos aos resíduos sólidos com outras áreas são atividades crescentes; a LIMPURB busca compartilhar projetos e estimular a participação da sociedade civil organizada na sua gestão. Um caso que pode ser citado, embora ainda incipiente, é a articulação promovida entre a Prefeitura Municipal de Salvador com empreiteiras ligadas aos serviços públicos de coleta de resíduos sólidos, que orientam e apóiam algumas associações comunitárias situadas em locais de difícil acesso aos caminhões coletores/compactadores. Um acordo estabelecido entre os três segmentos objetivava facilitar a limpeza e coleta nos locais em que o acesso dos equipamentos é difícil. A comunidade coleta e acondiciona os resíduos sólidos em caixas estacionárias, localizadas em pontos estratégicos, para posterior coleta das empreiteiras. Visa, ainda, a geração de renda: no momento da coleta, realizada pela comunidade, ocorre uma triagem dos materiais recicláveis, que são armazenados e posteriormente vendidos. O lucro obtido é partilhado entre as associações participantes.

Uma ampla mobilização da sociedade, do governo e do Terceiro Setor, pode propiciar às prefeituras baianas incentivo à formação de cooperativas e associações que promovam a inclusão da população, principalmente daquela de baixa renda, no âmbito local.

Representantes da LIMPURB afirmam possuir normas para minimizar possíveis problemas na área. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano, por meio da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, oferece apoio institucional para a elaboração dos Planos de Gerenciamento de Limpeza Urbana (PGLU) e disponibiliza manuais de operação e gestão dos resíduos sólidos aos municípios baianos.

O gestor de Simões Filho afirma possuir cadastro e acompanhamento das demandas populares por meio de banco de dados, avaliando sistematicamente a satisfação do serviço ou obras prestados. Apesar destas afirmativas, do recebimento de demandas populares e do estímulo à participação da sociedade civil organizada nas suas atividades, o propósito parece ainda não ter sido atingido, pois ruas sujas e com problemas de entupimento nos sistemas de drenagem urbana são facilmente encontrados. O exercício da discussão entre poder local e comunidade evita a segregação e leva à busca de soluções, desenvolvendo uma comunidade de prática em torno de objetivos comuns.

Diante do exposto, pode-se afirmar que a frequência da coleta dos resíduos sólidos é realizada de forma desigual nos bairros dos municípios servidos pelo Aterro Metropolitano Centro.

O outro problema detectado nos serviços públicos de limpeza urbana na RMS é a questão da coleta seletiva. Não existem programas persistentes por parte das prefeituras para viabilizar o processo de redução, reuso e reciclagem nos três municípios. Isso é preocupante, tendo em vista que a geração de resíduos sólidos na região é bastante significativa.

5.3.1.2. Adequação da Destinação dos Resíduos Sólidos

A necessidade de fornecer destino adequado aos resíduos sólidos urbanos não se restringe apenas ao processamento e à destinação final em células específicas para cada tipo de resíduos sólidos, atendendo as condições básicas de segurança.

Devem ser considerados outros fatores que contribuem para a disposição correta de resíduos sólidos e determinam a eficiência organizacional de um aterro sanitário. Para que esta eficiência seja maximizada, tornar-se cada vez mais necessário os cuidados com os aspectos administrativos, como: recepção dos resíduos sólidos; pesagem e registro dos resíduos sólidos; manutenção e limpeza das áreas administrativas e operacionais; sinalização; rotina operacional; a

adequação de pessoal e equipamentos e com os aspectos operacionais, como impermeabilização, disposição e drenagem, dentre outros.

 Aspectos Administrativos do AMC

Como anteriormente relatado, a Battre é uma empresa pertencente ao Grupo Solvi. Esta empresa administra a estação de Transbordo de Cana Brava e gerencia os resíduos sólidos urbanos e comerciais da RMS.

Para serem desenvolvidos a contento, aspectos administrativos, jurídicos, econômicos, sociais e políticos envolvidos no AMC, necessitam de pessoal técnico-administrativo treinado. As práticas operacionais têm que estar conforme os regulamentos e as leis brasileiras e desempenhadas com profissionalização.

Conforme pode ser constatado pelo registro fotográfico feito no momento da vista ao aterro, verifica-se que, no trabalho cotidiano, práticas pertinentes à prevenção e ao controle dos fatores de risco são observadas: a entrada do aterro é restrita a veículos cadastrados e as vias de acesso para as áreas administrativas e para aquelas ligadas à destinação final, são desimpedidas, sinalizadas e asfaltadas (Figuras 5.13. e 5.14.).

Figuras 5.13. e 5.14. – Organização da Entrada e das Vias do AMC Fonte: Marchi (2010).

Em função do volume de resíduos sólidos gerados pela Região Metropolitana de Salvador, verificou-se que alguns procedimentos padronizados são adotados pelo aterro, como: recepção dos resíduos sólidos com registro e pesagem, sinalização apropriada, rotina operacional por meio de fluxos bem definidos de transporte para as células específicas (Figuras 5.15. e 5.16.).

Figuras 5.15. e 5.16. – Recepção dos Resíduos Sólidos do AMC Fonte: Marchi (2010)

No que se refere ao estado de conservação e manutenção das máquinas e equipamentos, a partir dos dados obtidos nesta pesquisa, verificou-se que tratores e máquinas de operação se encontravam em bom estado. Também em funcionamento se encontrava a balança de pesagem dos veículos coletores para o controle da quantidade dos volumes diários e mensais dispostos no AMC (Figuras 5.17. e 5.18.).

Figuras 5.17. e 5.18. - Estado de Conservação dos Equipamentos do AMC Fonte: Marchi (2010).

As vias do AMC são bem sinalizadas. Placas de advertência de áreas de risco podem ser encontradas em locais de fácil visualização. Em função da boa sinalização existente, as diversas unidades do aterro são facilmente encontradas.

Placas informativas indicam a quantidade de dias sem acidentes, estimulando o cuidado e a atenção no trabalho desenvolvido nas dependências do aterro. A sinalização do programa de Coleta Seletiva se encontra exposta na sede administrativa (Figuras 5.19. e 5.20.).

Figuras 5.19. e 5.20. – Sinalização no AMC Fonte: Marchi (2010).

A sede administrativa possui amplo espaço de escritórios, além de abrigar um auditório para eventos educacionais e culturais. Nesse local também são apresentados aos visitantes os procedimentos administrativos e operacionais da Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos (BATTRE).

Na região onde se encontra o AMC, a vegetação original encontra-se bastante alterada, passando por um processo constante de desmatamento. Na área do aterro é marcante a presença de gramíneas e de espécies invasoras. A área é ocupada por construções que impedem a ocorrência de processos naturais de regeneração. Entretanto, existe a conservação de um cinturão verde em torno do AMC, de grande importância em um aterro sanitário, já que serve como barreira física à ocorrência e desenvolvimento da degradação ambiental (Figuras 5.21. e 5.22.).

Figuras 5.21. e 5.22. – Sede Administrativa da Battre Fonte: Marchi (2010).

 Adequação de Pessoal e Equipamentos

No momento da visita realizada para esta pesquisa, cento e trinta e sete colaboradores trabalhavam na Battre: cento e doze no AMC e vinte e cinco na estação de transbordo localizada em Cana Brava.

O ser humano é um dos elementos mais importantes de uma organização. É dever da organização que lida com os resíduos sólidos, além de promover treinamentos contínuos, fornecer equipamento de proteção individual (EPI) a cada trabalhador, visando a preservação da saúde dos servidores que mantêm contato direto com os resíduos sólidos, orientá-los como usar o uniforme, as luvas, as botas, as máscaras individuais, os aventais, óculos e gorros. No momento da visita ao AMC chovia, observou-se que além do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), os funcionários usavam capa protetora de PVC (Figuras 5.23. e 5.24.).

Figuras 5.23. e 5.24. – Uso de Equipamentos de Proteção Individual no AMC Fonte: Marchi (2010).

 Aspectos Operacionais do AMC

O aterro sanitário é uma obra de engenharia projetada sob critérios técnicos, recomendados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). As normas NBR 8419/1984 e NB 843/1983 preconizam, entre outros aspectos, a observação rigorosa de elementos essenciais como impermeabilização da base e impermeabilização superior, sistema de drenagem de lixiviados e de gases e cobertura diária dos resíduos sólidos.

Um dos inúmeros problemas encontrados nos aterros sanitários está relacionado à impermeabilização da base destas instalações, ou seja, a possibilidade de ocorrência de contaminação das águas subterrâneas, além do comprometimento de aquíferos e reservas importantes de águas e do solo, devido à infiltração dos líquidos percolados. Nesse sentido, a impermeabilização do local que receberá os resíduos sólidos é de grande interesse para a preservação ambiental. Nesta área devem ser instaladas redes para coleta e tratamento do lixiviado, material que reúne todas as impurezas líquidas e tóxicas dos resíduos sólidos.

No AMC a célula de disposição dos resíduos sólidos possui sistema duplo de impermeabilização inferior, composto de manta sintética (dois milímetros) sobreposta a uma camada de argila compactada. Esse sistema busca evitar rupturas causadas por pressões hidrostáticas e hidrogeológicas, condições climáticas, tensões da instalação, da impermeabilidade ou originárias da operação diária.

O sistema de cobertura tem a função de proteger a superfície das células de resíduos sólidos, de eliminar a proliferação de vetores, de diminuir a taxa de formação de líquidos percolados, de reduzir a exalação de odores, de permitir o tráfego de veículos coletores sobre o aterro e de eliminar a queima de resíduos sólidos e a saída descontrolada do biogás.

Na cobertura do AMC a terra é compactada diariamente por tratores compactadores. A cobertura final usa o geotextil não tecido de polipropileno, trinta centímetros de areia, quarenta centímetros de pedra e cobertura vegetal (Figuras 5.25. e 5.26.).

Figuras 5.25. e 5.26. – Aspectos da Impermeabilização e Cobertura do AMC Fonte: Marchi (2010).

Na drenagem superficial do AMC são utilizados vários sistemas e dispositivos, tais como: valetas de proteção de aterro, descidas d'água, caixas coletoras, dentre outras. Esses sistemas de drenagem superficial visam promover um deságue seguro das águas que incidem diretamente sobre as vias, garantindo a segurança e estabilidade do aterro.

Vale salientar ainda a importância da drenagem superficial do aterro sanitário, para evitar que as águas das chuvas penetrem no maciço do aterro, contribuindo para o acréscimo de líquido percolado gerado.

Para a drenagem do lixiviado é utilizado o método de camada drenante. Esse método consiste em uma camada de brita, localizada diretamente abaixo do pavimento e acima da base ou sub-base. O lixiviado é um dos responsáveis pela estabilidade do maciço de resíduos sólidos, assim sendo, deve ser bem gerenciado para evitar qualquer possibilidade de desmoronamento. O lixiviado drenado no AMC é canalizado para uma estação, onde carretas específicas transportam esse material até a Empresa de Proteção Ambiental (CETREL S.A.) para adequado tratamento.

Para drenagem de gás são utilizados dutos e drenos no maciço do aterro, que captam e transportam o biogás para dois flares, onde são queimados. Atualmente, uma parte desse gás está sendo reaproveitado para geração de energia limpa, conforme será descrito posteriormente, no item 5.3.1.3. (Figuras 5.27. e 5.28.).

Figuras 5.27. e 5.28. – Aspectos da Drenagem do AMC Fonte: Marchi (2010).

5.3.1.3. Busca por Alternativas para o Processamento dos Resíduos Sólidos

Nos últimos anos, o AMC vem buscando uma maior eficiência no processamento dos seus resíduos sólidos. Esse aterro adota um sistema automatizado de processamento de resíduos sólidos urbanos, voltada tanto para a não liberação de gases tóxicos oriundos dos resíduos sólidos na atmosfera, vendendo créditos de carbono, quanto para a geração de energia limpa.

No que se refere à captação de gases para venda no mercado de crédito de carbono, vale ressaltar que o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE) é um sistema voltado para as oportunidades de negócios com países desenvolvidos, pertencentes ao Anexo I do Tratado de Kyoto, que buscam promover a redução do Gás do Efeito Estufa (GEE) fora de seu território, ou seja, comprando no mercado as Reduções Certificadas de Emissões (CER).

Uma iniciativa conjunta da Bolsa Mercantil & Futuro (BM&F) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), abriga um “Banco de Projetos BM&F” composto por projetos validados por Entidades Operacionais Designadas pela ONU e também por Intenções de Projetos, ou seja, projetos parcialmente estruturados para atingir condição futura de validação no âmbito dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL). Nesse sistema, vários projetos de redução de gás metano de aterros sanitários brasileiros encontram um canal de divulgação, interação e captação de recursos com investidores estrangeiros interessados em adquirir créditos de carbono.

O AMC se encontra dentre os aterros brasileiros que vendem crédito de carbono. O sistema de extração dos gases do AMC encaminha o biogás desde a captação até o sistema de tratamento, que é composto basicamente por um conjunto de sopradores, filtros para a

remoção de gotículas de condensado e material particulado e tubulação de encaminhamento para a queima nos Flares (Figuras 5.29. e 5.30.).

Figuras 5.29. e 5.30. – Captação Gases no AMC Fonte: Marchi (2010).

Nesse contexto, é relevante para o AMC possuir um sistema de informação inovador. A existência de uma sala informatizada melhora a produção e a gestão de dados e relatórios. Um software adquirido pelo AMC registra e controla a quantidade de gás gerado nas células do aterro, objetivando a concretização da comercialização realizada anteriormente com países interessados (Figuras 5.31. e 5.32.).

Figuras 5.31. e 5.32. – Sala Informatizada para Controle dos Gases Gerados e Vendidos pelo AMC

Frequentemente técnicos contratados pela Comissão de MDL da Organização das Nações Unidas (ONU) monitorizam os dados coletados, comprovando a retirada dos gases da atmosfera.

Outra iniciativa de processamento de resíduos sólidos no AMC foi o desenvolvimento de novas formas para maximizar a captação do biogás, recuperando emissões fugitivas para atender a uma Termelétrica instalada em uma área de 13 mil metros quadrados, que obteve investimentos de aproximadamente cinquenta milhões de Reais. A Solvi, empresa controladora da Battre está sendo a responsável pela gestão desse empreendimento.

A Termelétrica teve capacidade inicial de geração de energia de 20 megawatts (MW), suficiente para abastecer uma cidade com mais de 200 mil habitantes (Figuras 5.33. e 5.34.).

Figuras 5.33. e 5.34. – Aspectos da Captação Gás para Geração de Energia Limpa no AMC

Fonte: Marchi (2010).

É inegável os benefícios que a geração da energia trazidos pela energia advinda de aterro. Entretanto, para a geração de energia é necessária uma grande quantidade de matéria orgânica.

Torna-se conflitante a necessidade de decomposição de matéria orgânica como matéria prima para a geração de energia limpa. Dessa forma, é imperativo que os 3Rs (reduzir, reutilizar e reciclar) sejam implementados pelo Poder Público, para que uma haja efetiva prevenção dos impactos ambientais que um aterro de tal porte proporciona.

5.3.1.4. Qualidade das Respostas das Exigências Ambientais e Econômicas

As respostas às exigências ambientais e econômicas podem ser analisadas sobre dois aspectos. O primeiro pela redução do uso de riquezas naturais (energia, água e matérias primas). O exemplo do uso dos gases do aterro para a geração de energia limpa na operação e na administração pode ser considerado como uma resposta às questões ambientais e econômicas.

Vale ressaltar que o AMC possui inovações tecnológicas, principalmente em seu sistema de cobertura final, onde a célula é encoberta por manta de PVC, que possibilita uma maior eficiência na captação do biogás. Entretanto, como prevalece a mistura de resíduos sólidos orgânicos e inorgânicos nas células do AMC, uma alta quantidade de material orgânico acaba sendo depositada no solo, diminuindo o tempo de vida desse equipamento. É inegável, para uma gestão privada, que quanto maior a massa de resíduos sólidos depositada nas células, maior é o retorno financeiro da operação. Faz-se urgente que as três prefeituras envolvidas no compartilhamento do aterro promovam campanhas viáveis para a reciclagem e reutilização.