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Impacto de dois programas de intervenção: psicomotricidade aquática e hidroginástica, na função cognitiva e auto estima em idosos

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Impacto de dois programas de intervenção: Psicomotricidade

Aquática e Hidroginástica, na Função Cognitiva e Auto Estima em

Idosos

Dissertação de Mestrado em Gerontologia, Atividade Física e Saúde no Idoso

Flávio Pinto Nunes

Orientadores: Prof.

a

Doutora Eduarda Maria Rocha Teles de Castro Coelho

Prof.ª Doutora Maria Isabel Martins Mourão Carvalhal

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Impacto de dois programas de intervenção: Psicomotricidade

Aquática e Hidroginástica, na Função Cognitiva e Auto Estima em

Idosos

Dissertação de Mestrado em Gerontologia, Atividade Física e Saúde no Idoso

Flávio Pinto Nunes

Orientadores: Prof.

a

Doutora Eduarda Maria Rocha Teles de Castro Coelho

Prof.ª Doutora Maria Isabel Martins Mourão Carvalhal

Composição do Júri: Prof.

a

Doutora Maria Paula Gonçalves da Mota

Prof.ª Doutora Maria Dolores Alves Ferreira Monteiro

Prof.º Doutor José Carlos Gomes de Carvalho Leitão

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Esta tese foi expressamente elaborada com vista à obtenção do grau de Mestre em Gerontologia, Atividade Física e Saúde no Idoso, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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Agradecimentos

Na tese de Mestrado, tive ocasião de referir que uma dissertação, apesar do processo solitário a que qualquer investigador está destinado, reúne contributos de várias pessoas.

Volto a reiterar tal afirmação, com a certeza de que nunca foi tão verdadeira quanto agora.

A realização deste trabalho, de grande significado pessoal, vem concretizar uma das etapas da minha formação académica e científica. Apesar do carácter individual que está inerente a esta dissertação, a sua elaboração não seria possível sem a colaboração, orientação, apoio e incentivo de um elevado número de pessoas. Neste sentido, gostaria de expressar o meu reconhecimento e consideração às seguintes pessoas e instituições:

 Às Professoras Doutras Eduarda Coelho e Isabel Mourão, orientadoras da dissertação, agradeço o apoio, a partilha do saber e as valiosas contribuições para a o trabalho. Acima de tudo, obrigado por me continuarem a acompanhar nesta jornada e por estimularem o meu interesse pelo conhecimento e pela vida académica.

 Aos responsáveis pelas instituições às quais me desloquei e que tão bem me receberam.

 Aos alunos da Universidade Sénior de Amarante pela sua receptividade, paciência e simpatia.

 A todos os meus colegas, que de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho e os quais conviveram comigo e tornaram estes anos inesquecíveis.

 Aos meus pais, obrigado pelo amor, alegria e atenção sem reservas pelo incentivo ao longo da dissertação.

 O meu profundo e sentido agradecimento a todas as pessoas que contribuíram para a concretização desta dissertação, estimulando-me intelectual e emocionalmente.

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Resumo

O elevado aumento da população idosa tem contribuído de forma significativa para um interesse nesta temática. Envelhecimento provoca um declínio físico, psicológico e cognitivo, existindo por isso programas que permitem retardar o processo de envelhecimento. O objectivo geral da investigação é verificar o impacto de dois programas de intervenção (Psicomotricidade Aquática e Hidroginástica), na Função Cognitiva e Auto Estima em Idosos, praticantes e não praticantes de actividade física.

O primeiro estudo teve como objetivo verificar o efeito e interação entre idade género, nível de escolaridade e actividade física na função cognitiva e auto estima em idosos. O estudo foi constituído por uma amostra de 42 idosos (29 mulheres e 13 homens), com idades compreendidas entre os 54-80 anos de idade (66,17±5,75). Foi utilizado o Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e o Teste do Desenho do Relógio (TDR) para avaliação da Função Cognitiva, e a Escala de Auto Estima de Rosenberg (EAE) e o Perfil de Auto Percepção Física para avaliação da Auto Estima Global e Física. Os resultados do efeito e interação das variáveis independentes demostram que existe um efeito da Escolaridade (p=0,040) na Função Cognitiva e da Atividade Física (p=0,010) no domínio da Competência Desportiva. A interação entre a Escolaridade e o Género apenas foi significativo no MEEM (p=0,012). Concluindo, verificou-se um efeito da Escolaridade na Função Cognitiva e da Atividade Física na Competência Desportiva. As mulheres com nível de Escolaridade superior ao 3ºciclo apresentam valores superiores a nível cognitivo, comparativamente aos homens, que apresentam um desempenho cognitivo menor.

No segundo estudo, o objectivo foi verificar o impacto de um Programa de Psicomotricidade Aquática e um Programa de Hidroginástica na Função Cognitiva e Auto Estima em idosos. A amostra, foi dividida em dois grupos, o de Psicomotricidade Aquática (PA), composto por 21 idosos (16 mulheres e 5 homens), com uma média de idades de 65,62 (±6,38) anos e, o grupo de Hidroginástica (HG), constituído por 19 idosos (13 mulheres e 6 homens), com uma média de idades de 66,21 (±4,13) anos. Foi utilizado o Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e o Teste do Desenho do Relógio (TDR) para avaliação da Função Cognitiva, e a Escala de Auto Estima de Rosenberg (EAE) e o Perfil de Auto Percepção Física para avaliação da Auto Estima Global e Física. No grupo de Psicomotricidade Aquática, obteve-se melhorias estatisticamente significativos na Função Cognitiva, nos testes do MEEM (p=0,000) e TDR (p=0,003), na Auto Estima Global (p=0,001) e na Auto Estima

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Física, nos domínios da Funcionalidade (p=0,021), Saúde Física (p=0,001), Competência Desportiva (p=0,002), Força Física (p=0,000) e Autovalorização Física (p=0,035). Em relação ao grupo de Hidroginástica apenas se verifica melhorias na Auto estima Global (p=0,037), e na Saúde Física (p=0,007) e Força Física (p=0,008) da Auto Estima Física. Concluiu-se, com este estudo, que ambos os Programas de Intervenção de forma geral têm efeito positivo na Função Cognitiva e Auto Estima Global e Física dos idosos. No entanto, é de referir que a Psicomotricidade Aquática comparativamente à Hidroginástica provocou efeitos maiores na Função Cognitiva, nas variáveis que foram avaliadas, e na auto estima física, verificando-se valores significativos em praticamente todos os domínios avaliados.

Os resultados do estudo permitem-nos concluir que a Hidroginástica intervém na melhoria da auto estima dos idosos, enquanto a Psicomotricidade Aquática apresenta benefícios quer na auto estima quer na função cognitiva. Pode-se assim dizer, que a Psicomotricidade Aquática deve ser uma opção a ser considerada, quando se fala em trabalhar aspectos cognitivos e de auto estima na população idosa.

Palavras – Chave

Terceira idade; Função Cognitiva; Auto estima; Escolaridade; Hidroginástica; Psicomotricidade;

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Abstract

The high increase in the elderly population has contributed significantly to an interest in this subject. Aging causes a physical, psychological and cognitive decline, so there programs that allow delaying the aging process. The general objective of the research is investigate the impact of two intervention programs (Aquatic Psychomotricity and Aquatic aerobics), in the Cognitive Function and Self Esteem in Elderly, practitioners and non-practitioners of physical activity.

The first study had the objective to verify the effect of interaction between age, gender, education level and physical activity in the cognitive function and self esteem in elderly. The study was composed a sample by of 42 older adults (29 women and 13 men), aged between 54-80 years of age (66.17 ± 5.75). The Mini Mental State Examination (MMSE) and the Clock Drawing Test (CDT) for assessment of cognitive function, and the Scale of Self Esteem Rosenberg (EAE) and the Physical Self Perception Profile was used to assess Self Esteem global and Physics. The results of the effect and interaction of the independent variables show that there is an effect of education (p = 0.040) in Cognitive Function and Physical Activity (p = 0.010) in the domain of Sports Competence. The interaction between Education and Gender was only significant in the MMSE (p = 0.012). In conclusion, there was an effect of schooling in the Cognitive Function and Physical Activity in the Sports Competence. Women with higher levels of schooling to 3ºciclo have higher values the cognitive level, compared to men, who have low cognitive performance.

In the second study, the objective was to investigate the impact of a program Aquatic Psychomotricity and an aquatic aerobics program in the Cognitive Function and Self Esteem in elderly. The sample was divided in two groups, the Aquatic Psychomotricity (AP), composed of 21 older adults (16 women and 5 men) with a mean age of 65.62 (± 6.38) years, and the group aerobics (HG) consisted of 19 older adults (13 women and 6 men) with a mean age of 66.21 (± 4.13) years. The Mini Mental State Examination (MMSE) and the Clock Drawing Test (CDT) for assessment of cognitive function, and the Scale of Self Esteem Rosenberg (EAE) and the Physical Self Perception Profile was used to assess Self Esteem global and Physics. In the group of Aquatic Psychomotricity, there was a statistically significant improvement in cognitive function, the MMSE test (p = 0.000) and TDR (p = 0.003), the Global Self-Esteem (p = 0.001) and Physical Self-Esteem in the fields of Functioning (p = 0.021), physical health (p = 0.001), Sports Competence (p = 0.002), Physical

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Strength (p = 0.000) and physical self-esteem (p = 0.035). In relation to the group of aquatic aerobics only occurs improvements in Global Self-Esteem (p = 0.037), and Physical Health (p = 0.007) and Physical Strength (p = 0.008) of Physics of Self Esteem. It was concluded from this study that both intervention programs generally have a positive effect in the Global Cognitive Function and Self Esteem and Physics of the elderly. However, it is noted that the Aquatic Psychomotricity compared to aquatic aerobics caused greater effects in the cognitive function, in the variables that were assessed, and physical self-esteem, verifying significant values in virtually all areas evaluated.

The results of the study allow us to conclude that the aquatic aerobics intervenes in improving the self esteem of the elderly, while aquatic Psychomotricity has benefits in the self esteem and cognitive function. One can thus say that the Aquatic Psychomotricity should be an option to consider when it comes to work cognitive aspects and of self-esteem in the elderly population.

Key - words

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Índice Geral

Resumo V

Abstract VII

Índice Geral IX

Índice de Figuras XI

Índice de Tabelas XII

Lista de Abreviaturas XIII

1. Introdução 1

2. Estudo 1 - Efeito e interação entre idade, género, nível de escolaridade e

actividade física na função cognitiva e auto estima nos idosos 7

 Resumo 8  Abstract 9  Intrudução 9  Metodologia 11  Resultados 14  Discussão 17  Conclusões 18  Referências Bibliográficas 19

3. Estudo 2 - Efeito de um Programa de Psicomotricidade Aquática comparativamente ao de Hidroginástica na Função Cognitiva e Auto Estima nos Idosos 21

 Resumo 22

 Abstract 23

 Introdução 24

 Metodologia 26

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 Discussão 34  Conclusões 35  Referências Bibliográficas 36 4. Conclusões 39 5. Propostas Futuras 41 6. Referências Bibliográficas 43 7. Anexos 46

Anexo I- Consentimento Livre e Informado para

Grupo de Hidroginástica 47

Anexo II – Consentimento Livre e Informado para Grupo de

Psicomotricidade Aquática 49

Anexo III – Questionário Sócio Demográfico e Clínico 51

Anexo IV – Mini Exame do Estado Mental 53

Anexo V – Teste do Desenho do Relógio 56

Anexo VI – Escala de Auto Estima de Rosenberg 57

Anexo VII – Perfil de Auto Percepção Física

(Versão Clínica Reduzida) 58

Anexo VII – Questionário de Avaliação do Programa

de Psicomotricidade Aquática 61

Anexo VII – Plano de Sessão de Psicomotricidade Aquática 62

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Índice de Figuras

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Índice de Tabelas

Tabela 1 – Análise Descritiva das variáveis dependentes (Estudo 1) 14 Tabela 2 – Média e Desvio padrão das variáveis significativas resultantes da Estatística

Descritiva (Estudo 1) 15

Tabela 3 – Efeitos principais e interacções das variáveis independentes da Função Cognitiva

e Auto Estima (Estudo 1) 16

Tabela 1 – Características demográficas e variáveis dependentes nos dois grupos na avaliação

inicial (Estudo 2) 30

Tabela 2 – Comparação do Pré e Pós-Teste nos dois Grupos de Intervenção (Estudo 2) 31 Tabela 3 – Respostas ao Questionário de Avaliação do Programa de Psicomotricidade

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Lista de Abreviaturas AC – Atração Corporal AF – Auto Valorização Física CD – Competência Desportiva

EAE – Escala de Auto Estima de Rosenberg F – Funcionalidade

FF – Força Física HG - Hidroginástica

MEEM – Mini Exame do Estado Mental PAPF – Perfil de Auto Percepção Física PA – Psicomotricidade Aquática

SF – Saúde Física

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1.Introdução

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (2011), em Portugal cerca de 19% da população total tem 65 ou mais anos de idade, o que representa 2,023 milhões de pessoas idosas, sendo este número mais agravado se tivermos em conta que só na última década o aumento da população idosa representou 19%. Ao longo dos últimos anos a pessoa idosa devido ao aumento da esperança de vida, vive uma nova realidade social, que lhe oferece um maior tempo livre, mas em que este se torna difícil e angustiante, sem os meios necessários para o idoso o saber viver. Assim, sem meios ou actividades, para o idoso ocupar o seu tempo, verificam-se alterações físicas e psicológicas, que condicionam de forma negativa os estilos de vida no idoso, permanecendo a maior parte do seu tempo em repouso (Garcia 1999, citado por Freitas 2008), aumentando dessa forma o risco de patologias, que estão fortemente associadas ao sedentarismo (American College Science Medicine – ACSM, 1998, citado por Freitas 2008). O envelhecimento populacional é um assunto que deve ser tratado com todo o cuidado, devendo ser promovidas e incentivadas alternativas que visem a promoção de um envelhecimento saudável, potencializando a manutenção da autonomia e independência da população idosa (Ribeiro, Cavalli, Cavalli, Pogorzelski, Prestes & Ricardo, 2012), uma vez que maior longevidade não é garantia de qualidade de vida, em que são os factores biopsicossociais, que vão determinar ou não a vivência de uma velhice saudável (Vitoreli, Pessini & Silva, 2005). O processo de envelhecimento caracteriza-se por um declínio na eficiência de todos os componentes biológicos, aumentando desta forma a vulnerabilidade entre doenças crónicas e agudas. Contudo, este declínio é muito heterógeno, o que difere bastante de indivíduo para indivíduo (Fernández-Ballesteros, 2009). O Idoso não é apenas um ser biológico, é também um ser biopsicossocial, que se desenvolve ao longo da vida, num processo contínuo e dinâmico (Gould, 1997, citado por Fernández-Ballesteros, 2009). Este processo implica a ocorrência de experiências comportamentais e psicológicas, que resultam da interação com componentes externas de índole sociocultural, económica e ambiental. Portanto, a forma como o ser humano age, pensa e sente e o modo como se relaciona com as circunstâncias ambientais e históricas, é fundamental na forma como cada indivíduo envelhece (Bandura, 1987 citado por Fernández-Ballesteros, 2009).

Com o envelhecimento da população, é necessário a realização de novas medidas, que sejam direccionadas para a população idosa, para que possam usufruir de uma velhice

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constituem um factor que de forma incondicional é afectado pelo processo de envelhecimento, entre muitos outros, sendo inevitável também a diminuição da Auto-Estima face às perdas progressivas das capacidades funcionais nos idosos. A função cognitiva pode ser definida como consciência, percepção e julgamento crítico, podendo o desenvolvimento cognitivo envolver processos de percepção, atenção, ação, solução de problemas, memória e a construção de imagens mentais (Umphread, 2009). São as funções cognitivas que estabelecem os processos, pelo qual o indivíduo recebe, armazena e utiliza a informação (Molina e Tarrés, 2004).

A Auto Estima tem sido objecto dos mais diversos estudos nos últimos anos, devido à sua enorme influência no desenvolvimento psicológico do ser humano. Para Rosenberg (1979), a auto estima é uma avaliação que o indivíduo constrói a respeito do seu próprio valor. Na Terceira idade, a auto estima é considerada fundamental, na aquisição e manutenção de um nível satisfatório da qualidade de vida (Costa, 2000). Com o processo de envelhecimento, ocorrem alterações físicas e psicológicas que influenciam significativamente na integração e realização pessoal do idoso, podendo resultar na diminuição da auto estima (Shieman e Campbell, 2001). Alguns estudos acerca desta temática, fundamentam a manutenção ou aumento dos níveis de auto estima na idade adulta (Abrantes, 1998). Por outro lado, há pesquisas que mostram haver uma associação negativa entre auto estima e a variável idade, que implica a perda dos sentimentos de valor próprio, devido ao surgimento de mudanças importantes no decorrer da vida (Shieman & Campbell, 2001). Outro autor, Lima (2002), diz que independentemente da idade, grande parte dos estudos refere que os indivíduos do sexo masculino revelam níveis mais elevados de auto estima face aos indivíduos do sexo feminino. No que se refere à associação entre a actividade física e auto estima, Sonstroem (1984) conclui que a participação em programas de actividade física está relacionada com o aumento da pontuação dos indivíduos nos testes de auto-estima, argumentando com o seu estudo que a auto estima pode aumentar de forma significativa com a actividade física. Assim, mediante o que foi anteriormente exposto, parece não existir um consenso na relação entre sexo, idade, actividade física e auto estima, pelo que o presente estuda vai tentar encontrar algumas respostas no sentido de esclarecer estas relações.

Para se combater ou atenuar este processo de retrogénese, podem ser utilizadas várias formas de intervenção, que permitem manter o idoso activo, fazendo com que a sua funcionalidade física e mental se mantenha saudável durante um maior período de tempo. A Hidroginástica e a Psicomotricidade Aquática são duas medidas de intervenção que vão

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permitir ao idoso manter ou retardar as suas capacidades funcionais, físicas e psíquicas, contribuindo de forma significativa para o aumento da qualidade de vida.

A Hidroginástica ainda não é consensual quanto à sua definição, existindo diversos conceitos, construídos por diversos autores. Para Teixeira (2010), a Hidroginástica é uma actividade física dirigida para a saúde do indivíduo, que compreende sessões que incluem exercícios executados em meio aquático, podendo ser realizados com o apoio de material auxiliar. Segundo Adami (2003), a Hidroginástica pode ser a realização de actividade física de forma agradável, usando para tal a criatividade da resistência natural da água e a impulsão da mesma para promover o exercício de baixo impacto, tornando a sua realização divertida e eficaz. A hidroginástica pode ainda ser definida como uma forma alternativa de actividade física, constituída por exercícios aquáticos específicos (Oliveira, 2005), podendo os mesmos ser baseados no benefício da resistência da água como sobrecarga (Bonachela, 2001). A actividade física realizada em meio líquido pode ter um vasto número de benefícios para pessoas de todas as faixas etárias, especialmente para a população idosa, uma vez que, a realização de exercício em água quente (entre 27 e 31 graus centígrados), pode aumentar o transporte de sangue para os músculos, além de aumentar a produção de energia e diminuir consequentemente a tensão arterial (Gaines, 2000). Para Barbosa (2000), a realização de actividade física em meio líquido tem uma serie de benefícios em comparação com a actividade física realizada em meio terreste, tais como: diminuição do efeito da gravidade, pela força de impulsão hidrostática; maior rapidez e eficácia no fortalecimento muscular, pela resistência ao deslocamento ser superior na água; maior consumo energético; pouco desconforto na realização dos exercícios não havendo presença de suor; meio facilitador das relações interpessoais em indivíduos com baixos níveis de auto estima, uma vez que o seu corpo, e por conseguinte a insatisfação com o mesmo, não é tão evidente, pois não está tão exposto a terceiros, face ao que se verificaria em meio terrestre. Também, segundo Bonachela (1994) e Rocha (2001), a Hidroginástica oferece ao indivíduo a possibilidade de uma melhor qualidade de vida, pois integra um conjunto de benefícios de ordem anatomofisiológica, sócio afectivos e de benefícios cognitivos, sendo ainda importante referir que ao nível das capacidades físicas, se verifica um aumento da coordenação, agilidade, cinestesia, percepção, esquema corporal, velocidade de reacção, melhoria do equilíbrio e da lateralidade.

No âmbito do nosso estudo é também importante falar de outra forma de intervenção, a Psicomotricidade, sendo importante caracterizar a sua definição, caracterização, além da sua

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Segundo Fonseca (1992, 2001), a motricidade é o meio através do qual a inteligência se constrói e organiza, além de ser o meio através do qual a inteligência se manifesta, sendo aqui que a Psicomotricidade possui uma função intencional e de modificação, implicando a tomada de consciência, motivação e um sistema de representações. Também a Associação Portuguesa de Psicomotricidade (s/d) tem uma definição de Psicomotricidade, definindo-a como “o campo transdisciplinar que estuda e investiga as influências recíprocas e sistémicas entre o psiquismo e a motricidade”, indicando que o indivíduo integra um conjunto de funções cognitivas, socioeconómicas, simbólicas, psicolinguísticas e motoras, de forma a promover a capacidade de ser a agir num contexto biopsicossocial.

Na pessoa idosa, a intervenção psicomotora, tem como objectivo a manutenção ou reabilitação dos fatores psicomotores (tonicidade, equilíbrio, lateralidade, noção do corpo, estruturação espácio-temporal, praxia global e fina), de forma a desenvolver as capacidades que permitam adaptações às mudanças corporais e psicossociais (Morais, 2007). No idoso pretende-se valorizar as suas capacidades, para que assim consiga enfrentar as suas limitações ou perdas físicas, e possa estimular hábitos pessoais de saúde, levando o idoso a pensar as suas atitudes, levando posteriormente a se adaptar às mudanças que vão surgindo ao longo do processo de envelhecimento (Ovando & Couto, 2010). A Psicomotricidade pode incidir em três níveis de intervenção (Rodríguez, 2003): primária, secundária e terciária. A intervenção primária deve ser feita junto dos idosos saudáveis, evitando o aparecimento de patologias associadas ao processo de envelhecimento (Rodríguez, 2003). A intervenção secundária pretende fazer uma reabilitação dos idosos que já apresentam alguns défices cognitivos ou na sua capacidade funcional, tendo como objectivo preservar as capacidades que se mantêm intactas e estimular as que já se encontram em deterioração (Rodríguez, 2003). Por último, a intervenção terciária, é aplicada quando a pessoa já tem um diagnóstico estabelecido, apresentando evidentes défices cognitivos e funcionais, sendo a intervenção dirigida no sentido de elaborar estratégias que vão de encontro à superação das dificuldades apresentadas, retardando os efeitos da patologia, promovendo a autonomia da pessoa no seu quotidiano, contribuindo de forma positiva para a sua capacidade funcional e de qualidade de vida (Rodríguez, 2003). A psicomotricidade não deve ser vista como uma solução para o envelhecimento, mas deve ser encarada como um processo preventivo e que atua nas modificações somáticas, psíquicas e psicomotoras, mais concretamente no equilíbrio, processamento de informação, organização práxica, estruturação espácio-temporal e processo relacional (Pereira, 2004).

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A intervenção psicomotora pode ser realizada em meio aquático, trabalhando de igual forma objectivos cognitivos, motores e psicomotores, de forma a permitir um desenvolvimento harmonioso e integral do indivíduo (Freitas & Silva, 2010). No meio aquático os fatores psicomotores podem ser trabalhados, em que os seguintes autores Varela, Duarte, Sereno, Dias e Pereira (2000), descrevem o efeito que o meio aquático tem sobre os fatores psicomotores: na Tonicidade, a água quente da piscina diminui de forma temporária a espasticidade e a rigidez muscular. Por outro lado a impulsão da água e a redução da resistência ao movimento através da água quente facilitam o restabelecimento do tónus muscular; na Equilibração, o facto de o indivíduo se encontrar numa posição horizontal permite alterações nas sensações labirínticas, nas sensações oculares, nas sensações plantares e nas sensações do tónus de manutenção; em relação à Lateralização, a água permite a estimulação proprioceptiva e exteroceptiva, facilitando o desenvolvimento cognitivo; na Noção do Corpo, a água ajuda na aquisição de uma maior consciencialização do corpo e de si próprio; relativamente à Estruturação Espácio-Temporal, o deslocamento na água, com diferentes sentidos, direcções e trajectórias, desenvolvem as relações espaciais. No que se refere às noções de tempo, aquando da realização de atividades propostas, o ritmo com que são realizadas deve ser tido em conta, controlando a respiração e até mesmo os movimentos propulsivos; por último, na Praxia Global e Fina, o meio aquático permite que estes fatores sejam trabalhados no sentido de haver uma evolução na execução cada vez mais coordenada e competente na realização das habilidades aquáticas.

Assim, o objectivo geral do nosso estudo é verificar qual o impacto que a Hidroginástica e a Psicomotricidade no Meio Aquático têm sobre a Função Cognitiva e a Auto Estima, e qual o tipo de intervenção que permite obter melhores resultados.

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Efeito e interação entre idade, género, nível de escolaridade e atividade física na função cognitiva e auto estima em idosos

Nunes.F1, Coelho.E2, Mourão.I2

1

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal;

2Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Departamento de Ciências do Desporto, Exercício e Saúde, CIDESD;

Resumo

O objetivo deste estudo é verificar o efeito e interação entre idade, género, nível de escolaridade e actividade física na função cognitiva e auto estima em idosos. A amostra foi constituída por 42 idosos (29 mulheres e 13 homens), com idades compreendidas entre os 54-80 anos de idade (66,17±5,75). Para avaliação da Auto Estima Global foi utilizada a Escala de Auto Estima de Rosenberg (EAE) e o Perfil de Auto Percepção Física (PAPF) para avaliação da Auto Estima Física (PSPP). O Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e o Teste do Desenho do Relógio (TDR) foram os testes utilizados para avaliação da Função Cognitiva. Relativamente à Função Cognitiva obtiveram-se valores médios no MEEM de 28,02 (±0,99) e 13,07 (±3,38) no TDR. Ao nível da Auto Estima Global registaram-se valores médios de 34,40 (±2,71), e na Auto Estima Física o valor médio mais elevado verifica-se na Funcionalidade 10,81 (±1,31). Os resultados do efeito e interacção das variáveis independentes demostram que existe um efeito da Escolaridade (p=0,040) na Função Cognitiva e da Atividade Física (p=0,010) no domínio da Competência Desportiva. A interação entre a Escolaridade e o Género apenas foi significativo no MEEM (p=0,012). Concluindo, verificou-se um efeito da Escolaridade na Função Cognitiva e da Atividade Física na Competência Desportiva. As mulheres com nível de Escolaridade superior ao 3ºciclo, apresentaram valores superiores a nível cognitivo, comparativamente aos homens, que apresentam um desempenho cognitivo menor. Pode-se assim dizer, que os idosos com um nível de ensino mais elevado têm uma melhor função cognitiva e, os idosos ativos evidenciam uma auto estima global e física mais elevada.

Palavras-Chave

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Abstract

The objective of this study is assess the effect and interaction between age, gender, education level and physical activity in the cognitive function and self esteem in elderly. The sample consisted of 42 older adults (29 women and 13 men), aged between 54-80 years of age (66.17 ± 5.75). To evaluate the Self Esteem was used Scale Global Self-Esteem Rosenberg (EAE) and the Physical Self Perception Profile (PSPP) was used to evaluate the Physical Self Esteem. The Mini Mental State Examination (MMSE) and the Clock Drawing Test (CDT) tests were used to evaluate cognitive function. In relation to the cognitive function yielded average values in MMSE of 28.02 (± 0.99) and 13.07 (± 3.38) in the TDR. In relation to the Global Self Esteem there were average values of 34.40 (± 2.71) and Physical Self Esteem highest average value there is in Functionality 10.81 (± 1.31). The results of the effect and interaction of the independent variables show that there is an effect of education (p = 0.040) in Cognitive Function and Physical Activity (p = 0.010) in the field of Sports Competence. The interaction between Education and Gender was only significant in the MMSE (p = 0.012). In conclusion, there was an effect of schooling in the Cognitive Function and Physical Activity in the Sports Competence. Women with higher levels of schooling to 3ºciclo had higher values on the cognitive level, compared to men, who have low cognitive performance. One can thus say that elderly people with a higher level of education have a more effective cognitive function and active seniors in physical terms also show a higher global self esteem and physical.

Keywords

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Introdução

É frequente considerarmos que o processo de envelhecimento implica o aparecimento de défices e perdas ao nível cognitivo e do comportamento. Este aspecto, não é apenas intuitivo, como é reforçado por vários resultados obtidos em diversas pesquisas científicas.

Com o avançar da idade, umas das ocorrências mais importantes que se verifica é o declínio no desempenho cognitivo. A função cognitiva é o processo mental através do qual o indivíduo adquire o conhecimento das ideias, as percebe e compreende. Engloba várias áreas da cognição, como a percepção, pensamento, raciocínio, memória, aprendizagem, atenção, vigilância e resolução de problemas (Chodzoko-Zajko & Moore, 1994). Outros aspectos, como o funcionamento psicomotor (tempo de reacção, tempo de movimento e velocidade de desempenho), têm com alguma frequência sido incluídos neste conceito (Chodzoko-Zajko & Moore, 1994).

Embora, as funções cognitivas referidas anteriormente, sofram um declínio pelo processo de envelhecimento, uma vez que, a partir da terceira década de vida sucede uma perda de neurónios, acompanhados por um declínio da função cognitiva, existem certas habilidades cognitivas que se mantêm intactas ou ainda melhoram com o envelhecimento, como é o caso do conhecimento verbal ou da compreensão. No entanto, certas funções cognitivas que foram adquiridas, mas não executadas, tendem a sofrer um maior declínio (Antunes, Santos, Cassilhas, Santos, Bueno & Mello, 2006).

Quando se fala em declínio da função cognitiva, é importante se relacionar este aspecto com o nível de escolaridade, uma vez que, o nível educacional do indivíduo pode influenciar o desempenho nos testes de avaliação cognitiva (Coelho, Vital, Vovais, Costa, Stella & Galduroz, 2012). Xavier (2006, citado por Coelho et al., 2012), afirma que os idosos que têm um menor nível de ensino e na ausência de demência, apresentam um baixo desempenho em praticamente todos os testes cognitivos. Segundo Ávila (2009, citado por Coelho et al., 2012), num estudo realizado, verificou uma influência do nível de escolaridade na velocidade de processamento, atenção, funções executivas, memória e inteligência, concluindo que os indivíduos com maior nível de ensino apresentaram um desempenho positivo nos testes que avaliam os domínios cognitivos referidos anteriormente. Os autores afirmam ainda que o desempenho pode ser resultado de vários anos de ensino formal, tornando o cérebro mais resistente e flexível a certas doenças ou alterações comuns, resultantes do processo de envelhecimento (Coelho et al., 2012).

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A prática de actividade física sistematizada deve igualmente ser abordada com importância, quando se fala da função cognitiva, uma vez que a actividade física provoca uma melhoria substancial na mesma (Hillman, Erickson & Kramer, 2008; Kramer, Erickson & Colcombe, 2006), pois indivíduos fisicamente ativos apresentam um melhor desempenho cognitivo, quando comparados a indivíduos menos ativos, podendo existir uma relação diferenciada entre escolaridade e função cognitiva (Coelho, et al., 2012).

O declínio no desempenho cognitivo, em certos casos, pode provocar alterações na qualidade de vida do sujeito e até mesmo na sua auto estima (Argimon, 2006). A auto estima segundo Branden (1999), é a sensação de capacidade que as pessoas têm para fazer frente aos desafios da vida e de conseguirem ser dignamente felizes. Quando se fala em auto estima é preciso ter em atenção que esta é formada pela imagem que cada pessoa tem de si (auto imagem), tendo esta de ser associada ao autoconceito, que é elaborado pelos estímulos e informações que cada pessoa recebe do seu meio social (Santos, 2001).

Posto isto, o objetivo deste estudo é verificar o efeito e interação entre idade, género, nível de escolaridade e actividade física na função cognitiva e auto estima em idosos.

Metodologia Amostra

A amostra foi constituída por 42 idosos, com idades compreendidas entre os 54 e os 80 anos de idade (66,17±5,75), 29 (69,0%) mulheres e 13 (31,0%) homens, da Universidade Sénior de Amarante e do Projeto “Amarante Vida Longa”. Relativamente ao nível de escolaridade, 22 (52,4%) idosos terminaram o 1º ciclo, 3 (7,1%) o 2º ciclo, 4 (9,5%) o 3º ciclo, 5 (11,9%) o Ensino Secundário e 8 (19,0) o Ensino Superior. Os idosos da amostra, em média praticam actividade física à 4,64 (±5,79) anos, variando entre os que nunca praticaram e os que já praticam à 25 anos. Os critérios de inclusão definiram que os indivíduos deveriam ter idade igual ou superior a 50 anos de idade e não ter qualquer tipo de demência, nem incapacidade física, já que todos eles possuíam um atestado médico, que os classificavam como aptos para a prática de actividade física. Todos os participantes do estudo assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido a autorizar a recolha de dados para efeitos científicos.

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Instrumentos e Procedimentos Questinário Sócio-Demográfico

Para a recolha dos dados foi elaborado um questionário sócio-demográfico, de forma a ser reunida informação útil e necessária para o estudo, em que definimos o género (feminino, masculino); a idade; o estado civil (casado, solteiro, divorciado e viúvo); habilitações literárias (divididas em diferentes níveis de ensino); história clínica básica e tempo de prática de actividade física.

Função Cognitiva

Para a avaliação da Função Cognitiva foi utilizado o Mini Exame do Estado Mental (MEEM) de Folstein, Folstein & McHugh (1975), traduzido e adaptado para a população portuguesa por Guerreiro, Silva, Botelho, Leitão, Caldas & Garcia, (1994), que permite a sua aplicação num curto espaço de tempo e é extremamente eficaz na deteção da deterioração cognitiva (Guerreiro, 2010). É constituído por um total de 30 itens, que avaliam diversas funções cognitivas, como a orientação espácio-temporal (10 pontos), memória de retenção e evocação (6 pontos), atenção e cálculo (5 pontos), linguagem (8 pontos) e habilidade construtiva (1 ponto), num total de 30 pontos. A aplicação deste teste de avaliação tem a duração média de 5 a 15 minutos. Definiram-se para a população portuguesa, acima dos 40 anos de idade, os seguintes valores de corte: Analfabetos ≤15 pontos; 1 a 11 anos de escolaridade ≤22 pontos; com escolaridade superior a 11 anos ≤27 pontos (Guerreiro et al., 1994; Guerreiro, 1998), sendo os indivíduos classificados segundo a pontuação total obtida. O teste foi aplicado individualmente a cada indivíduo, tendo o responsável do estudo recebido a formação necessária por parte de um Psicólogo para correta aplicação.

O Teste do Desenho do Relógio de Shulman (1986) traduzido e validado para a população portuguesa por Santana, Duro, Freitas, Alves & Simões (2013), foi igualmente utilizado na avaliação da função cognitiva. Foi utilizado o sistema de cotação quantitativo de 18 pontos de Babins, Slater, Whitehead & Chertkow (2008), que traduzido para a população portuguesa por Santana et al., (2013) se encontra dividido em cinco componentes principais

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de pontuação: máximo de 2 pontos para a integridade do mostrador; máximo de 2 pontos para o centro do relógio; 6 pontos para avaliação dos números do relógio; 6 pontos para os ponteiros e máximo de 2 pontos para a gestalt/aspeto global do relógio. O teste foi aplicado de forma individual, sendo fornecido ao indivíduo avaliado uma folha A4 branca, solicitando-se o desenho do mostrador de um relógio, com todos os números correspondentes e os ponteiros a marcar 11h:10min.

Auto Estima

Para análise da Auto-Estima global foi utilizada a Escala de Auto-Estima de

Rosenberg (1965), traduzida e adaptada para a população portuguesa por Santos & Maia

(2003). Esta escala é composta por 10 itens, cinco positivos e cinco negativos, distribuídos de forma heterogénea com o objectivo de reduzir a resposta direccionada. É uma escala do tipo Likert, com quatro alternativas de resposta entre 1 (concordo completamente) a 4 (discordo completamente). As pontuações variam entre 10 e 40, onde os valores mais elevados reflectem uma auto estima global elevada (Santos & Maia, 2003). Este é um instrumento de medida breve, global e unidimensional da auto estima, aplicado a pessoas de qualquer idade (Pais Ribeiro, 2007). Foi calculada a consistência interna da escala através do Alpha de Cronbach, tendo sido obtido o valor de 0,71 o que revela uma boa consistência interna.

Para avaliação da Auto Estima Física foi utilizado o Perfil de Auto Percepção Física

de Fox & Corbin (1989), traduzido e validado para a população portuguesa por Ferreira

(2006) e será utilizada juntamente com a Escala de Auto Estima de Rosenberg, permitindo verificar quais os mecanismos que modificam a auto estima através da actividade física ou desportiva (Fonseca & Fox, 2002). Para o nosso estudo foi utilizada a versão portuguesa do Perfil de Auto Percepção Física de 18 itens (versão reduzida), permitindo uma avaliação mais rápida, diminuindo os níveis de fadiga no idoso. Segundo Carlos (2011), e de acordo com os autores referidos anteriormente, o Perfil de Auto Percepção Física avalia os seguintes domínios: Funcionalidade (1,7,13); Saúde Física (2,8,14); Competência Desportiva (3,9,15); Atracção Corporal (4, 10, 16); Força Física (5,11,17) e Auto Valorização Física (6,12 e 18). Relativamente ao sistema de cotação, existem itens com os valores invertidos (Ex. 1 deve ser substituído por 4, o 2 por 3, o 3 por 2 e o 4 por 1 (Fonseca et al., 2002). Foi calculada a consistência interna da escala através do Alpha de Cronbach, tendo sido obtido para cada um

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dos domínios os seguintes valores: Funcionalidade – 0,76; Saúde Física – 0,75; Competência Desportiva – 0,77; Atração Corporal – 0,70; Força Física – 0,78; Auto Valorização Física – 0,67.

Procedimentos

Foi utilizada a Análise Estatística para análise e tratamento das variáveis do nosso estudo, através do Programa Estatístico IBM SPSS Statistcs 20. Previamente foi efetuada a análise exploratória dos dados de forma a avaliar a normalidade da distribuição dos dados recolhidos e a presença de outliers, utilizando-se para o efeito o teste de Shapirov-Wilk. Para a Estatística Descritiva foi utilizada a Média e o Desvio Padrão nas variáveis contínuas. No que diz respeito à Estatística Inferencial foi utilizado uma MANOVA, de forma a verificar o efeito e a interação das variáveis independentes (Idade, Género, Nível de Escolaridade e Atividade Física) na função cognitiva e auto estima. O nível de significância para todos os testes estatísticos foi fixado em p≤0,05.

Resultados

A tabela 1 apresenta a análise descritiva das variáveis dependentes deste estudo.

Tabela 1: Análise Descritiva das variáveis dependentes

N Min. Máx. Média DP MEEM 42 26,00 30,00 28,02 0,99 TDR 42 4,00 18,00 13,07 3,38 EAE 42 29,00 40,00 34,40 2,71 PAPF Funcionalidade 42 7,00 12,00 10,81 1,31 Saúde Física 42 6,00 12,00 9,36 1,59 Competência Desportiva 42 5,00 12,00 8,45 1,93 Atracção Corporal 42 4,00 12,00 9,05 1,86 Força Física 42 6,00 12,00 9,36 1,65 Autovalorização Física 42 6,00 12,00 9,38 1,36

MEEM – Mini Exame do Estado Mental; TDR – Teste do Desenho do Relógio; EAE – Escala de Auto Estima

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Com base nos dados apresentados, foi possível verificar que os valores obtidos para a função cognitiva são elevados. De igual forma, também se verificou resultados bastante satisfatórios na Auto Estima Global e Física, registando-se através das escalas aplicadas, valores muito perto dos máximos pontuáveis, definidos pelas mesmas.

Tabela 2: Média e Desvio Padrão das variáveis significativas resultantes da Estatística Descritiva

MEEM TDR EAE PAPF

F SF CD AC FF AF Género Feminino (n=29) 27,97 ±1,12 13,38 ±3,29 34,34 ±2,96 10,89 ±1,26 9,24 ±1,70 8,48 ±1,99 8,86 ±1,75 9,38 ±1,63 9,41 ±1,32 Masculino (n=13) 28,15 ±0,69 12,38 ±3,62 34,54 ±2,15 10,62 ±1,45 9,62 ±1,33 8,38 ±1,85 9,46 ±2,11 9,31 ±1,75 9,31 ±1,49 Idade <65 anos (n=18) 28,50 ±0,92 14,61 ±3,42 34,50 ±3,17 10,76 ±1,31 9,61 ±1,85 8,89 ±1,68 8,94 ±1,92 9,17 ±1,76 9,50 ±1,04 ≥65 anos (n=24) 27,67 ±0,92 11,92 ±2,92 34,33 ±2,37 10,83 ±1,34 9,17 ±1,37 8,13 ±2,07 9,13 ±1,85 9,50 ±1,59 9,29 ±1,57 Escolaridade 1º e 2º ciclos (n=25) 27,60 ±0,76 12,28 ±2,73 34,20 ±2,42 10,88 ±1,33 9,24 ±1,45 8,56 ±1,89 8,68 ±1,97 9,40 ±1,58 9,32 ±1,31 >3º ciclo (n=17) 28,65 ±0,99 14,24 ±3,96 34,71 ±3,14 10,71 ±1,31 9,53 ±1,81 8,29 ±2,02 9,59 ±1,58 9,29 ±1,79 9,47 ±1,46 AF ≤ 4 anos de AF (n=28) 28,07 ±1,15 12,93 ±3,59 34,11 ±2,83 10,43 ±1,39 9,11 ±1,52 8,00 ±1,91 9,04 ±1,89 9,18 ±1,61 9,21 ±1,39 >5 anos de AF (n=14) 27,93 ±0,62 13,36 ±3,00 35,00 ±2,42 11,57 ±0,65 9,86 ±1,66 9,36 ±1,69 9,07 ±1,86 9,71 ±1,73 9,71 ±1,27 p≤0,05*

MEEM – Mini Exame do Estado Mental; TDR – Teste do Desenho do Relógio; EAE – Escala de Auto Estima

de Rosenberg; PAPF – Perfil de Auro Percepção Física; F – Funcionalidade; SF – Saúde Física; CD – Competência Desportiva; AC – Atracção Corporal; FF – Força Física; AF – Auto Valorização Física;

Os valores obtidos na função cognitiva e na auto estima global e física são semelhantes no que se refere ao género. Foi possível também verificar que os idosos com menos de 65 anos e com um nível de ensino superior ao 3º ciclo apresentam valores superiores na função cognitiva e na auto estima global e física, ainda que pouco expressivos, em relação aos idosos com menos de 65 anos e com escolaridade inferior ao 3ºciclo. No que

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se refere à actividade física, apenas num dos testes que avalia a função cognitiva (MEEM), os idosos com mais de 5 anos de prática de actividade física, obtiveram valores inferiores, apesar de pouco expressivos, face aos idosos com tempo de prática inferior.

Tabela 3: Efeitos principais e interações das variáveis independentes da Função Cognitiva e Auto Estima

MEEM TDR EAE PAPF

F SF CD AC FF AF Efeitos Principais - Género 0,505 0,650 0,388 0,917 0,219 0,434 0,779 0,735 0,742 - Idade 0,957 0,073 0,896 0,967 0,369 0,150 0,488 0,193 0,819 -Escolaridade 0,040* 0,791 0,991 0,438 0,317 0,092 0,358 0,796 0,831 - Atividade Física 0,974 0,349 0,097 0,065 0,054 0,010* 0,939 0,132 0,142 Interações 2 níveis - Idade x Género 0,522 0,318 0,494 0,077 0,455 0,348 0,346 0,777 0,847 - Idade x Escolaridade 0,213 0,798 0,971 0,558 0,847 0,743 0,567 0,066 0,981 - Idade x AF 0,304 0,569 0,418 0,853 0,337 0,980 0,316 0,398 0,370 -Escolaridade x Género 0,012* 0,606 0,254 0,852 0,455 0,616 0,886 0,352 0,866 -Escolaridade x AF 0,679 0,553 0,983 0,932 0,394 0,990 0,656 0,509 0,984 - AF x Género 0,532 0,070 0,271 0,771 0,400 0,374 0,939 0,134 0,266 p≤0,05*

MEEM – Mini Exame do Estado Mntal; TDR – Teste do Desenho do Relógio; EAE – Escala de Auto Estima

de Rosenberg; PAPF – Perfil de Auto Percepção Física; F – Funcionalidade; SF – Saúde Física; CD – Competência Desportiva; AC – Atracção Corporal; FF – Força Física; AF – Auto Valorização Física;

Na tabela 3 verificou-se um efeito significativo da Escolaridade na Função cognitiva (p=0,040) obtido no MEEM, apresentando os idosos valores superiores na Função Cognitiva, quanto maior o nível de escolaridade. A interação entre escolaridade e género é significativo na função cognitiva (p=0,012), através do MEEM. Como se pode verificar na figura 1 os homens com o 1º e 2º ciclo de escolaridade apresentam valores superiores no MEEM, enquanto nos idosos com escolaridade superior ao 3º ciclo, são as mulheres que apresentam valores superiores no MEEM, isto é, quanto mais elevado o nível de ensino, mais

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Verificou-se ainda um efeito da actividade física na competência desportiva e também na funcionalidade e saúde física, apesar de nestes dois últimos domínios os valores serem pouco significativos.

Figura 1 – Efeito da Escolaridade x Género no MEEM

Discussão

No nosso estudo a variável idade não se revelou influente na função cognitiva dos idosos, o que converge com os resultados obtidos por Wilson, Becket, Bennet, Albert & Evens (1999), que não verificaram uma reciprocidade entre a idade dos indivíduos e o declínio cognitivo dos mesmos. Ainda, para corroborar este resultado, Guerreiro (1993), citado por Maia & Costa (2004) não verificaram uma relação positiva entre idade e a função cognitiva, pelos resultados gerais obtidos no MEEM.

Um dos principais fatores que provoca diferenças nas pontuações dos testes cognitivos é a escolaridade (Chin, Negash, Arnold & Hamilton, 2012), existindo diversos autores que indicam uma associação entre o desempenho cognitivo e o nível de escolaridade. Num estudo efectuado para determinar quais os motivos que levam os indivíduos a obter baixos valores no MEEM, à excepção dos casos de demência, os autores verificaram que problemas visuais, auditivos e o baixo nível de escolaridade, são os principais fatores para baixas pontuações, numa percentagem da amostra avaliada (Raiha, Isoaho, Ojanlatva, Viramo, Sulkova & Kivela, 2001). No entanto, um elevado nível de ensino pode ser considerado um fator de protecção neuronal, como também um dificultador no diagnóstico do desempenho cognitivo, uma vez

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cognitivos (Coelho, Vital, Novais, Costa, Stella & Galduroz, 2012; Lourenço & Veras, 2006). Também, segundo um estudo efectuado por Brucki, Nitrini, Caramelli, Bertolucci & Okamoto (2003), numa amostra de 433 indivíduos sem problemas de memória, em que foi utilizado o MEEM, concluíram que o nível de ensino foi o principal fator que influenciou as pontuações finais e consequentemente o desempenho da amostra.

Em relação ao género, este variável não mostrou ser estatisticamente significativa ao nível da função cognitiva, no entanto os idosos do sexo masculino obtiveram valores ligeiramente superiores em relação às mulheres, o que vai de encontro ao estudo de Argimon, Lopes, Terroso, Farina, Wendt & Esteves (2012), que indica que idosos do sexo masculino apresentam pontuações mais elevadas no MEEM. Ainda neste estudo, os autores verificaram que os indivíduos com mais anos de ensino obtiveram melhor desempenho no MEEM, verificando-se a influência da variável escolaridade.

Em relação à variável da actividade física, o nosso estudo concluiu que a actividade física influenciou positivamente o domínio da competência desportiva no PAPF, o que vai de encontro ao estudo realizado por Catarino (2011), que indica que todos os domínios do PAPF apresentam valores médios mais elevados nos idosos fisicamente ativos, incluindo o domínio da competência desportiva. No entanto no mesmo estudo, apesar de indicar que todos os domínios do PAPF apresentam valores superiores nos idosos que praticam algum tipo de actividade física regular, também concluem que não houve diferenças estatisticamente significativas no domínio da competência desportiva, entre idosos praticantes e não praticantes de actividade física.

Conclusões

Como conclusões do nosso estudo, foi possível verificar um efeito da escolaridade na Função Cognitiva. As mulheres com nível de ensino superior apresentaram valores mais elevados a nível cognitivo, comparativamente aos idosos do sexo masculino. Com este estudo, e de acordo com outros estudos já publicados, é possível afirmar que idosos com um maior nível de ensino têm uma melhor função cognitiva. Também, com este estudo, verificou-se o efeito da actividade física sobre o domínio da competência desportiva, da escala do Perfil de Auto Percepção física. Idosos activos, apresentam melhores resultados na auto estima global e física.

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Impacto de um Programa de Psicomotricidade Aquática comparativamente a um Programa de Hidroginástica na Função Cognitiva e Auto Estima em Idosos

Nunes.F1, Coelho.E2, Mourão.I2

1 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal;

2Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Departamento de Ciências do Desporto, Exercício e Saúde, CIDESD;

Resumo

O objectivo deste estudo é verificar o impacto de um Programa de Psicomotricidade Aquática e um Programa de Hidroginástica na Função Cognitiva e Auto Estima em Idosos. A amostra foi constituída por um total de 40 idosos (29 mulheres e 11 homens), com idades compreendidas entre os 54-80 anos de idade, divididos em dois grupos (Psicomotricidade Aquática e Hidroginástica), que foram submetidos a um período de 5 meses de intervenção, em sessões bissemanais, com a duração de 45 minutos. Para avaliação da Função Cognitiva foi utilizado o Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e o Teste do Desenho do Relógio (TDR), enquanto para a Auto Estima Global utilizou-se a Escala de Auto Estima de Rosenberg (EAE) e o Perfil de Auto Percepção Física (PAPF) para avaliação da Auto Estima Física. Foi utilizado o T-Test para amostras emparelhadas a fim de comparar o pré-teste e o pós-teste de ambos os grupos. No grupo de Psicomotricidade Aquática, obteve-se melhorias estatisticamente significativos na Função Cognitiva, nos testes do MEEM (p=0,000) e TDR (p=0,003), na Auto Estima Global (p=0,001) e na Auto Estima Física, nos domínios da Funcionalidade (p=0,021), Saúde Física (p=0,001), Competência Desportiva (p=0,002), Força Física (p=0,000) e Auto Valorização Física (p=0,035). Em relação ao grupo de Hidroginástica apenas se verifica melhorias na Auto estima Global (p=0,037), na Saúde Física (p=0,007) e Força Física (p=0,008), da Auto Estima Física. Concluiu-se, com estudo, que ambos os Programas de Intervenção de forma geral têm efeito positivo na Função Cognitiva e Auto Estima Global e Física dos idosos. No entanto, é de referir que a Psicomotricidade Aquática comparativamente à Hidroginástica provocou efeitos maiores na Função Cognitiva, nas variáveis que foram avaliadas, e na auto estima física, em que se verificaram valores significativos em praticamente todos os domínios avaliados. Pode-se assim dizer, que a Psicomotricidade Aquática deve ser uma opção a ser considerada, quando se fala em trabalhar aspectos cognitivos e de auto estima na população idosa.

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Abstract

The objective of this study is to assess the impact of a Aquatic Psychomotricity program and Aquatic aerobics program in Cognitive Function and Self Esteem in the Elderly. The sample composed a total of 40 individuals (29 women and 11 men), aged between 54-80 years of age, divided in two groups (Aquatic Psychomotricity and Aquatic aerobics), that were submitted a period of 5 months intervention in biweekly sessions lasting 45 minutes. For assessment of cognitive function was used the Mini Mental State Examination (MMSE) and the Clock Drawing Test (CDT), while for the Global Self Esteem was used the Rosenberg Self Esteem Scale (SES) and the profile of Physical self Perception (PSPP) for evaluation of Physical Self Esteem. T-Test for paired samples was used to compare the pre-test and post-test of both intervention groups. In the group of Aquatic Psychomotricity, there was a statistically significant improvement in cognitive function, the MMSE test (p = 0.000) and CDT (p = 0.003), the Global Self-Esteem (p = 0.001) and Physical Self-Esteem in the fields of Functioning (p = 0.021), physical health (p = 0.001), Sports Competence (p = 0.002), Physical Strength (p = 0.000) and physical self-esteem (p = 0.035). In relation to the group of aquatic aerobics only occurs improvements in Global Self-Esteem (p = 0.037), the Physical Health (p = 0.007) and Physical Strength (p = 0.008), the Physical Self Esteem. It concluded with this study that both Intervention Programmes generally have positive effect on Cognitive Function and Physical Self and Global Estimates of the elderly. However, it is noted that the Aquatic Psychomotricity compared to aerobics caused greater effects on cognitive function, the variables that were assessed, and physical self-esteem, in that significant values in virtually all areas evaluated. One can thus say that the Aquatic Psychomotricity should be an option to consider when it comes to work and cognitive aspects of self-esteem in the elderly population.

Keywords

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Introdução

Face à diminuição das taxas de fecundidade e natalidade, com consequente aumento da esperança média de vida e decréscimo das taxas de mortalidade, vem a verificar-se um aumento significativo da população idosa nos últimos anos, particularmente nos países desenvolvidos (Carvalho, 2009).

Durante o processo de envelhecimento ocorrem diversas alterações nas funções fisiológicas, psicológicas e sociais, alterando comportamentos e estilos de vida, comprometendo a saúde e o bem-estar emocional e social dos idosos, existindo ainda possíveis alterações na auto-estima (Cheick, 2003).

O envelhecimento é definido como um processo normal e natural que se traduz em alterações estruturais e funcionais a nível cerebral, com consequente diminuição das funções cognitivas (percepção, aprendizagem, memória, atenção, vigilância, raciocínio e solução de problemas), e alterações nas funções fisiológicas e sociais, alterando comportamentos e estilos de vida, comprometendo a saúde e o bem estar emocional e social dos idosos, existindo ainda possíveis alterações na auto estima (Antunes, 2006; Cheick, 2003), afectando a qualidade de vida e autonomia dos idosos no seu quotidiano (Vidal, Martínez, Pereira & Patiño, 2011).

Pesquisas recentes demostram que a prática regular de actividade física tem assumido um papel importante na protecção contra desordens degenerativas do sistema nervoso central, pois provoca um aumento da circulação sanguínea cerebral, beneficiando o aparecimento de novos neurónios (neurogénese), pela síntese de neurotrofinas, em várias áreas cerebrais (Banhato, Scoralek, Guedes, Silva & Mota, 2009). Vários estudos vêem mostrar que através da prática de exercício físico em idosos, existe uma melhoria cognitiva, recomendando a American College of Sports Medicine que “a promoção de actividade física em adultos mais velhos deve enfatizar a actividade aeróbia de intensidade moderada” (Nelson, 2007), sendo a prática de exercício físico ao longo da vida um fator protetor do aparecimento de alguma doença neuropatológica (Antunes, 2006; Colcombe & Kramer, 2003).

A hidroginástica é um exemplo de exercício aeróbio, que além de prevenir o declínio cognitivo, também melhora a auto estima e a auto imagem (Mazo, Cardozo & Aguia, 2006), assim como permite o ganho de benefícios a nível fisiológico, biomecânico e psicológico. A diminuição do impacto nas articulações, beneficiando pessoas com artrite, dores nas costas e

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problemas ortopédicos, tem levado a população idosa a aderir a este tipo de prática (Kruel, 2000).

Outro tipo de intervenção que pode beneficiar a população idosa no retardamento da deterioração psicológica é a Psicomotricidade, que tem como objectivo específico a aplicação de programas de estimulação psicomotora (Fonseca, 2001). De acordo com Fonseca (2001) e Borges, Aprahamian, Radanovic & Forlenza (2010) as características mais evidentes, que decorrem do processo de envelhecimento são o declínio das capacidades motoras e cognitivas, a perda de competências sensoriais, perceptivas, emocionais e afectivas, em que os programas psicomotores vão trabalhar todos estes aspectos, utilizando o corpo e o movimento na promoção da qualidade de vida e manutenção da saúde (Fonseca, 2001). A Gerontopsicomotricidade, vertente da Psicomotricidade que é dirigida para a terceira idade, assume um papel fundamental na integração social em relação à sua independência funcional e à sua auto estima (Fonseca, 2001). A Psicomotricidade dirigida para idosos pretende atenuar a perda ou manter as capacidades funcionais intactas, mantendo as suas acções autónomas nas atividades da vida diária, levando o indivíduo a questionar as suas atitudes, de forma a adaptar-se às alterações que o processo de envelhecimento impõe (Vasconcelos, 2003). Esta intervenção pode ser realizada em meio aquático nos casos dos indivíduos com artroses ou problemas de mobilidade, uma vez que as atividades aquáticas permitem deslocações com menor sintomatologia física, contribuindo para o aumento da auto estima, pois os indivíduos experienciam momentos de completa autonomia (Juhel, 2010).

Devido à pouca investigação na área da Psicomotricidade, mais propriamente no que se refere à sua intervenção no meio aquático, surgiu a necessidade de se verificar o impacto desta área na população idosa, ao nível da função cognitiva e da auto estima, que são factores relevantes no processo de envelhecimento. Sendo a Hidroginástica um tipo de actividade física muito adoptado pelos idosos, a Psicomotricidade Aquática surge como uma alternativa, pelo que se pretendeu verificar qual o impacto de um programa de Psicomotricidade Aquática e um Programa de Hidroginástica na Função Cognitiva e Auto Estima em Idosos.

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Tabela 1: Análise Descritiva das variáveis dependentes
Tabela 2: Média e Desvio Padrão das variáveis significativas resultantes da Estatística Descritiva
Tabela 3: Efeitos principais e interações das variáveis independentes da Função Cognitiva e Auto Estima
Figura 1 – Efeito da Escolaridade x Género no MEEM
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Referências

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