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Michael Mohallem: “Podemos ter migrações de votos menos ortodoxas no Rio”

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Michael Mohallem: “Podemos ter migrações de votos menos ortodoxas no

Rio”

Tempo de TV igual e migração de votos não tão óbvia deixarão "jogo parelho" no segundoTempo de TV igual e migração de votos não tão óbvia deixarão "jogo parelho" no segundo turno entre Crivella e Freixo, analisa professor da FGVturno entre Crivella e Freixo, analisa professor da FGV

SERGIO GARCIA

02/10/2016 - 22h57 - Atualizado 03/10/2016 10h15

A reta final da corrida eleitoral no Rio de Janeiro envolve dois partidos que chegam pela primeira vez ao segundo turno da disputa pela prefeitura carioca. Líder destacado desde o começo da campanha, o senador Marcelo Crivella, do PRB, ratificou seu favoritismo e obteve 27,78% dos votos. Num páreo acirrado pela segunda colocação, que envolveu cinco candidatos, Marcelo Freixo, do PSOL, cresceu muito na linha de chegada e ficou com a vaga (18,26%). Ele superou por pequena margem o candidato da situação, Pedro Paulo (16,12%), e Flávio Bolsonaro (14%), do PSC, outro concorrente com desempenho surpreendente, chegando à frente de Indio da Costa, do PSD, com 8,99%, e de Carlos Osorio, do PSDB, 8,62%. Registrado em 2005, o Partido Republicano Brasileiro (PRB) no Rio é sinônimo de Crivella, que concorre pela quinta vez a um cargo do Executivo, sendo derrotado nas quatro campanhas anteriores. Tanto o senador quanto Freixo terão de superar determinados obstáculos para se fortalecer no segundo turno. “Agora, o tempo na TV é igual, e o embate se limita aos dois. As coisas se equalizam e o jogo é parelho”, diz Michael Mohallem, professor de Direito da FGV. “Nesse cenário, muita coisa pode acontecer, inclusive, podemos ter migrações de votos menos ortodoxas.” Mohallem fez a seguinte

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análise da eleição no Rio:

>> A rejeição aos políticos vence em São Paulo

ÉPOCA – O que significa a ida do PRB e do PSOL para o segundo turnoÉPOCA – O que significa a ida do PRB e do PSOL para o segundo turno pela primeira vez na eleição carioca?pela primeira vez na eleição carioca?

Michael Mohallem – Michael Mohallem – Há duas formas de ver a questão. A primeira leitura diz respeito ao campo do espectro ideológico em que esses partidos estão. O PSOL, não há duvida, está mais à esquerda do PT. Inclusive, o sucesso do Freixo foi ter conseguido trazer votos da Jandira Feghali, cuja candidatura desidratou. Freixo tem a vantagem de pertencer a esse campo das ideias da esquerda, mas não ter ligação com o PT nem com o governo Dilma. Já o Crivella entra num espectro mais popular, com boa entrada na camada de baixa renda, mas tem também um viés religioso, pois pertence a um partido com forte matriz religiosa, com ideias mais conservadoras. Certamente, Freixo vai levar o voto da esquerda. A dúvida é se Crivella conseguirá herdar os votos de Flávio Bolsonaro. Os votos de Pedro Paulo, Osorio e Indio da Costa ficarão em disputa. Não creio que em sua totalidade os eleitores de Indio e Osorio migrarão para Crivella. O eleitor dos dois é eminentemente urbano e moderno, e talvez não compartilhe da mesma visão sobre religiosidade. Daí que ele pode optar pelo Freixo ou mesmo não votar. É natural também que haja uma tentativa de aproximar o PMDB do Crivella, pois o PRB é aliado do governo Temer. Mas há uma questão importante para resolver. A relação de Crivella e Pedro Paulo no primeiro turno não foi cuidadosa. Houve muita animosidade, e a dúvida é se o pragmatismo será suficiente para conduzir essa aproximação. A candidatura de Crivella, apesar de ter tido apenas 10% a mais de votos, tem mais potencial de crescimento que a de Freixo, portanto, se torna mais atrativa.

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Marcelo Freixo (PSOL) e Marcelo Crivella (PRB) se enfrentarão no segundo turno no Rio de Janeiro (Foto: Agência O Globo)

ÉPOCA – O senador Crivella parece ter apostado que o melhorÉPOCA – O senador Crivella parece ter apostado que o melhor adversário de enfrentar no segundo turno seria Freixo. Foi umaadversário de enfrentar no segundo turno seria Freixo. Foi uma avaliação correta de sua equipe de campanha?avaliação correta de sua equipe de campanha?

Mohallem – Mohallem – Foi uma aposta que tem um risco, porém, sem dúvida, mais segura. Pedro Paulo teria mais facilidade de absorver os eleitores de Indio e Osorio, além de alguns dos eleitores que estão no campo do centro. A aposta é que Freixo estaria muito próximo de seu teto e chegaria a no máximo 25%, 30%, isso baseado na distribuição dos votos atuais. Crivella tem um espaço mais amplo, pois pode disputar parte dos votos do Bolsonaro. Não custa lembrar que ele atrai um eleitor conservador, e o PSC [partido de Bolsonaro] também tem uma veia religiosa. Crivella tem chance de atingir 50%. Mas agora o tempo na TV é igual, e o embate se limita aos dois. As coisas se equalizam e o jogo é parelho. Freixo é um candidato que conhece o Rio e já disputou eleição muitas vezes, não é uma parada fácil. Teremos um mês

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inteiro de campanha. Nesse cenário, muita coisa pode acontecer, inclusive, podemos ter migrações de votos menos ortodoxas.

ÉPOCA – Quais os maiores obstáculos que Crivella e Freixo terão deÉPOCA – Quais os maiores obstáculos que Crivella e Freixo terão de superar para vencer no segundo turno?superar para vencer no segundo turno?

Mohallem – Mohallem – Os debates já indicaram que Crivella deve se dissociar de uma candidatura de viés muito conservador, pois o eleitorado carioca não é conservador. Outro desafio é a rejeição ao nome de Garotinho [ex-governador do Rio]. Ele vai ter de se distanciar, se esse for um elemento de perda de votos. O terceiro fator diz respeito à religião. Há uma parte dos eleitores que vota em candidatos da igreja, e o PRB leva vantagem com isso. Mas, quando a eleição é majoritária, como agora, a coisa complica. Daí que Crivella tem de neutralizar o fator religião. Pelo lado do Freixo, há desafios diferentes. Ele já foi candidato algumas vezes e tem de superar esse teto de votos. Parte disso se deve ao fato de como a população vê o PSOL, talvez por ser uma agremiação demasiadamente à esquerda. Nos debates e na propaganda de TV, os oponentes sempre ressaltavam para não votar no “radical”, e era claro que se referiam ao Freixo. E essa é a hora de disputar o eleitorado médio. Outro desafio é Freixo mostrar como vai compor o governo. As pessoas querem um governo que se viabilize, que vá adiante. Ele tem de mostrar como vai trazer o PT, o PCdoB e que outros partidos farão parte de sua gestão, o que não é uma tarefa simples. E a terceira missão é conseguir trazer figuras importantes, um trunfo que Freixo tem em relação ao adversário. Ele pode exibir o apoio de artistas e intelectuais, o que se torna uma vantagem.

>> As urnas abrem o calvário do PT

ÉPOCA – Por que o candidato do atual prefeito, com toda a máquinaÉPOCA – Por que o candidato do atual prefeito, com toda a máquina a favor, tempo muito maior de propaganda gratuita na TV e umaa favor, tempo muito maior de propaganda gratuita na TV e uma coligação imensa, não conseguiu triunfar?coligação imensa, não conseguiu triunfar?

Mohallem – Mohallem – Foram vários fatores. Embora tivesse a máquina a seu lado, Pedro Paulo era um candidato desconhecido. Como secretário da prefeitura, não tem a mesma visibilidade do prefeito. Na largada da campanha, o problema da suposta violência contra a ex-mulher tornou-se um obstáculo. O tema da violência contra a mulher hoje é muito presente, vemos nas novelas, nas redes sociais. Ele já tinha o desafio natural de se fazer conhecido, e ainda aconteceu essa questão. Outro percalço foi o fato de que a gestão municipal do prefeito [Eduardo] Paes é controversa, com índice de aprovação que não é dos mais altos. Embora o efeito da Olimpíada tenha sido positivo, isso não se

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traduziu em votos para Pedro Paulo. A fatia de 27% de bom e ótimo da avaliação do carioca sobre a gestão de Paes não se concretizou em votos para o candidato do prefeito.

ÉPOCA – Dos candidatos derrotados, quem saiu maior desta eleição?ÉPOCA – Dos candidatos derrotados, quem saiu maior desta eleição? A que atribui Flávio Bolsonaro ter chegado à frente de Indio e OsorioA que atribui Flávio Bolsonaro ter chegado à frente de Indio e Osorio e quase empatado com Pedro Paulo?e quase empatado com Pedro Paulo?

Mohallem – Mohallem – Não há dúvida de que a família Bolsonaro saiu fortalecida das urnas. O vereador mais votado foi Carlos Bolsonaro [filho do deputado federal Jair Bolsonaro], e o Flávio foi o quarto lugar com uma votação expressiva. Flávio saiu com um recall muito grande e pode se lançar candidato a deputado federal ou mesmo a governador em 2018. Indio e Osorio ficaram dentro da expectativa, não desapontaram e criaram bons recalls.

ÉPOCA – A eleição foi a pá de cal no PMDB e no PT fluminenses? HáÉPOCA – A eleição foi a pá de cal no PMDB e no PT fluminenses? Há pontos em comum nessa derrocada das duas siglas?pontos em comum nessa derrocada das duas siglas?

Mohallem –Mohallem – Não diria pá de cal. O PT tem espaço para se reconstruir no âmbito federal, e o PMDB está saindo fortalecido no Brasil, pois vai ser o recordista em prefeituras. A despeito da derrota, o PMDB do Rio é um partido forte. Terá uma base importante na Câmara de Vereadores, onde será a maior bancada, com dez cadeiras. Já o PT nunca foi mesmo muito competitivo no Rio. Por opção, sempre cedia para fazer aliança, como ocorreu agora [o PCdo B foi a cabeça da chapa]. Portanto, o Rio não é um bom lugar para avaliar o PT. A Rede foi uma surpresa negativa não só no Rio, mas também no âmbito nacional. Molon teve uma votação baixa em razão do destaque que tem por sua atuação parlamentar. Esperava-se uma presença maior da Rede nas Câmaras de Vereadores pelo país. Marina [Silva] não conseguiu traduzir para as cidades seu enorme sucesso na última eleição presidencial. Isso cria uma dúvida em relação à Rede para 2018: como Marina chega para as próximas eleições?

ÉPOCA – A que atribui a dificuldade do PSDB de crescer no Rio?ÉPOCA – A que atribui a dificuldade do PSDB de crescer no Rio?

Mohallem – Mohallem – O PSDB tem dificuldade porque é um partido de centro-direita, e esse espectro no Rio está muito povoado. O eleitorado conservador dessa corrente se divide. Quem está mais preocupado com a questão moral tende a aderir a Bolsonaro. Já o eleitor que prioriza o liberalismo econômico pode escolher entre Osorio, Indio, Carmen Migueles [do Partido Novo] e Pedro Paulo. Ao contrário do que acontece em São Paulo, o PSDB no Rio não é visto como referência nesse campo ideológico.

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MARCELO CRIVELLA MARCELO FREIXO

ÉPOCA – Uma ÉPOCA – Uma pesquisa publicada neste fim de semana por ÉPOCApesquisa publicada neste fim de semana por ÉPOCA

mostra que as características que o eleitor acha mais importantemostra que as características que o eleitor acha mais importante num candidato são a ênfase na educação e na saúde, além do zelonum candidato são a ênfase na educação e na saúde, além do zelo nas contas públicas e da honestidade. Esse resultado o surpreende?nas contas públicas e da honestidade. Esse resultado o surpreende? Mohallem – Mohallem – Surpreenderia em outros contextos. Mas estamos vivendo um rescaldo do impeachment, que trouxe para o debate nacional o tema da responsabilidade com as contas públicas. Daí ser natural que o tema aparecesse nas campanhas. Contas públicas e honestidade fazem parte de uma equação que surgiu durante o impeachment. É uma coisa positiva ter esse elemento novo, mas acredito que ele seja transitório.

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