Ocorrência de enteroparasitas em hortaliças comercializadas no município de Juazeiro Do Norte – Ceará / Occurrence of enteroparasites in vegetables marketed in the municipality of Juazeiro Do Norte – Ceará

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p. 67133-67144 sep. 2020. ISSN 2525-8761

Ocorrência de enteroparasitas em hortaliças comercializadas no município de

Juazeiro Do Norte – Ceará

Occurrence of enteroparasites in vegetables marketed in the municipality of

Juazeiro Do Norte – Ceará

DOI:10.34117/bjdv6n9-229

Recebimento dos originais: 01/09/2020 Aceitação para publicação: 10/09/2020

Ingrid Vitória Silva Cardoso

Acadêmica do curso de Bacharelado em Engenharia Ambiental no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE, campus Juazeiro do Norte.

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE, campus Juazeiro do Norte.

Av. Plácido Aderaldo Castelo, 1646 - Planalto, Juazeiro do Norte - CE, 63040-540. E-mail: ingridvi174@gmail.com

Maria das Dôres Milena de Sousa Leite

Acadêmica do curso de Bacharelado em Engenharia Ambiental no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE, campus Juazeiro do Norte.

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência.

Endereço: Av. Plácido Aderaldo Castelo, 1646 - Planalto, Juazeiro do Norte - CE, 63040-540. E-mail: mariadasdmilenasl@gmail.com

Francisco Wedson Faustino

Acadêmico do curso de Bacharelado em Engenharia Ambiental no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE, campus Juazeiro do Norte.

Endereço: Av. Plácido Aderaldo Castelo, 1646 - Planalto, Juazeiro do Norte - CE, 63040-540. E-mail: wedsonfaustino5@gmail.com

Maria Lucilene Queiroz da Silva

Servidora pública do quadro efetivo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE, campus Juazeiro do Norte, no cargo de laboratorista do Laboratório de

Microbiologia Ambiental e Docente.

Endereço: Av. Plácido Aderaldo Castelo, 1646 - Planalto, Juazeiro do Norte - CE, 63040-540. E-mail: lucilenequeiroz.biomed@gmail.com

Paulo Sérgio Silvino do Nascimento

Professor do quadro permanente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE, campus Juazeiro do Norte.

Endereço: Av. Plácido Aderaldo Castelo, 1646 - Planalto, Juazeiro do Norte - CE, 63040-540. E-mail: paulosergio.ifce@gmail.com

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p. 67133-67144 sep. 2020. ISSN 2525-8761 RESUMO

As hortaliças, geralmente consumidas in natura, são alimentos atrativos para grande parte da população por serem associadas à qualidade de vida e a dietas saudáveis As hortaliças são importantes alimentos na dieta nutricional, porém podem oferecer riscos à saúde humana, pois podem estar contaminadas com cistos, ovos e larvas de parasitas adquiridos ao longo do processo de produção. O objetivo deste trabalho foi a analise parasitológica das hortaliças comercializadas nos principais supermercados da cidade de Juazeiro do Norte. Para as análises, utilizou-se o método de Hoffman. Foram analisadas 54 amostras de hortaliças sendo elas alface, coentro e cebolinha, coletadas em três supermercados da cidade de Juazeiro do Norte-CE Dentre estas 42 amostras apresentaram contaminação por parasitas ou estruturas parasitárias. As espécies encontradas foram:

Ancylostoma duodenale, Toxocara spp., Toxocara canis, Giardia lamblia, Entamoeba coli, Entamoeba spp., Strongyloides stercoralis, Entamoeba histolytica, Balantidium coli e Entamoeba

spp. A hortaliça mais contaminada foi o coentro e os parasitas de maior prevalência foram: Toxocara

canis e Entamoeba spp. encontrados nos três supermercados. Estes resultados indicam que as

alfaces, cebolinhas e coentros, provindas de supermercados podem apresentar padrão de qualidade higiênico-sanitária inadequado, o que gera uma necessidade de uma maior orientação aos produtores e manipuladores quanto à correta manipulação e higienização das hortaliças, reduzindo, desta forma, doenças parasitárias veiculadas por alimentos. Analisando trabalhos anteriores notou-se a ocorrência da presença de parasitas em hortaliças comercializadas nos supermercados da cidade de Juazeiro do Norte e percebeu-se a importância que teria esse estudo. Para que seja possível uma diminuição significativa desses parasitas patogênicos presentes nessas hortaliças circuladas nos supermercados da cidade.

Palavras chave: Hortaliças, Parasitas, Contaminação, Supermercados. ABSTRACT

Vegetables, usually consumed in natura, are attractive foods for a large part of the population because they are associated with quality of life and healthy diets Vegetables are important foods in the nutritional diet, but they can pose risks to human health, as they may be contaminated with cysts , eggs and larvae of parasites acquired during the production process. The objective of this work was the parasitological analysis of vegetables sold in the main supermarkets in the city of Juazeiro do Norte. For the analyzes, the Hoffman method was used. 54 samples of vegetables were analyzed, namely lettuce, coriander and chives, collected in three supermarkets in the city of Juazeiro do Norte-CE Among these 42 samples, they were contaminated by parasites or parasitic structures. The species found were: Ancylostoma duodenale, Toxocara spp., Toxocara canis, Giardia lamblia,

Entamoeba coli, Entamoeba spp., Strongyloides stercoralis, Entamoeba histolytica, Balantidium coli and Entamoeba spp. The most contaminated vegetable was coriander and the most prevalent

parasites were: Toxocara canis and Entamoeba spp. found in the three supermarkets. These results indicate that lettuce, chives and coriander from supermarkets may present an inadequate standard of hygienic-sanitary quality, which generates a need for greater guidance to producers and handlers regarding the correct handling and hygiene of vegetables, thereby reducing , parasitic diseases carried by food. Analyzing previous works, it was noted the occurrence of parasites in vegetables sold in supermarkets in the city of Juazeiro do Norte and the importance of this study was realized. So that it is possible to significantly reduce these pathogenic parasites present in these vegetables circulated in supermarkets in the city.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p. 67133-67144 sep. 2020. ISSN 2525-8761 1 INTRODUÇÃO

As hortaliças, geralmente consumidas in natura, são alimentos atrativos para grande parte da população por serem associadas à qualidade de vida e a dietas saudáveis (SOARES; CANTOS, 2005). Contudo, podem esconder diversos tipos de parasitas que eventualmente trarão malefícios a saúde daqueles que os consumirem sem os devidos cuidados com a higienização (PERES JUNIOR; GONTIJO; SILVA, 2012). Segundo Silva et al., (2005) os vegetais por seu valor nutricional são muito apreciáveis e recomendados como parte da alimentação diária contendo vitaminas, sais minerais e fibras alimentares importante para a saúde da população. Aumenta ainda mais a atenção e o interesse, porque eles apresentam em sua composição substâncias com atividade antioxidante a exemplo dos carotenóides, flavonóides e vitamina C e caracterizados como alimentos funcionais.

As hortaliças excepcionalmente as in natura necessitam de maiores cuidados na sua preparação antes de serem ingeridas para evitar o acometimento de enfermidades intestinais ocasionadas por helmintos, protozoários e patógenos presentes nas verduras, que são contaminadas pela a adubação e irrigação com água impura ou solo contaminado com resíduos fecais (SANTANA, 2006). Para que ocorra a contaminação das hortaliças em geral existem diversos caminhos que podem ser apontados. Um desses caminhos que podem ser percorridos é através da água utilizada na irrigação ou da própria manipulação destes alimentos pelos agricultores nos locais de colheita ou pelos funcionários responsáveis pelo transporte e reposição nos supermercados, como também no consumo da população (ESTEVES et al., 2010).

Os enteroparasitas podem causar malefícios aos seus consumidores ou não, porém alguns casos os seus portadores podem apresentar alguns danos como: desnutrição (A. lumbricoides e T.

trichiura), a obstrução intestinal (A. lumbricoides), quadros de diarréia e de má absorção (E. histolytica e G. lamblia), “sendo que as manifestações clínicas são usualmente proporcionais à carga

parasitária albergada pelo indivíduo’’ (BRASIL, 2005). A análise parasitológica em hortaliças é de grande importância para a manutenção de uma boa saúde pública, visto que é necessária uma grande cautela desde a preparação do solo, o plantio, a irrigação, a colheita, a comercialização e por fim até mesmo na preparação para o consumo humano dessas hortaliças. É nessas etapas que pode ocorrer uma transmissão de parasitas maléficos a população que trará consequências reversíveis ou irreversíveis ao hospedeiro. Essas hortaliças in natura são veículos transportadores de parasitas.

O presente trabalho teve como objetivo fazer uma análise parasitológica das hortaliças comercializadas nos principais supermercados da cidade de Juazeiro do Norte - Ceará. Visto que analisando trabalhos anteriores notou-se a ocorrência da presença de parasitas em hortaliças comercializadas nos supermercados do município e percebeu-se a importância que teria esse estudo.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p. 67133-67144 sep. 2020. ISSN 2525-8761 2 MATERIAIS E METÓDOS

O estudo foi realizado em três supermercados localizados na cidade de Juazeiro do Norte - Ceará. No período entre os meses de fevereiro e março de 2018. Para o estudo foram utilizadas cinquenta e quatro unidades de hortaliças distribuídas em 18 amostras de alface lisa (Lactuca

sativa), 18 de coentro (Coriandrum sativum) e 18 de cebolinha (Allium schoenoprasum). Os

supermercados escolhidos são de renome na cidade e atendem uma grande parte da demanda populacional.

As amostras de hortaliças foram coletadas, no período da manhã, de forma aleatória, amostras que estavam à disposição do consumidor, logo após foram acondicionadas em sacos plásticos próprios dos supermercados, acondicionadas em caixas térmicas e encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia Ambiental (LAMAM) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, Campus Juazeiro do Norte, para realização das análises.

No laboratório as hortaliças foram fatiadas e homogeneizadas. Em seguida foram pesadas 25g da amostra e transferidas para um frasco contendo 225 mL de água tamponada estéril (Tampão Fosfato de Potássio pH 7,2 suplementado com cloreto de magnésio). Com o auxílio de uma peneira, duas gazes em cruz e um bécker, filtrou-se a amostra presente no frasco para separar a parte líquida da parte sólida. O líquido obtido foi transferido para um cálice sendo preenchido ¾ do seu volume para auxiliar na sedimentação dos parasitas presentes na amostra, onde foi deixado por 24 horas para a sedimentação completa (APHA, 2001). Completada a sedimentação, com o auxílio de uma pipeta pauster cano longo, um pouco do sedimento resultante foi adicionado em uma lâmina para microscopia, adicionado uma gota de lugol, por fim as amostras foram analisadas ao microscópio de luz com a utilização das objetivas nos aumentos de 10X e 40X. Foi realizada a leitura de três lâminas por amostra.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados obtidos para as análises parasitológicas estão descritos nas tabelas 01, 02, 03 e 04 de acordo com a presença dos parasitas em cada coleta realizada dos três vegetais, em cada supermercado. Dentre as hortaliças estudadas, 42 amostras apresentaram parasitas, o que representa uma porcentagem de 77,78% do total. A tabela 1 mostra a relação dos supermercados e das hortaliças contaminadas em cada coleta que ocorreu entre fevereiro e marco de 2018.

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Tabela 01. Avaliação parasitológica de hortaliças provenientes dos principais supermercados do município de Juazeiro

do Norte, CE, no período de fevereiro a março de 2018

Resultados obtidos

Coentro Cebolinha Alface Total

Supermercado A 1º coleta 2º coleta 3º coleta 2 2 2 2 2 - - 2 2 4 6 4 Supermercado B 1º coleta 2º coleta 3º coleta 2 2 2 2 - - 2 2 2 6 4 4 Supermercado C 1º coleta 2º coleta 3º coleta 2 2 2 - - 2 2 2 2 4 6 6 Total de amostras analisadas 18 18 18 54 Total de amostras parasitadas 18 8 16 42 Fonte: Autores, 2018.

As hortaliças analisadas foram a alface, coentro e cebolinha, sendo que nenhum tipo ficou livre de qualquer forma de contaminação. Em algumas hortaliças foram encontradas até mais de uma espécie ou forma de parasita distintos. As tabelas 2, 3 e 4 apresentam os resultados obtidos nas análises do presente estudo. Na tabela 2 encontram-se os seguintes resultados da amostra de coentro obtendo-se a presença d e parasitas como do Toxocara canis e da Entamoeba spp. nos três supermercados. Foi encontrado também o Ancylostoma duodenale, Entamoeba spp. e o Balantidium

coli, sendo que este foi encontrado nas amostras do coentro e alface na mesma coleta no

supermercado A e B respectivamente.

Tabela 02. Parasitas encontrados no coentro utilizando a técnicas de Hoffman nos três supermercados analisados da

cidade de Juazeiro do Norte – CE.

TÉCNICA DE HOFFMAN

Coentro Local da coleta

Microrganismo Super. A Super. B Super. C

Ovo Toxocara spp. - - -

Ovo Toxocara canis + ++ +

Cisto de Giardia lamblia - - - Larva de Ancylostoma duodenale - + - Cisto de Entamoeba coli - - - Cisto de Entamoeba spp + ++ +++ Larva de Strongyloides stercoralis - - - Cisto de Entamoeba histolytica - - -

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p. 67133-67144 sep. 2020. ISSN 2525-8761 Trofozoíto Balantidium coli + - - Entamoeba spp. + - - Fonte: Autores, 2018.

Também estão descritos os resultados dos parasitas encontrados nas amostras de alface (tabela 03) sendo eles o Strongyloides stercoralis, Balantidium coli, Giardia lamblia e a Entamoeba spp. sendo estes encontrados em duas espécies Entamoeba coli e Entamoeba histolytica.

Tabela 03. Parasitas encontrados na alface utilizando a técnicas de Hoffman nos três supermercados analisados da

Alface Local da coleta

Ovo Toxocara spp. - - -

Ovo Toxocara canis - - -

Cisto de Giardia lamblia - - + Larva de Ancylostoma duodenale - - - Cisto de Entamoeba coli - + + Cisto de Entamoeba spp + ++ ++ Larva de Strongyloides stercoralis - + - Cisto de Entamoeba histolytica + - + Trofozoíto Balantidium coli - + + Entamoeba spp. - - - Fonte: Autores, 2018.

Para as amostras de cebolinha percebe-se uma menor ocorrência da presença de parasitas (Tabela 04). Portanto os parasitas encontrados foram a Giardia lamblia, a Entamoeba spp. também se notou a presença do Toxocara spp.

Tabela 04. Parasitas encontrados na cebolinha utilizando a técnicas de Hoffman nos três supermercados analisados da

Cebolinha Local da coleta

Ovo Toxocara spp. + - -

Ovo Toxocara canis - - -

Cisto de Giardia lamblia + + - Larva de Ancylostoma duodenale - - - Cisto de Entamoeba coli - - - Cisto de Entamoeba spp - - +

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p. 67133-67144 sep. 2020. ISSN 2525-8761 Larva de Strongyloides stercoralis - - - Cisto de Entamoeba histolytica - - - Trofozoíto Balantidium coli - - - Entamoeba spp. - - - Fonte: Autores, 2018.

Analisando de maneira holística a figura 01, nota-se que o coentro foi a hortaliça com maior grau de contaminação, com parasitas encontrados em todas as amostras. E a cebolinha com menor grau de contaminação, isso pode ser explicado pela folhagem dessas hortaliças. Embora a presença dos gêneros de parasitos tenha uma pequena diferença entre as duas variedades de hortaliças, o índice de contaminação foi maior no coentro do que nas alfaces.

Figura 01 - Percentual geral da presença de parasitas encontradas em amostras de alface, cebolinha e coentro (n° = 42)

comercializadas nos principais supermercados de Juazeiro do Norte-CE.

Fonte: Autores, 2018.

Em relação aos tipos de parasitas encontrados nas hortaliças a Entamoeba sp. foi encontrada em 12 das amostras (33,33%), seguida da presença do Toxocara canis em 4 amostras (11,11%). Dentre os helmintos, o Strongyloides stercoralis foi encontrada em apenas 1 das amostras positivas (2,78%). A Figura 02 mostra a distribuição dos tipos de parasitas encontrados por cada fonte de coleta.

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Figura 02 - Distribuição de parasitas com (nº=36) encontrados nas hortaliças nos diferentes estabelecimentos

localizados no município de Juazeiro do Norte-CE.

Legenda: A – Supermercado A; B – Supermercado B; C – Supermercado C.

Fonte: Autores, 2018.

As hortaliças são bastante recomendadas como parte da alimentação diária por seu vasto conteúdo de vitaminas, sais minerais e fibras alimentares. Cativados pelos benefícios oferecidos pelos vegetais como a alface, o coentro e a cebolinha os consumidores se expõem aos riscos de infecções por enteroparasitas que provocam diarréias, anemias, hemorragias e morte. As infecções por helmintos e enteroprotozoários estão entre as mais sucessivas doenças do mundo, sendo capaz de afetar o equilíbrio nutricional do homem, causar também problemas significativos, como obstrução intestinal, prolapso retal, formação de abscessos entre outros contratempos. A Entamoeba

histolytica, Entamoeba coli e Entamoeba spp. foram detectados em amostras. (MONTANHER;

CORADIN; FONTOURA-DA-SILVA, 2007).

Os portadores inabituais de Entamoeba histolytica são os principais responsáveis pela contaminação de alimentos e disseminação dos cistos indicando os altos índices de contaminação por Entamoeba spp. em supermercados, originados pela manipulação do alimento sem as devidas práticas de higiene (MONTANHER; CORADIN; FONTOURA-DA-SILVA, 2007). O ciclo de infecção da Entamoeba histolytica é fecal-oral e ela pode ser assintomática ou apresentar alguns danos como: colite amebiana disentérica (ABUASSI & ABUASSI, 2006). Entamoeba coli por sua vez também ocorre pela transmissão fecal-oral, porém possui totalmente uma vida comensal e o parasita não é patogênico.

A contaminação do Toxocara spp. se dá pelas fezes de cães e gatos, como Guimarães et al., (2003) descreve em seu trabalho, a presença de ovo desse parasita em supermercados indica a

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presença de cães e gatos no local ou próximo ao plantio do vegetal, e/ou irrigação com águas contaminadas. Nas amostras analisadas foi encontrada a presença do Ancylostoma duodenale. Segundo Stutz et al., (2004), Ancylostoma sp. é um parasita constante de cães, e estes comumente possuem uma aproximação a estas áreas de lazer públicas. Podendo causar sintomas como: pneumonite transitória, febre, náuseas, vômitos, diarreia, anorexia, anemia intensa, sonolência, edema de membros (ABUASSI & ABUASSI, 2006).

Relacionando os resultados obtidos com as observações de Silva et al., (1995) verificou-se a presença de Giardia lamblia com uma porcentagem não tão relevante se comparada ao nosso trabalho tendo assim uma porcentagem de 4,1% e no nosso estudo a porcentagem desse parasita foi um pouco maior de 8,34%. Neves (2005), informa que esse parasita pode causar uma atrofia parcial ou total das vilosidades intestinais.

Em um estudo realizado por Gonçalves, (2014) um dos helmintos encontrado nas hortaliças analisadas foi Strongyloides stercoralis. É de extrema relevância mencionar que esses parasitos são prontamente detectados no solo, podendo assim fundamentar a existência destes parasitas nessas hortaliças que são cultivadas em contato direto com o solo. O nematoide Strongyloides stercoralis em infecções leves, o parasitismo por S. stercoralis pode apresentar-se sem sintomas. Tendo como sintomas: diarreia, dor abdominal, constipação, anorexia, náuseas, vômitos e dor epigástrica. É provável outras vias de infecção como a ingestão de água ou alimentos contaminados com larvas infectantes. Ressaltando que pode ocorrer a auto-infecção externa e interna (LIMA, SANTOS e FRANZ, 2018).

O coentro, por possuir folhas múltiplas e separadas, permite uma maior e melhor fixação de enteroparasitas, ao contrário da alface, cujas folhas são mais largas e sobrepostas o que acaba dificultando a fixação das formas parasitárias. Essas diferenças podem também estar associadas às condições sanitárias do ambiente onde são cultivadas (SANTOS et al., 2009). Logo, percebeu-se que o coentro foi a hortaliça mais contaminada levando em consideração essa afirmativa. Observou-se na terceira coleta do supermercado A que todas as hortaliças estavam devidamente ensacadas, porém infelizmente não houve uma redução na quantidade de parasitas visto que a contaminação por parasitas pode ocorrer desde a plantação até o consumo. Outra observação foi que no supermercado C os manipuladores das hortaliças praticavam as “Boas Práticas de Produção”, utilizando luvas, máscaras e toucas, contudo, não houve também uma redução significativa no grau de contaminação das mesmas. Vale também ressaltar que o supermercado A e C possuíam sistemas de refrigeração fechados e o B não possuía. Para a questão higiênico sanitária esse estudo tem uma enorme relevância, pois enfatiza os cuidados e precauções que devem ser tomadas na manipulação

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e preparação dessas hortaliças diminuindo o número de contaminações por parasitas já que este trabalho vem como um alerta para a população.

4 CONCLUSÃO

Os resultados deste estudo indicam que as amostras de hortaliças entre elas a alface, coentro e cebolinha comercializados em supermercados no município de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, abrigavam variadas formas parasitárias de vida livre. Desse modo, o padrão higiênico, quanto à presença de protozoários e/ou helmintos, está em discrepância com a legislação vigente. Não há um controle parasitário eficiente sobre as hortaliças comercializadas nos supermercados e devem ser tomadas medidas cautelosas tanto pelo indivíduo que produz e comercializa a hortaliça quanto pelo próprio consumidor que deve tomar as devidas precauções e cuidados com as hortaliças consumidas in natura. Segundo Santos et al. (2014) é importante e indispensável a atuação de pessoas capacitadas, como por exemplo o órgão de vigilância sanitária, que eles habilitem os manipuladores, que direta e indiretamente lidam com a produção e consumo destas hortaliças in

natura, investindo em atividades educativas aos manipuladores de alimentos e exigir dos mesmos

exames parasitológicos, no sentido de melhorar a qualidade de vida dos consumidores reduzindo assim os índices de contaminação por helmintos nesses alimentos.

5 APOIO

Os autores agradecem ao Laboratório de Microbiologia Ambiental (LAMAM) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE, Campus Juazeiro do Norte, pelo apoio e disponibilização da estrutura para realização dessa pesquisa.

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