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Sedentarismo, excesso de peso corporal e pressão arterial elevada em crianças e adolescentes

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Academic year: 2021

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SEDENTARISMO, EXCESSO DE PESO CORPORAL E PRESSÃO

ARTERIAL ELEVADA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

por

Kelly Samara da Silva

_______________________________________

Dissertação Apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina, na Sub-área da Atividade Física Relacionada à Saúde, como Requisito Parcial para Obtenção do Título de Mestre em Educação Física.

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SEDENTARISMO, EXCESSO DE PESO CORPORAL E PRESSÃO

ARTERIAL ELEVADA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

por

Kelly Samara da Silva

_______________________________________

Orientador

Prof. Dr. Adair da Silva Lopes

Dissertação Apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina, na Sub-área da Atividade Física Relacionada à Saúde, como Requisito Parcial para Obtenção do Título de Mestre em Educação Física.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE DESPORTOS

MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

A Dissertação: SEDENTARISMO, EXCESSO DE PESO CORPORAL E PRESSÃO ARTERIAL ELEVADA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Elaborada por Kelly Samara da Silva

e aprovada por todos os membros da Banca Examinadora, foi aceita pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UFSC e homologada pelo Colegiado do Mestrado, como requisito parcial à obtenção do título de

MESTRE EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Área de Concentração: Atividade Física Relacionada à Saúde

Florianópolis, SC, 10 de dezembro de 2007.

___________________________________________ Prof. Dr. Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo

Coordenador do Programa de Pós-graduação em Educação Física

Banca Examinadora:

___________________________________________ Prof. Dr. Adair da Silva Lopes

(Orientador)

_________________________________________ Prof. Dr. Francisco Martins da Silva

__________________________________________ Profa. Dra. Rosane Carla Rosendo da Silva

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DEDICATÓRIA

A minha família pela credibilidade e incentivo. Em especial, a minha mãe, por tudo!

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter conseguido superar a saudade, as diferenças, os conflitos e as dificuldades. Pela luz e paz concedida nessa fase da minha vida, em que muito aprendi e, talvez, pouco tenha ensinado.

A minha mãe Vanilda Vieira, por todos os afagos dados e palavras ditas nos momentos de maior solidão, por me acolher, e em tempo similar, me proporcionar a chance de estar hoje aqui. Ao meu padastro (José Francisco) e aos meus irmãos Kargean, Kataline e Kátia, pelo apoio.

Bem, seguindo pela minha história acadêmica, agradeço ao Professor Dr. Francisco Martins da Silva, pela paciência e conhecimento acadêmico compartilhado. Obrigada, por ter cedido o projeto que estou me propondo a defender.

Ao Professor José Cazuza de Farias Júnior, eu agradeço as orientações, o aprendizado imensurável em nossas conversas e discussões. Obrigada pela parceria na realização dos projetos de pesquisa e por algumas pescarias não tão bem sucedidas!.

Ao Programa de Mestrado em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina, atualmente coordenado pelo prof Dr. Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo, pela oportunidade à formação de qualidade, e aos professores que muito contribuíram para o meu aprimoramento profissional.

Ao prof Dr. Juarez Vieira do Nascimento, a quem tenho uma grande estima e admiração. Ao meu parceiro de ensinamentos estatísticos e vieses metodológicos, prof Dr. Adriano Ferreti Borgatto.

Em especial, ao Prof Dr. Adair da Silva Lopes, pela orientação, amizade, paciência e apoio durante o Mestrado. Muito obrigada, por tudo! E tenha a certeza de que aprendi muito mais do que redigir um artigo.

A Profª Drª Rosane Carla Rosendo da Silva, pela disponibilidade e contribuição na elaboração dos artigos.

A Profª Drª Maria de Fátima da Silva Duarte pelo incentivo, contribuições e ajuda nos momentos em que tanto precisei.

Ao Departamento de Educação Física da Universidade Federal da Paraíba, sob a coordenação da Profª Drª Maria Dilma Simões Brasileiro, pelos esforços prestados para que eu pudesse estar aqui hoje. Agradeço a liberação e o carinho com a minha pessoa. Obrigada, aos professores desse Departamento, pela insistência e persistência para deliberação da minha saída.

Ao meu grande amigo e parceiro de trabalho, João Leandro Justino dos Santos, por ter me substituído durante todo o período em que estive em Florianópolis, SC. Muito Obrigada!.

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Ao Núcleo de Pesquisa em Atividade Física & Saúde - NuPAF – por ter oportunizado a participação em pesquisas consolidadas. Agradeço o espaço ao prof Dr. Markus Vinícius Nahas, e deixo registrada a minha satisfação em poder ter publicado um manuscrito sob a sua orientação.

À equipe de coleta, constituída por amigos de longas datas, agradeço a parceria. Muito obrigada a Daniela Vilela de Farias, Edzélia Dure Pereira, João Batista Fernandes Dantas, João Leandro Justino dos Santos, Brígida Batista Bezerra e Ricardo Assis Cavalcanti, estagiários do Laboratório de Estudos e Pesquisa do Movimento Humano – LEPEM/DEF/UFPB

Às direções e aos estudantes dos Colégios Zulmira de Novais, Apolônio Sales, Analice Caldas, João Machado, Dumerval Trigueiro, Augusto dos Anjos, Cenegista João Regis de Amorim, Cônego Matias, José Américo, Geo Sul, Rui Carneiro, Frei Afonso, Hipócrates, Seráfico de Nóbrega e Motiva que se dispuseram a participar deste estudo.

Aos colegas de turma pela troca de informações, e, em especial, aos meus “irmãos”: Daniel Giordani Vasques, Carmem Cristina Beck, Érico Pereira Félden e Patrícia; Aos meus novos e grandes amigos, Susane Graup, João Marcos F. de Lima, Lisandra, Fabiana Rabacow, Raildo e Andréia Pelegrini. Obrigada pelas pizzas e pela solidão compartilhada nos fins de semana. Em especial, agradeço ao Valbério Cândido Pereira, que acabou somando a função de irmão, conselheiro e amigo.

Encerro, agradecendo a todos os meus “mestres” e amigos. Na certeza de que nos encontraremos neste mundo tão dinâmico que é a busca pelo conhecimento, para produzirmos, confrontarmos e discutirmos assuntos de interesses comuns em prol de pessoas que mal conhecemos, mas que respeitamos infinitamente.

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RESUMO

SEDENTARISMO, EXCESSO DE PESO CORPORAL E PRESSÃO ARTERIAL ELEVADA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Autora: Kelly Samara da Silva Orientador: Prof. Dr. Adair da Silva Lopes

A prevalência de obesidade e de pressão arterial elevada (PA) tem aumentado em crianças e adolescentes, enquanto os domínios da atividade física declinaram nos últimos tempos. Desta forma, esse estudo objetivou: Descrever e associar a forma de deslocamento até a escola e a atividade mais praticada no tempo livre e avaliar a associação entre o excesso de peso, a PA elevada e a atividade física no deslocamento à escola. Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional, de corte transversal. A população foi constituída por escolares de ambos os sexos, com idades de 7 a 12 anos da cidade de João Pessoa, PB. Os estudantes responderam a um questionário com informações sobre: aspectos demográficos; transporte utilizado e tempo gasto de casa até a escola e a atividade realizada no tempo livre. Todos foram submetidos a medidas de peso corporal, estatura, dobras cutâneas tricipital e subscapular, e pressão arterial. Utilizou-se o teste qui-quadrado, regressão de Poisson para razão de prevalência (RP) e Intervalo de Confiança de 95% (IC95%), correlação de Pearson. Os resultados indicaram que 70% dos escolares seguiam a pé/bicicleta à escola e mais de 50% realizavam atividades sedentárias no tempo livre. A chance de usar transporte passivo foi maior nos escolares que moravam mais distante da escola (RP= 1,6) e entre os estudantes de escolas privadas (RP= 11,0) em relação aos seus pares. O deslocamento ativo associou-se à menor prevalência de excesso de peso e de gordura, em relação ao passivo (p<0,05). O excesso de peso associou-se a gordura corporal (Masculino: RP= 6,45 IC95%= 4,55-9,14; Feminino: RP= 4,10 IC95%= 3,09-5,45), a PAS

(Masculino: RP= 1,99 IC95%= 1,30-3,06; Feminino: RP= 2,09 IC95%= 1,45-3,01) e a PAD

elevada nas meninas (RP= 1,96 IC95%= 1,41-2,75). Não houve associação com o

deslocamento ativo (p>0,05). Conclui-se que, dois terços das crianças deslocam-se de forma ativa à escola e metade dedicavam a maior parte do tempo livre para assistir TV e usar o Computador. O deslocamento ativo à escola associou-se ao excesso de peso, gordura e dissociou-se da PA elevada. O excesso de peso associou-se ao excesso de gordura e a PA elevada. Sugere-se educar as crianças a adotar um estilo de vida saudável para prevenir o excesso de peso, como meio de evitar o acúmulo de gordura e o aumento da PA.

Palavras-chaves: Sedentarismo, Pressão arterial elevada, sobrepeso, atividade física, Escolares.

(8)

ABSTRACT

Author: Kelly Samara da Silva Adivser: Dr. Adair da Silva Lopes, PhD

INACTIVITY, EXCESS BODY WEIGHT AND HIGH BLOOD PRESSURE IN CHILDREN AND ADOLESCENTS

The prevalence of obesity and high blood pressure (HBP) has increased in children and adolescents, as physical activity has declined in recent years. As such, the objectives of this study are to: Describe and associate the manner of displacement from home to school and the most practiced free time activity and evaluate the association between excess weight, HBP and physical activity in the manner of displacement to school. This is an epidemiological, observational, and cross sectional. The population consisted of male and female students, aged 7 to 12 years of the city of João Pessoa, PB. The students responded to a questionnaire with information about: demographic aspects; transportation utilized and time spent from home to school; and activities carried out in their free-time. All the subjects were submitted to measurements for body weight, stature, tricipital and subscapular skinfolds. The Chi-squared test, Poission’s regression for prevalence ratio (PR), and Confidence Interval of 95% (CI95%), Pearson’s correlation were utilized. The results indicate that 70% of the students get to and from school by walking or by bicycle, and more than 50% of the students spend their free time involved in sedentary activities. The possibility for using passive transportation was greater among students who lived farther from the school (PR = 1.6), and among private school students (PR = 11.0), compared to their peers. The excess weight was associated to body fat (Males: PR = 6.45 CI95%= 4.55-9,14; Females: PR= 4.10 CI95%= 3.09-5.45), the systolic blood pressure

(Males: PR= 1.99 CI95%= 1.30-3.06; Females: PR= 2.09 CI95%= 1.45-3.01) and diastolic

blood pressure in the females (PR= 1.96 CI95%= 1.41-2.75), though neither were associated

with active displacement (p>0.05). We conclude that, two thirds of the children go to and from school in an active manner, and fifty percent dedicate the greater part of their time to watching TV and using the computer. Active displacement was associated with excess weight, body fat and was not associated HBP. The weight excess was associated the body fat and HBP. Suggest educating children to adopt a healthy lifestyle to prevent the excess weight, as middle of avoiding the fat accumulation and the increase of the blood pressure.

(9)

SUMÁRIO

Página LISTA DE ANEXOS... 10 LISTA DE FIGURAS... 11 LISTA DE QUADROS... 12 CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO... 13 Formulação da Situação-Problema do Estudo

Objetivos do Estudo

Delimitação e Limitação do Estudo

II. MÉTODOS... 18 Caracterização da Pesquisa

População e Amostra

Instrumentos e Procedimentos de Medidas Coleta de dados

III. ARTIGOS ACEITOS... 27 Atividade Física no Deslocamento à Escola e no Tempo Livre em Crianças e Adolescentes de João Pessoa, PB.

Excesso de Peso, Pressão Arterial e Atividade Física no Deslocamento à Escola em Crianças e Adolescentes de João Pessoa, PB.

IV. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES... 54 Síntese dos Principais Resultados Encontrados

Implicações e Recomendações Sugestões para Investigações Futuras

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 57 ANEXOS... 61

(10)

LISTA DE ANEXOS

ANEXO Página

1. Certidão do Comitê de Ética... 62

2. Registro em Cartório de Transferência de Direitos Autorais... 64

3. Questionário do Estilo de Vida em Crianças e Adolescentes... 66

4. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido... 70 5. Carta de Aceite do artigo: Atividade Física no Deslocamento à Escola e

no Tempo Livre em Crianças e Adolescentes de João Pessoa, PB...

72 6. Carta de Aceite do artigo: Excesso de Peso, Pressão Arterial e

Atividade Física no Deslocamento à Escola em Crianças e

Adolescentes de João Pessoa, PB...

(11)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA Página

1. Localização do Município de João Pessoa no Estado da Paraíba... 17

2. Município de João Pessoa, PB... 17

3. Divisão dos Distritos Sanitários e o número de Escolas e Alunos... 20

(12)

LISTA DE QUADROS

QUADRO Página

1. Distribuição do Número de Escolas Públicas e Privadas por Distrito

Sanitário... 20 2. Distribuição da Amostra Mínima Esperada e Amostra Real por Distrito,

Tipo de Escola e Série de Ensino...

(13)

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

Formulação da Situação-Problema

O sedentarismo, a obesidade e a pressão arterial (PA) elevada são fatores de risco potenciais para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (National Institutes of Health - NIH, 1996). Embora os sintomas clínicos não sejam aparentes em fases recentes da vida, evidências têm diagnosticado que a origem da doença cardiovascular inicia na infância e pode se estender até a idade adulta (Powel & Blair, 1994). Deste modo, é preciso detectar a presença e a persistência de fatores de risco em crianças e adolescentes, assim como, incentivar a adoção de um estilo de vida fisicamente ativo para prevenir e promover saúde cardiovascular (Williams et al., 2002).

Dados internacionais demonstraram que as mortes causadas por doenças crônicas (35%), diabetes mellitus (35%) e câncer de cólon (32%) em adultos teriam sido, teoricamente, prevenidas se todos fossem vigorosamente ativos (Powel & Blair, 1994). Em crianças e adolescentes, a prática regular de atividade física associou-se à manutenção do peso corporal, à redução da hipertensão arterial (Williams et al., 2002) e a melhoria da aptidão cardiorrespiratória (Sallis & Patrick, 1994).

Apesar desses benefícios, estudos de coorte observaram declínio da atividade física (Inchley et al., 2005) e da participação em esportes na adolescência (Martin et al., 2005). Níveis insuficientes de atividade física foram associados com maior tempo despendido em frente a televisão (Spinks et al., 2006; Hager, 2006) e uso de transporte passivo no deslocamento à escola (Spinks et al., 2006; Cooper et al., 2003; Harten & Olds, 2004). Conseqüentemente, a prevalência de sedentarismo (Twisk, 2001) e a exposição a doenças cardiovasculares (NIH, 1996) e metabólicas (Sallis & Patrick, 1994) têm aumentado drasticamente nessa fase da vida. Por isso, têm-se discutido e observado os benefícios e a contribuição de simples alterações em hábitos diários para a prevenção e promoção da saúde.

A American Academy of Pediatrics (2001) recomenda que o tempo total dedicado para meios de comunicação e outros entretenimentos eletrônicos não devem exceder a duas

(14)

horas por dia. Porém, estudos demonstraram um gasto excessivo de tempo em frente à televisão entre o período de dois aos dezessete anos de idade, podendo exceder o tempo gasto na escola e até mesmo em todas as outras atividades, exceto o sono (Kaiser Family Foundation, 2006).

Embora a caminhada ou ciclismo de casa à escola possa aumentar a atividade física no tempo livre e melhorar a aptidão cardiorrespiratória das crianças (Cooper et al., 2003; Harten & Olds, 2004), dados de pesquisas americanas revelaram que apenas 14% dos escolares se deslocavam de forma ativa (Centers for Disease Control and Prevention – CDC, 2002). Em contrapartida, a propriedade de veículos particulares aumentou consideravelmente entre o período de 1969 e 1977, de forma que, no ano de 1995, 40% de todas as casas norte-americanas possuíam dois automóveis (Nationwide Personal Transportation Survey – NPTS, 1995).

Níveis insuficientes de atividade física (Lohman et al., 2006; Moayeri et al., 2006; Sulemana et al., 2006) e maior tempo despendido em frente à televisão foram mais prevalentes em estudantes com excesso de peso (Hancox & Poulton, 2006; Dutra et al., 2006; Dollman & Ridley, 2006) e mais de 60% das crianças com sobrepeso apresentaram PA elevada ou hiperlipidemia (Freedman et al., 1999). Estudos prospectivos revelaram forte associação entre a obesidade e a hipertensão arterial (Field et al., 2005; Burke et al., 2004). Em meninos americanos, os valores de IMC maior que o percentil 75 aumentaram em quatro vezes as chances de ter hipertensão após oito a doze anos de acompanhamento (Field et al., 2005) e em meninos australianos o excesso de peso aumentou em 53% as chances de hipertensão após 16 anos de acompanhamento, em relação aqueles com peso normal (Burke et al., 2004).

Em estudos transversais não é possível elucidar a relação temporal entre a exposição e o desfecho, entretanto, esse tipo de investigação fornece informações sustentáveis de prevalências e problemas que estão intimamente associados. No Brasil, pesquisas sobre a prevalência e associação entre sedentarismo, excesso de peso e PA elevada em crianças e adolescentes ainda são escassas. Em visita as bases de dados eletrônicas foram encontradas poucos registros de estudos brasileiros com essa abordagem, principalmente envolvendo estudantes de cidades nordestinas.

A escassez de dados epidemiológicos em cidades da região Nordeste e a inexistência de informações envolvendo a população escolar do estado da Paraíba (Figura 1) justificam a realização desse estudo. Optou-se por estudar o município de João Pessoa

(15)

(Figura 2) que possui uma área de 211 Km2 e 597.934 habitantes (IBGE, 2006). Limita-se ao norte com o município de Cabedelo, ao sul com o município do Conde, a leste com o Oceano Atlântico e, a oeste com os municípios de Bayeux e Santa Rita. A média de altitude em relação ao nível do mar é de 37m, com média anual de umidade relativa do ar de 80%. Possui clima tropical úmido e temperaturas médias de 26º Celsius (www.joaopessoa.pb.gov.br).

A cidade é considerada a “segunda capital mais verde do mundo” com mais de sete quilômetros quadrados de floresta por habitante (Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD, 1992). João Pessoa apresenta um índice de desenvolvimento humano de 0,783, ocupando o melhor índice do estado e a 9ª posição de desenvolvimento entre os municípios da Região Nordeste (IBGE, 2006). João Pessoa ficou entre as oito cidades do Nordeste com menor índice de pobreza, entre as seis, com melhor renda per capita e entre as onze com melhor índice de educação, no ano de 2000.

Apesar de ser uma cidade tranqüila e oferecer uma paisagem extraordinária para prática de caminhada e esportes na natureza, um estudo realizado em 15 capitais brasileiras mais o Distrito Federal com pessoas a partir de 15 anos de idade revelou que João Pessoa foi a capital com maior número de indivíduos insuficientemente ativos (55%), com prevalência de 37% de excesso de peso e 10 a 27% de hipertensão nas faixas etárias de 25-39 e 40-59 anos, respectivamente (Instituto Nacional do Câncer – INCA, 2004). A ausência de informações dessa natureza envolvendo crianças e adolescentes despertou o interesse para realização do presente estudo.

Objetivos do Estudo

Geral:

Investigar as prevalências e as possíveis associações entre comportamentos sedentários, atividade física no deslocamento à escola, excesso de peso corporal e PA elevada em estudantes de 7 a 12 anos de idade da cidade de João Pessoa, PB.

(16)

Específicos:

1. Descrever e associar a forma de deslocamento à escola e a atividade mais praticada no tempo livre pelos estudantes;

2. Avaliar a prevalência e a associação do excesso de peso, gordura corporal e PA elevada entre os estudantes que se deslocavam de forma ativa e passiva à escola.

Delimitação e Limitação do Estudo

Delimitações:

I. Participaram do estudo, crianças e adolescentes de ambos os sexos, na faixa etária de 7 a 12 anos, devidamente matriculados na 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental da rede de ensino pública municipal e privada da cidade de João Pessoa/PB;

II. Dentre os componentes da atividade física foram estudados o tempo e a forma de deslocamento à escola e a participação em atividades sedentárias;

III. Informações pertinentes a medidas antropométricas incluíram peso corporal, estatura, dobras cutâneas triciptal e subescapular; medidas de pressão arterial.

Limitações:

I. As informações sobre atividade física foram obtidas por meio de um questionário adaptado à realidade da população, porém ainda não validado. A veracidade e precisão de informações fornecidas por questionários podem apresentar valores subestimados ou superestimados, com omissão ou afirmação equivocada de algumas informações que podem não condizer com a realidade;

II. A medida de pressão arterial foi realizada em uma única visita, não podendo ser utilizada para caracterizar hipertensão arterial. Essa medida deve ser usada como indicador de risco de pressão arterial elevada;

III. As medidas de dobras cutâneas foram avaliadas por dois profissionais, com erro de medida inter e intra-avaliador aceitável, porém não exclui totalmente a variabilidade da medida.

(17)

Fonte: http://www.guianet.com.br/pb/mapapb.htm

Figura 1 – Mapa do Estado da Paraíba.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Pessoa

(18)

CAPÍTULO II

MÉTODOS

Caracterização da Pesquisa

Esta pesquisa estudou a prevalência e a associação entre o sedentarismo, o excesso de peso corporal e a pressão arterial elevada em crianças e adolescentes do município de João Pessoa, PB. Este estudo caracterizou-se como um levantamento epidemiológico descritivo do tipo observacional, pois não permite o controle da exposição nem alocação dos indivíduos, lançando mão de uma situação dada e observando os resultados. A estratégia de observação foi seccional, onde as informações foram coletadas em um único momento impossibilitando a relação temporal entre as características do grupo (Medronho et al., 2004).

População e Amostra

A população foi constituída por escolares de ambos os sexos regularmente matriculados no ensino fundamental (1a a 4a série) de escolas públicas municipais e privadas da cidade de João Pessoa, localizada na região Nordeste do Brasil. Este estudo caracterizou-se como uma análise secundária de um banco de dados do projeto intitulado “Prevalência e Fatores de Risco Cardiovascular em Crianças” coletado entre abril e setembro de 2005, após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Paraíba (RG 129/03) (Anexo I). Os dados desse projeto foram reservados exclusivamente para elaboração de artigos referentes a esta dissertação e os procedimentos legais em relação à autoria foram totalmente esclarecidos e registrados em cartório (Anexo II).

A amostra foi probabilística, estratificada de forma proporcional a partir dos seguintes parâmetros: intervalo de confiança de 95%, erro amostral tolerável de 3,0%, prevalência de 60% (considerando o maior desfecho entre as prevalências - sedentarismo) e efeito do desenho de 1,5. O tamanho da amostra foi determinado utilizando a fórmula

(19)

proposta por Luiz & Magnanini (2000) para investigações epidemiológicas com populações finitas: Sendo: n = tamanho da amostra Z2α/2 = nível de confiança N = tamanho da população

P = prevalência estimada de sedentarismo εr = erro relativo (ε / P)

Deste modo, estimou-se uma amostra mínima de 1.497 escolares e, por segurança, decidiu-se acrescentar 10% para compensar eventuais perdas. Em conformidade com o plano amostral, 1.647 estudantes aparentemente saudáveis e livres de tratamento médico participaram do estudo. Após a coleta, foram incluídos os estudantes com idades de 7 a 12 anos, e excluídos, aqueles fora dessa faixa etária (n= 60; 3,6%). Houve 1,0% (n= 17) de perda entre os estudantes que faltaram no dia do teste ou que se recusaram em realizar as medidas. A amostra final foi de 1.570 (808 do sexo masculino e 762 do sexo feminino) mantendo-se o poder estatístico inicial e a representatividade da população.

Procedimentos para Seleção da Amostra

O processo amostral foi estratificado pelos distritos sanitários (n= 5), em conformidade com a Secretaria de Saúde do Município, com abordagem de dois estágios para amostragem por conglomerado de turmas: a) característica da escola (pública e privada) e b) série de ensino (1a a 4a). Inicialmente fez-se o mapeamento da distribuição das escolas e do número de alunos alocados em cada distrito sanitário (Figura 3).

O município de João Pessoa apresentou 248 escolas de ensino fundamental da rede pública municipal (n= 87) e da rede privada (n= 161). Destas, foram excluídas as que não possuíam as quatro séries de ensino (n= 38 escolas); aquelas com número de alunos inferior a trinta (n= 50 escolas) ou com exclusividade feminina (n= 10 escolas). Portanto, foram consideradas elegíveis 150 escolas, sendo 84 públicas municipais e 66 privadas.

(20)

Figura 3 – Divisão dos Distritos conforme a Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa, com suas respectivas escolas e número de alunos.

Para a escolha das escolas estimou-se uma proporção de 10% daquelas consideradas elegíveis (n= 150). Das 15 escolas selecionadas, aleatoriamente, dez eram públicas e cinco privadas, em função de um maior número de estudantes matriculados na rede pública municipal de ensino. Na distribuição por distrito optou-se, inicialmente, em selecionar três escolas em cada distrito (2 públicas e 1 privada). Entretanto, devido à maior quantidade de alunos no distrito I e menor no distrito V determinou-se a seleção acrescentando uma escola no primeiro e reduzindo uma escola no quinto distrito. Todas as escolas selecionadas se disponibilizaram a participar do estudo, exceto a escola particular do distrito IV que foi substituída por outra com características similares (Quadro 1).

Quadro 1 – Distribuição do número de escolas públicas e privadas por Distrito Número de Escolas

Distrito

Públicas Municipais Privadas

Total

I Zulmira de Novais, Apolônio Sales,

Analice Caldas

João Machado 4

II Dumerval Trigueiro, Augusto dos Anjos Cenegista João R. Amorim 3

III Cônego Matias, José Américo Geo Sul 3

IV Rui Carneiro, Frei Afonso Hipócrates Jardim Luna 3

V Seráfico da Nóbrega Motiva 2

TOTAL 10 5 15 Nº DE ESCOLAS DISTRITO Pública Privada TOTAL I 31 11 42 II 19 12 31 III 14 17 31 IV 11 9 20 V 9 17 26 TOTAL 84 66 150 0 2000 4000 6000 8000 10000 I II III IV V Distritos núm er o de al uno s Escolas Públicas Escolas Privadas

(21)

Em cada escola selecionada foi avaliada uma quantidade de turmas suficiente para se alcançar um número de sujeitos que garantisse a representatividade em relação aos dois estágios de seleção da amostra. Em cada série de ensino fez-se a distribuição representativa da quantidade de alunos por turma respeitando os demais critérios. Todas as informações referentes à população estudada e o procedimento de estratificação foram descritos na Figura 4. A distribuição da amostra mínima esperada e da amostra real obtida, considerando o tipo de escola e a série de ensino pode ser visualizada no Quadro 2.

Fonte: Secretaria de Educação do Estado da Paraíba

Figura 4 – Fluxograma da População

Quadro 2 – Distribuição da amostra mínima esperada e amostra real segundo o distrito, o tipo de escola e a série de ensino.

DISTRITOS I II III IV V TOTAL Escola e Série n1 n2 n1 n2 n1 n2 n1 n2 n1 n2 n1 n2 Municipal 307 301 273 268 225 209 175 193 85 125 1067 1096 1ª 83 64 69 70 61 49 48 58 24 30 285 271 2ª 70 75 61 38 52 60 38 44 18 33 239 250 3ª 72 87 65 84 49 44 39 33 20 33 245 281 4ª 82 75 78 76 63 56 50 58 23 29 296 294 Particular 48 71 43 110 166 95 90 110 82 88 430 474 1ª 11 17 11 25 44 23 19 22 21 17 106 104 2ª 12 19 11 20 43 25 21 35 19 20 106 119 3ª 13 23 11 25 41 24 24 23 20 22 109 117 4ª 12 12 10 40 38 23 26 30 22 29 108 134 População: 38.195 Distrito I: 9.087 Distrito II: 8.063 Distrito III: 10.018 Distrito IV: 6.778 Distrito V: 4.249

Escolas Públicas 7.855 alunos Escolas Privadas 1.232 alunos Séries: 1a

2.149, 2a

1.791, 3a

1.834, 4a

2.081 Séries: 1a 299, 2a 309, 3a 319, 4a 305

Escolas Públicas 6.977 alunos Escolas Privadas 1.086 alunos Séries: 1a 1.775, 2a 1.569, 3a 1.639, 4a 1.994 Séries: 1a 281, 2a 274, 3a 279, 4a 252

Escolas Públicas 5.760 alunos Escolas Privadas 4.258 alunos Séries: 1a 1.563, 2a 1.298, 3a 1.273, 4a 1.626 Séries: 1a 1.125, 2a 1.097, 3a 1.047, 4a 989

Escolas Públicas 4.468 alunos Escolas Privadas 2.310 alunos Séries: 1a 1.216, 2a 979, 3a 985, 4a 1.288 Séries: 1a 500, 2a 546, 3a 607, 4a 657

Escolas Públicas 2.163 alunos Escolas Privadas 2.086 alunos Séries: 1a 596, 2a 454, 3a 507, 4a 616 Séries: 1a 546, 2a 488, 3a 499, 4a 553

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Instrumentos e Procedimentos de Medidas

Questionário de Atividade Física e Comportamentos Sedentários

¾ Estruturação do Questionário de Atividade Física

O processo de elaboração do questionário foi realizado entre março e novembro de 2004 com crianças de 1a a 4a séries de duas escolas (pública e privada) do município de João Pessoa/PB. Os estudantes foram entrevistados sobre os tipos de atividades normalmente realizadas no dia-a-dia. A partir desta informação foram selecionadas as atividades comumente praticadas pelas crianças, com destaque para os esportes com bola, ciclismo, dança, atividades recreativas (bola de gude, barra bandeira, baleado, entre outras), domésticas (espanar pó, jogar lixo e lavar louças, roupas) e formas de deslocamentos da residência para a escola (bicicleta, a pé, carro e outros).

Para escolha de um instrumento mais adequado, paralelamente a este levantamento, foi realizada uma revisão bibliográfica dos questionários de atividade física elaborados para crianças optando-se por adaptar o questionário proposto por Barros et al. (2003), desenvolvido com crianças de 7 a 10 anos de idade da cidade de Florianópolis-SC. Para adaptar o questionário a realidade de João Pessoa realizou-se entrevista com 12 alunos de cada escola (pública e privada) de turmas diferenciadas.

As modificações necessárias ao referido questionário aconteceram no tipo de atividade física para atender diferenças culturais e foram acrescidas informações sobre a distância (minutos) da residência para escola, freqüência semanal das atividades e qual atividade era mais praticada no tempo livre. Dessa forma, o questionário permitiu levantar informações sobre: a) aspectos demográficos (sexo e idade); b) percepção de atividade física, c) distância e transporte utilizado para se deslocar de casa até a escola; e d) atividades físicas no lazer (esportivas, tarefas domésticas e atividades recreativas).

O questionário foi aplicado sobre dois formatos: preto e branco e colorido em momentos diferentes. Nessa ocasião, um grupo aplicou sob forma de entrevista individual e o outro aplicou em toda a turma. Alguns pontos foram levantados: a versão colorida teve maior aceitação (atenção e compreensão das perguntas) do que a versão em preto e branco; a aplicação em turmas intactas se mostrou próxima à aplicação sob forma de entrevista quando em sala de aula ficavam três a quatro assistentes para as turmas de 1a a 3a séries e

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um ou dois nas turmas de 4a série. O tempo despendido com preenchimento do questionário foi menor quando os alunos respondiam em conjunto com os assistentes.

Após essas modificações o questionário (Anexo III) revelou-se adequado para os escolares de 7 a 12 anos nas questões referentes à forma de deslocamento e tempo despendido para escola e inadequado para os escolares menores de 9 anos de idade nas perguntas sobre os tipos de atividades físicas praticadas, freqüência semanal e intensidade, sugerindo a sua utilização a partir desta idade.

¾ Reprodutibilidade e Aplicação do Questionário

Para medir a reprodutibilidade do questionário foram selecionadas duas escolas (pública e privada) com a participação de 273 escolares de 1ª a 4ª série, de ambos os sexos. Foram excluídos da análise, os alunos que faltaram no dia da segunda aplicação do questionário, que não informaram o sexo e/ou idade e os que não preencheram os indicadores de atividade física (intensidade e freqüência) constituindo uma amostra final de 166 estudantes (86 do sexo masculino e 80 do sexo feminino).

O teste e re-teste foram realizados em sala de aula numa dinâmica interativa de perguntas e respostas e administrados sempre pelas mesmas pessoas. Os estagiários explicavam o questionário e orientavam o preenchimento por etapas, perguntas e respostas. Primeiro foi questionado a percepção da atividade física (Gosto, um pouco, não gosto); o meio de transporte, normalmente utilizado para ir a escola (carro, moto, ônibus, bicicleta, caminhando); o tempo despendido de casa até a escola? (até 10 minutos, 10 a 20 minutos, maior que 20 minutos), e a atividade mais realizada no período em que não estavam na escola (ajudando nas tarefas domésticas; assistindo TV/DVD/usando computador; brincando em casa ou na rua; praticando esportes recreativos ou competitivos). As questões referentes às atividades físicas foram respondidas em uma seqüência de três perguntas: primeiro pratica ou não aquele tipo de atividade, se a resposta fosse negativa a criança aguardava para fazer a próxima questão, se positiva, questionava-se a intensidade de prática e freqüência semanal. Os alunos demoraram em torno de 20 a 30 minutos para responder todas as questões. Uma semana após a primeira aplicação do teste foi realizado o re-teste seguindo os mesmos procedimentos. A reprodutibilidade do questionário no teste/reteste apresentou um coeficiente de correlação intra-classe de 0,95.

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Medidas Antropométricas

Peso Corporal, Estatura e Dobras Cutâneas

¾ Instrumentos de Medidas Utilizados

A avaliação antropométrica foi realizada por meio da aferição do peso corporal (kg), estatura (cm) e dobras cutâneas (mm) triciptal e subescapular. Para aferir a massa corporal (kg) utilizou-se uma balança digital portátil da marca Plenna, com capacidade de até 150 kg e escalas de 100 gramas, admitindo-se variação mínima de 0,1 kg entre duas medidas. A estatura (cm) foi aferida com fita métrica de aço, com escalas de 0,1 cm, fixada à parede nivelada, admitindo-se uma variação máxima de 0,5cm entre duas medidas. As medidas de dobras cutâneas tricipital (DCT) e subescapular (DCS) foram realizadas por meio de um plicômetro modelo Harpenden, que garante compressão de 10g/mm2 e precisão de até 0,1 milímetros.

¾ Aplicação e Critérios de Medidas

O peso corporal (kg) e a estatura (cm) foram obtidos seguindo a padronização de Gordon et al. (1988). Os valores dessas variáveis foram aplicados na equação de Quetelet para a obtenção do índice de massa corporal (IMC) = Peso (kg) / (estatura)2 . As medidas de dobras cutâneas triciptal e subescapular foram obtidas com base no protocolo de Harrisson et al. (1988), com as duas medições realizadas alternadamente em intervalo mínimo de dois minutos, sendo registrado o valor médio.

As medidas de dobras cutâneas foram realizadas por dois avaliadores experientes com erro técnico de medida intra e inter-avaliador inferior a 2% e coeficiente de correlação intra-classe de 0,97 (IC95%= 0,95-0,98). Para a classificação do excesso de peso

(Sobrepeso/Obesidade) foi utilizado o ponto de corte sugerido pela International Obesity Task Force (Cole et al., 2000) e quanto ao excesso de gordura corporal foi utilizado a proposta de Must et al. (1991) para os valores de dobra cutânea triciptal maior ou igual ao percentil 85, considerando o sexo e a idade.

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Pressão Arterial

¾ Instrumentos de Medidas Utilizados

A pressão arterial foi aferida por meio do método de ausculta utilizando-se de esfigmomanômetro aneróide da marca Missouri Indústria e Comércio Ltda, calibrado periodicamente, com braçadeiras adequadas à circunferência do braço e estetoscópio pediátrico da marca BD. Precedendo a medida, foi mensurado o perímetro do braço direito para determinar o tamanho da braçadeira a ser utilizada, conforme procedimentos do National High Blood Pressure Education Program (NHBPEP, 2004).

¾ Aplicação e Critérios de Medidas

A pressão arterial foi mensurada no braço direito posicionado à altura do coração com o sujeito relaxado na posição sentada. Após 5 minutos de descanso prévio foram aferidas duas medidas com intervalo de repouso mínimo de cinco minutos, sendo registrado o menor valor. A pressão arterial sistólica (PAS) foi determinada ao aparecimento dos ruídos (fase I de Korotkoff) e a diastólica (PAD) no desaparecimento dos ruídos (fase V de Korotkoff). A medida de pressão arterial foi realizada em uma única visita e os valores assumiram pontos de corte considerando o sexo, a idade e o percentil da estatura (NHBPEP, 2004).

Coleta de dados

¾ Composição da Equipe

A equipe de coleta foi constituída por quatro estagiários, três profissionais de Educação Física e uma técnica de Enfermagem. Na divisão dos testes, três pessoas ficaram responsáveis pela aplicação do questionário, uma pessoa na aferição do peso corporal e estatura, duas para mensuração de dobras e duas para aferição da pressão arterial. Os avaliadores participaram de um estudo piloto envolvendo 22 crianças, de ambos os sexos, para padronizar as medidas entre os pares.

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O Erro Técnico de Medida (ETM) intra-avaliador para a dobra triciptal foi de 0,7 (avaliador 1) e 0,6% (avaliador 2) e para dobra subescapular foi de 0,8% (avaliador 1) e 0,7% (avaliador 2). No erro inter-avaliador, o percentual foi de 0,9% para dobra triciptal e de 1,3% para a subescapular. Esses resultados são aceitáveis, conforme proposta estabelecida por um modelo australiano (Gore et al., 2005). O Coeficiente de Correlação Intra-classe (CCI) inter-avaliador foi de 0,97 (IC95%= 0,95-0,98).

¾ Visita as Escolas

As escolas selecionadas foram previamente consultadas sobre a possibilidade de participação no estudo e a disponibilidade de dias e horários para a coleta de dados. Após a permissão, as turmas de 1ª a 4ª série eram visitadas com o propósito de informar aos alunos os objetivos e a importância da participação na pesquisa e para entregar o termo de consentimento livre e esclarecido para ser assinado por seus responsáveis (Anexo IV). No dia seguinte os termos eram recolhidos e iniciava-se a coleta de dados.

¾ Medidas

A aplicação do questionário e as medidas de peso corporal e estatura foram realizadas em sala de aula, enquanto a aferição da pressão arterial e das dobras cutâneas acontecia em sala reservada. Nas escolas em que não havia uma sala desocupada para essas medidas fazia-se uma divisão na sala de aula para a coleta dessas informações.

A média de tempo gasto em cada turma foi de 50 a 60 minutos. O período de coleta nas escolas foi de aproximadamente quatro meses, sendo avaliada uma escola por semana e duas visitas em cada escola.

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CAPÍTULO III

Atividade física no deslocamento à escola e no tempo livre em crianças e adolescentes da cidade de João Pessoa, PB.*

Kelly Samara da Silva Adair da Silva Lopes Francisco Martins da Silva

RESUMO

Este estudo objetivou descrever e associar a forma de deslocamento até a escola e a atividade mais praticada no tempo livre pelos escolares. Participaram do estudo 1.570 escolares (808 do sexo masculino e 762 do feminino) de 7 a 12 anos de idade da cidade de João Pessoa, PB. Os estudantes responderam a três questões subjetivas referentes ao meio de deslocamento à escola, tempo despendido e a atividade mais praticada no tempo livre. Aplicou-se o teste de proporção, qui-quadrado e regressão de Poisson. Dentre os escolares estudados, 70% seguiam a pé/bicicleta à escola e mais de 50% realizavam atividades sedentárias no tempo livre. A chance de usar transporte passivo (automotores) foi 60% maior nos escolares que moravam a mais de 20 minutos da escola quando comparados aos que residiam a menos de 10 minutos, e onze vezes maior nos estudantes de escolas privadas em relação aos de escolas públicas. Não houve associação entre as atividades realizadas no tempo livre e o tipo de deslocamento. Conclui-se que, quase um terço dos escolares se deslocava passivamente à escola e mais da metade realizavam atividades sedentárias no tempo livre. Sugere-se mudanças de comportamento a partir da criação de estratégias conjuntas entre as secretarias de esporte, saúde, educação e transporte.

Palavras chaves: Caminhada, atividade física, escolares.

ABSTRACT

The aim of this study was to describe and associated the displacement form until the school and the physical activity in the free time for the students. The study sample comprised 1.570 schoolchildren (808 male, 762 female) aged 7 to 12 years from João Pessoa, PB. The students answered three questions about way of among to school and the expended time spent, and the most physical activity in leisure time. Statistical analyses were proportion ratio test, qui-square and Poisson regression. Among the students, 70% walked or cycled to school and more than 50% were inactive in the leisure time. The possibility to use passive transport (automobile) was 60% greater in students who lived more than 20 minutes busy from school when compared to those who lived by less than 10 minutes, and it was eleven times greater for students of private schools than for public schools. No association between activities leisure time and the means of transportation. It was concludes that almost one third of the students dislocated passively to school and more than half sedentary activities in leisure time. It is suggested implementation of strategies a join effort among sports, health, education and transportation sectors are needed in order to evoke behavior changes to more active lifestyles.

Keywords: walking, physical activity, students.

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Introdução

O deslocamento diário das pessoas pode contribuir para um estilo de vida ativo(30). A caminhada e o ciclismo como meio de transporte para ir à escola ou trabalho têm demonstrado associações positivas na saúde em geral(18), além de auxiliar na manutenção do peso corporal e de níveis satisfatórios de atividade física no tempo livre em crianças e adolescentes(14). Entretanto, é crescente a produção e venda de veículos automotores(1) e do número de pessoas que se deslocam de forma passiva(17).

De 1995 a 2004 houve um aumento substancial (76,3%) na quantidade de veículos no estado da Paraíba, com 51% desses automóveis alocados na cidade de João Pessoa(9). Nos Estados Unidos, entre o período de 1969 a 1995, o crescimento da propriedade de veículos particulares foi seis vezes maior do que o da população americana(17). Entre as metas traçadas pelo Department of Health and Human Services(30) no relatório do Health

People 2010 destaca-se o aumento de 31 para 50% no uso do deslocamento ativo entre os estudantes que moram a menos de uma milha da escola.

Dos estudos analisados, as cidades americanas apresentaram os percentuais mais baixos de deslocamento ativo à escola, tanto em seus relatórios (10-31%)(3-5;17;30) quanto em pesquisas isoladas (5-17%)(11;19;21;25). Nas cidades australianas, a prevalência de deslocamento ativo entre os estudantes foi de 24% em New South Wales(16), um terço em Adelaide(13) e dois terços em Melbourne(26). Em cidades inglesas, 50-70% das crianças se deslocavam de forma ativa(6;10;20). Em Pelotas, cidade da região sul do Brasil, 73% dos adolescentes usavam transporte ativo(12) e nas Filipinas observou-se 71%(29), porém as prevalências mais elevadas foram encontradas na China (84-88%)(22;28) e na Rússia (92%)(27).

O deslocamento ativo associou-se positivamente ao nível de atividade física em moças americanas(14;21), crianças australianas(13;24), dinamarquesas(7) e russas(27). Alguns estudos encontraram associações em relação à idade, característica da escola(16) e nível sócio-econômico(22;28), enquanto que, outros estudos não observaram diferenças entre essas variáveis(24;25). Comportamentos sedentários, como assistir TV e usar computadores no tempo livre, tem sido associado ao deslocamento passivo e ao baixo padrão de atividade física(24). No Brasil, até o momento, existem poucas pesquisas de base escolar ou domiciliar, de abrangência nacional ou até mesmo local abordando esta temática. O

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presente estudo objetivou descrever e associar a forma de deslocamento à escola e a atividade mais praticada no tempo livre pelos estudantes.

Material e Métodos

Este estudo é parte de um levantamento epidemiológico de corte transversal sobre a prevalência e os fatores associados às doenças cardiovasculares em escolares da cidade de João Pessoa, PB, localizada na região Nordeste do Brasil. A pesquisa foi desenvolvida entre abril e setembro de 2005 após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Paraíba (RG 129/03).

A população incluiu estudantes do Ensino Fundamental, de 7 a 12 anos de idade, de ambos os sexos. O processo amostral foi realizado em três estágios: I – a cidade foi dividida em cinco distritos, conforme a Secretaria de Saúde do Município; II – Escolas (Públicas municipais e Particulares); e III – Turmas (1ª a 4ª série). Dos 248 estabelecimentos de ensino fundamental existentes no município foram excluídos aqueles freqüentados apenas por meninas (10 escolas), os que não apresentavam todas as séries (38 escolas) e que possuíam um número de alunos inferior a trinta (50 escolas). Das escolas consideradas elegíveis, selecionou-se 15, garantindo a representatividade em relação à característica (10 municipais e 5 particulares) e o distrito a que pertencia (3 escolas por distrito).

Para calcular o tamanho da amostra, considerou-se a proporcionalidade dos alunos por série de ensino e o distrito a que pertencia. Utilizou-se o cálculo amostral proposto por Luiz e Magnanini(15), considerando um intervalo de confiança de 95%, erro tolerável de 3% e prevalência estimada de 60% (referente ao desfecho de maior prevalência – sedentarismo)(12). Como a amostra foi por conglomerados (turmas intactas), definiu-se um efeito de desenho igual a 1,5 e estimou-se um tamanho mínimo da amostra de 1.497 escolares e, por segurança, decidiu-se acrescentar 10% para compensar eventuais perdas.

Em conformidade com o plano amostral, 1.647 estudantes aparentemente saudáveis e livres de tratamento médico participaram do estudo. Após a coleta, foram incluídos no estudo os estudantes com idades de 7 a 12 anos, e excluídos, aqueles fora dessa faixa etária (n= 60; 3,6%). Houve 1,0% (n= 17) de perda e recusa entre os que faltaram no dia do teste ou que se recusaram em realizar as medidas. A amostra final foi de 1.570 (808 do sexo

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masculino e 762 do sexo feminino), mantendo-se o poder estatístico inicial e a representatividade da população.

Após autorização da direção da escola e a entrega do termo de consentimento Livre e Esclarecido por seus responsáveis, os escolares preencheram um questionário, elaborado para esse estudo com base no questionário proposto por Barros et al.(2) que mede um dia típico de atividades físicas e alimentação (DAFA). A versão adaptada consiste em alterações no tipo de atividade física praticada para atender as diferenças culturais e acrescenta informações sobre a distância da residência até a escola além da informação sobre o tipo de atividade mais praticada no tempo livre.

Na coleta de dados, os escolares responderam um questionário com perguntas fechadas: 1) quando você não está na escola onde você passa mais tempo? (ajuda nas tarefas domésticas; ver TV / usa computador; brinca em casa/na rua ou pratica esportes recreativos/competitivos); 2) qual o meio de transporte normalmente utilizado, na maioria dos dias da semana, para se deslocar de casa até a escola? (carro, moto, ônibus, a pé ou de bicicleta) e 3) qual o tempo que normalmente você gasta de casa até a escola? (menor que 10 minutos, 10-20 minutos ou mais de 20 minutos). A reprodutibilidade dessas questões medida no teste/reteste apresentou um coeficiente de correlação intraclasse de 0,95(23).

Na análise estatística, considerou-se a caminhada e o ciclismo como deslocamento ativo e o uso de carro, moto e ônibus como deslocamento passivo. Dentre os testes descritivos, incluiu-se cálculos de proporções para a forma de deslocamento à escola e as atividades realizadas no tempo livre por sexo, faixa etária e tipo de escola. Utilizou-se o teste qui-quadrado para comparação de variáveis categóricas e a regressão de Poisson, estratificada por sexo, para observar associações entre a forma de deslocamento à escola (ativo= 0 e passivo= 1) e a atividade praticada no tempo livre, ajustada a faixa etária e o tipo de escola. Em todos os testes, considerou-se significância estatística quando o p-valor foi menor que 0,05 (p<0,05). Para descrição e análise dos resultados, os escolares foram divididos em duas faixas etárias de 7 a 9 anos e de 10 a 12 anos de idade.

Resultados

Os resultados demonstraram que 70,4% dos estudantes se deslocavam de forma ativa e mais de 50% participavam de atividades sedentárias (TV / Computador) no tempo livre, com diferenças entre os sexos, faixa etária e o tipo de escola (p<0,05). Um terço dos

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escolares do sexo masculino praticava esportes no tempo livre, enquanto que, no sexo feminino um percentual similar realizava tarefas domésticas. Os estudantes mais jovens (7-9 anos) e os de escolas públicas realizavam mais atividades sedentárias e menos esportes do que os estudantes mais velhos (10-12 anos) e de escolas privadas (Tabela 1).

Tabela 1 – Atividade Física no deslocamento à escola e no tempo livre, por sexo, faixa etária e escola.

Deslocamento Atividades realizadas no Tempo Livre

Variáveis

Ativo Passivo TV /

Computador Esportes Tarefas domésticas Recreativas

% (n) % (n) % (n) % (n) % (n) % (n) Sexo Masculino Feminino 68,2 (540) 72,8 (540) 31,8 (252)* 27,2 (202) 45,6 (356) 57,0 (417) 33,9 (265) 8,0 (59) 11,3 (88) 31,5 (231) 9,2 (72)* 3,5 (26) Faixa Etária 07 a 09 anos 10 a 12 anos 65,6 (551) 76,2 (529) 34,4 (289)* 23,8 (165) 55,2 (459) 46,0 (314) 17,8 (148) 25,8 (176) 20,6 (171) 21,7 (148) 6,4 (53)* 6,6 (45) Tipo de Escola Pública Privada 92,7 (983) 20,5 (97) 7,3 (77)* 79,5 (377) 52,0 (541) 49,0 (232) 18,3 (190) 28,3 (134) 24,5 (255) 13,5 (64) 5,3 (55)* 9,1 (43)

* Teste qui-quadrado com nível de significância de p < 0,05.

Para o tempo despendido de casa até a escola, os resultados mostraram que 21% dos escolares moravam a menos de dez minutos da escola. Os escolares de 7-9 anos de idade e os estudantes de escolas públicas moravam mais distantes em comparação aos que tinham 10-12 anos e os estudantes de escolas privadas (p<0,05) (Tabela 2).

Tabela 2 – Tempo gasto para se deslocar de casa até a escola por sexo, faixa etária e tipo de escola Tempo Gasto de Casa até a Escola

< 10 min. 10-20 min. > 20 min.

Variáveis % (n) % (n) % (n) p Sexo Masculino Feminino 20,9 (165) 21,8 (161) 38,4 (303) 36,9 (273) 40,8 (322) 41,4 (306) 0,825 Faixa Etária 07 a 09 anos 10 a 12 anos 20,5 (171) 22,3 (155) 35,6 (298) 40,1 (278) 43,9 (367) 37,6 (261) 0,044 Tipo de Escola Pública Privada 19,0 (201) 26,4 (125) 35,5 (375) 42,4 (201) 45,5 (480) 31,2 (148) 0,001

O tempo gasto pelos escolares em cada meio de transporte usado para se deslocar até a escola pode ser visualizado na Tabela 3. Dos estudantes que se deslocavam de forma ativa, aproximadamente 77% gastavam tempo maior ou igual a 10 minutos. Quando o

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tempo de deslocamento era menor que 10 minutos, as meninas se deslocavam mais ativamente do que os meninos. Os estudantes de 10-12 anos eram mais ativos em deslocamentos de 10-20 minutos do que os de 7-9 anos e os que estudavam em escolas privadas se deslocavam mais de forma ativa quando o percurso era menor que 10 minutos, enquanto que, os estudantes de escolas públicas se deslocavam mais ativamente em distâncias superior a 20 minutos (p<0,05).

Dos estudantes que se deslocavam de forma passiva, 59% moravam até 20 minutos da escola. No percurso superior a 20 minutos, os escolares de 7-9 anos foram mais conduzidos passivamente do que os de 10-12 anos de idade. Nas escolas privadas, mais de 60% do deslocamento passivo acontecia em percursos de até 20 minutos, enquanto que, nas públicas quase 60% acontecia quando o tempo da residência até a escola excedia os 20 minutos. A prevalência de atividade sedentária e de tarefa doméstica no tempo livre foram maiores entre os estudantes que se deslocavam ativamente à escola, enquanto a participação em esportes e atividades recreativas foi maior entre os que se deslocavam de forma passiva (p<0,05).

Tabela 3 – Atividade Física no deslocamento à escola e o tempo gasto por sexo, faixa etária e tipo de escola.

Deslocamento Ativo % (n) Deslocamento Passivo % (n) < 10 min. 10-20 min. > 20 min. < 10 min. 10-20 min. > 20 min.

Variáveis % (n) % (n) % (n) % (n) % (n) % (n) Geral 23,1 (248) 35,7 (383) 41,2 (442) 16,5 (75) 42,4 (192) 41,1 (187) Sexo Masculino Feminino 22,7 (121)* 23,7 (127) 36,3 (195) 35,0 (188) 41,0 (220) 41,3 (222) 16,6 (42) 16,4 (33) 43,0 (108) 41,6 (84) 40,4 (102) 42,0 (85) Faixa Etária 07 a 09 anos 10 a 12 anos 23,2 (127) 22,9 (121) 32,9 (179)* 38,6 (204) 43,9 (239) 38,5 (203) 15,0 (43)* 19,3 (32) 40,8 (118) 45,0 (74) 44,2 (128)* 35,7 (59) Tipo de Escola Pública Privada 19,4 (190)* 59,5 (58) 36,0 (351) 33,2 (32) 44,6 (435)* 7,3 (7) 10,8 (8)* 17,7 (67) 29,8 (23)* 44,9 (141) 59,4 (46)* 37,4 (141) Tempo Livre** TV / Comp Esportes Tarefas domésticas Recreativas 51,2 (124) 15,7 (38) 26,0 (63) 7,0 (17) 51,6 (194) 21,8 (82) 21,5 (81) 5,1 (19) 53,2 (230) 17,4 (75) 23,4 (101) 6,0 (26) 45,9 (34) 39,2 (29) 10,8 (34) 9,6 (18) 48,4 (93) 27,6 (53) 16,1 (31) 7,8 (15) 48,7 (91) 23,5 (44) 18,2 (8) 4,1 (3) * teste de proporção entre os sexos, faixas etárias e o tipo de escola; e **teste qui-quadrado para as atividades realizadas no tempo livre; p<0,05.

A Tabela 4 descreve os resultados das possíveis associações entre a forma de deslocamento à escola e a atividade realizada no tempo livre. Os resultados demonstraram que a razão de prevalência para o deslocamento passivo foi maior entre os estudantes de

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escolas privadas em relação aos de escolas públicas para ambos os sexos (Masculino: RP= 11,7; Feminino: RP= 10,7) e entre àqueles estudantes que residiam mais distante da escola em relação aos que moravam mais próximo (Masculino: RP= 1,7; Feminino: RP= 1,9). Não houve associação significativa entre a atividade praticada no tempo livre e a forma de deslocamento à escola.

Tabela 4 – Regressão de Poisson AjustadaZ para forma de deslocamento à escola

Masculino Feminino Variáveis % (n) RP (IC95%)# % (n) RP (IC95%)# Passivo 31,8 (252) 27,2 (202) Faixa Etária 07 a 09 anos 34,1 (145) 1,00 34,7 (144) 1,00 10 a 12 anos 29,2 (107) 0,95 (0,73-1,24) 17,7 (58) 0,82 (0,59-1,12) Tipo de Escola Pública 7,3 (39) 1,00 7,2 (38) 1,00 Privada 82,6 (213) 11,65 (8,17-16,6)* 75,9 (164) 10,66 (7,34-15,5)* Distância < 10 min 25,8 (42) 1,00 20,5 (33) 1,00 10 a 20 min 35,6 (108) 1,47 (1,01-2,13)* 30,9 (84) 1,51 (1,00-2,27)* > 20 min 31,7 (102) 1,66 (1,14-2,41)* 27,8 (85) 1,93 (1,27-2,95)* Tempo livre Esportes 36,4 (96) 1,00 50,8 (30) 1,00 TV/Computador 29,9 (106) 0,95 (0,76-1,27) 26,9 (112) 0,80 (0,52-1,23) Brincadeiras 33,3 (24) 0,93 (0,58-1,50) 46,2 (12) 0,69 (0,33-1,43) Tarefas domésticas 28,4 (25) 1,28 (0,81-2,01) 20,9 (48) 0,77 (0,47-1,25)

Zajustada a faixa etária, distância e o tipo de escola; #Razão de prevalência e Intervalo de Confiança de 95%;

* p<0,05.

Discussão

A redução de deslocamentos ativos tem sido observada em alguns países, como a Inglaterra e os Estados Unidos. Nas cidades de Manchester e Lancaster, 73,5% dos escolares (5-12 anos) caminhavam até a escola no ano de 1975 e em 2001 menos de 54% se deslocavam ativamente(20). Nos Estados Unidos, 25% dos estudantes (5-18 anos) usavam transporte ativo em 1999(3) e em 2005 esse percentual reduziu para 17%(5).

No presente estudo, mais de dois terços dos estudantes usavam o deslocamento ativo para ir à escola na maioria dos dias da semana. Estudos internacionais demonstraram baixas prevalências em escolares americanos, com valores de 7,8% na Geórgia(4) e na Virgínia(19), 5% na Columbia(25), 13,5% na Carolina do Norte(11) e 15% em adolescentes do sexo feminino de seis estados americanos(21). Na Austrália, o deslocamento ativo representa um quarto da forma de deslocamento dos escolares de New South Wales(16), um terço em Adelaide(13) e dois terços em Melbourne(26) e em Odense/Dinamarca(7;8). Já em

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adolescentes ingleses(6;10), chineses(22;28) e russos(27) a prevalência supera os setenta pontos percentuais.

Apesar de pouco incentivo e restrita condição de infra-estrutura e segurança para o uso do deslocamento ativo em algumas cidades brasileiras, observou-se boa adesão para caminhada e/ou ciclismo como meio de deslocamento à escola na cidade de Pelotas, localizada na região sul do Brasil(12), bem como no presente estudo. Esse percentual foi superior a resultados encontrados em algumas cidades americanas(11;19;21;25), australianas(13;16;26), dinamarquesa(7;8) e inglesas(6;20) e inferior aos valores observados em cidade chinesas(22;28) e na russas(27).

Na China o deslocamento de bicicleta representou 65% e a caminhada 23% do deslocamento ativo à escola(22) e na Rússia 91,6% dos estudantes seguiam por meio da caminhada e somente 0,2% utilizavam a bicicleta(27). Em Pelotas, quase 69% dos adolescentes caminhavam e apenas 6,5% pedalavam até a escola(12). Resultados similares

foram observados neste estudo, com maior proporção para a caminhada (65%) em relação ao ciclismo (5,4%). Aspectos como a falta de ciclovias no trajeto à escola, ausência de locais apropriados para colocar a bicicleta, poder aquisitivo das famílias, restrição de sinalização nas ruas e segurança no trânsito podem estar associados à baixa prevalência do uso desse transporte.

Também foi observado que quanto maior o tempo para se deslocar à escola menor as chances das crianças usarem o transporte ativo. Resultados similares foram encontrados em outros estudos(6-8) com maior prevalência de deslocamento em tempo menor ou igual à 15 minutos(16;19). Nos Estados Unidos a prevalência de deslocamento ativo foi baixa mesmo entre as adolescentes que moravam a uma milha da escola (34%)(21) e dos estudantes que moravam a menos de uma milha, somente 19% caminhavam até a escola(4). No presente estudo observou-se que 60% dos que se deslocavam de forma ativa residiam até 20 minutos da escola.

Um estudo de coorte em duas cidades inglesas demonstrou que a distância da residência para escola aumentou nos últimos tempos, sendo de 1,6km no ano de 1975 para 2,3km em 2001(20). Provavelmente este aumento na distância pode estar associado ao crescimento das cidades e estabilidade do número de escolas que não cresce proporcional à quantidade de bairros e cidades. Com isso, o deslocamento à escola tende a aumentar e também o uso do transporte passivo. Outra mudança observada foi à facilidade de acesso e a obtenção de veículos motorizados.

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Quando analisado as características demográficas e socioeconômicas para o deslocamento ativo foram encontradas maiores prevalências no sexo feminino, nos escolares de 10-12 anos e em estudantes de escolas públicas. Em relação ao sexo, os resultados foram convergentes com os encontrados nas Filipinas(29) e divergiu dos estudos que não encontraram diferenças(7;8;16) ou observaram maior prevalência no sexo masculino(11;13;28).

Em relação à faixa etária, resultados similares foram apresentados em Melbourne para os estudantes de 10-12 anos em relação aos de 5-6 anos(26). Em contrapartida, na cidade de Brisbane os escolares de 7-9 anos foram mais ativos do que os de 10-12 anos(24). Em outros estudos não foram observadas diferenças quando incluso faixas etárias maiores de doze anos(3;4;28). A forma de deslocamento das crianças pode ser influenciada pela rotina diária dos adultos (trabalho, tempo, disponibilidade) e nos escolares mais jovens (7-9 anos) há uma maior preocupação dos pais com questões de segurança.

Dos estudantes que se deslocavam ativamente 91% estudavam em escolas públicas, o que pode estar associado à condição econômica dos pais ou a opção em estudar em escolas localizadas no bairro em que residem. Resultados similares foram encontrados em escolares australianos de 5-12 anos(16). Sabe-se que a forma de deslocamento utilizada pode ser uma questão de escolha ou de necessidade, alguns estudos observaram associação entre o deslocamento ativo e a baixa renda familiar(24) ou menor quantidade de carros em casa(28). Porém, as evidências ainda são preliminares e outras pesquisas devem ser conduzidas no sentido de esclarecer as causas que levam as pessoas a adotarem determinados comportamentos em sua rotina diária.

As atividades sedentárias foram mais freqüentes no sexo feminino, entre os escolares de 7-9 anos e estudantes de escolas públicas, enquanto que, a prática de esportes foi maior entre escolares do sexo masculino, faixa etária de 10-12 anos e estudantes de escolas públicas. Em outros países, os estudantes também gastavam elevadas quantidades de tempo com atividades sedentárias(14;24) sendo maior entre os meninos(22;28). Em Brisbane, os escolares de 10-12 anos gastavam mais tempo do que os de 5-6 anos(24). Neste estudo, não foi observada associação entre o deslocamento ativo e as atividades realizadas no tempo livre. Resultados similares foram encontrados nos estudantes de 9-11 anos em Nebraska(14).

As informações apresentadas nesse estudo foram obtidas por meio de questionário, o que não descarta a possibilidade de alguns resultados terem sido superestimados ou

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subestimados. Entretanto, o excelente grau de reprodutibilidade apresentado no questionário e a existência de diversos estudos que utilizaram essa metodologia, asseguram os resultados. Para atividade praticada no tempo livre, os estudantes poderiam marcar apenas uma resposta que caracterizasse a atividade mais realizada, com isso não foi controlada a contribuição das demais atividades neste período. Portanto, sugere-se que em outros estudos sejam controlados indicadores (intensidade e duração) das atividades realizadas no tempo livre, as barreiras que poderia influenciar a adoção do deslocamento ativo, como o tráfego de carros, ausência de calçadas, ciclovias e questões de segurança.

Conclusão

Conclui-se que os escolares mais jovens e os estudantes de escolas privadas se deslocavam mais de forma passiva à escola do que os mais velhos e de escolas públicas e que metade dos escolares realizavam atividades sedentárias no tempo livre. Também foi observado que quanto maior o tempo despendido de casa até a escola menor o número de estudantes que se deslocavam de forma ativa e não houve associação entre o tipo de atividade normalmente realizada no tempo livre e a forma de deslocamento à escola.

Aspectos como infra-estrutura da cidade, localização das escolas, existência de ciclovias, segurança e condição econômica têm influenciado a forma de deslocamento à escola. É preciso criar condições ambientais e de segurança para oportunizar os escolares a adotarem formas de deslocamento ativo no seu dia-a-dia como meio de incentivo para um estilo de vida ativo. Também se faz necessário reduzir o tempo dedicado à prática de atividades sedentárias no período fora da escola, estimulando as crianças a praticarem esportes e atividades recreativas no tempo livre. Sugere-se que as secretarias de esporte, saúde, educação e transporte se unam para a realização de campanhas educativas e programas de intervenção capazes de promover mudanças de hábitos diários dos estudantes e familiares.

Agradecimentos

A Daniela V. Farias, Edzélia D. Pereira, João Batista F. Dantas, João Leandro J. Santos, Brígida B. Bezerra e Ricardo A. Cavalcanti, estagiários do Laboratório de Estudos e Pesquisa do Movimento Humano – LEPEM / DEF / UFPB, pela colaboração na coleta e tabulação dos dados. Aos diretores, professores e alunos das escolas selecionadas para a coleta de dados.

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