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CONTINUAÇÃO DOS SUMÁRIOS DE TEORIA DA CONSTITUIÇÃO SISTEMA CONSTITUCIONAL FRANCÊS

1-INTRODUÇÃO

Este sistema Constitucional inicia a sua formação a partir de 1789, por via da revolução que, numa progressiva radicalização, se propõe a destruir todas as instituições e estruturas antigas.

A Revolução Francesa marca a ruptura com o Estado absoluto, prolongando – se por vários anos. O “Ancien Regime” nunca mais volta, nem mesmo na fase mais complicada da Restauração.

Ao compararmos com o exemplo americano que só teve até agora uma única Constituição, os franceses já perderam a conta às suas inúmeras Constituições e têm vivido em regimes de liberdade e de restrição de liberdade política, de concentração e de desconcentração do poder, de monarquia e de república, por mais de uma vez.

Nasceram textos sucessivos, de vida fugaz, muitas Constituições, nenhuma das quais conseguiu ser a Constituição da Nação Francesa. E deu – se o caso de o texto que vigorou mais tempo – o de 1875 – ter sido justamente aquele que, elaborado sem preocupações doutrinárias, foi redigido na ideia de servir de lei provisória.

2-HISTÓRIA CONSTITUCIONAL FRANCESA

As Constituições Francesas foram elaboradas sucessivamente em diversos momentos: a revolução; o consulado e o 1º império; a restauração; a 2º república e o 2º império; a 3º a 4º e a 5º repúblicas.

Cronologia:

- Constituições Revolucionárias:

. a de 1791, introduz a Monarquia Constitucional e o modelo do Governo representativo clássico e atribui o poder executivo ao Rei e o poder legislativo a uma Assembleia.

.a de 1793, repudia a separação de poderes e cria um órgão político único, o Corpo legislativo, que elegeria um Conselho Executivo dele dependente.

.a de 1795, que estabelece duas Câmaras e um órgão colegial, o Directório, encarregado do poder executivo.

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- Constituições Napoleónicas:

.a de 1799, fundando o Consulado(três Cônsules), criando quatro assembleias (o Senado, o Conselho de Estado, o Tribunal e o Corpo Legislativo) e estabelecendo o sistema eleitoral das listas de confiança. .a de 1802, transformando Napoleão Bonaparte em cônsul vitalício, mediante a revisão da Constituição anterior.

.a de 1804, instaurando o Império -Constituições da Restauração:

.Carta Constitucional de 1814, outorgada por Luís XVIII, denotando uma monarquia limitada, com duas Câmaras.

.Carta Constitucional de 1830, resulta de um pacto entre o Rei (agora Luís Filipe Orleães) e a Câmara dos Deputados, o qual se traduz no aceitar a revisão da Carta Constitucional de 1814, de uma forma mais Liberal.

-Constituições da II República e do II Império:

.a de 1848, estabelecendo um regime Presidencialista (Presidente e uma Assembleia).

.a de 1852, afirmação do poder pessoal, com a Restauração do Império com Napoleão III.

.a de 1870,que demonstra uma evolução do Império em sentido Parlamentar.

-Constituições da III, IV e V Repúblicas:

.a de 1875 (III República), consagra o sistema Parlamentar(não é propriamente uma Constituição em termos formais,mas um conjunto de leis).

.a de 1946 (IV República), mantêm com algumas alterações o mesmo sistema.

.a de 1958(V República), revista em 1962, tende a limitar o Parlamentarismo e reforça sobretudo o papel do Presidente da República, em vigor actualmente.

Do antigo regime ao 1º Império

A Constituição de 1791

Em Setembro de 1791, foi promulgada a primeira Constituição da França que resumia as realizações da Revolução.

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Influenciada pelos Estados Unidos, a França sai da monarquia absoluta passando a ser limitada pela Constituição.

Na elaboração dos textos desta Constituição denota – se uma clara influência ideológica de Montesquieu e de Rosseau; a influência da Revolução Americana, sobretudo na Declaração dos Direitos do Homem; a influência Inglesa, quanto à concepção de uma Monarquia Constitucional. Os constituintes passam a considerar como único corpo representativo a Assembleia Nacional Legislativa, eleita por sufrágio censitário e indirecto. Quanto ao monarca, denominado não já Rei de França como outrora, mas como Rei dos Franceses, a Constituição apenas lhe atribuía, autoridade para executar as leis. Deixava assim de ser soberano por direito próprio, sendo considerado mero delegado da Nação.

Em síntese a Constituição de 1791 visava criar, na França, uma sociedade burguesa e capitalista, em lugar da anterior, feudal e aristocrática.

A Convenção e a Primeira República

Ora a Constituição de 1791, configurou – se como uma simples transacção entre os revolucionários e os tradicionalistas, num momento apenas de passagem de equilíbrio de forças. Mas a revolução continuou e em 1792, a Assembleia suspende o rei das suas funções, e resolvendo que se reunisse uma nova Assembleia Constituinte, que passou a denominar – se de “Convention” (Convenção).

A Convenção aboliu a realeza e resolveu que a nova Constituição fosse submetida à aprovação popular. A comissão encarregue de elaborar o projecto da Lei fundamental, apresenta um 1º projecto, de inspiração “girondina” (nome dado à divisão ocorrida entre os revolucionários de 1789. A grande burguesia não queria aprofundar nem radicalizar a revolução, temendo o radicalismo popular, então aliada à nobreza liberal e ao baixo clero, forma o “clube dos girondinos”). Mas, por imposição da comuna de Paris, estes são excluídos da Convenção e inicia – se a ditadura jacobina (que queria aprofundar a revolução, aumentando os direitos do povo eram liderados pela pequena burguesia e apoiados pelos populares de Paris os “sans – culottes).

É então elaborado um segundo projecto de Constituição de inspiração jacobina.

Nasce assim a Constituição de 1793.

Constituição de 1793

Esta Constituição procurava realizar o ideal de república democrática. Em princípio o soberano é o povo, que deve aprovar as leis. Não há uma

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separação de poderes: à unidade da soberania corresponde um único órgão representativo, o corpo legislativo (formada por uma única câmara, renovada por sufrágio universal todos os anos ). É esta Assembleia que propõe as leis à aprovação popular e faz os decretos.

Esta Constituição não chegou a vigorar.

A Convenção enquanto não entrava em vigor a nova lei Constitucional, exerceu como órgão constituinte, a plenitude do poder soberano.

A aprovação desta Constituição não pôs termo a esta ditadura. O Directório e a Constituição de 1795

Os jacobinos acabam por ser vítimas do “Terror” bem como o seu líder Robespierre (vitimas do seu próprio terror, pois estes condenaram a guilhotina milhares de pessoas para combater a contra – revolução), foi executado: é o golpe de Estado do “Thermidor” (articulado por muitos dos girondinos que haviam sobrevivido ao terror).

A Convenção “Thermodiriana tratou de elaborar novo texto Constitucional em 1795.

Nesta nova Constituição antepunha – se agora, após a experiência do “Terror”, uma clara declaração dos direitos e dos deveres do homem e do cidadão.

O poder legislativo foi repartido entre duas câmaras, eleitas por sufrágio censitário, com renovação anual de um terço (o Conselho dos Quinhentos e o Conselho dos Anciãos).

O poder executivo foi confiado ao Directório, composto por cinco directores, que nomeava os ministros.

Nem os Conselhos podiam destituir os Directores, nem estes dissolver as Assembleias.

Aprovada a Constituição, a Convenção“ Termodiriana” dissolveu –se. A separação rígida de poderes estabelecida na nova Constituição deu maus resultados, originando quatro golpes Estado, umas vezes levado a cabo pelo directório para submeter as câmaras, outras vezes por estas para modificar o directório.

O último desses golpes Estado foi o de “Brumário”, onde foi suprimido o directório e criada uma comissão provisória composta por três cônsules sob a presidência do general Bonaparte, com poderes para rever a Constituição. O Consulado e a Constituição de 1799

Existiram toda uma série de factores, tais como: a revolução, os golpes Estado o Terror etc…, que levaram à aceitação da ditadura exercida por

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Bonaparte, e que resultou numa nova Constituição, também aprovada por votação popular.

Esta obedecia à ideia de que “ a confiança deve vir de baixo, mas a autoridade deve vir de cima”.

Assim, ao eleitorado não compete eleger os governantes mas apenas votar, em graus sucessivos, por circunscrições territoriais, listas de confiança em que estejam inscritos os nomes de pessoas dignas a serem chamadas a exercer funções públicas. O órgão supremo do Estado era o Senado Conservador, com senadores vitalícios e inamovíveis. O Senado escolhia três cônsules, por dez anos, reelegíveis, dos quais o Primeiro cônsul detinha o poder executivo, exercido com o voto consultivo dos outros dois, competindo – lhe nomear os Ministros.

Só os cônsules podiam propor leis depois de estudados e redigidos os projectos pelo Conselho Estado.

O Consulado vitalício e o Império e a Constituição de 1804

A Constituição do ano de 1799, encobria o poder pessoal do Primeiro Cônsul que se vai acentuando de ano para ano.

Em 1802 Bonaparte, adquire o Consulado vitalício e logo a seguir o Senado votou o Senatusconsulto que alterou a Constituição em vários pontos, dos quais os mais relevantes são:

- O Primeiro cônsul passou a propor ao Senado os nomes a eleger para os lugares consulares e reserva – se no direito de designar o seu sucessor em caso morte.

-O Senado recebeu poderes legislativos em matéria Constitucional e colonial, bem como o poder de dissolver o Tribunado e Corpo Legislativo e de anular as sentenças judiciais que fossem contra a segurança do Estado. -Os Senadores só podiam ser escolhidos de entre uma lista de três nomes, para cada vaga apresentada pelo Primeiro Cônsul.

-O Tribunado foi reduzido a 50 membros.

-As listas de confiança acabaram e foram substituídas por assembleias e colégios eleitorais que propunham dois candidatos para cada lugar vago da sua competência e de entre os quais o Primeiro Cônsul fazia a escolha. O Senado, aparentemente continuava a ser uma espécie de Chefe Estado colegial mas, como o Primeiro Cônsul dispunha dele, o exercício das suas competências era inspirado pelo ditador.

O Senatusconsulto de 1804, dá à França uma nova Constituição “O governo da República é confiado a um Imperador….”, ficando especificado que a dignidade Imperial seria hereditária na família de Napoleão Bonaparte. A monarquia Cesarista remata a evolução que vinha de 1789.

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O Imperador detém assim um poder quase discricionário e passava a nomear os Senadores

Com o Império é encerrado um ciclo revolucionário: a velha Monarquia Francesa, assente no direito divino que conferia ao Rei um poder pessoal e próprio cede lugar à soberania do povo e esta, depois de desordenadamente exercida pelas assembleias, acaba por ser delegada, a um novo monarca saído da massa popular.

Da Restauração ao 2º Império

O Segundo ciclo Constitucional Francês

A História Constitucional Francesa, tal como já se pode deduzir, têm um carácter cíclico ou seja de 1789 a 1804 sucedem – se a Monarquia absoluta, a Monarquia limitada, a República autoritária ou ditadura e por fim novamente, a Monarquia absoluta. Ora de 1804 a 1852 nota – se a repetição fiel destas mesmas fases e pela mesma ordem: a Monarquia absoluta do Império Napoleónico, seguindo – se a Monarquia limitada de 1814 e de 1830, a esta sucede a 2º República em 1848, que muda rapidamente da Democracia para o Autoritarismo, até acabar em 1851 na ditadura e em 1852 no 2º Império.

A Carta Constitucional de 1814 e a reforma de 1830

Luís XVIII Bourbon é posto no trono de França pelos aliados, mas recusa – se a aceitar a Constituição Senatorial de 1814 e outorga assim uma Carta Constitucional.

Esta atribuía o poder legislativo em conjunto ao Rei, à Câmara dos Pares e à Câmara dos deputados dos departamentos, mas só o Rei podia propor Leis. Era o rei que detinha o poder executivo; e tinha ainda o poder de dissolver a Câmara dos deputados.

A Carta de 1814 institui assim um sistema de governo parlamentar com predomínio governamental, que funcionou sob o domínio de Luís XVIII e Carlos X. Contudo, as ideias democráticas voltaram a exercer o seu império, sobretudo nos intelectuais e pequena burguesia, e o conflito acontece entre democratas e a Coroa: foi a revolução de 1830, que depõe o Monarca e determinou nas duas Câmaras, a alteração da Carta Constitucional. A Carta de 1814, com fundamento no direito próprio e exclusivo do Rei, passou a ser a Carta reformada pelo voto da Nação em 1830.

A reforma reduz o poder real, aumenta a supremacia parlamentar concedendo às Câmaras a faculdade de propor leis, e volta a chamar ao

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monarca “Rei dos franceses”. Uma vez a Carta reformada, as Câmaras aclamam como novo Rei o Duque de Orléans (Luís Filipe de Orléans), firmou juramento quanto à aceitação do pacto Constitucional, reconhecendo que devia o trono à vontade soberana da Nação.

A segunda República e a Constituição de 1848

A Monarquia burguesa de Luís Filipe cai em 1848, com um tumulto popular que se revelou num propósito de reproduzir a Revolução Francesa, mas a sua intenção social foi mais séria. A liberdade económica que se desejava em 1789 tinha deixado os trabalhadores à mercê do interesse egoísta dos patrões, dai resulta uma classe operária explorada e mal paga, vivendo muito pior do que em 1789 – começando a surgir um movimento Socialista.

Um dos primeiros actos do então governo provisório saído da Revolução foi decretar o sufrágio universal e directo, de modo a serem eleitos os deputados à Assembleia Nacional Constituinte. Contudo os resultados vieram a produzir resultados contrários aos desejados, pois os meios rurais não aprovaram o Socialismo de Paris e a grande maioria da Assembleia eleita foi constituída por republicanos moderados, monárquicos.

Em 4 Maio de 1848, esta Assembleia proclamou a República: assim se entrando na 2º República Francesa cuja lei fundamental veio a ser a

Constituição de 1848.

As instituições eram do tipo Americano: existia um Presidente da República eleito por sufrágio universal e directo, que exercia o poder executivo e uma Assembleia Nacional, órgão legislativo, permanente e indissolúvel. Ora, o choque deu – se como no tempo do Directório: eleito presidente, o Príncipe Luís Napoleão, sobrinho do Imperador, quis ser reeleito no termo do seu mandato e, como a Constituição não o permitia a reeleição, pretendeu que a Assembleia a alterasse. Contudo a Assembleia resiste e o Príncipe – Presidente dissolveu –a num golpe de Estado de em 1851, suspendendo a Constituição de 1848.

Da Presidência ao 2º Império – a Constituição de 1852

Em seguida ao golpe de Estado, foi reafirmada a confiança popular no Príncipe e delegou nele os poderes necessários para fazer uma Constituição. É formada uma comissão que redige, o projecto Constitucional.

O governo da República foi confiado, por 10 anos, ao Príncipe Luís Napoleão Bonaparte, como Presidente.

Os poderes do presidente da República foram aumentados, reservando – se – lhe a iniciativa das leis, cujos projectos eram redigidos pelo Conselho de

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Estado e submetidos a discussão e votação do Corpo Legislativo. O Senado era composto pelas pessoas que o Presidente nomeasse vitaliciamente. É ressuscitado assim, o regime Imperial com o príncipe Napoleão III, gozando este de um enorme prestígio e popularidade, tanto mais que este acto foi aprovado por enorme maioria de votos.

Assim, surgiu o 2º Império.

Do Império Liberal à 5º República O Império Liberal e a Constituição de 1870

O segundo Império, como o primeiro começa por ser um regime autoritário, em que a vontade do Imperador era praticamente a suprema lei. Contudo a partir de 1860 a política Imperial evolui no sentido da limitação do poder: é a fase chamada de Império Liberal, que tende para o sistema parlamentar.

Estabeleceu – se um sistema bicameral: Corpo Legislativo e Senado.

Mas esta Constituição não conseguiu dar provas, pois em Setembro desse mesmo ano, em consequência da guerra franco – prussiana, o Império tombou pela insurreição em Paris.

A crise de 1871- 1875

Após a queda do Império, é constituído um governo provisório de defesa nacional para dar continuidade à guerra, em plenos poderes de ditadura até que em Fevereiro de 1871 se reúne a Assembleia Nacional entretanto eleita. Esta era composta de grande maioria Monárquica levando a pensar que se restauraria a Monarquia. Mas qual? A dos Bourbons, legitimista? A orleanista, na pessoa do neto de Luís Felipe? As opiniões dividiram – se e perante uma Assembleia perplexa, com negociações entre os partidos e com os pretendentes, pronta a fazer um Rei mas com o inconveniente de não saber qual.

Entretanto, enquanto não se elaborava a Constituição Monárquica que dependia da questão prévia da escolha do Rei, a Assembleia Constituinte detinha todos os poderes do Estado.

Assim, tudo se mantém em regime provisório, sem Constituição e sem regras, à espera da solução Monárquica, mas como tal solução demorasse foi resolvido que o mandato do Presidente durasse sete anos, ainda passando mais algum tempo antes que se iniciasse a elaboração da Constituição. Só quatro volvidos da sua eleição a Assembleia Nacional se resolveu a iniciar os seus trabalhos, de má vontade e sempre com ideia de

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não passar além de uma plataforma para a próxima restauração monárquica.

Constituição de 1875 (III Republica)

Assim, a Assembleia Nacional em 1875 começa a regular a estrutura e funcionamento do Estado. Contudo não elaborou uma Constituição, votou apenas três Leis Constitucionais. Por isso, as Leis Constitucionais da 3º República afastam – se das tradições republicanas francesas e contém muitas características da Monarquia Parlamentar.

O Presidente da Republica tinha funções semelhantes às dos Reis Constitucionais nas monarquias parlamentares, existiam duas Câmaras formando a Assembleia Nacional (Câmara dos deputados e do senado). A Câmara dos deputados podia ser dissolvida pelo Presidente da República desde que este obtivesse o acordo do senado.

A Constituição de 1875, contida em três leis, feitas com o objectivo de que seria por pouco tempo que esta vigoraria, e apenas votadas pela Assembleia Nacional, durou quase sem alterações setenta anos, sendo esta a Constituição que vigorou por mais tempo.

A Constituição de 1946

A III República tem o seu fim com a invasão nazi de 1940. A Assembleia Nacional reunida em “Vichy”, vota a lei de 10 julho que investia o Marechal Pétain em plenos poderes, delegando nele a competência para a elaboração de uma nova Constituição sujeita a referendum popular. O Governo de “Vichy” não estava, contudo, em condições de decretar a Constituição prevista enquanto durasse a guerra e a ocupação Alemã do país.

Assim, que os Alemães saíram de Paris instala – se na capital o governo provisório da República francesa, presidido pelo General de Gaulle, que governou em ditadura assistido por uma Assembleia consultiva, até à reunião da Assembleia Nacional Constituinte em 1945.

A eleição desta Assembleia, foi feita em simultâneo com a consulta popular acerca do projecto de lei proposto pelo governo para reger os poderes públicos até à aprovação da futura Constituição.

A Lei Constitucional de 1945 aprovada pela referida consulta popular dispõe o seguinte: o governo conserva o poder executivo; a Assembleia tinha como tarefa fundamental elaborar a Constituição para o que disponha do prazo de sete meses, pois o seu mandato não podia exceder esse tempo; o projecto elaborado pela Assembleia constituinte seria submetido à

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aprovação do eleitorado, no caso de ser rejeitado, de imediato se elegeria outra Assembleia.

O projecto da Constituição que esta Assembleia elaborou, estabelecia um sistema muito parecido com o da Constituição de 1793 (governo eleito por uma única câmara). Sendo submetido à votação dos eleitores, foi rejeitado. É então eleita nova Assembleia Constituinte, que elaborou um novo texto que o eleitorado aprovou mas sem qualquer entusiasmo, transformando – se

na Constituição de 1946 que criou a IV República Francesa.

A IV República

Os constituintes de 1946, preocuparam –se em instaurar um regime liberal democrata em cujo governo fosse predominante a vontade dos representantes do eleitorado. Então, a Constituição consagrou a supremacia parlamentar exercida por uma única Assembleia política deliberativa, a Assembleia Nacional, sendo esta assistida por mais três Assembleias: o Conselho da República, o Conselho Económico e a Assembleia Nacional Francesa.

A Assembleia Nacional era, porém o órgão supremo, pois só ela votava as leis, e era esta que investia na Presidência do Conselho de Ministros o candidato que reunisse numero superior à metade dos votos dos deputados. Esta Assembleia funcionava todo o ano.

Reconhece – se um papel essencial ao Presidente do Conselho no seio do governo.

No que concerne, ao Presidente da República, eleito pelo Parlamento em sessão conjunta da Assembleia Nacional e do Conselho da República, a Constituição atribui – lhe a possibilidade de presidir à reunião de diversos órgãos mas sem poderes efectivos de qualquer espécie.

Uma inovação importante foi a criação do Conselho Superior de Magistratura presidido pelo Chefe de Estado, como órgão supremo do poder judicial e ao qual competia a nomeação, deslocação e disciplina dos juízes.

Assim que a Constituição de 1946 é aprovada passam a existir manifestações contra esta, destacando – se o movimento chefiado pelo general de Gaulle.

A prática veio confirmar a razão de ser de tais criticas, a titulo exemplo: a Assembleia não dava conta do trabalho legislativo, o Conselho da República não exercia qualquer função útil etc…

O artº 90 da Constituição previa o processo de revisão Constitucional, contudo este processo era demorado e complicado. Assim, se explica que a resolução de revisão, votada em 1950 pela Assembleia, só se tivesse

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concretizado no projecto – lei de 1953 e que este só se convertesse em lei em 1954.

Como o deficiente funcionamento das instituições continuava, em 1958 é votado um novo projecto de revisão Constitucional para a alteração de 5 artigos, de maneira a restringir ainda mais as atribuições parlamentares. A Constituição de 1946 entrara numa verdadeira crise.

A Constituição de 1958

A instabilidade dos governos e o tumulto parlamentar conduziram a IV República a um colapso, precipitado pela rebelião da Argélia para cuja resolução o regime se mostrou impotente. Ao descontentamento interno juntou – se a revolta dos franceses da Argélia em 1958, que reclamavam um governo de autoridade. As forças armadas apoiaram esta reclamação e o Presidente da República apela para general de Gaulle que obteve da Assembleia Nacional, em condições dramáticas a investidura na Presidência do Conselho como plenos poderes para legislar por decretos – leis por seis meses e o encargo de submeter ao referendum popular uma nova Constituição.

Em Julho de 1958 é submetido o projecto da Constituição ao exame de uma Comissão.

Com as alterações introduzidas pela Comissão e aceites pelo governo com a colaboração do Conselho Estado o projecto definitivo é sujeito a referendum do eleitorado. Esta é aprovada por enorme maioria, e entra em vigor a Constituição de 1958, iniciando – se um novo regime a V

República.

A nova Constituição visa o “robustecimento” da autoridade do chefe de Estado e de Governo.

O Presidente da República era eleito por sete anos por um colégio eleitoral. Nomeia o Primeiro – Ministro e, sob, proposta deste nomeia os outros membros do governo, preside ao Conselho de Ministros, promulga as Leis, assina decretos, pode dissolver a Assembleia Nacional e nomeia os titulares dos altos cargos do Estado e por ultimo é o chefe do exército.

O Governo é dirigido pelo 1º Ministro que tem o poder de fazer regulamentos. O Governo determina e conduz a política da Nação, dispõe das forças armadas e é responsável perante o Parlamento.

Quanto ao Parlamento é constituído pela Assembleia Nacional que por sua vez é constituída por deputados, e pelo Senado.

A Constituição fixa as matérias que têm de constar de lei votada pelo Parlamento.

Na Assembleia Nacional podem ser apresentadas moções de censura ao governo desde que estejam assinadas por um décimo dos deputados.

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Um Conselho Constitucional zela pela regularidade da eleição Presidencial, funciona como supremo tribunal eleitoral e examina a Constitucionalidade das leis.

Manteve – se o Conselho Superior de Magistratura presidido pelo Presidente da República.

O Conselho Económico e Social é um órgão consultivo.

A Constituição pode ser revista pelo Parlamento com aprovação popular em referendum ou por iniciativa do Presidente da República, só pelo Parlamento se este reunir três quintos votos.

A Quinta República

Com a entrada em vigor da Constituição de 1958, o Presidente da República que estava em exercício renuncia ao cargo, e é eleito em seu lugar o general de Gaulle.

Em pouco tempo, se verificou que a forte personalidade de Gaulle, como chefe de Estado passava a dominar a política Francesa, subalternizando o Parlamento, minimizando a acção dos partidos políticos e convertendo o Governo em mero executor do pensamento presidencial.

Assim, a ideia inicial de que poderia coexistir um sistema parlamentar e um forte executivo em breve se mostrou lograda. O Presidencialismo foi – se, pois, acentuando.

Em 2 Outubro de 1962 por decreto, foi submetida ao referendum popular uma alteração da Constituição com o objectivo de modificar a eleição do Presidente da República, que foi aprovada. Em consequência dessa alteração, o Presidente passou a ser eleito por 7 anos por sufrágio universal directo.

Em 1969 o Presidente da República submeteu a referendum um projecto, que visava a alteração de alguns preceitos Constitucionais, acerca da instituição e organização das regiões e a reforma do senado.

O projecto foi rejeitado pelo povo e o General de Gaulle, tal como tinha ameaçado, renunciou ao exercício das suas funções. Foi eleito para lhe suceder o seu antigo primeiro ministro, o senhor Pompidou.

3- INSTABILIDADE E SEDIMENTAÇÃO

A instabilidade que existiu no Constitucionalismo Francês no período de 1789 – 1871 é explicada por nela existir uma luta entre princípios da legitimidade – democrática e a monárquica – e de classes sociais.

As Constituições que vimos atrás correspondem a momentos diferentes dessa luta.

O princípio Monárquico ligado a crenças religiosas, resiste durante décadas ao triunfo do princípio da soberania nacional.

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Mas o princípio da soberania nacional, quer num período “cesarista” (regime autoritário, traduzido no Império) quer numa forma republicana só em 1884, quando é estabelecido como limite material da revisão Constitucional a imutabilidade da República se pode em concreto dizer que a Monarquia foi banida.

Novas instituições se sedimentam ou seja consolidam-se. Esta sedimentação é de instituições políticas e de uma certa ideia de Direito, que se traduz na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e que sobrevive mesmo não sendo inserida nos textos Constitucionais. Esta ideia é apoiada por dois instrumentos importantes: a nível social pelo “Code Napoleon” – Código Civil, o qual garante a igualdade jurídica, liberdade contratual, família e propriedade; ao nível de organização do poder, por uma administração centralizada e hierarquizada.

4- A CONSTITUIÇÃO E OS TRIBUNAIS

A Constituição em França é Lei, lei escrita ao serviço dos direitos e liberdades e da separação de poderes, acreditando – se então que uma vez que a lei é escrita, mais patente se tornara a sua violação e, assim os governantes serão dissuadidos de as cometer.

Esta lei é o resultado de um poder Constituinte, distinto por sua vez dos demais poderes do Estado poderes constituídos.

Na concepção Francesa, a força jurídica formal da Constituição e a sua rigidez excluem o costume.

Os tribunais judiciais até agora não têm competência para apreciar a Constitucionalidade das Leis, isto porque:

- da ideia de lei, ou do seu primado

- do entendimento dado à teoria da separação de poderes, não se admitindo a órgãos estranhos à função legislativa, os tribunais, venham apreciar a validade das leis.

- da reacção contra a prática dos parlamentos(judiciais) do Ancien Regime, o que levou até à proibição por lei, da apreciação jurisdicional da Constitucionalidade.

A Constituição de 1858 criou, porém, um órgão de fiscalização preventiva – o Conselho Constitucional, órgão esse que desde 1974 tem vindo a crescer, uma vez que os tribunais comuns não podem deixar de ter em conta a sua jurisprudência.

Muito mais antiga é a fiscalização jurisdicional da legalidade administrativa como elemento de garantia dos direitos dos cidadãos, contudo esta não se efectiva através dos tribunais judiciais, efectiva –se através do recurso para os tribunais administrativos.

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O sistema Parlamentar surge por necessidade política, aquando da Restauração, começa a ter traços próprios com Luís Felipe, consolida –se e adequa – se a um Regime Republicano nomeadamente a partir de 1875. Como características do sistema, tal como resultado do funcionamento da III e IV Repúblicas:

-Subsistência de um chefe Estado, o qual é formal detentor do poder executivo.

-Bicameralismo

-Inexistência de uma maioria de base parlamentar (muitos partidos políticos).

-Existência de governos de coligação

-Conselho de Ministros como órgão de definição da política governamental.

-Governos de curta duração (devido à instabilidade de coligações). -Ausência ou paralisia do poder de dissolução do Parlamento pelo Chefe de Estado ou pelo Governo.

6-A V REPÚBLICA E O PRESIDENCIALISMO GAULISTA

O Sistema Gaulista, agora com quase 50 anos de existência com quatro Presidentes sucessores de De Gaulle , é um sistema semi – presidencialista, por o Governo, livremente nomeado pelo Chefe do Estado, ser responsável politicamente perante o Parlamento.

O centro da decisão política tem residido desde o início, no Presidente da República, em resultado da auto – atribuição de um “domínio reservado” em política externa e de defesa, da subalternização do Primeiro – Ministro, do apelo ao referendo e do exercício do poder de dissolução. Somente em dois breves períodos (1986- 1988 e 1993- 1995) de não coincidência de maioria Presidencialista e de maioria Parlamentar terá sido aplicada à letra a Constituição da V República (1958).

De qualquer maneira não se deve de confundir o Presidencialismo Gaullista com o Presidencialismo verdadeiro e próprio, Americano, por aquele não ter sido criado expressamente pela Constituição, o Presidente em França tem um estatuto diferente do dos Estados Unidos e por o sistema Francês continuar a ser de dualismo do poder executivo, com um governo, jurídica e politicamente distinto do chefe do Estado.

Referências

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