• Nenhum resultado encontrado

Treinamento funcional para indivíduo com lesão medular

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Treinamento funcional para indivíduo com lesão medular"

Copied!
69
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

GABRIELA GRIEBLER

TREINAMENTO FUNCIONAL PARA INDIVÍDUO COM LESÃO MEDULAR

IJUÍ/RS 2015

(2)

GABRIELA GRIEBLER

TREINAMENTO FUNCIONAL PARA INDIVÍDUO COM LESÃO MEDULAR

Trabalho de Conclusão do curso de Educação Física, do Departamento de Humanidades e Educação (DHE) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como exigência parcial para obtenção do Grau de Bacharelado em Educação Física.

Orientadora: Ms. Moane Marchesan Krug

Ijuí 2015

(3)
(4)

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todas aquelas pessoas que de uma forma ou de outra fizeram meu sonho tornar-se possível. Lembrando que a vida é cheia de obstáculos, não deixe o preconceito ser mais um deles.

(5)

Temos o direito a ser iguais quando nossa diferença nos inferioriza, e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza.

Boaventura Souza Santos

Tente uma, duas, três vezes e se possível tente a quarta, a quinta e quantas vezes for necessário. Só não desista nas primeiras tentativas, a persistência é amiga da conquista. Se você quer chegar aonde a maioria não chega, faça o que a maioria não faz.

Bill Gates

Se as coisas não saírem como planejei, posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser.

Charles Chaplin

Antes de se lamentar por aquilo que não fez pense nas coisas que você já fez, está fazendo e ainda poderá fazer.

Ernesto Araújo Nós não devemos deixar que as “incapacidades” das pessoas nos impossibilitem de reconhecer as suas habilidades.

Hallahan e Kauffman, 1994

Ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas deixar de ser vítima dos problemas e se tornar o autor da própria história.

Abraham Lincoln

Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.

(6)

RESUMO

TREINAMENTO FUNCIONAL PARA INDIVÍDUO COM LESÃO MEDULAR Autora: Gabriela Griebler

Orientadora: Ms. Moane Marchesan Krug

O indivíduo acometido por lesão na medula sente a necessidade de fazer suas tarefas de forma independente. Porém, muitas dessas tarefas não podem ser executadas devido às consequências da condição de cadeirante. O treinamento funcional por sua vez, pode auxiliar os cadeirantes a serem mais independentes, pois possui grande ascensão por desenvolver da melhor maneira as funções para as pessoas. Com isso, a pesquisa tem como objetivo verificar os efeitos do treinamento funcional na aptidão física e independência do indivíduo com uma lesão medular. Para isso foi realizada uma pesquisa de campo, do tipo estudo de caso, tendo como participante um sujeito por lesão medular. A aplicação do treinamento funcional ocorreu entre 03/08 a 20/10, na Academia Movimento, sendo realizadas duas vezes por semana, durante três meses. Ao total desenvolveram-se 22 sessões. As capacidades físicas (força, potência, flexibilidade e composição corporal) e a independência (estabilidade de tronco, transporte da cadeira de rodas e mobilidade de quadril), foram avaliadas pré e pós-treinamento funcional. Além disso, buscou-se conhecer a percepção do sujeito sobre os benefícios e dificuldades encontrados durante os exercícios propostos. Os resultados mostraram que houve aumento da força dos membros superiores, com acréscimo de seis repetições no pós-teste. Houve aumento da potência de membros superiores, com acréscimo de 14 centímetros no pós-teste. Houve aumento da força abdominal com acréscimo de 12 repetições no pós-teste (joelhos estendidos). A melhora da flexibilidade não ocorreu em números, sendo assim, se ajustou no protocolo com os joelhos completamente estendidos e o tronco reto. Houve melhora da composição corporal, sendo os dados mais significativos o abdome com redução de seis centímetros e a coxa esquerda com aumento de dois centímetros. Houve melhora na estabilidade de tronco com aumento da mobilidade toráxica, posicionamento do tronco e segurança. Houve melhora no transporte de cadeira de rodas para a cadeira normal, com redução no pós-teste de dois segundos. Houve melhora na mobilidade de quadril, comparando o ângulo de execução do pré e pós-teste. Em síntese, a intervenção de um profissional da área da Educação Física, agrega valores positivos na independência funcional do lesado medular, promovendo adaptações significativas e eficazes no dia a dia das pessoas. Após a execução do presente estudo é possível concluir que o treinamento funcional, de forma sistemática, pode agregar benefícios na vida das pessoas, pelo fato de fortalecer a musculatura, fornecer funções básicas e promover saúde, proporcionando melhora da sua qualidade de vida.

(7)

ABSTRACT

An individual with spinal cord injuries feel the need to do their tasks independently. However, many of these tasks can not be performed due to the consequences of the wheelchair. Functional training can help wheelchair users to be more independent because it has a big rise for developing the most of the functions for people. So, the research aims to verify the effects of functional training in the physical fitness individual independence with a spinal cord injury. It was carried out a field survey, the case study type, with the participant a subject for spinal cord injury. The application of functional training took place between 03/08 to 20/10, the Academia Movimento, being held twice a week for three months. Developing 22 sessions. Physical abilities (strength, power, flexibility and body composition) and independence (trunk stability, the wheelchair transport and hip mobility) were assessed pre- and post-functional training. In addition, it sought to know the perception of the subject on the benefits and difficulties encountered during the exercises. The results showed increased strength of the upper limbs, with six repetitions increase in post-test. There was an increase of power of the upper limbs, with 14 cm increase in the post-test. There was an increase of abdominal strength with 12 reps of increase in post-test (knees straight). Improved flexibility in numbers did not occur, therefore, set in agreement with the knees fully extended and your torso straight. There was improvement in body composition, being the most significant data abdomen with a reduction of six centimeters and the left thigh increased two centimeters. There was improvement in trunk stability with increased thoracic mobility, trunk positioning and security. There was an improvement in the transport wheelchair for normal chair, reduction in two seconds post-test. An improvement in the mobility of the hip, by comparing the pre and post run-angle test. In short, the intervention of a professional in the area of Physical Education, adds positive values in the functional independence of injured individuals, promoting meaningful and effective adjustments to the daily lives of people. After the implementation of this study we conclude that functional training in a systematic way, you can add benefits to people's lives, because they strengthen the muscles, provide basic functions and promote health by providing improved their quality of life.

(8)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 9 1.1. PROBLEMA ... 10 1.2. OBJETIVOS ... 10 1.2.1. Objetivo geral ... 10 1.2.2. Objetivo específico ... 10 1.3 Justificativa ... 11 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 12 2.1 LESÃO MEDULAR ... 12 2.1.1 Definição ... 12 2.1.1 Epidemiologia ... 14 2.1.2 Principais consequências ... 14 2.2 TREINAMENTO FUNCIONAL ... 15

2.2.1 Treinamento Funcional para Deficientes ... 16

2.2.2 Treinamento Funcional para Cadeirantes ... 17

2. 3 EVIDÊNCIAS SOBRE O TREINAMENTO FUNCIONAL ... 18

3 METODOLOGIA ... 22 3.1 TIPO DE PESQUISA ... 22 3.2 DESCRIÇÃO DO CASO ... 22 3.3 PROCEDIMENTOS INSTRUMENTOS ... 23 3.4 MATERIAIS UTILIZADOS ... 25 3.5 COLETA DE DADOS ... 26 3.6 TREINAMENTO FUNCIONAL ... 26

3.7 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ... 27

3.8 CUIDADOS ÉTICOS (APÊNDICE 6) ... 27

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 28

4.1 CARACTERÍSTICAS DO SUJEITO ... 28

4.2 EFEITOS DO TREINAMENTO FUNCIONAL NA APTIDÃO FÍSICA ... 29

4.4 EFEITOS DO TREINAMENTO FUNCIONAL NA INDEPENDÊNCIA ... 34

4.4 BENEFÍCIOS E DIFICULDADES DO TREINAMENTO FUNCIONAL SEGUNDO O SUJEITO ... 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 40 REFERÊNCIAS ... 42 APÊNDICE 1 ... 46 APÊNDICE 2 ... 50 APÊNDICE 3 ... 52 APÊNDICE 4 ... 54 APÊNDICE 5 ... 54 APÊNDICE 6 ... 677

(9)

Atualmente, a forma que se encontra uma pessoa especial, está muito diferente de algumas décadas atrás, pois a valorização dessas pessoas está se tornando digna de como merecem (HASHIMOTO, 2012).

Além disso, a lesão medular é considerada toda injúria às estruturas no canal medular (medula, cone medular e cauda equina), podendo levar a alterações motoras, sensitivas, autonômicas e psicoafetivas. As pessoas que passam por esse processo acabam se tornando dependentes em praticamente todas tarefas do cotidiano, necessitando de uma atenção especial em movimentos simples, sendo que as alterações se manifestam com paralisia dos membros, alteração de tônus muscular, alteração dos reflexos superficiais e profundos, perda de controle esfincteriano, disfunção sexual, alteração de sudorese, controle de temperatura corporal entre outras (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).

Para auxiliar no processo, o treinamento funcional vem gerando inclusão para todo esse público especial, surgindo com pilares de treinamento, para com isso se exercitar de forma diferente, submeter o aluno a realizar atividades nas diversas situações que ele passa no seu dia, deixando-os independentes, seguros e eficientes ao realizar determinadas ações motoras.

Para maiores esclarecimentos, o treinamento funcional praticado de forma sistematizada tem como intuito de promover a saúde em geral, melhorando todas as funções do corpo de forma não mecanizada. “Dessa forma, programas de treinamento após lesão medular espinhal, tem impacto direto na função e qualidade de vida, permitindo a participação em atividades físicas e da vida diária de pacientes lesados medulares” (NUCIATO et al., 2009, p. 286).

A cadeira de rodas deve se tornar praticamente um membro da família, em que o indivíduo consiga dominá-la bem, se locomover, não depender de terceiros para realizar suas tarefas, sendo um recurso utilizado para compensar a dificuldade de locomoção decorrente das perdas funcionais.

(10)

O desafio consiste em realizar exercícios funcionais sobre uma periodização de treinamento individualizada, para posteriormente aplicar a metodologia com um lesado medular. Sabe-se que há diversas limitações envolvidas, com isso os exercícios serão adaptados para obtermos resultados satisfatórios, atingindo os objetivos como o planejado. Sendo assim, é nessa linha iremos investigar os resultados da aplicação de exercícios funcionais em um cadeirante, para deixa-lo com mais segurança, forte e principalmente independente.

1.1. PROBLEMA

Esse estudo busca verificar quais os efeitos do treinamento funcional na aptidão física e na independência de um indivíduo com lesão medular?

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo geral

Avaliar os efeitos do treinamento funcional na aptidão física e na independência de um sujeito com lesão medular.

1.2.2. Objetivo específico

Identificar as características demográficas, sociais e de saúde do indivíduo do estudo. Verificar os efeitos do treinamento funcional na aptidão física (força de membro superior, potência de membro superior, força abdominal, flexibilidade e composição corporal) de um sujeito com lesão medular.

Verificar os efeitos do treinamento funcional na independência (estabilidade de tronco, transporte da cadeira de rodas e mobilidade de quadril) de um sujeito com lesão.

Investigar a percepção do indivíduo sobre o treinamento funcional (benefícios, malefícios e dificuldades encontradas).

(11)

1.3 JUSTIFICATIVA

A prática do exercício físico é essencial para à saúde de toda a população. Os cadeirantes também podem usufruir os benefícios da provindos dessa prática, desde que sejam tomados cuidados específicos para suas necessidades. No presente estudo, um cadeirante é o protagonista da investigação.

Atender e entender pessoas que, muitas vezes são excluídas de programas de exercício físico convencional por apresentar alguma disfunção física ou psicossocial, mostra grande relevância social, pois incentiva que os mesmos reconquistem sua independência a partir da reabilitação física e inserção social.

Este trabalho, além de contribuir para o desenvolvimento de novas pesquisas, teve como referência Hashimoto (2012), responsável por despertar estudos de treinamento físico sobre uma cadeira de rodas. O autor mencionado estimulou pesquisas nessa área, enriquecendo a literatura.

As informações apresentadas nesta pesquisa proporcionam subsídios na literatura, auxiliando uma temática que ainda não está bem clara para muitos profissionais da área. Assim, para aqueles que pretendem desenvolver um trabalho com cadeirantes, podem utilizar os dados deste estudo para entender melhor o público em questão.

Com base no exposto, acredita-se que, desenvolver um estudo que busque atender necessidades específicas de um cadeirante, pode contribuir para a Educação Física, através do acesso ao conhecimento sobre as peculiaridades e os principais efeitos do treinamento físico para pessoas com lesão medular, que fazem uso de cadeira de rodas.

Além disso, mostrar que o cadeirante pode praticar exercícios físicos convencionais, desde que sejam bem planejados e tenham supervisão constante, pode encorajar profissionais de academias, clubes e que atuam diretamente com o exercício físico, à buscar esse campo de trabalho ainda pouco explorado pela Educação Física.

(12)

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 LESÃO MEDULAR

2.1.1 Definição

A coluna vertebral é composta por 33 vértebras, sendo unidas por vários ligamentos e entre uma e outra existe um disco cartilaginoso com a função de reduzir o impacto na coluna. Pelo canal existente no interior das vértebras, passa a medula espinhal, que transporta os comandos emitidos pelo cérebro para todos os órgãos e músculos do corpo. Um trauma na coluna pode provocar a fratura de uma vértebra, ou seja, lesões na medula espinhal. Quanto mais alta for a lesão, maiores danos o indivíduo terá (VARELLA, s.d, p. 1).

A lesão medular é considerada uma patologia que não possui ainda um tratamento eficaz para a cura do paciente.

Infelizmente, traumas de coluna vertebral ocorrem com muita frequência. Na maior parte das vezes, causados por acidentes de trânsito, quedas de lajes, mergulhos em águas rasas e ferimentos com arma de fogo, são responsáveis por grande sofrimento pessoal e dramas familiares muito graves. Em geral, as vítimas são jovens, em plena fase produtiva, dependem de tratamentos intensivos, nem sempre disponíveis e que representam custo alto para o país (VARELLA, s.d, p. 1).

Ao estudar detalhadamente qualquer caso, percebemos que a agressão à medula ocorre pela morte de neurônios da mesma, podendo causar perda total ou parcial da motricidade voluntária, devido à interrupção de informações abaixo dessa área lesada, sendo um desafio para a reabilitação, pois os movimentos são comprometidos. Muitos alunos não conseguem

(13)

sustentar o próprio corpo devido à lesão acometida, gerando uma melhora nas capacidades funcionais e limitações físicas (CREÔNCIO; MOURA; RANGEL, 2012).

Para entendermos mais a fundo o processo,

durante o período de choque medular ocorre paralisia flácida, (perda do tônus muscular, da função motora, ausência de reflexos, perda da sensibilidade abaixo do nível de lesão, assim como a perda completa do controle dos intestinos e bexiga). O choque medular é usualmente seguido pelo desenvolvimento de espasticidade na musculatura extensora, sobre a flexora algumas vezes. Espasticidade é a resistência aumentada ao alongamento passivo que raramente ocorre lesões abaixo da segunda vértebra lombar. O grau de espasticidade parece variar de paciente para paciente. Tanto o sistema nervoso autônomo como o somático pode ser acometido. Se a lesão for acima do nível do primeiro segmento torácico medular, a transpiração (função autonômica) é perdida (PALMER; TOMS, 1998, p. 24).

Nesta lógica, a tetraplegia é uma paralisia total ou parcial dos braços, pernas e tronco, comprometendo as funções fisiológicas. O grau de mobilidade dos braços depende da altura (vértebra atingida) e da intensidade da lesão, ocorrendo entre as vértebras C4 e C8. Poucas vítimas de lesões acima da C4 sobrevivem, pois o trauma dificulta a respiração. A paraplegia é uma paralisia total ou parcial das pernas e tronco, além das funções fisiológicas, ocorrendo entre as vértebras T1 e T12. Sobretudo, outras causas da lesão acontecem doenças, tais como: Tumores, derrame, esclerose múltipla, tuberculose, entre outras (LIANZA; GABRILLI, 2009). Além do mais, devemos ter um certo cuidado ao lidar com pessoas acometidas por uma lesão medular, pois em determinado local onde a medula é atingida, suas funções musculares ficam comprometidas. Com isso há mais restrições físicas e consequentemente qualquer indivíduo ativo é abalado psicologicamente (PALMER; TOMS, 1998).

Por isso que essa enfermidade prolongada gera sentimentos até então inexistentes na pessoa. O lesado passa por experiências em que não desejaria que ninguém passasse. Devido a esse motivo, a limitação física agrega conceitos negativos para o indivíduo, no qual se sente impotente perante os demais presentes. E esse momento é próprio para reflexões, assimilação de ideias, planos futuros e pensamentos.

O período de aceitação é muito importante para iniciar o tratamento físico-psicológico, contando com colaboração e intervenção da parte médica para auxiliar no processo, pois pode ocorrer depressão, culpa e falta de conformação, devido ao emocional estar abalado pela lesão ocorrida.

Vale ressaltar o quão importante é compreender essas questões emocionais em que o cadeirante se encontra. A partir disso, o treinamento abrange melhores resultados, não apenas

(14)

trabalhando para o fortalecimento muscular, como também resultados no comportamento pessoal, social e profissional. Por esses fatos que as complicações ocorridas afetam profundamente o indivíduo, partindo do ponto em que precisam ser feitas adaptações no dia a dia para qualquer atividade simples.

2.1.1 Epidemiologia

Trata-se definitivamente de uma patologia de alto impacto socioeconômico no nosso país, sendo que o custo para a sociedade por paciente permanece alto. O coeficiente de incidência de lesão medular traumática no Brasil é desconhecido e não existem dados precisos a respeito da sua incidência e prevalência, uma vez que esta condição não é sujeita. Também a incidência de lesão medular ocorre cerca de 6 a 8 mil casos novos por ano, sendo que destes 80% das vítimas são homens e 60% se encontram entre os 10 e 30 anos de idade. Estima-se que ocorram a cada ano no país mais de 10 mil novos casos de lesão medular, sendo o trauma a causa predominante, o que representa uma incidência muito elevada quando comparada com outros países (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).

2.1.2 Principais consequências

Diversas são as causas em que as pessoas são acometidas por uma lesão medular, ou seja, a maior parte dos casos ocorrem por acidentes automobilísticos/motocicletas, ferimentos por arma de fogo e quedas de lajes. De forma não traumática correspondem a cerca de 20% dos casos de lesão, tendo patologias como tumores intra e extra-medulares, fraturas patológicas (metástases vertebrais, tuberculose, osteomielite e osteoporose), estenose de canal medular, deformidades graves da coluna, hérnia discal, isquemia associada a aneurismas de aorta, infecciosas (mielite transversa, paraparesia) e autoimunes (esclerose múltipla) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).

(15)

2.2 TREINAMENTO FUNCIONAL

Seguindo a linha de pensamento, o “ser funcional” vai muito além do método que estamos condicionados a realizar na musculação, necessitando de variabilidade para gerar resultados. Sendo caracterizado por realizar movimentos com reais funções, executando simples tarefas em movimentos integrados, dando prioridade para a saúde, ou seja, poder realizar os movimentos do trabalho profissional com maior facilidade e também realizar as tarefas cotidianas sem dores.

É um treinar diferente que respeita a individualidade biológica, facilitando a seleção dos conteúdos, meios, organização e métodos com execuções seguras, assim gerando um excelente condicionamento físico, pelo fato dos movimentos exigirem muito dos indivíduos. Ressaltando que, o treinamento depende dos objetivos do cliente e da sua capacidade de produzir movimento, permitindo realizar ações motoras que mais se assemelham das atividades executadas no dia a dia de cada pessoa (MONTEIRO; CARNEIRO, 2010).

Segundo a metodologia do pioneiro do treinamento funcional do CORE360, Luciano D’Elia (2008), os pilares que precisam ser seguidos consistem na preparação de movimento, no qual se encontra o aquecimento cíclico, ativação do core, do glúteo (com exceção dos cadeirantes) e da cintura escapular. Após isso pode ser feito o preparo muscular, consistindo em realizar movimentos sobre cadeias que puxam/empurram, no plano vertical/horizontal, dominância de joelho (agachamento) e quadril (levantamento terra). Na sequência o treinamento do core com flexão/extensão de tronco, rotação, potência de abdome, trabalho de agilidade e velocidade, prevenção de lesão, DSE (desenvolvimento dos sistemas energéticos) e regeneração.

Um dos pontos positivos que o funcional nos proporciona, são exercícios motivacionais e desafiadores, além de poucos implementos que precisamos para realizar um treino. De certa forma, isso exige um maior cuidado com o aluno em alinha-lo corretamente durante a atividade proposta, pois as máquinas na musculação fornecem mais apoios e guiam os movimentos, devido as inúmeras roldanas que podem conter. Mas sem controle corporal não há como se exercitar corretamente. Consideramos o peso do corpo uma ótima ferramenta de trabalho para melhorar a capacidade funcional do indivíduo, porém para um resultado efetivo é indispensável a dedicação do aluno (MONTEIRO; CARNEIRO, 2010).

Segundo a metodologia do CORE360, devemos ter sempre o cuidado na prescrição dos treinos, colocando de forma inicial todo o controle do tronco, sendo que é mais seguro realizar exercícios mais simples para o complexo. Com o decorrer do treinamento inteligente deve-se

(16)

passar confiança para o aluno e como resultado ele irá se soltar mais, confiar no profissional, criar independência e autoestima. Desafiar o aluno no seu plano de treinamento gera um crescimento muito gratificante por parte de ambos (D’ELIA, 2008).

No caso dessas pessoas incapacitadas de caminhar, é necessário ter inteligência na prescrição dos exercícios, pelo fato que eles passaram por muitas dificuldades e é muito fácil desmotiva-los. Por isso que, os exercícios que possuem alguma finalidade no seu dia a dia, ou seja, abrir a geladeira, pegar objeto que caiu no chão, se transportar da cama para a cadeira, se locomover pela casa sem ajuda, são ações que os tornam independentes e que utilizam uma técnica muito suave para explorar o condicionamento físico, deixando-os com mobilidade, força e uma excelente qualidade de vida para maior controle e segurança diante da lesão traumática (D’ELIA, 2008).

Outra questão seria enfatizar as adaptações que o treinamento funcional pode promover nas pessoas, além de proporcionar um significativo controle corporal e inteligência corporal, aprendemos a usar as “molas” do nosso corpo para o mecanismo de proteção/defesa, com isso há a possibilidade de afastar outras lesões que vinham a ocorrer pela pouca mobilidade.

Devido a esses fatos, ao iniciar qualquer programa de exercício, eu recomendo fazer uma anamnese (espécie de perguntas pessoais e profissionais para conhecer o aluno), pois não há como montar um programa de exercícios sem saber um pouco sobre a vida do indivíduo. Posteriormente, fazer alguns testes simples para avaliar a força do tronco e membros superiores, com mínimo gasto energético. Após isso, realizar a periodização do treinamento.

2.2.1 Treinamento Funcional para Deficientes

Há uma variedade dos tipos de deficiência existentes, tais como: a mental, visual, auditiva e motora. Cada deficiência possui características que exigem uma atenção especial do treinador para atingir os objetivos. Como essas pessoas são portadores de necessidades especiais, possuem seu emocional mais abalado diante de outras pessoas, por isso é importante cuidar com a prescrição do exercício, realizar atividades primeiramente mais simples para então progredir e não frustrar os indivíduos, devido muitas de suas funções estarem comprometidas. Com o tempo eles serão capazes de realizar um treinamento funcional adaptado com competência, seguindo os pilares básicos do treinamento funcional (D’ELIA, 2008).

O treinamento funcional é uma arte que tem gerado oportunidade para adeptos distintos, tais como: atletas, iniciantes, jovens, idosos, deficientes físicos e deficientes intelectuais. A

(17)

inclusão que o treinamento proporciona se sobressai, tendo um atendimento personalizado e sendo um diferencial por possuir destaque e conquistar respeito no meio esportivo.

Os deficientes físicos em geral, possuem restrições físicas evidentes, encontrando dificuldades na coordenação, em executar ações motoras e em entender o exercício que está sendo proposto. A razão evidente seria que eles são portadores de necessidades especiais e precisam de cuidados diferenciados. Mas com o auxílio do treinamento funcional e seus implementos, aos poucos a tendência é deixar os movimentos mais seguros e precisos.

É visto de forma positiva impor metas para o deficiente no seu treinamento, pois quando submetido em situações desafiadoras que o treinamento funcional propõe, ele será estimulado a cumprir a tarefa para obter um resultado. Uma solução que o método de D-Elia (2008) propõe, seria que na etapa de preparação de movimento, especificamente no treinamento neuromuscular, propor atividades com gestos, sons, cores ou toques, em que o aluno deve realizar alguma ação motora pré-estabelecida em determinado toque corporal feito, cor falada/encostada, ou um som realizado. Assim o exercício possui um objetivo inicial que precisa ser cumprido, ou seja, o indivíduo se exercita de uma forma dinâmica e criativa.

Essas atividades tem o intuito de desenvolver diferentes capacidades físicas, para tornar os deficientes mais ágeis, espertos e acima de tudo saudáveis. É uma forma diferente de conquistá-los, pelo fato que eles possuem uma personalidade forte, com características especiais, precisam de mais atenção e não compreendem tão facilmente as situações. Por isso que com o treinamento funcional não há monotonia e sim há a possibilidade de treinar de uma forma diferente, incluindo os deficientes.

2.2.2 Treinamento Funcional para Cadeirantes

Segundo D-Elia (2008), há a necessidade de seguir o princípio da individualidade biológica, ou seja, o treinador precisa ter a consciência de conhecer o cadeirante para a prescrição do exercício. O segredo para D-Elia está na forma diferenciada de treinar, pelo fato do treinamento funcional ser um método de trabalho dinâmico, que mescla diferentes movimentos em um único exercício. O foco não está em trabalhar músculos isolados e sim em trabalhar nas cadeias cinéticas de forma global.

O objetivo do treinamento funcional para cadeirantes visa melhorar as capacidades funcionais (que servem para algo/função), contando com exercícios específicos que estimulam controle corporal, coordenação, agilidade, equilíbrio estático/dinâmico, entre outros. Com

(18)

alunos lesados na medula, precisa-se ter muito cuidado ao iniciar uma prescrição e execução de exercícios, pelo fato dos traumas/medos que sentem. Como complemento, o método a ser utilizado baseia-se em recuperar a estabilidade no tronco com uma série de exercícios para o abdome, região lombar e quadris, pois exercícios que demandam o centro do corpo irão devolver ao cadeirante sua estabilidade (HASHIMOTO, 2012).

O processo de reabilitação do indivíduo acometido por uma lesão medular é longo, definido como educativo. O lesado praticamente aprende tudo de novo e tem foco em reduzir incapacidades experimentadas como resultado da lesão, precisando ter muita persistência no treinamento (JÁCOMO; GARCIA, 2011).

Como complemento, “quanto mais alto o nível e maior a extensão da lesão, menor será a massa muscular disponível para a atividade física e portanto, menores serão a aptidão física e a independência funcional” (ROWLEY et al., apud NASCIMENTO; SILVA, 2007, p. 2).

Sobretudo, o que é necessário ter é inteligência para trabalhar com populações portadoras de necessidades especiais e nem sempre aquilo que o treinador programa será realizado, com o motivo especial de o lesado medular ter muitas limitações. Há a necessidade de fazer adaptações no treino e é nesse ponto em que entra a criatividade do profissional com a devida segurança.

Além do mais, o cadeirante que está buscando melhores condições para a sua saúde, necessita de um bom período de treinamento. No momento em que irão aparecer os resultados positivos, as habilidades motoras foram desenvolvidas e os conhecimentos válidos, para com isso melhorar as próximas periodizações de treinamento, buscando sempre a evolução na aula de treinamento funcional.

2.3 EVIDÊNCIAS SOBRE O TREINAMENTO FUNCIONAL

De fato, o treinamento funcional agrega valores positivos para a saúde do público cadeirante, sendo evidentes os benefícios na prática, resultando em ótimos efeitos para a saúde. O processo de evolução é lento, crescente e depende da força de vontade do lesado. Com isso, os estudos a seguir mostram como a repercussão do treinamento funcional é crescente e cada vez mais vem conquistando as pessoas.

O fato é que exercícios resistidos fornecem benefícios físicos e psíquicos aos sujeitos submetidos a qualquer treinamento, e a constante melhora no desempenho muscular, no sistema cardiovascular, no tecido conjuntivo e ósseo é evidente, além de influenciar a função. Mas para isso acontecer deve-se ter organização juntamente com a assiduidade nos treinos. Com isso, a

(19)

sensação de bem-estar e independência do paciente se aproxima, tornando-o mais móvel e funcional (BORTOLLOTI; TSUKAMOTO, 2011).

Igualmente, é importante relacionar todas essas questões com saberes físicos e psicológicos, pois aponta que:

através de um treinamento global que prioriza o fortalecimento dos músculos da região do core (centro de produção e geração de estabilidade), com tarefas que utilizam o peso do próprio corpo, acessórios tradicionais (estações de cabo/barras/halteres/anilhas) e alternativos (faixas elásticas/medicine ball/fit ball/disco de equilíbrio), treinando no mínimo duas vezes por semana e uma hora por dia, é possível desenvolver um treinamento que proporcionará aos cadeirantes mais autonomia e aos poucos eles poderão ter uma vida totalmente ativa e independente (HASHIMOTO, 2012, p. 1).

Neste sentido, ao ser proposto uma sequência de exercícios funcionais com elásticos, especialmente destinado aos membros superiores e tronco, visa aumentar a independência do indivíduo com lesão medular. É de suma importância sempre enfatizar como meio principal o controle do tronco, pois os resultados satisfatórios aparecem quando se possui um bom controle corporal sobre as situações do dia a dia (MADEIRA; DIEHL, 2014). Novamente, reforçando a ideia Bortolloti e Tsukamoto (2011, p. 470), relatam que:

Reforçando algumas ideias, ao aplicar um protocolo de treinamento físico sistematizado para pessoas com paraplegia, é notório as mudanças e efeitos positivos sobre atividades cotidianas desenvolvidas pelos sujeitos. O fator do exercício físico contribui para a aplicabilidade clínica, simples e de baixo custo, tendo como resultado mudanças no ganho de força muscular (BORTOLLOTI; TSUKAMOTO, 2011).

Fortalecendo a ideia sobre o treinamento, especialmente no estudo de Nuciato et al., (2009), relatou que o treino de força proporciona um aumento quantitativo da força muscular dos membros superiores, auxiliando com o método específico do treinamento funcional. Isso gerou ganhos efetivos na realização dos movimentos de transferências, melhorando a independência funcional do lesado medular.

Para contribuir com as ideias citadas acima, temos claro que:

a prática regular da atividade física para lesados medulares, permite uma melhora na capacidade funcional, aspectos físicos, sociais, emocionais, estado geral de saúde e vitalidade, proporcionando maior independência funcional na realização das atividades de vida diária e uma melhor qualidade de vida. Mas é necessária a realização de mais estudos, visto que, o número de indivíduos lesados medulares, principalmente jovens, vem aumentando cada vez mais, sendo de grande valor, conscientizar a equipe multidisciplinar envolvida na reabilitação desses pacientes e também da importância da prática da atividade física para a melhora da independência

(20)

funcional, condicionamento físico e qualidade de vida (NASCIMENTO; DA SILVA, 2007, p.49).

Sobretudo, “em até três meses de treinamento personalizado e focado nas necessidades de cada cadeirante, já é possível sentir os efeitos positivos que o treinamento funcional pode proporcionar no dia a dia dessas pessoas” (HASHIMOTO, 2012, p. 1).

Como complemento, “um treinamento de fortalecimento sem a associação de um treinamento funcional específico, não gera ganho efetivo nas atividades funcionais em pacientes lesados medulares” (NUCIATO et al., 2009, p. 286).

Resumindo, as consequências da aplicação do treinamento funcional, para fornecer independência ao indivíduo lesado medular, tem se mostrado eficiente. Os exercícios funcionais promoveram resultados satisfatórios, independência, confiança e liberdade para os indivíduos. O treinamento sistemático promoveu inclusão do público com lesão medular, além de torna-los mais saudáveis.

O fato se percebe por estudos de Madeira e Diehl (2014), ao utilizar exercícios com elásticos em indivíduos destreinados, observaram um aumento de força dos membros superiores, em que teve resultados relevantes após um período de treinamento regular, contando com a persistência do indivíduo.

Portanto, para Luciano D’Elia (2008), seguindo os pilares do treinamento funcional de forma progressiva, todos os indivíduos obtém respostas satisfatórias em relação ao treino. Realizar os exercícios do simples ao complexo não gera frustrações, pois conquistamos um bom condicionamento físico antes de iniciar os exercícios mais difíceis. Principalmente com os deficientes físicos, o cuidado é ainda maior por necessitarem de uma atenção especial, em que os exercícios básicos são necessários para atingir os objetivos do cliente.

A partir dos estudos de Hashimoto (2012), precursor do treinamento funcional para cadeirantes, temos em mente que, o que necessitamos é ter inteligência para utilizar dos exercícios de forma segura, estimulando o controle corporal e a estabilidade do tronco. Com a execução dos exercícios os cadeirantes se tornam mais fortes e estáveis e em poucos meses os resultados aparecem. De fato, pode-se perceber que colocar o cadeirante para trabalhar em pé é um grande desafio, mas com o treinamento regular, isso se torna possível.

Ao verificar os efeitos do treinamento físico na força muscular dos paraplégicos, foi visível o ganho de força nos membros superiores, além dos pacientes relatarem maior facilidade ao realizar suas atividades cotidianas. Com um período de sete semanas de treinamento, foi suficiente para promover ganhos significantes na força muscular nos paraplégicos, facilitando

(21)

o desempenho de suas atividades diárias. A fisioterapia tem um importante papel na reabilitação do paciente lesado medular, pois contribui com a melhoria de suas capacidades funcionais, promovendo qualidade na vida nesses indivíduos (BORTOLLOTI; TSUKAMOTO, 2011).

Como resultado, acredito que seguir os pilares básicos do treinamento funcional, contando com a frequência do treino, resulta em uma evolução satisfatória. Pois como consequência ocorre o aumento da massa muscular, força, coordenação e resistência, ou seja, em se tratando de resultados, a prática do treinamento funcional tem como efeito em auxiliar na independência funcional do indivíduo.

(22)

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE PESQUISA

A abordagem utilizada para realização desta pesquisa foi quali quantitativa, que de acordo com Flick (2009) permite associar dados quantitativos com dados qualitativos, proporcionando riqueza nas informações. Essa abordagem ainda é pouco utilizada na área da Educação Física pela dificuldade em trabalhar a combinação de duas abordagens distintas. No entanto, ela permite uma visão holística sobre o caso estudado.

Além disso, a mesma se caracteriza como longitudinal, do tipo estudo de caso, dentro de uma pesquisa-ação, pois possui intervenção, proporcionando aquisição de conhecimentos bem delineados.

O planejamento da pesquisa-ação difere significativamente dos outros tipos de pesquisa já considerados. Não apenas em virtude de sua flexibilidade, mas, sobretudo, porque, além dos aspectos referentes à pesquisa propriamente dita, envolve também a ação dos pesquisadores e dos grupos interessados, o que ocorre nos mais diversos momentos da pesquisa. Daí por que se torna difícil apresentar seu planejamento com base em fases ordenadas temporalmente (GIL, 2010, p. 151).

3.2 DESCRIÇÃO DO CASO

O presente trabalho foi realizado com uma pessoa do sexo masculino, de 49 anos, cadeirante devido à lesão na medula espinhal (nível lombar) que realizava sessões de fisioterapia na Clínica Pró Vida, na Cidade de Três de Maio, Rio Grande do Sul, Brasil.

Os critérios utilizados para a seleção do participante foram:

(23)

• Apresentar estabilidade no quadro clínico.

• Não estar participando de outro tipo programa que envolva exercícios físicos. • Não apresentar doenças descompensadas.

3.3 PROCEDIMENTOS INSTRUMENTOS

Para a realização da pesquisa, um encontro prévio foi marcado para que a acadêmica e o participante fossem apresentados. A partir do encontro foram agendadas as avaliações pré-testes, as sessões de treinamento funcional e os pós-pré-testes, que foram previstos após 22 sessões.

Para avaliar as variáveis demográficas (sexo, idade), sociais (escolaridade, renda familiar, estado civil, ocupação) e de saúde (história da doença, presença de dor crônica, medicamentos e morbidades) foi utilizado como instrumento um questionário de dados individuais (APÊNDICE 1).

Para entender melhor o processo da lesão medular provinda de uma mielite transversa, foi realizado uma conversa com a fisioterapeuta do participante da pesquisa, em que foi esclarecido os processos que o avaliado já passou na vida, para não errar na periodização e fazer um relato sobre os principais pontos convenientes para a pesquisa (APÊNDICE 2).

Uma entrevista semiestruturada foi realizada para conhecer melhor o participante (antes do treinamento) e para verificar a percepção com relação ao treinamento físico após o treinamento (APÊNDICE 3). Os questionamentos foram:

1. Quando o médico deu o parecer da doença, como você se sentiu a partir do diagnóstico da Mielite Transversa? Você pensou que logo passaria? Tinha noção? 2. Você recebeu o diagnóstico há 3 anos atrás. Comparando aquele tempo e

atualmente, como você está se sentindo? Que aspectos melhoraram?

3. O que representou as aulas de treinamento funcional para você? Melhorou? Você se sente mais independente? Mais seguro para realizar as tarefas do cotidiano?

4. Quais as dificuldades que encontrou ao realizar os exercícios propostos? O que foi mais difícil para você?

(24)

Para organizar a sequência dos exercícios foi montado uma tabela de periodização de treinamento funcional, com o auxílio dos pilares do treinamento (preparação de movimento, agilidade, preparo muscular, core, potência, DSE, tarefas de transferência, regeneração e prevenção de lesão), divididos em micro ciclos (APÊNDICE 4)

Para acompanhar a evolução do treinamento, foi organizado um diário de bordo com detalhes de cada treino realizado, podendo observar todo o processo do treinamento (APÊNDICE 5).

A amplitude do tronco e ísquios tibiais foi verificada pelo teste de sentar e alcançar (WELLS; DILLON, 1952 apud CARNAVAL, 2002). Este teste consistiu em sentar com os pés apoiados no Banco de Wells, com os joelhos estendidos. O aluno realizou uma expiração e deslizou as mãos sobre uma régua, tendo três tentativas para o teste.

A força de abdome foi avaliada de acordo com o protocolo sugerido por Farinatti (2000), onde os sujeitos partem da posição em decúbito dorsal sobre um colchonete, com os pés fixos e posicionados sobre o solo, estando os calcanhares unidos e a uma distância de 30 a 45 cm do quadril. Seus dedos devem ser entrelaçados atrás da cabeça e os cotovelos devem tocar os joelhos durante a flexão anterior da coluna na flexão anterior. Cada repetição foi contada no momento em que o sujeito retornou para sua posição inicial. O resultado do teste é dado a partir do número máximo de repetições em um minuto. Sendo assim, o teste foi adaptado para 30 segundos e as mãos a frente no tronco, devido as dificuldades encontradas na realização do mesmo. Também foram realizadas duas análises por fotos, o quadril em posição de flexão e extensão.

A força de membros superiores foi avaliada teste de flexão de braços (Mayhew et al., 1991), que propõe ao sujeito a realização do número máximo de repetições, no período de um minuto. O avaliado deve se posicionar em decúbito ventral, com as mãos apoiadas no solo, com uma distância de 10 a 20 cm a partir da linha dos ombros, com os dedos voltados para frente. Tendo em vista a impossibilidade de ficar na posição original do protocolo, o teste foi adaptado, onde o sujeito ficou com os joelhos apoiados no colchonete.

Potência de membros superiores foi avaliado pelo arremesso do medicine ball de 3kg (LIDOR et al., 2005). O participante foi incentivado a arremessar o mais longe possível, a partir da posição sentada na cadeira de rodas. Foi adaptada a posição, que no protocolo original é sentado no chão com o tronco ereto na parede, pela dificuldade que o sujeito apresentava no inicio do treinamento.

(25)

Para avaliar as medidas antropométricas, foi utilizado uma trena em metal, verificando as medidas pré-treinamento e pós treinamento.

Para avaliar a estabilidade de tronco, transporte da cadeira de rodas e a mobilidade do quadril, foi utilizada a comparação de posições por meio de fotos, realizadas pré-treinamento e pós-treinamento. Com o auxílio de um diário de bordo, fotos e vídeos, registramos as etapas e a evolução do treinamento.

3.4 MATERIAIS UTILIZADOS

Nesta pesquisa foram utilizados os seguintes materiais:

• Balança- balança com estadiômetro, da marca Filizola, com precisão de 0,1 Kg, para medir o peso corporal e de 01 cm, para medir a estatura.

• Banco de Wells- com precisão de 0,01mm, para medir a flexibilidade de tronco/quadril. O banco apresenta o formato de caixa, construído em madeira.

• Barras de aço- da marca Sul Brasil Fitness para o treino de força e resistência muscular. • Bicicleta- Bicicleta horizontal da marca Kikos KR 3.8, utilizada como aquecimento

cíclico.

• Bola de plástico- duas bolas com circunferência de 52cm e 68cm.

• Bola de tênis- Wilson 2, para o treino de coordenação motora e liberação miofascial. • Caneleiras- da marca Hasar Oliveira Equipamentos para Ginástica, de 1kg a 4kg para o

treinamento de resistência muscular, força e estabilização do tronco.

• Colchonetes- confeccionados em uma estofaria com o logo da Academia Movimento, constituído com uma camada de espuma com espessura de aproximadamente 2cm, e com dimensões de 1,00 x 50cm.

• Cronômetro- Utilizado do Iphone 4s

• Fita métrica- da marca Cescorf, com trava de segurança e com precisão de 0,5cm, para medir os perímetros corporais e delimitar os espaços.

• Foam Roller- Rolo específico para liberação miofascial.

• Halteres- da marca Sul Brasil Fitness, usado de 1kg a 10kg para treino de força e resistência muscular.

• Kettlebell- da marca Kettle Fitness, de 4kg e 8kg.

(26)

• Mini Band- da marca Perfom Better, para o trabalho de fortalecimento de abdução de quadril.

• Thera band- da marca LIVEUP Sports, para o treinamento de estabilização, resistência e força muscular.

3.5 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi feita no momento do primeiro encontro, em que teve a entrevista semiestruturada da anamnese, com o auxílio de um gravador. A análise foi feita em outro momento extra, com a transcrição de toda a entrevista para o word, assim analisando todos os detalhes. Posteriormente, o segundo encontro foi marcado pela avaliação física funcional, em que os dados coletados foram transcritos para uma folha com os itens já elaborados. Na sequência a montagem de um Diário de Bordo foi desenvolvido, tendo por objetivo obter o controle durante as aulas e auxiliar nos resultados.

3.6 TREINAMENTO FUNCIONAL

O período de treinamento ocorreu durante os dias 03 de agosto à 20 de outubro, totalizando 22 aulas. O sujeito realizou as aulas divididas em dois encontros semanais, iniciando nas segundas-feiras e quintas-feiras, e após três semanas foi trocado os dias para terças-feiras e quartas-feiras, para não coincidir com os dias da Fisioterapia do sujeito. O tempo médio da sessão foi de uma hora, iniciando os treinamentos com um volume maior para adaptá-lo e gerar resistência muscular localizada. Com o término dos seis microciclos organizado para cada três semanas, a intensidade era aumentada de alguma forma, ou seja, a estratégia era aumentar a sobrecarga e diminuir as repetições para torna-lo primeiramente resistente e depois deixa-lo mais forte. Sendo assim, o volume e a intensidade mudavam constantemente, para não adaptá-lo aos estímuadaptá-los.

O aquecimento era realizado de forma cíclica, em torno de dez minutos, seguindo da liberação miofascial dos membros inferiores (estratégia utilizada anteriormente por surtir efeitos positivos e rendimento da aula). Na sequência eram feitas ativações do tronco e cintura escapular, preparando o sujeito para a parte principal do treino global de dominância de joelho, que seria os agachamentos, seguindo de exercícios isolados conforme a prescrição do dia e o implemento utilizado (halteres, barras, thera band, mini band). Terminando com o treino da região abdominal e alongamentos. Os exercícios tiveram uma boa variabilidade.

(27)

3.7 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

A análise dos dados foi realizada de maneira qualitativa e quantitativa, acordo com os objetivos propostos no trabalho.

Para as análises quantitativas foram utilizados as diferenças entre as avaliações pré-teste e pós-teste, verificando em termos percentuais os valores entre as duas avaliações.

Já para as análises qualitativas, provindas das entrevistas que foram gravadas em áudio e transcritas na íntegra, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo (MINAYO, 2008) para a interpretação dos dados. As categorias decorrentes da análise dos dados foram: percepção do sujeito em relação ao programa de treinamento funcional; benefícios de treinamento funcional; dificuldades encontradas para a participação do treinamento funcional.

Outra análise realizada foi por meio da observação de fotos, que permitiu analisar a postura do sujeito na avaliação inicial (pré-treinamento) em comparação à avaliação final (pós-treinamento).

3.8 CUIDADOS ÉTICOS

Esta pesquisa seguiu a resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde que trata sobre a realização de pesquisas com seres humanos garantindo ao sujeito do estudo o sigilo e a segurança das informações, que foi especificado no termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE 6).

(28)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para melhor compreensão sobre os dados encontrados neste estudo, os resultados são apresentados em subtópicos. No primeiro são abordados os aspectos relacionados à descrição do caso estudado, suas características demográficas, sociais e de saúde. No segundo são abordados os efeitos do treinamento funcional sobre as variáveis da aptidão física (força de membro superior, potência de membro superior, força abdominal, flexibilidade e composição corporal). No terceiro, estão os resultados referentes a independência do indivíduo pré e pós-treinamento. E por fim, a percepção do indivíduo sobre o treinamento funcional (benefícios, malefícios e dificuldades encontradas).

4.1 CARACTERÍSTICAS DO SUJEITO

O sujeito participante da pesquisa é do sexo masculino, hipertenso, tem 49 anos, casado e tem como profissão a agricultura, mas atualmente não desempenha a função, por motivos de ter tido uma lesão na medula. Em relação aos objetivos, o que o sujeito precisava reforçar a musculatura, aumentar o condicionamento físico e manter a saúde em dia com os exercícios funcionais. Sua força de vontade motiva todas as pessoas que convivem com ele, pois o sujeito está batalhando por um sonho: um dia poder voltar a caminhar.

A lesão na medula ocorreu há três anos com o início de uma dor abdominal, e isso o levou para o hospital. Em seguida foi aplicada uma injeção para aliviar a dor e a medula infeccionou, levando a uma paralisia por mielite transversa. Também foram feitos exames de ressonância magnética e angiomedular, para analisar o caso mais de forma mais profunda.

O sujeito fez tratamento com medicação por esses três anos, em que internava no hospital para realizar o procedimento. Além disso, a fisioterapia se tornou um alvo muito importante no processo de sua recuperação, onde teve seus primeiro ganhos para a melhora da sua independência.

(29)

O sujeito sempre foi uma pessoa ativa, mas o diagnóstico o abalou e teve que recorrer aos recursos psiquiátricos para levar sua vida adiante. Desde muito jovem sofria com dores cervicais e lombares, sendo que possuí hérnias nos locais mencionados. Devido sua lesão medular, ele desenvolveu muita força nos membros superiores, mas também sentiu dor na articulação do ombro, em que não estava preparada para tal sobrecarga.

4.2 EFEITOS DO TREINAMENTO FUNCIONAL NA APTIDÃO FÍSICA

Os dados referentes à força de membro superior podem ser visualizados no gráfico 1. Com base neste gráfico é possível perceber que houve um acréscimo de seis repetições no pós-teste, quando comparado ao pré-teste.

Gráfico 1. Força de membros superiores verificada pelo teste de flexão de braço: comparação pré e pós-teste.

Além disso, antes do da realização do treinamento funcional o participante não conseguia ter o tronco estabilizado, não contraía o abdome e os membros inferiores se movimentavam sem controle, sendo muito difícil ficar na posição estabilizada. Após o treinamento o mesmo apresentou controle do tronco, boa execução de movimento e conseguiu manter os membros inferiores na posição correta, melhorando a postura, conforme a figura 1.

A força de membros superiores aumentou após o treinamento funcional. Propor uma sequência de exercícios funcionais com elásticos, especialmente destinado aos membros superiores e tronco, leva ao aumento a independência do indivíduo com lesão medular. Os resultados aparecem após um período de treinamento regular (MADEIRA; DIEHL, 2014).

14 20 0 5 10 15 20 25 Pré-teste Pós-teste N ú m er o d e r ep et õe s

Teste de força de membros

superiores

(30)

Figura 1. Evolução da postura na posição inicial do teste de flexão de membros superiores. A potência de membros superiores pode ser observada conforme o gráfico 2. Com base no gráfico é possível verificar um aumento de 14 centímetros do pré-teste para o pós-teste.

Gráfico 2. Potência de membros superiores verificada pelo teste de arremesso do medicine ball: comparação pré e pós-teste.

No pré-teste o participante estava inseguro ao se posicionar na cadeira para arremessar a medicine ball, ficou com receio de desequilibrar-se e não sentiu confiança no ato do arremesso, pois a região do tronco não estava pronta para fornecer essa estabilidade, não conseguindo utilizar a musculatura a favor do arremesso. No pós-teste o participante se encontrava com uma conduta mais segura diante do teste, mostrando segurança e principalmente equilíbrio no ato do arremesso, comparando com a primeira análise, tendo uma conduta totalmente diferente.

Teve um aumento na potência de membros superiores, pois de acordo com Nuciato et al., (2009), percebe-se que o treino de membros superiores fornece resultados para determinada ação do dia a dia, em que o sujeito necessita desempenhar com independência, não dependendo

4,86 5 4,75 4,8 4,85 4,9 4,95 5 5,05 Pré-teste Pós-teste D is tân ci a em m et ros

(31)

de terceiros. Como complemento, os efeitos do treinamento físico na força muscular auxiliam na conquista de funções para os membros superiores, além de proporcionar maior facilidade para os sujeitos realizarem suas atividades cotidianas (BORTOLLOTI; TSUKAMOTO, 2011). A força abdominal (quadril em flexão) pode ser visualizada conforme a Figura 2. Com o quadril em posição inicial de flexão, o participante não conseguiu executar o movimento no pré e pós-teste, mas teve melhoras na comparação, pois não necessitava de auxílio para estabilizar os membros inferiores.

Figura 2. Força abdominal verificada pelo teste de flexão abdominal (quadril em flexão): comparação pré e pós-teste.

No pré-teste (com o quadril flexionado) o participante não conseguia controlar os membros inferiores, de maneira que direcionavam lateralmente. Além disso, o tronco flexionava muito pouco e notava-se a dificuldade em realizar o teste proposto.

No pós-teste (com o quadril flexionado) o participante ainda não conseguiu realizar o ângulo completo para validar uma repetição, mas sua postura e o tronco estavam com maior controle comparando com o pré-teste. Além disso, o participante controlou os membros inferiores realizando o teste da flexão de tronco com um ângulo um pouco maior que no pré-teste.

A força abdominal (quadril em extensão). No pré-teste (sem foto) não foram realizadas repetições e no pós teste foi executado 12 repetições, como pode ser visualizada na Figura 3.

No pré-teste o participante não conseguiu realizar o movimento da flexão de tronco com os membros inferiores estendidos e pouco tirava os ombros do chão. Com isso, foi possível notar uma enorme dificuldade pelas expressões que ele demonstrava durante a tentativa do movimento.

No pós-teste o participante realizou 12 repetições no tempo adaptado de 30 segundos, executando de maneira simples com o auxílio dos membros superiores controlou o movimento de maneira suave, sem grandes dificuldades.

(32)

A força abdominal aumentou pelo fato que ao utilizar um programa de treino que prioriza o fortalecimento dos músculos da região do core (centro de produção e geração de estabilidade), com uma seleção de exercícios os cadeirantes se tornam mais fortes/ estáveis e em poucos meses os resultados aparecem(HASHIMOTO, 2012).

Figura 3. Força abdominal verificada pelo teste de flexão abdominal (quadril em extensão): pós-teste.

O teste de flexibilidade não mostrou diferenças em centímetros comparando o pré e pós-teste. Conforme a Figura 4, melhorou a postura e o posicionamento correto dos joelhos.

Figura 4. Flexibilidade no Banco de Wells: comparação pré e pós-teste.

No pré-teste o participante não conseguia ter o controle dos joelhos, mantendo-os semi flexionados e em abdução, de uma forma bem acentuada. Além disso, o participante mostrou confiança, mas não possuía o controle do tronco, ou seja, não pensou na qualidade da execução e não contraiu a musculatura abdominal durante o movimento, acentuando uma gibosidade.

No pós-teste o avaliado conseguiu manter os joelhos na posição correta desde o início do teste, ou seja, joelhos estendidos, sem abdução, com o posterior de coxas e as panturrilhas

(33)

em contato constante com o colchonete. O resultado das medidas diminuiu um pouco, mas a execução do movimento no pós-teste foi perfeita, seguindo o protocolo. Em relação à postura, nota-se que melhorou, o tronco ficou retificado com um melhor controle corporal para realizar o movimento.

A execução do teste de flexibilidade melhorou, pois a partir de três meses de treinamento personalizado para as necessidades do cadeirante, é possível sentir os efeitos positivos na liberação miofascial, mobilidade articular e alongamentos. E combinando com exercícios específicos para fortalecimento muscular, promoveram um aumento da flexibilidade do sujeito (HASHIMOTO, 2012).

Analisando a composição corporal (Tabela 1), observou-se que:

Pulso: teve um pequeno aumento, considera-se bom pelo fortalecimento muscular que o treinamento funcional proporcionou.

Bíceps: com um pequeno aumentou da circunferência, nota-se que a força de membros superiores do participante melhorou.

Peitoral: aumentou a região do peitoral e isso significa o fortalecimento que o treino funcional proporcionou, com pouca carga e sim priorizando o peso corporal.

Cintura: o resultado foi positivo com redução significativa da medida abdominal, significando que o praticante reduziu a gordura corporal.

Coxa: aumentou a medida da circunferência da coxa, com isso o fortalecimento teve resultados positivos, com aumento da massa muscular.

Panturrilha: teve um pequeno aumento da circunferência no geral, melhorando a estética e aumentando a massa muscular.

Em geral, a composição corporal do participante teve saldo positico, devido a pratica regular da atividade física, além disso, permitiu uma melhora nas capacidades físicas, no estado geral de saúde e vitalidade, proporcionando maior independência funcional na realização das atividades de vida diária e uma melhor qualidade de vida. (NASCIMENTO; DA SILVA, 2007).

Tabela 1. Comparação entre as variáveis antropométricas no pré e pós teste.

Variáveis Pré-teste Pós-teste

DIREITO ESQUERDO DIREITO ESQUERDO

(34)

BÍCEPS 31,5 32 33 32

PEITO 106 106 107,5 107,5

CINTURA 112 112 106 106

COXA 51 49 51 51

PANTURRILHA 30,2 30 30,5 30,5

4.4 EFEITOS DO TREINAMENTO FUNCIONAL NA INDEPENDÊNCIA

Para avaliar a independência não foi utilizado um protocolo fixo, mas sim a análise por imagens e vídeos antes e após o período de treinamento funcional.

A estabilidade de tronco (com movimento de rotação) teve resultados positivos com tronco ficou mais alinhado e o aumento da mobilidade toráxica, o conforme a Figura 5.

A estabilidade de tronco (com movimento de flexão de tronco) apresentou melhora na execução do movimento, melhor controle corporal e fortalecimento específico do complexo abdominal e paravertebral, além da segurança para executar do movimento conforme a figura 6.

Figura 5. Estabilidade do tronco com movimento de rotação de tronco: Comparação pré e pós teste.

(35)

Figura 6. Estabilidade com movimento de flexão de tronco: comparação pré e pós teste.

A estabilidade de tronco (com movimento de inclinação lateral) de tronco foi possível perceber que após o treinamento a execução do movimento apresentou postura alinhada de cervical e contrações musculares corretas, fato não encontrado antes do treinamento, conforme a figura 7.

Figura 7. Estabilidade com movimento de inclinação lateral do tronco: Comparação pré e pós teste.

Em geral, no pré-treinamento da independência o praticante se encontrou um pouco instável na cadeira de rodas, teve dificuldades em realizar os movimentos, devido as instabilidades que a região do tronco possui, principalmente na parte lateral. Houve insegurança, os membros inferiores não estavam posicionados, encontrando-se soltos, os movimentos eram compensados (segurando no membro inferior, inclinando o tronco a frente no movimento de inclinação lateral do tronco), também nota-se a cervical não estar alinhada.

(36)

Faltou força no transporte da cadeira de rodas para a cadeira normal, falta de agilidade, falta de força nos glúteos, ísquios tibiais, instabilidade da lombar

Já, no pós-treinamento, a independência o movimento ficou muito mais suave e preciso, tendo um ganho excelente de controle corporal, o tronco ficou bem alinhado, a mobilidade torácica aumentou, os ombros se alinharam, o abdome permaneceu contraído durante o movimento, os membros inferiores ficaram bem posicionados e não necessitou de apoios para realizar o movimento da inclinação lateral e da flexão do tronco. Além disso, teve redução do tempo do transporte da cadeira de rodas para a cadeira normal, aumentando a agilidade, força nos membros superiores e principalmente inferiores (glúteos, ísquios tibiais e a lombar).

A estabilidade do tronco com movimento de rotação melhorou, pois o treino sistemático com uma série de exercícios de mobilidade, estabilidade, força e controle corporal, fornecem benefícios para a vida funcional do praticante. Sendo assim, a realização de diversos exercícios para a região do tronco, principalmente com estabilidade e posteriormente exercícios com movimento, fornecem a proteção da coluna contra lesões e o controle dos movimentos naturais do dia a dia (HASHIMOTO, 2012).

A estabilidade do tronco, com movimento de flexão e inclinação lateral, melhoraram pois o treino sistemático com uma série de exercícios de mobilidade, estabilidade, força e controle corporal, fornecem benefícios para a vida funcional do praticante. Sendo assim, a realização de diversos exercícios para a região do tronco, principalmente com estabilidade e posteriormente exercícios com movimento, fornecem a proteção da coluna contra lesões e o controle dos movimentos naturais do dia a dia (HASHIMOTO, 2012).

A mobilidade de quadril aumentou, pois a realização de exercícios globais para membros inferiores, exercícios isolados com o auxílio de faixas elásticas ou peso corporal, o trabalho de mobilidade articular, estabilidade da região lombar e abdominal, promovem um ganho de força muscular e mobilidade articular, além do controle do tronco (HASHIMOTO, 2012).

A dificuldade dos cadeirantes é de não conseguir sustentar o próprio corpo devido à lesão acometida e os movimentos ficam comprometidos. O movimento do transporte da cadeira de rodas melhorou e o tempo diminuiu, pois o treinamento funcional promoveu uma melhora nas capacidades funcionais e gerou menores limitações físicas. (CREÔNCIO; MOURA; RANGEL, 2012).

(37)

No transporte de cadeira de rodas para a cadeira normal, houve melhora nas capacidades físicas do participante, com redução de dois segundos na execução do teste, conforme a Figura 8.

Figura 8. Transporte da cadeira de rodas para a cadeira normal: comparação pré e pós-teste.

A mobilidade de quadril (com o exercício da ponte) tiveram um fortalecimento de glúteos, ísquios tibiais e controle da lombar, podendo ser visualizada na Figura 9.

Figura 9. Mobilidade de quadril com o exercício da ponte (elevação pélvica): comparação pré e pós teste.

4.4 BENEFÍCIOS E DIFICULDADES DO TREINAMENTO FUNCIONAL SEGUNDO O SUJEITO

As aulas de treinamento funcional representaram muitas melhorias para a vida do indivíduo. É possível perceber esses benefícios pelas habilidades conquistadas com o

(38)

treinamento, pela sua autoestima e independência, sempre mostrando interesse em treinar, em ser desafiado e principalmente em melhorar os movimentos.

Esses benefícios foram percebidos pelo praticante, sendo evidenciadas duas categorias: melhora da força muscular e melhora da precisão do movimento.

O presente achado pode ser observado nas falas abaixo:

“Também melhorou as pernas, parece mais leve e estou me virando sozinho em muitas coisas que antes apenas com a fisioterapia não fazia. Me sinto mais forte, principalmente nas pernas”.

Talvez o benefício mais conhecido do treinamento com pesos seja o aumento da força, muscular, sendo esse o fator para melhorar o desempenho funcional. As pessoas apresentam aumento de força devido ao treinamento com pesos (POWERS; HOLEY, 2000), além disso, nas primeiras duas semanas a força tem um aumento significativo devido ao aprendizado do exercício. Sendo assim, a realização de um treino com pesos pode trazer resultados satisfatórios durante movimentos utilizados no cotidiano (GUEDES, 2007).

Do ponto de vista funcional, os exercícios com pesos desenvolvem importantes qualidades de aptidão, sendo uma das mais completas formas de preparação física. Um ponto positivo é a facilidade com que os exercícios podem ser adaptados à condição física individual, possibilitando o treinamento de pessoas debilitadas. Certamente, podemos perceber que o treinamento com pesos fornece resultados na vida funcional dos sujeitos, conquistando mais força para realizar as ações necessárias do dia a dia (SANTARÉM, 2009).

Além disso, os benefícios são notados conforme a evolução no treinamento, assim o sujeito desenvolve capacidades importantes para melhorar seus movimentos e sua independência em geral. O intuito é contemplar os objetivos do sujeito para deixa-lo com mais vigor e agilidade, e com o treinamento funcional isso foi possível, pois relatou que:

“Nos movimentos do tronco estou mais forte, melhorou as pernas, aumentou a sensibilidade, movimentos mais fortes e precisos. Agora quando vou fazer alguma coisa em casa tenho mais certeza, tenho precisão para mexer com minhas ferramentas, por exemplo”.

(39)

Com o treinamento regular, pode-se perceber que os movimentos são executados com mais precisão e segurança, além de serem mais coordenados devido as tarefas que exigem muita concentração. Em relação a flexibilidade, ela tem um importante papel em se tratando de exercício físico, pois tem a tendência de aumentar durante o treinamento, pelo fato que a hipertrofia aumenta o tecido conjuntivo elástico intra-muscular, além de forçar os limites da amplitude que o músculo pode atingir, se tornando mais resistente e elástico. Isso trás mais facilidade para se movimentar na cadeira de rodas, as articulações ficam mais soltas e é possível realizar os movimentos naturais com maiores ângulos (SANTARÉM, 2009).

Entende-se por "boa qualidade de vida" a condição das pessoas não se sentirem limitadas para tarefas que desejam realizar por falta de condição física. Evidentemente uma pessoa que tenha bem desenvolvidas todas as qualidades de aptidão estará preparada para qualquer tipo de esforço

Todos os movimentos exigem concentração para realiza-los de maneira correta, e para o sujeito tudo foi muito mais complexo, pois envolvia limitações físicas e psicológicas, pelo fato do “impossível” dominar os pensamentos dele após lesão medular. Com os exercícios específicos, o sujeito aprendeu a lidar com o controle corporal além de trabalhar sua mente, observando que apesar de ter dificuldades, era possível fazer tudo, pois era adaptado e realizado de maneira crescente. Relatando que:

“Não achei nada muito difícil, pois todos os exercícios pesados fazem bem para mim e preciso fazer. Mas algo mais complicado era quando exigia mais da perna esquerda, porque é o lado que devido a minha lesão foi mais afetada.”

Sugere-se que todo praticante acometido por uma lesão medular que pratica o treinamento funcional, sente mais dificuldade em controlar e em movimentar o membro que a lesão medular afetou. O cadeirante com lesão parcial pode até movimentar as pernas, mas com muita dificuldade. Mesmo com inúmeros treinos de fortalecimento, pode-se perceber que há grandes limitações que prendem o sujeito a realizar movimentos básicos, principalmente no lado em que a lesão mais afetou é mais difícil conseguir resultados positivos (HASHIMOTO, 2012).

Referências

Documentos relacionados

Como eles não são caracteres que possam ser impressos normalmente com a função print(), então utilizamos alguns comandos simples para utilizá-los em modo texto 2.. Outros

2. Identifica as personagens do texto.. Indica o tempo da história. Indica o espaço da história. Classifica as palavras quanto ao número de sílabas. Copia do texto três

H´a dois tipos de distribui¸co˜es de probabilidades que s˜ao as distribui¸c˜oes discretas que descrevem quantidades aleat´orias e podem assumir valores e os valores s˜ao finitos, e

Depois de considerar a confidência, conteúdo, distribuição, e assuntos de oportunidade associadas com a distribuição de um relatório, um controlador pode, então,

Local de realização da avaliação: Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação - EAPE , endereço : SGAS 907 - Brasília/DF. Estamos à disposição

Este cuidado contínuo com a qualidade de cada processo inerente à acção de formação é ainda reforçado com a garantia de repetição de qualquer acção de

Constitui-se objeto deste Termo de Referência o REGISTRO DE PREÇOS PARA O FORNECIMENTO EVENTUAL DE LICENÇAS DE SOFTWARES PARA O CRF-PE, conforme as

Se você vai para o mundo da fantasia e não está consciente de que está lá, você está se alienando da realidade (fugindo da realidade), você não está no aqui e