• Nenhum resultado encontrado

Pedagogia de construção de noção de desempenho ambiental

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Pedagogia de construção de noção de desempenho ambiental"

Copied!
107
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS

PEDAGOGIA DE CONSTRUÇÃO DE NOÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL

MIRTA NISELLI ROLÓN GÓMEZ

FLORIANÓPOLIS 2018

(2)

Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,

através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Gómez, Mirta Niselli Rolón

Pedagogia de Construção de Noção de Desempenho Ambiental / Mirta Niselli Rolón Gómez ; orientador, Arcângelo Loss, 2018.

107 p.

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, Florianópolis, 2018. Inclui referências.

1. Agroecossistemas. 2. Comportamento humano. 3. Mobilização de meios. 4. Índice de Desempenho Ambiental. I. Loss, Arcângelo. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas. III. Título.

(3)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS

PEDAGOGIA DE CONSTRUÇÃO DE NOÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL

Mirta Niselli Rolón Gómez

Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas (PPGA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) como requisito para obtenção do grau de Doutora em Agroecossistemas.

Orientador: Prof. Dr. Arcângelo Loss.

FLORIANÓPOLIS 2018

(4)
(5)
(6)
(7)

Dedico este trabalho à minha querida família, àquela que sempre acompanhou este caminho percorrido.

(8)
(9)

AGRADECIMENTOS

Há tantas pessoas que contribuíram das mais diversas formas no processo de conclusão deste trabalho. Assim, agradeço:

Ao professor Luiz Renato D'Agostini, que facilitou e motivou minha inserção nesta relevante linha de pesquisa.

À Patrícia, claro, a pessoa que acompanhou este processo de aprendizado desde o início e que continua apoiando com a mesma disposição de sempre, o que caracteriza sua pessoa.

À Mariana, Mariana Soares, com quem me sinto imensamente grata por possibilitar esses momentos de profundas análises, além dos mais complexos aspectos deste trabalho.

À Monique, aquela pessoa que o tempo e o momento fizeram sua parte em facilitar esse reencontro que trouxe só coisas boas.

Ao Mi, querido Malte, por acompanhar este processo. À la Joha, minha querida prima Johanna, como não!

Ao meu grande amigo, colega e Mestre: Eng. Carlos Mora Stanley. À Antonella, por seu interesse no meu trabalho e pelas profundas discussões.

À Priscilla e ao Vicente, os grandes amigos e colegas do Equador. À Tamisa, por suas imensas contribuições.

Ao Tiago, por sua paciência e delicadas observações.

À Francielle, Carol, Dani, Pacifico... e muitas outras pessoas que fizeram parte desta etapa cheia de adrenalina.

À Michelle Bonatti, quem contribui com seu olhar complexo e deu as oportunas apreciações.

Aos meus grandes amigos: Pato e Roberto de Madre Tierra.

A todos os colegas do curso de Agroecossistemas, de outros programas do Centro de Ciências Agrárias e da UFSC em geral, meus maiores agradecimentos.

Ao Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, por abrir as portas da instituição e me permitirem participar do curso.

Ao Programa Convênio PEC-PG, por facilitar minha participação neste curso de Doutorado.

(10)
(11)

“A semelhança supõe a diferença, são as diferenças que se assemelham; só a diferença faz conceber o ser.” J.H. Rosny

(12)
(13)

RESUMO

A construção de noção de bom desempenho ambiental (BDA) decorre do uso e mobilização de meios na atribuição de significado ao ambiente criado. É noção que emerge da relação indivíduo-meio e da possibilidade de criar um ambiente desejado. O processo de evolução dessa noção consolidou-se mais fortemente associado à noção da escassez dos meios e técnicas voltadas à superação dessa problemática. Tal associação acabou por minimizar a importância do comportamento humano na promoção do BDA. De todo modo, a concepção de BDA ainda necessita ser melhor articulada ao significado atribuído pelos indivíduos no acesso a meios. Os processos de aprendizagem, associados a possibilidades a partir da mobilização de princípios físicos que regem possibilidades e limitações na transformação de meios disponíveis em meios desejados, revelam-se potencialmente adequados para uma valoração do BDA mais coerente com os significados relacionados ao ambiente promovido. Assim, este trabalho visa a identificar e organizar elementos pedagógica e fisicamente fundamentados para a construção de uma noção e uma distinção de bom ou mau desempenho ambiental no uso e transformação de meios. Uma pesquisa eminentemente teórica, fundamentada em implicações do Segundo Princípio da Lei da Termodinâmica e na teoria pedagógica construtivista. No que se refere ao Segundo Princípio, a entropia destaca-se como importante na indicação da medida da desordem implicada no acesso humano aos meios. A teoria construtivista, por sua vez, facilita a mensagem na compreensão das implicações dessa medida e na orientação da conduta humana tanto na minimização da desordem quanto na obtenção da ordem. Essas fundamentações teóricas, inter-relacionadas, embasaram, nesta tese, a construção do Índice de Desempenho Ambiental (IDA), que, a partir de um dado numérico, aponta a desordem gerada na apropriação de meios, identificada por formas distintas de inteligência. Ressalta-se que esse índice designa valor ao comportamento do indivíduo e pode ser operacionalizado para distinguir a qualidade da mobilização de meios em uso socialmente aceitos. Essa ferramenta pode constituir uma pedagogia alternativa à orientação de uma nova forma de perceber a noção de desempenho ambiental.

Palavras-chave: Comportamento humano. Mobilização de meios. Índice de Desempenho Ambiental.

(14)
(15)

RESUMEN

La construcción de la noción de buen desempeño ambiental (BDA) proviene del uso y movilización de medios en la atribución de significado al ambiente creado. Noción que emerge de la relación individuo-medio y de la posibilidad de crear un ambiente deseado. El proceso de evolución de esa noción se consolidó más fuertemente asociado a la noción de escasez de los medios y técnicas dirigidas a la superación de esa problemática. Tal asociación acabó por minimizar la importancia del comportamiento humano en la promoción del BDA. De todos modos, la concepción del BDA, todavía necesitaría ser mejor articulada al significado atribuido por los individuos en el acceso a medios. Los procesos de aprendizaje, asociados a posibilidades a partir de la movilización de principios físicos que rigen posibilidades y limitaciones en la transformación de medios disponibles en medios deseados, se revelan potencialmente adecuados para una valoración del BDA más coherente con los significados relacionados al ambiente promovido. Así, este trabajo pretende identificar y organizar elementos, fundamentados física y pedagógicamente, para la construcción de una noción y una distinción de desempeño ambiental bueno o malo. Una investigación eminentemente teórica, fundamentada en las implicaciones del Segundo Principio de la Ley de Termodinámica y en la teoría pedagógica constructivista. En lo que se refiere al Segundo Principio, la “entropía” se destaca como importante en la indicación de la medida del desorden en el acceso humano a los medios. La teoría constructivista, a su vez, facilita el mensaje en la comprensión de las implicaciones de esa medida y en la orientación de la conducta humana tanto en la minimización del desorden como en la obtención de orden. Esas fundamentaciones teóricas, interrelacionadas, basaron en esta tese la construcción del Índice de Desempeño Ambiental (IDA) que, a partir de un dato numérico, apunta el desorden generado en la apropiación de medios identificados por formas distintas de inteligencia. Se resalta que ese índice asigna valor al comportamiento del individuo y puede ser operacionalizado para distinguir la calidad de la movilización de medios en usos aceptados socialmente. Esta herramienta puede constituir una pedagogía alternativa a la orientación de una nueva forma de percibir la noción de desempeño ambiental.

Palabras claves: Comportamiento Humano. Movilización de medios. Índice de Desempeño Ambiental.

(16)
(17)

ABSTRACT

The construction of the notion of good environmental performance (GEP) comes from the use and mobilization of resources in the attribution of meaning to the created environment. It is a notion that emerges from the individual-resources relationship and the possibility of creating a desired environment. The process of evolution of the notion was consolidated more strongly associated with the notion of scarcity of means and techniques aimed at overcoming this problem. This association ended up minimizing the importance of human behavior in the promotion of the GEP. Anyway, the conception of the GEP, still needs to be better articulated to the meaning attributed by individuals in access to means. Learning processes, associated with possibilities based on the mobilization of physical principles that govern possibilities and limitations in the transformation of available resources into desired resources, are potentially suitable for a GEP assessment more consistent with the meanings related to the environment promoted. Thus, this work aims to identify and organize elements, based physically and pedagogically, for the construction of a notion and a distinction of good or bad environmental performance. An eminently theoretical research, based on the implications of the Second Principle of the Law of Thermodynamics and constructivist pedagogical theory. Concerning the Second Principle, "entropy" stands out as important in the indication of the extent magnitude of disorder in human access to the means. The constructivist theory, in turn, facilitates the message in the understanding of the implications of this measure and in the orientation of human behavior both in the minimization of disorder and in obtaining order. These theoretical foundations, interrelated, based on this thesis the construction of the Environmental Performance Index (EPI) that, based on a numerical data, points to the disorder generated in the appropriation of means identified by different forms of intelligence. It is emphasized that this index assigns value to the behavior of the individual and can be operationalized to distinguish the quality of the mobilization of means in socially accepted uses. This tool can be an alternative pedagogy to the orientation of a new way of perceiving the notion of environmental performance.

Keywords: Human Behavior. Mobilization of means. Environmental Performance Index.

(18)
(19)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Orientação para construção e distinção de noção de

bom desempenho ambiental ... 27

Figura 2: Elementos que promovem aprendizagem de noção de

desempenho ambiental. ... 69

Figura 3: Relação de diferenciação baseada no ter e na

disponibilidade de meios ... 87

Figura 4: Relação de diferenciação a partir do modo de ser e na

disponibilidade de meios ... 88

Figura 5: Convergência entre potencial ambiental e potencial do

ser na obtenção de ordem ... 90

Figura 6: Acesso a meios na obtenção de ordem desejada ... 92

(20)
(21)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDA Bom desempenho ambiental IDA Índice de Desemprenho Ambiental

UNFCCC United Nations Framework Convention on Climate Change

CNUMAD Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

ONU Organização das Nações Unidas COP21 21ª Conferência das Partes

(22)
(23)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

... 29

Entre a questão ambiental e a aprendizagem

... 31

Pressuposição

... 37

Hipótese

... 37

Objetivos

... 37

Objetivo Geral

... 37

Objetivos Específicos

... 37

DA QUESTÃO AMBIENTAL

... 39

Evolução da questão ambiental

... 39

Argumentos que legitimaram uma noção de

desempenho ambiental

... 44

DOS

PRINCÍPIOS

PEDAGÓGICOS

PARA

O

DESEMPENHO AMBIENTAL

... 49

Processos de aprendizagem e evolução social humana

49

Aprendizagem

significativa

à

valoração

de

desempenho ambiental

... 53

Da construção de conhecimentos

... 58

PROPOSTA METODOLÓGICA DA CONSTRUÇÃO

DE NOÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL

... 61

No início, o ser humano e a educação

... 61

Princípios

físicos:

auxiliando

o

sentido

da

aprendizagem

... 63

4.2.1

Do ordenamento biológico e social humano

... 66

Caminhos para a promoção de bom desempenho

ambiental (BDA)

... 68

NATUREZA

DOS

COMPORTAMENTOS

NA

DISTINÇÃO DE BOM DESEMPENHO AMBIENTAL

... 75

(24)

A inteligência como potencial de diferenciação entre

seres humanos

... 75

5.1.1

Necessidades

e

interesses:

motivos

que

incentivam o desempenho humano

... 78

A relação equilíbrio- diferença na fundamentação da

distinção de bom desempenho ambiental (BDA)

... 82

5.2.1

Implicações da apropriação de meios: do custo

ambiental

... 89

Da operacionalização

... 92

CONCLUSÕES

... 97

Considerações finais

... 100

(25)

APRESENTAÇÃO

Ambiente, mais do que meio, é significado. Portanto, mesmo que associada à degradação de meios, a questão ambiental vai além dos significados e cuidados que a indeterminada expressão “meio ambiente” poderia sugerir.

Assume-se que a questão ambiental é essencialmente comportamental. Sendo assim, noção de bom ou mau desempenho ambiental está associada à qualidade da mobilização de meios e intimamente relacionada à conduta de indivíduos interessados em dispor de meios – sejam meios presentes no próprio meio do interessado, ou importados de outros lugares. Assim, entende-se que meios têm significado de estado, de ambiente.

Desempenho ambiental é, por isso, noção que exige entendimento das possibilidades e implicações nos processos de mobilização e transformação de meios. Mobilização e transformação fazem emergir o ambiente desejado ou indesejado. A construção desse entendimento é um processo de aprendizagem tornado possível pela mobilização de características intrínsecas aos indivíduos, as quais podem ser amplificadas no seu modo de atuar ao dispor de meios.

A relação entre meios e indivíduos em seu meio, inclusos outros indivíduos nesse meio, é um processo em constante transformação, possibilitado e limitado por princípios naturais, e orientado por valores culturalmente construídos.

O Segundo Princípio da Termodinâmica prevê que processos de transformação reais implicam desordem crescente. Sendo assim, haveria uma inexorável redução no estoque de meios previamente ordenados de forma a possibilitar ordenamento de outros meios na forma desejada. É na obtenção de ordem, no acesso a meios para obter algo desejado, que a atuação de indivíduos faz emergir a questão ambiental que possibilita definir a qualidade do desempenho ambiental.

O pressuposto que norteia esta tese é que, sendo de natureza comportamental, a questão ambiental seria mais bem endereçada à aprendizagem pedagogicamente orientada a partir de valores que orientassem o comportamento de indivíduos e de princípios naturais determinantes das possibilidades e dos limites na transformação de meios disponíveis em meios desejados. Para tanto, e como sugere a Figura 1, a

(26)

pedagogia e as implicações do mais sólido princípio da ciência – o Segundo Princípio da Termodinâmica – são combinadas na proposição de um Índice de Desempenho Ambiental (IDA) – instrumento objetivo e intuitivamente fácil de se compreender entre os mais diversos interessados em avaliar e distinguir o desempenho socioambiental na mobilização de meios que, no geral, são de disponibilidade inexoravelmente decrescente.

(27)

Figura 1: Orientação para construção e distinção de noção de bom desempenho ambiental

(28)
(29)

29 INTRODUÇÃO

A individualidade é um apanágio de complexidade”. Gaston Bachelard A questão ambiental é comumente reduzida às quase sempre evidentes implicações da degradação domeio, especialmente à poluição da água, do ar, à degradação do solo, perda da biodiversidade, derrubada de florestas e outros processos indesejáveis. Essa é uma visão que correntemente induz a percepção da questão ambiental como problema associado à escassez de meios. Segundo essa ideia, bom desempenho ambiental (BDA) é acessar poucos meios e, claro, minimizar ou evitar a degradação daqueles que forem mobilizados.

Entende-se que a questão ambiental é de natureza comportamental. Questão emergente da evidente redução de possibilidades a partir de meios disponíveis, mas com significado associado ao modo de dispor desses meios.

Sendo a questão ambiental de natureza comportamental, bom ou mau desempenho ambiental é noção que depende mais de valores que orientem quem usa e quem se preocupa com os meios, muito mais do que questão de falta de conhecimento sobre como usar os meios. Ou seja, a possibilidade de bem encaminhar a questão ambiental está essencialmente vinculada à possibilidade de orientar condutas humanas, em especial devido à natureza humana manifestar qualidades que podem ser ativadas através de processos de aprendizagem. É a partir dessas qualidades que a Pedagogia fundamenta a possibilidade de mobilizar atributos intrínsecos aos indivíduos. Os princípios pedagógicos que guiam uma ideia, noção ou conhecimento certamente também podem (re)orientar a construção da noção do que seria bom ou mau desempenho ambiental.

De todo modo, bom ou mau desempenho ambiental está associado à qualidade da mobilização de meios por parte de humanos, considerada a necessidade de os humanos continuarem a mobilizá-los. Para promover um entendimento claro e fundado em princípios que determinam possibilidades e limitações a partir do uso de meios, antes é necessário identificar e apontar os fundamentos que podem orientar a atuação dos indivíduos.

O Segundo Princípio da Termodinâmica – segundo Einstein, o mais sólido princípio da ciência – apresenta-se como um fundamento especialmente útil e generalizável para fundar possibilidades e limitações

(30)

30

na relação que humanos estabelecem com seu meio e com a qualidade do desempenho ambiental. A Segunda Lei da Termodinâmica trata da entropia, a medida de dissipação de energia. Na medida em que, depois de Einstein, energia e matéria seriam diferentes manifestações de algo mais fundamental e mais geral, faz sentido entender-se entropia como crescente desordem das coisas, de todos os meios.

Crescente desordenamento no geral é também uma medida de desaparecimento de diferenças criadoras de possibilidades. Também seria, portanto, uma medida de custos para obter-se coisas interessantes1 – utilidades mais ordenadas.

A lei da entropia crescente, nesse sentido, pode fundamentar qualquer metodologia na qual se demonstre que as transformações não somente podem ser medidas quantitativamente, mas também de maneira qualitativa. Na medida em que essas transformações podem ser guiadas, ou orientadas, o pressuposto é o de que seria possível derivar um índice de dissipação de possibilidades em toda transformação. Ter-se-ia, então, a possibilidade de derivar um instrumento que, pedagogicamente mobilizado, poderia fundamentar e distinguir desempenho ambiental bom ou ruim.

As significativas possibilidades em mobilizar o conceito de entropia, a inexorável desordem crescente, não seriam novidades ou teses a defender. A novidade, talvez, está em mobilizar esse princípio da física em prol da pedagogia, de modo a fundamentar e distinguir desempenho ambiental bom ou ruim.

O BDA, então, dependeria de comportamento coerente junto à inexorável trajetória de redução do potencial de possibilidades de transformação que faz emergir um ambiente desejado ou indesejado. Mas a melhor das possibilidades para assegurar um BDA sempre estará na mobilização do potencial de inteligência, que poderia conduzir e sustentar o comportamento inteligente. É aqui, então, que a pedagogia adquire especial significação.

Portanto, a proposta metodológica apresentada neste trabalho representa um modo de promover entendimento da questão ambiental a partir da compreensão das possibilidades e implicações associadas ao uso de meios. A partir desses elementos fundados nos princípios físicos e mobilizados pedagogicamente, pretende-se orientar uma construção da noção de BDA.

1 Assume-se, neste trabalho, como possibilidades de promover estado de satisfação a partir da mobilização de meios.

(31)

31 Entre a questão ambiental e a aprendizagem

“O que é vital hoje não é apenas aprender, não é apenas reaprender, não é apenas desaprender, mas sim ‘reorganizar o nosso sistema mental para reaprender a aprender.”

E. Morin Compreender o significado da questão ambiental implica pensar também os processos de aprendizagem. Todavia, os processos de aprendizagem podem ser diversos e são diversas as compreensões possíveis de cada abordagem. O desafio é promover um processo pedagogicamente orientado de modo a garantir uma adequada ou suficiente compreensão das possibilidades e limitações que decorrem da relação indivíduo-meio, quando considerados os princípios naturais e os valores culturalmente construídos. Na pressuposição que sustenta o que é proposto nesta tese, somente um processo pedagógico aplicável a qualquer contexto de aprendizagem poderia desempenhar papel central na delimitação do significado de “questão ambiental”, assim como em distinguir bom ou mau desempenho ambiental.

Diretrizes pedagógicas têm sido definidas e desenvolvidas a partir das mais diversas perspectivas teóricas. De todo modo, os esforços têm sido orientados com foco no indivíduo ou no coletivo. Nos argumentos de teóricos da pedagogia, observa-se que a aprendizagem pode ser entendida como uma atividade desenvolvida pelo próprio indivíduo. É isso que sugere Johnson-Laird (1996) ao afirmar que a aprendizagem pode ser entendida como um processo cognitivo que requer do indivíduo a construção de um modelo mental da nova informação. Sobre o assunto, Piaget (1983) entende que a aprendizagem vem de um processo cognitivo interno, organizado em forma de estrutura hierárquica. Já para outros pensadores, como Vygotsky (1984), além do potencial intrínseco ao indivíduo, a aprendizagem surge a partir da interação social, que é o “motor” de desenvolvimento do indivíduo (da criança).

Sobre os princípios que orientam o modo de aprender, Maturana (2002) diz que comumente se fala de aprendizagem a partir da captura de um mundo independente em uma operação abstrata que quase não toca nossa “corporeidade” e que induz a supor que a capacidade cognoscitiva é algo ou ente independente do indivíduo. Contudo, este autor assevera que isso é impossível devido à natureza de nossa constituição como seres

(32)

32

vivos, pois a aprendizagem tem a ver com as mudanças estruturais que ocorrem em nós contingentemente à história de nossas interações. O aprender tem que ser diferente de captar algo externo, entendimento que remete à ideia de Freire (2004), de que ensinar é criar possibilidades de produção de conhecimentos, isto é, aprender implicaria uma atividade intrínseca ao indivíduo.

Aprender o que seria a questão ambiental e o que seria bom ou mau desempenho ambiental, é mais do que perceber mudanças indesejáveis no meio, sofrer mudanças internas na maneira de perceber e atribuir significado às transformações possíveis em meios compartilhados por diversos interessados.

De acordo com Maturana (2002), o ser humano é constitutivamente social, na medida em que é parte de um sistema social no qual seus componentes são seres vivos. Mas se fossem considerados os fundamentos invocados por Lhumann (1998), os componentes de um sistema social seriam as comunicações. Nesse sentido, somos seres sociais porque nós nos comunicamos.

Bom ou mau desempenho ambiental não poderia ter significado para o especialista em meios transformáveis, para todo o ser social, isto é, que comunica significados. Bom ou mau desempenho ambiental deveria ter caracterização à luz dos mais diferentes interessados nos meios que podem ser mobilizados produzindo ambiente desejável ou indesejável.

Para o interesse em caracterizar bom ou mau desempenho ambiental segundo entendimento que possa ser amplamente compartilhado, é importante salientar a concepção de sistemas sociais segundo Lhumann (1998). Ele aponta que os sistemas são estruturalmente orientados pelo entorno, e sem o entorno não poderiam existir, sendo que os indivíduos em comunicação são o entorno dos sistemas sociais. Sistemas sociais são formados e mantidos através da criação e conservação de diferenças com o entorno, e utilizam suas fronteiras para regular essas diferenças.

Distinguir bom ou mau desempenho ambiental não seria tanto medir com exatidão estados de meios transformáveis, mas compartilhar significados atribuíveis. Na distinção de bom ou mau desempenho ambiental entre seres sociais igualmente interessados, não seria necessário medir exatamente quanto se está ou não degradando, mas quem degrada menos, isto é, quem dissipa menos no processo de dispor de meios para aquilo que é socialmente aceito.

(33)

33 É possível distinguir bom ou mau desempenho ambiental orientados em processos de aprendizagem à luz de atributos intrinsecamente humanos. Ou seja, a qualidade do uso dos meios condiz com o propósito de orientar os diversos interessados para bem desempenhar ambientalmente; e isso é possível mediante procedimentos pedagógicos apropriados.

A relação entre aprendizagem da noção de desempenho ambiental e o modo específico de valorar o uso de meios representa uma das dificuldades que, na evolução da questão ambiental, acabou por considerar o ser humano como sendo somente cultural, negando, assim, que esse ser tem uma história evolutiva como indivíduo. Evidentemente há uma forma de medir e um modo corrente de assimilar o entendimento de BDA que tem relegado a natureza do indivíduo. Esse fato, inclusive, cria uma resistência à possibilidade de pensar que os seres humanos são seres biológicos e igualmente sociais.

O problema da compreensão da distinção de uma noção de BDA é referente ao significado, o que supõe uma propriedade atribuível a indivíduos, facilitada pela pedagogia. Por isso é necessária a devida atenção à natureza comportamental dos indivíduos, tratando da avaliação do desempenho ambiental e considerando os seres como indivíduos diferentes, mas igualmente semelhantes em sua necessidade de diferenciarem-se entre humanos. De fato, para entender o que os humanos são e como atuam, é preciso primeiro compreender o que os interesses e necessidades representam, isto é, o papel dessas faculdades que fazem os humanos operarem.

A questão ambiental, em seu processo histórico, tem adquirido maior interesse a partir das grandes transformações ocorridas com a evolução do ser humano – transformações que são próprias da natureza humana e da forte tendência a evoluir em sua organização social. Em contrapartida, esses processos de transformação foram deixando complexos o entendimento e as explicações do modo humano de ver o mundo. Vê-se que, na origem da humanidade, seres humanos criaram estratégias para sobreviver no meio em que viviam, e essas estratégias foram evoluindo como uma necessidade natural da espécie. Mas, à medida que o ser humano evoluía, seus desejos e curiosidades de descobrimento eram ainda maiores. Assim, com a evolução das transformações, foram sendo geradas as discussões sobre a questão ambiental, até chegar à atual noção, legitimada social e academicamente.

(34)

34

Sendo uma construção social, a questão ambiental tem sido definida como um problema que afeta a sociedade, sobre a qual se deveria intervir para superá-lo. Nesse processo, o ser humano se apropria do papel de interventor. A partir dessa percepção, os recursos existentes no meio físico passam a ser considerados recursos naturais, sobre os quais o ser humano pode intervir. Essa definição coloca em termos concretos a separação, que a filosofia correta ou incorretamente interpretada sugere, entre ser humano e Natureza. Como exemplo, nota-se que a poluição e a degradação foram distinguidas como problemas a serem solucionados. Referindo-se a argumentos como escassez, assume-se a ideia de preservação, de não tocar, guardar, proteger, acessar menos meios, como sinônima de BDA.

A noção de desempenho ambiental construída socialmente tem orientado a assumir a ideia da possibilidade de destruir o planeta, o qual seria necessário salvar através de controle, segundo argumentos de ambientalistas e acadêmicos. Mas a Natureza não corre risco de acabar, são as possibilidades que inexoravelmente podem diminuir. Como D’Agostini e Cunha (2007) têm dito, o bom desempenho não é deixar de mobilizar meios disponíveis, mas sim mobilizá-los sem dissipar além daquilo que é inevitável. Assim, desempenhar bem ambientalmente é muito mais do que preservar meios; é mobilizar meios para promover transformações e estabelecer relações capazes de fazer emergir ambiente2 de satisfação.

Nesse sentido, para compreender o que implica transformação evolutiva ou destrutiva é relevante ter claro que existem leis naturais que regem essas transformações. Para tanto, a pedagogia facilitaria a mensagem na pretensão de reorientar o entendimento da valoração do BDA.

Ao propor a compreensão da questão ambiental a partir de princípios mais fundamentais, universais, é importante mencionar que a Natureza é regida por tendência natural mais geral: constante transformação. Nesse sentido, D’Agostini, Alves e Souza (2011) esclarecem que a Natureza não corre perigo e não precisa ser salva. São os humanos que precisam ou querem ser salvos. Para isso precisam respeitar o modo como a Natureza opera e o que ainda restam de recursos nela. Esses autores destacam, ainda, que é inevitável que a Natureza siga sua lei natural de crescente desordem no âmbito geral, no processo de

(35)

35 transformar e fluir, de modo a sustentar tudo que evolui, inclusive os humanos.

No processo de construção da noção de desempenho ambiental, o homem apropriou-se do direito de controle sobre os recursos da Natureza, levando à primazia as técnicas de controle e minimizando o valor do comportamento humano. No entanto, ao entender a lei da natureza e explicar sua imensa criatividade, bem como a própria natureza humana, constituir-se-iam passos fundamentais na construção da noção de desempenho ambiental. O problema não seria a Natureza, e sim os humanos na sua relação com os meios, por isso é relevante atuar na educação dos indivíduos.

Atribuir importância às leis da natureza poderia contribuir para o entendimento da Natureza e seu processo de contínua transformação. Segundo D’Agostini e Cunha (2007), a Natureza, como sistema termodinâmico em constante transformação, ainda seguirá transformando-se. Assim como a terra é um imenso sistema termodinâmico em evolução, sua contínua transformação faz com que ela mesma siga seu curso evolutivo – processos de transformações muito naturais ao Planeta Terra. Ou seja, o Planeta Terra ainda seguirá evoluindo por muito tempo enquanto o sol seguir iluminando e transmitindo energia e enquanto seguir criando diferenças.

A respeito disso, dizem D’Agostini e Cunha (2007) que a presença de diferenças é condição para que existam na Natureza propriedades capazes de engendrar resultados interessantes. O universo como um conjunto de tudo o que existe é energia em fluxo constante e, até onde se sabe ou seria suficiente saber, é feito de matéria-energia. Assim, a existência do Planeta Terra se sustenta com o fluir de matéria-energia. Percebe-se que essa relação condiciona a nossa existência e por isso é fundamental sua compreensão para entender qualquer manifestação associada à transformação.

É possível, sustentam Prigogine e Stengers (1997), considerar os seres vivos como estruturas dissipativas sujeitas às flutuações que podem ampliar-se até uma reorganização total em níveis mais complexos. Assim, o processo de evolução do homem também pode ser expresso em termos de estruturas dissipativas, flutuações e criação de novas organizações. Segundo os mesmos autores, até a criatividade humana seria uma extensão das propriedades em algum grau já existente na matéria. É por esse motivo que se faz conveniente, senão necessário, considerar o

(36)

36

Segundo Princípio da Termodinâmica na construção de um conhecimento ou saber relacionados à noção de desempenho ambiental.

O ser humano, por natureza, procura diferenciar-se entre os semelhantes. Sendo assim, entre os humanos, o que mais nos torna semelhantes é a necessidade de parecermos diferentes (D’AGOSTINI; CUNHA, 2007). Para o objetivo de orientar aprendizagem da noção de desempenho ambiental, a diferenciação entre humanos é a chave para a promoção de BDA. Contudo, esse processo de orientação deve ser fundamentado na diferenciação adequada. Ou seja, presume-se que tais comportamentos podem ser assimilados mediante práticas pedagógicas inteligentes.

Tendo em vista a fundamentação teórico-metodológica da aprendizagem da noção de desempenho ambiental, é possível verificar as expressões mais sofisticadas utilizadas pelos humanos como um argumento para um BDA, embora, ao aumentar o nível de sofisticação dos argumentos, com termos rebuscados, não seria precisamente útil para ajudar a entender claramente a noção de BDA.

Por isso, sustenta-se que um entendimento claro eventualmente conduz o ser humano a desenvolver BDA. No ensino inicial, por exemplo, as crianças começam aprendendo o básico e entre isso está a matemática, bastante abstrata – mas muito precisa e exata – e de fácil compreensão para as crianças. Então, sendo possível sua aprendizagem, questiona-se por que não se pensar na possibilidade de considerar como elemento básico o ensino dos princípios que regem o funcionamento de todos os organismos vivos: os princípios físicos. Concretamente, o Segundo Princípio da Termodinâmica, “a seta do tempo”, que indica a trajetória do entendimento, seria facilitado mediante processos pedagógicos.

Sendo assim, cabe perguntar como se poderia, a partir de princípios físicos que estabelecem que o estoque de meios é inevitavelmente decrescente, contribuir para a pedagogia da construção de uma noção de bom ou mau desempenho ambiental.

Diante do exposto, com o presente trabalho pretende-se contribuir para o processo de aprendizagem da noção de BDA. Nesse sentido, o estudo centra-se na construção de elementos complementares às metodologias pedagógicas atuais para melhor compreensão dessa noção, pois isso, pressupõe-se, contribuirá para guiar o comportamento do indivíduo e orientar a trajetória da aprendizagem para distinguir a noção de desempenho ambiental bom ou ruim.

(37)

37 Pressuposição

Assume-se que a busca pela diferenciação é natural e inerente à evolução entre seres humanos semelhantes de elevada autonomia. Entre agudamente conscientes essa diferenciação pode dar-se a partir do ter, bem como no modo de ser.

Hipótese

Assumindo que a questão ambiental emerge das implicações da degradação e da crescente indisponibilidade de meios, a diferenciação de bem ou mal desempenhar ambientalmente no uso de meios poderia ser pedagogicamente fundada e promovida a partir de implicações do princípio da entropia crescente.

Objetivos

Objetivo Geral

Identificar e organizar elementos pedagógica e fisicamente fundamentados para a construção de uma noção e uma distinção de bom ou mau desempenho ambiental no uso e na transformação de meios. Objetivos Específicos

– Mobilizar elementos da dinâmica de fluxos de transformação de matéria-energia para fundamentar (in)disponibilidade de meios.

– Distinguir e mobilizar a noção de escassez e criação de indisponibilidade de meios no ordenamento biológico e/ou social.

– Compreender e situar o significado de evolução social humana na construção de uma noção de desempenho ambiental, fundada na qualidade de uso de meios.

– Organizar elementos complementares à pedagogia dos enfoques correntes e apontar procedimentos para a construção da noção de desempenho ambiental fundada em princípios físicos e na evolução social humana.

(38)
(39)

39 DA QUESTÃO AMBIENTAL

“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.”

Einstein A questão ambiental é essencialmente comportamental e emerge da evidente redução de possibilidades a partir de meios disponíveis, mas com significado associado ao modo de dispor desses meios. Sendo assim, noção de bom desempenho ambiental (BDA) é um processo de aprendizagem tornado possível em razão da mobilização de qualidades intrínsecas aos indivíduos- intelectuais e emocionais.

A orientação dessa noção vincula-se à indeterminação da evolução do pensamento humano e à irreversibilidade dos processos de transformação. No entanto, antecedentes revelam que a evolução da questão ambiental tem estado mais bem associada a uma visão linear de orientar construção de conhecimentos, com os pressupostos do determinismo e da reversibilidade dos fenômenos idealizados. Isso é uma visão que tem sido legitimada social e academicamente.

Evolução da questão ambiental

A questão ambiental é, evidentemente, construção social. O pensamento humano certamente está enraizado em um concreto contexto histórico-social mais amplo, o qual faz parte da trajetória do indivíduo. Esse processo, de certa forma, está condicionado socialmente, mas relacionado à estrutura cognitiva, visões de mundo, sistemas de valores e modos de pensar, sendo que na perspectiva construtivista – que aporta os fundamentos para atribuir significado a construção da questão ambiental – as questões ambientais só passam a existir a partir do momento em que determinado grupo social passa a encarar essas situações como aspectos que representam problemas nesse determinado meio no qual ocorrem as relações. Por isso, é possível afirmar que a evolução da preocupação com as questões ambientais é uma construção social, porque se dá a partir do momento em que o coletivo passa a assumir algumas situações como indesejáveis. Assim, na avaliação do desempenho ambiental, os aspectos ambientais não podem ser tratados separadamente da lógica social.

Em seu processo histórico, a questão ambiental está associada e tem estado talvez demasiadamente reduzida ao mau uso e à degradação

(40)

40

dos recursos naturais. Assim percebida, essa questão é produto do exercício de uma visão de mundo que situa os mais diferentes meios como recursos naturais e o ser humano como detentor do direito de uso. Essa relação, entre recurso natural e seu suposto detentor, orientada por um pensamento que se impôs social e academicamente, formalizou-se nas mais diversas atividades humanas.

Embora a questão ambiental esteja presente na consciência dos humanos desde muito tempo, se tornou objeto de discussão a partir da intensificação dos processos de transformação de meios associados ao avanço técnico-científico desenvolvido pelo homem. Ao longo da história, observa-se que o homem tem sido consciente de que sua evolução, assim como de outras manifestações naturais vivas, depende da exploração do meio físico. O cérebro humano, apontava Pávlov (1929), por sua maior complexidade, tem aproveitado essa vantagem em seu processo e evolução.

A relevância da questão ambiental, de fato, aumentou com os avanços técnico-científicos desenvolvidos. Esses avanços ainda continuaram em razão da necessidade do ser humano de transformar os meios das mais diversas maneiras, seja para satisfazer necessidades importantes quanto para aquelas apenas interessantes. Assim, o avanço técnico-científico, impulsionado pela Revolução Industrial, intensificou os processos de transformação.

Ainda que outros princípios assegurem que a energia e a matéria não podem ser criadas nem destruídas, a entropia mostra que existe uma inclinação de que tudo tende a um limite nas possibilidades de ordenar matéria-energia. A energia e a matéria estão em constante transformação, o que vem acontecendo desde sempre. E, no balanço geral, a transformação é irreversível, portanto, de empobrecimento às possibilidades de serem obtidos meios úteis ou desejáveis. Mas, segundo Vasconcellos (2008), a ciência tradicional se mantém com os pressupostos do determinismo e da reversibilidade dos fenômenos idealizados. Com o pressuposto do determinismo, argumenta-se que a transformação de meios é governada por leis invariáveis e determinada por suas condições iniciais. Esse pressuposto induz cientistas a direcionarem seus esforços para aumentar cada vez mais sua capacidade de prever fenômenos. A autora salienta, ainda, que é da ideia de reversibilidade do fenômeno que emerge o desejado controle.

Relacionado a esse modo determinista de orientar construção de conhecimento, Prigogine e Stengers (1997) dizem que o conhecer, no decorrer dos últimos três séculos, foi frequentemente identificado como

(41)

41

"saber manipular". Essa mesma lógica tem influenciado a orientação da distinção de BDA, aquele que considerava a avaliação da aprendizagem como um processo de estímulo-resposta.

De acordo com Prigogine (1996), as leis da física em sua formulação tradicional descrevem um mundo idealizado, um mundo estável, não o mundo instável evolutivo em que vivemos. Ele considera que a crença nessas características de determinismo e reversibilidade tem perdurado e perdura na física e, por extensão, nas ciências naturais em geral – inclusive nas revoluções da física (teoria quântica e teoria da relatividade).

Em seu argumento, Vasconcellos (2008) destaca a ideia de que o observador, cientista ou conhecedor podem manipular o sistema, devendo ser competentes para fazê-lo e disso, naturalmente, deriva a concepção de que o especialista tenha uma interação instrutiva com o sistema. Nesse sentido, a autora salienta que essa manipulação é uma consequência natural da concepção do determinismo ambiental. Logo, promove-se, assim, o entendimento de que o comportamento do sistema será determinado pelas instruções que recebe (acúmulo de conhecimento) do seu ambiente e, portanto, poderá ser controlado e previsível.

A partir dessa concepção do determinismo ambiental, os discursos e manifestações de indivíduos e coletivos foram reproduzidos, construindo uma ideia que levou a legitimar a noção de desempenho ambiental como reduzida às implicações da degradação do meio. No processo de evolução da questão ambiental, as orientações teóricas e metodológicas legitimadas social e academicamente fazem com que as pessoas comumente acreditem que o mau desempenho ambiental está associado à falta de conhecimento e não de comportamento.

Desde esse ponto de vista, o mundo, com todas as suas peculiaridades, e em especial a peculiaridade humana, apresenta-se como se tivesse sido criado para os humanos, e não como se os humanos fossem uma peculiaridade do mundo. Mas nesse modo de perceber parte da própria ideia de ciência, tal como explicam Prigogine e Stengers (1997) na Metamorfose da Ciência, assume-se que a ciência moderna nasce a partir de uma aliança “animista” com a natureza.

O processo de construção do conhecimento científico, guiado por provas e evidências, cria uma visão antropocêntrica do mundo, colocando o homem como centro do universo, em oposição à natureza, ou o sujeito em oposição ao objeto. Tais ideias passam a fazer parte do pensamento

(42)

42

moderno contemporâneo. Sobre isso, Prigogine e Stengers (1991) reforçam que o surpreendente sucesso da ciência moderna levou a uma transformação irreversível da relação humana com a Natureza.

Os pensadores da modernidade influenciaram as abordagens e as propostas teóricas e metodológicas que guiaram a forma de promover a aprendizagem, o que atribuiu um caráter pragmático ao conhecimento e, consequentemente, à construção da noção de desempenho ambiental formalizado com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Essas ideias foram fortalecidas com o surgimento da Revolução Industrial, no século XIX, que faziam parte do processo de construção da noção de desempenho ambiental. No mesmo período em que a ciência e a tecnologia foram estabelecidas como um fator preponderante na evolução do homem, a Revolução Industrial significou uma transformação importante na sociedade contemporânea, implicando avanços, por um lado, e custos, por outro – um processo de transformação que construiu visões opostas e que marcou um ponto de inflexão na disponibilidade de meios.

Percebida assim, formalizou-se a noção que atribui à Natureza a ideia de algo manipulável pelo homem, em virtude dos discursos construídos socialmente. Essa é uma percepção que tem sido associada à noção de escassez de meios, os quais, direta ou indiretamente, traduziram-se em objeto controlável. Conceitualmente, a noção da questão ambiental foi reduzida à expressão meio ambiente, uma ideia considerada como lugar e objeto de relacionamento, o que vem limitando a compreensão da noção de meios como possibilidade para promover ambiente. Sobre isso, D’Agostini (2004, p.75) diz que “uma insuficiência de significado da expressão meio ambiente pode ser importante para limitar a emergência de ambiente suficiente à sustentação de uma pressuposição de crescente consciência ambiental.” (grifos do autor).

A partir dessas imprecisões, a concepção da questão ambiental passa a ser concebida social e academicamente como “coisas de um lugar” e “recursos escassos” a serem protegidos, controlados ou reconstruídos. Mas D’Agostini e Cunha (2007, p.53) esclarecem que “tudo flui, tudo é transformação. E nada além de significados deixa de existir em um fluxo de transformação”. Alertam também que o meio não corre nenhum risco ao ser transformado. Assim, são as possibilidades de promover transformações de determinadas naturezas que inexoravelmente diminuem e até podem desaparecer. O risco é para quem depende de meios que são degradados no meio que exploram.

(43)

43

A compressão desse fenômeno está relacionada ao modo como indivíduos e coletivos abordam as implicações das transformações, e é desse processo que emerge a noção de desempenho ambiental. A construção da noção de desempenho ambiental, enraizada em um processo histórico, tem sido relacionada à evolução técnico-científica e, por sua vez, ligada a transformação de meios.

Sendo o conhecimento técnico-científico orientado por uma lógica determinista de fazer ciência, ao mesmo tempo a noção de desempenho ambiental foi delineada e legitimada por esse modo de orientar a aprendizagem. Embora a evolução do pensamento humano seja indeterminada, o modelo pedagógico linear induziu a construção da noção de desempenho ambiental valorizada pela ampliação do conhecimento. Sobre isso, de acordo com D’Agostini (2004), essa noção levou à ingenuidade – pela crença de que a questão ambiental tem solução devido ao aumento de conhecimento – e à alienação – porque o ser humano passa a perceber-se vivendo em um ambiente e não vivendo o ambiente que ele mesmo faz emergir.

Esse modo de perceber a noção de desempenho ambiental na sua imprecisão vem dificultando a construção de entendimentos coerentes com o significado de acessar meios. Essa visão promoveu inúmeros grupos de ativistas ambientais e as mais diversas técnicas que, de certa forma, delimitaram ações que deveriam ser realizadas, na pretensão de orientar o BDA. A linearidade dessa lógica determinista de orientar aprendizagem, formalizada com fundamento que norteia a construção da noção de desempenho ambiental, tem consolidado indiretamente um modo específico de avaliar a relação entre indivíduo e meio.

A inconsistência entre a noção de desempenho ambiental e a percepção construída vai além dos valores que norteiam esses instrumentos: alude ao próprio significado do entendimento. Desempenhar bem ambientalmente, além de atribuir significado ao ambiente criado, é qualificar procedimentos da amplificação de potenciais individuais em sua apropriação de meios socialmente aceita. Essa possibilidade de bem encaminhar o uso de meios, que atinge potencialidade de seres humanos, demonstra a importância de compreender as implicações da mobilização de meios, mas, mais importante ainda, compreender a noção de disponibilidade de meios suficientes para um maior número de indivíduos.

(44)

44

Argumentos que legitimaram uma noção de desempenho ambiental

O processo histórico no qual se enraizou a formalização da questão ambiental levou, de forma análoga, a legitimar e valorizar a noção de desempenho ambiental reduzida à evidente degradação do meio. A construção dessa noção consolidou-se associada à noção da escassez dos meios e à procura de técnicas voltadas à superação dessa problemática, o que acabou por minimizar a importância do comportamento humano na distinção do BDA. A orientação desse modo de perceber a questão ambiental está atrelada a uma racionalidade baseada essencialmente em relações causa-efeito.

A construção da noção de desempenho ambiental está relacionada ao modo de orientar a aprendizagem,a concepção do sujeito, da natureza e sua relação com os meios. Então, para possibilitar a compreensão dos fundamentos que distinguiriam uma noção de BDA, trata-se de fazer congruente tanto a natureza humana na sua procura incessante por transformar meios para se diferenciar quanto os fundamentos que regem essas transformações. Por isso a pedagogia é tão fundamental para guiar o pensamento – e, consequentemente, a conduta – de indivíduos na mobilização de instrumentos especialmente apropriados para indicar a trajetória da transformação no acesso aos meios.

O entendimento corrente da noção de desempenho ambiental está sustentado por um enfoque linear de aprendizagem, que tem levado a um modo determinista de orientar a valoração de BDA. Esse enfoque pedagógico linear vem contribuindo na operacionalização de instrumentos a serem replicados independentemente das condições que poderiam formar parte dos interesses dos indivíduos, ou seja, alheio a quem mobiliza o meio. Essa forma de avaliar a relação entre indivíduo e meio criou uma visão que se incorporou, formal ou informalmente, no entendimento de indivíduos e do coletivo, e vem sendo reproduzida como o modo mais comum de valorar o BDA.

De certa forma, a construção de conhecimento está ligada à história do indivíduo, às experiências prévias e presentes que interagem no processo de aprendizagem. Por essa razão é coerente fundamentar a questão ambiental a partir de argumentos que permitam explicá-la além da indeterminada expressão “meio ambiente”.

No processo de evolução da construção da noção de desempenho ambiental, sendo reduzida a uma indeterminada expressão, ideias como os limites do crescimento influenciaram o fortalecimento da noção que

(45)

45

estabelece os recursos físicos como finitos. É comum encontrar argumentos afirmando que a contaminação e, consequentemente, outros problemas ambientais, teriam suas raízes no grande crescimento econômico e populacional, impulsionados pela primeira Revolução Industrial. Há muito tempo vem-se falando e discutindo a questão ambiental, sendo que, já na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo em 1972, foram mencionados “os limites da racionalidade econômica e os desafios que geram a degradação ambiental” (LEFF, 2004).

Foi a partir dessa concepção da questão ambiental que, de certa forma, direcionou-se para uma visão determinista da noção de desempenho ambiental; essa visão passou a ser percebida como um fenômeno controlável e avaliável com instrumentos de controle. A priorização da ideia de controle na determinação do que se devia ou não fazer é verificada nos princípios e acordos internacionais, os quais vêm consolidar indiretamente o modo de promover a valoração do BDA.

Exemplo de entendimentos legitimados em convenções, declarações e acordos oficializados por grupos de estado é o Protocolo de Quioto, da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, em inglês United Nations Framework Convention on Climate Change), que estabeleceu regras para serem cumpridas pelas nações-membro. As medidas apontadas no Protocolo de Quioto foram inicialmente estabelecidas em 1997 e entraram em vigor em 2005, o que evidencia esse longo tempo tentando-se resolver a questão ambiental, cujos fundamentos são os argumentos ditados nessas disposições.

As disposições estabelecidas nesse acordo estão incluídas na UNFCCC, assinada no ano de 1992, no Rio de Janeiro, Brasil. Essa Convenção – conhecida como Declaração do Rio 92 ou como Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) – é o documento que reafirma a declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano. Cabe ressaltar que, já em 1972, a metodologia de estabelecer “normas de controle” como medida de desempenho ambiental era iniciada. Dessa forma a fundamentação de bom desempenho ambiental (BDA) reduziu-se à declaração de “26 princípios sobre o meio ambiente e desenvolvimento, com 109 recomendações e uma resolução” (ONU, 1972, 1992).

Esses fundamentos teriam induzido uma noção relacionada e reduzida à preservação de meio, sustentada nos princípios estabelecidos

(46)

46

na Convenção de Estocolmo, a qual, sob tal ponto de vista, afirmou a “necessidade de um critério e alguns princípios comuns que ofereçam aos povos do mundo inspiração e diretrizes para preservar e melhorar o meio ambiente humano” (ONU, 1972, 1992). É por isso que novamente ressalta-se a necessidade de reorientar o modo de valoração e a distinção de um BDA.

Ações com essas características continuaram a ser desenvolvidas, incorporando ou modificando as diretrizes, enfatizando a necessidade de urgência no combate às mudanças climáticas. Estabelecido em 2015 em Paris, na 21ª Conferência das Partes (COP21) da UNFCCC, o chamado Acordo de Paris viria legitimar o entendimento da avaliação da noção de desempenho ambiental com base na ideia de controle sobre os fenômenos. As diretrizes estabelecidas no acordo ratificam a ideia de reversibilidade dos fenômenos em transformação.

Esse modo de orientar a aprendizagem da noção de desempenho ambiental consolidou-se com a formação de diferentes movimentos ambientalistas e organizações consideradas especializadas, assim como sua legitimação social e acadêmica e sua inclusão na agenda política. As diretrizes estabelecidas nos documentos das declarações e acordos mencionados anteriormente, de certa forma, exigiram aos países integrantes sua implementação nas políticas de ensino.

Seguindo essa mesma lógica, que persiste nas limitações, restrições ou proibições no uso de meios, nota-se que a abordagem é insuficiente à orientação da construção de uma noção de BDA – insuficiente sendo que a dificuldade é referente ao significado associado ao modo de dispor de meios. Dessa forma, seria inoportuno ignorar os valores e interesses de quem é o promotor desse processo: o comportamento do humano. Esses processos de transformações relacionadas às ações dos humanos são orientáveis mediante procedimentos pedagógicos de modo a torná-los mais claros.

A compreensão da noção de desempenho ambiental, seja desempenho bom ou ruim, está sujeita ao comportamento do ser humano. Os diversos fundamentos pedagógicos têm contribuído para a promoção de processos de aprendizagem, tendendo à compreensão dessa noção, ainda que seja evidente que o determinismo e a construção de ideias que priorizam a ampliação de conhecimento resultem insuficientes para o BDA.

A visão determinista da natureza, traduzida na separação do ser humano da natureza, não tem feito mais do que aprofundar uma diferenciação que valoriza o indivíduo a partir do ter. Esses motivos

(47)

47

conduzem à reflexão e à busca de explicações que possibilitem contribuir para a compreensão da noção de desempenho ambiental fundada no modo de ser do ser humano.

A valoração do BDA, correntemente, é mais bem definida em função dos direitos e deveres assinalados por aqueles que se apropriam desses discursos, que o habilitam como possuidores do poder de exigir, moralizar ou proibir o uso de meios. Tal ponto de vista é direcionado mais pelos interesses daqueles que propõem as regras ou que sobrepõem os interesses do coletivo às necessidades de indivíduos. É, então, mudando a atitude de quem usa esses meios – daqueles que seriam promotores desse modo de referenciar o entendimento para alcançar essa mudança – que se poderia distinguir um BDA.

Tendo em vista a complexidade dessa questão, é importante pensar no conjunto de elementos que estão envolvidas na relação indivíduo-meio. Esse olhar complexo supõe superar o enfoque linear de orientar a construção de conhecimento a fim de integrar uma visão de mundo que abranja a indeterminação do pensamento humano, a irreversibilidade dos fenômenos em transformação, e considerar as noções de ordem e desordem no processo de evolução biológica e social humana.

Os processos de aprendizagem que mobilizem os princípios físicos que regem possibilidades e limitações na transformação de meios evidenciam-se potencialmente adequados para uma orientação do BDA – orientação mais coerente com os significados relacionados ao ambiente construído. Sendo assim, a orientação desse processo é uma questão que precisa ser melhor articulada ao significado atribuído pelos indivíduos no acesso aos meios.

As limitações conceituais e operacionais na avaliação de bom ou mau desempenho ambiental conduzem à construção de um modelo de procedimento pedagógico alternativo, o qual contribuiria para a orientação de comportamento humano na construção de uma noção e distinção de BDA. É na possibilidade de encaminhar adequadamente o comportamento humano que as ferramentas da pedagogia se tornam relevantes para distinguir noção de desempenho ambiental bom ou ruim e, para tanto, deve-se mobilizar um instrumento especialmente apropriado e útil para indicar essa qualidade.

(48)
(49)

49

DOS PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS PARA O DESEMPENHO AMBIENTAL

A educação é o desenvolvimento no homem de toda a perfeição de que sua natureza é capaz.” Immanuel Kant. Os fundamentos da pedagogia que orientam a conduta humana voltada à aprendizagem com significado para o próprio indivíduo aprendente é o que se revela pertinente à aprendizagem de noção de desempenho ambiental associada à relação indivíduo-meio. Dessa relação emerge a construção de uma noção de bom ou mau desempenho ambiental a partir das mudanças internas no modo de perceber e atribuir significado às transformações possíveis em meio compartilhado por diversos interessados.

A pedagogia torna-se o eixo condutor na definição de um índice diferenciador desses comportamentos – a serem identificados pelas formas diversas de inteligência3, e indicados objetivamente com o auxílio de princípios da física. Assim, a aprendizagem significativa contribui para a orientação de faculdades, intrínseca aos indivíduos, e facilita a compreensão dos processos de transformação de meios: endereçaria o entendimento à aprendizagem de uma noção de bom desempenho ambiental (BDA). Ou seja, a lógica que orienta a construção do conhecimento contribuiria para o entendimento que se faz coerente entre o processo de evolução social humana e o modo de construir esses entendimentos.

Processos de aprendizagem e evolução social humana

A aprendizagem é uma propriedade essencial do ser humano, ainda que não constitua a essência do seu ser. A noção de desempenho ambiental é uma aprendizagem associada à complexa natureza de seres humanos, que vai além de, simplesmente, absorver conhecimentos. Sua construção envolve um processo interno de mudança resultante da própria experiência do indivíduo, o que inclui tanto as experiências espontâneas

3 Entendida como propriedade do pensamento humano relacionada às faculdades

emocionais e cognitivas do indivíduo e que favorece a sua adaptação, tanto no mundo físico como na esfera das relações sociais.

(50)

50

ou ocasionais no curso da vida cotidiana do indivíduo como as experiências intencionais e sistemáticas.

Esse processo de aprendizagens abrange, em sua complexidade, mudanças relacionadas ao desenvolvimento do indivíduo, amadurecimento e mediação. Essas mudanças são de conduta e atribuíveis à consciência de indivíduos; elas, incorporadas à estrutura humana e manifestadas no seu comportamento, direcionariam uma aprendizagem mais coerente com o significado de BDA.

A aprendizagem e o desenvolvimento do indivíduo, o que estabelece as condutas na relação indivíduo-meio, são mediados pelas construções mentais que se tem e que estão organizadas em forma de estruturas hierarquizadas (PIAGET, 1972). Essa aprendizagem pode variar qualitativamente no processo evolutivo do indivíduo, e é a partir desse processo que emerge um ambiente desejável ou indesejável. Piaget (1983) fundamenta, ainda, que algumas das categorias fundamentais das “coisas” que se aprendem não estão nessas mesmas “coisas”, mas na própria estrutura mental do indivíduo. É por isso que em processo de aprendizagem de desempenho ambiental, na relação indivíduo-meio, primeiro deve-se considerar o ser do indivíduo.

A aprendizagem de noção de desempenho ambiental é um processo dinâmico, que envolve propriedades afetivas e cognitivas na relação indivíduo-meio. Esse é um processo complexo criado pelo próprio indivíduo e isso significa que não se limita a somente absorver o que vem do exterior. O potencial dos indivíduos, de desenvolver-se, de interagir e recriar diferenças na sua própria estrutura, é o que motiva a pensar-se na possibilidade de mobilizar pedagogia para guiar conduta humana na distinção de um BDA. Isso porque se acredita que a construção da noção de bom ou mau desempenho ambiental é essencialmente comportamental e sua valoração associa-se ao potencial de indivíduos.

O modo de orientar as condutas e distinguir desempenho humano são estratégias destinadas a canalizar uma natural tendência à diferenciação entre humanos. Isso ocorre ainda que a valoração dessa diferenciação decorra da evidente falta de reciprocidade que emerge dos vínculos sociais relacionais e através dos quais se constrói normas de socialização voltadas à validação de uma noção de bom desempenho. Tais normas estabelecem uma concepção do desempenho ambiental à luz do coletivamente aceito, não somente limitando a inata capacidade de indivíduos, mas também coordenando mutuamente, em um determinado entorno cultural, as ações e interações no acesso aos meios.

(51)

51

E isso é fundamental no que se refere à orientação de conduta humana em processo de aprendizagem que distingue bom ou mau desempenho ambiental, porque, se há algo de necessário na valoração do uso de meios em se tratando da sua apropriação no ordenamento biológico e social humano, é a caracterização objetiva desse comportamento socialmente aceito.

Caracterizar objetivamente o comportamento humano significa mobilizar-se em processos que, ao mesmo tempo, implicam ensino e aprendizagem, o que diz respeito a uma relação recíproca entre indivíduos que igualmente possuem potencial para bem desempenhar ambientalmente. Por isso, o processo de ensino-aprendizagem na construção de noção de desempenho ambiental vai além de produzir novos conhecimentos sobre como promover um bom desempenho, envolve especial cuidado em dar direção à complexa natureza humana. É, portanto, papel da pedagogia guiar essa complexidade, ou seja, valorar o comportamento humano em sua dimensão biológica, psicológica e social.

As dimensões que incluem as emoções assentam-se em predisposições inatas de estrutura cognitiva para a aprendizagem e para a orientação de determinadas capacidades sociais inerentes à própria biologia das funções adaptativas – capacidades que foram aparecendo ao longo da evolução do ser humano. São esses traços que podem ser considerados tendências naturais de criar novas e diferentes formas de diferenciar-se entre humanos. Essas características podem melhor ilustrar as origens e a atualidade do comportamento social do ser humano, que foi evoluindo paralelamente aos pensamentos pedagógicos – já que são modos de orientar aprendizagem – e que, por sua vez, moldaram o comportamento de indivíduos e do coletivo.

A educação sistemática é uma construção social e sua evolução segue o processo evolutivo da sociedade. Ela está presente em uma sociedade, por mais primitiva que ela seja, e o caráter intencional e sistemático atribuído à educação é dado pela pedagogia. Por isso, a pedagogia revela-se interessante para esclarecer e facilitar a mensagem na orientação da conduta humana em compreender os limites e as possibilidades de acessar meios de disponibilidade inexoravelmente decrescente.

O caráter dinâmico da educação, de permanente transformação, baseia-se na própria natureza humana. Kant (2000) dizia que a educação é como uma arte, cuja prática vai se aperfeiçoando através das gerações. Assim, nesse processo de transformação, o fenômeno educacional sempre

Referências

Documentos relacionados

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

F IG U R A I - Amplitudes de variação, médias e intervalos de confiança dos valores das análises sanguíneas de machos e fêmeas de Brycon sp, por estádio de

8- Bruno não percebeu (verbo perceber, no Pretérito Perfeito do Indicativo) o que ela queria (verbo querer, no Pretérito Imperfeito do Indicativo) dizer e, por isso, fez

A Sementinha dormia muito descansada com as suas filhas. Ela aguardava a sua longa viagem pelo mundo. Sempre quisera viajar como um bando de andorinhas. No

De acordo com a legislação portuguesa, estão sujeitos a receita médica os medicamentos que possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou

Deste modo, torna-se imperativo tornar acessível, de forma justa e equitativa, o acesso aos serviços públicos e ao espaço público para as populações cujos horários são cada vez

A partir da análise das Figuras 5.20, 5.21, 5.22 e 5.23 pode-se afirmar que a variação do início da altura de queda do bloco não alterou os resultados da energia cinética e alturas