• Nenhum resultado encontrado

APOSTILADIMENSIONAMENTODECALHAS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "APOSTILADIMENSIONAMENTODECALHAS"

Copied!
25
0
0

Texto

(1)

 

VÃOS

     

DIMENSIONAMENTO DE CALHAS 

Texto e Ilustrações: Prof. Frederico Flósculo Pinheiro Barreto    1. INTRODUÇÃO  As humildes calhas das edificações são um dos aspectos complementares da edificação  que  permite  uma  encantadora  série  de  observações  acerca  do  processo  de  tomada  de  decisões no projeto arquitetônico, nada invulgar ou óbvia. Como veremos, as humildes calhas  se  relacionam  com  o  clima,  com  a  concepção  estrutural,  com  a  linguagem  plástica,  com  questões ambientais, com princípios de física, com a especificação – e a própria pesquisa – de  materiais  utilizados  em  edificações,  de  modo  a  gerar  uma  surpreendente  oportunidade  de  ensino no ateliê de projeto de arquitetura e urbanismo. 

As presentes Notas de Aula são, como outras que proponho aos meus estudantes, uma  conversa  aberta  acerca  de  conteúdos  técnico‐profissionais  fundamentais.  Também  são  dirigidas aos colegas professores, que podem usá‐las para a crítica e para o ensino, de forma  auxiliar. 

Calhas  são  partes  das  edificações  destinadas  a  recolher  as  águas  de  chuvas  –  ou  de  lavagens – das coberturas das edificações. Evidentemente, uma discussão como essa também  envolve  as  calhas  que  recolhem  as  águas  das  piscinas,  as  águas  de  superfície,  etc.  Mas  nos  interessam as calhas que cercam as coberturas das edificações que, sem as calhas, atirariam as  águas  diretamente  sobre  o  solo,  ou  sobre  outras  edificações  situadas  mais  abaixo,  mais  próximas do solo. 

No  caso  de  uma  disciplina  que  tem  como  tema  didático  o  projeto  arquitetônico  de  Grandes  Vãos,  é  de  imediata  compreensão  que  grandes  vãos  envolvem  necessariamente  grandes  coberturas,  ou  que  a  questão  das  intempéries  –  sobretudo  as  grandes  chuvas  ‐  vai  encontrar  um  espaço  notável  para  a  discussão.  Evidentemente,  as  intempéries  também  envolvem  as  grandes  insolações,  os  grandes  ventos,  as  grandes  quedas  (ou  as  grandes  elevações)  da  temperatura  e  da  umidade  do  ar.  As  coberturas  também  devem  responder  a  esses fatores, mas seu tratamento não será feito aqui. 

A  água  é  nosso  tema,  como  o  principal  modelador  das  coberturas,  desse  notável  e  primordial problema da arquitetura – a arquitetura como abrigo. 

(2)

 

VÃOS

   

 

2. UMA HISTÓRIA DAS CALHAS 

Vamos  começar  com  um  sub‐título  provocativo,  Uma  História  das  Calhas.  Embora  coincida  com  a  história  da  edificação,  as  calhas  devem  ter  sido  inventadas  e  reinventadas  várias vezes ao longo das civilizações que foram construídas em torno de redes urbanas. Uma  série de sugestões podem ser feitas para a elaboração de uma história das calhas: 

a) Uma  de  suas  (re)invenções  talvez  esteja  associada  à  invenção  e  uso  de  um  dos  mais  brilhantes  componentes  das  coberturas,  de  todos  os  tempos:  a  telha  cerâmica  mediterrânea,  de  capa  e  canal.  Se  há  algo  que  mereceria  um  prêmio  humanitário de design são as tradicionais telhas cerâmicas; 

b) As calhas são evidentemente úteis em edificações situadas em climas semi‐áridos,  ou  que  possuam  estações  de  chuvas  bem  demarcadas,  com  estações  secas  prolongadas;  áreas  que,  além  disso,  não  disponham  de  cursos  de  água  de  boa  qualidade, ou água de subsolo potável, também são potenciais (e ávidos) usuários  de  calhas  para  a  captação  e  reservação  de  água  de  boa  qualidade  –  água  das  chuvas; 

c) Cidades  muito  edificadas,  com  uma  proporção  elevada  de  áreas  cobertas  e  pavimentadas, necessitam de calhas para que o recolhimento das águas de chuva  se  dê  de  forma  organizada,  sem  criar  inundações;  o  caso  das  platibandas,  em  especial, resulta em uma solução de “proteção das calhas” que é associada a um  tipo notavelmente cenográfico de fachada das edificações – e de todo quarteirão  que contém essas edificações; 

d) As  mais  antigas  leis  dispõem  sobre  a  queda  de  águas  desde  edificações.  Marcus  Vitruvius  Pollio  (circa  70  a.C.‐  circa  15  a.C.)  fala  de  uma  solução  construtiva  que  assegura  um  distanciamento  das  bordas  do  telhado  em  até  um  terço  do  comprimento da parte coberta (medida desde a cumeeira até a parede externa),  no final do Livro VII dos Dez Livros Sobre Arquitetura. Essa solução dizia respeito ao  STILLICIDIUM,  ou  a  queda  da  água  de  chuva  dos  telhdos  (do  latim  stilla,  gotejamento – de onde destilar – e cidium, queda, do verbo cadere, cair – de onde  cadeira,  onde  nos  deixamos  cair...).  A  lei  romana  proibia  expressamente  que  a  água  do  telhado  de  uma  edificação  pertencente  a  uma  dada  pessoa  tocasse  a  propriedade – o solo ou a edificação – de outra pessoa, do vizinho. A lei germânica  tradicional estabelecia uma distância mínima de dois pés (cerca de 70 centímetros)  de uma a outra edificação, de forma a impedir que a água precipitada do telhado  de um vizinho provocasse dano ao outro. O Artigo 575 do Código Civil Brasileiro de  1916 dizia que O proprietário edificará de maneira que o beiral do seu telhado não  despeje  sobre  o  prédio  vizinho,  deixando  entre  este  e  o  beiral,  quando  por  outro 

(3)

 

VÃOS

   

 

modo  não  o  puder  evitar,  um  intervalo  de  10  (dez)  centímetros.  Esse  cuidadoso  Artigo  foi  substituído  pelo  Art.  1.300  do  Código  Civil  de  2002  por:  O  proprietário  construirá  de  maneira  que  o  seu  prédio  não  despeje  águas,  diretamente,  sobre  o  prédio vizinho. Por mais “modernas” que pareçam ser as leis com respeito a esse  pragmático  tema,  é  evidente  que  as  soluções  de  coleta  de  águas  pluviais  estão  associadas  à  história  das  cidades,  das  aglomerações  urbanas.  O  primeiro  “par  de  vizinhos” urbanos, com suas casas juntinhas, deve ter constatado a necessidade de  negociar as pingadeiras; 

e) A  calha  na  arquitetura  moderna  é  tema  de  importantes  criações;  soluções  de  coberturas como as de Lelé (João da Gama Filgueiras Lima) são emblemáticas de  uma  série  de  inovações  que  combinam  a  captação  das  águas,  de  insolação  desejável, de ventilação e vigor de linguagem.                        O hospital de doenças do aparelho locomotor Sarah Kubitschek (2002), no Rio de Janeiro, exemplifica a  família de soluções de coberturas adotadas por João da Gama Filgueiras Lima (Lelé), em que a cobertura  é  trabalhada  de  forma  plástica,  notável,  com  a  geração  de  padrões  de  coleta  de  águas  pluviais,  de  ventilação  e  iluminação  naturais,  de  condicionamento  acústico,  e  de  proteção  contra  excessos  de  energia da insolação, em combinação sem precedentes na arquitetura – ainda que a forma siga a função,  re‐significando esta última. No caso, a função envolve a construção e a  relação com o ambiente, além  dos padrões de atividades a serem  previstas na  organização desse hospital especializado. (Foto acima:  Agência Estado; Ilustração abaixo: acervo João da Gama Filgueiras Lima. 

(4)

 

VÃOS

   

 

4  3. SOBRE AS COBERTURAS, O CÉU (O SOL, AS CHUVAS, O VENTO, ETC) 

Chove  sobre  nossa  cobertura.  Mas,  o  quanto  chove  ?  Chove  muito,  ou  pouco  ?  Na  Tabela 1, a seguir, temos seis classes de chuvas segundo critérios de taxas de precipitação, um  importante parâmetro da pluviometria (a técnica de medição das chuvas).    Tabela 1. Classes de Chuvas segundo intervalos de Precipitação.  Fonte:  American Meteorological Society  CLASSES  INTERVALOS  Chuva Fraca  Precipitação < 0,25 mm/hora  Chuva Leve  0,25 mm/hora ≤ Precipitação < 1,00 mm/hora  Chuva Moderada  1,00 mm/hora ≤ Precipitação < 4,00 mm/hora  Chuva Pesada  4,00 mm/hora ≤ Precipitação < 16,00 mm/hora  Chuva Muito Pesada  16,00 mm/hora ≤ Precipitação < 50 mm/hora  Chuva Extrema  50,00 mm/hora ≤ Precipitação   

Como  vemos  na  tabela  acima,  o  fluxo  pluviométrico  entre  uma  “chuva  leve”  e  uma  “chuva pesada” varia na proporção de 1:16. Pior, entre uma “chuva moderada” e uma “chuva  “pesada” a variação é de 300%, ou de 1:4.  

Mas podemos “escolher a chuva” para os nossos cálculos? 

No Distrito Federal, temos que a precipitação pluviométrica anual é de 1.975 mm. Os  órgãos oficiais não fornecem o Desvio‐Padrão dessa média. Contudo, sabe‐se que entre o mês  mais  seco  (setembro,  em  média,  com  precipitação  pluviométrica  de  75mm)  e  o  mês  mais  chuvoso (dezembro, em média, com 875mm) há uma diferença de aproximadamente 1.166%.  Se  examinarmos  o  mês  mais  chuvoso,  ao  qual  a  nossa  cobertura  deve  mostrar‐se  ajustada,  temos que a média diária é de 30mm de chuva. Se considerarmos um desvio‐padrão em torno  de  50%  dessa  média,  podemos  esperar  que  a  maior  parte  das  chuvas  de  dezembro  (68%)  apresenta precipitação pluviométrica entre 15mm e 45mm ou, segundo a tabela, na faixa das  “chuvas  pesadas”.  Assim,  por  prudência,  vamos  basear  os  cálculos  na  precipitação  pluviométrica de 50mm, que inicia a faixa de “chuvas muito pesadas”. 

Uma  “chuva  muito  pesada”  implica  na  formação  de  uma  lâmina  de  água  de  aproximadamente  1,00  milímetro  por  minuto.  Quando  a  água  da  chuva  cai  sobre  o  solo  natural, “não pisoteado”, é absorvida quase imediatamente. O solo pisoteado por pessoas ou  animais  pesados  como  cavalos,  vacas,  etc.,  é  menos  permeável,  e  forma  poças  que  podem  levar a correntes superficiais onde não deveriam acontecer, ocasionando erosões. Mesmo sem  “construir nada” os seres humanos provocam impacto ambiental sensível. 

(5)

 

VÃOS

   

 

4. ÁGUA E SOLO 

Vamos  aproveitar  o  assunto  do  dimensionamento  das  calhas  para  falar  do  SOLO.  O  solo  nos  interessa  na  medida  em  que  NÃO  usamos  calhas,  e  a  água  da  chuva  que  cai  sobre  nossas coberturas se precipita desde os seus beirais. Também deve nos interessar na medida  em que a água da chuva é recolhida em calhas que, por sua vez, despejam essa água sobre o  solo  (no  próprio  lote,  no  logradouro  público,  em  sistemas  de  esgotamentos  que  levam  ao  sistema hidrográfico local, etc., alternativas que podem levar a graves problemas urbanos). 

Quando  construímos,  e  criamos  coberturas  para  as  edificações,  calçadas  para  evitar  poças  ou  terrenos  enlamaçados,  impermeabilizamos  definitivamente  o  solo  (com  a  exceção  dos  pisos  que  permitem  um  mínimo  de  absorção  natural,  mas  que  exigem cuidados na sua colocação, para que não criem  um solo compactado e pouco permeável). 

As  áreas  “permeáveis”  citadas  nos  códigos  de  edificações  não  são  detalhadamente  especificadas.  Deveriam ser, pela razão  exposta acima: os solos nus,  mas  compactados  podem  se  comportar  como  verdadeiros cimentados.  

Códigos  de  Edificações,  Planos  Diretores  Urbanos,  Normas  de  Urbanização,  entre  outras  indicações  feitas  pelos  governos  municipais, indicam, com boas intenções,  proporções  de  “áreas  permeáveis”  a  serem  mantidas  com  o  solo  nu,  sem  pavimentação  ou  outra  forma  de  impermeabilização,  sem  considerar  a  natureza  e  o  estado  em  que  se  encontra  esse  solo  após  a  construção.  Sem  essa  consideração,  QUALQUER  proporção  de  solo “nu” tem pouco sentido. 

A  permeabilidade  do  solo  varia  com  sua  composição,  compactação,  profundidade,  e  isso  é  apenas o começo de uma longa história, que nos leva  ao  subsolo  de  nossas  cidades  e  das  regiões  onde  elas  foram construídas – e onde não param de crescer e se  modificar. 

Outro aspecto não examinado nos códigos de edificações são os “padrões” formados  por essas áreas “permeáveis”, nas quadras formadas por lotes e emolduradas por calçadas. O  projeto de logradouros adequados é abordado por autores como MASCARÓ. Parte do esforço  de  fiscalização  das  Prefeituras  Municipais  deveria  ser  investido  no  exame  dessas  áreas  “permeáveis”:  se  os  proprietários,  ao  longo  do  tempo  as  preservam,  como  nos  projetos  originalmente  aprovados  e  que  obtiveram  seu  “habite‐se”  (habitações  unifamiliares  ou  multifamiliares),  ou  seu  “alvará  de  funcionamento”  (para  estabelecimentos  comerciais,  de  prestação  de  serviços,  industriais,  etc.).  A  experiência  mostra  que  as  cidades,  ao  longo  do  tempo,  impermeabilizam  o  seu  solo,  atingindo  proporções  de  áreas  impermeáveis  tão  elevadas  que  o  “solo  permeável  restante”  não  consegue  absorver  a  água  fartamente  acumulada na superfície – de TODA A CIDADE. 

(6)

 

VÃOS

   

 

6  ANTES E DEPOIS: A PERDA DAS ÁREAS PERMEÁVEIS

EXIGIDAS PARA O “HABITE-SE” NÃO SÃO CONTROLADAS.

  

Na  figura  acima  vemos  uma  quadra  urbana  esquemática  mostrando  uma  situação  “anterior”  (desenho  superior),  em  que  se  postula,  no  caso  da  ocupação  de  cada  lote  (residencial) a reserva de área de solo nu (áreas verdes escuras), para permitir a absorção de  água  pelo  solo.  Na  situação  “anterior”,  cada  lote  cumpriu  a  legislação,  etc.  Mas  na  situação  “posterior”  (desenho  inferior),  anos  após,  vemos  que  cada  proprietário  pavimentou  essas  áreas de solo nu, reduzindo ou eliminando a possibilidade de absorção da água das chuvas. 

Observe que na situação “posterior” as áreas permeáveis públicas (verde claras) foram  preservadas. Contudo: (a) é raro que haja a previsão de áreas permeáveis públicas em nossas  cidades,  e  (b)  o  desenho  urbano  proposto  torna  improvável  essa  preservação:  estão  adjacentes  aos  lotes,  e  fracionadas,  tornando  ambígua  a  responsabilidade  por  sua  preservação. Verdadeiro ou falso? Somente a avaliação de pós‐ocupação pode atestar. 

(7)

 

VÃOS

   

 

 

Ar, Sol, Vento, Chuvas, Poluição e Vida: A Arquitetura parece mesmo “superficial”

Sob as Edificações, o “primeiro solo” está repleto de detritos da obra: apiloado, endurecido - e contaminado por imper-meabilizantes e pelos “restos e excessos” que destinamos ao solo, sem questonar.. A água da chuva penetra por uma pequena “janela” aberta nos pisos pavimentados de nossas casas, de nossos edifícios. Ainda assim torna possível reconstituir, em parte, as condi-ções originais do solo, tal como o encontramos.

 

A figura acima mostra o quão longe podemos ir, se seguirmos as águas das chuvas (não  esqueçam  que  estamos  a  estudar  o  dimensionamento  de  calhas  destinadas  a  recolher  a  totalidade das águas que caem sobre as coberturas das edificações). 

Quando construímos nossas edificações NECESSARIAMENTE impermeabilizamos o solo  imediatamente abaixo delas. E não apenas isso: impermeabilizamos muitas áreas em volta das  edificações  (seja  para  proteger  as  bases  das  paredes  contra  a  erosão  das  gotas  de  água  que  caem,  ou  das  lâminas  que  água  que  correm  sobre  o  solo  em  volta  das  “barreiras”  que  as  edificações  se  tornam,  seja  para  ampliar  a  área  impermeabilizada  em  volta  das  edificações,  protegendo ainda mais os pisos térreos, seja para que possamos andar em pavimento sólido  em volta das edificações, etc.). 

Essas  modificações  têm,  evidentemente,  vários  tipos  de  impacto  no  subsolo:  toda  a  “carga  de  águas”  que  os  subsolos  recebem  desde  tempos  imemoriais  é,  subitamente,  interrompida pelas edificações – e, numa escala que pode ser gigantesca – pelas cidades. De  uma  hora  para  outra,  o  subsolo  se  torna  “desertificado”,  sem  receber  essas  recargas  das  épocas  de  chuvas.  Esse  é  um  importante  problema  que  não  será  abordado  aqui,  mas  que  conecta as nossas humildes calhas com o planeta. É bastante dizer que se recolhermos TODAS  as águas de chuva em nossa cidade, contribuiremos para o desequilíbrio na relação entre seres  humanos e a natureza que nos sustenta. 

(8)

 

VÃOS

      8    s c   t

a  c ep ain ais

5. FENÔMENOS DA CHUVA SOBRE UMA EDIFICAÇÃO  Como essa água se comporta sobre uma dada cobertura? 

Um  milímetro  por  minuto,  em  um  metro  quadrado  de  “superfície  receptora”  (seja  o  solo nu, ou com vegetação, ou com pavimentação, ou um trecho de um telhado) implica que  um  volume  de  0,1cm  x  100cm  x  100cm  =  1000cm3  (mil  centímetros  cúbicos  ou  um  litro)  de  água  se  acumularia,  teoricamente,  nesse  período  de  tempo  em  que  chove  “pesadamente”  (uma precipitação pluviométrica de 50mm/hora). 

Isso nos deve fazer lembrar de que “água pesa”. Um litro de água pesa um quilograma.  Se  chove  sobre  nossas  casas  de  classe  média,  com,  digamos,  250  m2  de  área  de  cobertura,  temos  que  a  cada  minuto  se  acumula,  teoricamente,  nada  menos  que  250kg  de  água  sobre  nossas telhas. Chuvas que atinjam os 50mm podem “depositar” sobre um telhado assim nada  menos que DOZE TONELADAS E MEIA DE ÁGUA em um período de UMA HORA de chuva. 

Vamos imaginar o projeto de uma singela marquise (cobertura em balanço na fachada  de edifício, aberta dos lados, permitindo a circulação protegida) em concreto armado, em que  a  laje  é  impermeabilizada,  as  vigas  da  borda  são  invertidas  e  a  água  escoa  por  um  pequeno  ralo  ou  por  gárgula  (cano  de  deságüe).  Essa é  uma  olução  muito  omum  nas  nossas  cidades,  nas  ruas comerciais  construídas  desde  os  anos  1950.  Numa  marquise  de  5,00m  de  largura  por  2,50m  de  profundidade,  uma  chuva  “pesada”  pode  depositar  5,00  x  2,50  x  0,05  =  0,650m3  de  água, que pesam 650kg (aproximadamen e o  peso  de  um  “fusquinha”).  Imagine  se  o  ralo  de  uma  mal‐conservada  marquise  com  aproximadamente essas dimensões entope e,  pior,  se  huva  d osita  da  m   água  nesse  “reservatório”.  Seria  suficiente  que  a  viga  invertida  tivesse  apenas  15  centímetros  de altura para que essa marquise acumulasse  aproximadamente duas toneladas de água.  MARQUISE EM PERFEITAS CONDIÇÕES 2,50 0,15 3, 00

Marquises  em  edificações  geminadas  formam  uma  situação  urbana  muito  comum,  sobretudo  nas  áreas  centrais  de  nossas  cidades,  abrigando  os  transeuntes,  formando  um  “convite” a que passem sem pressa, livres da chuva e da incidência direta da radiação solar. 

(9)

 

VÃOS

   

 

 a s

O  caso  das  marquises,  que  eventualmente  formam  perigosas  “piscinas”,  pode  ser  resolvido  com  (a)  lajes  contornadas  por  vigas  diretas,  não‐ invertidas  (b)  telhados  com  calhas,  para  evitar a queda de água direta sobre a via de  trânsito de pessoas e veículos, entre outras  soluções.  

Como  podemos  observar  na  figura  ao  lado,  as  marquises  nos  ajudam  a  compreender  como  as  edificações  projetadas,  construídas  –  e  modificadas  –  em  um  meio  adensado,  repleto  de  outras  edificações  (uma  maneira  um  tanto  “física”  de  definir  o  meio  urbano)  –  podem  acarretar  importantes  mudanças  na  carga  de  águas  pluviais  recebidas  por  coberturas e por suas respectivas calhas. 

 

Na figura ao lado, explicitamos duas superfícies  nessa  esquemática  edificação  com  marquise:  temos  a  superfície  S1,  que  é  aproximadamente  a  área  da  marquise que receberá a água de chuva... ou não? 

Na  verdade,  considerando‐se  que  a  chuva  não  cai a exatos 90 graus a maior parte do tempo – se é que  cai a 90 graus em parte significativa do tempo em que  chove  –  temos  que  a  superfície  vertical  S2  contribui  decisivamente  para  a  carga  de  águas  recebida  pela  marquise. 

Essa  simples  observação  deve  nos  levar  a  outras considerações sobre s “complicada  situações”  geradas  pela  aglomeração  de  volumes  edificados  no  meio  urbano:  ao  longo  do  tempo,  edificações  vizinhas  (de  um  mesmo  proprietário,  em  um  mesmo lote  que  passa a ser paulatinamente ocupado) podem  gerar padrões de escoamento  de água em suas coberturas e paredes totalmente inesperados nos projetos originais.  

Uma situação ainda pior é aquela em que o projetista simplesmente fez um “telhado  complicado”, repleto de águas que escorrem uma para as outras, criando outros efeitos, como  o aumento IMPREVISTO da velocidade de escoamento das águas. 

(10)

 

VÃOS

   

 

10  Na série de ilustrações ao lado, mostra‐se uma  série  “histórica”  de  construções  em  um  dado  lote  (campo verde) onde, na situação 1, há uma edificação  apenas.  Suponhamos  que  se  deseja  colocar  uma  CALHA na extremidade de seu telhado. De acordo com  as  boas  práticas,  nós  somente  consideraremos  a  área  S1 de telhado no dimensionamento da calha. 

1

S1

S1

S2

2

S2

S3

S1

3

S2

S3

S4 S1

4

Essa decisão é correta para muitos casos, mas  pode  se  revelar  incorreta  nas  situações  em  que  uma  segunda  edificação,  ADJACENTE  à  primeira,  oferece  uma generosa empena à lateral do telhado S1. O caso  é que essa empena (de superfície S2) receberá água da  chuva  inclinada  pelo  vento,  e  essa  água  deverá  ser  considerada  no  dimensionamento  da  calha  que  será  fixada no telhado S1. 

A  superfície  S2  também  pode  “surgir”  mais  tarde, como uma segunda edificação – no lote ou em  lote onde se  permite a construção no limite. Observe  que  a  construção  S2  não  lança  águas  DO  SEU  TELHADO. O  que chamamos aqui a atenção é para as  águas que ESCORREM da generosa empena. 

Nossa cena de subúrbio é ainda piorada com o  surgimento  de  outra  edificação,  nos  fundos  da  primeira, que oferece outra generosa empena de área  S3,  de  onde  também  pode  escorrer  água  da  chuva  inclinada  pelo  vento.  Nesse  caso  o  dimensionamento  da  calha  deve  considerar  as  áreas  S1  +  S2(fração)  +  S3(fração). 

Nada  que  não  possa  ser  piorado  com  o  surgimento de uma quarta edificação (cuja empena de  área S4 é invisível desde o ponto de vista adotado no  desenho). Essa “situação final”, apesar de francamente  opressiva, pode ser gerada em projetos feitos por um  só  arquiteto,  caso  a  fragmentação  dos  planos  da  cobertura, e das respectivas empenas, não considere a  contribuição de cada superfície para a carga da calha. 

(11)

 

VÃOS

      Já numa chuva em que o ângulo de queda é de 45⁰, a proporção é de 3:1 (a face do  telhado Poucos arquitetos, se algum, se preocupa em “desenhar com a chuva” mas os nossos  telhado

Não  aprofundaremos  esse  tópico  aqui,  mas  segue  abaixo  tabela  com  dados  meteor

DADOS METEOROLÓGICOS DO DISTRITO FEDERAL 

6. DESENHANDO COM A CHUVA 

A  direção  do  vento  tem  importância  em  nossas  considerações.  Uma  série  de  interessantes  problemas  pode  ser  colocada  a  partir  da  situação  de  envolvimento  de  um  telhado  por  outros.  Essa  análise  da  geometria  da  chuva  demonstra  que  a  chuva  é  um  fenômeno  tridimensional, com o vento a desempenhar o papel de geômetra. 

No  desenho  ao  lado,  mostramos  esquemas  de  telhados  sob  chuvas  inclinadas  pelo  vento,  em  ângulos  de  ‐60⁰  a  +  60⁰.  Numa  chuva  sem perturbações pelo vento, as duas faces (águas) do telhado recebem  quantidades  idênticas  de  água.  Já  numa  chuva  em  que  o  vento  força  a  chuva em um ângulo de queda de 60⁰, temos que o lado a montante (que  recebe a maior carga) fica com 59,63% da quantidade de chuva que incide  sobre todo o telhado. A proporção é de 3:2 entre as duas águas, portanto. 

 mais aquinhoada recebe 66,66% da água que cai sobre todo o telhado). 

s  poderiam  captar  chuvas  com  mais  eficiência  se  ampliássemos  as  faces  (águas)  dos  telhados, de acordo com a direção dominante dos ventos no período de chuvas. 

ológicos do Distrito Federal para a realização de exercícios de projeto, sob orientação. 

(Fonte: CODEPLAN, 1985)  

MÊS  Jan   Fev   Mar  Abr  Mai  Jun  Jul  Ago  Set   Out   Nov   Dez 

Umidade  Relativa  05 (Máxima)  97,2  97,3  97,7 97,2 94,3 90,9 90, 84,2 91,6  96,7  97,6  97,6 Umidade  Relativa  (Mínima)  39,8  39,9  39,3 39,8 37,5 31,0 27,2 21,2 21,0  28,7  37,8  39,4 Pluviometria  77  77  76 74 69 61 57 48 53 68  76  76

Ventos Dominantes  NW  NE  E  E E E E E E NE  NW  NW

(12)

 

VÃOS

   

 

12  7.  UMA  OBSERVAÇÃO  SOBRE  BRASÍLIA:  AS  CHUVAS  E  AS  ECOLOGIAS  DOS  ESPAÇOS  URBANOS DA CAPITAL CERRATENSE 

Se pensarmos bem, temos que uma hora de “chuva pesada” pode colocar apenas 5cm  de  água  em  um  copo  comum.  A  verdade  é  que  não  temos  uma  boa  noção  do  quanto  uma  chuva  realmente  contribui  para  inundar  ruas  e  casas  em  nossas cidades,  caso  não  tenhamos  sistemas de escoamento adequados. Por outro lado, o aproveitamento das águas das chuvas  em  nossas  cidades  “impermeabilizadas”  contribuiria  para  a  racionalização  do  consumo  de  água. 

No  caso  do  Distrito  Federal,  aproximadamente  1100  km2  são  ocupados  por  áreas  urbanas. Apesar de a porcentagem de área de solo urbano que permite a direta absorção da  água  de  chuva  ser,  no  Distrito  Federal,  superior  à  das  demais  grandes  cidades  brasileiras,  a  reservação  de  uma  hora  de  chuva  pesada  (50mm/hora)  pode  representar  uma  quantidade  extraordinária de água. Sobre essa área urbana, as chuvas podem derramar uma quantidade  de  água  equivalente  ao  “tesouro”  representado  por  1,1  bilhão  de  metros  cúbicos  de  água  potável  que  cai  sobre  nossa  área  urbana.  Se  fosse  efetivamente  reservada,  essa  “hora  de  chuva”  permitiria  o  abastecimento  de  toda  a  população  do  Distrito  Federal  por  quase  duas  semanas. Se chovesse sem parar, desse modo, em 18 dias de captação urbana teríamos água  suficiente para encher a Represa do Paranoá (que chamamos de Lago Paranoá, que tem uma  capacidade de aproximadamente 500 bilhões de metros cúbicos de água). 

(13)

 

VÃOS

   

 

8. O FILME DE ÁGUA SOBRE UMA COBERTURA INCLINADA 

Vamos  tomar  uma  cobertura  hipotética,  que  podemos  descrever  como  um  plano  inclinado com dimensões de 10,00 x 10,00 m2. A inclinação é variável, designada por “ângulo  α”.  Os  vários  tipos  de  telhas  apresentam  características  de  projeto  (resistência  ao  próprio  peso, ao impacto da chuva, ao impacto de pessoas que eventualmente transitem sobre elas,  assim como a estrutura de suporte, em madeira, metal, concreto, etc.) associadas a inclinações  ótimas  –  com  um  mínimo  e  um  máximo  de  inclinação  a  serem  considerados)  que  ainda  não  nos interessarão. 

10,

00m

10,00m

Calha 1 Tubo de Queda 1 Tubo de Queda 2 Tubo de Queda 3 Inclinação (ângulo “α”) 

Esquema  de  cobertura  em  plano  inclinado,  com  angulação  variável,  dispondo  de  calha  em  uma  extremidade.  O  esquema  mostra  ainda  a  disposição  de  tubos  de  queda,  destinados  a  esvaziar a calha. 

No  momento,  estamos  mais  interessados  nos  aspectos  físicos  envolvidos  com  o  comportamento da água sobre o nosso plano inclinado hipotético. 

Podemos,  para  simplificar  o  modelo,  que  consideramos  algo  que  somente  pode  acontecer em plena chuva, quando ela já está em andamento, no seu clímax, despejando os  nossos  “pesados”  50mm/hora.  Nesses  instantes,  todo  o  nosso  sistema  de  recolhimento  de  águas pluviais estará funcionando próximo do limite considerado no projeto – porque essa é  exatamente  a  situação  a  que  desejamos  responder,  para  a  qual  a  edificação  deve  estar  preparada. 

(14)

 

VÃOS

   

 

14  Mantida  a  chuva  constante  em  sua  intensidade,  podemos  considerar  que  se  forma  sobre  nosso  telhado  um  super‐filme  de  água.  Façamos  um  primeiro  experimento  a  partir  do  modelo  matemático  composto  por  nosso  plano  de  telhado  (cuja  superfície  não  apresenta  atrito,  um  problema  a  ser  enfrentado  adiante),  pelo  ângulo  de  inclinação  α  e  pelas  leis  do  movimento, dadas, no caso, pelas equações:             

Vamos  supor  que  a  declividade  do  nosso  telhado  hipotético  seja  de  25%  (aproximadamente 14⁰). A aceleração “a”, nas três fórmulas acima, é a da gravidade da Terra  (g = 9,81m/s2). Na direção do movimento, a aceleração é uma fração da gravidade “g”, dada  pela expressão “g x sen α”, ou seja: 9,81 x sen14⁰ = 2,23m/s2. 

Se  aplicarmos  esse  valor  na  equação  (3)  acima,  sabendo  que  nosso  telhado  hipotético  tem  10,00  metros  de  profundidade,  podemos  calcular  a  velocidade com que uma gota de chuva vai chegar na  extremidade inferior do telhado. Essa velocidade, na  direção do movimento, é dada por1: 

v = [2 x 2,23 x (10,00)]1/2 = [44,60]1/2m/s  V = 6,68 m/s 

Se  dividirmos  essa  velocidade  pela  aceleração (equação 1), acharemos o tempo gasto pela gota no percurso ≈ 3 segundos.        

x

(1) v = v + a t

(2) x = x + v t + 1/2 a t

(3) v = v + 2 a (x - x )

x

x

x

x

0 0 2 2 2 0 0

g

α

g x

se

1 Observe que consideramos a velocidade inicial da gota, V 0, nula. Isso não é verdadeiro, mas não é fácil  estimar essa velocidade inicial: ela pode ser “positiva” 

(15)

 

VÃOS

      Gota 3 Gota 2 Gota 1 V = zero V = 6,68m/s t = 3,0 s V = zero V = 4,72m/s t = 2,1 s V = zero V = zero t = zero 0 f 0 f 0 f I = 25% (ângulo de 14 )0  

Na  figura  acima,  aparece  o  valor  de  cálculo  para  essa  “Gota‐1”  (V0  =  zero;  Vf  =  6,68 

m/s;  t  =  3,0  s),  assim  como  para  uma  certa  “Gota‐2”,  que  cai  no  meio  desse  percurso  (V0  = 

zero; Vf = 4,72 m/s; t = 2,1 s) e para uma “Cota‐3”, que cai no final do percurso (V0 = zero; Vf = 

zero; t = zero). 

Quando essa Gota‐1 cai na calha, ela deve mudar de direção. Naturalmente, a chuva  cria uma lâmina de água que, quando cai em uma calha ou em um volume de contenção, cria  uma  situação  de  turbulência  devido  à  mistura  de  moléculas  que  perdem  a  velocidade  (transferindo  sua  energia  cinética  para  a  calha,  que  deve  absorver  esse  impacto)  com  moléculas  que caem “a toda velocidade” acrescida  do componente  normal de aceleração  da  gravidade (g x cos α). 

Assim,  uma  primeira  consideração  sobre  a  área  da  seção  da  calha  para  esse  telhado  hipotético, é  a de  que esses tempos de (1)  queda  e (2)  turbulência  devem ser considerados,  pois quanto maiores mais água será contida na calha antes de “sair” dela, através dos tubos de  queda. A essa altura, um bom físico estará a “passar mal” com a super‐simplificação de nosso  modelo (que reduz a análise a uma partícula do fluxo de água), mas, como veremos, ele pode  funcionar perfeitamente como aproximação dos valores ótimos do dimensionamento da seção  útil da calha. 

(16)

 

VÃOS

      16  9. A QUEDA DA GOTA NA CALHA  Vamos agora considerar “a queda da gota na calha”. Quando a Gota‐1 salta da telha,  ela tem liberado o seu  componente normal de velocidade e aceleração. Assim se aplicarmos  um valor de V0 = 6,48 m/s na equação (3) e uma altura de queda – entre a telha e o fundo da  calha – de 40 centímetros, temos que a velocidade final V será de 7,06 m/s. O tempo de queda  pode  ser  encontrado  com  a  ajuda  da  equação  (1)  e  resulta  em  0,04  segundos.  Não  temos  tempo a perder.   

Platibanda

Rufo

40 cm

Calha

Laje

Calha em

Balanço

Calha em

Mísula (em

Alvenaria)

Caibro

Telha

A Gota Acadêmica!

(17)

 

VÃOS

   

 

10. O QUE ACONTECE NOS TRÊS “PRIMEIROS SEGUNDOS” 

Como  vimos  dizendo,  a  chuva  que  enfrentamos  é  “pesada”,  de  50mm/hora  ou  aproximadamente 1,00mm/minuto. Em três segundos, o filme de água que se forma tem 1/20  mm (0,05mm). Como a nossa cobertura hipotética tem 100m2, o volume de água nesse filme é  de 0,00005m x 100 = 0,005m3.  Derramamos todo o filme na calha. Quanto tempo ele leva para ser retirado através de  tubos de  queda? Como estamos a examinar o módulo de 10m (a nossa cobertura hipotética  tem 10 x 10 m2), vamos colocar 2 tubos de queda em cada extremidade de nossa calha – que  tem 10 metros de extensão, a mesma largura da cobertura em estudo.  A Gota‐1, além vir da extremidade superior da cobertura, cai no meio da calha. Vamos  desprezar toda a velocidade com que caiu, pois sua mudança de direção se dá a um ângulo de  exatos  90  graus  com  relação  à  direção  de  sua  queda  –  toda  a  velocidade  que  conseguiu  com  a  ajuda  da  força  de  gravidade  não  é  utilizada  nessa  situação,  a  não  ser  que  caísse  exatamente  no  tubo  de  queda.  Mas  aí  não  seria  a  nossa  esforçada e extrema “Gota‐1”!!! 

Agora  queremos  saber  do  tempo  gasto  em  sair  do  centro  da  calha para chegar ao tubo de queda.  É  importante  considerar  que  a  calha  deve  ter  uma  pequena  declividade,  para  acelerar  um  pouco  essa  chegada,  desde  “a  pior  situação”  no  centro  da  calha,  até  a  destinação  do  tubo  de  queda.  Vamos  considerar  o  percurso  de  5,00  metros e uma declividade de 1% (um por cento).  Água sobre a cobertura Água na Calha: Declividade suave (1 a 2%)

Água no Tubo de Queda: Diâmetro mínimo recomendado: 100 mm (cem milímetros) para atender a 50m2 de cobertura

Nesse  caso,  usando  as  fórmulas  (1)  e  (3),  temos  que  a  Gota‐1  chegará  ao  tubo  de  queda  com  uma  velocidade  de  modestos  0,34m/s,  consumindo  nada  menos  que  29,8  segundos! Ou seja: nosso hipotético telhado se livra bem rápido da água, mas as calhas, não. 

Se  dobrarmos  a  declividade  para  2%  (dois  por  cento)  a  velocidade  de  chegada  sobe  para impressionantes 1,40m/s, e o tempo consumido é de apenas 7,1 segundos. 

(18)

 

VÃOS

      18          Trabalhando  com a pior hipótese, temos que a Gota‐1 numa calha de declividade de  1% vai se deslocar até o tudo de queda enquanto caem “dez filmes” de 0,005m3, ou seja, cerca  de 0,05m3 de água. Por que? Porque estamos a considerar quase 30 segundos de percurso de  nossa paciente Gota‐1. 

Ou  seja,  até  que  o  “filme  da  Gota‐1”  suma  no  tubo  de  queda,  concluímos  que  nada  menos que 10 outros “filmes” estão a descer, em módulos temporais de 3 segundos. 

Ou  seja,  a  nossa  calha  deve  ser  capaz  de  conter  pelo  menos  0,05m3  de  água,  num  fluxo  sem  turbulência,  teórico,  perfeito.  Qual  o  valor  da  seção  dessa  “calha  mínima”?  Se  dividirmos  0,05m3  por  10,00m,  temos  uma  seção  de  0,005m2.  Em  centímetros,  isso  dá  um  quadrado de 7,1 x 7,1 centímetros.  

Contudo, devemos corrigir esse modelo, considerando (1) o atrito da cobertura (que se  associa à tensão superficial da água), (2) o tempo de queda desde a telha até o fundo da calha  e  (3)  a  turbulência  devida  à  queda  e  à  mudança  de  direção,  (4)  o  atrito  da  calha  e  (5)  a  turbulência na descida para o tubo de queda. Esses fatores retardam a descida da água desde  a cobertura até a descida “final” (para nós, sair da calha é o que interessa, para o momento). 

A  tabela  a  seguir  tenta  explicitar  fatores  de  correção  para  cada  um  desses  aspectos,  considerando  o  tempo  total  gasto  entre  o  momento  em  que  a  Gota‐1  toca  no  telhado  e  o  momento  em  que  some  no  tubo  de  queda.  Esses  fatores  de  correção  aumentam  o  tempo  considerado  até  aqui2.  Observe‐se  que  esses  tempos  são  aproximações  que  abrangem  uma  grande variedade de materiais e geometrias de calhas. Em muitos casos o turbilhonamento é  desprezível.  Em  todos  os  casos,  contudo,  uma  apreciação  prudente  do  tempo  de  descida  da  água leva a dimensionamentos com boas margens de segurança. 

 

2 Esses fatores de correção devem ser objeto de pesquisa para os materiais que empregamos no Distrito  Federal,  como  telhas  de  cobertura,  seus  revestimentos  e  as  impermeabilizações  feitas  com  diversos  materiais  e  soluções.  A  proposta  que  faço  aqui  é  lamentavelmente  empírica,  baseada  em  anos  de  experiência na manutenção de hospitais e, sobretudo, nas avaliações de engenheiros de manutenção. 

(19)

 

VÃOS

   

 

 

TABELA 1 – Correções de Tempo associado ao fluxo da lâmina da água (correções propostas)  (1) Atrito  da  cobertura:  aumento  do 

tempo em 20%  Tempo teórico = 3 segundos  Tempo corrigido = 3,6 segundos  (2) Tempo de queda desde a telha até o  fundo da calha: somar 0,04s  Tempo teórico = zero  Tempo corrigido = 0,04 segundos  (3) Turbulência  devida  à  queda  e  à 

mudança  de  direção:  aumento  do  tempo de queda em 20% 

Tempo teórico = 0,04 segundos  Tempo corrigido = 0,05 segundos  (4) Atrito  da  calha:  aumento  do  tempo 

em 10% 

Tempo teórico = 30 segundos  Tempo corrigido = 33 segundos  (5) Turbulência  na  descida  para  o  tubo 

de  queda:  acréscimo  do  tempo  corrigido em mais 15%  Tempo teórico = zero  Tempo corrigido = 4,95 segundos.    Com essas correções, o filme fica aumentado em 20%: de 0,005m3 passa a 0,006m3.  A soma total dos tempos corrigidos desde a queda na calha fica em 38 segundos, ou  cerca de 13 “filmes” de 0,006m3. Isso resulta em 0,78m3. O quadrado que representa a seção  da  calha  assim  “corrigida”  é  igual  à  raiz  de  [0,78m3/10m],  ou  seja,  um  quadrado  de  28  x  28  centímetros. Ou, ainda 784cm2 (produto de 28 cm x 28 cm). 

Podemos  propor  o  seguinte  parâmetro:  uma  área  de  cobertura  de  100m2  demanda  uma calha com tubos de queda de diâmetro unitário mínimo de 100mm a cada 10m (medidos  ao longo da calha) com seção útil de 784cm2. Ou seja, cada 1,00m2 de cobertura corresponde  a aproximadamente 8,00cm2 de área útil de calha, respeitada a distribuição de tubos de queda  de 100mm a cada 10metros. 

Por  segurança,  podemos  recomendar  que  a  distância  entre  os  tubos  de  queda,  na  vigência desse parâmetro, esteja situada no intervalo entre 5,00m e 10,00m. 

(20)

 

VÃOS

      20  11. PARÂMETRO PARA OS TUBOS DE QUEDA  Podemos propor um parâmetro ainda mais flexível para o cálculo dos tubos de queda  em  função  de  sua  área  útil  de  vazão.  Vamos  manter  os  tubos  de  queda  com  o  diâmetro  mínimo de 100mm ou 10 cm. Cada tubo tem área útil de aproximadamente 80cm2. Como o  nosso parâmetro de área útil de calha  está associado a uma cobertura hipotética de 100m2,  temos que 2 tubos de queda situados a 10,00 um do outro satisfazem a essa demanda. Isso dá  160cm2  de  área  de  tubos  de  queda.  Podemos  propor  o  parâmetro  de  que  cada  1,00m2  de  cobertura  corresponde  a  aproximadamente  1,60cm2  de  área  de  vazão  dos  tubos  de  queda.  Eventualmente, esse parâmetro não está associado a distâncias modulares rigorosas entre dois  ou mais tubos de queda, ou a tubos de queda de diâmetros distintos, respeitado o mínimo de  100mm. 

 

PARÂMETRO GERAL:

A cada 1,00 m2 de TELHADO (em V.G.) Corresponde 8,00 cm2 de SEÇÃO da CALHA

OBS: V.G. = Verdadeira Grandeza, sem a deformação que ocorre no desenho projetivo, dos elementos que não são paralelos ao plano de projeção.

PARÂMETRO PARA TUBOS DE QUEDA: A cada 1,00 m2 de TELHADO (em V.G.)

Corresponde 1,60cm2 de SEÇÃO DE TUBO DE QUEDA

1,00 m2 de TELHADO (em V.G.)

8,00 cm2 de SEÇÃO da CALHA

1,60 cm2 de SEÇÃO de TUBO DE QUEDA

(21)

 

VÃOS

   

 

12. TUBOS DE QUEDA 

A  física  da  água  em  movimento,  ou  a  hidrodinâmica,  muda  totalmente  quando  estamos “dentro de tubos”. A abordagem empírica que propusemos até aqui, contudo, pode  nos ajudar a compreender os tempos envolvidos na saída de água de nossas calhas através dos  tubos de queda. Vamos determinar o tempo de queda da “Gota‐1” quando ela entra num tubo  de queda de, digamos, 3,00 metros de extensão. 

Com o uso das equações (1) e (3), determinamos que a Gota‐1 chegará ao final do tubo  de  queda  com  uma  velocidade  de  7,67m/s,  levando  0,78  segundos  no  percurso  –  em  queda  livre. Essa é uma super‐simplificação do comportamento da água que cai em um tubo, pois não  se trata de queda livre!  

Contudo, para que haja a maior simplicidade possível, adotamos esse comportamento  (queda  livre),  que  examinaremos  com  a  finalidade  de  “testar”  nossos  parâmetros  de  dimensionamento.  Como  vimos,  depois  de  feitos  todos  os  ajustes  propostos  para  a  previsão  das turbulências e atritos no caminho das águas, a nossa calha de 10,00 metros de extensão  pode chegar a acumular nada menos que 0,78m3. Isso representa 780 litros ou 780 kilogramas  de  água!  É  mais  que  o  “fusquinha”  que  denunciamos  no  exemplo  da  marquise  mal‐ conservada! A calha vai cair, se não for bem suportada... 

Para os 38 segundos do percurso da Gota‐1 (pior hipótese) efetivamente poderíamos  chegar  a  tal  acúmulo  de  água  colhida  pela  cobertura  de  10,00  x  10,00  metros,  caso  não  houvesse  o  simultâneo  escoamento  da  água  pelos  tubos  de  queda.  Os  tubos  de  queda  efetivamente  “salvam”  as  calhas  do  colapso,  o  tempo  todo.  Falaremos  adiante  de  medidas  preventivas,  relacionadas  ao  projeto  e  manutenção  de  tubos  de  queda,  para  que  SEMPRE  funcionem perfeitamente. 

O volume de água “parada” que cabe no tubo de 3,00m de extensão (com 100mm de  diâmetro)  é  de  aproximadamente  0,024m3.  Se  associamos  esse  volume  com  o  tempo  de  queda livre da Gota‐1, temos que em 0,78 segundos “passam” 0,024m3 por um desses tubos  de queda. Faça a regra‐de‐três: quantas vezes esse volume unitário (de 0,024m3) está contido  em  0,78m3  (o  volume  de  água  de  chuva  acumulada  na  calha  ao  longo  de  38  segundos  de  chuva “pesada”)? Resposta: 32,5 (trinta e duas vezes e meia). 

(22)

 

VÃOS

      22  E quantos segundos de “passagem de água em  queda livre” isso representa?  32,5 x 0,78 segundos = 25,35 segundos.  Ou seja: um tubo de queda apenas poderia, na  abordagem da “queda livre” esvaziar a nossa calha de  10,00m de comprimento, que atende a uma cobertura  hipotética de 10,00 x 10,00 metros2, em pouco mais de  25  segundos.  Isso  nos  dá  uma  “folga”  de  quase  13  segundos  com  relação  ao  período  de  38  segundos  considerados  (tempo  de  percurso  da  Gota‐1  desdeo  extremo  do  telhado  até  o  tubo  de  queda,  sem  cair  nele). 

Observe  que  consideramos  a  turbulência  na  entrada  do  tubo  de  queda,  mas  não  consideramos  ainda a turbulência no INTERIOR do tubo de queda, no  atrito de suas paredes associado à tensão superficial da  água.  Grosseiramente,  se  acrescentarmos  a  mesma  “correção”  da  “turbulência  de  entrada”  (15% de retardo), os 25,35 segundos em queda livre se transformam em 29,1525 segundos de  “tubo turbulento”. 30 segundos, digamos. 

Tubo de Queda

100 mm de diâmetro

Gota-1

(abordagem

“particular”)

Queda Livre

(3,00m)

Cisterna ou

Rede de Coleta

de Águas Pluviais

Para  uma  calha  como  a  descrita,  e  que  deságua  em  DOIS  desses  tubos  de  queda,  temos  uma  situação  folgada:  dois  tubos  de  queda  dividem  esse  tempo.  Em  apenas  15  segundos a água acumulada se foi ou, em outras palavras, trabalhamos com uma folga de 23  segundos! Mas isso não sugere que devamos reduzir os nossos parâmetros em 60% (resultado  da relação entre 15 e 25 segundos). Na verdade, se consideramos uma  CALHA  CONTÍNUA,  a  nossa “vantagem” é bem menor: continua a ser de apenas 8 segundos. 

Tubo de

queda 1 Tubo dequeda 2 Tubo dequeda 3 Tubo dequeda “n”

 

Em  outras  Notas  de  Aula  haverá  uma  explicação  sobre  “calhas  contínuas  e  combinadas”  sobre  grandes  vãos  ou  edificações  com  grandes  medidas  de  largura  e  profundidade. 

(23)

 

VÃOS

   

 

10,00m Tubo de Queda

Calha (declividade ampliada)

Tubo de Queda 10,00m

Calha (declividade ampliada)

 

Nas duas figuras acima, temos uma calha que é servida por dois tubos de queda e uma  calha servida por apenas um tubo de queda. São duas maneiras de ver o mesmo módulo de  distanciamento  entre  os  tubos  de  queda,  e  de  produzir  calhas  para  edificações.  Uma  calha  contínua  com  esse  distanciamento,  é  composta  de  tubos  de  queda  instalados  a  cada  10,00  metros, assim como por calhas com declividades divergentes desde o seu ponto médio. 

Essas duas situações – na verdade dois modos de ver a mesma situação – são utilizadas  no  planejamento  de  sistemas  mais  elaborados  de  calhas,  quando  projetamos  coberturas  de  grandes  dimensões  e  que  devem  ter  pequenas  declividades,  no  conjunto.  Veremos  alguns  aspectos desse problema adiante. 

(24)

 

VÃOS

   

 

24         

Contudo,  deve‐se  apreciar  as  diferentes  oportunidades  que  cada  módulo  parcial  representado  oferece  para  o  projeto.  Como  a  declividade  está  ampliada  ou  exagerada  nos  desenhos,  podemos  perceber  que  os  pontos  de  passagem  desde  a  calha  para  cada  tubo  de  queda  são  estreitamentos  que  podem  entupir.  Isso  obviamente  impedirá  o  escoamento  da  água  e  acumulará  água  nas  calhas.  O  peso  das  águas  acumuladas  em  calhas  muito  grandes  pode ser enorme, e provocar acidentes. Para evitar o entupimento (por folhas, galhos, sacos  plásticos,  cadáveres  de  pássaros  e  roedores,  etc.)  podemos  usar  proteções  como  os  ralos  abacaxi,  metálicos,  que  lembram...  abacaxis  pois  são  hemisférios  com  perfurações  que  permitem  a  passagem  de  água  (na  parte  superior)  quando  a  calha  acumula  muita  sujeira.  É  necessário  observar  que  o  uso  de  ralos  abacaxi  implica  necessariamente  em  limpeza  constante  nas  calhas  que  os  possuem,  pois  esses  ralos  necessariamente  aceleram  a  acumulação  de sujeira na calha. Paradoxal, não é?  

Talvez  seja  melhor  adotar  tubos  de  quedas  com  diâmetros  iguais  ou  superiores  a  100mm,  e  realizar  vistorias3  constantes  nas  calhas  especialmente  no  período  de  chuvas.  Em  especial,  a  entrada  de  pequenos – ou mesmo medianos ‐ galhos nos tubos de queda geram grandes entupimentos.  Isso nos alerta contra a proximidade de árvores: podem soltar galhos e folhas, flores e frutos e  atrair pássaros e roedores.    3  Vistoria significa inspeção, exame, geralmente de natureza técnica, ou que exige algum conhecimento  adequado, por parte do vistoriador. 

(25)

 

VÃOS

   

 

13. A RELAÇÃO ALTURA X PROFUNDIDADE DA CALHA 

Até agora vimos como chegar a um parâmetro de dimensionamento que nos dá: (a) a  área  da  seção  da  calha  (que  possui  tubos  de  queda  espaçados  de  ATÉ  10,00  m)  e  a  área  correspondente da seção dos tubos de queda. Quando temos as áreas das seções não temos,  contudo, as proporções dessas seções: serão seções quadradas? Serão seções retangulares?  

Se  considerarmos  que  a  área  de  seção  seja  dada  pelo  produto  de  A  (altura)  vezes  L  (largura),  qual  a  proporção  entre  A  e  L?  (A/L  =  1?  A/L  =  1.5?  A/L  =  0,8?  Entre  outras  possibilidades...). 

Na figura abaixo propomos uma regra simples, em que a proporção A/L coincide com a  proporção  entre  a  altura  e  o  vão  (até  a  cumeeira)  do  telhado.  Essa  regra  simples  se  limita  a  coberturas “simples”, especialmente aquelas cujo vão (do limite  do telhado até a projetação  da cumeeira) é menor ou igual a 10,00 metros.    24° 45° 66°

Três Calhas com áreas (seção útil) de 1,00m2 (ou 10.000cm2), com três diferentes proporções em suas medidas de altura e profundidade: 9/4; 1/1; 4/9 (ou 1,50/0,66; 1,00/1,00; 0,66/1,50) Essa seção útil das Calhas corresponde, segundo nosso “parâmetro primário” de dimensionamento (para cada 1,00m2 de telhado corresponde 8,00cm2 de seção útil da calha) pode atender a um telhado de 1.250m2 (ou um quadrado de 35,00m de lado, aproximadamente).

Os desenhos trazem a sugestão de que as Calhas apresentem uma relação entre altura e profundidade assemelhada (limite superior da proporção recomendada) à declividade do telhado.

A s s i m , p a r a t e l h a d o s c o m d e c l i v i d a d e s d e a t é 2 2 5 % ( â n g u l o de 66 graus), a relação entre a altura e a profundidade da Calha seria assemelhada (9/4); Pa r a tel h ad o s c o m dec l iv id a de at é 10 0% (â ngul o de 45 gr a u s) , a relação entre a altura e a profundidade da Calha seria assemelhada (1/1); p a r a t e l h a d o s c o m de c l i v i d a d e a t é 4 4 % ( â n g u l o de 2 4 g ra us ) , a relação seria de 4/9. 66cm 1,50m x 0,66m = 1,00m2 1,00m x 1,00m = 1,00m2 0,66m x 1,50m = 1,00m2 66 cm 100cm 10 0c m 150cm 15 0c m

Referências

Documentos relacionados

O tratamento arquivístico dos livros da Provedoria e Junta da Real Fazenda do Funchal (PJRFF) com.. produção do respectivo catálogo

Vicente Cernicchiaro esclareceu, naquela oportunidade, que o Regimento é coerente estabelecendo distinção entre quorum e votação: quando se tratar de julgamento por

2.11.2 O Usuário concorda desde já com as condições de remuneração para a utilização do serviço disponibilizado pela OLX DIRETO através do Traycheckout, se obrigando, portanto, a

Em Belo Horizonte-MG, a reunião, realizada no dia 1º de outubro, contou com a participação de representantes do Centro Juvenil Dom Bosco, do Cesam (Centro

O objetivo deste ensaio foi apresentar um modelo conceitual que coloca as categorias de relacionamento confiança e comprometimento como as bases de equilíbrio

Resumo: O trabalho investiga a presença de variáveis sociais originadas da dinâmica dos atores e as variáveis racionais e econômicas originadas de políticas públicas que

Para obter informações sobre como obter assistência dentro da garantia, entre em contato com a Assistência ao Cliente da ViewSonic (consulte a página Suporte ao Cliente). Você

Sendo assim, é de suma importância que se tenha métodos de fracionamento (Hg –t, Hg-i e Hg-o pela diferença) e de especiação de mercúrio (Hg-i, MeHg, EtHg)