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POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES DO SETOR METAL MECÂNICO DO GRANDE ABC E AS RELAÇÕES COM FORNECEDORES LOCAIS DE MATÉRIAS PRIMAS

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POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES

DO SETOR METAL MECÂNICO DO

GRANDE ABC E AS RELAÇÕES COM

FORNECEDORES LOCAIS DE

MATÉRIAS PRIMAS

JULIO CESAR MACHADO (UNINOVE)

projulyo@hotmail.com

Marco Antonio Pinheiro da Silveira (USCS)

marco.pinheiro@uscs.edu.br

Ovanildo Goncalves de Souza (UNINOVE)

prof.ovanildo@gmail.com

ODAIR GOMES SALLES (UNINOVE)

odair.salles@terra.com.br

O objetivo da presente pesquisa consistiu em identificar potencialidades e fragilidades no ambiente de negócio que justifiquem a busca de fornecedores de matérias primas fora da região do Grande ABC do setor metal mecânico, dentro de uma peerspectiva dos pontos fracos e ameaças, pontos fortes e oportunidades. A metodologia adotada para atender aos objetivos desta pesquisa apresentou duas partes: Inicialmente realizou-se análise de dados secundários, obtidos na base de dados da pesquisa AGÊNCIA GABC (2009) e posteriormente desenvolveu-se uma pesquisa exploratória, de natureza qualitativa, com realização de entrevista semiestruturada com gestores da área de suprimentos de cinco grandes empresas do setor metal mecânico da região do Grande ABC. Os resultados da pesquisa apontaram uma predominância das vendas ao setor automobilístico e forte participação das grandes empresas no fornecimento local. Quanto às potencialidades e fragilidades responsáveis pela ampliação do fornecimento de matérias primas, foram identificados fatores como ampliação de linhas de crédito, construção de siderúrgicas semi-integradas, criação de parcerias entre empresas e universidades, investimentos em pesquisa, além da implantação de novas fábricas na região. Por outro lado, identificou-se que a falta de capacitação na gestão estratégica e deficiência técnica das pequenas e microempresas, culminadas com a falta de cooperação entre elas, são fatores fundamentais para o enfraquecimento das relações locais. A pesquisa identificou ainda que a região do Grande ABC focada no setor metal mecânico possui indicadores que a classifica como um Cluster, porém ainda carece de outros que possa caracterizá-la como um Arranjo Produtivo Local.

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Palavras-chaves: Setor Metal Mecânico, Cluster, Arranjo Produtivo Local, Fornecimento local.

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1- Introdução

A região do Grande ABC, que tradicionalmente é reconhecida pela instalação dos principais parques industriais do Brasil, teve seu aquecimento industrial com a chegada das grandes indústrias automobilísticas, fator fundamental para o início da história econômica da região. A partir de 1950 a via Anchieta tornou- se o grande eixo de localização deste setor industrial no Brasil, instalando-se nesta região importantes indústrias automobilísticas como Volkswagem,

Willys (Ford), Mercedes Benz e a Scania. Com a instalação das indústrias automobilísticas,

abriram-se oportunidades para instalação de empresas de produtos complementares. Este fator contribuiu para que houvesse uma concentração de empresas do setor metal mecânico nesta região. O interesse no estudo da localização das empresas deste setor e a identificação da intensidade com que as empresas deste setor se relacionam localmente geraram o presente trabalho. O setor metal mecânico caracteriza-se pela presença de empresas que utilizam o componente metal (ferro, cobre, latão) em seu processo produtivo, abrangendo um total de 694 produtos finais. Destaca-se, no entanto, que a principal atividade realizada pelas empresas do setor está relacionada aos serviços de usinagem e soldagem, constituindo-se de empresas de portes variados. O objetivo principal da pesquisa consistiu em identificar potencialidades e fragilidades no ambiente de negócio que justifiquem a busca de fornecedores de matérias primas fora da região do Grande ABC do setor metal mecânico, dentro de uma perspectiva dos pontos fracos e ameaças, pontos fortes e oportunidades. Com o objetivo principal traçado, possibilitou ainda atingir objetivos específicos de modo a identificar em que medida é possível as empresas do setor metal mecânico da região do Grande ABC aumentarem relações com fornecedores locais de matérias primas, de modo a ampliar a condição de Cluster e Arranjo Produtivo Local/APL do setor na região. O ABC Paulista, local selecionado para realização da presente pesquisa, consiste numa região tradicionalmente industrial da Região Metropolitana de São Paulo, porém com identidade própria. Fazem parte da região os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Diadema. Os sete municípios somados perfazem uma área de 825 km² e reúnem uma população de mais de 2,5 milhões de habitantes. O setor metal mecânico é muito heterogêneo, formado por diferentes produtos e mercados consumidores. Constitui-se por empresas de diversos portes, caracterizadas por apresentarem em seu processo produtivo algumas matérias primas em comum como ferro, alumínio, cobre, aço, latão, bronze dentre outros. O processo produtivo pode ser realizado pela própria empresa ou terceirizado, dependendo do tipo de matéria prima, maquinário e tecnologia necessária para tal. Dessa maneira, algumas empresas são constituídas em regiões em que predominam este tipo de produção, tornando-se muitas vezes, fornecedoras de bens e serviços intermediários ou complementares do próprio setor denominado metal mecânico. A concentração de empresas caracterizada por setores como o Automobilístico, Turismo, Tecnologias da Informação, dentre outros, consiste numa formação de cluster. Uma das formas de identificar um Cluster é através dos indicadores de dimensão geográfica (IG), adotado por Amato (2009). O IG possibilita identificar vantagens competitivas advindas de externalidades presentes na região, derivadas da concentração espacial de alguns dos agentes do aglomerado. Amato (2009) determina como vantagem competitiva advinda do indicador geográfico: disponibilidade de matéria prima, mão de obra especializada local, demanda especial localizada e proximidade entre as empresas e seus fornecedores. Pesquisa realizada

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4 na região da Andaluzia, Espanha, por Romero e Santos (2007), pode identificar que as etapas do processo produtivo são realizadas pela própria empresa ou por empresas terceirizadas, o que gera intensificação das relações entre empresas, tendo em vista que algumas delas constituem-se em regiões que oferecem os materiais e serviços necessários à produção, diferenciando de outras que buscam materiais e serviços em regiões distantes, ou seja, quanto mais próximo o fornecedor, maior a intensidade das relações entre as empresas. Pesquisa realizada pela Agência GABC (2009) mostrou que apenas cerca de 30% dos fornecedores de matéria prima das empresas do setor metal mecânico do ABC estão localizados na região. Esta pesquisa buscou identificar fatores que estabeleçam as ligações produtivas regionais influenciadas pela localização geográfica de fornecedores e consumidores, como forma de fortalecimento da economia setorial local e também como indicador para capacitação de profissionais, setores e segmentos, tendo como foco o setor metal mecânico.

2–Referencial Teórico

Conceitos de Aglomerados Empresariais

De maneira geral, pode-se dizer que as fontes locais da competitividade são relevantes, tanto para o aumento da capacidade de inovação das empresas quanto ao seu crescimento. O conceito de aglomerados empresariais surge a partir dos anos 1990. O Arranjo Produtivo Local (APL), Aglomerado Empresarial e Cluster, aparecem como unidade de análise e objeto de ação de políticas industriais. O ponto forte do conceito de aglomerados consiste no relacionamento existente entre as empresas.

Os aglomerados industriais possuem basicamente três tipos de economias oriundas da especialização dos agentes produtivos localizados:

 Existência concentrada de mão de obra qualificada e com habilidades especifica ao setor ou segmento industrial em que as empresas locais são especializadas (MARSHAL, 1920).

 Presença de fornecedores especializados de bens e serviços aos produtores locais (PORTER, 1990).

 Constituição de possibilidades de transbordamento de conhecimento e de tecnologia (THOMPSON, 2002).

Além desses fatores, a proximidade geográfica entre os produtores aglomerados é capaz de facilitar o processo de circulação das informações e dos conhecimentos, por meio da construção de canais próprios de comunicação e de fontes especificas de informação, permitindo o desenvolvimento de novas capacidades organizacionais e tecnológicas (ROMERO & SANTOS, 2007).

Essas indústrias estão ligadas à cadeia produtiva em que os produtores dos aglomerados são especializados e garantem a estes, acesso a maquinário, matéria prima, peças, componentes e serviços a custos mais reduzidos do que as firmas dispersas geograficamente.

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5 Dentre as várias características inerentes aos Clusters, a mais importante é o ganho de eficiência coletiva, entendida como a vantagem competitiva derivada das economias externas locais e da ação conjunta dos agentes (PORTER, 1998).

Dentro de um Cluster todos compartilham os benefícios, sendo o desenvolvimento utilizado por todas as empresas, não havendo desvantagem de uma diante de outra, acontecendo de forma igualitária a todos os participantes. Um cluster não é uma instituição formal, mas sim, uma formação natural ocasionado pela interação entre firmas de uma determinada região (ZACCARELLI et al, 2008).

Um Arranjo Produtivo Local (APL) consiste numa concentração geográfica e setorial de empresas que se comunicam por possuírem características semelhantes e coabitarem no mesmo local. Elas colaboram entre si e se tornam mais eficientes. O conceito de Cluster foi popularizado por PORTER (1990) e reforçado com o sucesso observado na aglomeração espacial de empresas no Vale do Silício, especializadas em alta tecnologia, e em setores tradicionais como a Terceira Itália.

Uma das definições de Cluster é a que o considera como um agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas numa determinada área, vinculadas por elementos comuns e complementares (PORTER, 1999). O desenvolvimento da Teoria dos Clusters permite entender de forma concreta e empírica a capacidade de mapear as micro relações entre suas várias pontas, verificar seu estágio de desenvolvimento, identificar seus pontos de estrangulamento e lançar medidas de incentivo (KIRSCHBAUM, 2004). Após avanço nas pesquisas, Porter (2004), sugere analisar os clusters sob o ponto de vista de complexos industriais. A estrutura desses complexos industriais constituída por redes de empresas que permitem a ampliação da divisão do trabalho entre as empresas, possibilitando a subcontratação e a pesquisa de mercado e a inovação.

Ainda sobre a teoria dos clusters, Kirschbaum (2004) define:

a) Forma-se por necessidades de uma grande empresa ou concentração de empresas semelhantes.

b) Setores que utilizam serviços ou produtos comuns oferecem serviços e produtos complementares.

c) Instituições que oferecem qualificações especializadas, tecnologias, informação, capital ou infra-estrutura e órgãos coletivos envolvendo participantes clusters; e

d) Agências governamentais e outros órgãos reguladores que exerçam influência.

Um cluster pode atrair empresas para sua localização, pois apresenta retornos acima da média da indústria, provêm ganhos na concentração de mão de obra especializada e aumenta o nível global de produtividade e também resulta no aumento na qualidade de vida e salários, aumento de patentes tecnológicas registradas e aumento de número de empresas, além de outras inúmeras vantagens (KIRSCHBAUM, 2004).

Para Amato (2009), cluster consiste um conjunto de empresas pertencentes a uma mesma cadeia produtiva, a uma mesma infraestrutura e outras externalidades disponíveis na região.

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6 Ainda segundo Amato (2009), os indicadores de dimensão geográfica correspondem aos elementos relativos às vantagens competitivas advindas das externalidades presentes na região, derivadas da concentração espacial de alguns dos autores da aglomeração produtiva. Dentre os indicadores de dimensão geográfica, destacam-se:

a-) Proximidade de fonte de matéria prima;

b-) Proximidade de fornecedores de outros insumos; c-) Abrangência do mercado consumidor;

d-) Concentração Industrial.

De acordo Brito (2002), redes de empresas correspondem a arranjos interorganizacionais baseados em vínculos sistemáticos, cooperativos, formado por empresas formalmente independentes que, originam uma forma particular de coordenação das atividades econômicas.

Para Amato (2000), entre as necessidades da cooperação em redes de empresas destacam-se: Combinação de competências e conhecimento tecnológico, Divisão do ônus em pesquisas, Partilha de riscos e custos, Oferta de uma linha de produtos de qualidade superior e mais diversificada, Execução de maior pressão sobre o mercado e Compartilhamento de recursos. Um modelo de negócio denominado rede de valor, está interagindo cada vez mais com as exigências do cliente e com a fabricação flexível e econômica de produtos e serviços. Este modelo utiliza informações digitais para movimentar produtos rapidamente, conecta fornecedores de uma forma sincrônica e oferece soluções sob medida (BOVET & MARTHA, 2001). Os autores descrevem ainda que esse modelo de negócio oferece como estratégica fundamental, criação de valor para clientes, empresa e fornecedores através de parcerias dinâmicas e de alto desempenho entre Clientes/Fornecedores e fluxos de informação.

Em estudos realizados em empresas do Sul da Espanha, Romero & Santos (2006), propuseram uma tipologia capaz de identificar as ligações produtivas rergionais, baseada em diversos padrões de comportamento das empresas dentro de um sistema produtivo. A tipologia baseou-se em dois critérios: a localização geográfica dos fornecedores e dos consumidores. Romero & Santos (2006) identificaram na pesquisa que existem Pequenas e Médias empresas, a partir de agora denominadas (PME), que fornecem e consomem produtos locais, (PME) com alto grau tecnológico que consomem produtos locais e exportam seus produtos finais, Grandes empresas que realizam o consumo interno e realizam a venda interna de seus produtos, e a Grande empresa com alto grau tecnológico que destinam seus produtos à exportação.

A tipologia proposta por Romero & Santos (2006) identifica que existem diversos padrões de desempenho econômico das PME e Grandes Empresas, relacionado principalmente ao grau de especialização das empresas locais e nacionais. As Grandes Empresas e PME´s locais são caracterizadas pelos processos produtivos e estratégias estarem direcionados aos limites geográficos de uma região, tanto para o mercado consumidor quanto fornecedor, ou seja, tanto o mercado consumidor quanto o mercado fornecedor está localizado na mesma região geográfica da empresa. Ainda segundo a análise tipológica de Romero & Santos, constata-se que as PME´s exportadoras são empresas altamente competitivas e alavancam o sistema produtivo local, pois seus fornecedores são as PME´s com capacidade de fornecimento interno. As PME´s extrovertidas são empresas com capacidade de fornecimento externo, principalmente relacionado a insumos. As Grandes empresas orientadas ao mercado externo

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7 são fundamentais para o fortalecimento das ligações produtivas locais, pois possuem alta capacidade de inovação tecnológica.

Não se pode confundir aglomerado com política industrial. A Política industrial caracteriza-se pela concentração de esforços do Governo para desenvolver um determinado setor industrial ou de serviço, tendo em vista uma competição internacional, por oferecerem perspectivas de criação de riqueza em relação à outros setores, favorecendo ao país.(PORTER, 1990).

3-Metodologia

Para atender os objetivos desta pesquisa, que consistiu em identificar as razões que levam as Grandes Empresas do setor metal mecânico a buscarem fornecedores de matérias primas localizados fora da região do Grande ABC – SP, foi realizada uma pesquisa desenvolvida em duas partes a saber: Inicialmente realizou-se uma análise de dados secundários, obtidos na base de dados da pesquisa AGENCIA GABC (2009) e posteriormente pesquisa exploratória, de natureza qualitativa, com realização de entrevista semiestruturada com gestores da área de suprimentos de cinco grandes empresas do setor metal mecânico. Quanto à abordagem do problema, caracteriza-se como pesquisa qualitativa. Quanto às técnicas e procedimentos de coleta de dados, inicialmente utilizou-se um questionário estruturado realizado numa amostra de 500 empresas do setor metal mecânico da região do Grande ABC, realizado pela Agência GABC (2009). Posteriormente, realizou-se entrevistas com cinco empresas de grande porte, através da utilização de roteiro de entrevista semiestruturado, para validação dos resultados. A seleção destas cinco empresas ocorreu pelo critério daquelas que comercializam acima de 70% de seus produtos no mercado automobilístico. As grandes empresas apresentaram maior participação percentual nas vendas ao setor automobilístico, fato que justificou a seleção destas empresas para a realização das entrevistas.

4- Resultado das Entrevistas com as Cinco Grandes Empresas do setor metal mecânico do Grande ABC

A realização das entrevistas foi fator fundamental para que a pesquisa pudesse atender aos objetivos propostos. Das 9 empresas de grande porte que participaram da pesquisa da Agência de Desenvolvimento do Grande ABC, foram selecionadas 5 para realização das entrevistas. De modo geral, das cinco empresas participantes das entrevistas, 4 tem como característica trabalharem com fornecimento de produtos e componentes destinados ao setor automobilístico e uma empresa tem como característica, produzir equipamentos de medição, não direcionado especificamente a este setor.

Para identificação do porte da empresa, utilizou-se o critério de número de empregados de cada uma delas, possibilitando identificar que a menor empresa entrevistada possui em torno de 520 empregados e a maior 1065 empregados. O critério de verificação do porte da empresa por número de empregados estabelece que a empresa que possui acima de 500 empregados classifica-se como empresa de grande porte. Sendo assim, todas as empresas classificadas atendem a este critério.

5-Conclusão

Este trabalho procurou identificar possibilidades que possam aumentar as relações de fornecimento entre as empresas que compõem o setor metal mecânico da região do Grande ABC, a partir da análise de pesquisa realizada pela Agência GABC (2009) com 500 empresas que compõem o setor metal mecânico na região. A pesquisa da Agência GABC (2009) serviu como pano de fundo para ilustrar o ambiente comercial tanto na compra como na venda local e não local do setor. Constatou-se através da pesquisa na literatura que a proximidade

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8 geográfica e aglomerações empresariais são importantes para o desenvolvimento local. No entanto, no trabalho realizado, não evidenciou tal relação com a proximidade geográfica. A proximidade geográfica de algumas empresas se deu por consequência da instalação da indústria automobilística na região do Grande ABC e não por adoção de uma estratégia. As pequenas e micro empresas estudadas ainda carecem de certo grau de capacitação técnica e inovativa, fatores fundamentais para o fortalecimento das relações locais. De acordo com os estudos realizados por Cabral (2008), um arranjo produtivo local tem importância elevada para a região quando possui um vetor de desenvolvimento local e um núcleo de desenvolvimento setorial-regional, o que não se observa na região estudada. Quando se constata um vetor avançado, o impacto para a região também é baixo, pois estes vetores adquirem matéria prima de locais externos à região e distribuem seus produtos finais também fora da região, o que corrobora com os estudos de Romero e Santos (2007). A predominância das vendas ao setor automobilístico sugere a necessidade de capacitação de algumas empresas para diversificação de seus produtos, de modo a poder atender as necessidades das grandes empresas. O problema de pesquisa inicial do presente trabalho, que foi verificar a possibilidade de aumentar as relações locais entre as empresas que compõem o setor metal mecânico da região do Grande ABC foi respondida, uma vez que identificou-se com os dados da pesquisa realizada pela Agência de Desenvolvimento do Grande ABC, juntamente com a complementação das entrevistas realizadas com as grandes empresas que compõem o setor e com especialistas do Instituto de Pesquisa INPES e SENAI, que existem possibilidades para o aumento das relações com fornecedores de matéria prima. Os fatores identificados que contribuiriam para tal realização correspondem à adequação das micro e pequenas empresas em certificações de qualidade e certificações ambientais, principalmente, incentivo para empresas que tenham plano de investimento para ampliação da área produtiva, Incentivos fiscais para atrair novas empresas para a região, além da redução da burocracia para ampliação de fábricas. Outros fatores fundamentais estão relacionados à interação empresarial, focadas nas pequenas e nas microempresas, com a participação em Centros de Desenvolvimento para ampliação do perfil competitivo. Conclui-se ainda que há uma necessidade de maior interação do governo com as empresas, de forma que consiga motivá-las a ampliação das relações locais. Conforme mencionado por Kirchbaum (2004) e Porter (1990), esta concentração de empresas pode apresentar retornos acima da média da indústria, pois esta concentração com certo nível de especialização aumenta o nível global de produtividade e também possibilita melhoria na qualidade de vida, aumento de salários e de patentes tecnológicas registradas. Fatores como investimento em pesquisa e desenvolvimento, melhoria na estrutura logística das cidades e redução do poder dos sindicatos, foram apontados nas entrevistas como fatores fundamentais para o bom andamento do Arranjo Produtivo Local. Uma participação mais efetiva em grupos empresariais pode ampliar a interação de empresas, de modo a cooperarem umas com outras, fortalecendo a possibilidade de aumentar a participação de empresas locais no fornecimento do setor. A falta de especialização quando o assunto refere-se ao beneficiamento de produtos, dificulta a relação local, ou seja, as empresas poderiam diversificar a linha de produção de modo a ampliar a cadeia de fornecimento local. Necessidade de redução da taxa fiscal do governo além da ampliação de linha de crédito para financiamento de capital de giro também poderá contribuir para o fortalecimento do APL.

Quanto aos objetivos, a pesquisa poderá considerá-los como atingidos, uma vez que foram identificados os motivos que justifiquem a busca de fornecedores fora da região do Grande ABC e, consequentemente, foram identificadas as possibilidades de a região atuar como um

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9 Arranjo produtivo Local, haja vista que já é um Cluster. Nas entrevistas realizadas com as grandes empresas do setor, a apresentação dos resultados possibilita concluir que a região do Grande ABC possui matérias primas que atendem a necessidade das empresas demandantes quanto ao tipo, porém não tem condição de atender em relação às quantidades desejadas. A demanda é maior que a oferta e, em contrapartida, os preços são mais elevados do que os praticados em outras regiões que possuem usinas de minério. Dessa forma, caberia criar um modelo de Governança no APL da região, de modo a reduzir as diferenças competitivas com base no fornecimento local. Conclui-se ainda que haja possibilidades de ampliar o fornecimento de matérias primas que não o aço especificamente, haja vista uma concentração maior de micros, pequenas e médias empresas que fornecem produtos diversos, fundamentais para a cadeia produtiva, especificamente direcionada ao setor Automobilístico.

Com a pesquisa pode-se concluir que existe um Cluster na região, com relações fracas. A ampliação do número de empresas participando das reuniões e associando-se à Agência de Desenvolvimento do Grande ABC poderá contribuir para a potencialização do setor.

6-Limitações da Pesquisa

A presente pesquisa possui limitações, uma vez que participaram das entrevistas somente as empresas de grande porte do setor metal mecânico, com fornecimento acima de 70% ao setor automobilístico. Para trabalhos futuros, sugere-se a continuidade da presente pesquisa ampliando as várias regiões do país com potencialidades à produção de determinados produtos ou serviços, de modo a verificar a relação de fornecimento entre empresas de portes diferentes.

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