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* Recitativo e Aria para soprano, violinos e baixo

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(1)

*

Recitativo

e

Aria

para

soprano,

violinos

e

baixo

Não me é solicitado transformar a presente edição da partitura do Recitativo e Aria, datado da Bahia 1759, em uma pequena História da Música naBahia; nem sequer apre­

sentar subsídios para a mesma.

Aliás, a História da Música na Ba­ hia ainda não foi escrita e o que

conhecemos da atividade musical

nesse importante centro econômico-social-político-cultural, que foi o Recôncavo baiano, são apenas sub­ sídios para osquais o próprio autor

da presente restauração também

contribuiu (1).

Já era tempo de proceder-se a

uma pesquisa em profundidade que trouxesse à luz monografia reunin­

do tudo o que é conhecido e o que está por sê-lo, facilitada pela ri­ queza e abundância das fontes pri­ márias de que dispõem os arquivos nacionais eportuguesessôbre aquela úbere Bahia de então.

Não arrisco sequer um levanta­ mento bibliográfico sistemático que fugiria às finalidades precipuas da presente edição: mas cabe, apenas, a titulo de informação, referência a um trabalho que, sem dedicar-se ex­ clusivamente à mais antiga música baiana, abre-lhe perspectivas meto­ dológicas de pesquisa e devassa pre­ ciosas fontes para o empreendimen­ to almejado e recomendado.

Trata-se do excelente trabalho do

(2)

muslcólogo norte-americano, Dr. Robert Stevenson, da Universidade de Califórnia, sôbre Algumas Fontes

Portuguesas para a Primitiva His­

tória da Música Brasileira (2). No magistral artigo, o autor atribui a autoria dêste Recitativo e Âria ao brasileiro Caetano de Mello Jesus, pois no ano da apresentação origi­

nal da obra era mestre da capela

da Sé de Salvador, cargo que de­

sempenhou provavelmente durante

vinte e cinco anos. Caetano de

Mello Jesus era então o principal compositor e regente da região, com grandeprestigio noBrasile emPor­ tugal e autor de tratados teóricos

sôbre música, dentre os quais a

Arfe de Canto de órgãoe o Tratado sôbre a Música Polifônica, em qua­ tro partes, em forma de diálogoen­ tre mestre e discípulo, cujo primeiro

volume é justamente de 1759 e o

segundo de 1760.

O Recitativo e Ária é a mais an­ tiga obra musical até agora conhe­ cida e relatada da História da Mú­ sica Brasileira e representa um tes­ temunho vivo do nível de desenvol­ vimentoartístico atingidoentãopela cultura baiana, animando-nos para o aprofundamento das pesquisas ci­ entíficamente conduzidas e que po­ derão levar-nos a novas descober­ tas, enriquecendo o nosso patrimô­ nio cultural.

a criação dos Tribunais do Conse­ lho deEstado e Guerrae o da Mesa de Consciência (5).

A chegada déste eminente perso­

nagem ocorreu em agôsto de 1758

(6) e conta-se (7) quea tormentosa

tempestade que adveio na viagem

teria arrancado de Mascarenhas a

promessa pública de jamais agir

contra os jesuítas. O fato é que,

em carta datada da Bahia. 23 de

dezembro de 1758, e dirigida ao Mi­ nistro de Ultramar, Thomé Joaquim

da Costa Cõrte Real, José Masca­

renhas desenvolve uma surda defesa

dos padres da companhia alegando

que: “... os jesuítasestão no mayor socego e humildade que hé possivel, bem poderá isto ser affectado, po­

rém nesta Capitania não pode ha­

ver temor, de que fação a menor

perturbação no Estado, pois nem

tem hoje partido nem forças capa­ zes para isso” (8).

É possivel que a relutância que

Mascarenhas demonstrava em obe­

decer às determinações exaradas di­ retamente por Pombal fòsse a causa de seu encerramento, durante vinte anos, na fortaleza do Desterro, em Santa Catarina, sendo libertado so­ mente após a queda de Pombal (9). Seu nome está intlmamente liga­ do à Academia Brasilica dos Renas­ cidos, de vida efêmera mas intensa

e da qual foi membro correspon­

dente o árcademineiro Cláudio Ma­ noel da Costa. Fundada sob os aus­ pícios de Mascarenhas, figura sobe­ rana de mecenas e patrocinador de letras e artes, a Academia parecia

corresponder às preocupações do

Reino em realizar o levantamento, especialmente hlstórlco-literáiio. da Colônia (10). As inúmeras colabo­ rações recebidas (11), resultado de convites especiais, são um depoi­ mento interessante e eloqüente do entusiasmo que reinou naquele Re­

côncavo, como a comemorar o re­

nascimento da antiga Academia dos

Esquecidos, que teve no Conde de

Sabugosa, em 1724, seu protetor ex­ cepcional. e atender a um justo an­ seio da intelectualidade, de projeção e realização acadêmica.

Datado da Bahia, 2 de julho de

1759, o Recitativo e Aria é dedicado a José Mascarenhas Pacheco Perei­ ra Coelho de Mello que, em Portu­ gal, era desembargador da Casa da Suplicação, a alta côrte de Justiça de Lisboa. Este personagem foi no­ meadoem 1758parao cargo deCon­

selheiro do Conselho Ultramarino

(3) para, juntamente com Manoel

Estêvão Barberino, agir no Brasil contra os jesuitas que, no ano se­ guinte, seriam expulsos dos territó­ rios portuguêses, sendo suas missões transformadas em paróquias dirigi­ daspor outrasordensreligiosas (4).

Entre os encargos administrativos

que lhes eram atribuídos incluía-se

292

(3)

Aos seis dias de junho de 1759, reúnem-se quarenta acadêmicos em

magnífico salão do Convento dos

Carmelitas Descalços, luxuosamente ornamentado. O côro de música fi­ cava defronte à porta da entrada principal (12). A Academia, de efê­

mera duração, soube certamente

usufruir das possibilidades que ofe­ recia o desenvolvimento da arte da música na época para integrá-la em suas manifestações artísticas, tor­ nando-as, assim, mais belas e sole­ nes. É disto um exemplo o Recita­ tivo e Ária aqui editado.

Logo após a primeira sessão da Academia, Mascarenhas, seu inspi­ rador e primeiro Diretor Presidente, cai gravemente enfêrmo.

Rezaram-se missas em ação de graças por

seu restabelecimento e a Academia: "... ofereceu-lhe uma festa intima aos 2 de julhoe dedicou-lhe um re-citativo executado por boa orques­ tra" (13).

A importância do Recitativo e

Ária érealçadapelofatode seutex­ to literário ser em português e não em latim, e ser de natureza pro­ fana e não religiosa, como a grande maioria das obras musicais da fase colonial brasileira conhecidas até agora; trata-se de uma laudatória dedicada a José Mascarenhas e sua feitura e condições de realização como composição musical muito nos sugerem sôbre o estado das ativida­ dessociais desalãona Bahia dosé­ culo XVIII. isto é, que a música se vinculava familiarmente às ativida­ des sociais e leigas da época, con­ tribuindo para suasolenidadee para o refinamento da sensibilidade, pelo menos, da camada social mais ele­ vada.

Como a quasetotalidadedas obras musicais do período colonial brasi­ leiro. o Recitativo e Ária não se apresenta originalmente em forma de partitura mas em partes cavadas de Voz — clave de dó. primeira li­ nha

Basso (14).

O RECITATIVO

De gênero que subordina estreita­ mente odesenvolvimento musical ao texto poético, êste Recitativo, esti-llst:camente vinculado ao recitativo melodramático italiano, procura, aliás com êxito, extrair do texto li­ terário tôda sua intensidade e sig­ nificação, realizando-o num cres­ cendo magnífico do inicio ao fim. através das mais variadas formas de tensão, seja tonal, agógica, har­ mônica ou tímbrica.

Literàriamente compõe-se de 38 versos divididos em quatro estrofes de 10. 8, 10 e 10 versos respectiva­ mente, decassílabos, entremeados de 6 versos esparsos de 6 süabas (he­ róico quebrado).

Do ponto-de-vista da rima temos o seguinte esquema:

1» e 4» estrofes: a a,bb,cc,d d, e e.

2? estrofe: abbcacdd.

3? estrofe: abbaccddee.

É de notar-se que nenhuma rima serepete a nãoserno versoaoqual corresponde, oque dá ao texto uma inegável riqueza fonética. Além dis­ so.o entremearde seisversos herói­ cos quebrados entre os decassílabos sugere aelaboraçãopoética conjunta

com a composição musical, numa

busca de adaptação mútua.

O desenvolvimento poético do as­ sunto é flagrantemente construído em duas etapas, o que nos faz dis­ cernir dois momento distinta e si-mètricamente separados no fim da segunda estrofe. A parte composta pelas duas primeiras estrofes cons­ tituía. assim, uma introdução histó­

rica ao tema. consistindo numa

apresentação e elogio do homena­ geado e manifestando a disposição hispitalelra da Cidade do Salvador.

Na segunda parte

quarta estrofes — o poeta passa à evocação das qualidades mitológicas que almejaria possuir para celebrar

o homenageado e. lamentando não

possuí-las. opta por calar-se ou ce­

lebrar como pode, a grandeza de

seu nome.

terceira e

Violino 1°, Violino 2? e

(4)

Heroe Egrégio Douto Peregrino

Que por impulso de feliz destino

Nesta Cabeça do Orbe Americano

Peregrino aportaste e o soberano

Divino Auctor das couzas voz tem nella

Por que possais mais tempo esclarecella

Com vossa presença esclarecida

E de vossas acções honra subida

E bem que quiz a misera fortuna

Que voz fosse molesta e que importuna

1

5

10

A hospedagem Senhor desta Bahia

Sabem os Ceos e testemunhas sejão

Que delia os naturaes só voz desejão

Faustos annos de vida e saude

E prospera alegria

Pela affavel Virtude

de vossa generosa Urbanidade

Com que a todos honráes, desta Cidade.

15

Oh, quem me dera a voz me dera a Lira

de Amphiam e de Orpheo que arrebatava

os montes e fundava

Cidades pois com ellas erigira

hum Templo que service por memória

de eterno monumento a vossa gloria

Oh, se também tivera

as cem bocas da Fama com que a esfera

podesse toda encher do vosso nome

por que a seu cargo a Eternidade o tome

Oh, se também tivera o canto grave

da Filomena doce e Cirne suave

Vosso louvor sem pauza Cantaria

Com Clauzula melhor; mais harmonia

Mas já que nada tenho

para tão relevante desempenho

Calarey como calão os prudentes

por não errar com frases indecentes

ou do modo que posso

Celebrarey por grande o nome vosso.

20

25

30

35

Vale-se a composição musical dês-

se esquema bipartido e tóda a pri­

meira parte funciona como introdu­

ção baseada no contexto literário e

com uma certa indecisão direcional

no esquema tonal (15), assim como

também na Insistência em cada um

dos tons abordados. Na segunda

parte, bem ao contrário, há desde

seu início uma estabilização eviden­

te no gráfico anexo. Constata-se

uma progressão descendente em

quintas, de mi menor a fa maior,

assim como um repouso em cada

um dos tons abordados, contornan­

do-se sempre o desenho nos tons

menores.

Os trés versos que iniciam com a

exclamativa oh — versos 19, 25 e

29 — são abordados melòdicamente

de forma ascendente, com as notas

la, re e sol, representando esta últi­

ma a frequência mais aguda da peça

e o momento de maior tensão, como

mostraremos.

O Recitativo apresenta um grande

equilíbrio entre a textura da voz e

as cordas.

Aquela, extremamente

294

(5)

transparente,recebeumacompanha­ mento instrumental dialoganteeab­

solutamente discreto. Mesmo nos

dois momentosemqueocorreacon­ comitância com os instrumentos, a

voz não deixa de predominar, ou

melhor, a textura permanece trans­

parente. O primeiro momento de

tensão aparece no início da terceira estrofe (Oh,quem me deraavoz...), quandoospizzicatti nas cordaspro­

curam estabelecer uma atmosfera

mitológica,com umacorde dequinta diminuta (7’grauemmi-menor). O segundo momento ocorre nos cinco último versos (Mas já que nada te­ nho...) onde, durante quatro com­ passos, susta-se a movimentação das cordas em notas prêsas que simbo­ lizam, sonoramente, o silêncio do poetaincapazde cantar. Nessemo­ mento, a tonalidade de Pá-maior é reintroduzida pela terceira inversão do acorde de sétima de dominante (sétimano baixo), forma precoce de peroração anunciando o final.

Éainda excepcional a Intimainte­ graçãodos recursossonoroseo texto poético, valorizando-o sobremaneira. Oestiloimitativoencontraexpressão comedida mas eloqüentecomo exem­ plonoúltimoacorde sêcousado pelo acompanhamento das cordas (Pere­ grinoaportaste). Éflagrantea pre­ ocupação pela direção freqüencial

melódica da voz solista, também

num estiloimitativo,queprocuraes­ tabelecer a direta relação entre a semântica da palavra e as possibili­ dades que os recursos sonoros ofe­ reciam nesse plano Assim, ressal­ temos no início da terceira estrofe os versos “Oh. quem me dera a voz me dera a Lira / de Amphiame de Orpheo que arrebatava / os montes e fundava / Cidades..." onde, em apenasum compasso de cinco notas,

é alcançada a nota mais aguda da

obra — sol* — na palavra montes,

e amais grave —dó3 — napalavra fundava, estabelecendo-se assim, um significativo contraste semântico. Além disso, a palavra arrebatava é precedida e seguida de volatas as­ cendentes e descendentes.

Masopontoculminantedatensão, no Recitativo, verifica-se no comêço

da quarta estrofe, onde se inicia & preparação de todo o final, em for­

ma de peroração; manifesta-se o

mesmopelosurgimentodosolagudo, deataquee não de passagem, semí­ nima e não mais colcheia: “Oh, se também tivera o canto grave...”, numa belíssima frase descendente, com a culminância gravena palavra

grave (mi-bemol). Nesse momento,

o acompanhamentoinstrumental,que

até então se compusera de semi­

colcheias, expressa-se em colcheias, tornando nitidamente mais lento o ritmo internodo trecho,

conferindo-lhe imponência e majestosidade;

aliás, há também uma indicação de movimento mais lento, adagio, em relação ao movimento anterior, an-ãante

Do ponto-de-vista tonal, o Reci­ tativo tem a armação de clave em fá-maior; esta tonalidade, porém, nãoéusadasenãonoinícioe nofim da peça, isto é, nos seis primeiros e nos dez últimos compassos, sendo o

restante um contínuo modular. O

gráfico anexo pode dar-nos uma

idéia exatadoesquematonalseguido na peça.

O acompanhamento instrumental, evidentemente, éusado comfrequên­ cia como elemento preparador das modulações, mas também como sua-vizadordasmesmasatravésde acor­ des de passagem, sutilmente intro­ duzidos, que Insinuam sua presença

num arredondamento das modula­

ções, contlnuamente renovadas e

preparadas.

A ARIA

A natureza da Ária já permite

maior libertação do texto poético, condicionada pela apresentação vir-tuosísticadavozsolista esuaexplo­ ração nosmais diversos floreiosme­ lódicos, nos vocalises que abstraem completamente a palavra. O texto poético, então, desfigura-se, repe­ tem-se palavras, processam-se elip­ seseaexplanaçãopròprlamente mu­ sical encontra condições mais atre­ vidas e abstratas de elaboração É em apenas dezversos deseissílabas

(ainda o heróico quebrado), com

(6)

,

GRÁFICO

N2

I

CURVA

TONAL

DO

RECITAT1VO

GRÁFICO

N*2

io

CURSA

TONAL

DA

ÁRIA

\

06

Á SocçAo A

(7)

rima: abbacdceed, que o poeta desenvolveos derradeiros ver­ sos da peça glosando:

apenas como apoio e agora inde­

pendentedosviolinos. Êstes,oudo­ bram a voz, reforçando-a

tlmbrica-mente em uníssono ou em térças,

floreandoàsvèzescomnotasdepas­ sagem,ou tecem-lhecomentários al­ ternados, em forma de pergunta e resposta, graças a pequenas frases durante as quais a voz se cala. Aí, então, estãoexploradasmais sobeja-mente as respostas em otiava mais grave. O baixo, como ficou dito, aligeira-se, simplifica-se, torna-se independente do restante das vozes, apoiando-as nos tempos fortes.

A dinâmica é de contrastes cons­

tantes no discurso, de mudanças

freqtientesepronunciadas. Os lorte-piano súbitos, assim, estão explícitos nas indicações ou lmplicitos nas re­ petidas respostas dos violinos em oitava mais gTavedo que o canto e, pois,explorandotessituramaissuave. Por fim, os staccatti e sincopados completam a atmosfera elegante da concepção geral da peça.

Poroutro ladoesta AriaDa Capo apresentaumplanoformalmuitoin­ teressante; a principio uma

introdução instrumental composta

de trés períodos na Tônica

(Fá-maior),aotodo21 compassos; depois

Secção A: T-D Primeira estrofe

dotexto (seisversos),28compassose meio.

Se o canto enfraquecido

não pode serque cante

a gloria relevante

de nome tãosubido

mayor vigor o afíecto

gigante mostrará

Pois tendo por objeto

heroe de tal grandeza

a mesma natureza

de grande adquirirá (16).

Nessa Ária Da Capo, de esquema

formal sui-generis, o estilo galante apresenta-se precocemente sob di­ versos aspectos. Assim, quanto ao tempo,o quelhedá afeiçãogalante não é apenas a escolha formal do andamento binário ((*). estampaoo

originàriamente andante comodo,

masessencialmenteas proporçõesin­ ternas relativas à valoração empre­ gada eàexigêncianaturaldo fraseio adequado àquelas proporções.Ocan­ to torna-se ligeiro, brilhante e figu­ rado; ligeiro pelo andamento e pelo usodosornamentos,tratadosdamais elegante e expressiva maneira flo­ reada, num movimento rítmico bas­ tante expansivo e típico, requerendo um baixo cadencial simples, tratado 5

10

Fá (8 compassos) Dó (4) Sol (2) Dó (14 e melo)

(notan®17)

D DD D

T

2. Os25emeloprimeiros compas­ sos permanecem naTônica,commo­ dificações insignificantes, explorando C07i bravura os vocalises.

3. Nos 13compassosfinaisdaSec­ ção A’ o canto reproduz, com acom­ panhamento instrumentalpróprio, o segundo eo terceiroperíodos da in­ trodução, usando ainda vocalises e mantendo-sesempre na Tônica.

ComentárioInstrumental e emse­ guidavocal, àguisa decodadaSec­ ção A', compondo-se de três com­ passos (Ré-bemol e Fá).

Segue-se o terceiro período da in­ trodução (6 compassos, Fá-maior), preparando o da capo para o canto, que entretanto passaà Secção fl. Destacam-se alguns vocalises na

segunda metade destaSecção (os 14 e melo últimos compassos).

Pequeno período de transição ins­ trumental (4 e meio compassos),em que seretornaaoterceiroperíododa

introdução, agora contraído e na

Dominante.

Pequenoperíododetransiçãovocal (4 e melo compassos), na Tônica.

Secção A’: na Tônica. Ainda a

primeira estrofe do texto. É a Sec­ ção A modificada literária e musi­ calmente na segunda parte, ao todo 39 compassos e meio.

A Secção A’ difere da A:

1. Pela ausência de modulações

para a Dominante.

(8)

Uma pequena coda contraída, de

um compasso (Pa), termina a

Sec-ção A’.

Secçõo B: Norelativomenor (ré), 4 compassos.

(lá), 11 e meio compasso. É a se­ gunda estrofe de quatro versos.

Comentárioinstrumental. Éo fi­ nal do terceiro período da introdu­ ção, modulando seus seis compassos

para Pá-maior (Ré. Dó, Fá). SecçõesAeA":DaCapo ((AriaDa Capo).

O plano formal desta Aria Da

Capoérealmenteinteressante,apro­ ximando-se da forma de rondó, ab­ dicando da forma ternária tradicio­ naleadotandoumplanoinéditoAA’ BA,semoretôrnoaAentreA’eB, como conviria a um rondó legítimo. Dominante relativa

REGIS

D

U

PR

AT

1. DUPRAT,Régls. A Música naBahia colonial. Revistade História. São Paulo, 30(61): 93-116, 1965.

2. STEVENSON,Robert. Some portuguese sources for early Brazilian music history. In: Yearbook. New Orleans, Tulane University, 1968. v. 4, p. 1-43.

3. Sua nomeação data do dia 5 de maio de 1758, cf. Arquivo Histó­ rico Ultramarino de Lisboa, n? 3640, doc. anexo ao n.° 3639, in Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, vol. XXXI, 1909.

4. V. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, vol. cit., doc. u’ 3629 e anexos.

5. LAMEGO, Alberto. A Academia Brasilica dos Renascidos. Paris,

Bruxelas, s. ed., 1923.

6. Sua primeira carta, datada da Bahia, é de 20 de setembrode 1758 e dirigida ao Ministro de Ultramar, informando-o de sua chegada e dos incidentesda viagem. In Anais, vol. cit., doc. n? 3685. Lamego (op. cit.) afirma que sua chegada ocorreu em agôsto daquele ano.

7. Lamego, op. cit. 8. Anais, vol. cit., p. 320. 9. Lamego, op. cit. 10. Id. ibid.

11. Dá-nos Lamego, na obra citada, uma completa e viva descrição

dos autores e trabalhos que foram apresentados na primeira sessão da

Academia, realizada a 6 de junho de 1759. Os dados que seguem foram

colhidos nessa obra.

12. Ainda é Lamegoque, fazendo uso de documentos de arquivos por-tuguêses,nosdá,naobracitada, umapormenorizadadescrição daquelafesta. 13. Os manuscritos originais do Recitativo e Aria integram a Coleção Lamego, cedida por aquêle autor à Biblioteca Central da Faculdade de Fi­ losofia, Ciênciase Letras da Universidade de São Paulo, à qual foram in­ corporados a 23 de julho de 1941, sob o n? 3.117. Ali foram por nós des­ cobertos em Julho de 1959, quando procedemos ao início da restauração. A peça foi executada em primeira audição em dezembro de 1960, pela Or­ questra de Câmara de São Paulo, dirigida por G. O. Toni. O mesmo

(9)

junto apresentou seu registro fonográfico (LP Chantecler, CMG 1030) sob o titulo: Aítísica Latino-Americana do Século XVIII, tendo por solista a soprano Marllla Siegl. Os manuscritos em questão integram, atualmente, a Biblioteca do Instituto de Estudos Brasileiros da mesma Universidade, a cujo diretor, Professor José Aderaldo Castello, devo a gentileza de auto­ rizar a microfilmagem dos manuscritos para ilustrarem esta edição.

14. A apresentação dos mss. originais é a seguinte:

a) Voz— dentro de umacapapergaminhada maisespêssa queo papel da música,comum brasãono frontespício, queenvolve o titulo-dedicatória: “Ao Preclarísslmo snr. Joseph Mascarenhas Pacheco Pereira Coelho de Mello / Em 2 de Julho/ de 1759". Contracapa em branco. Capa e contra­ capa final, idem. Junto ao brasão, no topo, à esquerda, o n® 274, a lápis azul. evidente classificação em coleção. A clave de soprano nos faz supor a obrainterpretada origlnàriamente por um falseto. O Recitativo apresen-ta-se em pauta dupla com a parte de Basso, em caderno de oito páginas, estando a última em branco.

b) 1® Violino — sem capa, título na primeira página. A parte começa na contracapa. Caderno de oito páginas. Também aqui o Recitativo está

em pauta dupla com a parte de canto.

c) 2® Violino— O mesmo.

d) Basso — O mesmo. Em pauta dupla com a parte de canto.

Tôdas as partes têm 21,2 x 29 cm. Ao todo. 32 páginas.

O brasão, euldadosamente desenhado no frontispício, é de estilo rococó, com reminlscências fitomórficas flagrantes. Contorna-se em conchas mas especialmente o desenhotorneado e contorcido, enrolando-se um nooutro, é puramente rococó. Por outro lado, as anexações fitomórficas reportam-nos justamente a meados do século (1760) quando, na Bahia, começa a ocorrer o abandono do estilo João V e a aparecer a abstração rococó. O próprio brasão, como forma decorativa dentro do estilo, surge nesse mo­ mento. A direção do desenho é rococó mas a figuração é tôda prêsa ao fitomórfico. Apenas um especialista diria a última palavra. A tal respeito, consultar Germaln Bazin, “L’architecture religieuse baroque au Brésil” 2 vol.

15. V. gráfico n® 1.

16. As elipses, a ordem indireta e a natureza arcaica do estilo difi­ cultam a compreensão imediata do texto:

(uma vez que) o canto enfraquecido (não pode cantar)

a glória relevante de nome tão subido, (o afeto gigantesco mostrará maior vigor),

pois tendo (ocantoenfraquecido) por objeto herói de tal grandeza,

a (própria) natureza de (ser) grande (o canto) adquirira.

17. T = Tônica; D = Dominante; DD = Dominanteda Dominante.

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