• Nenhum resultado encontrado

Moedas Virtuais Desafios para os Bancos Centrais

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Moedas Virtuais Desafios para os Bancos Centrais"

Copied!
32
0
0

Texto

(1)

CONFERÊNCIA SOBRE SISTEMA DE PAGAMENTOS

Princípios CPSS-IOSCO, Inovação e Desenvolvimento nos Sistemas de

Pagamentos

Rita Bairros • Jurista

(2)

Agenda

1. Breve história da moeda

2. Moedas virtuais – o que são?

3. Envolvimento de várias entidades

4. Principais características das moedas virtuais

5. Moeda virtual e moeda eletrónica

6. Classificação das moedas virtuais

7. Bitcoin

8. Altcoins

9. Vantagens potenciais do uso de moedas virtuais

10. Riscos relacionados com a utilização de moedas virtuais

11. Atitude das autoridades face às moedas virtuais

12. Principais conclusões da EBA

13. O Banco de Portugal e a moeda virtual

14. Conclusões

(3)
(4)

2. Moedas virtuais – o que são?

-

“A virtual currency is a type of unregulated, digital money, which is issued and

usually controlled by its developers, and used and accepted among the

members of a specific virtual community”, “Virtual currency schemes”, ECB,

October 2012

-

“Virtual currency is a medium of exchange that operates like a currency in

some environments, but does not have all the attributes of real currency. (…)

does not have legal tender status in any jurisdiction”, FinCEN, USA, March 2013

-

“Virtual currency is a digital representation of value that can be digitally traded

and functions as (1) a medium of exchange; and/or (2) a unit of account;

and/or (3) a store of value, but does not have legal tender status (i.e., when

tendered to a creditor, is a valid and legal offer of payment) in any jurisdiction”,

FATF, Junho 2014

-

“As moedas virtuais são uma representação digital de valor que não é emitida

por qualquer banco central ou autoridade pública, nem está necessariamente

ligada a uma moeda fiduciária, mas é aceite como meio de pagamento por

pessoas singulares ou coletivas e pode ser transferida, armazenada ou tratada

eletronicamente”, EBA, julho 2014 (tradução BdP)

(5)

Fenómeno à escala global <-> sem fronteiras

(6)

4. Principais características das moedas virtuais

• São uma representação digital de um valor;

• O seu valor é determinado pela lei da oferta e da procura –

volatilidade;

• Não são emitidas por qualquer Estado ou autoridade central;

• Não representam um crédito sobre o emitente;

• Não têm curso legal em nenhum país conhecido;

• Podem ser centralizadas (emitidas e controladas por uma só entidade)

ou descentralizadas (emitidas e controladas por um número variável

de entidades);

• Podem ser convertíveis (para moeda com curso legal) ou não

convertíveis;

• Podem ser aceites como meio de pagamento <-> confiança;

• Dúvidas sobre se funcionam como unidade de conta ou como reserva

de valor.

(7)

Diferenças entre modelos de moeda eletrónica e modelos de moeda virtual

Modelos de moeda eletrónica Modelos de moeda virtual

Tipo de moeda Digital Digital

Unidade de

conta Denominações tradicionais (euro, dólar, etc.), com curso legal Denominação inventada (p.ex., Bitcoin), sem curso legal

Aceitação Por entidades diferentes do emitente No seio de uma comunidade

virtual específica

Estatuto legal Regulada Não regulada

Emitente Instituição de moeda eletrónica legalmente

estabelecida Entidade não financeira

Oferta de moeda Fixa Variável

Reembolso Garantido, pelo valor nominal Não garantido

Supervisão Sim Não

Tipos de risco Principalmente operacional Legal, de crédito, de liquidez e

(8)

6. Classificação das moedas virtuais

Tipo 1

Tipo 2

Tipo 3

(9)

Bitcoin

-

A mais famosa moeda virtual

-Curriculum Vitae

- É “moeda” e software - Nasce em 2009 - Criador: Satoshi Nakamoto - Características principais:

Tecnologia peer-to-peer – sem intermediação;

Open-source system – software livremente disponível;

Transações rápidas, de alcance global e anónimas;

- Como obter?

Comprar com moeda com curso legal ou “minerar”

- Onde guardar?

Carteira virtual

- Classificação:

Descentralizada e convertível

- Valor:

fev 2011 – 1 USD; nov 2013 – 1151 USD; jul 2014 – 584 USD

(10)

7. Bitcoin

Bitcoin = transações anónimas?

Para um utilizador comprar, vender, trocar ou minerar Bitcoin

não é necessário efetuar qualquer registo, identificando-se…

MAS

Todas as transações com Bitcoin são públicas e visíveis na

Internet: BLOCKCHAIN

(11)
(12)

7. Bitcoin

“Minerar” =

utilização do hardware e software para a resolução de

problemas matemáticos complexos (criptografia) com o objetivo

de criar novas Bitcoins

-

Oferta limitada: sempre que é “minerado” um determinado

montante de Bitcoin, os problemas matemáticos aumentam o seu

grau de dificuldade <-> crescente poder computacional;

-

Número total de Bitcoin previsto pelo protocolo (21 milhões de

Bitcoins) não é “minerado” de uma só vez; ocorre ao longo de

vários anos  2140;

-

Cada “mineiro” é remunerado pela criação de novas Bitcoins e pela

verificação das transações de Bitcoin a ocorrer com 25 novas

Bitcoins (à data);

(13)
(14)

7. Bitcoin

(15)
(16)

7. Bitcoin

Descentralizada

Convertível

Fonte: http://www.it-scoop.com/2014/02/bitcoins-a-detailed-yet-easy-to-understand-explaination/

(17)
(18)

8. Altcoins

Altcoin = moeda criptográfica criada com base no Protocolo

Bitcoin

Scamcoin = Altcoin criada com o objetivo de enriquecer

apenas o criador (normalmente associadas a pré-mineração)

(19)
(20)

9. Vantagens potenciais do uso de moedas virtuais

- Reduzidos custos por transação <-> ausência de intermediação;

- Rapidez no processamento da transação;

- Impossibilidade de revogação da operação;

- Facilidade de recebimento do valor;

- Facilidade nas transações transnacionais;

- Aumento do crescimento económico <-> criação de novos tipos de serviços;

- Contributo para a inclusão financeira da população não bancarizada;

- Fatores “políticos”: anonimato (segurança dos dados pessoais), ausência de centralização/controlo da produção e distribuição da moeda, ausência de intermediação financeira <-> falta de confiança no sistema financeiro.

(21)

i) Riscos para os utilizadores

- Perda de todo o investimento (súbitas e inesperadas flutuações no valor das

moedas virtuais; atuação fraudulenta da plataforma de negociação; insolvência

da plataforma de negociação; ataque informático à carteira virtual/plataforma

de negociação) <-> ausência de mecanismo de garantia;

-

Falta de transparência do sistema <-> incompreensão do fenómeno;

-

Incerteza quanto à aceitação como meio de pagamento;

-

Impossibilidade de converter moeda virtual em moeda com curso legal;

(22)

10. Riscos relacionados com a utilização de moedas virtuais

ii) Riscos para a integridade do sistema financeiro

- Possibilidade de utilização no branqueamento de capitais provenientes de

atividades ilícitas;

- Utilização como forma de financiamento de atividades ilícitas ou

terrorismo <-> alcance global e ausência de mecanismos de supervisão ou

medidas eficazes de prevenção deste tipo de financiamento;

- Criação de modelos de moedas virtuais com a intenção de utilização para

fins ilegais;

(23)

iii) Riscos para os sistemas de pagamentos tradicionais

- Os prestadores de serviços de pagamento (PSP) que negoceiem em moeda virtual poderão sofrer

perdas em virtude da aplicação de legislação superveniente que, por exemplo, proíba os PSP de intervir em moeda virtual ou determine a perda de eficácia de contratos já estabelecidos nessa matéria;

- Exposição aos mercados das moedas virtuais, caraterizados por elevada volatilidade;

- Os PSP que ofereçam serviços relacionados com moeda virtual podem sofrer risco reputacional, uma vez que esses serviços não são regulados e podem não ser completamente transparentes para os seus clientes;

- As empresas a operar na “economia real” podem vir a sofrer perdas devido a falhas dos mercados financeiros causadas por perturbações relacionadas com um uso generalizado de moedas virtuais.

(24)

10. Riscos relacionados com a utilização de moedas virtuais

iv) Riscos para as autoridades reguladoras/supervisoras

- Perceção, pelo público, de que moedas virtuais são reguladas;

- Risco reputacional: Regular ou não regular? Como regular? Quem regular? Quais as

consequências?

- Dificuldade de resposta à escala global.

(25)

Agir/Não agir no imediato/Não agir de todo

-

Emissão de alerta para os consumidores/investidores;

-

Atribuição de carácter não monetário e não regulado;

-

Tratamento como propriedade/rendimento, para efeitos fiscais;

-

Emissão de alerta para as instituições financeiras;

-

Possibilidade de licenciamento e supervisão de algumas atividades;

-

Exigência de requisitos de prevenção ao branqueamento de capitais e

financiamento ao terrorismo;

(26)

11. Atitude das autoridades face às moedas virtuais

Alguns exemplos…

- EUA – moeda virtual é propriedade para efeitos fiscais + alguns intervenientes na negociação de moeda virtual são “money services businesses” (administrador e plataforma de troca).

- China – Bitcoin é um bem virtual. Não é moeda e não deve ser usada como tal no mercado. Bancos e instituições financeiras proibidos de negociar em Bitcoin.

- Canadá – moeda virtual é “money services business” para efeitos de aplicação da legislação de branqueamento de capitais.

- Alemanha – Bitcoin é instrumento financeiro, caracterizado como unidade de conta para efeitos da lei bancária. Sua criação e utilização não requerem licença.

- Estónia - Bitcoin é meio alternativo de pagamento, pelo que o rendimento gerado com transações em Bitcoin deve ser taxado.

- França – autoridade de supervisão exige licença de prestador de serviços de pagamento às plataformas de troca.

(27)

4 julho 2014: Publicação da Opinion on ‘virtual currencies’

(http://www.eba.europa.eu/documents/10180/657547/EBA-Op-2014-08+Opinion+on+Virtual+Currencies.pdf)

- Definição de moeda virtual e dos seus principais atores;

- Reconhecimento de benefícios na utilização;

- Identificação de mais de 70 riscos distintos e suas causas;

- Uma abordagem regulatória para fazer face a estes fatores de uma forma exaustiva exigiria um conjunto substancial de normas, das quais algumas componentes não foram ainda testadas;

Mitigação dos riscos no curto prazo:

- a EBA recomenda que as autoridades de supervisão nacionais dissuadam as instituições de crédito, instituições de pagamento e instituições de moeda eletrónica de comprar, deter ou vender moedas virtuais.

- a EBA recomenda que os legisladores da UE ponderem obrigar os participantes no mercado, nomeadamente os interfaces entre moedas convencionais e moedas virtuais (tais como bolsas de moedas virtuais) a ser ‘entidades obrigadas’, ao abrigo da Diretiva da UE relativa ao branqueamento de capitais, ficando assim sujeitos aos requisitos anti-branqueamento de capitais e contra o financiamento do terrorismo.

(28)

12. Principais conclusões da EBA

Esta resposta imediata irá permitir:

‘Proteger’ os serviços financeiros regulados da moeda virtual;

Mitigar os riscos que decorrem da interação entre serviços

financeiros regulados e moeda virtual;

Introduzir inovação e desenvolvimento nos pagamentos fora

do setor regulado dos serviços financeiros;

Resguardar as instituições financeiras da interação com moeda

virtual, mas permitir-lhes o relacionamento com entidades

envolvidas em atividades na área das moedas virtuais (i.e.

abertura de conta).

(29)

-

Resposta a pedidos de informação de particulares, empresas e

comunicação social;

-

Publicação do “Alerta aos consumidores sobre as moedas virtuais”,

da EBA

(http://clientebancario.bportugal.pt/pt-PT/Noticias/Paginas/AvisoEBA_MoedasVirtuais.aspx);

-

Comunicado de imprensa sobre Bitcoin

(http://www.bportugal.pt/pt-PT/OBancoeoEurosistema/Esclarecimentospublicos/Paginas/meiosdepagamento.aspx);

-

Participação em grupos de discussão internacionais,

-

Grupo de trabalho interno multi-departamental;

(30)

14. Conclusões

- As moedas virtuais são um fenómeno recente e de contornos ainda indefinidos;

- Não podem ser reconduzidas a uma única realidade; apresentam-se nas mais variadas formas e modelos;

- Não é líquido que cumpram todas as funções normalmente atribuídas à moeda;

- São uma realidade não regulada ou supervisionada na sua globalidade, embora haja manifestações de regulação em alguns Estados;

- Maioria dos Estados na União Europeia começou por emitir alertas para os consumidores/investidores de moeda virtual;

- O alcance global das moedas virtuais dificulta a intervenção das autoridades supervisoras/reguladoras;

(31)

- O futuro das moedas virtuais depende, de certo modo, da atitude das autoridades supervisoras/reguladoras;

- Mas também depende do comportamento da oferta e da procura face às suas características intrínsecas (p.ex. anonimato) e a fenómenos externos (p.ex. falha de uma grande plataforma de negociação ou a queda de valor de uma moeda pioneira como a Bitcoin);

- Dos muitos riscos já identificados, a maior parte ainda não se materializou; os que se materializaram não tiveram impacto significativo;

- À data não parece que as moedas virtuais ameacem as funções dos bancos centrais de promoção do bom funcionamento dos sistemas de pagamentos, de estabilidade financeira e da estabilidade de preços;

- Fenómeno deve ser acompanhado e monitorizado pelas autoridades

(32)

Obrigada.

Referências

Documentos relacionados

Ind-1A - Atividade industrial, não incômoda, compatível à vizinhança residencial no que diz respeito às características de ocupação dos lotes, de acesso, de localização,

Coordenadora do Programa de Residência Médica em Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital Israelita Albert Einstein e da Faculdade de Medicina da USP.. Fale com

Muitos apostaram no desaparecimento da pequena produção, que a presença do capital no campo seria avassaladora como já havia previsto Lenin (1973) e Kautsky (1968), mas

Fica estabelecido que no caso de não ser efetuado pela empresa o pagamento dos salários até o quinto dia útil do mês subseqüente ao vencido, bem como do 13º salário e

Rode o comando de selecção de temperatura no sentido dos ponteiros do relógio para a posição ‘•••’ (3 pontos) (para uma qualidade de vapor óptima, não utilize as

Para contratação, deverá o candidato comparecer ao Serviço de Pessoal da Unidade/Órgão indicado no Edital de Convocação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis contados de

Segundo o DSM-IV, o indivíduo com delirium apresenta-se como perturbação da consciência e redução da atenção, de instalação aguda (horas a dias), com flutuações ao

Neste sentido, para os efeitos da presente matéria, a legislação nacional, em particular, a Constituição da República e a Lei do Trabalho, garantem que todos os