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FERRAMENTAS PARA TOMADA DE DECISÃO INFORMADA: DIAGNÓSTICOS REGIONALIZADOS SOBRE A ASSISTÊNCIA À SAÚDE

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Brasília/DF – 4, 5 e 6 de junho de 2012

FERRAMENTAS PARA TOMADA

DE DECISÃO INFORMADA:

DIAGNÓSTICOS REGIONALIZADOS

SOBRE A ASSISTÊNCIA À SAÚDE

André Luiz Guimarães Amorim

Laura Monteiro de Castro Moreira

Daniel Ferreira de Souza

Pedro Cisalpino Pinheiro

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Painel20/073 Gestão baseada em evidência: o uso aplicado da informação para melhoria dos resultados alcançados no âmbito do SUS/MG

FERRAMENTAS PARA TOMADA DE DECISÃO INFORMADA:

DIAGNÓSTICOS REGIONALIZADOS SOBRE

A ASSISTÊNCIA À SAÚDE

André Luiz Guimarães Amorim Laura Monteiro de Castro Moreira Daniel Ferreira de Souza Pedro Cisalpino Pinheiro

RESUMO

A necessidade de sistematizar a gama de dados produzidos isoladamente, gerando informações úteis e em tempo hábil é um problema comum às organizações, principalmente na esfera pública. Na saúde essa questão é ainda mais latente visto a complexidade do processo saúde/doença/cuidado. A fim de aprimorar o processo de tomada de decisão e melhorar os resultados alcançados no âmbito do SUS, foi desenvolvida uma ferramenta capaz de fornecer um diagnóstico sintético da realidade assistencial das regiões de Minas Gerais. O método consiste na seleção de uma carteira de indicadores estratégicos e no levantamento dos dados necessários para o seu cálculo. Feita a tabulação, é elaborado um relatório padronizado, que por meio de recursos gráficos e análises objetivas, permite consulta eficiente e de fácil compreensão da situação regional. O uso dessa ferramenta fornece uma análise de cenário que possibilita ganhos efetivos na gestão do sistema de saúde, uma vez que permite definir prioridades e aprimorar ou reorientar de práticas desenvolvidas. O processo de tomada de decisão passa a ser informado, levando ao ajuste da oferta serviços públicos de saúde às reais demandas da população.

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INTRODUÇÃO

Minas Gerais é um estado marcado por expressivas diferenças regionais de caráter socioeconômico, geográfico, cultural e assistencial. Essas diferenças refletem diretamente no quadro epidemiológico da população evidenciando a necessidade da análise de indicadores estratégicos para a compreensão da situação de saúde do estado.

Esse diagnóstico é considerado elemento essencial de acordo com as bases conceituais do modelo de redes de atenção que vem norteando a reorganização do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2010). Esse modelo leva a uma quebra de paradigma ao propor o planejamento do sistema de saúde com base nas reais demandas da população e não na oferta indiscriminada de serviços e procedimentos com melhor financiamento (MENDES, 2009). Para isso, é fundamental o desenvolvimento de instrumentos e ferramentas de monitoramento e avaliação capazes de compreender a realidade sanitária e revelar a capacidade assistencial do sistema como um todo, permitindo a visualização dos principais problemas a serem superados em tempo oportuno.

Em um contexto de recursos escassos e demandas dinâmicas e crescentes, a prática do monitoramento e a avaliação das políticas de saúde qualifica o processo de tomada de decisão ao subsidiar gestores com informações úteis e confiáveis a respeito das ações a serem desenvolvidas, bem como daquelas em andamento ou já concluídas. Neste sentido, essa análise possibilita ganhos efetivos na gestão do SUS, uma vez que permite definir prioridades e aprimorar ou reorientar práticas, além de aumentar a transparência.

Tendo em vista esse cenário, a Diretoria de Monitoramento e Avaliação de Resultados Assistenciais (DMARA) da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) desenvolveu o Relatório de Análise da Assistência Macrorregional. Esse instrumento de avaliação busca compreender como se desenvolve, de forma regionalizada, a assistência à saúde em Minas Gerais, possibilitando identificar peculiaridades, carências e potencialidades do sistema nas distintas regiões do Estado.

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O instrumento consiste em um relatório padronizado que apresenta, de forma sintética e sistemática, uma carteira de indicadores estratégicos que, acompanhada de análises objetivas, permite consulta eficiente e de fácil compreensão da situação regional.

Para a elaboração do relatório, optou-se pelo estudo regionalizado tendo como referência o fundamento central do modelo de redes de atenção que define que estas devem ser planejadas e implantadas a partir da organização de territórios com responsabilidades sanitárias bem definidas (MENDES, 2009).

Em Minas Gerais, o Plano Diretor de Regionalização da Saúde (PDR/MG) é instrumento que norteia esse processo de regionalização (MINAS GERAIS, 2011). Esse documento preconiza que municípios devem ser minimamente responsáveis pela atenção primária, as microrregiões pela atenção secundária e as macrorregiões responsáveis pelos procedimentos de maior complexidade. Neste sentido, as macrorregiões são os territórios onde é ofertado, ou deveria ser ofertado, o conjunto de serviços essenciais para a garantia atenção à saúde de forma integral (MENDES, 2009).

Um grande diferencial do modelo de redes é a articulação dos pontos de atenção (unidades prestadoras de serviços de saúde) de modo a configurar uma rede integral e poliárquica capaz de garantir atenção integral aos usuários. Partindo dessa premissa, uma intervenção em algum ponto da rede tem impacto no sistema como um todo. Assim, é preciso compreender a rede macrorregional para tomar decisões racionais, capazes de agregar valor ao SUS.

Já o processo de seleção das informações agregadas no Relatório de Análise da Assistência Macrorregional teve como referência conceitual os argumentos de Santos (2007) que afirma que um importante desafio para os gestores da atualidade consiste no fato de que o volume de dados e informações nas organizações, na maioria das vezes, é maior que a capacidade de absorção destes. O autor destaca que o problema não é o acesso às informações, mas sim a decisão de usá-la em um momento estratégico. Neste sentido, Santos (2007) reforça que a “racionalização e a organização de fluxos tornam-se indispensáveis”.

Desse modo, optou-se por selecionar aquelas informações mais utilizadas pelos setores técnicos e instâncias decisórias, bem como aquelas que oferecem maior poder explicativo dos sistemas macrorregionais e cujos resultados são confiáveis e capazes de apurar em tempo hábil.

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A definição do modelo de apresentação das informações no relatório considerou a realidade da SES/MG, na qual a agenda de trabalho dos gestores habitualmente os coloca em situações nas quais, muitas vezes, é necessário que se tome uma decisão sem contar com o tempo ideal para tal. Assim, o Relatório Análise da Assistência Macrorregional, utiliza elementos visuais, como tabelas e gráficos, que facilitam a compreensão rápida das informações, auxiliam no processo de decisões quando o elemento tempo não é abundante.

OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo apresentar o Relatório Análise da Assistência Macrorregional como instrumento de avaliação das redes de atenção à saúde e ferramenta de auxílio ao processo de tomada de decisão.

Como objetivos específicos, pretende-se discutir a importância de ferramentas gerenciais para a tomada de decisão informada, apresentar a metodologia utilizada para a elaboração do relatório proposto e contextualizar seu uso por meio da discussão de alguns dos principais resultados encontrados.

METODOLOGIA

Este trabalho consiste em um estudo descrito, desenvolvido em três etapas. A primeira compreende a discussão sobre a importância de ferramentas gerenciais capazes de subsidiar o processo de tomada de decisão. Para isso, realizou-se pesquisa bibliográfica com as temáticas: gestão da informação, monitoramento e avaliação de políticas públicas, tomada de decisão informada.

Em um segundo momento apresenta-se a metodologia desenvolvida para a elaboração do Relatório Análise da Assistência Macrorregional. Nessa etapa foi realizado um relato sintético dos componentes do relatório e do processo de formulação do mesmo.

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A terceira fase compreende a contextualização do uso do relatório por meio da apresentação de alguns resultados encontrados. Para isso, foram resgatados e discutidos alguns dados/informações que possibilitam perceber a inter-relação entre alguns dos diferentes fatores determinantes para a saúde da população, reforçando assim a necessidade de compreensão dos sistemas de saúde de forma integral.

CONCLUSÕES

De modo a sistematizar os achados deste trabalho, a conclusão foi dividida em quatro seções: ferramentas gerenciais para o processo de tomada de decisão, componentes e metodologia de elaboração do Relatório Análise da Assistência Macrorregional, contextualização do uso do Relatório Análise da Assistência Macrorregional e considerações finais.

Ferramentas gerenciais para o processo de tomada de decisão

As organizações lidam diariamente com um elevado número de dados e informações, assim, metodologias de avaliação e de gestão da informação são desenvolvidas como meio de melhor suprir as necessidades informacionais no processo de tomada de decisão.

Moraes (1994, apud CARVALHO, 2009 ) aponta que as informações são descrições mais completas do real associadas a um referencial explicativo sistemático. Para Wurman (1991, apud PINTO, 2006), um dos maiores problemas das civilizações contemporâneas é transformar informação em conhecimento. Neste sentido, a utilização de informações para a compreensão dos sistemas macrorregionais como forma de melhor intervir na qualidade da atenção à saúde é determinante.

Para Choo (1993) as informações organizacionais são divididas em três arenas de uso – criar significado, construir conhecimento e tomar decisões – interligadas. A criação de significado diz respeito “à interpretação de mensagens e notícias sobre o ambiente” (CHOO, 1993), cabendo à organização decidir quais

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informações são relevantes para a mesma. A construção do conhecimento se dá com a transformação de conhecimento tácito em conhecimento explícito, dado através de processos sociais. A tomada de decisão, na visão do autor, se dá depois da criação de significado e construção de conhecimento, sendo o momento da decisão da estratégia a ser seguida.

Para este autor, a mobilização de conhecimento e experiências dos membros das organizações geram aprendizado e inovação. As decisões tomadas com base em conhecimento dão às organizações a oportunidade de escolher e comprometer-se com cursos de ação determinados (CHOO, 1993).

Neste sentido, o Relatório procura desempenhar papel de ferramenta de apoio às decisões estratégicas dentro da instituição. O monitoramento de indicadores é fundamental para captar as mudanças externas e necessidades de intervenção. Da mesma forma, este instrumento não é uma estrutura fechada, a construção de significados e de conhecimento por parte da instituição pode e deve configurar em mudanças em seu conteúdo para que as decisões acompanhem as mudanças e necessidades dentro dos sistemas macrorregionais.

Componentes e metodologia de elaboração do Relatório Análise da Assistência Macrorregional

A construção do Relatório de Análise da Assistência Macrorregional foi pensada como forma de traçar um diagnóstico das redes de atenção nas macrorregiões de Minas Gerais. Este instrumento foi dividido em três partes principais. A primeira consiste na caracterização das macrorregiões por meio do delineamento de um perfil demográfico e epidemiológico, visando compreender as diversas realidades de intervenção. Os dados populacionais foram definidos de acordo com o Plano Diretor de Regionalização (MINAS GERAIS, 2009).

A segunda parte do relatório consiste na caracterização segundo as condições de saúde. Foi feita com base no estudo da Carga Global de Doenças em Minas Gerais, realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ, 2011). O indicador utilizado foi o DALY (Disability-Adjusted Life Year – Anos de Vida Perdidos por Incapacidade), calculado como a soma dos Anos perdidos por Morte Prematura (YLL – Years of Life Lost) com os

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Anos de Vida Perdidos por Incapacidade (YLD – Years Lost due to Disability). Este indicador fornece dados da carga de doenças segundo idade, sexo, agravos e a distribuição por grandes grupos de causas.

A etapa seguinte trata da descrição da rede assistencial implantada. Para isso, a fonte utilizada foi o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e os dados analisados foram: unidades cadastradas no CNES segundo seu tipo; unidades cadastradas no CNES segundo nível de prestação de serviços; leitos disponíveis por especialidade e o percentual disponível para o SUS; e unidades cadastradas segundo natureza da organização (BRASIL, 2012). A partir desses dados foi possível calcular os déficits/superávits de leitos complementares e não complementares por macrorregião, com base em parâmetros definidos na literatura especializada.

Ainda sobre a rede de atenção, foram levantados dados provenientes dos programas desenvolvidos pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG). Sobre a atenção primária, foco do Programa Saúde em Casa, analisou-se a distribuição de Unidades Básicas de Saúde (UBS) e dos veículos repassados pelo programa por macrorregião. Dos programas voltados para a implantação de redes prioritárias (Viva Vida, Mais Vida, Hiperdia Minas), o olhar recaiu sobre os investimentos feitos na atenção secundária: número de Centros Viva Vida de Referência Secundária, Centros Mais Vida e Centros Hiperdia Minas implantados por macro. Sobre o Programa Fortalecimento e Melhoria da Qualidade dos Hospitais do SUS/MG (Pro-Hosp), que atua tanto na atenção secundária como terciária, analisou-se a distribuição dos Hospitais contemplados pelo programa por macrorregião. As fontes utilizadas foram os dados disponibilizados pelas respectivas áreas da SES/MG.

Por fim, a terceira parte do relatório compreende a análise dos resultados assistencias. Foram analisados indicadores consagrados pela literatura e indicadores do Pacto pela Saúde, quais sejam: taxa de mortalidade infantil; razão de mortalidade materna; proporção da população cadastrada na Estratégia de Saúde da Família; percentual de menores de 05 anos com baixo peso; taxa de internações por acidente vascular cerebral (AVC); taxa de internações por diabetes mellitus; taxa de resolubilidade macrorregional; e percentual de internações por condições sensíveis à atenção ambulatorial.

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Contextualização do uso do Relatório Análise da Assistência Macrorregional

O Relatório de Análise da Assistência Macrorregional pretende auxiliar a visualização dos sistemas macrorregionais de saúde de Minas Gerais ao agregar informações dos diferentes níveis de atenção. Sua utilização possibilita aos gestores tomar decisões qualificadas a partir da análise de informações relevantes. É importante ressaltar que sua plena utilização demanda certo conhecimento sobre o funcionamento do Sistema Único de Saúde, assim como das estratégias de regionalização e descentralização dos sistemas de saúde.

A literatura (MENDES, 2009; HARTZ;CONTADRIPOULOS,2004) consagra o modelo de atenção baseado em redes de atenção como estratégia viável para responder às necessidades de saúde de uma população. Sua plena implementação e estruturação, por outro lado, está atrelada a mudanças na organização assistencial e na gestão do sistema. Consequentemente, este processo deve estar ancorado em um planejamento robusto. Neste contexto, a avaliação entra como peça importante para prover aos gestores informações sobre o sucesso e os problemas encontrados no desenvolvimento das ações. Assim, a avaliação dos sistemas macrorregionais pode ampliar a eficiência e eficácia do SUS-MG na implantação de redes assistenciais próxima do modelo ideal.

Longe de cobrir todas as informações necessárias para compreender os sistemas macrorregionais de saúde, este instrumento busca oferecer informações que possibilitem uma rápida e eficaz visualização dos sistemas de forma pontual. Se por um lado esta ferramenta tem o foco no gestor e em sua necessidade de informações para a tomada de decisão, no outro lado, pode servir de ponto de partida para estudos mais robustos sobre necessidades específicas identificadas. O elenco de indicadores selecionados pode oferecer informações de fácil consulta sobre problemas específicos, assim como permite relacionar causas e possíveis consequências.

Por exemplo, a analise do número de Unidades Básicas de Saúde construídas/reformadas/ampliadas entre 2003 e 2011 (Tabela 1), mostra que a maior parte dos municípios mineiros foram beneficiados. A macrorregião com menor percentual de municípios beneficiados é macro Triângulo do Norte, onde 89% de seus 27 municípios foram contemplados. A análise de cobertura do programa não

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oferece todo o leque de informações necessário para compreender o desenvolvimento da atenção primária nos municípios. Assim, a análise conjunta com outros indicadores pode qualificar a informação.

Tabela 1: Distribuição de Unidades Básicas de Saúde e de veículos repassados

pelo Programa Saúde em Casa, segundo macrorregião de saúde, Minas Gerais – 2005-2011* Macrorregiões N o de UBS Construídas N o de Veículos Percentual de municípios contemplados com UBS Centro 219 119 95% Centro Sul 92 54 96% Jequitinhonha 65 28 100% Leste 161 91 99% Leste do Sul 116 67 100% Nordeste 156 71 100% Noroeste 69 40 100% Norte de Minas 253 116 100% Oeste 121 76 100% Sudeste 175 110 100% Sul 267 161 93% Triangulo do Norte 45 30 89% Triangulo do Sul 46 32 100% Minas Gerais 1.785 995 98%

Fonte: SES/SUBPAS/Superintendência de Atenção Primária – dezembro de 2011 Nota: (*) Mais UBS construídas com recursos do PAC1

O percentual de internações por condições sensíveis à atenção primária é indicador da atividade hospitalar que mede a efetividade da atenção primária à saúde, partindo do pressuposto que, para algumas condições de saúde, a atenção primária oportuna e de boa qualidade pode evitar a hospitalização ou reduzir sua frequência. Assim, altas taxas de internações por condições sensíveis à atenção primária em uma população, podem indicar problemas de acesso ao sistema de saúde ou de seu desempenho (ALFRADIQUE et al, 2009).

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O Quadro 1 traz informações referentes à atenção primária presentes no Pacto pela Saúde. Nele estão relatados o desempenho das macrorregiões quanto à: Proporção da pop cadastrada na ESF; Percentual de menores de 5 anos com baixo peso; Taxa de Internações por Diabetes Mellitus; Taxa de Internações por AVC na micro. De maneira geral, as macrorregiões apresentaram desempenho satisfatório neste indicador.

Quadro 1: Desempenho macrorregional nos indicadores do Pacto pela Saúde em 2010

Macrorregião Proporção da pop cadastrada na ESF Percentual de menores de 5 anos com baixo peso Taxa de Internações por Diabetes Mellitus Taxa de Internações por AVC na micro Centro Sul Centro Jequitinhonha Leste do Sul Leste Nordeste Noroeste Norte Oeste Sudeste Sul Triângulo do Norte Triângulo do Sul Minas Gerais Fonte: SUBGR/SES/MG

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As três informações acima descritas, presentes no Relatório de Análise da Assistência Macrorregional, servem de exemplo da complexidade do sistema e da necessidade de compreensão dos sistemas de saúde de modo mais completo. Na macrorregião Triângulo do Norte, por exemplo, 3 municípios não foram contemplados com Unidades Básicas de Saúde, redundando num desempenho intermediário da população cadastrada na Estratégia de Saúde da Família dessa macro (vide Quadro 1 acima). No entanto, apresentou, em 2011, a segundo menor percentual de internações por condições sensíveis à atenção primária.

Em contraste, a macro Jequitinhonha apresentou bom desempenho da população cadastrada na Estratégia de Saúde da Família, assim como todos os seus 23 municípios foram contemplados com Unidades Básicas de Saúde. Ainda assim, o percentual de internações por condições sensíveis à atenção primária é o mais elevado entre as macrorregiões, podendo indicar que dificuldades de acesso aos serviços ou problemas na qualidade do mesmo. O importante é destacar que existe a necessidade de intervenções que visem à melhoria da atenção primária.

Para compreender a situação de saúde das macrorregiões, uma ferramenta importante é o recente estudo desenvolvido pela ENSP/Fiocruz sobre a Carga Global de Doenças em Minas Gerais. Esse estudo identificou a extensão com que os vários agravos à saúde afetam a população do Estado, tendo como referência o ano de 2005. Para isso, foram selecionados métodos capazes de aferir, simultaneamente, os anos de vida perdidos por eventos fatais e não-fatais relativos a diferentes condições de saúde, utilizando como indicador o DALY (Disability-Adjusted Life Year – Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade), calculado como a soma dos Anos de Vida Perdidos por Morte Prematura (YLL – Years of Life Lost) com os Anos de Vida Perdidos por Incapacidade (YLD – Years Lost due to Disability).

A Tabela 2 apresenta a taxa bruta de YLL, YLD e DALY por mil habitantes e razão entre YLL/DALY das macrorregiões de saúde.

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Tabela 2: Taxa bruta de YLL, YLD e DALY por mil habitantes e razão entre

YLL/DALY, segundo macrorregiões de saúde de Minas Gerais – 2005

Macrorregião Taxa YLL Taxa YLD Taxa DALY YLL/DALY

Sul 83,9 85,0 168,9 49,7 Centro Sul 96,1 85,9 182,0 52,8 Centro 84,2 85,2 169,4 49,7 Jequitinhonha 102,4 83,1 185,5 55,2 Oeste 83,9 82,3 166,2 50,5 Leste 90,6 80,6 171,2 52,9 Sudeste 96,9 95,7 192,6 50,3 Norte de Minas 92,1 86,7 178,8 51,5 Noroeste 79,6 77,7 157,3 50,6 Leste do Sul 86,7 86,8 173,5 50,0 Nordeste 137,1 98,0 235,1 58,3 Triangulo do Sul 91,2 84,3 175,5 52,0 Triangulo do Norte 77,9 77,0 154,9 50,3 Minas Gerais 89,2 85,5 174,7 51,1

Fonte: Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Mortalidade – SIM, Núcleo de Pesquisa em Métodos Aplicados aos Estudos de Carga Global de Doença, ENSP/Fiocruz.

A incidência de doenças é um importante instrumento de análise dos sistemas de saúde macrorregionais. A pesquisa desenvolvida pela ENSP/Fiocruz sobre as condições de saúde das macrorregiões que podem e devem ser levados em conta no momento do tomada de decisão. A partir desses dados é possível observar carências, necessidades e oportunidades de intervenção. Como exemplo da sua utilização, podemos observar que as doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de DALY no Estado. Por outro lado, quando contrapomos esta informação com a rede instalada, a Tabela 3 mostra também que a rede instalada do Programa Hiperdia Minas ainda é incipiente para fortalecer essas ações. A hipertensão e a diabetes estão entre as principais causas de doenças cardiovasculares.

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Tabela 3: Distribuição de Centros Viva Vida de Referência Secundária, Centros Mais Vida e

Centro Hiperdia nas macrorregiões de saúde, Minas Gerais – 2012

Macrorregião Centro Viva Vida Centro Mais Vida Centro Hiperdia Minas

Centro Itabirito, Sete Lagoas,

Santa Luzia, Itabira Belo Horizonte Itabirito, Itabira

Centro Sul São João del Rei – –

Jequitinhonha Capelinha, Diamantina – –

Leste Governador Valadares – Viçosa

Leste do Sul Manhuaçu, Viçosa – –

Nordeste Jequitinhonha, Teófilo

Otoni – Jequitinhonha Noroeste – – – Norte de Minas Brasília de Minas, Janaúba, Taiobeiras, Januária, Pirapora

Montes Claros Janaúba, Brasília de Minas

Oeste Santo Antônio do Monte,

Campo Belo –

Santo Antônio do Monte Sudeste Juiz de Fora, Leopoldina Juiz de Fora Juiz de Fora

Sul São Lourenço, Lavras – –

Triangulo do Norte Patrocínio – Patrocínio

Triangulo do Sul Frutal – –

Minas Gerais 25 3 9

Fontes: SUBPAS/SRAS/DRA/Coord. Viva Vida; SUBPAS/SRAS/DRA/Coord. Saúde do Idoso; SUBPAS/SRAS/DRA/Coord. Hipertensão e Diabetes

A macro Centro possui peculiaridades que merecem destaque. Ao mesmo tempo em que apresenta a maior concentração populacional e a maior rede instalada, a macro apresenta o maior déficit de leitos complementares e não complementares. Um dos agravantes desse fato é que esta macrorregião recebe o maior fluxo de pacientes do Estado e o cálculo feito para a elaboração desse déficit considera apenas a população local. Assim, é necessária a ampliação da rede de atendimento para esta macro, ou a necessidade de estruturação das demais macros principalmente no que diz respeito aos procedimentos de maior complexidade.

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Outra característica marcante desta macro é a grande concentração de DALY (Tabela 4) na faixa etária entre 15 e 29 anos (19,7%). Um dos fatores que podem explicar o percentual de DALY nessa faixa etária é a alta proporção de violência urbana característica dos grandes centros. No grupo de 60 anos ou mais a macro centro apresenta resultados inferiores ao resto do Estado, provavelmente decorrente da elevada concentração na faixa entre 15 e 29.

Tabela 2: Distribuição da Carga Global de Doenças (DALY), por grupos etários, segundo

macrorregiões de saúde de Minas Gerais – 2005

Macrorregião 0 a 4 anos 5 a 14 anos 15 a 29 anos 30 a 44 anos 45 a 59 anos 60 anos e mais Sul 6,5 3,6 13,7 17,2 22,6 36,4 Centro Sul 7,7 3,4 14 18 22,4 34,4 Centro 7,3 3,9 19,7 19,1 21,2 28,8 Jequitinhonha 13,8 5,7 15,2 15,8 18,4 31,2 Oeste 7,1 3,6 14,9 17,7 21,9 34,7 Leste 9,6 4,2 16,3 16,6 20,5 32,8 Sudeste 6,9 3,3 13,4 17 23 36,5 Norte de Minas 12,3 5,5 16,2 16,8 19,7 29,7 Noroeste 8,7 4,4 16,7 18,5 21,6 30,1 Leste do Sul 8,8 4,5 14,6 15,7 20,1 36,3 Nordeste 16,8 5 13,8 15 18,4 31,1 Triangulo do Sul 6,5 3,3 14,9 17,7 23,2 34,4 Triangulo do Norte 6,7 3,6 16 18,7 22 32,9 Minas Gerais 8,4 4 16,3 17,7 21,3 32,3

Fonte: Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Mortalidade – SIM, Núcleo de Pesquisa em Métodos Aplicados aos Estudos de Carga Global de Doença, ENSP/Fiocruz.

As três partes que compõem o relatório, quando analisadas em conjunto, oferecem importantes informações sobre a organização do sistema. Assim, esta ferramenta oferece a possibilidade de uma primeira indicação de necessidades de saúde, de investimentos e de ações estratégicas nestes espaços.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O funcionamento das organizações, principalmente, das instituições públicas é marcado por necessidades infinitas e recursos escassos. A implantação do Sistema Único de Saúde dentro do modelo de redes de atenção demanda que a estruturação e implementação dos serviços sejam amparadas por robusto planejamento. Neste sentido, decisões estratégicas terão maior chance de êxito se forem pautadas por informações precisas e capazes de qualificar este processo.

Nesse contexto, as ferramentas gerenciais de avaliação e monitoramento são instrumentos que podem ser determinantes para o sucesso das ações. Esforços para o desenvolvimento de instrumentos de suporte às decisões são fundamentais, seja para ampliar efetividade das intervenções, seja para a transparência das ações. É preciso que o uso racional de dados e informações seja ampliado e adotado de maneira sistematizada.

O desenvolvimento do Relatório de Análise da Assistência Macrorregional é um esforço realizado para dar suporte as decisões referentes à implantação do sistema de saúde baseado em redes de atenção à saúde. Este instrumento não pretende cobrir todo o leque de informações que caracterizam as macrorregiões, sendo seu objetivo auxiliar a visualização dos sistemas macrorregionais de saúde através de indicadores estratégicos. A utilização sistemática do relatório será o principal meio de verificar sua eficácia, além de apontar necessidades de mudanças das informações disponibilizadas.

Apesar de se tratar de uma análise preliminar, as informações presentes neste relatório permitem observar a existência de divergências entre a rede instalada e as necessidades de saúde nas macrorregiões. É possível observar um descompasso entre as ações desenvolvidas no processo de implantação das redes e o perfil de morbimortalidade. Para garantir os preceitos constitucionais de universalidade e integralidade do sistema de saúde em um cenário de recursos escassos, faz-se necessário a constante adequação da oferta de serviços às reais demandas da população.

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Nesse contexto, o planejamento para a construção de redes assistenciais resolutivas nas macrorregiões depende de diagnósticos amplos e de avaliações precisas das reais condições dos sistemas locorregional de saúde, assim como das necessidades comuns e específicas destes territórios. As decisões relativas às políticas de saúde serão cada vez mais eficientes à medida que forem subsidiadas por evidências de qualidade. É fundamental que este processo se dê de modo transparente e acessível à população, possibilitando sua participação no processo e conferindo legitimidade às ações dos gestores públicos.

REFERÊNCIAS

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WORLD HEALTH ORGANIZATION – The World Health Report 2000: health systems, improving performance. Geneva, World Health Organization, 2000.

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AUTORIA

André Luiz Guimarães Amorim – Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Endereço eletrônico: andre.amorim@saude.mg.gov.br

Laura Monteiro de Castro Moreira – Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Endereço eletrônico: laura.moreira@saude.mg.gov.br

Daniel Ferreira de Souza –Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Endereço eletrônico: daniel.souza@saude.mg.gov.br

Pedro Cisalpino Pinheiro – Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Endereço eletrônico: pedro.cisalpino@saude.mg.gov.br

Referências

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