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XXX Domingo Comum Ano C Sáb, 23 de Maio de :43 - Última atualização Dom, 23 de Outubro de :42

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Eclo 35,15b-17.20-22a Sl 33 2Tm 4,6-8.16-18 Lc 18,9-14

Certamente, como no Domingo passado, caríssimos Irmãos, a Palavra do Senhor que a Igreja nos faz ouvir esta santíssima Eucaristia trata ainda da oração; e da oração humilde, aquela que no dizer do Eclesiástico, “atravessa as nuvens e enquanto não chegar não terá repouso; e não descansará até que o Altíssimo intervenha” . Vede, irmãos, que aqui, como há oito dias, ainda se fala da súplica, ainda

se fala da perseverança, da teimosia em pedir e pedir e continuar pedindo sem repouso, até que o Altíssimo intervenha, como interveio para justificar o pobre e humilde publicano do Evangelho que escutamos e para salvar o Apóstolo de todo mal.

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Mas, permiti que vos mostre um outro tema, anterior ao da oração, fundamento de toda oração, que também aparece hoje. Ouvistes o Eclesiástico? Que diz? Afirma que o Senhor não

discrimina ninguém, que não é parcial nos Seus juízos, que escuta a oração do oprimido, que nunca despreza o pobre e o órfão, que acolhe a prece do humilde... Afirmações comoventes! Mas, atenção: é isto que vemos ao nosso redor? Ah, quanta dor não sarada, quanta lágrima não estancada, quanta tristeza não consolada, quanta morte não redimida! E o publicano, que o Senhor Jesus garantiu que voltou para cada justificado? Quem viu a justificação? Viu-se a empáfia do fariseu orgulhoso, viu-se a humilhação do publicano... Mas, a justificação, quem a viu? E o Apóstolo, na Epístola que escutamos? Combateu perseverante o bom combate, completou fiel a corrida, guardou firme a fé. E o que ganhou? O abandono dos irmãos mais próximos, a solidão na hora de comparecer ao tribunal e a certeza de que seria condenado à morte! É verdade que ele, esperançoso e fiel, garante: “O Senhor me libertará de todo mal e

me levará para o Seu Reino celeste” .

Mas, quem viu? Viu-se o abandono no tribunal, viu-se o sofrimento, viu-se a condenação e a decapitação... Mas, ninguém viu a entrada no Reino celeste...

Não vos escandalizeis, irmãos! Não vos digo isto para incitar-vos à descrença ou à rebelião contra o Senhor Deus! Apenas desejo chamar-vos a atenção para algo profundo que aparece nas leituras de hoje: a necessidade absoluta da fé para caminhar com Deus! Eis o tema que desejo colocar no vosso coração!

Diz a Escritura Sagrada que “a fé é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se veem” (Hb 11,1) . Diz também que “por ela – pela fé – os antigos receberam um bom testemunho de Deus” (Hb 11,2)

. Eis, meus irmãos, o que gostaria que gravásseis hoje no coração: é impossível agradar a Deus, caminhar com Deus, ser humilde realmente diante do Senhor Deus sem a fé! Digo isto porque muitas vezes não vemos na prática, no dia a dia, aquilo que nos foi prometido; muitas vezes parece que a realidade visível desmente miseravelmente a invisível realidade na qual cremos e em que esperamos! Atentos, irmãos, que crer é coisa séria, crer deve impregnar a nossa vida, formatar a nossa existência! Mas, crer não é compreender tudo, ter na palma da mão a explicação, ter tudo sob controle! Nada disso: crer é abandonar-se ao Senhor, Nele confiar totalmente, absolutamente, caminhando como se já víssemos o invisível e já

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possuíssemos em plenitude aquilo que ainda esperamos na penumbra e na certeza da fé! Só assim, como nossos antepassados, poderemos receber um bom testemunho de Deus, ser chamados de Seus amigos, como Abraão e receber a coroa da glória como prêmio.

Agora, dizei-me? Quem pode levar realmente a sério a palavra do Eclesiástico e, assim, teimar em continuar rezando, suplicando ao Eterno por justiça, perseverando no bem, humildemente entregando a Ele a sua causa? Responso: somente quem crê de verdade, quem de verdade arrisca a vida, a única vida que possui, apostando-a na Palavra do Senhor!

Quem ousaria de verdade ter certeza de que, por grande que seja a miséria humana – até a do ladrão publicano, que desprezou a Lei do Senhor – por grande que seja o meu pecado, o pecado dos outros, o pecado de um mundo tão afastado de Deus, Ele, o Senhor, é capaz de justificar, de perdoar, de renovar o transgressor arrependido que de verdade reconhece seu pecado e confessa sua culpa? Quem pode de verdade levar isso a sério e, assim, tomar o caminho de uma verdadeira e humilde conversão? Somente quem crê de verdade, quem verdadeiramente começa a olhar e sentir tudo com os olhos da fé, que são os olhos de Deus!

E ainda, quem pode perseverar na corrida para Cristo como o Apóstolo? Quem pode estar disposto a oferecer a vida em libação, isto é, em sacrifício até a morte violenta, esperando a Vida gloriosa após a morte? Quem pode, quem se dispõe, quem arrisca? Eu vos digo: somente quem de verdade crê, quem de fato, movido pela fé, ama!

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Irmãos, o cristianismo não pode se resumir a palavras bonitas, a pensamentos belos, a boas intenções! O cristianismo funda-se na fé, que dá a certeza que Deus é Deus e enviou o Seu Filho; que Jesus assumiu nossos pecados, morrendo, destruiu nossa morte e, ressuscitando verdadeiramente, abriu-nos o caminho da Vida imperecível! Se realmente crermos nestas coisas, vale a pena sermos humildes como o orante da primeira leitura, vale a pena entrarmos no caminho da conversão do publicano do Evangelho, vale a pena a fidelidade até a morte, que o Apóstolo testemunhou na Epístola!

- Senhor, Deus bendito! Nós cremos, mas, por misericórdia, aumenta a nossa fé, sustenta a nossa fé, faz-nos perseverantes na fé! Tantos dizem que és o Ausente, o Nada, o Omisso! Senhor, é tanta a tentação de nos vermos sozinhos na corrida da vida! Tantos gritam a Tua morte! Expulsam-Te de nossas leis, das decisões importantes, dos critérios que norteiam a vida da sociedade... A noite cai, faz frio! Fica conosco, revela-nos Tua presença bendita,

aquece-nos com o dom de uma fé firme, inabalável, ó Deus bendito, Deus real, Deus concreto, Deus presente, Deus eternamente misterioso, Tu que és misteriosamente Pai e Filho e Espírito Santo, que vives e reinas para sempre. Amém.

XXX Domingo Comum – Ano C - Parte II

No Domingo passado, a Palavra de Deus nos falava da oração. Vimos, naquela ocasião, que rezar nos coloca diante de Deus com toda a nossa vida: a oração é a atitude fundamental do homem de fé. Quem não reza é ateu, fechado em si, na sua auto-suficiência. Para quem não reza – ou não reza de verdade, com espírito de orante -, Deus na passa de um objeto. Neste sentido, Santo Agostinho dizia que "a fé não é para os soberbos, mas para os humildes". Somente aquele que se sabe pequeno e frágil, imperfeito e limitado diante de Deus reza de verdade. Por isso o Eclesiástico afirma que "a prece do humilde atravessa as nuvens". E aqui não se trata simplesmente de uma oração de momento, mas de uma atitude de vida: atravessa as nuvens os desejos do coração daquele que vive a vida diante de Deus e não fechado em si

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mesmo:

"Bendirei o Senhor Deus em todo tempo, seu louvor estará sempre em minha boca!" - Vejam: é este o verdadeiro orante, porque é este o verdadeiro crente: aquele que sabe bendizer a Deus em todo o tempo – seja no tempo bom, seja no mau.

"Seu louvor estará sempre em minha boca!"

Pensando nisso, meditemos na parábola de Jesus, sobre a atitude dos dois homens que sobem ao Templo para rezar... Por que Jesus a contou? Contou-a "para alguns que confiavam

na sua própria justiça, isto

é, na sua própria retidão, nos seus próprios méritos, na sua própria santidade e desprezavam os outros".

Como reza o fariseu? Santo Agostinho explica que ele nem sequer reza: "Procura nas suas palavras o que ele pediu. Não encontras nada! Foi para rezar, mas não rezou a Deus; só louvou a si próprio! Mais ainda: não lhe bastou não rezar, não lhe bastou louvar a si próprio e ainda insultou aquele que rezava de verdade!" O fariseu, na verdade, é incapaz de uma verdadeira comunhão com Deus: ele somente tem a si próprio ante seus olhos, ele é o seu próprio Deus, a sua própria satisfação e, quando se mede com os outros, é para insultar e desprezar interiormente... Bem diferente de Jesus, que tinha tudo para nos acusar e, no entanto, quando nos olha, é para ter compaixão, para perdoar, para nos estender a mão.

E o publicano? Qual a sua atitude? "Ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: 'Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!''' De modo poético, diz Santo Agostinho que "o remorso o afastava, mas a piedade o

aproximava; o remorso o rebaixava; mas a esperança o elevava". Eis a atitude do homem aberto para Deus, daquele que se vê na luz do Senhor: tem consciência do seu nada, da sua miséria, do seu pecado, mas sabe que é amado por Deus; sabe que o que de bom possui e faz é dom da graça do Senhor! E porque assim vive e assim procede, esse pobre pecador

experimenta a misericórdia de Deus, daquele que, como diz o Salmo,

"volta sua face contra os maus, para da terra apagar sua lembrança. Do coração atribulado ele está perto e conforta os de espírito abatido"

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. Como termina a parábola? Deixem-me ainda citar Santo Agostinho: "Escutaste o contraste entre o fariseu e o publicano; escuta agora a sentença. Escutaste o soberbo acusador e o réu humilde. Escuta, agora, o Juiz:

'Em verdade eu vos digo: aquele publicano saiu do templo justificado, não o fariseu'. Senhor, dize-nos o motivo! Perguntas o por quê? Eis: '

Porque quem se exalta, será humilhado, e quem se humilha, será exaltado'.

Ouviste a sentença; guarda-te bem de caíres no motivo; ouviste a sentença; preserva-te da soberba!"

Meus caros, não é esta a nossa grande tentação? Achar que somos bons, que somos justos diante de Deus, que mereceríamos um prêmio de honra ao mérito. E, ainda mais: do alto da nossa auto-suficiência, quantas e quantas vezes julgamos, condenamos e executamos os outros! No entanto, se nos recordássemos os nossos pecados com sinceridade, como o publicano, não nos acharíamos grandes diante de Deus e não julgaríamos nem

condenaríamos, como o fariseu. Pensemos nos tantos benefícios que do Senhor recebemos, pensemos nos nossos pecados e na nossa preguiça para amá-lo como ele deve ser amado, pensemos nas nossas incoerências e infidelidades, pensemos nas nossas fraquezas... Se assim o fizermos, não teremos a pretensão de merecer nada diante de Deus, seremos humildes e também mais compreensivos com as fraquezas dos irmãos. Nunca percamos de vista o seguinte: aquele que se acha merecedor diante do Senhor, merece, na verdade

somente a sua repreensão, pois ainda não compreendeu de fato que Deus nos amou primeiro e não só nos chamou à vida, como também deu-nos o seu Filho quando ainda estávamos nos nossos pecados! Estejamos atentos ao exemplo de São Paulo, na segunda leitura de hoje. Ele, que tinha tanto de se gloriar, porque combateu o bom combate, com toda humildade esperou do Senhor o prêmio da coroa da justiça. Que diferença do fariseu! Este, confiava na sua própria justiça; o Apóstolo esperou na justiça do Senhor. Por isso, na fraqueza experimentou a força do Senhor e, na tribulação, experimentou que o Senhor lutou por ele...

Que este mesmo Senhor nos dê a graça de um coração humilde, que coloque somente nele a confiança, o repouso e a esperança da salvação. Assim, seremos livres da soberba e justos diante de Deus. Amém.

Referências

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