Ensaio Cl´ınico
Fernando Ferreira1
1Departamento de Medicina Veterin ´aria Preventiva e Sa ´ude Animal
Universidade de S ˜ao Paulo 2018
Resumo
1 Estudos de Intervenc¸ ˜ao
2 Fases da Pesquisa Cl´ınica
Estudos de Intervenc¸ ˜ao
S ˜ao os estudos epidemiol ´ogicos que mais se assemelham aos experimentos conduzidos em laborat ´orio
Principal caracter´ıstica ´e o controle total sobre a alocac¸ ˜ao dos indiv´ıduos nos grupos de estudo
Produzem os melhores dados para que sejam testadas hip ´oteses N ˜ao s ˜ao os tipos de estudo mais comuns por quest ˜oes ´eticas Exitem dois tipos de estudos de intervenc¸ ˜ao:
Estudos de coorte - buscam prevenir doenc¸as
Estudos de coorte
Trabalham com indiv´ıduos sadios (livres de doenc¸a)
Busca determinar se a presenc¸a de um determinado fator aumenta ou reduz o risco de uma doenc¸a
S ˜ao mais dif´ıceis de serem executados por envolverem indiv´ıduos sadios Podem trabalhar com indiv´ıduos ou grupos de indiv´ıduos, neste ´ultimo caso a alocac¸ ˜ao em cada um dos grupos ser ´a realizada por grupo (comunidade, escola etc)
Intervenc¸ ˜oes que envolvam educac¸ ˜ao normalmente trabalham com alocac¸ ˜ao de grupos
Ensaio Cl´ınico
Definic¸ ˜ao: estudo prospectivo que compara os efeitos e o valor de uma
intervenc¸ ˜ao com grupo controle. Idealmente, deve ser randomizado e duplo cego.
Objetivo ´e avaliar o efeito de um ou mais tratamentos em indiv´ıduos doentes S ˜ao normalmente conduzidos em cl´ınicas ou hospitais
Procuram avaliar a ocorr ˆencia de recidivas, aumento da expectativa de vida ou melhora da qualidade de vida
Um ensaio cl´ınico bem planejado ´e a melhor t ´ecnica experimental para avaliar a efetividade de uma intervenc¸ ˜ao
Fases da Pesquisa Cl´ınica
Fase I: Normalmente tem por objetivo estimar atoler ˆanciae afarmacocin ´eticae
farmacodin ˆamicade drogas. Focam em quest ˜oes relacionadas a biodisponibilidade e distribuic¸ ˜ao da droga e de seus metab ´olitos.
Fase II: Estudos de fase II procuram avaliar aatividade biol ´ogicaouefeito da droga, envolvendo grupo controle.
Fase III: Estudos de fase III e IV s ˜ao ensaios cl´ınicos. Normalmente tem per´ıodo de avaliac¸ ˜ao p ´os-intervenc¸ ˜ao, relativemente curto. S ˜ao focados na avaliac¸ ˜ao deefic ´aciaeefetividade. Necess ´arios para a submiss ˜ao de Autorizac¸ ˜ao de Introduc¸ ˜ao no Mercado.
Fase IV: Monitorarefeitos de longo prazode intervenc¸ ˜oes aprovadas em estudos de fase III, realizados com base em grandes amostras.
Formulac¸ ˜ao dos objetivos do estudo
O objetivo precisa ser claramente estabelecido antes do in´ıcio da intervenc¸ ˜ao Precisa conter:
Descric¸ ˜ao detalhada da intervenc¸ ˜ao a ser realizada Descric¸ ˜ao dos resultados de interesse a serem avaliados Definic¸ ˜ao clara da populac¸ ˜ao em que o estudo ser ´a realizado
Objetivos do tipo “Avaliar se a utilizac¸ ˜ao de determinada droga previne o
desenvolvimento de c ˆancer de mama” n ˜ao s ˜ao suficientes! ´E preciso definir qual
a populac¸ ˜ao de f ˆemeas? Todas ou as de maior risco? Qual o grupo et ´ario? Qual a dose e frequ ˆencia de admnistrac¸ ˜ao? Por quanto tempo?
Objetivo cient´ıfico ou pragm ´atico?
Objetivo cient´ıfico: deve ser desenvolvido em condic¸ ˜oes ideais de modo a avaliar qual o m ´aximo benef´ıcio potencialmente obtido com a intervenc¸ ˜ao. A utilizac¸ ˜ao de volunt ´arios pode aumentar a ades ˜ao ao tratamento (avalia a EFIC ´ACIA).
Objetivo pragm ´atico: procura avaliar o impacto da intervenc¸ ˜ao em condic¸ ˜oes em condic¸ ˜oes de sa ´ude p ´ublica ou de cl´ınica. O efeito est ´a sujeito a diluic¸ ˜ao, por exemplo, em decorr ˆencia da ades ˜ao ao tratamento (avalia a
Aspectos ´eticos
O veterin ´ario deve garantir o sigilo das informac¸ ˜oes coletadas
Garantir que os procedimentos utilizados para avaliar a exposic¸ ˜ao e os resultados n ˜ao envolvam n´ıveis inaceit ´aveis de desconforto, stress ou risco ao paciente
Os ensaios cl´ınicos s ´o s ˜ao eticamente justific ´aveis em situac¸ ˜ao de incerteza onde haja d ´uvida clara sobre o valor da intervenc¸ ˜ao em termos de benef´ıcios e riscos. Deve haver algum tipo de evid ˆencia de que a tratamento seja ben ´efico oriunda de estudos observacionais ou experimentos laboratoriais.
Crit ´erios de elegibilidade
Devem definir exatamente quem poder ´a ser inclu´ıdo no estudo
Devem excluir indiv´ıduos para os quais a intervenc¸ ˜ao represente risco Ou que tenham condic¸ ˜oes que interfiram com a aferic¸ ˜ao do resultado Gestantes devem ser exclu´ıdas se houver qualquer evid ˆencia de que a intervenc¸ ˜ao possa prejudicar o feto
Termo de consentimento livre e esclarecido
Os participantes devem ser informados, em linguagem simples, em relac¸ ˜ao aos seguintes aspectos:
Objetivos do estudo Procedimentos adotados O que se espera deles
Poss´ıveis riscos e benef´ıcios da intervenc¸ ˜ao
De que ser ˜ao alocados no grupo de intervenc¸ ˜ao ou controle e que poder ˜ao tomar conhecimento, sobre qual grupo foram inclu´ıdos, apenas ap ´os o fim do estudo
Sigilo e privacidade dos dados
Os dados n ˜ao ser ˜ao utilizados contra eles
Deve ser dado tempo suficiente para tomada de decis ˜ao de participar ou n ˜ao do estudo
De que ´e consentido a n ˜ao participac¸ ˜ao ou a retirada a qualquer tempo sem que haja qualquer consequ ˆencia negativa para eles.
Populac¸ ˜ao em Estudo
Corresponde a frac¸ ˜ao da populac¸ ˜ao experimental que consentiu em participar do estudo
A validade interna est ´a garantida
A validade externa pode n ˜ao estar garantida
Grupo de comparac¸ ˜ao
Deve haver pelo menos um grupo de comparac¸ ˜ao
Utilizac¸ ˜ao de placebo s ´o ´e admitida quando n ˜ao existe tratamento com resutado comprovado
H ´a situac¸ ˜oes em que o placebo n ˜ao ´e possivel (cirurgia, intervenc¸ ˜ao educacional)
Alocac¸ ˜ao dos indiv´ıduos nos grupos
A alocac¸ ˜ao s ´o deve ocorrer ap ´os a selec¸ ˜ao de todos os indiv´ıduos que aceitaram participar do estudo
M ´etodo aleat ´orio:
Elimina vi ´es de selec¸ ˜ao por parte dos pesquisadores ou participantes Torna os grupos compar ´aveis em termos de fatores conhecidos e desconhecidos que possam afetar os resultados
Simples Estratificada Pareamento
Monitoramento da ades ˜ao e efeitos colaterais
Deve ser realizado o monitoramento da ades ˜ao (devoluc¸ ˜ao de comprimidos n ˜ao consumidos, relato do pr ´oprio propriet ´ario etc)
Deve ser monitorado a contaminac¸ ˜ao (p.e. indiv´ıduos que adotam outros tratamentos por iniciativa pr ´opria)
Haver ´a sempre um percentual de n ˜ao ades ˜ao
O monitoramento de efeitos colaterais tem por func¸ ˜ao conhece-los e reduzir riscos para pacientes
Avaliac¸ ˜ao dos resultados
Deve-se evitar o vi ´es de aferic¸ ˜ao
Estudo cego: o placebo deve ser semelhante ao produto utilizado Duplo cego: Pesquisador e paciente n ˜ao conhecem o grupo a que cada paciente est ´a alocado
C ´alculo dos riscos em cada grupo e do risco relativo
Se tratar-se de estudo de prevenc¸ ˜ao de casos, calcula-se afrac¸ ˜ao preven´ıvel
=100 × diferenc¸a dos riscos
risco nos n˜ao expostos
Se for estudo de vacina, calcula-se aefic ´acia ou efetividade da vacina
Bibliografia
Cancer Epidemiology: Principles and Methods, Edited by I. Dos Santos Silva, World Health Organization, International Agency For Research on Cancer, 1999
Cap´ıtulo 7
Fundamentals of clinical trials. Lawrence M. Friedman,Curt D. Furberg, David L. DeMets, David M. Reboussin, Christopher B. Granger. Springer,
Switzerland, 2015 Cap´ıtulo 1