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Fig.1 Excerto Google.

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Academic year: 2021

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Introdução

A área intervencionada está sob proteção do grau 1 e 2 do PDM, incidindo numa artéria da cidade onde se conhecem vestígios arqueológicos anteriores, nomeadamente a identificação de fragmentos de cerâmica de época romana, ainda que descontextualizados, encontrados nos nºs 7 a 11 (Endovélico). Os trabalhos arqueológicos realizados em 2007 no nºs 35-37 (Dias et al., 2009), não registaram vestígios arqueológicos relevantes.

Insere-se na área da Servidão Administrativa da Cerca de Coimbra, designadamente o Arco de Almedina,

classificado em 16-06-1910, DG 136 de 23-06-1910; Dec. N. 2.789, DG 121 de 16/06/1921 e Dec. N. 7.552-A,

DG 133 de 01-07-1921; Dec. N. 26.141, DG 287 de 10-12-1935 – ZEP – DG, n. 153, de 02/07/1960; DG, n.

269 de 17-11- 1961.

Localização

A Rua da Alegria, anteriormente designada como Via Longa (Loureiro, 1964), situa-se numa zona muito íngreme e com grande declive, implantada a sul da Couraça de Lisboa e do casco urbano de Almedina, entre a Couraça da Estrela e a Av. Emídio Navarro. Do lado nascente, a escadaria do Quinchorro, faz a ligação da rua com a Couraça de Lisboa (figs. 1 e 2).

Fig.1 – Excerto Google.

Descrição dos Trabalhos Fig. 2 - Excerto Carta Militar Portuguesa, folha 241, escala 1/25.000.

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Local de saída e entrada da cidade, sobranceira à margem direita do Rio Mondego, apresentou-se como um dos principais pontos de acesso à cidade (Mantas, 1992), encimada pela porta de Belcouce, já na Couraça da Estrela.

Descrição

Os trabalhos arqueológicos desenvolvidos no âmbito da arqueologia preventiva, decorreram entre fevereiro e julho de 2010 e consistiram no acompanhamento arqueológico dos trabalhos de revolvimento de terras antropizadas inerentes à empreitada (fig. 3), e na realização das sondagens arqueológicas onde se detetou maior sensibilidade arqueológica, no decurso dos trabalhos de acompanhamento arqueológico.

No topo norte da Rua da Alegria foi detectada uma estrutura de pedra de alvenaria e argamassa (Fig. 4), que poderá corresponder à existência de muralhas ou de muros trincheira existentes na Rua da Alegria, referidas por José Pinto Loureiro (1964), e Sérgio Soares (2001), corroboradas por cartografia antiga, nomeadamente nas gravuras Braun e

Fig. 3 - Remoção da calçada de seixo rolado no topo norte

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Hogenberg de 1598 (fig. 5), J. Baldi de 1669 (fig. 6) e na Carta Topographica da Cidade de Coimbra de 1845 (fig.7), que manifestam forte correlação com estrutura encontrada. Durante os trabalhos da empreitada desviaram-se as infraestruras a executar nesta zona e a estrutura que ficou protegido com manta geotêxtil e inertes.

Fig. 5 - Excerto da gravura Braun e Hogenberg de 1598

Fig. 6 - Excerto da gravura de Jean Pierre Maria Baldi, 1669 (Duarte e Magalhães)

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Surgiram também três estruturas relacionadas com antigos colectores. Um deles tinha por base interior (onde corria a água) lajes de pedra calcária que variavam entre os 0.45 m e mais de 1 metro de comprimento, paredes de pedra e argamassa rebocadas e a parte superior era abobadada com cimento e pedra de pequeno porte (fig. 8).

Este coletor registava-se do lado nascente, ou seja, do lado esquerdo quando se desce a rua, surge logo na parte superior na intercessão com a Couraça da Estrela e encontrou-se ao longo de toda a rua, nalguns sítios encontrava-se bastante danificada pelo coletor de saneamento em manilha de grés, em uso até esta empreitada e que foi substituído.

Aquele coletor terá destruído grande parte de um anterior localizado a nascente do mesmo, que seguia paralelo aos edifícios, a uma distância sensivelmente de 0.80m, tendo-se encontrado vestígios ao longo de toda a rua. Construído em alvenaria, com paredes de pedra média e ligante de argamassa de cal e areia, e com a parte inferior interna (onde corria a água) em calçada de seixo rolado e a parte superior colmatada com grandes lajes de pedra calcária e ligante de argamassa de cal e areia (fig. 9). Foi possível preservar grande parte dos vestígios deste coletor que ficaram protegidos com manta geotêxtil e inertes.

Fig. 9 - Pormenor da estrutura 4 [E4], frente aos n.ºs 65-67

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A sul da Residência Universitária, registou-se ainda um colector transversal a este, com as mesmas características e que escoaria pelo muro da Rua da Alegria, que ficou protegido com manta geotêxtil e inertes (fig. 10).

Na parte sul da Rua, por baixo do muro de sustentação actual da Rua da Alegria, registou-se um muro anterior com maior largura que o atual constituído por pedra calcária e argamassa de cal e areia, que ficou protegido com manta geotêxtil e inertes (fig. 11).

Fig. 11 – Estrutura 6 [E6]

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Em frente ao nºs 55 e 57, registou-se uma caixa de grandes dimensões, escavada no substrato geológico de pedra calcária, com ligante em argamassa de cal e areia (fig. 12), que serviria para recolha de águas pluviais que escoariam pela própria encosta e que se encontrava desativada. A estrutura ficou protegida com manta geotêxtil e inertes.

Fig. 12 – Estrutura 5 [E5], frente ao n.º 57

Apesar de não ser intervencionado no decorrer desta empreitada, mas estar inserido na área de intervenção, destaca-se a existência de uma das inscrições do Arco da Rua da Alegria, também designado como Arco de N.ª Sr.ª da Alegria, colocado no cunhal do imóvel desta Rua, junto à Couraça da Estrela, após a demolição do Arco em 1842 (figs. 13 e 14).

Figs. 13 e 14 - Inscrição do Arco da Alegria e frag. do desenho de Magne - Arco da Rua da Alegria junto à Couraça da Estrela. (Alarcão, 2008:212)

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Desconhece-se a data da sua construção, sabe-se no entanto, que foi renovado em 1720 e mandado demolir pela Câmara Municipal em 1842. Era encimado por um oratório ou Baldaquino com colunas retorcidas e tinha duas imagens de pedra, uma de S. Sebastião que tinha uma inscrição na parte inferior “ora pro nobis S. Sebastião”, e outra de N.ª Senhora, também com inscrição “Stella Matutina. Ora pro nobis” (Carvalho, 1942). No arco existiam duas inscrições elaboradas pelo Dr. Pedro Rodrigues de Almeida, uma em Português, e outra em latim, que se encontra atualmente embutida no cunhal junto ao n.º 10 da Couraça da Estrela, cuja tradução para português “NO ANO AVREO DA LEI DA GRAÇA / 1720 SEGUNDO A IGREJA DE DEOS / O S. P. CLEMENTE XI DO SEV PONTIF. / XXI. REINANDO O AVGVSTISS.º / INVICTUSS.º TRIVMPHANTTISS.º IOÃO / V DE PORTVG. E DOS ALG. REY E / DOS REYS XXIIII, DE SEV REINADO XIII / NO QVAL TEMPO POR O D.ºr PEDRO ROIS / DE ALMEIDA DER.ºr HONORARIO / SEV ADMINISTRADOR DAS OBRAS / DO RIO MONDEGO E PERTENCES A CID. / ESTA OBRA FOI RENOVADA EM GLORIA DE DEOS E DA MAYM DE / DEOS V. MARIA S. DA ESTRELLA / EM MAGEST. DO REY. LAVREA DE COIMBRA. DOS PATR.ºs HONRA / DA REPVB. RESPLANDOR, NESTA PEDRA P.ª / OS VINDOUROS MEMORIAL FILHO / DA PATRIA CÕ O DEDO DA IMMORTAL / FAMA A TODA A IDADE LOVVAVELMENTE / ESCREVEO” (Carvalho, 1942).

Conclusão

Trata-se de uma Rua importante de acesso à cidade desde a época romana e surge nas representações gráficas mais antigas que se conhecem - Gravura Braun e Hogenberg de 1598.

A Rua apresentava muitas infraestruturas de várias épocas, sobretudo relacionadas com a recolha de águas, que revela a preocupação em manter esta via com condições de circulação em segurança.

Quanto a espólio arte factual, registam-se artefactos de cronologia romana até época contemporânea, em contextos de revolvimento.

Destaca-se a presença de uma das inscrições do Arco da Rua da Alegria que se mantém no cunhal de um imóvel desta rua, junto à Couraça da Estrela.

Bibliografia

Alarcão, J. de, 2008 – Coimbra. A montagem do cenário urbano. Coimbra. Imprensa da Universidade de

Coimbra.

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Neves, Maria João (coord. científica) Dias, Gina; Neves, Maria João e Basílio, Lília (direção técnico-científica),

2009 – Acompanhamento Arqueológico da Construção de uma habitação na Rua da Alegria, n.º 35-37, Coimbra. Relatório Final. Dryas Arqueologia, Lda. (policopiado).

Figueiredo, A. C. B. de, 1996 - Coimbra Antiga e Moderna. Edição fac-similada da edição de 1886, Almedina,

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Loureiro, J.P., 1964 - Toponímia de Coimbra, Vol.s I e II, Coimbra.

Mantas, Gil Vasco, 1992 – Notas sobre a estrutura urbana de Aeminium. Biblos. Revista da Faculdade de

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Nunes, Mário (coord.), 2008 – Anais do Município de Coimbra, 1960-1960. Câmara Municipal de Coimbra.

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Referências

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