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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO

FORTALECIMENTO DAS AÇÕES DE ADESÃO AO TRATAMENTO DO HIV PELA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DO CERPAT- CENTRO DE REFERÊNCIA EM

PREVENÇÃO, ASSISTÊNCIA E TRATAMENTO NO MUNICIPIO DE ITABUNA/BAHIA.

SUSE MAYRE MARTINS MOREIRA AZEVEDO

2017

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Suse Mayre Martins Moreira Azevedo

FORTALECIMENTO DAS AÇÕES DE ADESÃO AO TRATAMENTO DO HIV PELA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DO CERPAT- CENTRO DE REFERÊNCIA EM

PREVENÇÃO, ASSISTÊNCIA E TRATAMENTO NO MUNICIPIO DE ITABUNA/BAHIA.

Projeto de Intervenção apresentado como requisito para obtenção do Grau de Especialista em GESTÃO DAS POLÍTICAS DE DST/AIDS, HEPATITES VIRAIS E TUBERCULOSE do Programa de Pós-Graduação Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientador: Prof. Richardson Augusto Rosendo da Silva

Itabuna/BA – 2017

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1. Resumo

A infecção pelo HIV e o desenvolvimento da Aids vem sendo visto como uma patologia de caráter crônico evolutivo e potencialmente controlável, desde o surgimento da terapia anti-retroviral (TARV) e da disponibilização de exames, como CD4 e carga viral, para o monitoramento de sua progressão. Diante dessas definições a adesão deve ser entendida como um processo colaborativo que facilita a aceitação e a integração de determinado regime terapêutico no cotidiano das pessoas em tratamento, pressupondo sua participação nas decisões sobre o mesmo. A elaboração desta Proposta de Intervenção tem como tema central Adesão ao Tratamento e busca responder a questão problema: Quais os caminhos a serem seguidos pela equipe multiprofissional do Centro de Referência para estimular a adesão dos pacientes HIV+ ao tratamento com Antiretrovirais? Tem como objetivo Geral: Estabelecer diretrizes e metas para o fortalecimento das ações de adesão ao tratamento anti- retroviral a ser realizada pela equipe multiprofissional do Centro de Referência em IST/Aids e Hepatites Virais. Para a realização do Projeto será feito um levantamento de dados via SICLOM e SIMC e, a partir desses dados será feito contato com pacientes em abandono de tratamento ou que ainda não iniciou. Esses pacientes terão uma atenção da equipe multiprofissional do Centro de Referência e participara de atividades nas Organizações da Sociedade Civil que serão parceiras neste trabalho. O processo de avaliação será feito de forma continua, onde, por meio das reuniões frequentes será feito levantamento da quantidade de pacientes envolvidos na ação e quantos deles retornaram ou iniciaram o tratamento. Não podemos perder de vista, porém, que a adesão, por não ser uma ação fixa precisa ser monitorada com frequência. Dessa forma esse projeto de intervenção buscará uma melhoria na qualidade do atendimento ao paciente com HIV/Aids, sendo necessário um esforço conjunto da equipe multiprofissional do Centro de Referência e envolverá também Organizações da Sociedade Civil para que os objetivos sejam alcançados. Para que se obtenha um resultado positivo da intervenção será necessária uma avaliação constante durante o processo como forma de readaptação das estratégias e, se necessário, planejamento de novas estratégias visando atingir os objetivos propostos.

Palavras chave: Adesão- Tratamento- Equipe multiprofissional

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2. Introdução

A infecção pelo HIV e o desenvolvimento da Aids vem sendo visto como uma patologia de caráter crônico evolutivo e potencialmente controlável, desde o surgimento da terapia anti-retroviral (TARV) e da disponibilização de exames, como CD4 e carga viral, para o monitoramento de sua progressão. Tais avanços tecnológicos contribuíram de forma muito positiva para a vida das pessoas que vivem e convivem com HIV/Aids, resultando em aumento da sobrevida, diminuição das internações por doenças oportunistas e queda da mortalidade (MARINS et al., 2003).

A TARV tem como objetivos: reduzir a morbimortalidade e melhorar a qualidade de vida das pessoas, por meio da supressão viral, o que permite retardar ou evitar o surgimento da imunodeficiência. Os resultados obtidos com o tratamento − a redução progressiva da carga viral e a manutenção e/ou restauração do funcionamento do sistema imunológico − têm sido associados a benefícios marcantes na saúde física das pessoas soropositivas e permitido que elas retomem e concretizem seus projetos de vida (BASTOS, 2006).

A adesão ao tratamento assume importância crucial diante da perspectiva de uma vida longa e com qualidade. Estudos indicam que a eficácia do tratamento, expressa nos níveis de supressão viral, exige que o uso do esquema terapêutico deva ser igual ou superior a 95% das doses prescritas. A adesão insatisfatória pode estar associada ao desenvolvimento de resistência viral (PATERSON et al., 2000;

PHILIPS et al., 2005; SMITH, 2004).

Diversos conceitos de adesão podem ser identificados. Em uma compreensão mais restrita, adesão pode ser definida como “o comportamento de uma pessoa – tomar remédio, seguir uma dieta ou fazer mudanças no estilo de vida – que corresponde às recomendações da equipe de saúde” (HAYNES, 1991). Entendemos que essa definição parte de uma compreensão limitada, pois equivale à noção de obediência, ao ato de conformar-se ou acatar. Sugere que o esquema terapêutico prescrito não foi fruto de uma decisão compartilhada entre a pessoa e o profissional de saúde.

Uma definição mais ampla e abrangente assinala que adesão (BRASIL, 2007, p.11):

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• É um processo dinâmico e multifatorial que inclui aspectos físicos, psicológicos, sociais, culturais e comportamentais, que requer decisões compartilhadas e co- responsabilizadas entre a pessoa que vive com HIV, a equipe e a rede social.

• Deve ser entendida como um processo de negociação entre o usuário e os profissionais de saúde, no qual são reconhecidas as responsabilidades específicas de cada um, que visa a fortalecer a autonomia para o autocuidado.

• Transcende à simples ingestão de medicamentos, incluindo o fortalecimento da pessoa vivendo com HIV/aids, o estabelecimento de vínculo com a equipe de saúde, o acesso à informação, o acompanhamento clínico-laboratorial, a adequação aos hábitos e necessidades individuais e o compartilhamento das decisões relacionadas à própria saúde, inclusive para pessoas que não fazem uso de TARV.

Diante dessas definições a adesão deve ser entendida como um processo colaborativo que facilita a aceitação e a integração de determinado regime terapêutico no cotidiano das pessoas em tratamento, pressupondo sua participação nas decisões sobre o mesmo.

A adesão e determinante na melhoria da qualidade de vida e diminuição dos índices de mortalidade, mas constitui hoje um dos maiores desafios da atenção às pessoas vivendo com HIV/Aids, uma vez que demanda de seus usuários mudanças comportamentais, dietéticas, o uso de diversos medicamentos por toda a vida, além da necessidade, por parte dos serviços, de novos arranjos e oferta de atividades especificas em adesão (BRASIL, 2010).

De alguma forma, a conduta de adesão pode ser considerada similar à aquisição de um hábito: informações são apreendidas e habilidades são adquiridas para incorporar o tratamento à rotina diária (TULDRÀ, WU, 2002).

Os profissionais e equipe de saúde, por sua vez, podem se valer da compreensão dos fatores que dificultam e que facilitam a adesão, mediante a descrição por parte do próprio paciente de suas experiências, atitudes e crenças sobre a enfermidade e o tratamento, para ajudá-lo a compreender a importância da TARV e melhorar o comportamento de adesão (RUSSEL et al., 2003).

Diante de vários fatores desde o inicio da TARV, a adesão ao tratamento se destaca entre os maiores desafios da atenção às pessoas vivendo com HIV/Aids, uma vez que demanda de seus usuários mudanças comportamentais, dietéticas, o uso de diversos medicamentos por toda a vida, além da necessidade, por parte dos serviços, de novos arranjos e oferta de atividades específicas em adesão.

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A baixa aderência aos anti-retrovirais pode repercutir negativamente em três dimensões: em relação ao paciente, uma vez que prejudica a resposta à terapêutica e conseqüentemente à evolução clínica da doença; na equipe de saúde, pois interfere na avaliação dos resultados, gerando frustração e até diminuição do investimento da equipe no paciente; e no sistema de saúde, que pode levar o paciente a submeter-se a procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e de custos elevados.

Dessa forma a elaboração desta Proposta de Intervenção que tem como tema central Adesão ao Tratamento baseia-se na experiência da autora em ter atuado como gestora do Programa de IST/Aids e Hepatites Virais durante 04 anos, onde percebeu que existia entre os pacientes uma grande dificuldade em aderir de forma eficiente à TARV, fazendo com que esses pacientes tivessem um alto índice de infecções oportunistas tornando-se mais propensos a internações, e colocando-se muitas vezes em risco de vida.

Diante desta realidade local e percebendo a importância da atuação da equipe no fortalecimento da adesão surge a questão problema que irá nortear esta Proposta de Intervenção: Quais os caminhos a serem seguidos pela equipe multiprofissional do Centro de Referência para estimular a adesão dos pacientes HIV+ ao tratamento com Antiretrovirais?

3. Objetivos

3.1. Objetivo Geral

 Estabelecer diretrizes e metas para o fortalecimento das ações de adesão ao tratamento anti-retroviral a ser realizada pela equipe multiprofissional do Centro de Referência em IST/Aids e Hepatites Virais.

3.2. Objetivos Específicos

 Fazer um levantamento, por meio do SICLOM- Sistema de Controle Logístico de Medicamento, dos pacientes em falha de adesão.

 Acessar dados do SIMC- Sistema de Monitoramento Clinico visando realizar busca ativa de pacientes com resultado reagente que ainda não iniciaram a TARV.

 Realizar busca ativa de pacientes em falha de adesão.

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 Diagnosticar entre os pacientes os entraves que levam à má adesão discutindo junto com o paciente as formas de superá-los.

 Estabelecer parceria com Organizações da Sociedade Civil que trabalham com Pessoas Vivendo com HIV/Aids, visando um melhor contato com o paciente.

4. Metodologia

4.1. Cenário do projeto de intervenção

O projeto de intervenção será realizado no CERPAT- Centro de Referência em Prevenção, Assistência e Tratamento, situado no município de Itabuna, estado da Bahia. O Centro de Referência existe no município há 17 anos e realiza um trabalho de prevenção, diagnóstico, tratamento e assistência direta às PVHA- Pessoas Vivendo com HIV/AIDS, além do atendimento às Infecções Sexualmente Transmissíveis, Hepatites Virais B e C e HTLV. O atendimento é realizado não apenas para o município onde o mesmo está inserido como a outros 22 municípios que integram o Núcleo Regional de Saúde denominado NR5.

O Centro começou o atendimento com número reduzido de pacientes, em 2005 contava com 150 em tratamento por antirretrovirais e não tratava as Hepatites Virais. Diante do aumento da demanda o serviço necessitou ampliar o número de profissionais, atendimentos, diagnóstico e tratamento. Atualmente o Centro de Referência atende em média 700 pacientes com Infecções Sexualmente Transmissíveis mensalmente, 1.432 pacientes com HIV/AIDS, 152 pacientes com HEPATITE B, 209 com HEPATITE C, 44 CRIANÇAS EXPOSTAS, 34 CRIANÇAS COM HIV/AIDS, 177 pacientes com HTLV e 05 GESTANTES COM HIV.

Com a descentralização dos testes rápidos para HIV, Sífilis e Hepatites B e C para a atenção básica, que aconteceu de forma gradual de 2013 à 2016, houve uma necessidade de capacitação de profissionais nas metodologias e também preparação dos serviços para implantar esses insumos e atender adequadamente o paciente quanto ao acolhimento, aconselhamento, testagem, encaminhamento e acompanhamento. Para isso foram capacitados cerca de 150 profissionais de enfermagem que atendem na Rede Municipal de Saúde o que vem facilitando este processo de descentralização.

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O Programa Municipal de DST/AIDS recebe recurso do Ministério da Saúde na modalidade fundo a fundo e até 2013 esse recurso era monitorado e acompanhado por meio de um sistema online onde deveria ser elaborado uma PAM- Programação de Ações e Metas, sendo exigência do Ministério da Saúde que esse plano fosse apresentado e aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde.

No ano de 2014 com a Resolução CIB nº 085 deixou de existir a PAM e houve a orientação para a inclusão das ações na PAS-Programação Anual de Saúde do município. Dessa forma todas as ações planejadas para o funcionamento do centro devem ser custeadas com o recurso deste incentivo.

No trabalho de prevenção são realizadas campanhas extra-muro, palestras, oficinas e cursos com distribuição de material informativo e preservativos masculino e feminino.

Nas ações de diagnóstico, além da realização de exames dentro da própria unidade, são realizadas campanhas de Teste Rápido adequando-se à campanha do Ministério da Saúde denominada #partiuteste.

As pessoas com diagnóstico positivo para qualquer uma das ISTs, incluindo- se HIV e Hepatites B e C são acompanhadas no próprio centro de referência onde a mesma tem a disposição uma equipe multiprofissional e uma UDM-Unidade Dispensadora de Medicamentos.

Atualmente a equipe é formada pelos seguintes profissionais: 01 Clinico Geral

01 hepatologista, 01 Pediatra, 01 Urologista, 01 Oncologista, 04 Enfermeiras, 01 Assistente Social, 01 Psicóloga, 01 Fisioterapeuta, 01 Farmacêutica, 02 Biomédicos, 02 Odontólogos, 01 ACD- Auxiliar de Consultório Dentário, 01 Auxiliar de Farmácia, 01 Téc. De Enfermagem, 01 Aux. De Laboratório, 01 Digitador, 02 Arquivistas, 02 Recepcionistas, 01 Administrador, 01 profissional de Serviços Gerais e 01 Motorista.

Além do Centro de Referência no município de Itabuna, existem 03 Organizações da Sociedade Civil que fazem um trabalho de prevenção e de assistência às Pessoas Vivendo com HIV/Aids. Estas instituições podem auxiliar o trabalho proposto neste Projeto de Intervenção, pois possuem uma relação direta com 80% dos pacientes e por este motivo pode funcionar como um interlocutor entre o Centro de Referência e esses pacientes.

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4.2. Elementos do plano de intervenção

No acompanhamento dos pacientes com HIV/Aids que fazem tratamento no CERPAT- Centro de Referência em Prevenção, Assistência e Tratamento, observamos a grande necessidade de se fazer um trabalho efetivo que estimulasse a adesão dos pacientes que já se encontravam em tratamento, como também dos pacientes com resultado reagente que ainda não tinham iniciado a TARV.

Para a realização do Projeto de Intervenção se faz necessário a participação de todos os profissionais que integram a equipe sendo necessário um entendimento pelos mesmos de que a prescrição da terapia antirretroviral merece uma abordagem da interdisciplinar, com a finalidade de facilitar a adesão adequada desde o momento em que o usuário tem a necessidade do uso da TARV. Deve-se entender também que o tratamento não se limita à mera prescrição de medicamentos e que, para promover a adesão também é necessário atenção aos aspectos de caráter psicossocial. Há que se compreender o usuário dos serviços como sujeito de seu autocuidado e fazer com que ambos, paciente e profissional de saúde, pensem em formas de lidar com a adesão ao tratamento em seu inicio.

Dessa forma na realização de um trabalho de intervenção tanto os membros da equipe multiprofissional como os integrantes da Organização da Sociedade Civil parceira terão suas funções definidas para que o referido trabalho tenha um resultado satisfatório.

De acordo com (BRASIL,2010) dentre os fatores associados à não adesão à terapia antirretroviral, são identificadas variáveis sociodemográficas

( p. ex. escolaridade e renda), relacionadas com a vulnerabilidade ao HIV/Aids (p.

ex. estresse psicológico, expectativa de autoeficácia, utilização de drogas licitas e ilícitas, disfunção neuro-cognitiva) relacionadas ao acesso aos serviços de saúde (p.

ex. não ser aderente às consultas de acompanhamento, número de serviços de saúde em contato) e relacionadas ao acompanhamento clínico e laboratorial (p. ex.

percepção ou presença de efeitos colaterais e percepção da severidade dos sintomas, complexidade do regime terapêutico, compreensão inadequada do tratamento, dúvidas quanto à efetividade da TARV, relato prévio de não-adesão, maior tempo entre o resultado de sorologia positiva para o HIV e a primeira prescrição de ARV).

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A importância da qualidade da atenção ao paciente para a adesão terapêutica fica evidente no estudo de Nemes e colaboradores (NEMES et al., 2000). Entre os fatores preditivos da não adesão ligados aos serviços de saúde, os autores encontraram tratar-se de um serviço com mais de 100 pacientes e falta de regularidade às consultas de acompanhamento. Esses resultados demonstram os benefícios que podem advir do acesso a uma equipe multidisciplinar e a serviços de referência para o HIV/Aids, para o incremento e manutenção de níveis ótimos de adesão.

No Centro de Referência em questão existe uma quantidade de pacientes com HIV/Aids muito acima da desejada para que se faça um acompanhamento eficiente. São 1.472 pessoas vivendo com HIV/aids onde temos apenas 01 médico de referência, este fato reforça a importância desse projeto de intervenção envolvendo a equipe multiprofissional. Importante ressaltar que 50% desses pacientes residem no município onde funciona o centro e os outros 50% em municípios circunvizinhos, sendo este um fator que também dificulta o acesso do paciente comprometendo a sua adesão.

Para iniciar do projeto será feita uma reunião com toda a equipe multiprofissional do Centro de Referência e com membros da Organização da Sociedade Civil parceira para apresentação da proposta. No inicio do trabalho será preciso fazer um levantamento via SICLOM dos pacientes considerados em abandono e, para isso, seguiremos o parâmetro usado pelo Ministério da Saúde que considera o período de 90 dias sem retirada de medicamento como um indício de abandono. Também será feito o acesso ao SIMC- Sistema de Monitoramento Clinico visando identificar os casos de pacientes com diagnóstico recente e que ainda não iniciaram o tratamento. Esse levantamento será feito pela equipe da UDM- Unidade Dispensadora de Medicamento que irá fornecer a relação dos pacientes acompanhado da data de última retirada do medicamento e, no caso dos pacientes que ainda não iniciaram, a data do diagnostico.

Com este material em mãos será feita uma divisão do trabalho e cada membro da equipe multiprofissional ficará responsável em fazer a busca de uma determinada quantidade de pacientes, sendo necessário que se façam reuniões frequentes com a equipe para avaliar e buscar estratégias que visem facilitar esta busca ativa.

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Inicialmente o contato será feito via telefone onde o profissional ao ligar para o paciente tentará estabelecer uma relação de confiança fazendo com que o mesmo retorne ao Centro de Referência buscando o profissional que fez o contato. Para que o processo não seja interrompido todos os profissionais, devem se imbuir da proposta, inclusive aqueles que são responsáveis pela recepção aos pacientes, de forma a facilitar o acesso deste paciente à pessoa que fez o contato e, caso esta não se encontre no momento direcionar o paciente a outro membro da equipe multiprofissional. Os/as pacientes em que a equipe não consiga o contato via telefone, este deverá proceder com uma visita domiciliar.

No primeiro contato do paciente o profissional deverá buscar os motivos que o levou a abandonar o tratamento, pois, como vimos este abandono vem acompanhado de vários fatores. É importante que todos os fatores sejam considerados e o profissional deve buscar junto com o paciente a melhor forma de minimizar as dificuldades que impedem uma boa adesão. Neste momento o profissional deverá fazer encaminhamentos para os outros profissionais que se façam necessários, pois diante da dificuldade citada este/esta paciente pode estar precisando de uma atuação mais próxima com alguns desses profissionais (psicóloga, assistente social, farmacêutica, médico e enfermeiras) que atuam na equipe.

O/a paciente deve sair deste primeiro contato com a certeza de que pode contar com a equipe no momento de fragilidade e que pense em interromper o tratamento.

É importante que nesse momento o/a profissional veja o prontuário do/da paciente observando quando foi realizada a última consulta médica e os últimos exames de CD4 e Carga Viral para que, se necessário, os mesmos sejam agendados. Faz-se necessário que todos os pacientes que forem atendidos pelos membros da equipe multiprofissional saiam com consulta médica agendada para que o profissional faça a devida prescrição e assim dar continuidade ao esquema já utilizado ou proceder a mudança de esquema ARV de acordo com as queixas do/da paciente. Para obtenção de um resultado mais positivo é importante que esta consulta seja acompanhada pelo profissional que fez o primeiro contato ou que o mesmo leve a situação para o médico antes do atendimento. Dessa forma este profissional já terá conhecimento da situação e fará sua intervenção com conhecimento das causas que levaram o/a paciente a abandonar o tratamento.

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Para que se tenha um resultado positivo da intervenção faz-se necessário que a equipe não emita juízo de valor e julgamentos prévios à respeito do abandono.

Deve-se ter em mente que o objetivo será alcançado quando a equipe conseguir resgatar neste primeiro momento o maior número possível de pacientes. Para isso esses pacientes, deverão continuar com o contato direto com a equipe multiprofissional.

Neste processo de estímulo à adesão não se pode deixar de considerar a valorização da autonomia da PVHA e a garantia da participação deste paciente na elaboração do seu esquema de TARV, o processo deve ocorrer com o/a paciente e não apenas para o/a mesmo/mesma. Também é importante ressaltar que a adesão não é uma característica das pessoas, mas um processo, em que a pessoa não “ é aderente”, mas “está aderente”, exigindo contínuo acompanhamento.

A atuação do movimento social será muito importante nesse projeto, pois, as instituições possuem cadastro dos pacientes que são assistidos pela mesma nas suas necessidades sócio-econômicas com realização de campanhas e já realizam encontros frequentes com estes pacientes para discussão de temas diversos. A equipe multiprofissional poderá atuar nesses encontros levando a questão da importância da adesão, sobre a visão dos diversos profissionais envolvidos. O movimento social também poderá ajudar na busca ativa dos pacientes com maior dificuldade de contato e/ou resistência e que a instituição já tenha um contato.

As instituições fornecerão um calendário das reuniões que acontecem na sede das organizações e, no primeiro contato o profissional apresentará para o paciente a existência dos grupos, as datas das reuniões e poderá estimular esses pacientes a participarem destas reuniões como uma forma de reforçar a importância de conhecer outras pessoas vivendo na sua mesma situação sorológica, o que pode aumentar a chance de uma melhor adesão.

A abordagem da adesão em grupos é um prática em saúde que se fundamenta no trabalho coletivo, na interação e no diálogo. Tem caráter informativo, reflexivo e de suporte. Sua finalidade é identificar dificuldades, discutir possibilidades e encontrar soluções adequadas para problemas individuais e/ou coletivos, que estejam dificultando a adesão ao tratamento (BASIL, 2007).

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4.3. Fragilidades e oportunidades

Para a realização do Projeto de Intervenção no Centro de Referência em Prevenção, Assistência e Tratamento- CERPAT, podemos apontar como fragilidades as seguintes situações:

 Dificuldade de acesso, principalmente dos pacientes residentes em outros municípios.

 Baixa escolaridade, tornando-se difícil o entendimento sobre as ações dos medicamentos no organismo.

 Pacientes usuário de álcool e outras drogas.

 Prescrição do medicamento sem a discussão com o paciente, fazendo com que o mesmo não se perceba protagonista do seu tratamento.

 Falta de um acompanhamento integral do/da paciente após o inicio do esquema.

 Desinformação da equipe a respeito do tempo de abandono do paciente.

 Falta de integração do/da paciente com a equipe multidisciplinar atribuída ao numero pequeno de profissionais para a quantidade de pacientes.

 Pacientes que se encontram em situação de rua e que não tem local para armazenar seus medicamentos.

Mesmo havendo as fragilidades citadas não podemos deixar de destacar as seguintes oportunidades:

 Equipe multiprofissional sensível, envolvida e aberta a propostas que visem um melhor acompanhamento.

 Contato próximo com os municípios que fazem o encaminhamento ao Centro de Referência.

 Proximidade entre o Centro de Referência e as Organizações da Sociedade Civil que já realizam ações em parceria.

 Recurso do Incentivo às Ações de IST/Aids e Hepatites Virais disponíveis no município onde encontra-se o Centro de Referência.

4.4. Processo de avaliação

O processo de avaliação será feito de forma continua, onde, por meio das reuniões frequentes será feito levantamento da quantidade de pacientes envolvidos

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na ação e quantos deles retornaram ou iniciaram o tratamento. Não podemos perder de vista, porém, que a adesão, por não ser uma ação fixa precisa ser monitorada com frequência.

Dessa forma faz-se necessário que a equipe da UDM faça o acompanhamento mensal desses pacientes observando a retirada do medicamento mensalmente. Caso observe-se durante o processo que o/a paciente está em falha na dispensação a equipe voltará a entrar em contato para uma segunda intervenção, ou quantas se fizer necessário.

Também será possível fazer uma avaliação pela presença ou não dos pacientes no trabalho de grupo realizado pela instituição parceira que informará a equipe sobre a frequência nos encontros realizados. A instituição também buscará ser um elo entre o paciente e a equipe multidisciplinar quando perceber que há algo que possa impedir essa boa relação.

Neste processo é importante que o/a paciente entenda a organização como uma parceira no seu tratamento sem perder de vista que é responsabilidade da equipe multiprofissional atender às suas demandas no que se refere à sua assistência.

5. Considerações finais

Os estudos recentes vêm demonstrando a redução do risco de transmissão do vírus HIV, correlacionado com a carga viral indetectável, e também apontam para a necessidade de que as politicas de enfrentamento à epidemia tanto a nível nacional quanto a nível local, aprimorem cada vez mais a qualidade na atenção, promovendo entre outros benefícios, melhora na adesão à terapia.

O sucesso do tratamento para a Aids depende, portanto, de um conjunto de fatores; entre eles, o tratamento antirretroviral e a adesão ao tratamento, que, acontecendo em consonância, permitem uma resposta adequada à terapia, com indetecção da carga viral, melhoria da qualidade de vida das PVHA, retomada dos projetos de vida e relações sociais afetivas e familiares mais satisfatórias.

Dessa forma esse projeto de intervenção buscará uma melhoria na qualidade do atendimento ao paciente com HIV/Aids, sendo necessário um esforço conjunto da equipe multiprofissional do Centro de Referência e envolverá também Organizações da Sociedade Civil para que os objetivos sejam alcançados. Para que se obtenha

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um resultado positivo da intervenção será necessária uma avaliação constante durante o processo como forma de readaptação das estratégias e, se necessário, planejamento de novas estratégias visando atingir os objetivos propostos.

Para que os objetivos propostos sejam alcançados será necessários buscar minimizar as fragilidades citadas neste trabalho como fatores que dificultam a adesão.

Em relação a dificuldade de acesso de pacientes de outros municípios será necessário um contato direto com esses municípios para que os mesmos tenham conhecimento da necessidade de facilitar esse acesso dos pacientes ao Centro de Referência. Quanto a dificuldade de entendimento da terapia devido a baixa escolaridade do paciente, será necessários buscar orientá-los com uma abordagem que consiga fazer com que esta paciente seja inserido no seu próprio tratamento.

No caso de pacientes usuários de álcool outras drogas a equipe deverá fazer o encaminhamento para acompanhamento em unidades de referência que trabalhem com este público.

A partir deste trabalho é importante que todo esquema a ser adotado pelo paciente seja discutido com ele, citando os efeitos adversos dos medicamentos, mas mostrando também a importância de permanecer em uso dos ARV para sua qualidade de vida, sendo necessário um acompanhamento integral deste paciente para que a equipe não o perca de vista. Para isso e equipe deve se planejar para estabelecer horários e dias para este atendimento aos pacientes que irão integrar o Projeto de Intervenção.

Uma outra dificuldade apresentada foi em relação aos pacientes que se encontram em situação de rua e que não tem local para armazenar seus medicamentos. Essa situação pode ser resolvida com um contato direto com unidades de saúde que ficam abertas 24 horas no município e que podem dar esse suporte ao paciente para o armazenamento do seu medicamento.

Importante salientar que o projeto será avaliado ao final de 12 meses de execução, porém, pretende-se que se torne uma ação continua do Centro de Referência e que as ações sejam incorporadas ao protocolo de atendimento da equipe multiprofissional do Centro de Referência em Prevenção, Assistência e Tratamento.

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Referências

BASTOS, F. I. Aids na terceira década. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Diretrizes para o fortalecimento das ações de adesão ao tratamento para pessoas que vivem com HIV e Aids. Brasília, 2007.

________. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Adesão ao Tratamento antirretroviral no Brasil:

Coletânea de estudos do Projeto Atar. Brasília, 2010.

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Instrução Normativa nº 1.626, de 10 de julho de 2007. Regulamenta os procedimentos e condutas para a abordagem consentida a usuários que

procuram os serviços de saúde com vistas a realizar testes de HIV e outras DST, bem como aos que não comparecem ao tratamento já em curso. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 11 jul. 2007c. Disponível em:

<http://bvsms.saude. gov.br/bvs/ saudelegis/gm/2007/in1626_10_07_2007.html>.

HAYNES, R. B.; TAYLOR, D. W.; SACKETT, D. L. Compliance in health care. Baltimore, MD: Johns Hopkins University Press, 1979.

MARINS, J. R. et al. Dramatic improvement in survival among adult Brazilian AIDS patients. AIDS, [S.l.], v. 17, p. 1675-1682, 2003.

NEMES, M. I. B. et al. Aderência ao tratamento anti-retroviral em AIDS: revisão da literatura médica. In: TEIXEIRA, P. R. et al. Tá difícil de engolir? Experiências de adesão ao tratamento anti-retroviral em São Paulo. São Paulo: Nepaids, 2000. p. 5- 25.

PARKER, R.; CAMARGO, J. R.; KENNETH, R. Pobreza e HIV/Aids: aspectos

antropológicos e sociológicos. Cadernos de Saúde Pública, [S.l.], v. 16, n.1, p. 89-102, 2000.

PATERSON, D. et al. Adherence to protease inhibitor therapy and outcomes in patients with HIV infection. Annals Int. Med.,[S.l.], v.133, n.1, p. 21-30, 2000.

PHILLIPS, A. N. et.al. Collaborative Group on HIV Drug Resistance; UK CHIC Study Group.

AIDS, [S.l.], v. 19, n. 5, p. 487-494.

RUSSEL, C. K. et al. Factors that influence the medication decision making of persons with HIV/aids: a taxonomic exploration. Journal of the Association of Nurses in AIDS Care, [S.l.], v.14, n. 4, p. 46-60, 2003.

SMITH, R. Adherence to antiretroviral HIV drugs: how many doses can you miss before resistance emerges? Proc. R. Soc. B., [S.l.], B 273, p. 617-24, 2004.

TULDRÀ, A ; WU, A. W. Interventions toimprove adherence to antiretroviral therapy.

Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes, [S.l.], p.154-157, 2002. Suppl 3.

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Apêndices Orçamento

Neste projeto de intervenção não será feito levantamento financeiro visto ser uma ação a ser realizada no cotidiano dentro do atendimento no Centro de Referência, onde será feita uma mobilização com a equipe multiprofissional já existente. Dessa forma não demandará custos adicionais pelo fato do centro já ter uma equipe formada.

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Cronograma do Projeto de Intervenção

FASE DO PROJETO DE INTERVENÇÃO MÊS

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Reunião com a equipe do Centro de Referência e da organização parceira para apresentação do projeto.

X

Levantamento de pacientes em abandono e pacientes sem inicio de TARV pelos profissionais da UDM.

X

Contato com os/as pacientes para

agendamento das consultas. X X X X X X X X X X

Realização das consultas e encaminhamentos X X X X X X X X X X Realização dos encontros com membros das

Organizações da Sociedade Civil. X X X X X X X X X X

Reuniões com membros da equipe para

reordenamento das ações X X X X X X X X X X

Levantamento dos casos em que houve intervenção e situação atual após os 12 meses de acompanhamento.

X

Referências

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