UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CAMILA PERNAMBUCO COSTA
RESSACA DE MACAPÁ-AP E AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE.
SÃO PAULO
2019
RESSACA DE MACAPÁ-AP E AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE.
Dissertação de mestrado apresentado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial para obtenção do grau de Mestra em Arquitetura e Urbanismo.
Orientadora: Profa. Dra. Gilda Collet Bruna
SÃO PAULO
2019
Dedico este trabalho aos meus pais Jacinta de
Fátima e Francisco de Assis que são exemplos de
perseverança e fé.
Primeiramente agradeço a Santíssima Trindade que ilumina nossas vidas e nos abençoa com a vossa infinita misericórdia e a Nossa Senhora de Fátima por interceder a Deus por nós.
A minha família que sempre proporcionou e incentivou meus estudos.
A professora Dra. Gilda Collet Bruna que aceitou o desafio de me orientar e por acreditar no meu potencial, compartilhando sua sabedoria.
Enfim, agradeço a todos os amigos, colegas e pessoas que fizeram parte desta etapa
importante da minha vida.
alagados pela maré e chuvas que atuam com funções de controle do clima local, drenagem das águas pluviais e fluviais e servem de abrigo para uma rica biodiversidade. Estas áreas de ressaca são prejudicadas pelas ações antrópicas que avançam formando a malha urbana de maneira desordenada. Esta dissertação objetiva abordar acerca das dinâmicas espaciais perante as áreas de ressaca da cidade de Macapá que são ações de ocupação, que causam danos ambientais, diante das desigualdades urbanas, presentes desde a formação territorial e abordando-as segundo as dimensões da sustentabilidade. Analisando os principais aspectos sociais, culturais, econômicos, legislativos e estruturais presentes nas interfaces das ocupações das áreas de ressaca, para compreensão das ações espaciais, utilizando como base analítica os indicadores de sustentabilidade, para compreender o processo evolutivo das ocupações de ressacas macapaenses. Assim como abordar o termo “ressaca”, verificando as situações regionais, utilizando como método a análise comparativa a ressaca Lagoa dos Índios e a ressaca Tacacá, por meio de indicadores de sustentabilidade, e assim colaborar para futuras elaborações de normativas para gestão urbano-ambiental.
Palavras-chave: Áreas de ressaca; Indicadores de sustentabilidade; Macapá.
tidal and rains that act as local climate control, drainage of rain and river waters and serve as a shelter for rich biodiversity. These ressaca areas are hampered by anthropic actions that advance forming the urban fabric in a disorderly manner. This dissertation aims to address the spatial dynamics of the ressaca areas of the city of Macapá, which are occupational actions that cause environmental damage, given the urban inequalities present since the territorial formation and addressing them according to the dimensions of sustainability. Analyzing the main social, cultural, economic, legislative and structural aspects present in the interfaces of occupations of ressaca areas, to understand the spatial actions, using as an analytical basis the sustainability indicators, to understand the evolutionary process of occupations of ressacas Macapaenses. As well as addressing the term “ressaca”, verifying regional situations, using as a method the comparative analysis the ressaca Lagoa dos Índios and the ressaca Tacacá through sustainability indicators, and thus collaborate for future elaboration of regulations for urban-environmental management.
key words: Ressaca areas; Sustainability Indicators; Macapá.
Figura 2- Diagrama ilustrativo das áreas de terras inundáveis de planície quaternária costeira da região urbana de Santana e Macapá, limitadas para o interior pelas terras firmes do
cerrado...18
Figura 3- Quadro de inundações das ressacas...19
Figura 4- Imagem videográfica mostrando parte da ressaca Chico Dias, na parte central...24
Figura 5- As pontes da ressaca Chico Dias...25
Figura 6- Descarte de lixo nas ressacas de Macapá...25
Figura 7- Fluxograma metodológico...27
Figura 8- S etorização urbana de Macapá...29
Figura 9- Mapa localização Macapá...30
Figura 10- Expansão da malha urbana de Macapá 1943 a 2014...31
Figura 11- Vila Serra do Navio...34
Figura 12- Vila Amazonas em Santana...34
Figura 13- Taxa de urbanização no Estado do Amapá - 1950/2000...38
Figura 14- Esquema das leis nas áreas de ressaca...39
Figura 15- Delimitação das áreas de ressaca na área urbana de Macapá e Santana...43
Figura 16- Objetivos de Desenvolvimento do Milênio...56
Figura 17- Transição dos objetivos de Desenvolvimento do Milênio para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável...57
Figura 18- Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030...59
Figura 21- Mapa das áreas de ressaca urbanas da cidade de Macapá...62
Figura 22- Mapa das ressacas de Macapá...66
Figura 23- Mapa: Evolução urbana de Macapá, elaborado pela Fundação João Pinheiro em 1973...67
Figura 24- Mapa da evolução urbana de Macapá, com marcação da ressaca Lagoa dos Índios...70
Figura 25- Ressaca Lagoa dos Índios...71
Figura 26- Ressaca Lagoa dos Índios...71
Figura 27- Mapa da evolução urbana de Macapá, com marcação da ressaca Tacacá...72
Figura 28- Carta temática da ressaca Lagoa dos Índios...72
Figura 29- Carta temática da ressaca Tacacá...74
Figura 30- Proporção de domicílios em áreas de ressacas com esgotamento sanitário através da rede geral de esgoto...75
Figura 31- Águas residuais provenientes das atividades do Iapen, lançado diretamente no solo...76
Figura 32- Proporção de domicílios em áreas de ressacas com esgotamento sanitário através da rede geral de esgoto...77
Figura 33- Instalação sanitária inadequada utilizada pelos moradores na ressaca Tacacá – Macapá...78
Figura 34- Precariedade da instalação sanitária na ressaca Tacacá...80
Figura 35- Precariedade da instalação sanitária na ressaca Tacacá...80
Figura 37- Instalações elétricas na Lagoa dos Índios...82
Figura 38- Precariedade da instalação elétrica na ressaca Tacacá...83
Figura 39- Lixo encontrado no córrego da ressaca...84
Figura 40- Lixo encontrado na margem da ressaca...84
Figura 41- Canalização do córrego da ressaca Lagoa dos Índios...86
Figura 42- Ressaca Lagoa dos Índios sendo aterrada...87
Figura 43- Placa da obra de duplicação da rodovia na ressaca Lagoa dos Índios...87
Figura 44- Acessibilidade no entorno da ressaca Lagoa dos Índios...88
Figura 45- Ruas no entorno da ressaca Lagoa dos Índios...88
Figura 46- Precariedade das vias de circulação e acessibilidade na ressaca Tacacá...89
Figura 47- Comunidade da vila Lagoa dos Índios...90
Figura 48: Mapa de densidade populacional nas áreas de ressacas de Macapá e Santana...90
Figura 49- Placa da obra de duplicação da rodovia na ressaca Lagoa dos Índios...91
Figura 50- Mapa de densidade populacional nas áreas de ressacas de Macapá e Santana...93
Figura 51- Ruas no entorno da ressaca Lagoa dos Índios...94
Figura 52- Mapa de disponibilidade de serviços públicos na ressaca Tacacá e no seu entorno...95
Figura 53- Remoção de argila na ressaca Tacacá...96
Figura 54- Ruas no entorno da ressaca Lagoa dos Índios...97
Figura 57- Mapa deriva urbana ressaca Lagoa dos Índios...108
Figura 58- Mapa deriva urbana ressaca Tacacá...110
Gráfico 2- Gráfico do Índice de Saneamento Básico (IPSB)...79
Gráfico 3- Gráfico do Índice Parcial de Infraestrutura Habitacional (IPE)...92
Gráfico 4- Gráfico do Índice Parcial de Saúde (IPS)...100
Gráfico 5- Gráfico do Índice Parcial de Organização Social (IPOS)...101
Gráfico 6- 10- Gráfico do Índice Parcial de Atividades Econômicas (IPAE)...102
Tabela 2- Distribuição espacial das ressacas em porcentagem...73
Tabela 3- Destino de Dejetos Humanos nos domicílios das áreas de ressaca...79
Tabela 4- Formas de abastecimento de Água...81
Tabela 5- Formas de abastecimento de água, tipos de uso domiciliar e formas de armazenamento de água nas ressacas...82
Tabela 6- Energia elétrica em áreas de ressacas nos municípios de Macapá e Santana...83
Tabela 7- Destino dos resíduos... ...85
Tabela 8- Ocupações nas ressacas de Macapá...91
Tabela 9- Estágios de ocupação das margens das áreas úmidas de Macapá – situação 2000...95
Tabela 10- Participação dos moradores residente nas ressacas em Organização Social...100
Tabela 11- Alfabetização nas ressacas...103
Tabela 12- Média de anos de estudo...103
Tabela 15- Tabela de comparação dos dados das ressacas...104
Permanente.
APP- Área de Proteção Permanente.
CEA-Companhia de Eletricidade do Amapá.
DNPM- Departamento Nacional de Produção Mineral.
HIV- Human Immunodeficiency Virus.
IAPEN - Instituto de Administração Penitenciária.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geoprocessamento e Estatística.
ICOMI- Indústria e Comércio de Minérios S. A.
IEPA- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
INBS- Instituto Brasileiro de Sustentabilidade.
IPOS- Índice Parcial de Organização Social.
IQV- Índice de Qualidade de Vida.
MMA - Ministério do Meio Ambiente ONG- Organização Não Governamental.
ODM- Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
ONU- Organização das Nações Unidas.
PD- Plano diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Macapá.
PNUMA-Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
RAAE- Relatório de Avaliação Ambiental Estratégico.
UNICEF- United Nations Children's Fund.
ZEEU- Zoneamento Ecológico e Econômico Urbano das áreas de ressaca de Macapá e
Santana.
CAPÍTULO 1 ... 29
1. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE RESSACA ... 29
1.1 Formação urbana macapaense e seus aspectos culturais e sociais ... 29
1.2 Legislação ... 39
CAPÍTULO 2 ... 48
2. DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE ... 48
2.1 Caracterização das dimensões da sustentabilidade ... 48
2.1.1 Dimensão urbana ... 62
2.1.2 Dimensão ambiental ... 63
2.1.3 Dimensão socioeconômica ... 64
CAPÍTULO 3 ... 66
3. AS ÁREAS DE RESSACA DE MACAPÁ SEGUNDO AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE ... 66
3.1. Ressaca lagoa dos índios e a ressaca Tacacá ... 69
3.1.1 Dimensão urbana ... 75
3.1.2 Dimensão ambiental ... 94
3.1.3 Dimensão socioeconômica ... 98
CONSIDERAÇÕES FINAIS...112
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 114
INTRODUÇÃO
As áreas de ressaca são ecossistemas presentes na paisagem urbana da cidade de Macapá, mas a conscientização ecológica da importância destes espaços encontra-se, em sua maioria, restrita à comunidade cientifica. Desta forma, associado à ineficiência de políticas adequadas para uso do solo urbano, carência de planejamento na ocupação territorial, omissão dos agentes políticas e proteção das áreas de interesse dos governantes e empresários, estes territórios tornam-se frágeis em meio das ações antrópicas voltadas para o desenvolvimento urbano desenfreado da cidade (HERONDINO FILHO, 2011).
Com estas ações, regendo o planejamento, fácil acesso e baixo custo, grande parcela da população migratória, construiu e ainda constrói suas moradias em lugares humanamente inadequados, por não possuírem infraestrutura e saneamento básico, assim como a irregularidade quanto ao acesso à terra. No caso da cidade de Macapá, as áreas de ressaca são os alvos desta apropriação desordenada do espaço (PORTILHO, 2010).
Áreas de ressaca é uma designação regional que correspondem aos terrenos alagados e que são áreas de várzea 1 , ou seja, periodicamente inundáveis, que constituem uma parcela do cenário urbano da cidade de Macapá, além de em sua estrutura física abrigar uma rica fauna e flora, são influenciadas pelas marés e regime de águas pluviais.
Considerando a existência de ocupação de diversos pontos das áreas de ressaca, estas devem ser entendidas não apenas na sua estrutura física, que por si não consegue dar conta da complexidade de realidades ali existentes, mas como espaços sociais, como fruto da dinâmica das relações desiguais estabelecidas na sociedade (PORTILHO 2010. P. 2).
São ecossistemas alagados que possuem intensa presença na paisagem da capital amapaense. A relevância ambiental e até mesmo cultural desta é deixada de lado em meio à intensificação do processo de desenvolvimento urbano, que ocorreu principalmente em meados dos anos 1980, com o aumento do fluxo migratório para a região, fato este que proporcionou a ocupação irregular nestas que são classificadas como APP- Área de Proteção Permanente. Esta situação de ocupação irregular das áreas de ressaca, possui reverberação até a atualidade devido à incapacidade de articulação de ferramentas de gestão e regularização do
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