• Nenhum resultado encontrado

“O que será que será, que tá dentro da gente e que não devia, que desacata a gente, que é revelia, que é feito uma aguardente que não sacia.”

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "“O que será que será, que tá dentro da gente e que não devia, que desacata a gente, que é revelia, que é feito uma aguardente que não sacia.” "

Copied!
99
0
0

Texto

(1)

1

1. A

FEIÇÃO AOS ESTRANHOS

, P

HILOXÉNIAS

“O que será que será, que tá dentro da gente e que não devia, que desacata a gente, que é revelia, que é feito uma aguardente que não sacia.”

(Chico Buarque)

A

MAR QUEM NÃO CONHECEMOS

,

A

MAR O SER HUMANO APENAS PELA SUA HUMANIDADE

, A

MAR SEM ESPERAR A RECOMPENSA

,

A

MAR EM SI JÁ É O PAGAMENTO

.

ENSINO O QUE SOU (NÃO O QUE PENSO)

Eu queria ter ensinado o perdão, - eu ensinei a exigência.

Queria ter ensinado a compreensão, - eu ensinei a cobrança.

Queria ter deixado uma lição de humanidade,

- eu deixei uma lição de que o trabalho é mais importante.

Desejei, do fundo coração,

- ter deixado um exemplo de aceitação da diferença, - deixei um exemplo de desconfiança.

Sou guiado pelos instintos cegos e puros.

AO DIZER O QUE EU PENSO, EU ME EXPONHO.

Expor-me, causa-me dor.

- dor de ser descoberto nas minhas fraquezas.

Expor-me causa-me ansiedade em ser mal compreendido.

Ao dizer o que eu sinto, eu me fragmento.

Dou de mim, multiplico-me.

Será que há uma só maneira de eu ser compreendido?

A compreensão que eu posso fazer de mim é quase impossível.

Revelo-me nas palavras,

O que eu não consigo revelar nemnos gestos nem nos atos.

Ao dizer o que a minha natureza me induz, Eu me liberto de mim (e me prendo no outro).

Sou guiado pelos instintos cegos e puros.

Não tenho forças para domá-los,

(2)

2

Nem sabedoria suficiente para administrá-los.

Ao dizer o que eu sou, eu me transformo!

2. A

FEIÇÃO NATURAL

, S

TORGÉ

“Eu preparo uma canção, em que minha mãe se reconheça, todas as mães se reconheçam”.

(Milton Nascimento e Carlos Drummond de Andrade)

A

MAR SEM ESFORÇO

,

A

MAR NO DIA A DIA

,

NA ROTINA

,

T

ER UMA AFEIÇÃO ETERNA CORRENDO NAS VEIAS

.

CANTO AO VÍCIO DE TE QUERER!

Depois que me viciei em amar, não me foi mais possível viver!

Viciei-me no cheiro que deixas no travesseiro.

(O que é um vício? Quando queremos realmente alguém significa que não po- demos viver sem ela? Quando sabemos que amamos? Envenena-nos o amor ou será que somos nós quem o envenenamos? Como o mundo penetra em nosso eu? Para que serve o nosso corpo? Por que está tão distante de nós a delicadeza? Em que circunstâncias nos é permitido romper os nossos gri- lhões?)

VICIEI-ME DA TUA PRESENÇA.

Preciso do teu corpo ao meu lado, para que a minha insônia seja tran- quila.

Viciei-me no cheiro que deixas no travesseiro.

Quando a tua ausência é compulsória, é no teu odor na cama que eu encontro descanso.

Viciei-me na delicadeza do teu silêncio.

As palavras são inúteis quando tens o corpo inteiro para te comunicar.

Viciei-me em quase acordar para desejar tua lucidez.

(As roupas são apenas máscaras que encobrem tua pele terna e mendi- cante de carícias e afagos),

Viciei-me em me chamares por um nome que somente eu entendo!

3. A

FEIÇÃO PELA HUMANIDADE

, P

HILANTHROPÍA

“Um dia joguem minhas cinzas na corrente desse rio, e plantem meu adubo na semente de meu filho, cuidem bem de minha esposa.”

(Nelson Ângelo e Milton Nascimento)

(3)

3

A

MAR O OUTRO POR VER NELE O NOSSO REFLEXO

, A

MAR A NOSSA HUMANIDADE NO OUTRO

,

A

MAR O QUE NOS TORNAMOS QUANDO AMAMOS O OUTRO

.

NÃO PENSES QUE TE QUERO MAL, Nem penses que quero mudar a tua vida.

Não imagines que eu tenha todas as respostas,

Nem que em mim repouse algum pensamento de ser melhor que al- guém.

NÓS TEMOS AS MESMAS DORES.

Temos os mesmos sonhos, e os mesmos amores.

Desejamos o mesmo céu límpido,

E a mesma estrela da manhã nascendo em nossas vidas.

Bebemos no mesmo copo a sensação desta vida efêmera.

Engolimos as mesmas lágrimas de solidão E de um querer tão intenso, que nos paralisa.

Não imagines que eu tenha todas as respostas.

Não penses que eu quero mudar o teu coração.

Quando eu era menino, sempre sonhei ter este poder.

Hoje, eu, quase homem, quero apenas aconchegar-me num canto vazio desta casa pequena que levas dentro de ti para onde quer que vás.

Quero apenas saber do teu sorriso livre de quem na vida aprendeu a rir de seus próprios erros.

Quero levar o teu rosto comigo como quem leva as lembranças dos tempos de criança que nos socorre por dentro, quando o adulto por fora padece.

Não penses que te quero magoar,

Nem que a minha vida seja um modelo para alguém imitar.

Tenho passeado por meio de monstros, e de medos e de todo tipo de erros.

Tenho vivido do jeito que aprendi.

Guardo por vezes arrependimentos fúteis.

Quantas vezes me arrependi das palavras ditas (e das não ditas), dos abraços dados (e dos guardados), do amor vivido (e do reprimido), do beijo molhado (e do que ficou para amanhã).

Não imagines que eu tenha todas as respostas.

Não penses que eu quis te ensinar qualquer coisa sobre a vida.

Eu ainda sou um aprendiz, analfabeto de tantas emoções, sentimentos,

e verdades.

(4)

4

Não tenho todas as respostas do mundo, nem quero tê-las – muitas delas são inúteis.

Tu és para mim ainda a menina que eu vi passar com um sorriso tão lin- do que parecia não haver infelicidade no mundo.

Tu és para mim ainda a menina, onde a vida se enfeitava toda ara brin- car de boneca e de amarelinha.

Eu quero apenas que não percas a meninice, a terna menina que mora dentro de ti, e quando me vê, corre livre, de braços abertos, sonhando com um beijo do menino que eu sempre serei para ti.

4. A

FEIÇÃO POR UM IRMÃO

, P

HILADELPHIA

“Se um dia você for embora, não pense em mim, que eu não te quero meu, eu te quero seu.”

(Danilo Caymmi e Ana Terra)

O

AMOR QUE NASCE DA CARNE

,

QUE CORRE NAS VEIAS

,

A

AFEIÇÃO QUE NASCE JUNTO COM O NOSSO CORAÇÃO

, A

AFEIÇÃO QUE NÃO MORRE NUNCA

.

PARADOXO Não fujo de ti...

Fujo dos teus olhos radiantes, do teu coração desvalido...

FUJO DA TUA PELE – teus poros respiram um ar que se entranha pelo meu corpo, faz sofrer meu coração.

Fujo dos teus cabelos, do raio de sol, do calor que eles transmitem.

Fujo da tua amizade, que aos poucos me consumiria, revelaria o que meus olhos já não podem conter, tornaria transparente essa partícula de semente que teu olhar depositou no meu.

Não, eu nunca fugiria de ti – correria o risco de me encontrar com a tristeza, ou poderia cair nas garras da saudade, e, então, se tornaria muito mais difícil fugir de ti.

Não, eu não cometeria essa insensatez de fugir de ti.

Eu simplesmente fujo de mim.

Fugir do amanhã, do ser, do viver, do estar presente.

Fugir, não pelo medo, mas por ter coragem, por ter a vontade de alcan- çar, de sobrepujar, o desconhecido.

Fugir pelas entranhas da pele, da suavidade de sentir o amanhecer, por encon- trar nele a possibilidade de respirar por mais um dia.

Se eu fugisse do sol, renunciaria a luz.

(5)

5

Se eu abandonasse o amor, sacrificaria a eternidade.

Se eu me escondesse do ser humano, seria suicídio.

Se me evadisse a própria substância de me sentir amado, então me aco- lheria o nada.

Eu simplesmente fujo de mim.

Eu não fujo...

Eu me escondo, para adquirir força, para refletir sobre o viver, sobre o imenso e inesquecível segundo contido no ato de amar – amar o sonho que resplande- ce; amar a vida que é promessa, que é esperança; amar alguém, de quem eu fujo, e que me mostra que assim como estou fugindo, esta direção a faz che- gar-se mais perto de mim.

5. A

LEGRIA DE AMAR

“Um fogo queimou dentro de mim, que não tem mais jeito de se apagar, nem mesmo com toda a água do mar”.

(Joyce e Maurício Maestro)

A

LEGRIA INESGOTÁVEL QUE VEM DO MAIS PROFUNDO EM NÓS

, A

LEGRIA QUE NASCE DOS GESTOS MAIS SIMPLES

, S

ATISFAÇÃO DE SER DONO DAS MINHAS AFEIÇÕES

.

AMAR, SIMPLESMENTE

Não é preciso dizer palavras difíceis para dizer que amamos.

A declaração de amor é algo que vem do fundo do peito, que precisa ser sincera antes de ser bonita, antes de ser erudita, antes mesmo de ser profunda.

‘EU AMO’: Nada substitui esta frase.

Ela é plena.

Não precisa de explicação.

Não necessita de enigmas.

Não se faz necessárias filosofias complexas.

‘Eu quero você’: É simples, mas precisa ser verdadeira; é completa no seu de- sejo, mas necessita ser real, sem manipulações, sem intenções ocultas.

‘O homem necessita ser amado; a mulher precisa ser amada; todo ser humano precisa (e busca) amar e ser amado’.

Eu quero você...

Não preciso de mais palavras, nem encontro nenhuma que espelhe com

mais veracidade o que sinto, o que penso.

(6)

6

Posso te dar rosas, talvez chocolate, ou alguns cartões.

Posso te levar para passear, me dá de presente para ti.

Precisas saber o quanto te quero.

Gosto da tua companhia, e isso é tudo.

Gosto da tua amizade, me protege da minha carência, faz com que eu me sinta importante.

Eu poderia audaciosamente tentar te escrever um soneto, mas não quero.

Para mim, basta que saibas o que eu sinto, como eu te quero!

Te quero como mulher...

Te querer é desejar tudo o que há em ti.

Te querer é assumir o meu ser sentimentalista, dizer que eu tenho pro- fundas emoções, que eu construo fúteis fantasias.

Eu não sou o teu Príncipe Encantado.

Na verdade, eu nunca quis ser um Príncipe (muito menos encantado).

Eu estou muito bem como um ser humano.

Eu amo como um ser humano medíocre.

Tenho desejos banais como um ser humano comum.

Eu sou uma pessoa qualquer.

Só quero que saibas que eu te quero.

Esta é a maior verdade que há em mim.

Se quiseres duvidar, também podes.

Somente o implacável tempo pode provar o que eu digo.

Te querer é desejar tudo o que há em ti.

Te quero com todas as tuas singularidades...

Não és a pessoa mais maravilhosa do mundo (eu mentiria se dissesse isso).

Eu nunca procurei a pessoa mais maravilhosa do mundo.

Eu somente quero alguém que me queira.

E, mesmo que não me queiras, não tem problema, eu continuo te que- rendo.

(Eu também tenho a minha parte masoquista).

Eis o sentimento mais sincero que eu posso te dar: Meu querer!

Eu quero você, como eu quero a mim na tua carne, como eu quero ser deseja- do por ti, como eu quero ser imensamente feliz (e você acha isso muito banal?)

6. A

MIZADE

, P

HILIA

“O que foi feito amigo de tudo o que agente sonhou, o que foi feito da vida, o que foi feito do amor”.

(Milton Nascimento e Fernando Brant)

A

MOR DAS ESCOLHAS

,

DA CONQUISTA

,

(7)

7

A

MOR SEM NENHUMA INTENÇÃO OCULTA

, A

MOR MAIOR DE TODOS OS AMORES

.

PARA SER FELIZ

É preciso muito amor para ser feliz.

Amor da espécie mais refinada.

Amor da maneira mais ousada.

É preciso muita dor para aprender a ser feliz.

PARA SER FELIZ É PRECISO ACEITAR A INFELICIDADE.

É necessário compreender que a dor faz parte do dia a dia; que as dificuldades não são insolúveis, que as pessoas são diferentes e nem por isso são piores, ou inimigas, ou falsas.

Para ser feliz é preciso aprender a ultrapassar a dor.

Para ser feliz é preciso aceitar a tristeza, o desânimo, as decepções – inclusive consigo mesmo.

É necessário compreender que o mundo não é um mar de rosas, tam- bém pode não ser um mar de espinhos, que nunca agradaremos a to- dos, que sempre seremos criticados.

Não somos semideuses.

Para ser feliz é preciso entender a própria humanidade, e muito mais, perceber o que significa ser humano e não máquina; é necessário olhar de cabeça er- guida para os nossos próprios erros e fracassos, e acreditar que podemos nos tornar vencedores – mesmo que tenhamos de aprender através de muitas der- rotas.

Para ser feliz é preciso muita humildade, especialmente para discernir a dife- rença entre sabedoria e conhecimento, para visualizar o outro como alguém capaz de nos ensinar, capaz de nos acolher, capaz de ferir, capaz de ser nosso amigo íntimo.

Para ser feliz é preciso aprender a ultrapassar a dor, a tristeza, a depressão, a solidão, os conflitos – que nascem e podem ser resolvidos no amadurecimento de cada relacionamento íntimo.

Para ser feliz é preciso desejar sê-lo.

Lutar bravamente para sê-lo.

(8)

8

E, mesmo que tudo, absolutamente tudo esteja errado, acreditar que um dia seremos felizes – se não desistirmos, se não abrirmos mão de nosso direito a felicidade.

7. A

MOR RUDE

“Uma menina me ensinou, quase tudo que eu sei, era quase escravidão, ela me tratava como um rei.”

(Renato Russo, Bonfá, Dado, Ouro-Preto)

A

MOR CHEIO DE MEDOS

,

A

MOR COM DEFESAS

,

ACUADO

, A

MOR SEM CARINHO

,

SEM GENTILEZA

.

EU

Estou cansado desse amor que não é amor.

Há quanto tempo que o espelho não me mostra a pessoa que eu queria ver?

HÁ QUANTO TEMPO EU NÃO SOU EU?

Há quanto tempo que meu ser me consome sem me dar paz, a procura de algo que eu não sei o que é?

Há quanto tempo que eu uso as palavras como máscaras para me esconder de mim mesmo?

Em algum lugar do caminho eu me perdi de mim.

Me vejo a usar os passos que restam para encontrar as verdades que eu despejei enquanto caminhava.

Em algum lugar de mim estou eu.

É proibido viver o que eu vivi (se alguém ousar viver o que eu tentei viver, por certo enlouquecerá).

Eu me escondo atrás dos meus pensamentos, da minha erudição super- ficial, do meu conhecimento.

Meus amigos quando falam de mim parecem falar de outra pessoa.

Os meus sonhos para alguns se tornaram uma incômoda doença.

Minhas palavras foram desconsideradas.

Eu me vi caminhando sem caminhar, chorando sem chorar, amando sem amar.

Todos querem me conhecer muito mais do que eu me conheço: Todos querem ter soluções para os meus problemas, bem mais fáceis do que as minhas.

Pergunto-me: Como podem me conhecer se não conhecem a si mesmos?

(9)

9

Como podem resolver as minhas dificuldades se não sabem resolver as suas?

Há quanto tempo que eu uso as palavras como máscaras para me es- conder de mim mesmo?

Sem querer eu rio – o riso é a minha terapia.

Sem querer eu me sinto feliz – a felicidade é a minha obsessão.

Sem querer eu vivo intensamente – viver é a minha maneira saudável de ser louco.

Sem querer enlouqueço – apaixono-me novamente pela mulher já tão exausti- vamente amada.

8. A

MOR ABNEGADO

“Eu quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida.”

(Frejat e Cazuza)

A

MAR SEM PENSAR EM MIM

,

A

MAR POR PENSAR EM NÓS

, A

MAR POR AMAR SIMPLESMENTE

.

EU, PARTE DOIS

Eu sei que não sou totalmente bom, nem plenamente justo, nem absolutamen- te amigo.

Percebi que o conhecimento não é tudo, que o sucesso não é tudo, que o mundo não é tudo, que nem sempre é de suma importância estar cer- to, que eu não sou tudo.

EU ME ALIMENTO DA VIDA NUA E CRUA, SEM ALEGORIAS.

Compreendi que viver é que me faz feliz, não as minhas conquistas – e as pes- soas continuam a me cobrar por novas vitórias.

E, eu quero apenas viver...

Entendi que eu faço parte do povo humilde, simples, da terra comum a todos – e as pessoas continuam a julgar o meu progresso pelas minhas propriedades.

Discerni que me aperfeiçoar como ser humano é o que me realiza – e as pes- soas continuam a exigir que eu vivesse em função do meu trabalho (como um computador que só tem utilidade quando é capaz de acumular dados).

Eu não quero acumular dados – quero e preciso acumular amigos.

Eu não necessito acumular bens.

(10)

10

Eu me alimento da vida nua e crua, sem alegorias.

Respiro o meu ser livre, despoluído.

Acredito no ser que busca a sabedoria.

Não creio no meu ser – quando quer ser o maior, o melhor, o superior.

Minha casa é meu refúgio – não a minha ostentação.

Minha mulher é minha amante – não o meu objeto.

Meus amigos são meus companheiros – não seres que eu uso em benefício pessoal (para fugir da solidão).

Eu falava dos meus sonhos, e ninguém ouvia – não acreditava em mim.

Um dia meus sonhos se tornaram realidade.

Eu me tornei uma realidade...

Agora eu fico mudo (os incrédulos são os que falam por mim)...

9. A

MOR ALTRUÍSTA

“Tire suas mãos de mim, eu não pertenço a você, não é me dominando assim, que você vai me entender.”

(Renato Russo, Dado e Bonfá)

A

MAR PARA TIRAR O MELHOR DO OUTRO

, A

MAR PARA O BEM DO OUTRO

, A

MAR SEM NUNCA PENSAR EM MIM

.

NUNCA MAIS VOCÊ

O amor passa correndo em nossas vidas.

DIFICILMENTE NOS CONCEDE MUITAS CHANCES PARA VALORIZÁ-LO – a não ser mais adiante, quando não nos é mais permitido reviver o que passou despercebido.

Ele é imponente, em alguns momentos, inflexível, quase invencível.

Quando penetra profundo na pele, deixa marcas, cicatrizes, que o tempo as tornará pedaços imensos de nós, e nós, mesmo assim, nunca desistimos de amar...

Sem você, nunca mais serei eu – eu me perdi...

Nunca mais serei seduzido por teus cabelos rebeldes, nem me sentirei envolvi- do por tua ternura.

Nunca mais a tristeza será a minha, nem as tuas vitórias serão a causa da minha alegria.

Nunca mais amadurecerei com a tua ajuda...

(11)

11

Nunca mais ficarás parada na minha frente, esperando que eu te busque, que eu te toque.

Nem te encontrarei desprotegida para os meus carinhos.

Há mais do que a distância entre nós, há angústia, amargura, decepção pelo o que poderíamos ter sido um ao outro e não fomos...

Sem você, nunca mais serei eu – eu me perdi...

Te perdi como se perde uma fantasia.

Fugiste do alcance do meu olhar antes que eu te tivesse aprisionado o coração...

Nunca mais você, nem mais eu.

Nunca mais nos tocaremos distraídos no olhar, nem nos permitiremos desfrutar do íntimo ser que o outro guarda na sua tez.

Nunca mais haverá um por do sol igual ao nosso, nem uma gaivota co- mo a que admiramos.

Sem você, nunca mais serei eu – eu me perdi...

10. A

MOR ANSIOSO

“Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou, mas te- nho muito tempo, temos todo o tempo do mundo”.

(Renato Russo)

A

MOR DESESPERADO

,

QUE ANULA O PRESENTE

, A

MOR DAS ESPERAS QUE NÃO ACABAM NUNCA

, A

MOR QUE NUNCA SE REALIZA

.

A DOCE SENSAÇÃO DE SER FELIZ

O pôr-do-sol extravasa pelas entranhas a sublime sensação de ser pleno em viver...

Deixar-se traspassar pelo sol quando este se despede é absorver a suavidade do acalanto do ato de fecundação;

É embebecer-se da quietude plena do silêncio das palavras;

É orgulhar-se de ter um coração que sente, que arde, que se fere, que dói no peito, que é feito raio de sol, intenso e colorido,

É feito arco-íris – belo e saudoso.

Permitir-se envolver pela plenitude da beleza da vida, Presente na fragilidade de um instante de ternura.

Afeiçoar-se pela transparência do que é real, do que realmente é (e que

precisa realizar-se),

(12)

12

Tornar-se fecundo no próprio ato de nascer.

Não se perde o que se permite habitar em nossas entranhas.

O que é superficial o tempo leva, desfaz, destrói.

Não se acha o que na verdade não se tem, Nem se descobre o que na realidade não existe.

Ser pleno na vida é ver isso...

É ver o pôr-do-sol de madrugada, O luar em dia de sol.

É não precisar sonhar para viver

- e tornar assim o sonho tão imprescindível.

O que é superficial o tempo leva, desfaz, destrói.

Doce pássaro da manhã...

Que canta quando está triste, E faz silêncio quando regozija.

Doce lírio do coração humano, que não permite ao vento lhe derrotar, nem as pragas lhe consumir.

Doce vida presente no segundo fantástico do ato de viver, que germina na veia uma mania de ser eterno.

11. A

MOR AO MUNDO

“De tarde quero descansar, chegar até a praia, ver se o vento ainda está forte, e vai ser bom subir nas pedras.”

(Renato Russo, Bonfá e Dado)

A

MOR POR TUDO O QUE VEMOS

,

A

MOR AS SENSAÇÕES DO OLHAR

,

A

MAR O QUE VEMOS

,

O QUE SENTIMOS NA PELE

.

NÃO HÁ MOTIVOS PARA NÃO SORRIR Existe um sorriso.

Um único sorriso que quando dado com sinceridade é capaz de abrir as portas do mais protegido coração!

...Existem guerras. Existe fome. Existe miséria. Existe traição. Existe fal-

sidade. Existe decepção. Mas, também, existem amigos. Existem so-

nhos. Existe a vida. Existe o amor. Existe a alegria!

(13)

13

SE CHORAMOS É PORQUE EXISTE UM MOTIVO.

Se, às vezes, nos desesperamos, é porque existe razão para o desespe- ro.

Não queremos pensar que vivemos em um mundo que não existe.

Nem queremos imaginar que somos felizes, se não formos.

As razões para sorrirmos são mais fortes do que para chorarmos.

Isto não quer dizer que não possuímos razões fortes para sorrir, nem que es- tamos entregue ao mais absoluto abandono, a mais inexpugnável prisão do sofrimento.

Não! Eu posso estar triste – mas nunca me deixarei ser triste.

Não! Eu posso estar infeliz – mas nunca me permitirei vencer definitiva- mente pela infelicidade crônica.

A maior prova de que existe amor é porque estamos vivos:

Sem amor não há vida!

As razões para sorrirmos são mais fortes do que para chorarmos.

Existe felicidade!

Não estamos condenados a morrer sem esperança.

Existe amor!

Não estamos condenados a morrer abandonados, flagelados pela dor.

Existe humanidade!

Não estamos condenados a sermos tragados pela máquina, pela rotina, pelo consumismo selvagem.

Nós, pelo menos, ainda temos a nós mesmos.

Nós temos um coração

- para sentir, amar, emocionar-se, apaixonar-se, enamorar-se pela vida.

Nós temos uma razão

- para pensar, refletir, meditar e concluir que definitivamente não há motivos para não sorrir!

12. A

MOR AOS ESTRANHOS

, X

ÉNOS

“Cidade de amor e ventura, que tem mais doçura, que uma ilusão.”

(Noel Rosa)

A

MOR POR TODOS NÓS AO MESMO TEMPO

, A

MOR PELO DESCONHECIDO

,

A

MAR O QUE NUNCA PODERÁ SER COMPREENDIDO

.

(14)

14

VÍCIO DE TE QUERER, Depoimentos...

Enveneno-me em ti, mulher, às vezes amarga, mas sempre reanimadora...

Viciei-me em ti.

Meu corpo tornou-se dependente da tua carne.

O prazer tornou-se veneno na minha carne fresca, quase virgem, desa- costumada dos hormônios da vida.

O AMOR É UM VENENO QUE PENETRA PELO CORPO INTEIRO.

Delicadamente, ele rompe a barreira da pele.

Contagia a veia.

Enfraquece a força da tristeza.

Torna-se enorme, surpreendente.

Toma conta de todos os espaços vazios.

Vira vício!

Explode com as incertezas, com o status, com a pose, com a posse.

O amor fortifica-se como uma raiz, que lentamente, através de carinho.

Vai arraigando-se na terra até transformar-se em gente, em mania, em virtude.

Vício de te querer, pensamentos...

Minhas manias são pontos no teu corpo.

Sou maníaco por depositar em ti o meu querer.

Tenho necessidade de ti, de te receber impunemente, como cúmplice das mi- nhas fantasias, como cobaia das minhas teorias de querer vivenciar o ato de amar como uma ilimitada extensão do ato de viver, do ato de querer.

Necessito amanhecer em ti todos os dias da minha vida.

- És cúmplice das minhas tolices, e eu da tua sabedoria!

Tenho vício de te querer, de revelar para ti mesma a menina-mulher que és.

Tenho mania de provar do teu ser impetuoso, da tua ingênua sagacida- de, de experimentar as larvas da tua alma, da nascente inebriante do teu espírito.

Sou o cobaia do teu amanhã:

Sacrifico a minha vida para viver a tua!

Necessito amanhecer em ti todos os dias da minha vida.

(15)

15

- És mulher.

Eu ainda tenho casulos.

Estou em processo da aprendizagem.

Preciso me envolver pelos teus sonhos, Me proteger nas tuas asas,

Me encontrar nos teus desencontros.

- Desencontro-me comigo mesmo cada vez que penso que me encontrei!

Tenho saudade do cheiro da tua pele, Do gosto de mar do teu corpo,

Da tua garra felina – de quem assume ser mulher.

Tenho sede da menina que te transformas no meu braço,

Do teu cabelo molhado de suor do cansaço de tanto amar.

- Estou cansado.

Possuo um cansaço que reanima.

Cansar-se faz parte do meu vôo solo.

Vôo que eu faço unicamente com as tuas asas!

13. A

MOR APRENDIZ

“Viver e não ter a vergonha de ser feliz, amar, e amar, e amar, a beleza de ser um eterno aprendiz.”

(Gonzaguinha)

A

MOR MADURO QUE SE TRANSFORMA NA CONVIVÊNCIA

, A

MOR QUE APRENDE DO OUTRO

,

A

MOR QUE SE DESCONSTRÓI

.

TORNEI VOCÊ MULHER (EM MIM) Os desejos da carne são cruéis

- são correntes que conduzem a juventude a uma rua sem saída.

UM HOMEM É MUITO POUCO.

‘Um homem torna-se homem, não nasce homem’.

Materializa-se na carne de uma mulher

- no seu ser íntimo, nas suas dimensões espirituais, na sua atitude de ser humano.

Um homem torna-se homem

- quando se dá ao direito de contribuir para que uma mulher se torne,

sem receio, cada dia mais mulher.

(16)

16

Um homem é muito pouco.

Você se tornou mulher nos meus braços.

Aflorou a sede do seu espírito para a sua carne, através da minha carne.

Bebeu, embriagou-se de mim.

Provou dos meus medos - das minhas inseguranças.

Inebriou o meu ser dos desejos - loucos, insensatos, proibidos.

Tornei você real: Você não existia antes de mim. Caminhava entre sorrisos, amigos, com encontrar-se com o seu corpo. Você ainda adormecia quando te toquei na carne – quando te despertei do teu mundo preto e branco.

- Te desvirginei das tuas fantasias descoloridas.

Te desvirginei dos teus fantasmas – aqueles que te acordavam a noite e não mostravam a sua face.

Te desvirginei do teu medo de sonhar, de soltar a tua imaginação temendo en- louquecer, temendo as dores de ser feliz.

Te desvirginei e tu te descobriste virgem para o amanhã, para o medíocre, para o que acorrenta, o que não deixa desabrochar...

Você me tornou homem.

Eu nasci homem quando tornei você mulher.

14. A

MOR AUTOCONFIANTE

“Solidão é lava que cobre tudo, amargura em minha boca.”

(Paulinho da Viola)

A

MAR COM A CERTEZA DE QUE SERÁ AMADO

, A

MAR SEM PROCURAR AS SOBRAS

, A

MAR QUE ACEITA NÃO SER AMADO

.

PEDAÇOS DE MIM, PEDAÇOS DE NÓS Rejuvenescer a cada manhã é preciso:

- Para não nos entregarmos ao desespero, para acreditarmos que a tempestade passará, para desafiar a dor com o nosso melhor sorriso, para olhar para as estrelas e nunca esquecer que sempre haverá luz na escuridão, para se gastar em prol das saudáveis fantasias (lembrando que é somente na realidade que os sonhos se realizam).

É somente na realidade que os sonhos se realizam!

(17)

17

Em cada amor encontrado na vida, depositamos um pedaço de nosso ser, e ao juntarmos esses fragmentos é que crescemos, é que desabrochamos para a vida.

Cada ato de amor é ato de fecundação, de comunhão, de doação.

Nossos pedaços são sementes, são embriões que nos fazem nascer junto a cada poço de paixão, onde vamos buscar a nós mesmos quando nos perde- mos de nossa própria vida.

Nossos pedaços ficam impregnados em cada esquina, em cada banco de co- légio, em cada ruga no nosso rosto.

Somos milhões, divididos em milhões de pedaços, e cada vez que nos conhecemos menos sabemos quem nós somos.

Nos dividimos para nos reencontrar, para nos traduzir para nós mesmos, e pa- ra nos proteger das tempestades em alto mar.

Nossos corações estão repletos de pedaços de nossos amigos, de nossas pai- xões (e até mesmo de nossos amores platônicos), que passam sem tocar a nossa pele, mas tocam o nosso ser, nossa alma carente.

Nossos corações estão repletos de cicatrizes, que se tornam solo fértil, onde nascem as flores que nos ensinam que a vida é bela, se nós for- mos belos.

Há um pedaço de cada ser humano em todos nós.

Somos da mesma espécie, somos gente, somos irmãos.

Precisamos do outro para amar e para sorrir, para desenvolver nosso espírito inquieto.

Há um pedaço de mar na nossa boca, onde as gaivotas vão buscar ali- mento, onde o ser amado se abriga de sua sede, de nossas palavras.

Pedaços de nós ficaram desprezados no passado, estão nos esperando no futuro, e nos dão vida no presente.

15. A

MOR BANAL

“Se ela me deixou, a dor é minha só, não é de mais ninguém.”

(Marisa Monte e Arnaldo Antunes)

A

MOR SEM GRANDES AVENTURAS

,

A

MOR DA SOLIDÃO E DO SILÊNCIO

,

A

MAR DO QUERER ESTAR JUNTOS SOMENTE

.

PRÓLOGO DE MIM

- de quem eu queria ter sido (e nunca fui)

(18)

18

A vida é um pedaço de mim.

O mundo tem um pedaço de mim.

O ser amado tem o melhor pedaço de mim.

SER JOVEM É COMO GUARDAR UM TESOURO.

Cada pedaço que brota do fundo d’alma:

Mesmo que seja a ilusão – ele será de proveito para nos alertar a outros desenganos;

Mesmo que seja um amor platônico – dele ficará o carinho de um olhar furtivamente capturado que diminuirá a nossa dureza.

Pedaços da minha juventude ficarão sempre depositados em cada fantasia, em cada gargalhada escrachada!

Há pedaços de mim que eu mesmo não conheço, outros que eu conhe- ço até demais.

Eu sou um pedaço de cada livro que eu li, de cada mulher que eu amei, de ca- da boca que eu beijei, de cada amigo com quem eu compartilhei a minha vida.

Eu sou um pedaço dos sonhos do ser amado – às vezes um pedaço de suas decepções.

Trago em mim pedaços da criança que eu fui, do amante que eu desejo ser, do homem que eu me esforço, que eu me empenho para que amadureça em mim.

Há pedaços de mim que causam dor, outros que causam prazer.

Há pedaços que causam afeição, outros que causam ódio; uns que pro- vocam fascínio, outros que provocam desenganos.

Há pedaços de mim que eu mesmo não conheço, outros que eu conhe- ço até demais.

Não podemos fugir dos nossos pedaços, nem nos esquecermos inusitadamen- te em alguma lata de lixo; eles nos perseguem, nos atormentam, nos lembram o quanto somos fracos, o quanto somos carentes, o quanto somos tolos, o quanto somos frágeis humanos.

Amamos todos os nossos pedaços, todos os amores que passaram (mesmo os que não nos amaram).

Amamos nossas emoções, nossos sonhos; são pedaços de nós queren- do se materializar, querendo transbordar, desejando se tornar uma só carne com outros pedaços que não nos pertencem, que estão deposita- dos em outros corações, em outros corpos, em outros olhos.

Há pedaços de mim que causam dor, outros que causam prazer.

Ah! Maravilhosos pedaços de mim, inusitados amores que fazem parte de mim.

(19)

19

Eu nunca me conheceria por inteiro se não conhecesse os pedaços mais amados de mim.

Unir os pedaços de mim me faz descobrir o quebra-cabeça de quem eu sou por inteiro!

16. A

MOR BASEADO EM PRINCÍPIOS

, Á

GAPE

“Quando tudo está perdido, sempre existe um caminho, quando tudo está per- dido, sempre existe uma luz.”

(Renato Russo)

A

MAR COM RAZÃO E COM EMOÇÃO

, A

MAR COM AS VERDADES

, A

MAR COMO UMA ESCOLHA

.

PRECISO SER LOUCO

Ser jovem é enlouquecer por querer mudar o mundo inteiro em um único dia!

Se loucura é desejar tua companhia nas vitórias e nas derrotas.

Se loucura é te querer sempre ao meu lado, é sentir saudades a todo momento que estou longe de ti...

Se loucura é desejar tua companhia nas vitórias e nas derrotas; é te achar linda de qualquer maneira...

Se loucura é fazer tudo pensando em te agradar; é gostar de me emaranhar nos teus cabelos...

Se loucura é esquecer-se do mundo quando estou contigo; ou se é chorar de alegria intimamente quando me chamas com carinho...

Se loucura é adoecer quando não estou contigo; quando a espera da tua che- gada paralisa todo o meu ser...

Se loucura é esquecer-se de mim, e tornar meus os teus desejos mais loucos e íntimos...

Então, revelem ao mundo que eu enlouqueci!

17. A

MOR BENIGNO

, K

HRESTÓTES

“Perto de você me calo, tudo penso e nada falo, tenho medo de chorar.”

(Noel Rosa)

(20)

20

A

MOR COM BONDADE

,

COM TODO O DOCE DA VIDA

, A

MOR COM PERSEVERANÇA

,

A

MOR QUE ESPERA PELO MELHOR DO OUTRO

.

FAÇO CÁLCULO COM O CORAÇÃO As emoções são os meus maiores lucros.

Para que o espírito não envelheça, nem a luz da manhã escureça, não é preciso tornar fresca a carne, basta não endurecer o coração!

O sentimento, qualquer que seja ele, é o que eu busco em cada relacionamen- to humano.

Do sorriso, não quero apenas a alegria, quero também o sarcasmo, a ironia, i cinismo.

Da alegria, não quero somente a euforia, busco incessantemente a lá- grima, a fantasia de ser feliz.

Do coração, não aceito unicamente a satisfação, enriqueço-me com as dores da angústia, com o seu vazio inexplicável, com seus sonhos im- possíveis.

Para que o espírito não envelheça, nem a luz da manhã escureça, não é preciso tornar fresca a carne, basta não endurecer o coração!

Para mim, não basta olhar nem decifrar o mundo, anseio senti-lo, percebê-lo em mim como um único ato de amor cúmplice, de amor compartilhado.

Na minha vida não há perdas nem ganhos, nem fracassos nem vitórias, há apenas um pulsar, uma doce lição.

Para que o espírito não envelheça, nem a luz da manhã escureça, não é preciso tornar fresca a carne, basta não endurecer o coração!

Não raciocino com números, faço cálculos com emoções.

Meu lucro é ser amado, é ser acariciado sem limites de tempo, de espa- ço, de pedaços.

Não raciocínio com a mente.

Com a mente, eu sonho, fantasio, crio realidades, futuros possíveis, ce- nários.

Eu raciocino melhor com o coração!

18. A

MOR BONDOSO

“Se não mandei você embora, enfim foi porque me faltou a coragem.”

(21)

21

(Ismael Silva e Noel Rosa)

A

MAR SEM EXIGÊNCIAS

,

NEM CONDIÇÕES

, A

MOR SEM COBRANÇAS

,

A

MOR COM ACEITAÇÃO

.

FAÇO CÁLCULOS COM AS EMOÇÕES

Na minha juventude eu quis conquistar o mundo, e me esqueci de conquistar a mim mesmo.

Eu quis amar um amor eterno, e perdi as oportunidades de aprender a amar os amores banais – que com o tempo pode transformar o comum em quase eter- nidade.

Quis conquistar outras terras, e não pude manter a que já me pertencia.

Tive muito medo de crescer, e perdi o prazer de ver a semente se tornar fruto.

Eu quis conquistar o mundo, e me esqueci de conquistar a mim mesmo.

Busco a emoção que se encontra escondida atrás das trincheiras erguidas pe- las cicatrizes, pelas decepções, pelas dores das traições.

Estudo estratégias para possuir um olhar para mim.

Estabeleço táticas para acorrentar algum coração partido.

Estudo as poses, os gestos, os modos de quem ama, de quem quer amar, de quem quer se dá para mim.

Não me importa o que dizem os números.

Quero saber o que dizem as afeições!

Cultivo em mim um olhar singelo para cativar os olhares que passam por mim sedentos de emoção.

Cultivo em minha pele um calor ardente, daquele que acaba com o mais intenso frio da solidão.

Não quero ver corações abandonados, nem sorrisos apagados.

Não quero ver homens milionários.

Quero ver seres humanos felizes!

Eu quis conquistar o mundo, e me esqueci de conquistar a mim mesmo.

Sedentos de emoções estão os meus lábios e o meu espírito.

Emoções que só cabe aos fortes abrigar.

Emoções cheias de fervor, de asas de fogo, que queimam, que incen- deiam (sem deixar marcas).

Deixam sede, e fome de viver.

(22)

22

Sedento de emoção está o meu corpo – que não quer ser meu, quer ser truci- dado por um corpo de mulher (especialmente aquela minha que tem alma de menina).

Não uso máquinas para fazer cálculos.

Uso o coração, a minha alma aventureira, o meu espírito inquieto, o meu corpo guerreiro – que nunca desiste mesmo diante da dor.

Eu quis conquistar o mundo, e me esqueci de conquistar a mim mesmo.

Faço cálculos com o meu maldito coração, sem usar a razão (na verdade, em mim, a razão é loucura).

Sou louco porque quero ser feliz, quero um amor talvez eterno, quero amigos eternos e verdadeiros.

Não preciso raciocinar, preciso amar com o coração!

19. A

MOR CAFEÍNADO

“Quando vem rompendo o dia, eu me levanto começo logo a cantar.”

(Babú da Portela e Jamelão)

A

MOR QUE PRECISA DE ESTÍMULOS

,

A

MAR COM INTENSIDADE

,

QUASE PAIXÃO

, A

MAR DESARRAZOADAMENTE

.

INTENÇÕES

Fazem parte das intenções de um jovem:

Um amor sincero e eterno, mudar o mundo (se não for possível, pelo menos os seu particular), provar para os incrédulos que a fantasia é possível!

Quando jovem eu amei todas as mulheres desejáveis do mundo.

Nos meus delírios, eu as fiz se sentirem amadas, desejadas, satisfeitas.

Cavalgava em um cavalo alado como o último Príncipe Encantado da face da terra.

Provar para os incrédulos que a fantasia é possível!

Procuro em tudo o que escrevo chegar a me conhecer melhor.

Chegar a compreender (ou pelo menos aceitar um pouco mais) os in- compreensíveis fatos, chegar à eternidade.

Procuro em todas as minhas palavras, alçar um vôo em busca da liberdade.

Alcançar um lugar tranquilo.

(23)

23

Voar para além do horizonte para ter forças para enfrentar a realidade.

Procuro descobrir novas formas de dizer coisas comuns.

Procuro encontrar a paz!

E dentro do meu coração redescobrir as palavras esquecidas.

Reencontrar os sentimentos perdidos.

Procuro em tudo o que eu escrevo, ser o mais sincero possível.

Falar das emoções que emergem do fundo do coração.

Procuro eternizar o momento de prazer, e tornar inesquecível o pequeno ato que passa despercebido.

Procuro em tudo o que escrevo tocar bem fundo nas pessoas, profundamente nos seus corações.

Fazendo os lembrar de que ainda precisamos acreditar e lutar sempre (até que chegue a vitória).

Provar para os incrédulos que a fantasia é possível!

Procuro plantar uma semente em um coração aberto.

Fazer alguém chorar de emoção.

Fazer as pessoas perceberem que precisamos plantar para colher, que não é com brigas que se constrói a paz.

Procuro nunca perder a esperança.

Nunca deixar de sorrir, nunca se esquecer de sentir saudades.

Eu procuro em tudo o que escrevo, simplesmente, ser gente!

A maior vontade de um jovem é possuir asas como as de um pássaro.

Para poder voar acima dos lugares comuns.

Para poder sonhar que algum dia todos terão asas e ascenderão quais águias sábias e generosas.

20. A

MOR CIUMENTO

“Quem um dia irá dizer, que existe razão, nas coisas feitas pelo coração, e quem irá dizer, que não existe razão?”

(Renato Russo)

A

MOR QUE ANSEIA TUDO PARA SI

,

A

MOR SEM LIBERDADE

,

QUASE PRISÃO

, A

MOR CHEIO DE NORMAS

,

DE CICATRIZES

, A

MOR QUE ABRE FERIDAS PROFUNDAS

.

QUE NUNCA PASSEM OS DESEJOS,

AS VIVÊNCIAS E AS INTENSÕES!

(24)

24

Procurar pela vida é o único meio de encontra-la!

Onde está o amigo da infância perdida?

Onde está o colo rejeitado que nos deixava seguro?

Onde está o ser humano tão belo que seria capaz de mudar o mundo?

Onde está aquela nave estrelar que nos levaria a um lugar onde não existi- ria o fracasso, o erro, a dívida?

Onde está a paz que me disseram que quando eu crescesse eu a alcança- ria?

Procurar pela vida é o único meio de encontra-la!

Que nunca passem os depoimentos de viver!

Procuro amar a mulher desejada para lhe dar o sossego de se sentir segura de que é realmente amada (então por que a mulher loucamente amada está sem- pre inquieta e insegura?)

Procuro escutar o amigo como um criado mudo, um servo cuja única utilidade é ser ouvinte de desabafos juvenis (então por que o amigo está sempre solitá- rio?)

Procuro tranquilizar o coração dos meus pais, mostrar-lhes que sempre deram de si o melhor (então por que todo o fracasso meu, eles guardam a culpa para si?)

21. A

MOR CLANDESTINO

“Mudaram as estações, nada mudou, mas eu sei que alguma coisa aconteceu.”

(Renato Russo)

A

MOR QUASE ROUBADO

,

A

MOR DESCABIDO

,

QUE VIOLA A RAZÃO

, A

MOR DESVALIDO

,

QUE VIOLA AS LEIS

, A

MOR SEM SENTIDO

.

FELICIDADE

Felicidade de não sei o quê!

Pouca coisa é necessária para a felicidade.

Basta conservar viva a criança que sempre seremos!

Faça da sua vida um lugar tranquilo para morar.

Aceite a dor e o sofrimento como uma valiosa lição.

Abra os braços (e abrace até mesmo seus inimigos).

Dê seu sorriso para quem já não sabe sorrir.

(25)

25

Dê sua lágrima para quem tem vergonha de chorar.

Caminhe com confiança no futuro.

Enfrente todos os problemas (nunca se deixando abater).

Auxilie quem está no chão.

Ensine a viver e amar a vida aquele que já se esqueceu de viver.

Mostre seu entusiasmo para todos os desesperados.

Quando vir alguém chorando, não enxugue as lágrimas com um lenço (elas poderão voltar).

Enxugue as lágrimas com algumas palavras de carinho – só assim elas pode- rão se tornar alegria.

Perdoe a pior das ofensas, e procure (em momento algum) ofender alguém.

Seja humilde em todos os seus atos.

Saiba também pedir perdão – o perdão é uma forma de amor e a humildade só pertence a quem é gente!

Seja como uma árvore que dá sombra aos que estão cansados, que dá frutos aos famintos e que nunca cobra nada!

Seja como um pássaro que, mesmo depois de morto, as pessoas ainda lem- brarão o seu canto.

Triste ou alegre – seja você mesmo!

Tenha muita fé – uma fé que aceite a dor e a alegria.

Procure dar sempre carinho.

Seja um amigo verdadeiro para que todos possam gostar de ficar ao seu lado.

Seja um amigo que aceita o erro dos outros, que procura sempre compreender as pessoas, que procura sempre agir com carinho e afeição.

Acima de tudo, seja um ser humano.

Não se deixe envolver pela rotina.

Não se torne uma máquina.

Acredite no amor, que ele se tornará verdadeiro.

Lute pela sua paz interior – que ela será real no seu coração.

Fale sempre com sinceridade.

Deixe que todos vejam o brilho dos seus olhos (mesmo que eles estejam chei- os de lágrimas).

Faça da sua vida um Paraíso.

Faça amigos das pessoas que vivem ao seu redor.

Faça do seu coração um lugar de abrigo.

Faça de você mesmo: Gente!

Procure fazer da sua vida um mundo de esperança – somente assim poderá dizer: Eu sou feliz!

22. A

MOR COBAIA

“Queremos saber, o que vão fazer, com as novas invenções, queremos notí- cias mais séria.”

(Gilberto Gil)

(26)

26

A

MOR QUE APRENDE JUNTO

,

QUASE JUVENIL

, A

MOR SEM EXPERIÊNCIAS NEM VERDADES

, A

MOR QUE SE AVENTURA

,

QUE EXPERIMENTA

, Q

UE DESCOBRE NOVAS FORMAS DE AMAR

.

FELICIDADE, PARTE DOIS

A juventude é um vôo breve, rápido e fugaz.

Para manter este vôo é preciso amadurecer, sem perder a fantasia.

É preciso crescer sem abandonar nossas brincadeiras favoritas.

Tornar-se um adulto que não tem medo de sorrir com receio de ser ridículo.

Para permanecer neste vôo, necessita-se manter a curiosidade por aprender coisas novas (sem abandonar as antigas – que valeram a pena ser vividas).

A felicidade é um lugar (ou uma situação) de alforria.

Para ser feliz é preciso se livrar de nossos traumas maiores, dos rancores que ocupam o lugar da afeição, da decepção que causou tanta mágoa – já amare- lou (e nem percebemos isso).

Para ser feliz é imperativo se livrar de preconceitos, que nos mantém presos a um mundo de correntes.

Somente a liberdade é o alicerce sólido para uma felicidade madura.

Olhe para os outros.

Veja que são apenas seres humanos, imperfeitos, crianças eternas – então, terá a possibilidade de começar a ser feliz.

Havia um ser humano que a procura de si mesmo viajou o mundo inteiro. De- pois resolveu acumular muito bens. Em outra tentativa, tentou isolar-se do mundo. Concluiu que era impossível ser feliz. Desistiu, então, de suas buscas.

Um dia resolveu olhar para os outros, e viu dentro de si mesmo o quanto isso o tornara feliz!

23. A

MOR COM GRAÇA

, K

HÁRIS

“Quem sabe eu ‘inda sou uma garotinha, esperando o ônibus da escola, sozi- nha.”

(Cazuza e Frejat)

A

MOR ADOCICADO

,

CHEIO DE DELICADEZA

, A

MOR DAS PALAVRAS ESCOLHIDAS

, A

MOR QUE NÃO CHOCA NEM VIOLENTA

.

COISAS DO CORAÇÃO - Vivências do coração.

O coração humano é cheio de peripécias.

Quando queremos que ele endureça, torna-se sensível demais.

(27)

27

Quando lhe pedimos para que ame, se fecha todo dentro de si mesmo – como uma ostra.

Foge das oportunidades de amar (para depois reclamar da solidão).

Esconde lá no fundo de si mesmo, as suas belezas profundamente humanas.

É preciso acreditar nas pérolas escondidas, para escancarar o coração.

Depoimentos do coração:

- Possuo um coração vadio, instável, livre (que não consegue conviver com correntes e amaras).

- Possuo um coração criança (que se alegra com o mais breve gesto de afei- ção).

Quanto tempo eu sonhei com outro coração que convencesse o meu tímido, a mostrar as suas pérolas ocultas.

Por favor, tragam-me um coração amigo para fazer o meu brilhar!

Meu coração sou eu...

24. A

MOR COM PUDOR

“Trocando em miúdos, pode guardar as sobras de tudo que chamam lar, as sombras de tudo que somos nós, as marcas de amor nos nossos lençóis, as nossas melhores lembranças.”

(Chico Buarque e Francis Hime)

A

MOR COM TIMIDEZ

,

Q

UE SE LIMITA

,

QUASE DESAMOR

, A

MOR COM TRAUMAS

,

Q

UE NÃO ARRISCA

,

NEM SE DESCOBRE

.

COISAS DAS CICATRIZES

Um coração jovem é aquele que nunca desiste de lutar!

De repente, surge o sol na manhã escura.

Surgem as pessoas para apertar a mão.

Amigos com palavras sinceras, com um sorriso aberto.

DE REPENTE, OS OLHARES SE CRUZAM.

O coração bate mais forte.

Surge a emoção que fica guardada, velada com lucidez.

De repente, o silêncio se materializa em palavras.

O olhar brilha com mais intensidade.

As mãos dadas se tornam um vínculo de união, um laço invisível.

(28)

28

De repente, o coração começa a transbordar de paz.

A transmitir afeição em seus imperceptíveis atos.

A plantar uma semente nascida da esperança.

E o coração sente:

- sente as ilusões que marcam nossas vidas, - sente a saudade de alguém querido.

São coisas do coração.

Quando ama constrói e fala sinceramente das maldades passadas, dos mo- mentos partilhados, da felicidade (quase) conquistada, dos amigos esquecidos.

São coisas do coração.

Com cicatrizes do que passou.

Querendo sempre acreditar:

- sempre amar (mesmo diante do perigo iminente da ilusão).

- sempre perdoar (mesmo diante do mais insensato rancor).

Querendo sempre viver a dois:

- andando de mãos dadas no caminho.

- sentindo as mesmas emoções.

- sonhando os mesmos sonhos.

São coisas do coração.

Querendo emprestar um pouco da sua esperança para os outros, - doar um pouco dos brilhos nos olhos,

- compartilhar até as pequenas lágrimas de tristeza.

Coisas de um maldito coração.

Falando sempre das mágoas,

- admirando a suavidade do pôr-do-sol, - sentindo o calor de uma amizade,

- emprestando a felicidade em forma de paz, - doando o sorriso como certeza de fraternidade,

- aquecendo com palavras de encorajamento (quando há desespero), - transbordando verdades (quando tudo parece mentira).

São coisas de um distraído coração.

Que faz com que nos sintamos amados, - com que nós sejamos amigos,

- com que a mão seja feita para ofertar.

São coisas de todos os corações, das pessoas que se tornaram gente, que

sempre acreditam na força de amar, e num novo amanhecer!

(29)

29

Para que o coração permaneça jovem é necessária certa descrença pelas tra- dições inúteis, certo ar de inquilino da verdade (sabendo-se apenas possuidor de suas próprias incertezas).

Para permanecer jovem precisa-se ser possuidor de um otimismo com um to- que sutil de ingenuidade, ser um vendedor da ideia que prova que um dia tudo vai melhorar.

Para ter o dom de permanecer jovem basta não ter vergonha de errar pela re- compensa sadia do aprendizado, basta compreender que o mundo muda (e quem não acompanha as mudanças é quem verdadeiramente envelhece).

25. A

MOR COMPLICADO

“Não se afobe, não, que nada é pra já, o amor não tem pressa, ele pode espe- rar, em silêncio.”

(Chico Buarque)

A

MOR SEM DIREÇÃO

,

COM MANUAL

,

A

MOR COM PEDIGREE

,

COM MEIAS VERDADES

, A

MOR CHEIO DE CONDIÇÕES

.

FATOS DA JUVENTUDE FERIDA

Só com muita luta se consegue alguma vitória na vida.

É através de um esforço constante, - de uma busca incessante,

- que se alcançam as grandes vitórias.

Somente com sinceridade se conquista amigos, - é através de um dar e receber contínuo,

- de uma companhia em momentos de indecisão, - de um apoio em horas de incertezas,

- que se conhece umverdadeiro amigo.

Somente com profundas realizações, - com lealdade aos ideiais,

- que se dá sentido à vida.

É através da magia de encontros e desencontros, - de verdades e ilusões sinceras,

- de realidades e de sonhos, - de vôos e quedas,

- que se aprende a ter vontade de viver.

É através de um conhecimento mais intenso de nós mesmos, - de uma descoberta de quem eu sou,

- dos meus valores, das minhas falhas, das minhas qualidades,

(30)

30

- que consigo fazer brotar o ser humano singular que mora em mim.

Somente com amor,

- é que se alcança a felicidade genuína.

É preciso permanecer jovem para que a vida se renove, para manter as portas das oportunidades abertas, para que não se antecipe a solidão crônica (dos últimos dias de nossa vida).

É preciso conservar nossa juventude para permitir a felicidade amadurecer, para que nossos braços nunca se cruzem diante das injustiças, para que a es- perança construa um castelo inexpugnável no nosso íntimo.

26. A

MOR COMPROMETIDO

“O que será que me dá, que me bole por dentro, será que me dá, que brota à flor da pele, será que me dá, e que me sobe às faces e me faz corar.”

(Chico Buarque)

A

MOR QUE SE DÁ COMPLETAMENTE

, A

MOR QUE AMA COM TODA A VIDA

, O

NDE NÃO HÁ CONTRADIÇÕES

.

FATOS ESSENCIAIS

Enchemos a vida de fatos inúteis.

Perdemos muito tempo com sentimentos destrutivos.

Esquecemos-nos de ver as coisas mais importantes.

- Não percebemos o sorriso sincero.

- Não valorizamos o desabafo do amigo (que precisa apenas de nosso silên- cio).

- Não temos mais tempo para viver!

Poluímos os sentimentos no nosso íntimo!

Errei quando não escutei as palavras endereçadas diretamente a mim!

Errei quando pensei que a coisa mais importante do mundo era a minha própria realização.

Errei quando quiz ser melhor do que os outros, - quando me neguei a perdoar,

- quando não fui capaz de descartar as mágoas como emoções inúteis (que verdadeiramente são).

Não compreendi que me bastava ser melhor do que eu sou.

Não percebi que guardar mágoas, rancor, ressentimento só adoecia a minha alma.

Quanto tempo eu perdi com sentimentos inúteis!

(31)

31

Os fatos mais importantes na vida são aqueles quem fazem bem ao nosso co- ração!

27. A

MOR CRÉDULO

“Ah, se já perdemos a noção da hora, se juntos já jogamos tudo fora, me conta agora como hei de partir.”

(Chico Buarque)

A

MOR QUE ACREDITA QUANDO NÃO HÁ MOTIVOS

, A

MOR QUE VÊ O QUE NÃO EXISTE

,

A

MOR DAS CRENDICES DE AMAR

.

FUGIR DE MIM, Fugir de tudo.

Permanecer jovem é acreditar que a fuga pode ser uma solução, - que a vida também é feita de atalhos,

- que o mundo precisa de nós para revolucioná-lo.

Permanecer jovem é acreditar que nunca envelheceremos no espírito,

- que aquele primeiro amor da infância continuará eterno como sensação, que nunca morrerá!

Permanecer jovem é fugir de si mesmo e uma maneira criativa de recriar a vi- da!

28. A

MOR DE UM CORAÇÃO VADIO

“Se entornaste a nossa sorte pelo chão, se na bagunça do teu coração, meu sangue errou de veia e se perdeu.”

(Chico Buarque)

C

ORAÇÃO LIVRE QUE SE MISTURA COM OUTROS CORAÇÕES

, A

MOR DE UM CORAÇÃO ESCANCARADO

,

Q

UE DEIXA A PORTA PERMANENTEMENTE ABERTA

.

CRÔNICAS DAS FUGAS DE MIM

Depoimentos das pequenas e singelas fugas de mim

Há momentos em que fugir é a única saída.

- Fugir de ter que pedir desculpas sempre.

- Fugir de ter que acertar sempre.

- Fugir de ter que ser sempre eu.

(32)

32

A fuga também pode ser um caminho.

- A fuga pode ser uma to de coragem, - Fugir do confronto.

Jogar tudo para o alto pode se tornar um elo na conquista da alforria

- principalmente quando esfarrapados perdemos a força do guerreiro que sem- pre fomos.

Pensamentos das fugas de si mesmo.

Fujo para não enlouquecer.

Fujo para não ser sufocado por tantas cobranças e protestos.

Fujo para não ter que encarar os monstros, quando não possuo o poder de dominá-los.

Fujo para esquecer-se da minha mania de perfeição.

O medo de amar me leva a fugir (a menos que eu esteja acorrentado).

Fujo de ti, porque não consigo fugir de mim!

29. A

MOR DESESPERADO

“Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito, exijo respeito, não sou mais um sonhador.”

(Chico Buarque)

U

M AMAR QUE NÃO ACREDITA QUE RECEBERÁ AMOR

, U

M AMAR DAS DESCRENÇAS

,

U

M AMAR PRESO COMPLETAMENTE AO QUE NUNCA SERÁ

.

SONHO AUDAZ A vida é simples:

- como os gestos de carinho, - como o luar das noites frias,

- como o vôo de um pássaro e a sua frágil liberdade.

A vida é pura:

- como o sorriso de uma criança, - como o primeiro amor da juventude, - como a água que brota da nascente.

A VIDA É COMO A LIBERDADE:

- cheia de luta para conquistá-la,

- necessita de coragem para não desistir diante das derrotas,

- ncessita de sabedoria para transformar as impulsivas paixões em um amor sereno e profundo.

Viver é erguer a cabeça:

(33)

33

- é ser forte sem perder a sensibilidade,

- é gostar dos dias chuvosos como das manhãs ensolaradas.

Viver é abrir os braços:

- e deixar os olhos brilharem mais forte do que o sol,

- é abrir o coração e deixar o perdão ser mais forte do que as feridas, - deixar que o amor seja mais importante do que o medo da rejeição.

Viver é encontrar força em cada amanhecer:

- é deixar que a angústia desapareça em cada pôr-do-sol, em cada despertar.

Viver é ter a audácia de sonhar!

30. A

MOR DESPERDIÇADO

“A cada despedida eu vou te amar, desesperadamente, eu sei que vou te a- mar.”

(Vinicius de Moraes)

A

MOR QUE NÃO FOI VALORIZADO

, N

EM FOI PERCEBIDO

, A

MOR CHEIO DE SACRIFÍOS

, S

EM NENHUMA GRATIDÃO

.

SONHO AUDACIOSO

Aprendi a alegria porque soube chorar minhas lágrimas.

Permanecer jovem é aprender a se alegrar por gostar de conviver com as pessoas, e ter o poder de conversar e rir como se a vida já fosse e- terna.

Enquanto todos reclamavam do dia nublado e chuvoso, reunia os amigos, rela- xava e sonhava com os dias de sol – que, inevitavelmente, acabavam vindo.

Sempre fui um sonhador crônico, irrecuperável.

O sonho nunca se tornou para mim apenas uma fantasia que eu construía co- mo fuga.

Amarrava o sonho fortemente à realidade mais crua.

Meu sonho maior sempre foi romper com a crueldade do autoritarismo da dor de viver!

Acreditei sempre que haveria uma saída em um lugar qualquer (mesmo quan- do me encontrava solitariamente acuado).

Nunca permiti que o abandono me fizesse crer que nunca seria amado!

Nunca acreditei que a solidão era o único caminho para os que falharam em

amar um outro ser humano de modo especial!

Referências

Documentos relacionados

Origem do direito tributário; origens das receitas públicas e sua classificação atual: o sistema constitucional brasileiro consoante reforma tributária do ano de

E) CRIE NO SEU CADERNO UM TÍTULO PARA ESSA HISTÓRIA EM QUADRINHOS.. 3- QUE TAL JUNTAR AS SÍLABAS ABAIXO PARA FORMAR O NOME DE CINCO SUGESTÕES DE PRESENTE PARA O DIA

Consoante à citação acima, destaca-se mais uma vez a contraposição de Pascal em relação ao racionalismo hegemônico no século XVII, pois, enquanto os filósofos implicados

RODOLFO – Júlia, dizer quando eu não saberia porque acredito que sempre fui apaixonado por você?. Não tenho receio de dizer que você sempre foi a mulher da

Processo de se examinar, em conjunto, os recursos disponíveis para verificar quais são as forças e as fraquezas da organização.

As principais características deste agente são: avaliação do diálogo sobre as emoções, representação do modelo de personalidade Big-Five e impacto dos valores

O presente estudo realizou uma análise descritiva, observacional e retrospectiva de pacientes atendidos no ambulatório de Hematologia do Hospital de Base de Brasília, no

Há uma grande expectativa entre os cientistas de que, nesta próxima década, novos resultados de observações cosmológicas, aliados aos resultados dos grandes aceleradores como o