Informativo Mensal nº 11 Setembro/2014
AMÉRICA/EUROPA OCIDENTAL
ATO TERRORISTA EM METRÔ DE SANTIAGO
Em 08 de Setembro, uma bomba explodiu em uma estação de metrô na capital chilena, Santiago. O episódio, classificado como terrorista pelo governo de Michelle Bachelet, ocorreu nas vésperas do aniversário do Golpe de Estado de 1973 e deixou 14 pessoas feridas. Após o atentado, a presidente anunciou medidas para reforçar a segurança do país durante o aniversário do golpe e reafirmou a necessidade de modificar as leis antiterrorismo do país. Todas as tropas de Forças Especiais e brigadas comunais foram ativadas e espalhadas por 15 comunas da cidade e o governo anunciou estar preparado para garantir a segurança das pessoas em qualquer situação.
EUA DÃO INÍCIO A ATAQUES AÉREOS A ALVOS DO ESTADO ISLÂMICO E COALIZÃO É FORMADA
No dia 15, as Forças Armadas dos Estados Unidos atacaram alvos do Estado Islâmico dando início à expansão da campanha do governo Obama contra o grupo. O ataque aéreo marcou o início da resposta militar norte-americana ao grupo radical, após a decapitação de reféns ocidentais e expansão do controle sob partes do território sírio e
iraquiano. Ao longo do mês de setembro, os EUA se dedicaram à construção de uma coalizão global contra o Estado Islâmico, e intensificaram os esforços diplomáticos nas últimas semanas para conquistar o apoio de países do Oriente Médio, além de aliados Ocidentais. A coalizão internacional liderada pelos norte-americanos tem bombardeado diversos alvos do EI, especialmente nas províncias sírias.
ÁSIA/ LESTE EUROPEU
SANÇÕES, RETALIAÇÕES E ATRITOS COM A OTAN MARCAM O MÊS DE SETEMBRO NA RÚSSIA
As sanções contra a Rússia por parte dos países ocidentais continuaram e o Japão também tomou essa iniciativa. Como retaliação a Rússia proibiu a importação de alguns alimentos da Europa e o governo ainda está apoiando e protegendo suas empresas que estão sob estas sanções. Os próximos alvos das sanções poderão ser as empresas russas de petróleo e, se a Ucrânia assinar o acordo econômico com a UE, a Rússia anunciou que aplicará mais retaliações. A Rússia alegou estar comprometida com a paz na Ucrânia, chegou a propor um cessar-fogo para o Leste do país que não foi aceito pelo Primeiro-Ministro ucraniano. A OTAN exigiu algumas vezes que a Rússia retirasse suas tropas da Ucrânia, inclusive acusou Moscou de ter cerca de mil militares no país, apesar do Presidente ucraniano ter declarado que 70% dos soldados russos cruzaram a fronteira de volta. O Parlamento russo alegou que qualquer entrega de armas pela OTAN à Ucrânia indicaria conivência com crimes de guerra cometidos no Leste da Ucrânia e que reforçaria seu dispositivo militar na região da Criméia, uma vez que a presença de forças estrangeiras na fronteira aumentou. Putin ainda ordenou a prontidão para combate de soldados no extremo Leste do país, que inclui uma parte da fronteira com a China e a fronteira marítima com o Japão, para testar e demonstrar a capacidade de suas forças armadas, aumentando ainda mais a tensão com o Ocidente.
UCRÂNIA CRIA ZONA “TAMPÃO” APÓS CESSAR-FOGO E CEDE MAIS AUTONOMIA PARA REGIÕES DO LESTE
Ao início do mês a ONU alegou que cerca de um milhão de pessoas se encontram desabrigadas ou deslocadas por conta de conflitos na Ucrânia e esse número tende a aumentar. A Anistia internacional afirmou possuir documentos que comprovam que crimes de guerra foram cometidos durante a crise. Em relação ao conflito, os ataques continuaram, mesmo com um cessar-fogo e, mais tarde, a criação de uma região
“tampão” (uma zona desmilitarizada) de mais de 30 quilômetros. Na tentativa de manter vantagens sobre os separatistas, o governo ucraniano deu mais autonomia às regiões de Donetsk e Lugansk concedendo – lhes status especial de “repúblicas populares”. Estas regiões fizeram votações presidenciais e legislativas a fim de recusar uma proposta de paz de Kiev. Em meio a esses acontecimentos, a OTAN afirmou que a retirada de soldados russos na fronteira é notável. O governo ucraniano ratificou acordo com a UE e deve pedir oficialmente para entrar no bloco em 2020. Em relação ao fornecimento de gás, apesar da crise de abastecimento no início do mês, foi acordado que a Ucrânia deve pagar cerca de 3,1 bilhões de dólares pelo gás de empresa russa Gazprom.
MESES APÓS ELEIÇÕES, AFEGANISTÃO TEM NOVO PRESIDENTE
No início do mês os candidatos presidenciais prometeram à OTAN que formariam um governo de união nacional e que assinariam acordos legais que permitiriam a permanência das tropas estrangeiras no país em 2015. Mesmo após essa declaração, o Secretário-Geral da ONU convocou os dois candidatos à efetivamente formarem esse governo de unidade, depois que um dos candidatos se declarou vencedor, aumentando temores de que comprometeria o acordo, mediado pelos EUA, de divisão do poder independente do vencedor. Dessa forma, o candidato Ashraf Ghani assinou o acordo onde se comprometia a dividir o poder com o rival Abdullah Abdullah e logo em seguida foi anunciado como vencedor do segundo turno das eleições. O Taliban continuou atuando, explodindo caminhões-bomba perto da embaixada norte-americana, lançando granadas contra prédios da inteligência afegã e um complexo policial. O grupo se manifestou em relação à eleição, alegando que a mesma era uma “fraude orquestrada pelos EUA” e deu continuidade na guerra contra o governo com mais ataques. O novo Presidente defende o diálogo com os insurgentes para buscarem a paz.
MANIFESTAÇÕES MARCAM O MÊS NA CHINA
O Movimento “Ocupe o Centro” levou milhares ativistas pró-democracia vestidos de preto a marcharem silenciosamente por Hong Kong em razão da recusa de Pequim de permitir eleições totalmente democráticas para o próximo chefe executivo da cidade em 2017. Os manifestantes também pediam mais desobediência civil. Alunos de diversas universidades chinesas foram às ruas para pedir por mais democracia, boicotando as aulas por uma semana. No final do mês a polícia chinesa entrou em confronto e desalojou cerca de 50 manifestantes que ocupavam a sede do governo de Hong Kong.
Aconteceram mais ataques na província chinesa de Xinjiang, local habitado por minorias étnicas como os iugures. A China pediu uma ação global contra o uso da Internet por extremistas e terroristas, impedindo assim que se comuniquem e levantem recursos. A China retirou tropas da zona fronteiriça com a Índia, o que coincidiu com a visita de Xi Jiping àquele país e pediu moderação na península da Coréia e a retomada das negociações sobre o programa nuclear norte-coreano que estão paradas desde 2009.
ORIENTE MÉDIO
COLIGAÇÃO INTERNACIONAL CONTRA ESTADO ISLAMICO
O projeto de coligação internacional desencadeado pelos Estados Unidos para combater os 'jihadistas' do Estado Islâmico surgiu após as autoridades americanas confirmarem a veracidade de um vídeo, no qual o grupo mostra a decapitação do jornalista James Foley, sequestrado em 2012. A partir dessa ação, o Presidente Barack Obama, em um pronunciamento oficial, disse que não iria conter medidas para acabar com o Estado Islâmico e anunciou a criação de uma coligação, em que os países interessados uniriam forças para garantir esse fim. Após a criação da coligação internacional, os bombardeios começaram em território sírio. Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Bahrain, Iraque, Canadá, Austrália, França e a própria Síria são alguns dos principais países que apóiam e as ações militares.
ÁFRICA
CONFLITOS ENTRE BOKO HARAM E GOVERNO DA NIGÉRIA CONTINUAM
No começo do mês, o grupo assumiu o controle da cidade de Bama, segunda maior do estado de Borno, no Nordeste da Nigéria. A quantidade de vítimas, principalmente fatais, foi bem alta. O grupo atacou também a Universidade Federal da Nigéria, deixando 15 mortos e outros 30 feridos. Um homem adentrou a universidade e disparou tiros e explosivos contra os alunos, sendo que dois terroristas também morreram. Já na cidade de Kadunga, o exército nigeriano matou mais de cem militantes do grupo. Esta cidade seria usada para atingir outra, Maiduguri. Além de perder militantes, o Boko Haram também sofreu danos materiais. Na cidade de Mainork, ao Norte da Nigéria, um ataque do grupo extremista deixou 39 pessoas, sendo que treze terroristas morreram. Em Kano, os confrontos entre a polícia e rebeldes deixaram 13 mortos e ao menos 34 feridos. O grupo invadiu o Instituto Federal de Ensino Superior. Já as Forças de Segurança da Nigéria foram acusadas pela Anistia Internacional de maus tratos e torturas.
UNIÃO DE LÍDERES AFRICANOS CONTRA GRUPOS MILITANTES
Líderes africanos propuseram a criação de um fundo especial para combater grupos militantes islâmicos que estão crescendo intensamente nas regiões que vão do Quênia à Nigéria. A União Africana anunciou a medida após as convenções que ocorreram em Nairóbi e que destacaram vários pontos sobre o tema. A preocupação dos líderes é de que os Estados não enfrentem essas ondas de violência sozinhos.
GRUPO TERRORISTA AL-SHABAB
O grupo surgiu em 2006 como um braço dos tribunais da Sharia (lei islâmica), na Somália, e em 2012, declarou fidelidade à Al-Qaeda. O grupo tem integrantes de diversos lugares como Paquistão, Afeganistão, Sudão e Iêmen e cada vez mais está integrando adeptos ocidentais. O financiamento do grupo provém da venda de drogas, roubos, exportação ilegal de carvão e extorsão nas estradas somalianas. A intenção do grupo é instalar um Estado islâmico na Somália. No começo do mês, seu líder foi morto
durante um ataque de drones norte-americanos, no entanto um novo líder já assumiu, Ahmad Umarjá. Já os soldados da União Africana na Somália (AMISOM) foram denunciados pela ONG Human Rights Watch por estuprarem mulheres no país. A UA luta ao lado das tropas governamentais contra o grupo Al-Shabab. Em Uganda, as autoridades desarticularam uma célula do grupo extremista que já estava preparando um ataque terrorista, prenderam 19 suspeitos e reforçaram a segurança em locais estratégicos do país.
