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Revista Paulista de Pediatria ISSN: Sociedade de Pediatria de São Paulo Brasil

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Revista Paulista de Pediatria

ISSN: 0103-0582

rpp@spsp.org.br

Sociedade de Pediatria de São Paulo Brasil

Duarte, Linda de Fátima M.; Júnior, Arnaldo Santos; Taddei, José Augusto de A. C. Número de hemácias, hemoglobina, hematócrito e ferritina em adolescentes de uma

escola pública de São Paulo

Revista Paulista de Pediatria, vol. 24, núm. 3, septiembre, 2006, pp. 244-248 Sociedade de Pediatria de São Paulo

São Paulo, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=406038917009

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Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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244 RESUMO

Objetivo: Investigar valores de hemácias, hemoglobina, hematócrito, ferritina e fatores associados a baixos níveis de ferritina em adolescentes de baixa renda, de 15 a 19 anos.

Métodos: Estudo transversal com 132 adolescentes de uma escola pública de São Paulo (SP). Aplicou-se um questionário sobre escolaridade, nível socioeconômico dos pais e presença de sinais e sintomas de anemia no passado. Mediram-se o índice de massa corpórea, o número de hemácias, a taxa de hemoglobina, o hematócrito e a ferritina sérica e verifi cou-se a presença de fatores associados a valores de ferritina inferiores a 10 ng/dL. Foram utilizados o qui-quadrado e exato de Fisher, com nível de signifi cância estatística de 5%.

Resultados: Os adolescentes incluídos no estudo apresen-taram média de número de hemácias de 4,8x106±0,45/mm3, taxa de hemoglobina de 13,7±1,1 g/dL e hematócrito de 30,2%±3,1%. A análise dos resultados mostrou que apenas as adolescentes do sexo feminino apresentaram valores he-matimétricos abaixo do normal. Entre os 132 adolescentes, a freqüência de valores baixos de número de hemácias, concen-tração de hemoglobina e hematócrito foram dois (2,2%), seis (6,7%) e oito (8,9%), respectivamente. Em relação à ferritina sérica, 68 (51,9%) adolescentes apresentaram valores acima de 10 ng/dL. Entre os 63 adolescentes com ferritina abaixo do normal, 52 (82,5%) eram do sexo feminino e 11 (17,5%) do masculino. Os fatores associados a baixos níveis de ferritina foram gênero feminino e ocorrência de cansaço no passado.

Conclusões: Medidas de prevenção e controle de reserva de ferro e anemia ferropriva em adolescentes, sobretudo no sexo feminino e na presença de história pregressa de cansaço, são justifi cadas.

Palavras-chave: Adolescente, anemia, defi ciência de ferro, ferritina.

ABSTRACT

Objective: To investigate erythrocyte count and values of hemoglobin, hematocrit, ferritin together with the factors associated to ferritin levels below 10ng/dL in 15-19 years old adolescents of low socioeconomic status.

Methods: This is a cross-sectional study with 132 adolescents of a public school from São Paulo (SP), Brazil. Questionnaire regarding parents´ educational and socio-economic level and history of anemia symptoms in the past were applied. Following data were prospectively col-lected: body mass index, red blood cells count, hemoglobin, hematocrit and ferritin values. Also, variables associated to ferritin levels below 10ng/dL were studied. Statistical analysis included chi-square and Fisher test, being sig-nifi cant p≤0.05.

Results: Among the 132 adolescents, red blood cells count was 4,8x106±0.45/mm3, hemoglobin was 13.7±1.1 g/dL, and hematocrit was 30.2%±3.1%. The frequency of low levels of red blood cells, hemoglobin and hematocrit were two (2.2%), six (6.7%) and eight (8.9%), respectively. Abnormal hematological values were found only in female adolescents. Regarding ferritin levels, 68 (51.9%) cents had values higher than 10ng/dL. Among the 63 adoles-cents with low ferritin values, 52 (82.5%) were females and 11 (17.5%) were males. Variables associated to low ferritin levels were: female and history of fatigue in the past.

Conclusions: Adolescents, mostly females, were prone to develop iron defi ciency and iron defi ciency anemia. Based on these results, prevention of iron defi ciency in this period of life, mostly females with a history of fa-tigue, are justifi ed.

Key-words: Adolescent; anemia; iron defi ciency; ferritin.

Número de hemácias, hemoglobina, hematócrito e ferritina em

adolescentes de uma escola pública de São Paulo

Erythrocyte count, hemoglobin, hematocrit and ferritin values in adolescents of a public school from São Paulo, Brazil

Linda de Fátima M. Duarte1, Arnaldo Santos Júnior1, José Augusto de A. C. Taddei2

1Professor adjunto I da Universidade Paulista (Unip), biomédico e mestre

em Saúde Materno-Infantil da Universidade de Santo Amaro (Unisa) e em Farmacologia da Unip

2Professor livre docente e chefe da Disciplina de Nutrologia do

Departamen-to de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

Endereço para correspondência:

Linda de Fátima Marques Duarte

Avenida Nossa Senhora do Sabará, 4.350, bloco 4, apto. 61 CEP 04447-011 – São Paulo/SP

E-mail: arnaldojunior45@hotmail.com Recebido em: 25/11/2005

Aprovado em: 8/6/2006

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Introdução

A adolescência é o período de vida dos dez aos 19 anos de idade caracterizado por transformações biopsicossociais que têm início na puberdade. Nessa fase, ocorrem o estirão do crescimento, as alterações hormonais e a maturação sexual, seguida de uma fase fi nal, por volta da segunda década de vida, com a parada desses processos(1,2).

Nesse período, há o aumento das necessidades nutricio-nais e a infl uência de inúmeras variáveis que modifi cam o comportamento dos adolescentes, tais como os fatores socioeconômicos, a ingestão inadequada de alimentos, os confl itos psicossociais e familiares que se manifestam durante as refeições, a falta de horário e tempo para a pre-paração de alimentos adequados, o abandono e a omissão de pais ou familiares envolvidos em atividades relaciona-das à própria sobrevivência(1,2). Há também a infl uência da mídia sobre o consumo de alimentos semipreparados, valores socioculturais, imagem corporal e práticas de regime e história familiar, além das perdas sanguíneas, o que colabora para o risco de doenças crônicas, entre elas a anemia e a obesidade(3-6).

Entre as anemias carenciais, a mais comum em todo o mundo é a anemia ferropriva, que ocorre de forma gradual e progressiva, o que permite classifi cá-la em três estágios(7-9). O primeiro estágio é denominado pré-latente, com depleção dos estoques de ferro, e pode ser identifi cado por dosagem de ferritina. No segundo estágio, há esgotamento dos estoques de ferro, com níveis séricos ainda normais de hemoglobina, redução da saturação de transferrina e aumento da capaci-dade de ligação do ferro, com volume corpuscular médio (VCM) nos limites da normalidade e pequena microcitose(9). No terceiro estágio, ocorre a anemia propriamente dita: há diminuição da concentração sérica de hemoglobina (Hb), de hematócrito (Ht), de volume corpuscular médio e da hemoglobina corpuscular média (HCM), o que corresponde à forma mais avançada da defi ciência de ferro(5,9,10). A partir dessa fase, com o comprometimento da oxigenação teci-dual, ocorrem as alterações clínicas, com sinais e sintomas que atingem pele, mucosas, trato gastrintestinal, funções psicomotoras, entre outras, além da perda da capacidade de trabalho(3).

Diante do exposto, propôs-se a realização do presente es-tudo, com o objetivo de determinar os valores de hemácias, hemoglobima, hematócrito, ferritina e fatores associados a baixos níveis de ferritina em adolescentes de baixa renda, de 15 a 19 anos.

Métodos

Este trabalho foi parte do Projeto de Pós-Graduação em Saúde Materno-Infantil da Unisa, que incluiu o estudo da obesidade, do perfi l lipídico, da determinação dos valores do número de hemácias, hemoglobina, hematócrito e ferritina e do comportamento psicológico de 132 adolescentes de 15 a 19 anos da Escola Estadual Professora Vera Athayde Pereira, na zona sul de São Paulo (SP), durante o período de outubro de 2003 a abril de 2004.

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Curso de Pós-Graduação em Saúde Materno-Infantil da Unisa. Foram incluídos na amostra os adolescentes que tiveram o termo de consentimento informado assinado pelos pais ou responsáveis ou pelo próprio adolescente, quando maior de 18 anos.

Esta pesquisa compreendeu a realização de inquéritos, análises laboratoriais e determinação do índice de massa corpórea (IMC). Os inquéritos foram divididos em: sociofa-miliar (realizado com pais ou responsáveis pelos adolescen-tes, com a coleta de dados demográfi cos, socioeconômicos e antecedentes dos jovens) e individual (realizado com o próprio adolescente).

Em relação ao grau de escolaridade, a baixa escolaridade foi atribuída àquelas mães que não apresentavam nenhum estudo ou curso fundamental incompleto. Famílias sem renda familiar ou com renda de até cinco salários mínimos foram consideradas como de baixa renda. Os adolescentes que não apresentaram reprovação na vida escolar foram considerados com alto aproveitamento escolar. A ocorrência de anemia no passado foi considerada com base nos relatos das mães ou responsáveis, com confi rmação por meio de exames labora-toriais ou história de sonolência e cansaço em qualquer fase da vida do adolescente.

Para avaliar o estado nutricional, utilizou-se o índice de massa corpórea (IMC), que caracterizou baixo peso como IMC<P5; eutrofi a como P5<IMC<P85 e sobrepeso/obesi-dade como IMC>85(11,12).

Realizaram-se as análises laboratoriais depois da coleta de sangue, por punção venosa, com os adolescentes em jejum de 12 horas. O número de hemácias, a concentração de hemoglobina e o hematócrito foram obtidos por óptica computadorizada, por meio do aparelho Couter (Microdiff

18®), e a ferritina foi dosada por quimoluminescência por

Immuliter Ferritine®.

Os pontos de corte estabelecidos para valores de normali-dade com relação ao número de hemácias, à hemoglobina e ao hematócrito para o gênero feminino foram, respectivamente,

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4,10x106/mm3, 12 g/dL e 36%. Para o gênero masculino, esses valores foram 4,50x106/mm3, 13 g/dL e 37%. Para a ferritina sérica, considerou-se o valor de corte de 10 ng/dL para ambos os sexos(13,14).

Todas as informações foram pré-codifi cadas, armazena-das em banco de dados após dupla digitação e análise de consistência. Utilizou-se o software EpiInfo 2000 para a análise estatística. Foram realizados qui-quadrado e teste exato de Fisher para a análise de variáveis categóricas e análise bivariada para fatores associados a níveis baixos de ferritina, considerando-se como nível de signifi cância estatística p≤0,05.

Resultados

O menor valor de hemácias encontrado foi 3,84x106/mm3 e o máximo 6,93x106/mm3, com média de 4,8x106+0,5/mm3 e mediana de 4,77x106/mm para 130 adolescentes, tendo em vista a perda de duas amostras para determinação de hemácias e de hemoglobina.

A média da concentração de hemoglobina dos 130 ado-lescentes foi 13,7+1,1 g/dL, a mediana 13,7 g/dL, com valor mínimo de 11,4 g/dL e máximo de 16,5g/dL. Entre os

130 estudantes, foram encontrados seis (4,6%) com valores de hemoglobina inferiores a 12 g/dL.

Em relação ao hematócrito, o menor valor foi 33% e o máximo 49%, com média de 30,2%+3,1% e mediana de 40,0%.

Entre os 132 adolescentes (com perda de uma amostra), 68 (51,9%) apresentaram níveis de ferritina normais. Entre os 63 adolescentes que apresentaram níveis de ferritina inferior a 10 ng/dL, 52 (82,5%) eram do sexo feminino e 11 (17,5%) do masculino.

A prevalência das alterações do número de hemácias, da taxa de hemoglobina e hematócrito e da concentração de ferritina sérica está discriminada na Tabela 1. A análise bivariada entre a concentração alterada de ferritina e as variáveis estudadas está descrita na Tabela 2.

Discussão

Utilizou-se a concentração de ferritina sérica para con-fi rmar a presença de anemia ferropriva, já que é um bom parâmetro para avaliar as reservas de ferro corporal, embora a ferritina possa apresentar diferentes valores de acordo com o método de análise empregado(15).

Tabela 1 – Freqüência de valores anormais do número de hemácias, taxa de hemoglobina e hematócrito e concentração de

ferritina, segundo o gênero dos adolescentes

Gênero Porcentagem de valores abaixo do normal

Hemácias Hemoglobina Hematócrito Ferritina

Feminino (n=91) 2 (2,2%) 6 (6,7%) 8 (8,9%) 52 (57,1%)

Masculino (n=40) 0 0 0 11 (27,5%)

Total 2 (1,5%) 6 (4,6%) 8 (6,2%) 63 (48,1%)

Tabela 2 – Fatores associados a níveis de ferritina baixos

Fatores de risco Ferritina Baixa n=63 Ferritina Normal n=68 OR Bruto IC-95% p N % N % Gênero Feminino 52 82,5 39 57,4 3,52 1,45-8,64 0,002 Nível socioeconômico

Alta escolaridade da mãe 19 30,2 12 17,6 2,02 0,82-5,02 0,092

Alta renda familiar 12 19,0 8 11,8 1,76 0,60-5,23 0,247

IMC

Baixo IMC 47 74,6 40 58,8 2,06 0,91-4,68 0,056

Antecedentes ligados à anemia

Alto aproveitamento escolar 20 31,7 32 47,1 0,52 0,24-1,14 0,073

Anemia no passado 17 27,0 13 19,1 1,56 0,63-3,88 0,284

Sonolência no passado 23 36,5 18 26,5 1,60 0,61-3,62 0,216

Cansaço no passado 28 44,4 19 27,9 2,06 0,93-4,59 0,049

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À análise bivariada, observou-se que a baixa concentra-ção de ferritina se associou ao sexo feminino e ao relato de cansaço no passado. Também foram encontradas alterações nos valores de número de hemácias e de concentração de hemoglobina e hematócrito apenas nas adolescentes do sexo feminino. Apesar de a prevalência de anemia encontrada neste trabalho ter sido inferior à observada na literatura, a associação entre a variável sexo feminino e anemia já é co-nhecida. Moura, Santos e Pacheco(16) relataram prevalências de 12,4% e 7,5%, respectivamente, para valores abaixo do normal da concentração de hemoglobina e hematócrito, em estudo com 365 alunos entre oito e 12 anos.

Em relação aos dados hematimétricos, os valores encon-trados foram semelhantes aos descritos em 269 estudantes de Nova Cruzeiro (MG), que mostraram taxa de Hb de 13,4±1,0 g/dL em ambos os sexos, e também foram similares aos observados em alunos de uma escola particular de São Paulo (SP), com valores de hemoglobina de 13,3±1,2 g/dL no sexo masculino e 13,2±1,1 g/dL no sexo feminino(17,18).

No presente estudo, 63/131 (48,1%) dos adolescentes apresentaram níveis baixos de ferritina sérica e, destes, 52 (82,5%) eram do sexo feminino e 17,5% do masculino. Tais valores foram superiores aos observados em um grupo de jovens venezuelanas e jamaicanas (10% e 4,3%, respec-tivamente) e em 118 adolescentes estudados por Juliano, Frutuoso e Gambardella(18), porém foram inferiores à freqü-ência de 60% observada em adolescentes da Índia de dez a 19 anos(3,19,20).

Entre os adolescentes com baixos valores de ferritina, obser-vou-se que 44 (69,8%) tinham mães ou responsáveis do gênero feminino com escolaridade baixa e que 51 (81,0%) pertenciam a famílias com menor renda. A baixa escolaridade de mães ou responsáveis do gênero feminino pelos adolescentes é também relatada em trabalhos de revisão da literatura como fator im-portante para a saúde de crianças, uma vez que o maior nível de conhecimento formal parece infl uenciar as práticas relacionadas aos cuidados com a criança. Segundo Osório(7), a escolaridade dos pais também é fator importante na determinação da anemia em crianças, tendo em vista que a maior escolaridade propicia mais chances de emprego, e maior renda, o que acaba por pro-porcionar maior acesso à alimentação(7).

Nesta pesquisa, notou-se freqüência elevada de anemia (81,0%) em jovens pertencentes às famílias com menor renda. Esse fato também foi relatado no estudo com adolescentes do gênero feminino, no Município de Taboão da Serra (SP), com maior prevalência de anemia (17,6%) em adolescentes cujas famílias tinham renda inferior a meio salário mínimo e mora-vam em favelas. Sabe-se que condições sociais e econômicas da população, especialmente de menor renda, são agravantes da carência de ferro, seja por inadequação alimentar (qualitativa ou quantitativamente), seja pela precariedade de saneamento bási-co, pela falta de oportunidade de emprego, pelos baixos salários ou pelas condições ruins de habitação, educação e saúde(7,21).

Os fatores socioeconômicos associados a valores baixos de ferritina encontrados em nosso estudo podem ser exacerbados pelo comportamento e hábitos alimentares de risco de adoles-centes de dez a 19 anos que consomem fast-food, apresentam o hábito de “beliscar em frente à TV” e consomem mais refri-gerantes(1,5,22). A necessidade de marcar novas posições ou de rompimento com vínculos familiares, a ocorrência de questões afetivas ou confl itos de sexualidade podem também levar a transgressões alimentares e interferir em hábitos alimentares, de tal forma que comer demais ou não comer podem se rela-cionar a comportamentos inconscientes de “satisfazer as faltas”, “recusar controles externos” ou “estar na moda”(1,5,22).

O achado de IMC superior a 23,6 e 24,3 para os gêneros masculino e feminino, acima do percentil esperado para o gênero e a fase de maturação sexual encontrado nesta pesquisa, sugere a presença de comportamento alimentar alterado, soma-da à falta de supervisão dos pais devido à desagregação social ou ocupação dos mesmos com outros afazeres e/ou com a própria sobrevivência, além da infl uência da mídia que faz apologia da beleza corporal como forma de sucesso social(1,5,22).

Dentre as adolescentes com baixa dosagem de ferritina, 28 (44,4%) apresentaram cansaço no passado. Já entre aquelas com níveis de ferritina sérica normais, apenas 19 (27,9%) relataram o mesmo sintoma no passado, o que sugere que a defi ciência de ferro nesse grupo de adolescentes seja de longa data. Por ser a ferritina uma medida de reserva e pelo fato de a adolescência ser um período de risco para o desenvolvimento da anemia ferro-priva, são justifi cadas medidas de intervenção para a prevenção da defi ciência da reserva de ferro e da anemia ferropriva.

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