• Nenhum resultado encontrado

Pastor Sólon Lopes Pereira Página 1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Pastor Sólon Lopes Pereira Página 1"

Copied!
48
0
0

Texto

(1)

FOGO DE DEUS

FOGO DE DEUS

FOGO DE DEUS

FOGO DE DEUS

Você que

Você que

Você que

Você querrrr fogo?

fogo?

fogo?

fogo?

(2)

ÍNDICE DE CONTEÚDO

Esclarecimento inicial ... 4 FOGO DE DEUS ... 5 INTRODUÇÃO ... 5 O FOGO PENTECOSTAL ... 5 O FOGO NA BÍBLIA ... 6

Sentido literal e uso cotidiano na preparação dos sacrifícios ... 8

Modo de exercício de juízo ... 9

Juízo da ira de Deus ... 9

Juízo profetizado ... 9

A palavra Divina e seus juízos ... 10

Representação do pecado, do inferno e da condenação eterna ... 10

Provação de Deus, angústia da alma e purificação ... 11

Deus e Jesus, santos, gloriosos, justos e a quem pertencem o juízo ... 11

Luz, calor e direção de Deus no deserto ... 12

Sinal de aceitação de oferta ... 12

Atributos de Anjos e enviados de Deus ... 13

Deus não está no fogo ... 13

O EQUIVOCADO FOGO PENTECOSTAL ... 14

Que fogo é esse? ... 14

João Batista e o fogo do Espírito ... 15

Pentecostes: línguas como de fogo ... 17

Ministros “labaredas de fogo” ... 19

(3)

CONCLUSÃO ... 24

APÊNDICE ... 26

Sentido literal e uso cotidiano na preparação dos sacrifícios ... 26

Modo de exercício de juízo ... 30

Juízo da ira de Deus ... 33

Juízo profetizado ... 34

A palavra Divina e seus juízos ... 38

Representação do pecado ... 38

Representação do inferno e da condenação eterna ... 39

Provação de Deus, angústia da alma e purificação ... 41

Representação de um Deus santo, glorioso, justo, a quem pertence o juízo ... 43

Representação de um Jesus santo, glorioso, justo, a quem pertence o juízo ... 45

Luz, calor e direção de Deus no deserto ... 45

Atributos de Anjos e enviados de Deus ... 46

Sinal de aceitação de oferta ... 46

(4)

Esclarecimento inicial

Por muitos anos convivi com a doutrina do “fogo pentecostal”. Em certo sentido, esse fogo tão almejado pelos pentecostais é algo que “pega” com facilidade. Basta uma única centelha em material inflamável, a exemplo da palha, e o fogo se espalha. Isso mesmo! Na palha, o fogo se espalha!

A partir da reflexão sobre um único versículo bíblico, percebi que a “doutrina” que relaciona o fogo ao enchimento do Espírito Santo, ou a suas manifestações mais pitorescas, merecia maior investigação. Então, para debelar minhas dúvidas, comecei a ler todos os versículos bíblicos que continham a palavra “fogo”. Quanto mais eu lia, mais eu me distanciava das práticas e dos conceitos aprendidos sobre o “fogo pentecostal”. Mas, por que eu não tinha visto isso antes? Por que essas coisas me estavam ocultas? Na verdade, não estavam. Eu só não via porque não estava olhando na direção certa. Como eu só olhava para onde a maioria estava olhando, eu só via o que eles também viam.

Mas, ao me permitir olhar em outra direção, vi o que não via antes. Evidentemente, quis mostrar o que eu via para algumas outras pessoas. Curiosamente, percebi que elas simplesmente não queriam desviar seus olhares do que estavam acostumados a ver. Afinal, por que mexer no que está funcionando bem? Se as pessoas estão felizes com seus conceitos e doutrinas, não seria melhor deixa-las em paz?

Confesso que cheguei a pensar o mesmo, pois esse tipo de “fogo pentecostal” não me incomodava em nada. Os que o invocavam estavam felizes e era isso o que importava. Como eu não via prejuízos nessa crença, decidi não expor minha percepção sobre o assunto. Isso apenas iria afetar meus bons relacionamentos com o grupo de crentes ao meu redor e eu não queria sofrer esse desgaste.

Entretanto, com o passar dos anos, minhas crenças e opiniões acerca de coisas mais relevantes foram me expelindo do grupo com o qual eu comungava. Cheguei ao ponto de ficar quase isolado. Minhas palavras passaram a não ter mais valor e minhas considerações começaram a ser desprezadas solenemente.

Certamente, essa foi a circunstância que me motivou a escrever este estudo. Uma vez que minhas percepções não afetavam mais as pessoas que estavam ao meu redor, senti-me livre para expor meu entendimento sobre o assunto que ora apresento: “fogo de Deus”.

O propósito desta reflexão não é atacar meus amigos pentecostais, os quais tenho em alta estima. Apenas quero deixar registrado meu pensamento sem qualquer intenção de promover debates, pois respeito quem pensa de modo diverso.

(5)

FOGO DE DEUS

Você quer fogo?

IN TR O D U ÇÃ O

IN TR O D U ÇÃ O

IN TR O D U ÇÃ O

IN TR O D U ÇÃ O

Na bíblia, 360 versículos contêm a palavra “fogo”. Desses, apenas um faz menção, e de modo figurado, ao batismo com o Espírito Santo (At 2:3). Neste estudo, mostraremos que esse único versículo não é capaz de sustentar o ensinamento sobre o “fogo pentecostal”.

Primeiro, porque um único verso não é suficiente para produzir ou consubstanciar uma

doutrina bíblica. No caso de At. 2:3, não se pode daí deduzir que a manifestação do Espírito Santo seja representada pelo conhecido “fogo pentecostal”. Um único versículo, tirado de um livro histórico, não se reveste de representatividade diante do conjunto de 360 versículos que aborda o fogo. Temos, então, 0,1% do grupo de versículos pretendendo, presunçosamente, dar corpo a uma doutrina pentecostal, enquanto temos os outros 99,99%, formando grupos distintos, bem mais representativos, apontando em direções diversas.

Segundo, porque o termo “fogo” de At. 2:3 não se encaixa em nenhum dos demais sentidos

figurados apresentados na bíblia para a espécie. Falta-lhe, portanto, a necessária harmonização com os demais textos bíblicos sobre o assunto.

Terceiro, porque At. 2:3 não se refere a fogo propriamente dito, mas a algo apenas

semelhante, assim descrito por faltar palavra ao autor para expressar exatamente o que viu.

Assim, pretendemos demonstrar neste estudo que a “doutrina” do “fogo pentecostal” não se sustenta biblicamente, porque um único versículo (At 2:3), mal interpretado, sem harmonia com o conjunto e pouquíssimo representativo não serve de base para a edificação de uma doutrina bíblica.

O F O G O

O F O G O

O F O G O

O F O G O (N E O )

(N E O )

(N E O ) PE N TE CO STA L

(N E O )

PE N TE CO STA L

PE N TE CO STA L

PE N TE CO STA L

A doutrina (neo) pentecostal que associa o “fogo” às manifestações sobrenaturais do Espírito Santo de Deus é bastante difundida no meio evangélico. A propósito desse ensinamento, valem diversas práticas no meio do grupo (neo) pentecostal, a exemplo de sapateados (“canelinhas de fogo”), de euforia, de gritaria, de rodopios, de profusão de línguas sem interpretação, de cânticos “espirituais”, de quedas e de imitações de animais, entre outros comportamentos pitorescos.

O fundamento mais usual utilizado para justificar tais eventos é a passagem do batismo no Espírito Santo registrado no livro de Atos dos Apóstolos, capítulo 2, verso 3, transcrito a seguir:

“E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles.” (Atos 2:3 RA)

(6)

em que João Batista explica o tipo de batismo que praticava, diferenciando-o do batismo que seria realizado pelo messias, oportunamente, conforme se vê no seguinte versículo:

“Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.” (Mateus 3:11 RA)

Também, somam ao verso de At 2:3, e à passagem de João Batista, dois outros versículos que, supostamente, indicariam que os ministros do evangelho seriam como labaredas de fogo, senão vejamos:

“Fazes a teus anjos ventos e a teus ministros, labaredas de fogo.” (Salmos 104:4 RA)

“Ainda, quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos, e a seus ministros, labareda de fogo;” (Hebreus 1:7 RA)

Por fim, as manifestações pitorescas, incontroladas e irracionais, são retiradas do mesmo contexto de At 2:3, combinado com o texto de Efésios 5:18, que supostamente estariam por indicar que alguém cheio do Espírito Santo ficaria como um bêbado, senão vejamos:

“Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem. (...) Todos, atônitos e perplexos, interpelavam uns aos outros: Que quer isto dizer? Outros, porém, zombando, diziam: Estão embriagados!” (Atos 2:1-13 RA)

“E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito,” (Efésios 5:18 RA)

Assim, em apertada síntese, são essas as passagens bíblicas normalmente utilizadas para se defender as inusitadas manifestações pentecostais e associá-las com o “fogo” que, na visão dos pentecostais, provam o enchimento e o mover do Espírito Santo em suas reuniões, diferenciando-os da “geladeira” que seria uma reunião dos crentes tradicionais.

A interpretação correta dessas passagens será demonstrada mais adiante.

O F O G O N A B ÍB L IA

O F O G O N A B ÍB L IA

O F O G O N A B ÍB L IA

O F O G O N A B ÍB L IA

Antes de tratar sobre as impropriedades da interpretação do fogo pentecostal, é necessário observar que, de fato, em toda a bíblia o fogo é utilizado não somente em seu sentido literal, mas, também, em sentido figurado. Entretanto, as representações do fogo por simbologias ou figuras nunca ocorrem em apenas um verso bíblico. Para cada um dos sentidos figurados do fogo, há diversos versículos apontando na mesma direção, confirmando a teoria corrente de que “a bíblia interpreta a bíblia”.

(7)

Fizemos uma classificação para facilitar nossa análise, conforme se vê no quadro a seguir:

Classificação Qtde. de versos %

1 Sentido literal e uso cotidiano do fogo 69 19,17

2 Exercício de Juízo de Deus 49 13,61

3 A ira de Deus manifesta em seus juízos 21 5,83

4 Juízos profetizados 70 19,44

5 A palavra Divina e seus juízos 4 1,11

6 Pecado relacionado ao fogo 19 5,28

7 Inferno e condenação eterna representados pelo fogo 29 8,06

8 Provação de Deus, angústia da alma e purificação 29 8,06

9 Deus santo, glorioso, justo e executor de juízos 35 9,72

10 Jesus santo, glorioso, justo e executor de juízos 10 2,78

11 Luz, calor e direção de Deus no deserto 11 3,06

12 Atributos de Anjos e enviados de Deus 4 1,11

13 Sinal de aceitação de sacrifícios 8 2,22

14 Deus não está no fogo 1 0,28

15 Batismo no Espírito Santo? 1 0,28

TOTAIS 360 100,00

Como alguns desses grupos de versículos possuem assuntos convergentes, fizemos mais um agrupamento em grupos maiores, conforme segue:

Classificação Qtde de

versículos %

1 Relacionados a juízos 189 52,50

2 Sentido literal 69 19,17

3 Relação com pecado e condenação eterna 48 13,33

4 Indicativos de provação e de purificação 29 8,06

5 Relacionados a provisão de Deus no deserto 11 3,06

6 Sinal de aceitação de sacrifícios 8 2,22

7 Atributos de Anjos e enviados de Deus 4 1,11

8 Deus não está no fogo 1 0,28

9 Batismo no Espírito Santo? 1 0,28

TOTAIS 360 100,00

Dessa classificação, já é possível perceber, em grupos maiores, que mais de 50% dos versículos bíblicos sobre “fogo” (189) dizem respeito a juízo de Deus. Em segundo lugar, com 19,17% do total (69) ficam os versos em seu sentido literal. Em terceiro lugar, com 13,33% (48), vêm as passagens que relacionam o fogo ao pecado e à condenação eterna de Deus. A propósito, somente no evangelho de Mateus, há 9 referências de Jesus sobre essa questão, o que nos mostra o quanto o salvador se preocupou em advertir o homem quanto à realidade do inferno, lugar de fogo ardente.

(8)

Vejamos o gráfico a seguir para melhor visualização dos dados da nossa tabela de classificação:

Fato relevante a destacar é que, se retiramos os versículos de sentido literal e cotidiano do fogo, e ficarmos apenas como os de sentido figurado, teremos que 64,95% dos versículos bíblicos sobre fogo dizem respeito a juízo de Deus e 16,49% dos versos sobre fogo estão relacionados a pecado ou à condenação eterna. Somente nesses dois grupos já temos mais de 80% dos textos com a figura do fogo. Vale, também, destacar que o único versículo que, supostamente, lançaria uma associação direta da figura do fogo com o batismo no Espírito Santo, tem representação quase nula nesse contexto, ou seja, menos de meio por cento, razão pela qual sequer aparece em nosso gráfico de pizza.

A título de curiosidade, é bom saber que os livros de Rute, Esdras, Ester, Eclesiastes, Jonas, Ageu, Romanos, 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 Tessalonicenses, 1 Timóteo, 2 Timóteo, Tito, Filemon, 1 João, 2 João e 3 João, não fazem menção a palavra “fogo”.

Vejamos, adiante, a relação de textos que compuseram nossa classificação.

Sentido literal e uso cotidiano na preparação dos sacrifícios

Como já vimos, dos 360 versículos bíblicos sobre fogo, há 69 (19,17%) que o apresentam em seu sentido literal, a exemplo do que transcrevemos a seguir:

Gênesis 22:6 Tomou Abraão a lenha do holocausto e a colocou sobre Isaque, seu filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo. Assim, caminhavam ambos juntos.

A lista completa dos versículos nesse sentido consta do anexo que acompanha este estudo.

(9)

Modo de exercício de juízo

De igual modo, dos 360 versículos bíblicos sobre fogo, há 49 (13,61%) que o apresentam como exercício do juízo de Deus sobre a criação, a exemplo do que transcrevemos a seguir:

Gênesis 19:24 Então, fez o SENHOR chover enxofre e fogo, da parte do SENHOR, sobre Sodoma e Gomorra.

A lista completa dos versículos nesse sentido consta do anexo que acompanha este estudo.

Juízo da ira de Deus

Seguindo a mesma linha de exposição, dos 360 versículos bíblicos sobre fogo, há 21 (5,83%) que o apresentam como exercício do juízo de Deus sobre a criação, a exemplo dos que transcrevemos a seguir:

Números 11:1 Queixou-se o povo de sua sorte aos ouvidos do SENHOR; ouvindo-o o SENHOR, acendeu-se-lhe a ira, e fogo do SENHOR ardeu entre eles e consumiu extremidades do arraial. Salmos 79:5 Até quando, SENHOR? Será para sempre a tua ira? Arderá como fogo o teu zelo? Isaías 42:25 Pelo que derramou sobre eles o furor da sua ira e a violência da guerra; isto lhes ateou fogo ao redor, contudo, não o entenderam; e os queimou, mas não fizeram caso.

A lista completa dos versículos nesse sentido consta do anexo que acompanha este estudo.

Juízo profetizado

Aqui está a maior incidência figurada sobre o fogo que há na bíblia. Trata-se dos versos que indicam o fogo com expectativa de um juízo de Deus. Neste caso, dos 360 versículos bíblicos sobre fogo, 70 deles (19,44%) faz menção aos juízos vindouros, conforme se vê nos exemplos a seguir:

Jeremias 21:14 Castigar-vos-ei segundo o fruto das vossas ações, diz o SENHOR; acenderei fogo na cidade, qual bosque, o qual devorará todos os seus arredores.

Ezequiel 28:18 Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu comércio, profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu, e te reduzi a cinzas sobre a terra, aos olhos de todos os que te contemplam.

Joel 2:30 Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça.

Hebreus 10:27 pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.

Apocalipse 8:5 e 7 E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto (...) O primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados à terra. Foi, então, queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde.

(10)

A lista completa dos versículos nesse sentido consta do anexo que acompanha este estudo.

A palavra Divina e seus juízos

Ainda em relação a juízos de Deus, temos alguns versículos que fazem referência àqueles proferidos pela boca do Senhor. Segue apenas um exemplo, pois a lista completa consta do anexo a este estudo:

Jeremias 23:29 Não é a minha palavra fogo, diz o SENHOR, e martelo que esmiúça a penha? Apocalipse 11:5 Se alguém pretende causar-lhes dano, sai fogo da sua boca e devora os inimigos; sim, se alguém pretender causar-lhes dano, certamente, deve morrer.

Representação do pecado, do inferno e da condenação eterna

Em relação ao pecado, o fogo também é utilizado como figura de iniquidades praticadas pelos homens. Estas, por sua vez, são acompanhadas pelas justas medidas de condenação eterna, inclusive com expressas referências ao inferno. O próprio Mestre Jesus foi bastante claro ao apontar a existência do inferno, conforme podemos constatar nos versos exemplificativos a seguir, lembrando que a lista completa segue anexa a este estudo:

Provérbios 6:27 Tomará alguém fogo no seio, sem que as suas vestes se incendeiem?

Provérbios 16:27 O homem depravado cava o mal, e nos seus lábios há como que fogo ardente. Tiago 3:6 Ora, a língua é fogo; é mundo de iniqüidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno.

Mateus 5:22 Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.

Mateus 13:40 Pois, assim como o joio é colhido e lançado ao fogo, assim será na consumação do século.

Mateus 18:8 Portanto, se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, corta-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida manco ou aleijado do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno.

Lucas 3:17 A sua pá, ele a tem na mão, para limpar completamente a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; porém queimará a palha em fogo inextinguível.

Apocalipse 20:10 O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos.

Apocalipse 21:8 Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.

(11)

Provação de Deus, angústia da alma e purificação

Merecem, também, destaque, pelo quantitativo de versículos e por sua disposição em toda a bíblia, os textos que apresentam o fogo como figura da provação de Deus, da angústia da alma humana, bem como da purificação de coisas e de pessoas. Dos 360 versículos bíblicos sobre fogo, 29 deles (8,06%) apresentam-se nesse sentido, conforme exemplificado a seguir:

Números 31:23 tudo o que pode suportar o fogo fareis passar pelo fogo, para que fique limpo; todavia, se purificará com a água purificadora; mas tudo o que não pode suportar o fogo fareis passar pela água.

Salmos 17:3 Sondas-me o coração, de noite me visitas, provas-me no fogo e iniqüidade nenhuma encontras em mim; a minha boca não transgride.

Jeremias 20:9 Quando pensei: não me lembrarei dele e já não falarei no seu nome, então, isso me foi no coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; já desfaleço de sofrer e não posso mais.

Zacarias 13:9 Farei passar a terceira parte pelo fogo, e a purificarei como se purifica a prata, e a provarei como se prova o ouro; ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: é meu povo, e ela dirá: O SENHOR é meu Deus.

Marcos 9:49 Porque cada um será salgado com fogo.

1 Pedro 1:7 para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo;

1 Pedro 4:12 Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo;

Deus e Jesus, santos, gloriosos, justos e a quem pertencem o juízo

A divindade, ao mesmo tempo que é santa e pura, apresenta-se de modo glorioso e imponente. O símbolo do fogo se aplica bem ao caso, uma vez que, a simples aproximação de sua santidade exige purificação, pois Deus é fogo consumidor. Nem trevas nem impurezas podem subsistir em sua santíssima presença. Além disso, a figura do fogo gera temor pelos juízos do soberano. Por essa razão, dos 360 versículos sobre o fogo, 45 deles (12,5%) apontam para uma glória inflamada, que exige santificação, temor e tremor diante Dele. Note-se que esse fogo não

tem nenhuma semelhança ao “fogo pentecostal”, porque gera temor e não liberalidades.

Vejamos algumas passagens que deixam clara essa representação:

Êxodo 3:2 Apareceu-lhe o Anjo do SENHOR numa chama de fogo, no meio de uma sarça; Moisés olhou, e eis que a sarça ardia no fogo e a sarça não se consumia.

Êxodo 19:18 Todo o monte Sinai fumegava, porque o SENHOR descera sobre ele em fogo; a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente.

Êxodo 24:17 O aspecto da glória do SENHOR era como um fogo consumidor no cimo do monte, aos olhos dos filhos de Israel.

(12)

2 Samuel 22:9 Das suas narinas, subiu fumaça, e, da sua boca, fogo devorador; dele saíram carvões, em chama.

Salmos 29:7 A voz do SENHOR despede chamas de fogo. Hebreus 12:29 porque o nosso Deus é fogo consumidor.

Daniel 10:6 o seu corpo era como o berilo, o seu rosto, como um relâmpago, os seus olhos, como tochas de fogo, os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como o estrondo de muita gente.

Apocalipse 1:14 A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo;

A lista completa dos versículos desse grupo consta do anexo que acompanha este estudo.

Luz, calor e direção de Deus no deserto

Neste tópico, reunimos os versículos que, em uma ocasião específica, durante a jornada dos hebreus pelo deserto, Deus operou alguns sinais peculiares, a exemplo do maná que descia do céu, das sandálias e das roupas das pessoas que não se desgastavam e da coluna de nuvem que, do céu, iluminava, aquecia e dava direção ao povo. Neste último caso, vemos o fogo em um sentido pontual, como um sinal do céu para um período determinado de provação dos hebreus. Do mesmo modo que a presença inflamada do Senhor gerava temor, a coluna de nuvem, igualmente, era uma manifestação da misericórdia e da soberania do Todo Poderoso. Vejamos alguns textos exemplificativos:

Êxodo 13:21 O SENHOR ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite.

Neemias 9:19 Todavia, tu, pela multidão das tuas misericórdias, não os deixaste no deserto. A coluna de nuvem nunca se apartou deles de dia, para os guiar pelo caminho, nem a coluna de fogo de noite, para lhes alumiar o caminho por onde haviam de ir.

Sinal de aceitação de oferta

De modo semelhante à operação pontual no deserto, há diversos versículos que nos mostram o Senhor lançando chamas de fogo do céu para consumir sacrifícios que lhes eram apresentados. Isso, ao mesmo tempo que servia ao povo de Deus como um sinal de que Deus estava aceitando o sacrifício, despertava temor nos corações ao ver chamas de fogo descendo do céu para consumir algo que faz parte da nossa natureza material. Vejamos alguns exemplos:

Gênesis 15:17 E sucedeu que, posto o sol, houve densas trevas; e eis um fogareiro fumegante e uma tocha de fogo que passou entre aqueles pedaços.

1 Reis 18:38 Então, caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água que estava no rego.

1 Crônicas 21:26 Edificou ali um altar ao SENHOR, ofereceu nele holocaustos e sacrifícios pacíficos e invocou o SENHOR, o qual lhe respondeu com fogo do céu sobre o altar do

(13)

holocausto.

2 Crônicas 7:3 Todos os filhos de Israel, vendo descer o fogo e a glória do SENHOR sobre a casa, se encurvaram com o rosto em terra sobre o pavimento, e adoraram, e louvaram o SENHOR, porque é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre.

Atributos de Anjos e enviados de Deus

Como vimos até aqui, a presença de Deus, quando representada pelo fogo, impõe temor e tremor, exatamente porque o fogo é, no contexto bíblico, essencialmente uma figura de

purificação, provação, juízo e condenação. Semelhantemente, os Anjos e enviados de Deus

podem se apresentar desse modo para se distinguirem como seres celestiais, senão vejamos:

2 Reis 2:11 Indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho.

2 Reis 6:17 Orou Eliseu e disse: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos para que veja. O SENHOR abriu os olhos do moço, e ele viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu.

Salmos 104:4 Fazes a teus anjos ventos e a teus ministros, labaredas de fogo.

Hebreus 1:7 Ainda, quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos, e a seus ministros, labareda de fogo;

Deus não está no fogo

O último verso bíblico sobre fogo merece destaque em separado, pois não se encaixa em nenhum dos grupos anteriores. Vejamos:

1 Reis 19:12 depois do terremoto, um fogo, mas o SENHOR não estava no fogo; e, depois do fogo, um cicio tranqüilo e suave.

Como se pode notar, esse verso tem sua própria e individual aplicação. Não está em sentido literal comum, não se refere a pecado, a purificação, a provação, a juízo, a condenação e nem mesmo à presença gloriosa de Deus ou de seus ministros (Anjos). Ao contrário, no momento em que Elias está recolhido em uma caverna, isolado, desanimado e amedrontado, somente sentiu a presença de Deus ao ouvir uma voz tranquila e suave.

Aqui, estamos diante de um caso em que um versículo isolado, sem apoio de nenhum outro texto bíblico para o confirmar, não serve para a construção de um entendimento sobre qualquer assunto. Por certo, o ocorrido com Elias é um caso pontual, onde Deus quis dar tratamento diferenciado ao seu servo. Embora o texto seja bastante claro, não se pode afirmar que Deus não fala do fogo, até porque já vimos que o Senhor falou com Moisés por meio da sarça que ardia em chamas, além dessa possibilidade ser confirmada em pelo menos outros 13 versículos bíblicos (Dt 4:12, 15, 33, 36; 5:4, 22, 23, 24, 25, 26; 9:10,15; 10:4), que confirmam essa possibilidade, a exemplo dos textos transcritos a seguir:

Êxodo 3:2 Apareceu-lhe o Anjo do SENHOR numa chama de fogo, no meio de uma sarça; Moisés olhou, e eis que a sarça ardia no fogo e a sarça não se consumia.

(14)

no dia em que o SENHOR, vosso Deus, vos falou em Horebe, no meio do fogo; Deuteronômio 5:4 Face a face falou o SENHOR conosco, no monte, do meio do fogo

Deuteronômio 9:10 Deu-me o SENHOR as duas tábuas de pedra, escritas com o dedo de Deus; e, nelas, estavam todas as palavras segundo o SENHOR havia falado convosco no monte, do meio do fogo, estando reunido todo o povo.

Salmos 29:7 A voz do SENHOR despede chamas de fogo.

O importante a destacar é que nunca devemos utilizar um versículo isolado para firmar qualquer doutrina bíblica, especialmente quando esse verso não encontra apoio de nenhuma outra passagem, ensinamento ou princípio bíblico.

O E Q U IV O CA D O F O G O

O E Q U IV O CA D O F O G O

O E Q U IV O CA D O F O G O

O E Q U IV O CA D O F O G O (N E O )

(N E O )

(N E O )

(N E O ) PE N TE CO STA L

PE N TE CO STA L

PE N TE CO STA L

PE N TE CO STA L

Agora que já conhecemos todos os versículos bíblicos que contêm a palavra fogo, já podemos confrontar, sem medo, a doutrina do fogo pentecostal.

Que fogo é esse?

Como estudamos no início deste texto, as explicações mais comuns dos (neo) pentecostais para justificar suas manifestações espirituais intensas e extravagantes estão no mover do “fogo de Deus”.

Quando o “fogo desce”, há uma explosão de sensações, visitações, sapateados (“canelinhas de fogo”), euforia, gritaria, rodopios, profusão de línguas sem interpretação, quedas, tremeliques no chão, imitações de animais, entre outras coisas.

A pergunta que fazemos é: seriam essas manifestações, realmente, procedentes do Espírito Santo de Deus? Se sim, onde encontraríamos fundamentos bíblicos para dar suporte a essas práticas? No Velho Testamento? Nos ensinamentos e exemplos de Jesus? Nos Atos dos Apóstolos? Nas epístolas que doutrinaram a igreja? No livro do apocalipse?

Respostas a essas perguntas são importantes para que deixemos nossas consciências tranquilas em relação à advertência de Paulo quanto a doutrinas estranhas, senão vejamos:

“Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema.” (Gálatas 1:8-9 RA)

Se não podemos abraçar outro evangelho, temos que estudar com cuidado o que Paulo nos anunciou. Afinal, o apóstolo sempre procurou ser fiel ao transmitir o que recebeu de Cristo. E, se o evangelho de Cristo é o nosso ponto de partida, nada mais razoável que observar seus ensinamentos como princípios para a fundamentação da nossa fé. Notemos o que Jesus nos diz sobre suas próprias palavras:

“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha;” (Mateus 7:24 RA)

(15)

amparada nos ensinamentos de Jesus e às doutrinas de Paulo à igreja.

Sobre essa questão, é interessante o que ficou registrado no livro “Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria”, de Ciro Sanches Zibordi, Editora CPAD. Veja o que esse assembleiano pentecostal diz:

Fiz-me seu Inimigo Dizendo a Verdade? Salmo, doutrina, revelação ...

Paulo, com certeza combateria a falta de ordem nos cultos.

Não permitiria inovações como "adorações proféticas" e "unções do riso e dos quatro seres". Tais modismos, comuns em algumas igrejas ditas pentecostais, não teriam respaldo do apóstolo. Ele pregaria a atualidade dos dons espirituais, reafirmando que o culto genuinamente pentecostal é formado por salmo, doutrina, revelação, língua e interpretação (1 Co 14.26).

Ele não se conformaria com o cessacionismo, teoria pela qual se afirma que a manifestação dos dons espirituais cessou. Mas também não aceitaria o antibíblico neopentecostalismo, que banaliza os dons do Espírito Santo. Para se ter uma idéia dessa banalização, cantores e animadores de auditório - durante a Copa do Mundo da Alemanha (2006) - profetizaram, em praça pública, que o Brasil se sagraria hexacampeão mundial!

Paulo não toleraria esse uso indevido do verbo "profetizar". Todos profetizam a qualquer hora (não da parte de Deus, é claro), desprezando a doutrina bíblica dos dons espirituais. A profecia, segundo as Escrituras, não são essas declarações infelizes, inconseqüentes e até blasfemas! Quem deseja profetizar da parte de Deus, que se humilhe debaixo de sua mão potente (1 Pe 5.6), curvando-se para aprender o que a Palavra do Senhor ensina sobre o assunto, em 1 Coríntios 12 a 14.

Hoje, todos os elementos do verdadeiro Pentecostes têm sido profanados: o batismo com o Espírito Santo, as línguas estranhas, a profecia, os dons de curar, etc. Quanto ao dom de discernir os espíritos, só funcionaria se houvesse compromisso com a sã doutrina (At 17.11; Hb 5.12-14). E, caso funcionasse nesses cultos, muitos "Simões" e "Elimas" seriam desmascarados (At 8.18-25; 13.8-10)! (os grifos não constam do original)

João Batista e o fogo do Espírito

No exercício de seu ministério profético, João Batista começou a receber muitos fariseus e saduceus que vinham ao batismo. João, diferenciando o batismo que praticava daquele que Jesus realizaria, exortou-os ao arrependimento sincero, seguido de frutos, dizendo-lhes:

“7 ... Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? 8 Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; (...) 10 Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. 11 Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. 12 A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível.” (Mateus 3:7-12 RA)

De modo bastante claro, João Batista explica, inicialmente, que uma árvore que não dá bom fruto deve ser cortada e destinada ao fogo. Ele disse isso porque sabia que os fariseus não

(16)

estavam verdadeiramente arrependidos. Mas, como João poderia saber disso? Observando as obras deles. No mínimo, João teria percebido que aqueles religiosos eram vaidosos, soberbos, “falsos santos” e hipócritas, ou seja, verdadeiras víboras. Tais obras da carne não são condizentes com o testemunho daqueles que se arrependeram de seus pecados. Uma vez que eles não abandonavam as obras da carne, não conseguiam produzir o fruto do Espírito (fruto bom), esperado de todos os que se arrependem verdadeiramente.

Eis, portanto, a razão dos dois batismos de Jesus. O primeiro, do Espírito, para os que, arrependidos, produzem o bom fruto do Espírito. O segundo, o batismo do fogo, é reservado àqueles que praticam as obras da carne. Este representa a própria condenação da árvore que não produz frutos bons, ou seja, deve ser lançada ao fogo. Assim, foi representado o caso dos homens que não produzem frutos dignos de arrependimento: serão batizados com o fogo do inferno. O texto deixa claro, portanto, que o justo juiz, Jesus, dando sequência ao trabalho de João Batista, tem autoridade para julgar e batizar com o fogo da condenação eterna.

Procurando ser bem claros neste ponto, repetiremos a explicação, passo a passo.

1) João Batista, diante dos fariseus, hipócritas, “raça de víboras”, os acusa de serem

exatamente a árvore que não produzia o fruto bom. Eles buscavam o batismo de

João, mas não se arrependiam de seus pecados (p.ex., vaidade, soberba e falsa santidade), continuando, assim, a produzir as obras da carne;

2) João afirma que a árvore que não produz bom fruto deve ser cortada e lançada no

fogo. Fazia, portanto, referência aos fariseus, já que ele havia acabado de dizer que

eles não produziam frutos dignos de arrependimento. Logo, os fariseus, hipócritas, que se batizavam sem arrependimento sincero, compunham a lista daqueles que mereciam o fogo do inferno;

3) Uma vez advertidos quanto à seriedade do batismo que estava realizando, João passa a apresentar os dois batismos seguintes, que Jesus traria aos homens: o

primeiro, com o Espírito Santo, e, o segundo, com fogo;

4) Os dois batismos de Jesus, apresentados por João, podem ser claramente identificados na sequência de sua explicação. No verso 12, João afirma que Jesus está com sua pá na mão. Na consumação do século (Mt 13:40), recolherá o trigo

(batizados no Espírito Santo) no seu celeiro, enquanto a palha (árvore sem bons frutos) será destinada ao fogo (batismo com fogo).

Tirando o verso 11 de seu contexto, é até possível imaginar que João Batista estivesse falando de um só batismo com duas características, como muitos pensam. Entretanto, não há como isolar esse versículo, pois ele é a consequência do verso 10 e a causa do verso 12. Interpretar versículos bíblicos tirados de seu contexto, como bem sabemos, é a razão de tantas heresias que presenciamos na igreja hodierna. Não devemos ser descuidados a esse ponto.

Enfim, o texto de Mateus nos deixa evidente que o batismo com fogo a que se referiu

João Batista é um juízo e condenação de Deus e está em perfeita consonância com os demais

189 versículos espalhados pelos diversos livros da bíblia que relacionam o fogo à condenação, ou seja, com mais da metade dos versos bíblicos que se referem ao fogo.

(17)

fruto bom, ou seja, àqueles que não produzem frutos dignos de arrependimento.

Pentecostes: línguas como de fogo

Passemos, agora, a analisar o texto de Atos, capítulo 2, verso 3, único versículo da bíblia que parece relacionar o fogo com o Batismo no Espírito Santo. Vejamos o texto:

“E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles.” (Atos 2:3 RA)

Quando dizemos que um automóvel é um veículo motorizado como uma motocicleta, não estamos dizendo que um carro é uma motocicleta. Também, não estamos afirmando que o motor de um carro é igual ao de uma moto. A afirmação é apenas para estabelecer uma referência comparativa entre dois veículos distintos, que possuem algumas características comuns, a exemplo do motor à combustão. Ambos são veículos movidos por um motor à combustão.

De igual modo, dizer que línguas como de fogo pousaram sobre as cabeças dos crentes reunidos no dia de pentecostes não nos permite afirmar que eles foram batizados com fogo. Nem mesmo é possível dizer se havia calor naquilo que Lucas relatou. É provável que a falta de algo melhor para comparar com o que os cristãos do pentecostes viram os tenham levado a se referir às chamas de uma lâmpada.

Na verdade, tudo o que podemos afirmar é que as línguas repartidas pareciam com as chamas de uma lâmpada à combustão. Mesmo que o formato fosse parecido, nada sabemos sobre a cor, a temperatura, o tamanho etc.

Respeitando o que está escrito, para não irmos além do que foi dito, não pretendemos afirmar que as línguas de fogo não se pareciam com chamas de fogo, mas, a simples existência da preposição “como” descarta a possibilidade de que o Espírito Santo manifesto no dia de pentecostes fosse, realmente, um fogo. Notem que, até aquilo que pensávamos ser um vento, não era. O texto de Atos nos diz que ouviu-se um som, como o som de um vento impetuoso, senão vejamos:

“de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados.” (Atos 2:2 RA)

O texto de atos foi cuidadoso em apresentar apenas semelhanças. Na verdade, não

houve nem vento e nem fogo naquele lugar. Real era apenas o som e a aparência das línguas

que desceram sobre as pessoas.

Mas, não sejamos assim rigorosos. Não negamos que os irmãos presentes no dia do pentecostes passaram por uma experiência peculiar. Entretanto, um único versículo bíblico é insuficiente para defendermos uma doutrina que diz que o batismo no Espírito Santo, ou suas manifestações, hoje, devem respeitar essa mesma característica. E, mais! Não há como aceitar, com base apenas nesta passagem, que o afetado pelo “fogo” se comporte como um bêbado sem controle próprio nas reuniões dos crentes.

Como já foi dito anteriormente, o único versículo que diz que “Deus não estava no fogo” não é suficiente para afirmarmos que Deus não pode falar através do fogo, até porque há um número de versículos bíblicos consideráveis que o contradizem. De igual modo, este único versículo de Atos 2:3, não pode ser suficiente para engendrar uma doutrina como a que conhecemos hoje, até porque todas as demais indicações bíblicas sobre o fogo (99,7%) não corroboram com essa

(18)

doutrina.

Parece ser algo irracional defender uma doutrina que não alcança um mínimo de representatividade ou de harmonia em relação aos demais textos bíblicos. Devemos, então, compreender que, naquele momento histórico do pentecostes, algo semelhante a línguas de fogo pousou sobre cada um dos presentes. Por consequência, eles falaram outras línguas. O fato de homens zombadores (invejosos) terem procurado ridicularizar os cristãos naquele instante, dizendo que estavam embriagados, não significa que eles estivessem se comportando como bêbados. Os zombadores não merecem crédito, pois se manifestam por inveja, despeito e não estão comprometidos com a verdade.

“Outros, porém, zombando, diziam: Estão embriagados!” (Atos 2:13 RA)

Com essas observações, acreditamos que não é racional defender uma doutrina fundada em apenas um versículo, que nem mesmo é determinante na definição da manifestação que ocorreu. O versículo de At 2:3, sequer oferece um grau mínimo de segurança sobre o assunto, uma vez que faz comparações e não afirmações concretas. Ademais, nenhuma outra passagem da

bíblia pode ser utilizada, honestamente, para defender o “fogo neopentecostal”. Assim como

Elias passou por uma experiência única, os cristãos do pentecostes experimentaram algo peculiar que, mais adiante, mereceu ser disciplinado pelo Apóstolo Paulo, no momento em que a igreja foi doutrinada, senão vejamos:

"19 Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua. 20 Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos. 21 Na lei está escrito: Falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor. 22 De sorte que as línguas constituem um sinal não para os crentes, mas para os incrédulos; mas a profecia não é para os incrédulos, e sim para os que crêem. 23 Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão, porventura, que estais loucos? 24 Porém, se todos profetizarem, e entrar algum incrédulo ou indouto, é ele por todos convencido e por todos julgado; 25 tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e, assim, prostrando-se com a face em terra, adorará a Deus, testemunhando que Deus está, de fato, no meio de vós. " (1 Coríntios 14:19-25)

"26 Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação. 27 No caso de alguém falar em outra língua, que não sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete. 28 Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus. 29 Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem. 30 Se, porém, vier revelação a outrem que esteja assentado, cale-se o primeiro. 31 Porque todos podereis profetizar, um após outro, para todos aprenderem e serem consolados. 32 Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas; 33 porque Deus não é de confusão, e sim de paz. Como em todas as igrejas dos santos," (1 Coríntios 14:26-33)

Como vimos, Paulo valoriza o falar profeticamente, a pronúncia da profecia, a declaração dos mistérios de Deus, mas não incentivou a confusão, nem mesmo do falar em línguas.

Em reforço, para quem agora está de “nariz torcido” desmerecendo o valor estatístico apresentado neste estudo, vamos mostrar o quanto pode ser prejudicial desenvolvermos doutrinas com sustentação em textos isolados. Com base na passagem bíblica que transcreveremos a seguir,

(19)

imaginemos como seria hoje a igreja neopentecostal se seus líderes valorizassem e aplicassem as palavras de Paulo a Timóteo do modo como ele claramente orientou:

“9 Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso, 10 porém com boas obras (como é próprio às mulheres que professam ser piedosas). 11 A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. 12 E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio.” (1 Timóteo 2:9-12 RA)

Por último, embora não possamos afirmar que as manifestações supostamente produzidas atualmente pelo “fogo (neo)” sejam apenas emocionais, podemos, sim, afirmar que não encontramos qualquer texto bíblico relacionado à manifestação do Espírito Santo que apresente algo semelhante ao que vemos hoje nos movimentos neopentecostais. A ausência de textos bíblicos para fundamentar a nossa fé, impede-nos de defender comportamentos pitorescos em reuniões da igreja do Senhor. Nem mesmo a passagem de Atos 2:1-13, nos permite identificar qualquer manifestação que possa ser comparada à embriaguez, a desvarios, a extravagâncias, meninices ou à loucura.

Ministros “labaredas de fogo”

Para que não fiquem dúvidas quanto ao que estamos apresentando, resta-nos enfrentar o argumento dos pentecostais que justificam suas manifestações alegando ser ministros “labaredas de fogo”. Demonstraremos, pois, que a referência bíblica aos ministros “labaredas de fogo” não dizem respeito a homens (canelinhas de fogo) e, sim, a anjos. Vejamos os textos a ser analisados:

“Fazes a teus anjos ventos e a teus ministros, labaredas de fogo.” (Salmos 104:4 RA)

“Ainda, quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos, e a seus ministros, labareda de fogo;” (Hebreus 1:7 RA)

O salmo 104 começa com uma descrição de um Rei tão grandioso (95:3; Hb 3:4) que veste a luz como um manto e tem um palácio no céu sobre as águas. Usa as nuvens como sua carruagem e esta é impelida pelos ventos. Seus servos (os anjos, 148:8; Hb 1:7) trabalham de modo rápido e invisível como o vento e têm o mesmo poder assustador que as chamas de fogo.

Como se pode notar, o salmo refere-se a um Rei superior aos anjos. Foi exatamente por isso que o escritor da carta aos Hebreus citou esse texto ao se referir a Jesus, Rei dos Reis. Em Hebreus, Jesus é o mais excelente nome. Apesar de os anjos poderem ser chamados coletivamente de “filhos de Deus” (Jó 1:6), nenhum anjo recebe esse título individualmente. Sem dúvida alguma, Jesus é superior e, inclusive, é servido pelos anjos (Lc 4:10-11).

O escritor da carta aos Hebreus (Hb 1:7) citou o salmo 104:4 para elevar Jesus sobre todo nome e colocá-lo em posição superior aos anjos. Note-se que não há a menor necessidade de se afirmar a superioridade de Jesus sobre os homens. Isso é um fato.

Entretanto, há quem desenvolva uma interpretação isolada do verso 7 do primeiro capítulo da carta aos Hebreus, tirando-o de seu contexto com o fim de fazer parecer que o termo “ministros” se refere a homens, quando, na verdade, esse termo foi utilizado apenas como forma de não se repetir a palavra “anjos” no mesmo período frasal.

É importante notar que o texto de Hebreus 1:7, ao citar o verso 4 do salmo 104, faz questão de deixar bem claro que está se referindo a anjos e não a homens. A dúvida que poderia

(20)

ser gerada na passagem do salmo fica totalmente esclarecida no texto de Hebreus. Parafraseando, para abolir qualquer dúvida, temos:

“Ainda, quanto aos anjos, diz: [Jesus é] aquele que a seus anjos faz ventos, e [a esses mesmos anjos], labareda de fogo”.

O fato do texto de salmos ter evitado a repetição da palavra “anjos”, substituindo-a por um de seus termos relacionados (ministros) foi simplesmente estilístico. Mas, na essência, o texto mostra a soberania divina e, sob a apresentação do escritor da carta aos Hebreus, serve para afirmar que Jesus é superior aos anjos e sobre eles exerce poder e autoridade, a ponto de potencializá-los, uma vez que o vento aumenta a chama acesa até fazer dela uma labareda de fogo. Assim, um anjo às ordens de Jesus está apto a realizar os juízos do Senhor ainda que sejam intensos:

O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com fogo. (Apocalipse 16:8)

Portanto, afirmar que os ministros referidos em Hb 1:7 e em Sl 104:4 são homens (crentes canelinhas de fogo) nada mais é que o exercício de uma prática herética, onde se altera o sentido de textos bíblicos para favorecer uma doutrina qualquer, normalmente antibíblica.

Pentecostalismo ou neopentecostalismo?

Esclarecimentos finais são necessários. Quando falamos do equívoco do “fogo pentecostal, não estamos rejeitado a manifestação bíblica do Espírito Santo de Deus, seja ela de que natureza for. Afinal, não há como negar que Deus cura, opera maravilhas, batiza com o Espírito Santo e produz eventos sobrenaturais. Inclusive, este foi o carro motor do avivamento iniciado no século XX.

Entretanto, as extravagâncias que hoje se vê, a que chamam de “fogo de Deus” não conferem com as manifestações que encontramos na bíblia. Na verdade, toda essa falta de limites e distanciamento da palavra de Deus sobreveio aos crentes a partir do movimento neopentecostal, mais precisamente com o “movimento fé”. O fato desse movimento ser crescente e ter atraído com mais facilidade os pentecostais não permite que o aprovemos como originalmente pentecostal.

Para que possamos compreender melhor essa confusão, lembramos que no ano de 1994 ouviu-se acerca de um grande avivamento na igreja Airport Vineyard Fellowship (Comunhão da Videira do Aeroporto de Toronto), pastoreada pelo pastor John Arnott e sua esposa Carol, também pastora. Segundo Arnott, milhares de evangélicos, mais de 30.000 pastores e líderes vieram de várias partes do mundo para a Igreja do Aeroporto, para ver e receber a “bênção de Toronto”, como ficou conhecido o movimento.

A diferença entre esse novo movimento e o tradicional pentecostalismo é que, dizia-se haver uma visitação intensa, apaixonante e sobrenatural do Pai, tão claramente revelado, que as pessoas ficavam tão cheias da alegria do Espírito Santo que reagiam com gargalhadas, risos incontroláveis, chegando a cair e a rolar pelo chão. Outras reações físicas mais conhecidas vieram com esse movimento, a exemplo do “cair no Espírito”, tremores, gritos, etc.

Mas, não foi John Arnott o precursor de tudo isso. Ele próprio admitiu ter sido influenciado pelos pastores de igrejas da “Terceira Onda”, a exemplo da famosa Kathryn Kuhlman e do

(21)

renomado pastor carismático Benny Hinn, que em suas conferências praticava o cair no Espírito. No ano de 1993, o casal Arnott foi à Argentina conhecer o “avivamento” que estava acontecendo através de Claudio Freidzon, um líder das Assembléias de Deus naquele país. Numa das reuniões, John e Carol foram à frente, e Freidzon orou por eles. John caiu no chão. Quando se levantou, Freidzon lhe perguntou: “Você quer a unção?” John respondeu, “Quero, sim, quero de verdade”. “Então, aqui está ela, receba-a”, disse Freidzon, batendo com sua mão espalmada na mão aberta de John. E segundo John relata, naquele momento Deus lhe falou dizendo: “O que você está esperando? Por favor, receba-a, é sua!”. E então ele recebeu a “unção” pela fé1.

Desde então iniciaram-se as incomuns manifestações na igreja do Aeroporto que chamou a atenção do mundo evangélico, particularmente dos pentecostais, bem como da imprensa secular. A “bênção de Toronto” foi tão divulgada pelo mundo que logo seu local de reuniões não podia conter o grande número de visitantes e curiosos que queriam receber aquela “bênção”.

No ano de 1995, um novo fenômeno ocorreu. Enquanto Arnott estava ausente em conferências na Igreja Vineyard de Randy Clark, nos Estados Unidos, um pastor chinês, líder das Igrejas chinesas cantonesas de Vancouver, Canadá, durante o período de ministração na Igreja do Aeroporto, começou a urrar como um leão. A liderança que havia ficado à frente da Igreja entendeu que aquele comportamento bizarro do pastor chinês era do Espírito Santo. Ao regressar, Arnott entrevistou o pastor chinês diante da congregação durante uma reunião, e para surpresa de todos, ele caiu sobre as mãos e os pés e começou a rugir como um leão na plataforma, engatinhando de um lado para o outro, e gritando: “Deixem ir meu povo, deixem ir meu povo!”. Ao voltar ao normal, o pastor explicou que durante anos seu povo tinha sido iludido pelo dragão, mas agora o leão de Judá haveria de libertá-los. A igreja irrompeu em gritos e aplausos de aprovação, e Arnott convenceu-se que aquilo vinha realmente do Espírito de Deus.2 Desde então os sons de animais passaram a fazer

parte da “bênção de Toronto”, a exemplo de pessoas rugindo como leão, cantando como galo, piando como a águia, mugindo como o boi, e gritando gritos de guerra como um guerreiro. Para Arnott, estes sons eram “profecias encenadas”, em que Deus fala uma palavra profética à Igreja através de sons de animais.

Tirando essas questões mais esdrúxulas, no mais, os cultos da igreja de Toronto são semelhantes ao que vemos hoje no Brasil, com um período de louvor, mensagem, ofertas, testemunhos e, ao final, após um apelo, algumas pessoas vêm à frente para receber uma oração. Ao som de um louvor, os obreiros oram com imposição de mãos pelas pessoas e a maioria “cai” para trás e são aparadas imediatamente pelos “apanhadores”. No chão, ficam deitadas, o que eles chamam de “descansar no Espírito”, e recebem uma visitação especial.

Evidentemente, nesse contexto, não há muito espaço para se falar em pecado, culpa, juízo, castigo ou ira de Deus. O fogo é pura bênção! Busca-se somente um ambiente em que as pessoas possam experimentar e expressar o amor de Deus com toda a liberdade – inclusive caindo no chão, tremendo, e gargalhando e tendo reações que são vistas como um extravasar da alegria no Espírito que inunda a alma dos que foram alcançados.

Para diferenciar esse movimento do pentecostalismo, o próprio Arnott disse que cada

1John G. Arnott, The Father’s Blessing (Florida: Creation House, 1995, p. 58) 2John G. Arnott, The Father’s Blessing (Florida: Creation House, 1995, p. 168/169)

(22)

avivamento histórico teve uma ênfase característica. Segundo ele, o avivamento pentecostal, por exemplo, no início do século XX, teve (e tem) como característica marcante a ênfase nos dons espirituais, enquanto a característica do avivamento de Toronto tem sua ênfase no amor de Deus e na alegria que ele produz na vida dos seus filhos. Curiosamente, o fundamento dessa teologia se apoia em reações físicas, a exemplo do povo diante do fogo de Deus (Lv 9.24), entre outros. A grande questão, para Arnott, é que não se pode limitar o Espírito, nem proibir reações à sua operação na vida dos crentes.

O fato é que a teologia de John Arnott é explicitamente influenciada por carismáticos como Benny Hinn, Howard Rodney-Brown, e Kathryn Kuhlman, e portanto, sofre das mesmas deficiências que caracterizam a teologia neopentecostal, como a abertura para revelações diretas que se tornam, ao lado da Bíblia, uma segunda regra de fé e prática. Some-se a isto a ênfase nas experiências pessoais e a tendência para receber como divino tudo que tem aparência do sobrenatural, sem o estabelecimento de critérios adequados que ajudem a fazer distinção entre o divino, humano, e demoníaco.

O movimento da “bênção de Toronto” faz parte, por isso, do que tem sido chamado de reavivalismo moderno, em distinção aos avivamentos históricos dos séculos passados. Embora os neopentecostais não contradigam as doutrinas centrais da ortodoxia evangélica, dão-lhes lugar secundário e acrescentam crenças e práticas estranhas à bíblia, controladas por interesses materiais ou experiências extravagantes.

Embora não possamos negar a possibilidade da ocorrência de fenômenos físicos em resposta à ação do Espírito, é preciso reconhecer que tais manifestações subjetivas são biblicamente insustentáveis. As evidências da obra do Espírito (fruto do Espírito) na vida dos crentes enfatizam a vida santa em obediência à Palavra e não negação dela para dar lugar ao experimentalismo.

Vejamos, a seguir texto que reúne a posição de alguns pentecostais de renome:

Algumas igrejas ou instituições relacionadas a denominações pentecostais incentivam a prática do cair no espírito. Todavia, a Assembléia de Deus, por meio da CGADB (Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil) é contra o “cair no espírito”. Na oitava ELAD, que é um encontro de pastores assembleianos ligados a CGADB, na cidade de Porto-Seguro- BA, em outubro de 2002, foi reafirmado a posição contrária da Assembléia de Deus em relação aos modismos neopentecostais. No relatório da ELAD, está escrito:

Sob o esfuziante tema “Não extingais o Espírito” o 8° ELAD trouxe a tona os fenômenos promovidos pelos movimentos neo-pentecostais como: “cair no Espírito”, “sopro do Espírito”, “benção de Toronto”, “dançar no Espírito”, “dentes de ouro” e outras enxurradas de práticas inovadoras que andavam perturbando o seio da igreja. Nas palestras ministradas pelos pastores José Wellington Bezerra da Costa, Antonio Gilberto, Elienai Cabral e Elinaldo Renovato de Lima, os mais de 700 pastores e evangelistas inscritos no encontro, puderam constatar que a Bíblia não oferece nenhum respaldo para tais acontecimentos e reafirmaram que o autêntico mover do Espírito é aquele que traz avivamento espiritual, batismo no Espírito Santo e transformação na vida do homem.

Por meios dos periódicos oficias, a Assembléia de Deus tem se colocado contra essas práticas. Exemplo disso é o Jornal Mensageiro da Paz, que na edição de Setembro de 2007, trouxe uma matéria de capa sobre o pastor Paul Gowdy, um ex-líder da igreja em Toronto, que hoje revela a farsa do movimento. Vários teólogos assembleianos e pentecostais se posicionaram contra o “cair no espírito”. O renomado pastor assembleiano Antonio Gilberto comenta de forma

(23)

crítica:

“Cair no Espírito” é cair e ficar inconsciente; cair não subjetivamente; cair à toda hora; cair em grupos; cair por manipulação de alguém esperto, e ainda mais citando textos bíblicos truncados [7]. E continua: Nas reuniões de “riso no Espírito” há pouco ou nada de leitura bíblica, de pregação e ensino da Palavra de Deus. Durante essas reuniões, eles proferem repetidamente frases como: - Não tente usar sua mente para entender isso, Não ore agora; beba! Receba! Receba um pouco mais. Ora tudo isso é contrário aos ensinos da Palavra de Deus, pois a fé abrange a mente.[8]

O teólogo pentecostal Claudionor Corrêa de Andrade escrevendo sobre o “cair no espírito”, cita exemplo de Gunnar Vingren, um dos fundadores das Assembléias de Deus no Brasil, que viajou em 1923 de Belém do Pará até Santa Catarina para combater o que hoje é conhecido com “Bênção de Toronto”, e Andrade comenta:

Embora fervoroso pentecostal, Gunnar Vingren não se deixou embair pelo emocionalismo nem pelas aparências. Ele sabia que nem tudo o que é místico, é espiritual; pode brilhar, mas não é avivamento. O misticismo manifesta-se também em rebeldias e mentiras. Haja vista as seitas proféticas e messiânicas.[9]

O Dr. Paulo Romeiro, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pastor de uma igreja pentecostal em São Paulo, lembra do equilíbrio em relação ao assunto, mas sem deixar de destacar as mazelas que fenômeno tem trazido ao evangelicalismo, ele diz:

Reconheço que Deus tem poder para tocar alguém hoje de tal forma que a pessoa venha a cair. De modo algum sou contra a verdadeira manifestação do poder de Deus. Esta não me preocupa nem um pouco, pois quanto mais, melhor. O que realmente me preocupa são os abusos gerados em torno de tal prática. Estes trazem mais transtornos e divisões para o Corpo de Cristo do que edificação espiritual.[10]

José Gonçalves, pastor da Assembléia de Deus no Piauí, escrevendo sobre fenômenos neopentecostais, lembra do perigo do sensacionalismo e pauta o assunto pelo equilíbrio. Em artigo, escreveu sobre a possibilidade de alguém cair sob influência divina assim como nos avivamentos do Século 19, mas reconhece os atuais exageros sobre o fenômeno. Gonçalves escreve:

Há o perigo dos “pneumatismos” que conduzem à anarquia espiritual. Na gênese das seitas que dizem ser criação do Espírito de Deus, encontra-se com abundância as mais insidiosas aberrações teológicas. Esse é um problema que não pode ser simplesmente ignorado por se desejar preservar um evangelicalismo ou um suposto avivamento. [11]

Outra observação importante de um teólogo pentecostal, é o que está descrito no Dicionário do Movimento Pentecostal, em relação ao “cair no espírito”. Isael de Araújo escreve:

A comprovação para o fenômeno está inconclusiva. Do ponto de vista experimental, é inquestionável que, ao longos dos séculos, crentes venham experimentando fenômenos psicofísicos nos quais caem no chão. Além disso, eles sempre atribuem a experiência a Deus. É igualmente inquestionável que não existe nenhuma prova bíblica para a experiência como norma para a vida cristã. [12]

(24)

do que está escrito, como bem recomendou o apóstolo Paulo (I Co 4.6) .3

Portanto, apesar das afirmações de que o pentecostalismo está crescendo, percebemos que, na verdade, não é o pentecostalismo que está crescendo. Ele está, em boa medida, sendo absorvido pelo neopentecostalismo e cedendo a ele sem perceber, pois pentecostalismo é outra coisa.

CO N C L U SÃ O

CO N C L U SÃ O

CO N C L U SÃ O

CO N C L U SÃ O

Nada tenho contra o falar em línguas estranhas, nem contra visões, sonhos, revelações, profecias, curas, milagres, libertações etc. Também, não sou contrário à alegria, que é, também, fruto do Espírito. Entretanto, embora seja uma felicidade ver nossos irmãos pentecostais (neopentecostais?) exultantes, é preciso esclarecer que não há fundamento bíblico para manifestações estranhas à bíblia, a exemplo de sapateados, rodopios, “quedas no espírito” com risos, choros, gritos e multiplicidade de pessoas falando ao mesmo tempo em línguas estranhas. Ao contrário, o próprio apóstolo Paulo rechaçou, de modo direto e objetivo, a desordem nas reuniões dos crentes.

Dos 360 versículos que contêm a palavra “fogo”, apenas um pode ser relacionado à manifestação do Espírito Santo. E, ainda que fosse razoável utilizar um único versículo bíblico para sustentar uma doutrina, esse versículo deveria ser muito claro, objetivo, consistente e harmônico com toda a bíblia. Mas, este não é o caso de At 2:3, que está absolutamente sozinho ao pretender relacionar a manifestação pentecostal à palavra “fogo”.

Os demais versículos que os pentecostais relacionam ao batismo no Espírito Santo não se prestam a confirmar sua doutrina. Quando João Batista afirmou que Jesus batizaria com o Espírito Santo e com fogo, apontava para dois batismos diferentes. O primeiro reservado aos salvos, como o trigo destinado aos celeiros, e o segundo reservado aos ímpios, condenados à morte eterna, que queimarão no fogo do inferno.

Sobre os ministros “labaredas de fogo”, o próprio versículo de Hb 1:7 deixa claro que o autor não se refere a homens, mas a anjos, de modo que não há como afirmar que um crente seja um ministro de fogo.

Uma vez que só sobrou o texto de At. 2:3 para socorrer a doutrina do fogo pentecostal, o levantamento realizado neste estudo pretendeu mostrar que esse verso não se harmoniza com todo o contexto bíblico, onde 99,7% dos textos que se referem a fogo não dizem respeito à ação do Espírito Santo de Deus. Se considerarmos apenas os versos de sentido figurado, teremos que

64,95% dos versículos bíblicos sobre fogo dizem respeito a juízo de Deus e 16,49% dos versos sobre fogo estão relacionados a pecado ou à condenação eterna. Somente nesses dois

grupos já temos mais de 80% dos textos com a figura do fogo em sentido de juízo e condenação. Enfim, quando alguém clama por um derramamento de fogo do céu está pedindo, na

verdade, por provação, purificação, juízo ou condenação. É claro que não é isso o que querem e

Deus sabe disso, mas, agora, diante desses esclarecimentos, não deveriam ficar preocupados aqueles que, mesmo assim, querem fogo?

(25)
(26)

A PÊ

A PÊ

A PÊ

A PÊ N D ICE

N D ICE

N D ICE

N D ICE

Relação dos versículos utilizados neste estudo, separados por classes temáticas.

Sentido literal e uso cotidiano na preparação dos sacrifícios

Gênesis 22:6 Tomou Abraão a lenha do holocausto e a colocou sobre Isaque, seu filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo. Assim, caminhavam ambos juntos.

Gênesis 22:7 Quando Isaque disse a Abraão, seu pai: Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho! Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?

Êxodo 12:8 naquela noite, comerão a carne assada no fogo; com pães asmos e ervas amargas a comerão.

Êxodo 12:9 Não comereis do animal nada cru, nem cozido em água, porém assado ao fogo: a cabeça, as pernas e a fressura.

Êxodo 22:6 Se irromper fogo, e pegar nos espinheiros, e destruir as medas de cereais, ou a messe, ou o campo, aquele que acendeu o fogo pagará totalmente o queimado.

Êxodo 32:24 Então, eu lhes disse: quem tem ouro, tire-o. Deram-mo; e eu o lancei no fogo, e saiu este bezerro.

Êxodo 35:3 Não acendereis fogo em nenhuma das vossas moradas no dia do sábado.

Levítico 1:7 E os filhos de Arão, o sacerdote, porão fogo sobre o altar e porão em ordem lenha sobre o fogo.

Levítico 1:8 Também os filhos de Arão, os sacerdotes, colocarão em ordem os pedaços, a saber, a cabeça e o redenho, sobre a lenha que está no fogo sobre o altar.

Levítico 1:12 Depois, ele o cortará em seus pedaços, como também a sua cabeça e o seu redenho; e o sacerdote os porá em ordem sobre a lenha que está no fogo sobre o altar;

Levítico 1:17 rasgá-la-á pelas asas, porém não a partirá; o sacerdote a queimará sobre o altar, em cima da lenha que está no fogo; é holocausto, oferta queimada, de aroma agradável ao SENHOR.

Levítico 2:14 Se trouxeres ao SENHOR oferta de manjares das primícias, farás a oferta de manjares das tuas primícias de espigas verdes, tostadas ao fogo, isto é, os grãos esmagados de espigas verdes.

Levítico 3:5 E os filhos de Arão queimarão tudo isso sobre o altar, em cima do holocausto, que estará sobre a lenha no fogo; é oferta queimada, de aroma agradável ao SENHOR.

Levítico 6:9 Dá ordem a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei do holocausto: o holocausto ficará na lareira do altar toda a noite até pela manhã, e nela se manterá aceso o fogo do altar. Levítico 6:10 O sacerdote vestirá a sua túnica de linho e os calções de linho sobre a pele nua, e levantará a cinza, quando o fogo houver consumido o holocausto sobre o altar, e a porá junto a

Referências

Documentos relacionados

Para análise estatística foi utilizado o software IBM SPSS®, versão 24.0, programa aplicado para a produção dos gráfi cos de associação entre a evo- lução das notifi cações

k) O envelhecimento, além de ser um símbolo de experiência e sabedoria, pode servir também para que o ser humano se aproxime mais de sua realização pessoal, de

Cada um desses estados, quando se apodera da personalidade como um todo, repre- senta o efeito dinâmico de um arquétipo, independentemente do fato de esse efeito ser aceito

As curvas apresentadas na Figura 5 repre- sentam o rendimento de grãos obtido quando a cultura permaneceu por períodos crescentes de convivência com as plantas daninhas (no mato), o

O Scribus é o responsável por posicionar os outros elementos da composição, já que nele existe a possibilidade de se criar uma cor específica, que é reproduzida em todas as

SET/15: EXTENSO INFILTRADO EM VIDRO FOSCO (SEQUELA ACTÍNICA) ASSOCIADO A DERRAME PLEURAL BILATERAL/ LESÃO BLÁSTICA EM D12 ESTÁVEL. TOSSE SECA/HEMOPTÓICOS

a terra me encerrou para sempre com os seus ferrolhos; mas tu fizeste subir a minha vida da perdição, ó Senhor meu Deus.. Quando desfalecia em mim a minha alma, lembrei-me do Senhor;

Porém Moisés suplicou ao SENHOR seu D’us, e disse: Ó SENHOR, por que se acende o teu furor contra o teu povo, que tu tiraste da terra do Egito com grande força e com forte