Propor ionalidade e Semelhança I
Semana 12/09/2011 a 18/09/2011
1 O teorema de Thales
Consideremos a seguinte situação: temos no plano retas paralelas
r
,s
et
(gura 1). Traçamos em seguida retasu
eu
′
, a primeirainterse tando
r
,s
et
respe tivamente nos pontosA
,B
eC
, ea segunda interse tandor
,s
et
respe tivamente emA
′
,B
′
eC
′
.Sefosse
AB = BC
(oquepare enãosero asonaguraa ima),teríamos peloteoremada base média de um trapézio (proposição 12,Unidade 6)queA
′
B
′
= B
′
C
′
. De outra forma,já sabemos queAB
BC
= 1 ⇒
A
′
B
′
B
′
C
′
= 1.
Suponha agora que
AB
BC
seja um número ra ional, digamos2
3
, parar
s
t
u
u
′
A
B
C
X
Y
Z
A
′
B
′
C
′
X
′
Y
′
Z
′
Figura1: paralelas ortadaspor transversais.
três partes iguais,obtendo pontos
X
,Y
eZ
emu
, taisqueAX = XB = BY = Y Z = ZC
(gura 1). Se traçarmos por
X
,Y
eZ
paralelas às retasr
,s
et
, as quais interse tamu
′
respe tivamenteemX
′
,Y
′
eZ
′
,entãomais trêsapli açõesdo
teoremadabase média de um trapézio garantem que
A
′
X
′
= X
′
B
′
= B
′
Y
′
= Y
′
Z
′
= Z
′
C
′
,
edaíAB
BC
=
2
3
⇒
A
′
B
′
B
′
C
′
=
2
3
.
Prosseguindo omnossora io ínio,suponhaagoraquefosse
AB
BC
=
m
n
, omm, n ∈ N
. Então uma pequena modi ação do argumento a ima (dividindo ini ialmenteAB
eBC
emm
eemn
partesiguais,respe tivamente)garantiria queAB
BC
=
m
n
⇒
A
′
B
′
B
′
C
′
=
m
n
.
De outra forma, a relação
AB
BC
=
A
′
B
′
B
′
C
′
é válida sempre que oprimeiro(ou osegundo) membro for um ra ional.
A pergunta natural nesse momento é a seguinte: a igualdade das razões
a ima se mantém quando um dos membros da mesma for um número
irra- ional? A resposta é sim, e, para entender o porquê disso, utilizaremos o
problema
1.5.2
do volume I. Suponha queAB
BC
= x,
om
x
irra ional. Es olha(peloproblemaaquenosreferimos)umasequên ia(a
n
)
n
≥1
de ra ionaispositivos, talquex < a
n
< x +
1
n
para todo
n ∈ N
. Emseguida, marque (gura2) opontoC
n
∈ u
talqueAB
BC
n
= a
n
.
Sejam
t
n
aparalelaàs retasr
,s
et
traçadaporC
n
eC
′
n
oponto ondet
n
interse tau
′
. Como
a
n
∈ Q
, um argumentoanálogo aoanterior garantequeA
′
B
′
B
′
C
′
n
= a
n
.
De outra forma,obtivemos que
x <
AB
BC
n
< x +
1
n
⇒ x <
A
′
B
′
B
′
C
′
n
< x +
1
n
,
ou aindaAB
BC
<
AB
BC
n
<
AB
BC
+
1
n
⇒
AB
BC
<
A
′
B
′
B
′
C
′
n
<
AB
BC
+
1
n
.
(1)r
s
t
t
n
u
u
′
A
B
C
n
C
A
′
B
′
C
′
n
C
′
Figura 2: razãoAB
BC
irra ional.Observe agora que as desigualdades do primeiro membro a ima garantem
que, à medida em que
n
aumenta, os pontosC
n
aproximam-se mais e mais do pontoC
. Mas omot
n
k t
, segue então que os pontosC
′
n
aproximam-se mais e mais do pontoC
′
, de maneira que a razão
A
′
B
′
B
′
C
′
n
aproxima-se mais e mais darazãoA
′
B
′
B
′
C
′
. Abreviamos issoes revendoA
′
B
′
B
′
C
′
n
−→
A
′
B
′
B
′
C
′
quandon → +∞.
Por outro lado, utilizando notação análoga à da linha a ima, podemos
la-ramenteinferir, a partir das desigualdades dosegundo membro de (1), que
A
′
B
′
B
′
C
′
n
−→
AB
BC
quandon → +∞.
Utilizandoagoraofato(intuitivamenteóbvio)dequeumasequên iadereais
não pode aproximar-se simultaneamentede dois reais distintosquando
n →
+∞
, somos forçados a on luir queAB
BC
=
A
′
B
′
A dis ussão a ima provou um dos resultados fundamentaisdageometria
Eu lidianaplana, onhe ido omooteoremade Thales,oqualenun iamos
formalmenteaseguir:
Proposição 1. Sejam
r, s, t
retas paralelas. Es olhemos pontosA, A
′
∈ r
,B, B
′
∈ s
eC, C
′
∈ t
, de modo queA, B, C
eA
′
, B
′
, C
′
sejam dois ternos de
pontos olineares. Então
AB
BC
=
A
′
B
′
B
′
C
′
.
Figura3: Thales de Mileto, matemáti o e lósofo do
sé- uloVIIa.C.e o primeiro daantiguidade lássi agrega.
Cole ionamos a seguir algumas apli ações do teorema de Thales,
ome-çando pelo seguinte
Exemplo 2. Divida o segmento
AB
dado a seguir em in o partes iguais om régua e ompasso.Solução.
1. Tra e peloponto
A
uma reta arbitráriar
.2. Marque sobre
r
pontosC
0
= A
,C
1
,C
2
,C
3
,C
4
eC
5
tais que, para0 ≤ i ≤ 4
, ossegmentosC
i
C
i+1
sejam todos iguais. 3. Para1 ≤ i ≤ 4
,tra e a paralelaà reta←→
C
5
B
passando porC
i
.4. Se
D
i
éainterseçãodetalparalela omosegmentoAB
,entãooteorema deThalesgarantequeospontosD
1
,D
2
,D
3
eD
4
dividemAB
em in o partesiguais.Para o próximo exemplo, dados reais positivos
a
,b
ec
, dizemos que um real positivox
éa quarta propor ional dea
,b
ec
(nessa ordem) sea
b
=
c
x
.
Caso
a
,b
ec
sejamos omprimentosdetrês segmentos, diremostambémque um segmento de omprimentox
dado omo a ima é a quarta propor ional dos segmentos de omprimentosa
,b
ec
(nessa ordem).Exemplo 3. Construa om régua e ompasso a quarta propor ional dos
segmentosdados abaixo.
Solução.
a
b
c
1. Tra e duas retas
r
es
, on orrentes nopontoA
.2. Marque sobre a reta
r
os segmentosAB
eBC
tais queAB = a
eBC = c
;marque sobre a retas
o segmentoAD
,tal queAD = b
.3. Tra e peloponto
C
aparalelaàreta←→
AD
, aqualinterse ta aretas
noponto
E
. Peloteoremade Thales,temosDE =
bc
a
, onformedesejado.Tão importantequanto oteoremade Thales, omoenun iadoa ima, éa
re ípro a par ial aseguir, tambéma eledevida.
Corolário 4. Sejam dados no plano retas
r, s
e pontosA, A
′
∈ r
,B, B
′
∈ s
, om←→
AB ∩
A
←→
′
B
′
= {C}
. SeAB
BC
=
A
′
B
′
B
′
C
, entãor k s
.Prova. Suponha que
B ∈ AC
(gura 4 os demais asos são análogos). Tra e porB
a retas
′
k r
, e marque o pontoB
′′
, interseção des
′
om o segmentoA
′
C
. Pelo teorema de Thales, temos
AB
BC
=
A
′
B
′′
B
′′
C
, de maneiraquer
s
′
u
u
′
A
B
C
A
′
B
′′
nossas hipótesesforne em
A
′
B
′
B
′
C
=
A
′
B
′′
B
′′
C
.
Segue agora do problema 2, página 10, que
B
′
= B
′′
ou, o que é o mesmo,
s = s
′
. Logo,
s k r
.Oresultado aseguir é onhe ido omoo teorema da bissetriz.
Proposição 5. Seja
ABC
um triângulo tal queAB 6= AC
.(a)
SeP
éopédabissetrizinterna eQ
é opédabissetrizexterna relativasao lado
BC
, entãoBP
P C
=
BQ
QC
=
BA
AC
.
(b)
SendoAB = c
,AC = b
eBC = a
, temos(
BP =
ac
b+c
P C =
ab
b+c
.
e(
BQ =
|b−c|
ac
QC =
ab
|b−c|
.
A
B
P
C
Q
Figura5: o teoremada bissetriz.
Prova. O item (b) segue imediatamentede (a): sendo
BP = x
eP C = y
, temosx + y = a
e, peloitem (a),x
y
=
c
b
. Resolvendo o sistema(
x + y = a
x
y
=
c
b
obtemos
x =
ac
b+c
ey =
ab
b+c
. Asdemais fórmulasdoitem (b) são provadas de modoanálogo.Quantoaoitem
(a)
,mostremosqueBQ
QC
=
BA
AC
,deixandoaprova(análoga) da igualdadeBP
P C
=
BA
AC
a argo doleitor (problema 4,página 10). Tra e, pelopontoB
,uma paralelaàreta←→
AQ
,e marqueseu pontoB
′
de
interseção om
AC
(gura6). Como←→
QA k
BB
←→
′
e−→
AQ
ébissetrizde∠QAX
,A
B
C
X
Q
B
′
Figura6: prova doteorema dabissetriz.
obtemos
A b
BB
′
= B b
AQ = Q b
AX = B b
B
′
A.
Portanto, otriângulo
ABB
′
éisós eles de base
BB
′
, de maneira que
B
′
A =
BA
. Apli andoagora oteoremade Thalesàsparalelas←→
QA
e←→
BB
′
,
interse -tadas pelas retas
←→
QC
e←→
AC
, obtemosBQ
QC
=
AB
′
AC
=
BA
AC
.
Problemas Seção 11. As retas
r, s
et
são paralelas, oms
entrer
et
. As transversaisu
ev
determinam, sobrer, s, t
, pontosA, B, C
eA
′
, B
′
, C
′
tais que
AB = x + 2
,BC = 2y
,A
′
B
′
= y
eB
′
C
′
= (x − 10)/2
. Sabendo quex + y = 18
, determineAB
.2. *Sejam
P
1
eP
2
pontosno interior de um segmentoAB
, taisqueAP
1
P
1
B
=
AP
2
P
2
B
.
Prove que ospontos
P
1
eP
2
oin idem.3. Dadossegmentos de omprimentos
a
eb
, dizemosqueum segmentode omprimentox
éa ter eira propor ionaldea
eb
(nessa ordem))sea
b
=
b
x
.
Mostre omo onstruir om régua e ompasso talsegmento de
ompri-mento
x
(sugestão: use o teoremade Thales).4. *Complete a prova doteoremada bissetriz.
5. Em um triângulo
ABC
, sejaP
o pé da bissetriz interna relativa aBC
. Construa om régua e ompasso o triângulo, onhe endo osom-primentos
P B
,P C
eAB
(sugestão: use o teorema da bissetriz e a onstrução da quarta propor ional para onstruir obter um segmentode omprimento
AC
).2 Semelhança de triângulos
Dizemos que dois triângulos são semelhantes quando existe uma
orres-pondên ia biunívo a entre os vérti es de um e outro triângulo, de modo
que os ângulos em vérti es orrespondentes sejam iguais e a razão entre
os omprimentosde lados orrespondentes seja sempre a mesma (gura 7).
ka
′
kc
′
kb
′
A
B
C
a
′
b
′
c
′
A
′
B
′
C
′
Figura7: dois triângulos semelhantes.
Na gura7, ostriângulos
ABC
eA
′
B
′
C
′
são semelhantes, om a
orres-pondên ia de vérti es
A ↔ A
′
,B ↔ B
′
,C ↔ C
′
. Assim,A = b
b
A
′
,B = b
b
B
′
,b
C = b
C
′
eexiste
k > 0
talqueAB
A
′
B
′
=
BC
B
′
C
′
=
AC
A
′
C
′
= k.
Talrealpositivo
k
édenominadoarazãodesemelhançaentreostriângulosABC
eA
′
B
′
C
′
, nessa ordem (observe que a razão de semelhança entre os
triângulos
A
′
B
′
C
′
e
ABC
, nessa ordem,é1
k
). Es revemosABC ∼ A
′
B
′
C
′
para denotar que os triângulos
ABC
eA
′
B
′
C
′
sãosemelhantes, oma orrespondên iadevérti es
A ↔ A
′
,B ↔ B
′
,C ↔ C
′
. SeABC ∼ A
′
B
′
C
′
narazão(desemelhança)
k
,entãok
étambémarazão entre os omprimentosde doissegmentos orrespondentes quaisquernos doistriângulos. Por exemplo, nas notações da gura 7, sendo
M
o ponto médio deBC
eM
′
o ponto médiodeB
′
C
′
, temos queMA
M
′
A
′
=
a/2
a
′
/2
=
a
a
′
= k
(a esse respeito, veja tambémo problema 3,página 19).
As três proposições a seguir estabele em as ondições su ientes usuais
paraquedoistriângulossejamsemelhantes. Portalrazão,asmesmassão
faremos a prova do primeiro deles, deixando as demonstrações dos dois
de-mais omoexer í ios para o leitor ( f. problema 1).
Proposição 6. Sejam
ABC
eA
′
B
′
C
′
triângulos no plano, tais que
AB
A
′
B
′
=
BC
B
′
C
′
=
AC
A
′
C
′
.
EntãoABC ∼ A
′
B
′
C
′
, om a orrespondên ia de vérti es
A ↔ A
′
,B ↔ B
′
,C ↔ C
′
. Em parti ular,A = b
b
A
′
,B = b
b
B
′
eC = b
b
C
′
.ka
′
kc
′
kb
′
A
B
C
a
′
b
′
c
′
A
′
B
′
C
′
Figura 8: o asode semelhança LLL.
Prova. Sendo
k
o valor omum das razões do enun iado, temosAB = k ·
A
′
B
′
,BC = k · B
′
C
′
eAC = k · A
′
C
′
. Suponha,semperdade generalidade,k > 1
,e marque ( f. gura 9)o pontoB
′′
∈ AB
tal queAB
′′
= A
′
B
′
.D
B
′′
C
′′
A
B
C
Sendo
C
′′
a interseção om o lado
AC
da reta que passa porB
′′
e é
paralela aolado
BC
, segue doteorema de Thales queAC
′′
AC
=
AB
′′
AB
=
1
k
,
de maneiraqueAC
′′
=
1
k
· AC = A
′
C
′
.Tra e agora aparalela ao lado
AB
passando porC
′′
, a qualinterse ta o
lado
BC
nopontoD
. Então oquadriláteroB
′′
C
′′
DB
é um paralelogramos,
de sorte que,novamente peloteoremade Thales,temos
B
′′
C
′′
BC
=
BD
BC
=
AC
′′
AC
=
1
k
.
Logo,B
′′
C
′′
=
1
k
· BC = B
′
C
′
. A dis ussão a ima mostrouqueAB
′′
= A
′
B
′
, AC
′′
= A
′
C
′
eB
′′
C
′′
= B
′
C
′
,
i.e., que os triângulos
AB
′′
C
′′
e
A
′
B
′
C
′
são ongruentes pelo aso LLL de
ongruên ia. Portanto,temos
b
B = A b
BC = A b
B
′′
C
′′
= A
′
B
b
′
C
′
= b
B
′
,
e, analogamente,A = b
b
A
′
eC = b
b
C
′
.Proposição 7. Sejam
ABC
eA
′
B
′
C
′
triângulosno plano, tais que
AB
A
′
B
′
=
BC
B
′
C
′
= k
eB = b
b
B
′
.
EntãoABC ∼ A
′
B
′
C
′
, om a orrespondên ia de vérti es
A ↔ A
′
,B ↔ B
′
,C ↔ C
′
. Em parti ular,A = b
b
A
′
,C = b
b
C
′
eAC
A
′
C
′
= k
.Proposição 8. Sejam
ABC
eA
′
B
′
C
′
triângulosno plano, tais que
b
A = b
A
′
eB = b
b
B
′
.
Então
ABC ∼ A
′
B
′
C
′
, om a orrespondên ia de vérti es
A ↔ A
′
,B ↔ B
′
,C ↔ C
′
. Em parti ular,AB
A
′
B
′
=
BC
B
′
C
′
=
AC
A
′
C
′
.
ka
′
kc
′
A
B
C
a
′
c
′
A
′
B
′
C
′
Figura10: o asode semelhança LAL.
A
B
C
A
′
B
′
C
′
Figura11: o aso desemelhança AA.
Como oroláriodos asosde semelhançaa ima, estabele emos na
propo-sição aseguir as relações métri as em triângulos retângulos.
Proposição9. Seja
ABC
umtriângulo retângulo emA
, om atetosAB =
c
,AC = b
e hipotenusaBC = a
. SendoH
o pé da altura relativa àhipote-nusa,
CH = x
,BH = y
eAH = h
, temos:(a) ah = bc
.(b) ax = b
2
eay = c
2
.(c) a
2
= b
2
+ c
2
.(d) xy = h
2
. Prova.(a) e (b). Como
A b
HB = C b
AB
eA b
BH = C b
BA
(gura 12), os triângu-losBAH
eBCA
são semelhantes pelo aso AA, om a orrespondên ia devérti es
A ↔ C
,H ↔ A
,B ↔ B
. Assim,BH
AB
=
AB
BC
eAH
AB
=
AC
BC
,
ou ainday
c
=
c
a
eh
c
=
b
a
.
A relaçãoax = b
2
é provada de maneiraanáloga.
A
B
C
H
x
y
h
c
b
a
Figura12: relaçõesmétri asnumtriângulo retângulo.
( ) Somando membro a membro as relações
(b)
e(c)
, obtemosa(x + y) =
b
2
+ c
2
. Mas desdeque
x + y = a
,nada mais há a fazer.(d) Multipli andomembro a membro asduas relaçõesdo item (b), obtemos
a
2
· xy = (bc)
2
, ouaindaxy =
bc
a
2
= h
2
,
onde utilizamoso item (a) na últimaigualdade a ima.
O item ( ) da proposição a ima é o famoso teorema de Pitágoras.
Apresentamos no que segue algumas onsequên ias importantes do mesmo,
a primeiradas quais já foi utilizadana seçãoa ima referida.
Corolário 10. As diagonais de um quadrado de lado
a
medema
√
2
.Prova. Se
ABCD
éumquadradodeladoa
ediagonaisAC
eBD
(gura13), então o triânguloABC
é retânguloe isós eles. Daí,AC =
q
AB
2
+ BC
2
=
√
a
2
+ a
2
= a
√
2.
A
B
C
D
a
a
Figura13: ál uloda diagonal de umquadrado.
Corolário 11. As alturas de um triângulo equilátero de lado
a
medema
√
3
2
.Prova. Seja
ABC
um triângulo equilátero de ladoa
, eM
o ponto médio deBC
(gura 14). ComoAM⊥BC
(problema 10, Seção 2, Unidade 3),B
C
A
M
a
a
2
Figura14: alturasde umtriângulo equilátero.
apli ando oteorema de Pitágorasao triângulo
ACM
,obtemosAM
2
= AC
2
− CM
2
= a
2
−
a
2
2
=
3a
2
4
,
O exemplo a seguir utiliza o item (d) da proposição 9 para resolver
geo-metri amente uma equaçãodo segundo grau de raízespositivas.
Exemplo 12. Dados segmentos de omprimentos
s
ep
, tais ques > 2p
, onstrua om régua e ompasso as raízes daequaçãox
2
− sx + p
2
= 0
. Solução.p
s
Des rição dos passos.
1. Tra e uma reta
r
e marque sobre a mesma pontosB
eC
tais queBC = s
. Emseguida, onstrua um semi ír uloΓ
de diâmetroBC
.2. Tra e areta
r
′
,paralela àreta
r
e àdistân iap
der
, aqualinterse taΓ
nos pontosA
eA
′
(uma vez que
p <
s
2
).3. Se
H
éopédaperpendi ularbaixadadeA
aBC
,entãoBH + CH = s
e o item (d) da proposição 9 garante queBH · CH = p
2
. Logo,
BH
eCH
são as raízesda equação dosegundo grau do enun iado.Para terminaresta seção,estabele emos a re ípro adoteorema de
Pitá-goras.
Proposição 13. Seja
ABC
um triângulo tal queAB = c
,BC = a
eAC = b
. Sea
2
= b
2
+ c
2
Prova. Seja
H
o pé da altura relativa aBC
. Há dois asos essen ialmente distintos:(a)
B ∈ CH
: nesse aso,o teoremade Pitágorasapli adoaotriânguloAHC
nos dá(gura 15)b
2
= AH
2
+ CH
2
> CH
2
≥ BC
2
= a
2
= b
2
+ c
2
,
e daí0 ≥ c
2
,o que éum absurdo.H
B
C
A
Figura 15: re ípro a doteorema de Pitágoras- aso
(a)
(b)
H ∈ BC
: sejamAH = h
,M
opontomédiodeBC
eBH = x
(gura16). Podemos supor, sem perda de generalidade, queH ∈ BM
. O teorema deH
C
B
A
M
Figura16: re ípro a doteorema dePitágoras - aso
(b)
Pitágorasapli adoaos triângulos
AHC
eAHB
nos dáa
2
= b
2
+ c
2
= ( AH
2
+ CH
2
) + ( AH
2
+ BH
2
) = 2h
2
+ (a − x)
2
+ x
2
,
donde
h
2
= ax − x
2
. Mas aí, apli ando novamente o teorema de Pitágoras
(agora ao triângulo
AHM
), obtemosAM
2
=
AH
2
+ HM
2
= h
2
+ ( BM − BH)
2
= (ax − x
2
) +
a
2
− x
2
=
a
2
4
,
donde segue que
AM =
a
2
=
1
2
BC
. Portanto,M
equidista dos vérti es deABC
, e a proposição 14 da Unidade 8 garante queABC
é retângulo emA
.Problemas Seção 2
1. *Provequeos onjuntos de ondiçõeselen ados em adaumadas
pro-posições7e8são realmentesu ientes paragarantirasemelhançados
triângulos
ABC
eA
′
B
′
C
′
(sugestão: imite aprova daproposição 6).
2. Na gura abaixo os três quadriláteros mostrados são quadrados e os
pontos
X, Y
eZ
são olineares. Cal uleamedidax
em entímetrosdo lado do quadrado menor, sabendo que os outros dois quadrados têmlados medindo
4
me6
m.X
Y
Z
3. * SejamABC
eA
′
B
′
C
′
triângulos semelhantes, om razão de
seme-lhança
k
. Sejam aindam
a
em
′
a
,h
a
eh
′
a
,β
a
eβ
′
a
respe tivamente osomprimentosdas medianas,alturasebissetrizesinternasrelativasa
A
eA
′
. Prove quem
a
m
′
a
=
h
a
h
′
a
=
β
a
β
′
a
= k.
4. * O triângulo
ABC
é retângulo emA
e o pontoP ∈ BC
é o pé da bissetriz interna do ângulo∠BAC
. Cal ule a distân ia deP
ao ladoAC
em função deAB = c
eAC = b
(sugestão: seQ ∈ AB
é tal queP Q⊥AB
,entãoAQ = P Q
eP QB ∼ CAB
).5. Seja
ABC
um triânguloretângulo emA
etalqueAB = 1
. A bissetriz doângulo∠BAC
interse ta oladoBC
emD
. Sabendoque areta que passaporD
eéperpendi ularaAD
interse taoladoAC
emseu ponto médio, al ule o omprimento do ladoAC
(sugestão: use o resultado doproblema anterior).6. Seja
ABCD
um paralelogramode diagonaisAC
eBD
, eladosAB =
10
m,AD = 24
m. Sejam aindaE
eF
respe tivamente os pés dasperpendi ulares baixadas desde
A
aos ladosBC
eCD
. Sabendo queAF = 20
m, al uleo omprimentodeAE
(sugestão:F AD ∼ EAB
). 7. Ins revemos em um ângulo de vérti eA
dois ír ulos de raiosr < R
,tangentes exteriormenteem
P
. Cal uleAP
em termosder
eR
.8. Seja
ABC
um triângulotal queBC = a
,AC = b
eAB = c
, eM
,N
eP
pontos respe tivamente sobreAB
,BC
eCA
, tais queAMNP
é um losango.(a) Cal ule,emtermosde
a
,b
ec
,o omprimentodoladodolosango. (b) Mostre omo onstruir om régua e ompasso aposição do pontoM
.9. Seja
ABC
um triângulo equilátero de ladoa
, eM
o ponto médio deAB
. Es olhemos um pontoD
sobre a reta←→
BC
, omC
entreB
eD
, de modo queCD =
a
termos de
a
(sugestão: tra e porC
a paralela a←→
AB
, e marque seuponto
F
de interseção omDE
. Useemseguida queCF D ∼ BMD
eCF E ∼ AME
).10. Em um trapézio
ABCD
de basesAB = a
eCD = b
, os lados não paralelos sãoAD
eBC
. Pelo ponto de on ursoP
das diagonaisAC
eBD
deABCD
traçamos o segmentoMN
paralelos às bases, omM ∈ AD
eN ∈ BC
. Prove queMN =
2ab
a+b
, a média harmni a dea
eb
.11. Em um trapézio
ABCD
, de basesAB
eCD
elados não paralelosAD
eBC
, sejaM
oponto médiodabaseCD
. OsegmentoAM
interse ta adiagonalBD
emF
. TraçamosporF
aretar
,paralelaàsbases. Ser
interse ta os segmentosAD, AC
eBC
respe tivamente emE, G
eH
, prove queEF = F G = GH
.12. * Sobreo lado
BC
de um triânguloABC
mar amos um pontoZ
. Em seguida traçamos porB
eC
respe tivamente as retasr
es
, ambas paralelas a←→
AZ
. Se←→
AC ∩ r = {X}
e←→
AB ∩ s = {Y }
, proveque1
BX
+
1
CY
=
1
AZ
(sugestão: utilize as semelhanças