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S U M Á R I O. Sexta-feira, 16 de dezembro de 2016 II Série-A Número 43 XIII LEGISLATURA 2.ª SESSÃO LEGISLATIVA ( )

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XIII LEGISLATURA 2.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2016-2017)

S U M Á R I O

Decretos (n.os 54 a 56/XIII): (a)

N.º 54/XIII — Consagra um regime transitório de opção pela tributação conjunta, em sede de imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS), em declarações relativas a 2015 entregues fora dos prazos legalmente previstos. N.º 55/XIII — Procede à sexta alteração à Lei n.º 19/2003, de 20 de junho, que regula o financiamento dos partidos políticos, converte em definitivas as reduções nas subvenções públicas para o financiamento dos partidos políticos e para as campanhas eleitorais, e revoga a Lei n.º 62/2014, de 26 de agosto.

N.º 56/XIII — Primeira alteração à Lei da Organização do Sistema Judiciário, aprovada pela Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto.

Projetos de lei [n.o 315, 331, 336, 358 a 361/XIII (2.ª)]: N.º 315/XIII (2.ª) — (Converte em definitivas e permanentes as reduções nas subvenções públicas para o financiamento dos partidos políticos e para as campanhas eleitorais, e nos limites máximos das despesas de campanha eleitoral): — Relatório da discussão e votação na especialidade e texto final da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias e proposta de alteração apresentada pelo PSD, PS e CDS-PP.

N.º 331/XIII (2.ª) (Altera a Lei n.º 19/2003, de 20 de junho (Lei do Financiamento dos Partidos Políticos e das Campanhas Eleitorais), consagrando reduções definitivas nas subvenções públicas para o financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais e nos limites máximos das despesas de campanha eleitoral):

— Vide projeto de lei n.º 315/XIII (2.ª).

N.º 336/XIII (2.ª) (Reduz o financiamento público aos partidos políticos e às campanhas eleitorais):

— Vide projeto de lei n.º 315/XIII (2.ª).

N.º 358/XIII (2.ª) — Proteção dos direitos individuais e comuns à água (PCP).

N.º 359/XIII (2.ª) — Regula a compra e venda de animais de companhia (PAN).

N.º 360/XIII (2.ª) — Determina a impossibilidade de utilização da internet para anunciar a venda de animais selvagens (PAN).

N.º 361/XIII (2.ª) — Altera a Lei n.º 92/95, de 12 de setembro, proibindo expressamente práticas gravemente lesivas da integridade física dos animais, como a “queima do gato” e o tiro ao voo de aves libertadas de cativeiro com o único propósito de servirem de alvo (PAN).

Projetos de resolução [n.os 575 a 584/XIII (2.ª)]:

N.º 575/XIII (2.ª) — Recomenda ao Governo a uniformização do calendário escolar no ensino pré-escolar e no ensino básico (PCP).

N.º 576/XIII (2.ª) — Recomenda ao Governo, no âmbito da Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar, que promova a divulgação e replicação do modelo de comissariado e Plano Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar de Lisboa, com o objetivo de fomentar a criação de uma Rede Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (CDS-PP).

N.º 577/XIII (2.ª) — Recomenda ao Governo que adote uma série de medidas que visam a diminuição do desperdício alimentar (CDS-PP).

(2)

N.º 578/XIII (2.ª) — Defesa e valorização da Escola Pública (PCP).

N.º 579/XIII (2.ª) — Consagra o dia 31 de maio como o Dia dos Irmãos (CDS-PP).

N.º 580/XIII (2.ª) — Alteração do calendário escolar da educação pré-escolar (BE).

N.º 581/XIII (2.ª) — Recomenda ao Governo medidas de combate ao desperdício alimentar (BE).

N.º 582/XIII (2.ª) — Participação pública para a estratégia nacional e para o plano de ação de combate ao desperdício alimentar (Os Verdes).

N.º 583/XIII (2.ª) — Diagnóstico sobre o desperdício alimentar em Portugal (Os Verdes).

N.º 584/XIII (2.ª) — Garante o direito à água e ao saneamento (Os Verdes).

(3)

PROJETO DE LEI N.º315/XIII (2.ª)

(CONVERTE EM DEFINITIVAS E PERMANENTES AS REDUÇÕES NAS SUBVENÇÕES PÚBLICAS PARA O FINANCIAMENTO DOS PARTIDOS POLÍTICOS E PARA AS CAMPANHAS ELEITORAIS, E NOS

LIMITES MÁXIMOS DAS DESPESAS DE CAMPANHA ELEITORAL)

PROJETO DE LEI N.º331/XIII (2.ª)

(ALTERA A LEI N.º 19/2003, DE 20 DE JUNHO (LEI DO FINANCIAMENTO DOS PARTIDOS POLÍTICOS E DAS CAMPANHAS ELEITORAIS), CONSAGRANDO REDUÇÕES DEFINITIVAS NAS SUBVENÇÕES PÚBLICAS PARA O FINANCIAMENTO DOS PARTIDOS POLÍTICOS E DAS CAMPANHAS ELEITORAIS E

NOS LIMITES MÁXIMOS DAS DESPESAS DE CAMPANHA ELEITORAL)

PROJETO DE LEI N.º336/XIII (2.ª)

(REDUZ O FINANCIAMENTO PÚBLICO AOS PARTIDOS POLÍTICOS E ÀS CAMPANHAS ELEITORAIS)

Relatório da discussão e votação na especialidade da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, texto final e proposta de alteração

apresentada pelo PSD, PS e CDS-PP

Relatório da discussão e votação na especialidade

1. Os projetos de lei em epígrafe baixaram à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias em 27 de outubro de 2016, após aprovação na generalidade.

2. Em 6 de outubro de 2016, o Presidente da Assembleia da República promovera a audição dos órgãos de governo próprios das regiões autónomas, nos termos do artigo 142.º do Regimento da Assembleia da República, e para os efeitos do n.º 2 do artigo 229.º da Constituição.

3. Apresentaram propostas de alteração ao Projeto de Lei n.º 315/XIII (2.ª), conjuntamente, os Grupos Parlamentares do PSD, do CDS-PP e do PS, em 14 de dezembro de 2016.

4. Na reunião de 16 de dezembro de 2016, na qual se encontravam presentes todos os Grupos Parlamentares, à exceção do PEV, a Comissão procedeu à discussão e votação na especialidade dos projetos de lei e das propostas de alteração apresentadas, de que resultou o seguinte:

Projeto de Lei n.º 315/XIII (2.ª) (PSD)

 Artigo 1.º (Redução das subvenções públicas e dos limites máximos dos gastos nas campanhas eleitorais) – Aprovado por unanimidade;

 Artigo 2.º (Norma revogatória) – Aprovado por unanimidade;  Artigo 3.º (Entrada em vigor) – Aprovado por unanimidade;

Projeto de Lei n.º 331/XIII (2.ª) (CDS-PP)

 Artigo 1.º (Definitividade das reduções das subvenções públicas e dos limites máximos de gastos em campanhas eleitorais previstos na Lei n.º 19/2003, de 20 de Junho) – Prejudicado em resultado da votação anterior;

 Artigo 2.º (Alteração à Lei n.º 19/2003, de 20 de Junho) – Rejeitado, com votos contra do PSD, do PS, do BE e do PCP e votos a favor do CDS-PP;

 N.º 6 do artigo 18.º da Lei n.º 19/2003 - Rejeitado, com votos contra do PSD, do PS, do BE e do PCP e votos a favor do CDS-PP;

(4)

Projeto de Lei n.º 336/XIII (2.ª) (PCP)

 Artigo único – Rejeitado com votos contra do PS, votos a favor do BE e do PCP e abstenções do PSD e do CDS-PP;

 N.º 2 do artigo 5.º da Lei n.º 19/2003 - Rejeitado com votos contra do PS, votos a favor do BE e do PCP e abstenções do PSD e do CDS-PP;

 N.os 4 e 5 do artigo 17.º da Lei n.º 19/2003 - Rejeitados com votos contra do PS, votos a favor

do BE e do PCP e abstenções do PSD e do CDS-PP;

 N.os 1 e 2 do artigo 20.º da Lei n.º 19/2003 - Rejeitado com votos contra do PS, votos a favor

do BE e do PCP e abstenções do PSD e do CDS-PP;

Foi ainda submetida a votação a proposta de aditamento subscrita conjuntamente pelos Grupos Parlamentares do PSD, do CDS-PP e do PS, nos seguintes termos:

 Artigo 1.º-A (Alteração à Lei n.º 19/2003, de 20 de junho) – Aprovado por unanimidade;  N.º 8 do artigo 5.º da Lei n.º 19/2003 – Aprovado por unanimidade;

 N.º 9 do artigo 12.º da Lei n.º 19/2003 - Aprovado por unanimidade;

 Artigo 1.º-B (Inexistência de encargos adicionais) – Aprovado por unanimidade;  Artigo 2.º-A (Efeitos jurídicos) - Aprovado por unanimidade.

Pelos Grupos Parlamentares presentes, foi proposto oralmente o seguinte título para o diploma: «Procede à

sexta alteração da Lei n.º 19/2013, de 20 de junho, e converte em definitivas as reduções nas subvenções públicas para o financiamento dos partidos políticos e para as campanhas eleitorais».

No debate intervieram, além do Sr. Presidente, as Sr.as e os Srs. Deputados Andreia Neto (PSD), António

Filipe (PCP), Luís Marques Guedes (PSD), Pedro Filipe Soares (BE), Pedro Delgado Alves (PS) e Vânia Dias da Silva (CDS-PP).

O debate que acompanhou a votação pode ser consultado no respetivo registo áudio, constituindo a gravação parte integrante deste relatório, o que dispensa o seu desenvolvimento nesta sede.

Seguem em anexo o texto final dos projetos de lei em epígrafe e as propostas de alteração apresentadas.

Palácio de S. Bento, 16 de dezembro de 2016.

O Presidente da Comissão, Bacelar de Vasconcelos.

TEXTO FINAL

Procede à 6.ª alteração à Lei n.º 19/2003, de 20 de junho, e converte em definitivas as reduções nas subvenções públicas para o financiamento dos partidos políticos e para as campanhas eleitorais

Artigo 1.º

Redução das subvenções públicas e dos limites máximos dos gastos nas campanhas eleitorais

1 – O montante da subvenção pública destinada ao financiamento dos partidos políticos, definido nos termos do n.º 2 do artigo 5.º da Lei n.º 19/2003, de 20 de junho, alterada pelo Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de

(5)

novembro, pelas Leis n.os 64-A/2008, de 31 de dezembro, 55/2010, de 24 de dezembro, e 1/2013, de 3 de

janeiro, e pela Lei Orgânica n.º 5/2015, de 10 de abril, é definitivamente reduzido em 10%.

2 – O montante da subvenção pública para as campanhas eleitorais, definido nos termos do n.os 4 e 5 do

artigo 17.º da Lei n.º 19/2003, de 20 de junho, alterada pelo Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de novembro, pelas Leis n.os 64-A/2008, de 31 de dezembro, 55/2010, de 24 de dezembro, e 1/2013, de 3 de janeiro, e pela Lei

Orgânica n.º 5/2015, de 10 de abril, é definitivamente reduzido em 20%.

3 – Os limites das despesas de campanha eleitoral, definidos nos termos dos n.os 1, 2 e 3 do artigo 20.º da

Lei n.º 19/2003, de 20 de junho, alterada pelo Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de novembro, pelas Leis n.os

64-A/2008, de 31 de dezembro, 55/2010, de 24 de dezembro, e 1/2013, de 3 de janeiro, e pela Lei Orgânica n.º 5/2015, de 10 de abril, são definitivamente reduzidos em 20%.

4 – Nas eleições para os órgãos das autarquias locais, a redução de 20% a efetuar na subvenção pública para as campanhas eleitorais opera sobre o produto do fator constante do n.º 5 do artigo 17.º da Lei n.º 19/2003, de 20 de junho, alterada pelo Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de novembro, pelas Leis n.os 64-A/2008, de 31 de

dezembro, 55/2010, de 24 de dezembro, e 1/2013, de 3 de janeiro, e pela Lei Orgânica n.º 5/2015, de 10 de abril, pelo fator constante do n.º 2 do artigo 20.º desta lei já reduzido em 20%.

Artigo 2.º

Alteração à Lei n.º 19/2003, de 20 de junho

Os artigos 5.º e 12.º da Lei n.º 19/2003, de 20 de junho, alterada pelo Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de novembro, pelas Leis n.os 64-A/2008, de 31 de dezembro, 55/2010, de 24 de dezembro, 1/2013, de 3 de janeiro,

e pela Lei Orgânica n.º 5/2015, de 10 de abril, passam a ter a seguinte redação:

«Artigo 5.º […] 1 - […]. 2 - […]. 3 - […]. 4 – […]. 5 – […]. 6 – […]. 7 – […].

8 – A cada partido que haja concorrido a ato eleitoral, ainda que em coligação, e que obtenha representação na Assembleia Legislativa da região autónoma é concedida uma subvenção anual, desde que a requeira ao Presidente dessa Assembleia Legislativa, que consiste numa quantia em dinheiro fixada no diploma que estabelece a orgânica dos serviços da respetiva Assembleia Legislativa, adequada às suas necessidades de organização e de funcionamento, sendo paga em duodécimos, por conta de dotações especiais para esse efeito inscritas no Orçamento da respetiva Assembleia Legislativa, aplicando-se, em caso de coligação, o n.º 3. Artigo 12.º […] 1 - […]. 2 – […]. 3 – […]. 4 – […]. 5 – […]. 6 – […]. 7 – […]. 8 – […].

(6)

9 – Para os efeitos previstos no número anterior, as contas das estruturas regionais referidas no n.º 4 anexam as contas dos grupos parlamentares e do Deputado único representante de partido da Assembleia Legislativa da região autónoma, assim discriminando, quanto aos apoios pecuniários para a atividade política, parlamentar e partidária, atribuídos por essa Assembleia Legislativa, os montantes utilizados pelos partidos e os montantes utilizados pelos grupos parlamentares ou Deputado único representante de partido.

10 – […].»

Artigo 3.º

Inexistência de encargos adicionais

Da presente lei não pode resultar qualquer aumento de encargos, por referência ao montante total anual de 2015 dos apoios pecuniários para a atividade política, parlamentar e partidária, atribuídos por cada uma das Assembleias Legislativas das regiões autónomas.

Artigo 4.º Norma revogatória

1 - São revogados os n.os 1 e 2 do artigo 3.º da Lei n.º 55/2010, de 24 de dezembro, na redação dada pela

Lei n.º 1/2013, de 3 de janeiro.

2 – É revogada a Lei n.º 62/2014, de 26 de agosto.

Artigo 5.º Efeitos jurídicos

Aplica-se à presente lei o disposto no artigo 3.º da Lei Orgânica n.º 5/2015, de 10 de abril.

Artigo 6.º Entrada em vigor

A presente lei entra em vigor no dia 1 de janeiro de 2017.

Palácio de S. Bento, 16 de dezembro de 2016.

O Presidente da Comissão, Bacelar de Vasconcelos.

Proposta de aditamento apresentada pelo PSD, PS e CDS-PP

Artigo 1.º-A

Alteração à Lei n.º 19/2003, de 20 de junho

Os artigos 5.º e 12.º da Lei n.º 19/2003, de 20 de junho, alterada pelo Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de novembro, pelas Leis n.ºs 64-A/2008, de 31 de dezembro, 55/2010, de 24 de dezembro, 1/2013, de 3 de janeiro, e pela Lei Orgânica n.º 5/2015, de 10 de abril, passam a ter a seguinte redação:

«Artigo 5.º […]

1 - […]. 2 - […]. 3 - […].

(7)

4 – […]. 5 – […]. 6 – […]. 7 – […].

8 – A cada partido que haja concorrido a ato eleitoral, ainda que em coligação, e que obtenha representação na Assembleia Legislativa da região autónoma é concedida uma subvenção anual, desde que a requeira ao Presidente dessa Assembleia Legislativa, que consiste numa quantia em dinheiro fixada no diploma que estabelece a orgânica dos serviços da respetiva Assembleia Legislativa, adequada às suas necessidades de organização e de funcionamento, sendo paga em duodécimos, por conta de dotações especiais para esse efeito inscritas no Orçamento da respetiva Assembleia Legislativa, aplicando-se, em caso de coligação, o n.º 3. Artigo 12.º […] 1 - […]. 2 – […]. 3 – […]. 4 – […]. 5 – […]. 6 – […]. 7 – […]. 8 – […].

9 – Para os efeitos previstos no número anterior, as contas das estruturas regionais referidas no n.º 4 anexam as contas dos grupos parlamentares e do Deputado único representante de partido da Assembleia Legislativa da região autónoma, assim discriminando, quanto aos apoios pecuniários para a atividade política, parlamentar e partidária, atribuídos por essa Assembleia Legislativa, os montantes utilizados pelos partidos e os montantes utilizados pelos grupos parlamentares ou Deputado único representante de partido.

10 – […].»

Artigo 1.º-B

Inexistência de encargos adicionais

Da presente lei não pode resultar qualquer aumento de encargos, por referência ao montante total anual de 2015 dos apoios pecuniários para a atividade política, parlamentar e partidária, atribuídos por cada uma das Assembleias Legislativas das regiões autónomas.

Artigo 2.º-A Efeitos jurídicos

Aplica-se à presente lei o disposto no artigo 3.º da Lei Orgânica n.º 5/2015, de 10 de abril.

Palácio de São Bento, 13 de dezembro de 2016.

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PROJETO DE LEI N.º358/XIII (2.ª)

PROTEÇÃO DOS DIREITOS INDIVIDUAIS E COMUNS À ÁGUA

Exposição de motivos

I

Sendo a água um bem essencial à vida, sem a qual nenhum ser vivo pode viver, a acessibilidade à água constitui um direito universal que tem de ser assegurado a todos os cidadãos. A universalidade do acesso à água só se garante em toda a sua plenitude contrariando a exploração privada do domínio público hídrico e dos serviços públicos de abastecimento de água e de saneamento, de qualidade e acessíveis a toda a população.

É exatamente porque a água é um bem essencial à vida, que o grande capital há muito ambiciona torná-la numa mercadoria, num negócio, sujeita às ditas regras do mercado. Para o capital não há limites, e todos os bens essenciais à vida são passíveis de serem mercantilizados com um único objeto – acumulação de chorudos lucros. Para combater a pressão para a mercantilização da água garantindo o direito fundamental à água e ao saneamento e o direito à água na Natureza, é necessário garantir a propriedade pública da água combatendo a entrega da captação e distribuição de águas e saneamento de águas residuais a empresas privadas, valorizando o papel das autarquias, respeitar as competências municipais em particular no que se refere aos Serviços Urbanos da Água. A privatização destes sistemas não só transforma o direito universal à água em mercadoria, como retira às populações e ao poder local qualquer possibilidade de intervenção democrática na sua gestão.

A água pública foi uma conquista de Abril, garantida na Constituição de 1976 e na Lei de Delimitação de Sectores imediata.

Mas desde 1984, sucessivas alterações legislativas, feitas pelas maiorias parlamentares e às quais o PCP sempre se opôs firmemente, abriram caminho à privatização dos serviços de águas, sendo concretizada a primeira em 1994, em Mafra.

A Lei da Água de 2005, aprovada por PSD, PS e CDS contra o Projeto de Lei de Bases da Água proposto pelo PCP, veio instituir a quase completa mercantilização e a privatização mais ampla de todas as funções da água e do domínio público hídrico, e nomeadamente a privatização da água da natureza, dos aproveitamentos de fins múltiplos, dos leitos, das margens e das praias marítimas e fluviais, a transferência das funções de soberania do Estado, como licenciamento, para privados e a mercantilização de títulos de uso da água e de poluição.

Presentemente, além de muito numerosas privatizações de serviços públicos de abastecimento de água e saneamento, estão feitas concessões do domínio público hídrico a privados e várias importantíssimas concessões e delegações de poderes soberanos a Sociedades Anónimas de direito privado, ainda de capitais públicos, mas cuja privatização é crucial impedir.

É fundamental que o Estado assuma diretamente a responsabilidade inalienável na gestão da água, do domínio público hídrico e dos serviços de águas, garantindo a fruição dos direitos de todos os cidadãos, a adequada utilização da água no sistema produtivo e a qualidade das suas funções ecológicas e ambientais.

A nível mundial está a assistir-se a uma reversão dos processos de privatização, através da sua remunicipalização. Não faltam exemplos de remunicipalização em todo o mundo, como Paris (França), Buenos Aires (Argentina) ou Berlim (Alemanha). As remunicipalizações avançaram porque se verificou que a gestão privada dos serviços de água conduziu à degradação da qualidade do serviço público, à dificuldade em monitorizar os privados, à falta de transparência, à falta de investimento nas infraestruturas, ao aumento de custos operacionais e ao aumento das tarifas, à destruição de postos de trabalho e à retirada de direitos aos trabalhadores e à degradação ambiental.

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II

PSD e CDS foram ainda mais longe com a fusão dos sistemas multimunicipais em mega sistemas multimunicipais, com o argumento de maior eficiência, cuja concretização ocorreu em 2015, com a criação dos Sistemas Multimunicipais de Abastecimento de Água e de Saneamento do Norte, do Centro Litoral e de Lisboa e Vale do Tejo, mesmo contra a vontade dos municípios, dos trabalhadores e das populações. Contudo, o real objetivo foi sempre o de entregar a exploração e gestão destes sistemas multimunicipais aos grandes interesses privados, sem risco e com a perspetiva da obtenção do máximo lucro.

A fusão sistemas multimunicipais e neles integrando os sistemas em “baixa” para, ato contínuo, os concessionar ou subconcessionar aos grandes grupos económicos nacionais e internacionais que atuam neste setor, inseriu-se no objetivo do anterior Governo de privatização dos serviços de águas e resíduos. Embora fosse sempre negado, tal processo representou, na prática, o avanço da privatização dos serviços de águas e resíduos, colocando nas mãos dos privados mais um setor estratégico da economia nacional. Neste negócio – porque de um negócio efetivamente se trata –, os privados, obtêm elevadas taxas de rendibilidade garantidas por via do esforço do Estado e dos consumidores. Sem dúvida que este seria um excelente negócio para os grandes grupos privados que operam no setor, mas um negócio ruinoso para o Estado e para os portugueses.

O atual Governo assumiu no seu programa a reversão dos mega sistemas multimunicipais, de acordo com a vontade dos municípios. Contudo, definiu um caminho que fica aquém do necessário, ao instituir que os sistemas a destacar terão de ser multimunicipais, impedindo a possibilidade de parcerias público-público e insiste na perspetiva de agregação das redes em baixa, com a introdução de mecanismos para condicionar a livre opção dos municípios, nomeadamente através do acesso a fundos comunitários que de outra forma não teriam. A agregação das redes em baixa constitui um enorme risco, ao criar melhores condições para se avançar, num futuro próximo, para a verticalização e posterior privatização.

Contra a opinião das populações, dos trabalhadores e das suas organizações representativas e das autarquias, o anterior Governo PSD/CDS procedeu à privatização da Empresa Geral de Fomento, que detinha a maioria de participação dos sistemas multimunicipais na área dos resíduos sólidos urbanos.

PSD e CDS não olharam a meios para atingir os fins e prosseguiu as alterações unilaterais da lei, usurpou competências das autarquias, tudo com o objetivo de entregar o setor dos resíduos aos grupos privados. Alertámos para as consequências negativas da privatização. Passado apenas pouco mais de um ano da privatização, elas estão já à vista – desinvestimento, degradação da qualidade do serviço prestado, ataque aos direitos dos trabalhadores e, inclusivamente, regista-se a ocorrência de mais acidentes de trabalho com gravidade. Para além disto, assim que o grupo privado chegou à EGF, distribuiu logo os lucros gerados ainda enquanto estava sob gestão pública pelos acionistas. Fica bem claro quais os reais objetivos – acumulação de riqueza - e não a prestação de um serviço de qualidade.

III

Em 2013 deu entrada na Assembleia da República uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos – “Proteção dos

Direitos Individuais e Comuns à Água, que estabelece o direito fundamental à água e ao saneamento e disposições de proteção desse direito, bem como do direito à água como ambiente e os direitos comuns e à propriedade pública da água como recurso e à sua gestão no interesse coletivo, hierarquizando as utilizações da água e impedindo a privatização e a mercantilização dos serviços de água, das infraestruturas públicas e do domínio público hídrico”.

Esta Iniciativa legislativa de Cidadãos constituiu um elemento de enorme participação popular e de mobilização em defesa da gestão pública da água, tendo sido subscrita por mais de 43 mil cidadãos.

A Iniciativa legislativa de Cidadãos foi promovida pela Campanha “Água é de todos” cujas organizações promotoras são: Associação Água Pública, CGTP – Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, CNA – Confederação Nacional de Agricultura, CPCCRD – Confederação portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, CPPC – Conselho Português para a Paz e Cooperação, FENPROF – Federação Nacional dos Professores, FNSFP – Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública, MUSP – Movimento dos

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Utentes de Serviços Públicos, STAL – Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e USL – União dos Sindicatos de Lisboa.

Foi discutida e votada em plenário em outubro de 2014 – PCP, PEV, PS e BE votaram a favor e PSD e CDS votaram contra.

O PCP entende que a água, o domínio público hídrico e os serviços de água devem ser política e democraticamente controlados, sujeitos ao interesse público e às necessidades do País.

Considerando que a água é um bem essencial que deve ser gerido unicamente por organismos públicos, na ótica de um serviço público e não na ótica de obtenção de lucro; rejeitando a visão mercantilista e economicista, da qual só resultará o agravamento dos preços dos serviços de águas e resíduos, assim como a deterioração da qualidade destes serviços; considerando que a água é um recurso fundamental para o desenvolvimento do País, e atendendo à atualidade e pertinência da Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela “Proteção dos Direitos Individuais e Comuns à Água”, valorizando e reconhecendo a grande participação e mobilização das pessoas em defesa da gestão pública da água, o Grupo Parlamentar do PCP assume e reapresenta a Iniciativa legislativa dos Cidadãos, trazendo novamente à Assembleia da República a proposta apresentada pela população.

Nestes termos, ao abrigo da alínea b) do artigo 156.º da Constituição e da alínea c) do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento, os Deputados da Grupo Parlamentar do PCP apresentam o seguinte projeto de lei:

Artigo 1.º Direito à água

Todas as pessoas têm direito à água para beber, para confeção de alimentos e higiene pessoal e doméstica em quantidade, qualidade, continuidade e local adequados, bem como ao saneamento, recolha e descarga das águas residuais domésticas e à segurança sanitária, ninguém podendo ser privado da sua fruição, nomeadamente por razões económicas.

Artigo 2.º

Utilização e administração da água

1 – A utilização da água é hierarquizada pela necessidade humana, segurança, interesse comum, equidade de benefícios, adequação ecológica e preservação a longo prazo.

2 – A gestão e administração dos recursos hídricos, do domínio público hídrico e servidões associadas, bem como a emissão de títulos de utilização, licenças ou outras formas de autorização de uso privativo e as expropriações só podem ser exercidas por administração direta das Autarquias Locais ou do Estado Central.

3 – É proibida a mercantilização, comercialização, arrendamento, concessão exclusiva ou alienação de bens do domínio público hídrico ou servidões relacionadas, bem como a transação, negócio ou mercantilização de autorizações ou títulos de utilização ou de poluição da água.

Artigo 3.º

Delimitação de acesso a atividades económicas

Apenas entidades de direito público podem desenvolver as seguintes atividades económicas:

a) Captação, tratamento e distribuição de água para consumo público bem como recolha, tratamento e rejeição de águas residuais ou águas pluviais urbanas, através de redes fixas.

b) Exploração de empreendimentos de fins múltiplos, de infraestruturas hidráulicas públicas construídas com fundos públicos ou em terrenos expropriados por interesse público, empreendimentos relacionados com os recursos hídricos que tenham sido objeto de declaração de interesse público, ou que ocupem terrenos do domínio público hídrico ou com servidão administrativa.

c) Atividades relacionadas com a água ou com o domínio público hídrico que possam assumir características de monopólio ou oligopólio, nacional, regional ou local.

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Artigo 4.º

Disposições transitórias

1 – A presente lei tem efeitos imediatos para todos os novos atos jurídicos de concessão, renovação ou prorrogação.

2 – Está vedada qualquer alienação ou redução da participação pública nas concessionárias de capitais mistos, enquanto estas detiverem a concessão.

3 – As entidades de capitais públicos, qualquer que seja a sua natureza, que sejam titulares de concessões de atividades referidas no artigo anterior, são reestruturadas para conformidade com a presente lei num prazo até um ano após a sua entrada em vigor.

4 – Os contratos de concessão bem como as parcerias público-privadas em vigor, não podem ser renovados ou prorrogados e devem ser revistos, no prazo de um ano, à luz do que na presente lei se dispõe.

5 – Caducam com efeito imediato e sem qualquer direito do concessionário, todas as cláusulas que violem o n.º 3 do artigo 2.º, bem como as passíveis de proteger monopólios de abastecimento de água ou de saneamento ou de privação de abastecimento a qualquer utente.

Artigo 5.º Norma revogatória

São revogados:

a) O artigo 64.º, o n.º 4 do artigo 72.º e o n.º 3 do artigo 76.º da Lei n.º 58/2005, de 29 de dezembro; b) O artigo 19.º da Lei n.º 54/2005, de 15 de novembro.

Artigo 6.º Entrada em vigor

A lei entra em vigor no dia seguinte à sua publicação.

Assembleia da República, 16 de dezembro de 2016.

Os Deputados do PCP, Paula Santos — Ana Virgínia Pereira — Bruno Dias — João Oliveira — Jorge Machado — Francisco Lopes — Miguel Tiago — Rita Rato — António Filipe — Diana Ferreira.

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PROJETO DE LEI N.º 359/XIII (2.ª)

REGULA A COMPRA E VENDA DE ANIMAIS DE COMPANHIA

Exposição de motivos

A criação e venda de animais de companhia é uma atividade antiga que hoje ainda é comum, apesar de cada vez mais pessoas estarem dispostas a adotar animais. Acontece que, como em todas as atividades, há as boas e as más práticas. Por esse motivo, o PAN considera fundamental uniformizar as regras e assegurar a existência de alguns requisitos na compra e venda destes animais.

O que atualmente se verifica, a par do que ocorre com as demais atividades económicas, é que a internet é uma das principais plataformas de venda. Nestes casos não é visível uma pessoa, um estabelecimento, nem as condições em que os animais se encontram, por isso há um enorme potencial de burla. Seja porque o animal

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vendido não pertence à raça que é divulgada no anúncio, seja porque o animal é vendido já doente acarretando despesas e/ ou acaba por falecer, seja porque padece de doenças hereditárias graves que um criador consciente já teria despistado, entre outros exemplos. A ausência de procedimentos na venda online provoca constrangimentos aos compradores quando a compra e venda não decorre como o esperado, sucedendo alguma das situações supra mencionadas.

Para além de tudo isto verifica-se também um problema de evasão fiscal pois a maioria das pessoas que comercializam os animais não têm a sua atividade registada nas finanças, não são emitidos recibos de venda e não são pagos os respetivos impostos.

Apesar do Decreto-Lei n.º 276/2001, de 17 de outubro, na redação que lhe é conferida pelo decreto-lei n.º 260/2012, de 12 de dezembro, regular os aspetos inerentes ao regime da atividade de exploração de alojamentos, com ou sem fins lucrativos, sujeitando-os, consoante os casos, ao regime da mera comunicação prévia ou da permissão administrativa, o mesmo é omisso quanto aos meios de difusão dessa mesma venda, troca ou doação, situação que potencia o comércio desregrado de animais de companhia.

Importa ainda referir que, tendo sido aprovada a Lei n.º 27/2016, de 23 de agosto, que aprova medidas para a criação de uma rede de centros de recolha oficial de animais e estabelece a proibição do abate de animais errantes como forma de controlo da população, é da máxima importância reduzir o número de ninhadas, devendo apenas manter-se nesta atividade aqueles que, a exercendo profissionalmente ou não, o fazem de uma forma consciente e com respeito pela lei e pelas normas de bem-estar animal. Se acedermos a uma das plataformas de anúncios de classificados na internet, encontramos animais alegadamente de raça a serem vendidos a todos os preços. Sabemos, no entanto, que um criador consciente, e portanto que tenha feito o despiste de doenças aos progenitores, que assegure a eles e às crias vacinação e identificação eletrónica, que os alimente convenientemente e assegure o seu bem-estar físico e emocional, nunca conseguirá vender um animal por um preço muito baixo como é frequentemente constatar-se. Nestas situações, o que suscita especial preocupação são os criadores que não adotam boas práticas, mantendo através dessas omissões a atividade quase sem custos. Também por este motivo, não estão preocupados se conseguem vender ou não a ninhada toda, ou se a pessoa que compra tem ou não capacidade para deter um animal, acabando estes muitas vezes por terem como destino os centros de recolha oficial ou mesmo a rua.

Salientamos ainda a este propósito que a Convenção Europeia para a Proteção de Animais de Companhia (Decreto n.º 13/93, de 13 de abril), estabelece desde logo limites para a aquisição de animais de companhia (artigo 6.º), sendo que através dos meios de venda online não é possível assegurar que é feito um controlo prévio, evitando assim a adoção irresponsável ou sem o consentimento dos legais representantes e consequente possibilidade do animal vir a ser abandonado.

Mais estabelece a Convenção que as Partes comprometem-se a encorajar o desenvolvimento de programas de informação e de educação, por meio dos quais seja, entre outras matérias, chamada à atenção para os riscos resultantes da aquisição irresponsável de animais de companhia que conduza a um aumento do número de animais não desejados e abandonados (artigo 16.º, d) da Convenção).

Assim, à semelhança de outros países europeus, o PAN considera da máxima importância que Portugal regulamente a atividade de compra e venda de animais de companhia, dando assim um passo importante não só em matéria de bem-estar dos animais que são transacionados como também na defesa das pessoas que compram estes animais para sua companhia.

Assim, o PAN vem propor a adaptação do regime jurídico francês ao nosso país, embora a Alemanha, Bélgica e Reino Unido também tenham legislação relevante nesta matéria apenas permitindo a venda a criadores licenciados, e que implica a criação de um registo de criadores profissionais, ficando cada um identificado por um número único, pessoal e intransmissível. Para se anunciar a venda de um animal na internet é necessário que o criador indique esse número, sendo possível às entidades competentes e aos compradores, terem acesso ao nome e contactos do criador através do mesmo. Outro bom exemplo do sistema francês é a necessidade de os animais serem registados num livro de genealogia reconhecido pelo Ministério da Agricultura, sendo que o termo “raça pura” apenas pode ser aplicado a cães e gatos registados num livro de origens. Nos outros casos o anúncio deve mencionar “raça indefinida”, evitando assim que as pessoas sejam enganadas quanto à raça do animal.

Todos os animais que sejam vendidos devem estar identificados eletronicamente, devendo a venda ser acompanhada de toda a documentação relativa ao animal (informação de vacinas, historial clínico do animal,

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identificação do microchip, declaração de cedência do animal). Assim, em caso de abandono ou perda do animal, é sempre possível fazer um rastreio até à sua origem, ou seja, ao criador que deverá manter os dados relativos aos compradores.

Outro requisito muito importante que a lei francesa prevê é a obrigatoriedade da venda do animal dever sempre ser acompanhada de uma declaração médico-veterinária, com um prazo de pelo menos 5 dias, que atesta que o animal se encontra de boa saúde e apto para ser vendido. Infelizmente muitos dos animais vendidos acabam por morrer já com os novos detentores ou necessitar de tratamentos médicos-veterinários por causa de doenças de que já padeciam ou haviam contraído. Estas situações costumam ocorrer por vários motivos, nomeadamente porque não foram acauteladas as condições de gestação da progenitora, os animais não foram vacinados, não se encontravam num espaço com salubridade suficiente, foram transportados em condições inadequadas, entre outras.

Por todos estes motivos, revela-se também muito importante que o criador preste uma garantia ao comprador precisamente para que este fique acautelado caso ocorra alguma das situações já mencionadas. Esta garantia deve complementar o regime jurídico da venda e garantia de bens de consumo, desde que a causa da mortalidade esteja associada a doença infecto contagiosa no espaço de determinado período de incubação ou no caso de algumas doenças hereditárias, tal como já acontece na Bélgica e em França.

Outra preocupação que o regime belga apresenta, e que o PAN partilha, está relacionada com a venda de animais provenientes de outros países, que é admitida, mas apenas de países cujas normas de venda e de bem-estar animal sejam equivalentes às regras do país destinatário.

A Hungria e a Polónia restringem a venda de animais por transportadora, ou seja, os animais podem ser publicitados na internet mas a compra/venda apenas é admitida no local de criação ou em estabelecimentos devidamente licenciados para o efeito. Mais uma vez esta medida é muito importante para assegurar o bem-estar dos animais e evitar fraudes. Hoje em dia, uma pessoa que consulte o anúncio de venda de um animal através duma plataforma de classificados, é-lhe eventualmente enviada uma fotografia da cria e dos progenitores, o animal é enviado por uma transportadora, a pessoa entretanto já pagou, e quando recebe o animal verifica que este não corresponde ao lhe que havia sido contratado ou em condições que também não são as esperadas, o vendedor desaparece sem deixar rasto.

Por tudo o exposto, o PAN considera que é tempo de dar mais este passo, querer mais e melhor para as pessoas mas também para os seus animais de estimação, contribuindo assim para uma convivência mais saudável e segura entre os vários intervenientes da compra e venda de animais.

Assim, nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, o Deputado do PAN apresenta o seguinte projeto de lei:

Artigo 1.º Objeto

A presente lei regula a compra e venda de animais de companhia, nomeadamente, através da internet.

Artigo 2.º Definições

Para efeitos de aplicação do presente diploma entende-se por:

a)

«Animal de companhia», qualquer animal detido ou destinado a ser detido por seres humanos para seu entretenimento e companhia.

b)

«Venda de animal de companhia», a cessão a título oneroso de um animal de companhia.

c)

«Vendedor de animal de companhia», é aquele que não sendo detentor de fêmea reprodutora, exerce a atividade de venda de animais de companhia.

d)

«Criação comercial de animais de companhia», a atividade que consiste em possuir pelo menos uma fêmea reprodutora da qual pelo menos uma das crias é cedida a título oneroso.

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e)

«Animal de raça pura», o animal que se encontra identificado e com registo genealógico no livro de origens português.

f)

«Animal de raça indefinida», todos os animais que não se encontram identificados e registados no livro de origens português.

Artigo 3.º Âmbito

A presente lei aplica-se a todas as compras e vendas de animais de companhia.

Artigo 4.º Registo de criadores

1. Qualquer pessoa que exerça atividade de criação comercial de animais de companhia, nos termos da al. c), do artigo 2.º, do presente diploma, é obrigada a inscrever a sua atividade junto do Ministério da Agricultura sendo-lhe atribuído, após inscrição, número de identificação de criador, o qual é pessoal e intransmissível.

2. O Ministério da Agricultura deve manter a lista de criadores registados, nos termos do número que antecede, atualizada e pública no seu sítio da internet.

3. O cumprimento da obrigação disposta no número 1 do presente artigo, é complementar à obrigação de comunicação de início de atividade junto da Autoridade Tributária.

Artigo 5.º

Requisitos de validade do anúncio de venda de animal de companhia

1. Qualquer anúncio de venda de animais de companhia deve conter as seguintes informações:

a) A idade dos animais;

b) Tratando-se de cão ou gato, deve explicitamente indicar se é animal de raça pura ou indeterminada, sendo que tratando-se de animal de raça pura deve obrigatoriamente ser referido o número de registo no livro de origens português;

c) Número de identificação eletrónica da cria e da fêmea reprodutora; d) Número de animais da ninhada;

e) Número de inscrição de criador nos termos do artigo 4.º do presente diploma.

2. Qualquer publicação de uma oferta de cessão de animal a título gratuito deve mencionar explicitamente a sua gratuitidade.

3. Os cães e gatos só podem ser considerados de raça pura se tiverem inscritos no livro de origens português, caso contrário são identificados como cão ou gato de raça indeterminada.

Artigo 6.º

Requisitos de validade da compra e venda de animal de companhia

Qualquer venda de animal de companhia realizada nos termos da presente lei deve ser acompanhada, no momento da venda, dos seguintes documentos que devem ser entregues no mesmo instante ao adquirente:

a) Declaração de cedência do animal;

b) Comprovativo de identificação eletrónica do animal, desde que se trate de cão ou gato;

f) Declaração médico-veterinária, com um prazo de pelo menos 5 dias, que atesta que o animal se encontra de boa saúde e apto para ser vendido;

g) Informação de vacinas e historial clínico do animal; h) Fatura comprovativa da compra/ venda.

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Artigo 7.º Garantia

1. O vendedor presta garantia acessória ao comprador do animal de companhia no caso de morte prematura deste, se causada por doença infectocontagiosa que ocorra no espaço de determinado período de incubação fixado pelo Ministério da Agricultura ou no caso de algumas doenças hereditárias que se venham a revelar em período a definir pelo mesmo Ministério.

2. A referida garantia consiste na devolução do valor pago ao vendedor pelo animal bem como o ressarcimento de todas as despesas médico-veterinárias suportadas pelo comprador.

3. No caso de o animal ter padecido das referidas doenças no período de incubação fixado pelo Ministério da Agricultura mas sobreviver, o vendedor deve ressarcir o comprador de todas as despesas médico-veterinárias suportadas por este último.

4. O disposto no número que antecede também se aplica para o caso de doença hereditária que se venha a revelar e que o vendedor não podia ignorar a forte possibilidade do animal a vir a padecer e a não tenha comunicado ao comprador.

5. A garantia é prestada pelo vendedor sem prejuízo do direito de regresso que é reconhecido ao vendedor sobre o criador se se verificar que a responsabilidade é deste último.

Artigo 8.º

Venda de animais provenientes de Estados terceiros

A venda de animais de companhia provenientes de outros Estados é admitida desde que o país de origem aplique normas de bem-estar animal e de compra e venda equivalentes às regras portuguesas.

Artigo 9.º

Local de venda dos animais

1. Os animais de companhia podem ser publicitados na internet mas a compra e venda dos mesmos apenas é admitida no local de criação ou em estabelecimentos devidamente licenciados para o efeito, sendo expressamente proibida a venda de animais por transportadora.

2. Os estabelecimentos devidamente licenciados para o efeito estão impedidos de expor os animais em montras ou vitrines.

Artigo 10.º Fiscalização

Sem prejuízo das competências atribuídas por lei a outras entidades, compete, em especial, à DGAV, aos Médicos Veterinários Municipais, à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, ao ICNF, I. P., às Câmaras Municipais, à PM, à GNR, à PSP e, em geral, a todas as autoridades policiais assegurar a fiscalização do cumprimento das normas constantes do presente diploma.

Artigo 11.º Sanções

1. Constituem contraordenações puníveis com coima cujo montante mínimo é de (euro) 250 e o máximo de (euro) 5000:

a) O incumprimento do disposto nos artigos 4.º, 5.º e 6.º.

2. Constituem contraordenações puníveis com coima cujo montante mínimo é de (euro) 500 e o máximo de (euro) 7500:

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a) A violação do disposto nos artigos 7.º, 8.º e 9.º.

Artigo 12.º Penas acessórias

Consoante a gravidade da contraordenação e a culpa do agente, poderão ser aplicadas, simultaneamente com a coima, as seguintes sanções acessórias:

a) Perda a favor do Estado de objetos e animais pertencentes ao agente utilizados na prática do ato ilícito; b) Interdição do exercício de uma profissão ou atividade cujo exercício dependa de título público ou de

autorização ou homologação de autoridade pública;

c) Privação do direito a subsídio ou benefício outorgado por entidades ou serviços públicos;

d) Privação do direito de exercer a atividade de criação de animais e participarem em feiras ou mercados de animais;

e) Encerramento de estabelecimento cujo funcionamento esteja sujeito a autorização ou licença de autoridade administrativa;

f) Suspensão de autorizações, licenças e alvarás.

Artigo 13.º Tramitação processual

Compete à GNR ou à PSP a instrução dos processos de contraordenação e a decisão de aplicação das coimas e das sanções acessórias.

Artigo 14.º

Afetação do produto das coimas

A afetação do produto das coimas faz-se da seguinte forma:

a) 10 % para a autoridade autuante;

b) 30 % para a autoridade com capacidade de instrução dos processos de contraordenação; c) 60 % para o Estado.

Artigo 15º Regulamentação

Cabe ao Governo regulamentar a presente lei no prazo de 90 dias a partir da sua entrada em vigor.

Artigo 16.º Entrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte à sua publicação.

Assembleia da República, 16 de Dezembro de 2016

O Deputado do PAN, André Silva.

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PROJETO DE LEI N.º 360/XIII (2.ª)

DETERMINA A IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DA INTERNET PARA ANUNCIAR A VENDA DE ANIMAIS SELVAGENS

Exposição de motivos

A criação e venda de animais é uma atividade antiga que hoje ainda é comum, apesar dos constrangimentos legais que existem para a aquisição de determinadas espécies selvagens.

O que atualmente se verifica, a par do que ocorre com as demais atividades económicas, é que a internet é uma das principais plataformas de venda. Nestes casos não é visível uma pessoa, um estabelecimento, nem as condições em que os animais se encontram, ganhando esta situação especial importância quando se tratam de animais selvagens e que por isso implicam um tratamento diferenciado e conhecedor das suas necessidades etológicas.

De acordo com o disposto no n.º 2 do artigo 8.º do Regulamento (CE) n.º 338/97, do Conselho, de 9 de Dezembro de 1996, relativo à aplicação da Convenção de Washington, sobre o Comercio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), os Estados-membros podem adotar e manter medidas mais estritas no que respeita à detenção de espécimes de espécies nomeadamente no sentido de proibir essa detenção ou estabelecer condicionamentos.

Segundo aquele regulamento, a aprovação destas medidas de proibição ou condicionamento da detenção de espécimes vivos de determinadas espécies prende-se, no essencial, com motivos relacionados com a conservação dessas espécies, com o bem-estar e a saúde desses exemplares e com a garantia da segurança, do bem-estar e da comodidade dos cidadãos em função da perigosidade, efetiva ou potencial, inerente aos espécimes de algumas espécies utilizadas como animais de companhia.

O PAN considera que essas preocupações não se devem restringir aos animais em vias de extinção, isto porque, também os restantes animais têm valor ecológico e necessidades próprias que dificilmente serão asseguradas numa vivência de cariz doméstico.

Para além do mais, exigindo estes animais um conhecimento acrescido do seu maneio, já que de outa forma podem inclusivamente surgir problemas de saúde pública, a facilidade da compra destes animais através da internet não se coaduna com a necessidade de uma compra responsável dos mesmos.

Se acedermos a uma das plataformas de compra e venda online facilmente encontramos anúncios de venda de suricatas, cobras e outros répteis, tarântulas, assim como outros animais exóticos. Estarão os compradores cientes das necessidades específicas destes animais e das consequências para a segurança das pessoas e dos próprios animais, por exemplo, de se perder uma tarântula ou uma cobra?

A compra e venda deste tipo de animais promove o seu tráfico, o que consiste na retirada de animais do seu habitat natural, estes depois de capturados são submetidos a várias práticas agressivas durante o transporte para os centros consumidores, destinados à comercialização. A utilização da internet como plataforma de venda facilita este tráfico pois não só chega a mais potenciais compradores como dificulta a tarefa das entidades policiais em conseguir identificar os infratores e agir em conformidade.

Na sequência do conhecimento público desta ocorrência, vários foram os cidadãos, associações e diversas entidades que se indignaram com esta prática.

A petição número 58/XIII/1ª, apresentada junto da Assembleia da República, vem precisamente dar nota da indignação pública relativa a estas práticas, devendo os representantes eleitos dos cidadãos corresponder-lhe, prevendo expressamente a proibição desta prática.

Acresce que, segundo a exposição de motivos do plano de ação da UE contra o tráfico de espécies selvagens, em 2015, no Dia Mundial da Vida Selvagem, o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, declarou que «chegou o momento de assumir um compromisso sério em relação aos crimes contra a vida selvagem». Em comentário a esta afirmação, no mesmo texto é referido que esta é “uma mensagem simples, mas firme, para acentuar que o tráfico de espécies selvagens representa uma ameaça grave e crescente, não só para a sobrevivência de inúmeras espécies da flora e da fauna, mas também para o Estado de direito, os direitos humanos, a governação global, o bem-estar das comunidades locais e, sobretudo, a sobrevivência dos ecossistemas mundiais.”

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Considerando ainda que, segundo o mesmo plano, “o tráfico de espécies selvagens é um crime internacional organizado cujo valor é estimado em cerca de 20 mil milhões de euros por ano e que tem aumentado a nível mundial durante os últimos anos, o que o coloca entre as formas de criminalidade organizada transfronteiras mais lucrativas do mundo; que o tráfico de espécies selvagens financia e está estreitamente ligado com as outras formas de criminalidade grave e organizada; (...) a gravidade do declínio da biodiversidade mundial, que corresponde à sexta vaga de extinção em massa de espécies; (...) o tráfico de espécies selvagens tem grandes impactos negativos na biodiversidade, nos ecossistemas existentes, no património natural dos países de origem, nos recursos naturais e na conservação das espécies; (...) a erradicação do tráfico de espécies selvagens e dos produtos delas derivados é fundamental para a consecução dos objetivos das Nações Unidas em matéria de desenvolvimento sustentável; (...) as políticas comerciais e de desenvolvimento devem, nomeadamente, servir como meio para melhorar o respeito pelos direitos humanos, o bem-estar animal e a proteção do ambiente”, é urgente uma intervenção política nesta matéria materializando-se na proibição de venda de animais com recurso à internet, incluindo a publicitação dos mesmos.

Atendendo às razões invocadas no texto, à vontade dos cidadãos, às considerações das próprias Nações Unidas nesta matéria, o PAN considera fundamental dar mais este passo na proteção das espécies, dos ecossistemas e desta que é a casa de todos.

Assim, nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, o Deputado do PAN apresenta o seguinte projeto de lei:

Artigo 1.º Objeto

A presente lei determina a impossibilidade de utilização da internet para anunciar a venda de animais selvagens.

Artigo 2.º Definições

Para efeitos de aplicação do presente diploma entende-se por:

a) «Animal selvagem», qualquer animal não domesticado.

b) «Venda de animal selvagem», a cessão a título oneroso de um animal selvagem.

Artigo 3.º

Local de venda dos animais

1. Os animais selvagens não podem de forma alguma ser vendidos ou publicitados na internet.

2. A compra e venda dos mesmos é admitida exclusivamente nos estabelecimentos devidamente licenciados para o efeito.

3. Os estabelecimentos devidamente licenciados para o efeito estão, no entanto, impedidos de expor os animais em montras ou vitrinas.

4. A venda de animais selvagens, em estabelecimentos devidamente licenciados para o efeito, provenientes de outros Estados é admitida desde que o país de origem aplique normas de bem-estar animal equivalentes às regras portuguesas.

Artigo 4.º Fiscalização

Sem prejuízo das competências atribuídas por lei a outras entidades, compete, em especial, à DGAV, aos Médicos Veterinários Municipais, à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, ao ICNF, I. P., às Câmaras Municipais, à PM, à GNR, à PSP e, em geral, a todas as autoridades policiais assegurar a fiscalização do cumprimento das normas constantes do presente diploma.

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Artigo 5.º Sanções

1. Constituem contraordenações puníveis com coima cujo montante mínimo é de (euro) 2500 e o máximo de (euro) 50.000 a violação do disposto no artigo 3.º.

Artigo 6.º Penas acessórias

Consoante a gravidade da contraordenação e a culpa do agente, poderão ser aplicadas, simultaneamente com a coima, as seguintes sanções acessórias:

a) Perda a favor do Estado de objetos e animais pertencentes ao agente utilizados na prática do ato ilícito; b) Interdição do exercício de uma profissão ou atividade cujo exercício dependa de título público ou de

autorização ou homologação de autoridade pública;

c) Privação do direito a subsídio ou benefício outorgado por entidades ou serviços públicos;

d) Privação do direito de exercer a atividade de criação de animais e participarem em feiras ou mercados de animais;

e) Encerramento de estabelecimento cujo funcionamento esteja sujeito a autorização ou licença de autoridade administrativa;

f) Suspensão de autorizações, licenças e alvarás.

Artigo 7.º Tramitação processual

Compete à GNR ou à PSP a instrução dos processos de contraordenação e a decisão de aplicação das coimas e das sanções acessórias.

Artigo 8.º

Afetação do produto das coimas

A afetação do produto das coimas faz-se da seguinte forma:

a) 10 % para a autoridade autuante;

b) 30 % para a autoridade com capacidade de instrução dos processos de contraordenação; c) 60 % para o Estado.

Artigo 9.º Entrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte à sua publicação.

Assembleia da República, 16 de Dezembro de 2016.

O Deputado do PAN, André Silva.

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PROJETO DE LEI N.º 361/XIII (2.ª)

ALTERA A LEI N.º 92/95, DE 12 DE SETEMBRO, PROIBINDO EXPRESSAMENTE PRÁTICAS GRAVEMENTE LESIVAS DA INTEGRIDADE FÍSICA DOS ANIMAIS, COMO A “QUEIMA DO GATO” E O

TIRO AO VOO DE AVES LIBERTADAS DE CATIVEIRO COM O ÚNICO PROPÓSITO DE SERVIREM DE ALVO

Exposição de motivos

Os denominados “direitos dos animais” surgem hoje como um sector importantíssimo do Direito Ambiental. A Lei n.º 92/95, de 12 de Setembro, consagra, em termos genéricos, a proteção da vida e integridade física dos animais. Consagra em termos gerais, o conteúdo de normativos internacionais como Declaração Universal dos Direitos do Animal, a Convenção Europeia para a Proteção dos Animais de Companhia, ou a Convenção Europeia sobre a Proteção dos Animais em Transporte Internacional, todas acolhidas pelo Estado Português na legislação interna.

Contudo, continuam a perpetuar-se em Portugal práticas gravemente atentatórias dos direitos dos animais. Entre elas, assumiu particular exposição mediática aquela sucedida em Junho de 2015, quando o país pôde assistir a uma prática denominada de “Queima do Gato”, um evento em que um gato é colocado dentro de um cesto de barro, por sua vez colocado no topo de um mastro que é incendiado. Ao partir-se o cesto por efeito do calor extremo a que é sujeito, o animal aí contido cai para uma fogueira, provocando-lhe várias lesões e enorme pânico.

Estas práticas são expressão da barbárie e de um total desrespeito pela integridade física dos animais, cuja natureza não impediu que, naquele caso, se tivesse realizado num local público, preparada e realizada sob o olhar de entidades públicas.

Na sequência do conhecimento público desta ocorrência, vários foram os cidadãos, associações e diversas entidades que se indignaram com esta prática.

A Petição n.º 540/XII (4.ª), apresentada junto da Assembleia da República, dá corpo à indignação pública relativa a estas práticas, devendo os representantes eleitos dos cidadãos corresponder-lhe, prevendo expressamente a proibição destes comportamentos.

Mas outras práticas há que perpetuam atentados contínuos à integridade física animal.

A prática do tiro ao voo (vulgarmente designada por “tiro ao pombo”), apesar de proibida em vários países da União Europeia (designadamente na Inglaterra, na França e no Grão Ducado do Luxemburgo) é ainda considerada um desporto em Portugal.

Esta prática consiste na largada de pombos para que os participantes possam atirar ao alvo – pombo a voar, com o único objetivo de os matar. A pessoa que matar mais pombos é o vencedor.

Este tipo de provas resulta na morte de milhares destas aves, sendo certo que uma percentagem significativa delas ficam gravemente feridas agonizando até ao momento em que finalmente morrem, demorando isso o tempo que demorar.

Retomando a Lei de Proteção dos Animais (LPA), Lei n.º 92/95, de 12 de setembro, no seu n.º 1 do artigo 1.º, verifica-se a proibição expressa de violências contra animais:

“São proibidas todas as violências injustificadas contra animais, considerando-se como tais os actos consistentes em, sem necessidade, se infligir a morte, o sofrimento cruel e prolongado ou graves lesões a um animal.”

No entanto, a letra do artigo exceciona determinadas situações, como as violências justificadas. Assim, importa verificar se a conduta do tiro ao voo constitui uma prática violenta contra os animais e se tem ou não algum motivo justificante.

Tendo em conta que esta prática tem como objetivo a eliminação física do animal, e sabendo que dependendo da pontaria do atirador, o animal ou morre ou fica ferido com maior ou menor gravidade, então parece claro que estamos perante uma prática violenta contra os animais.

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No que diz respeito para necessidade ou justificação da prática, recorre-se às palavras de Bacelar Gouveia que, perguntando-se sobre a “necessidade” de tal prática, num parecer do ano 2000, com o título “A prática de tiro aos pombos, a nova lei de proteção dos animais e a Constituição da República Portuguesa”, disponível

online em https://run.unl.pt/bitstream/10362/15619/1/JBG_Tiro%20aos%20Pombos.pdf responde

“Somos da opinião de que não, tendo em mente o circunstancialismo que rodeia a prática do tiro aos pombos, que é o de se considerar essa prática como revestindo uma feição desportiva.

Exatamente pelo facto de essa atividade ser considerada desportiva, da ótica dos seus organizadores, impende sobre ela a automática não assimilação a uma prática que se possa considerar necessária, e isso segundo diversos fatores a considerar:

 Não é necessária sob o ponto de vista da alimentação humana, uma vez que, de um modo geral, o homem não depende, na sua sobrevivência, da prática do tiro aos pombos, ou sequer da prática desportiva em geral;

 Não é necessária à luz dos parâmetros da tradição portuguesa que possa ser encarada como relevante, não só porque essa especial tradição não existe como também pelo facto de ela, a existir, nunca se imbuir, automaticamente, desse carácter forçoso de corresponder aos anseios mais profundos das populações;

 Não é necessária porque existe uma alternativa em tudo equivalente, podendo utilizar-se alvos não vivos, como os pratos ou as hélices, até com resultados perfeitos.”

Também José Luís Bonifácio Ramos, em “Tiro aos pombos: uma violência injustificada – Acórdão STA de 23 de Setembro de 2010, Processo n.º 399/10”, in Cadernos de Justiça Administrativa, n.º 87, 2011, página 40, refere que as modalidades desportivas estão sujeitas a limites, não sendo justificação suficiente o facto de ter adeptos ou praticantes, como o sofrimento imposto aos animais viola a LPA, não se integrando em nenhuma das exceções do n.º 3, do artigo 1.º”

Portanto, não restam dúvidas quanto ao facto de a atividade em si ser violenta para os animais, provocar a sua morte, sofrimento e lesões graves, e não tendo qualquer justificação de necessidade que valide a referida prática.

Em suma, trata-se de um desporto que tem apenas por objeto matar por diversão.

Na Assembleia da República foram já apresentadas iniciativas pelo Grupo Parlamentar Socialista com vista à proibição do tiro ao voo, embora não tenham tido a oportunidade de ser discutidas.

Considera o PAN por isso que é da máxima importância retomar a temática, efetivando definitivamente a proibição da prática do tiro ao voo, bem como da queima do gato, não abrangendo quaisquer outras atividades já excecionadas por lei.

Assim, nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, o Deputado do PAN apresenta o seguinte projeto de lei:

Artigo 1.º Objeto

A presente lei procede à proibição expressa da prática de atividades gravemente lesivas da integridade física do animal, como a designada “queima do gato” ou o tiro ao voo, alterando a Lei n.º 92/95, de 12 de setembro.

Artigo 2.º

Alteração à Lei n.º 92/95, de 12 de setembro

O artigo 1.º da Lei n.º 92/95, de 12 de setembro, - Lei de proteção aos animais – passa a ter a seguinte redação:

(22)

«Artigo 1.º […]

1. […] 2. […]

3. São também proibidos os atos consistentes em:

a. […] b. […] c. […] d. […] e. […] f. […]

g. Exposição de animais a situações de perigo que coloquem em risco a integridade física e/ou a sua vida para efeitos de divertimento ou espetáculo que utilizem materiais combustíveis;

h. Tiro ao voo, entendendo-se como tal a prática desportiva de tiro a aves cativas, libertadas apenas com o propósito de servirem de alvo.

4. […]

Palácio de S. Bento, 16 de Dezembro de 2016.

O Deputado do PAN, André Silva.

________

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.O 575/XIII (2.ª)

RECOMENDA AO GOVERNO A UNIFORMIZAÇÃO DO CALENDÁRIO ESCOLAR NO ENSINO PRÉ-ESCOLAR E NO ENSINO BÁSICO

Com a publicação do Despacho n.º 8294-A/2016, que define o calendário das atividades educativas e escolares, prolongou-se as atividades letivas por mais de duas semanas no 1.º ciclo e em mais uma semana no 2.º ciclo do Ensino Básico, relativamente ao que foi definido no ano letivo de 2015/2016.

Consideramos que o calendário escolar para 2016/2017 suscita dúvidas e preocupações, nomeadamente quanto às diferenciações existentes entre o termo do ano letivo para o 1.º ciclo e os restantes ciclos de ensino básico, bem como a diferenciação entre a atividade letiva da educação pré-escolar e o 1º ciclo do ensino básico. Entendemos que o prolongamento das atividades letivas por mais duas semanas não vai beneficiar, em termos pedagógicos, a aprendizagem das crianças. Atendendo a que, para as suas idades e para a fase de desenvolvimento cognitivo em que se encontram, já passam demasiado tempo com atividades letivas, tal poderá mesmo ser contraproducente e criar resistência das crianças relativamente à própria escola.

No que concerne ao ensino pré-escolar, onde a diferença entre o 1.º ciclo é de mais uma semana de aulas, o Despacho refere que “na programação das reuniões de avaliação devem os diretores dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas assegurar a articulação entre os educadores de infância e os professores do 1.º ciclo do ensino básico, de modo a garantir o acompanhamento pedagógico das crianças no seu percurso entre aqueles níveis de educação e de ensino”.

(23)

Esta determinação não é compatível com calendários escolares distintos, impedindo, designadamente, a planificação, a avaliação e a articulação entre a educação pré-escolar e o 1.º ciclo do ensino básico.

O PCP está consciente das dificuldades das famílias em responder aos problemas sociais perante os quais estas são colocadas e considera legítimas e justas as suas preocupações. Entendemos que é necessário encontrar uma resposta social pública.

O PCP tem vindo a acompanhar as preocupações manifestadas pela comunidade escolar relativamente ao calendário escolar, em particular quanto às diferenças existentes na determinação da atividade letiva para a educação pré-escolar e para os diversos ciclos do ensino básico. Já apresentámos propostas na perspetiva da resolução desta questão que persiste.

Com a presente iniciativa o PCP propõe que o Governo uniformize o calendário escolar da educação pré-escolar e do ensino básico.

Nos termos da alínea b) do artigo 156.º da Constituição e da alínea b) do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento, os Deputados abaixo assinados do Grupo Parlamentar do PCP propõe que a Assembleia da República adote a seguinte:

Resolução

A Assembleia da República resolve, nos termos da alínea b) do artigo 156.º da Constituição da República Portuguesa, recomendar ao Governo que uniformize o calendário escolar no ensino pré-escolar e do ensino básico.

Assembleia da República, 16 de dezembro de 2016.

Os Deputados do PCP, Ana Mesquita — Ana Virgínia Pereira — Rita Rato — Paulo Sá — Carla Cruz — Jorge Machado — Diana Ferreira — Miguel Tiago — João Oliveira — António Filipe

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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.O 576/XIII (2.ª)

RECOMENDA AO GOVERNO, NO ÂMBITO DA COMISSÃO NACIONAL DE COMBATE AO DESPERDÍCIO ALIMENTAR, QUE PROMOVA A DIVULGAÇÃO E REPLICAÇÃO DO MODELO DE COMISSARIADO E PLANO MUNICIPAL DE COMBATE AO DESPERDÍCIO ALIMENTAR DE LISBOA, COM

O OBJETIVO DE FOMENTAR A CRIAÇÃO DE UMA REDE NACIONAL DE COMBATE AO DESPERDÍCIO ALIMENTAR

Segundo os cálculos da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), os países industrializados desperdiçam 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos por ano, o que chegaria para alimentar os cerca de 925 milhões de pessoas que passam fome no mundo.

Em Portugal, são anualmente desperdiçados um milhão de toneladas de alimentos, ou seja, cada cidadão desperdiça em média 132 quilos de comida por ano e o desperdício das famílias ultrapassa anualmente as 324 mil toneladas de alimentos.

A Assembleia da República declarou, por unanimidade, o ano de 2016 como o Ano Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar e é consensual que o combate ao desperdício alimentar deve ser encarado do ponto de vista económico, social e ambiental, com objetivos de desenvolvimento sustentável para o país.

Por outro lado, são inúmeros os projetos nacionais, liderados pela sociedade civil, que, em regime de voluntariado, contribuem para a redução do desperdício alimentar, quer os mais antigos e tradicionais, como o Banco Alimentar, quer novas formas de abordagem como são a Refood, o Movimento Zero Desperdício ou a Fruta Feia por exemplo.

Referências

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