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G o v e r n o D i l m a R o u s s e f f O u t u b r o

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Academic year: 2021

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A VOZ DAS URNAS

Eleições municipais fortalecem PT e PSB, confirmam PSDB como

força de oposição e dividem melhor as fichas para 2014

m mês eminentemente político, com as urnas mexendo no equilibrio de forças partidárias. Mais do que a escolha dos novos mandatários nas 5.568 prefeituras do país, a corrida municipal encerrada em outubro de 2012 ajudou a dar o contorno do que será a disputa presidencial de 2014. Além da própria presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, e o senador mineiro Aécio Neves (PSDB), testaram suas capacidades de puxar votos e ganharam a chance de fortalecer seus respectivos partidos em cidades estratégicas para a próxima empreitada nas urnas, daqui a dois anos. Candidata natural à reeleição, a presidenta Dilma se empenhou pessoalmente na campanha, participando de comícios e, segundo a mídia, enterrando a imagem de inabilidade política e consolidando o projeto de reeleição. Coube, no entanto, à maior estrela do partido, Lula, uma maratona por cidades importantes para puxar votos para os candidatos do PT e aliados na eleição.

Se houve vitórias e derrotas de lado a lado, a conquista do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, em São Paulo, desequilibrou o cenário eleitoral nos municípios a favor do PT. Sozinho, o partido governará quase 20% do eleitorado brasileiro, ou 27 milhões de eleitores - sete milhões a mais do que obteve há quatro anos. Apenas São Paulo, cidade mais populosa do país, com 11,37 milhões de habitantes, representa 41,6% dos R$ 77,6 bilhões de orçamentos municipais que o PT governará a partir de 2013. O PT também conquistou o maior número de prefeituras em cidades grandes – as com mais de 200 mil eleitores. Ao todo, o PT venceu em 16 das maiores prefeituras. O PMDB, maior aliado do governo federal, foi vitorioso nas cidades pequenas, com eleitorado abaixo de 200 mil, e vai comandar 1.022 prefeituras, contra 687 do PSDB e 620 do PT. Só esses três partidos - PT, o PMDB e PSDB, este último consolidado como a

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grande força da oposição - vão governar quase 50% do eleitorado brasileiro a partir de 2013 - 2.369 prefeituras, somando mais de 66,7 milhões de eleitores, de um total de 140,6 milhões.

Por isso, segundo boa parte dos analistas, Lula, arquiteto da vitória do PT na cidade de São Paulo, foi o maior vencedor do pleito de 2012. "A prefeitura de São Paulo, a maior e mais importante cidade do Brasil, voltou a ser conquistada pelo Partido dos Trabalhadores. Fernando Haddad, um candidato escolhido pelo ex-presidente Lula em uma operação arriscada - como foi a da presidente Dilma Rousseff, escolhida também por ele - venceu com ampla margem", salientou o diário espanhol El País. "A aposta não era fácil, porque São Paulo tem sido por 30 anos forte feudo do PSDB, tanto na Prefeitura quanto no governo do Estado, que são fundamentais nas eleições presidenciais", escreveu o jornal ibérico. Para o colunista Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo e do portal UOL, Lula, de sobra, ainda facilitou a vida de Dilma em 2014. "A presidente Dilma sai do processo mais petista do que entrou. Nunca houve risco real de o PT negar a legenda a Dilma para que ela dispute a reeleição em 2014. Mas agora o caminho se tornou muito mais suave", apontou. De quebra, a vitória do PT em São Paulo criou sérias dificuldades para o candidato derrotado José Serra, abrindo caminho para que Aécio Neves seja o candidato natural do partido - e principal opção da oposição - para interromper os doze anos do PT no Palácio do Planalto.

Sem os 8,6 milhões de votantes paulistanos, o PT teria diminuído nas eleições de domingo. Sofreu derrotas importantes em Campinas (SP), Salvador, Fortaleza (CE) e Diadema (SP). Mas nacionalmente teve um resultado qualificado. Dos 37,1 milhões de habitantes para os

Manchetes dos jornais após as eleições destacaram, principalmente, a vitória de Fernando Haddad em São Paulo, e as derrotas do PT no Norte e Nordeste.

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quais o PT passará a governar a partir de janeiro de 2013, 20,4 milhões estão nas 83 maiores cidades do país. Nestes grandes centros urbanos, onde vota o eleitorado mais dinâmico e informado, os petistas são seguidos pelo PSB, governando para 10,6 milhões, e pelo PMDB, com 9,7 milhões. Só depois vem a oposição: o PSDB, com 9,4 milhões. O PT também se expandiu nos grotões. Nos municípios com até 10 mil eleitores, o PT tornou-se o terceiro maior partido em número de prefeitos, com a eleição de 299 administradores. O PSDB segue com mais expressão, mas recuou de 452 para 396 municípios governados nesta faixa.

O PMDB recuou sua fatia de poder no eleitorado brasileiro, de 28,5 milhões para 22,9 milhões de eleitores, e o PSDB manteve sua participação quase inalterada: governava 17,6 milhões de votantes após as eleições de 2008 e agora administrará 16,3 milhões. O retrocesso mais relevante foi o do PMDB, cuja participação no eleitorado das cidades grandes, entre 200 mil e 1 milhão de eleitores, foi cortado de 18% para 9% do total. O partido caiu de 14 para oito prefeituras nesta faixa. Perdeu espaço de maneira difusa, em capitais como Goiânia, Campo Grande, Porto Alegre e Florianópolis e cidades como Campos (RJ), Campina Grande (PB) e Montes Claros (MG).

A mídia identificou uma "onda oposicionista" no país - mais mudancista que oposicionista, a rigor. Governistas perderam as eleições na maioria das 85 cidades mais importantes (capitais e com mais de 200 mil habitantes), onde estão 37% dos eleitores. Partidos oposicionistas ao prefeito venceram em 50 desses municípios. Grupos políticos instalados há décadas no poder tiveram reveses, casos de Curitiba (PR), Campo Grande (MD) e Diadema (SP).

Professor da FGV, Francisco Fonseca avaliou que o saldo das eleições municipais mostrou apenas dois partidos relevantes com um acréscimo de prefeituras: o PT e o PSB. E que o PSDB saiu menor destas eleições. Segundo Fonseca, um partido, sem conquistar qualquer capital no Sul-Sudeste, e com bases fortes apenas em algumas regiões, acaba se tornando um partido fraco. "O resultado de São Paulo foi uma derrota vergonhosa do PSDB e, para o PT, mais que uma vitória: um triunfo mais que suficiente para o partido sair desta eleição com dois trunfos. A imposição de uma derrota ao PSDB dentro "de casa" e, a conquista de um estandarte para servir de contrapeso às condenações no Supremo Tribunal Federal. É meramente simbólico, mas pode funcionar para aplacar os brios feridos do partido", escreveu a colunista Dora Kramer, do Estado de S.Paulo.

Para o colunista Janio de Freitas, da Folha de S.Paulo, o desempenho geral do PSDB, talvez melhor do que o próprio partido esperasse, foi importante como advertência ao PT vitorioso a despeito do julgamento no STF, e da exploração eleitoral dessa desvantagem sua. "Mas, contraditoriamente, o PSDB sai da eleição com o pior problema: a necessidade de refazer-se enquanto há tempo", escreveu. O diagnóstico foi repetido, curiosamente, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que reconheceu a necessidade de abrir espaço para novas lideranças e tentar uma maior afinação com as aspirações populares. "Há muito tempo que o PSDB precisa voltar a ter uma atitude muito mais próxima do que o povo está sentindo", disse o ex-presidente.

Eduardo Campos foi outro grande vencedor desta eleição. Ao contrário do PSDB, o PSB conseguiu bons resultados no Sul e no Sudeste. Vai governar, no total, cinco capitais, incluindo Recife, Belo Horizonte e Fortaleza, mais que todos os outros partidos. O PSB também governará Cuiabá, em confronto direto com o PT, e Porto Velho, além das relevantes Campinas (SP), Duque de Caxias (RJ) e Petrópolis (RJ). A fatia do eleitorado administrado pelo partido passou de 7,6 milhões para 15,3 milhões de votantes nos últimos quatro anos. No conjunto das 73 cidades com eleitorado entre 200 mil e 1 milhão de habitantes, a sigla comandada pelo governador de Pernambuco passou de 3 para 8 municípios sob seu controle. O partido também se expandiu na faixa das metrópoles, colégios eleitorais acima de 1 milhão de habitantes.

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Eduardo Campos tem interesse em ser presidente da República. Mas, segundo analistas, só será candidato em 2014 em condições muito especiais que não existem neste momento – uma derrocada completa da economia e uma queda brusca na popularidade de Dilma. "O cenário ainda mais provável para o PSB e para Eduardo Campos é que acabem ficando no governo Dilma acumulando forças. Sua maior aposta pode ser em 2018", aposta Josias de Souza, colunista da Folha de S.Paulo e do portal UOL. Ele avalia que, ao contrário de representar uma ameaça para o PT, com quem eventualmente ainda deverá se compor em 2014, a liderança jovem e ascendente de Eduardo Campos corre na raia de Aécio Neves.

A revista britânica The Economist trouxe um perfil do governador de Pernambuco, citando-o como uma "possível ameaça à reeleição" da presidente Dilma Rousseff em 2014. Em sua primeira entrevista após as eleições, no entanto, Campos reforçou a posição do PSB de aliado do governo federal. Segundo ele, seu partido e o PT estiveram juntos na maioria dos municípios. "Se vocês [jornalistas] fizerem um levantamento dos embates, o PSB sempre esteve em posição a favor da Dilma", frisou o governador.

Com o fim da disputa pelas prefeituras, a agenda política começa a se renovar com as seguintes discussões: eleição para presidentes da Câmara e do Senado em fevereiro de 2012; substituição de líderes do governo na Câmara, no Senado e no Congresso, e troca de ministros. Segundo o Correio Braziliense, pelo menos duas mexidas são dadas como certas. De olho na reeleição, a presidenta deve entregar uma pasta para o PMDB abrigar Gabriel Chalita e outra para o PSD de Gilberto Kassab. É possível que Chalita vá para o Ministério da Ciência e Tecnologia, ocupada atualmente por um técnico, Marco Antonio Raupp. Para o PSD, o espaço será definido em uma conversa da presidente com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A adesão do PSD ao governo, apesar de ser um desejo da presidenta, ainda precisa ser melhor articulada. Não existe uma pasta na Esplanada pronta para receber o partido de Kassab. Pelos corredores palacianos especula-se que a legenda poderia ocupar o ainda inexistente Ministério da Micro e Pequena Empresa, cuja criação tramita no Congresso. Três nomes são cotados: o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos; o presidente da Confederação Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Safady Simão; e a senadora Kátia Abreu (PSD-TO). Outra curiosidade foi o reaparecimento do ex-ministro Antonio Palocci. Distante das discussões partidárias desde que deixou a Casa Civil em 2011, Palocci voltou a participar de reuniões da cúpula do PT, ao lado de Lula e Dilma.

O predomínio do debate eleitoral se reflete na nuvem abaixo, que exibe as 50 palavras mais associadas ao nome de Dilma Rousseff nas 210 publicações que citaram seu nome no título, em outubro. Foram considerados os cinco mais influentes jornais do país (O Globo, Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo, Correio Braziliense e Valor Econômico).

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