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Mundo Orquidofilo - Apostila Sobre Orquideas

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Academic year: 2021

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APRESENTAÇÃO Prezado Orquidófilo.

Dentre as inúmeras atividades a que se propõe a Sociedade Paraense de Orquidófilos está a de difundir a prática da Orquidofilia, usando os meios a seu alcance para o aperfeiçoamento técnico de seus associados. Foi com este espírito que organizamos esta Apostila, destinada principalmente aos iniciantes, mas que com certeza acrescentará alguma coisa aos conhecimentos dos mais experientes. Aqui estão contidos anos de experiências de inúmeros orquidófilos pertencentes ao quadro de associados da SPO e de todo o Brasil. Temos certeza que através dela o prezado leitor encontrará muitas respostas às suas dúvidas e melhorará com certeza o cultivo de suas plantas.

Se há alguns anos atrás a bibliografia disponível sobre as Orquídeas era difícil de ser encontrada, hoje, através da Internet, é possível obter-se uma gama imensa de informações sobre estas plantas através de sites que tratam da comercialização, preservação, cultivo, fotografias, intercâmbio, etc., entre orquidicultores do Brasil e do Mundo.

Ao viajarem nesta Apostila irão perceber que não existe um trato cultural único para estas plantas. Muito pelo contrário, parece que todo orquidófilo tem sua maneira particular de cultivar as orquídeas, suas fórmulas de adubo, sua maneira de irrigar... O leitor não deve se preocupar com a diversidade de opiniões, muitas vezes antagônicas, pois esta diversidade de opiniões resulta da experiência pessoal acumulada durante muitos anos. Ao ser perguntado quais procedimentos utilizava em seu Orquidário para manter as plantas em bom estado um experiente orquidófilo respondeu: "O que é bom para o meu orquidário pode não ser bom para o seu... "

Assim leia com atenção, analise as várias alternativas apresentadas, anote as conceituações básicas, e sempre que tiver dúvidas recorra a um membro mais experiente da Sociedade, em especial durante as reuniões rotineiras de seus sócios, que com certeza encontrará alguém que lhe dicas e respostas.

Antes de mudar a sua coleção inteira para um novo meio de cultivo, primeiro experimente-o com um pequeno número de orquídeas (de preferência em duplicatas) durante um ano pelo menos, ou até se completar um ciclo inteiro das estações. São inúmeros os casos em que o uso de um novo adubo lançado no mercado, ou a indicação de um remédio milagroso para exterminar insetos resulta em tragédia para as plantas.

Coloque em prática os conhecimentos adquiridos, ouse inventar, seja criativo, e tenha bons momentos apreciando estas lindas flores. Tenha em mente também que o correto cultivo de nossas espécies nativas é um ato de preservação, pois poupa, com certeza, a coleta de espécimes em seu habitat, evitando seu desaparecimento.

Esta não é uma Apostila definitiva sobre o assunto, mesmo sendo destinada ao Orquidófilo iniciante, mas com certeza contêm informações que irão de encontro aos anseios do associado, e que nem sempre são encontradas em livros.

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INTRODUÇÃO

Existem muitas idéias errôneas sobre as orquídeas: que são parasitas; que são difíceis de cultivar; que dão flores de sete em sete anos, e assim por diante. Na verdade as orquídeas utilizam-se dos troncos e galhos de árvores apenas como suporte, sem retirar a seiva de seus hospedeiros. Dê condições climáticas corretas e cultivo adequado e elas se desenvolverão fortes e sadias, florindo regularmente. Uma vez entendido a necessidade de cultivo destas plantas, o trato torna-se relativamente simples. Algumas orquídeas necessitam de um período de frio para florescer - não tente cultivá-las em Belém, a não ser em estufa climatizada, enquanto outras estão adaptadas ao clima quente e úmido das florestas tropicais. Outras precisam de um forte e prolongado período seco para só então desabrocharem as flores. Com exceção de regiões extremamente desérticas e áreas de cobertura perene de gelo e neve, as orquídeas são encontradas nos locais mais recônditos de nosso planeta Terra.

Cuidar de orquídeas é uma atividade terapêutica. Que bons momentos, que horas relaxantes são as passadas entre as orquídeas, no tranqüilo oásis do orquidário, esquecidos do estresse e dos problemas do cotidiano. A observação do modo como uma orquídea está enraizando, o forte crescimento de uma frente nova, o desenvolvimento da espata ou da haste floral, a expectativa da flor, em dias e dias de ansiedade até que, finalmente, o momento tão desejado acontece: a flor se abre, como que agradecendo as horas dedicadas ao seu cultivo. Aí, como disse a orquidófila Margarida Brandão, é passar a notícia adiante, mostrá-la ao maior número de amigos, satisfazer o ego. Que emoção se sente ao ver abrir a primeira flor de uma nova planta, da qual muitas vezes nem sabemos o nome...

Pertencentes à família das Orquidáceas, esta plantas fascinantes, belas e algumas vezes bizarras, oferecem flores vistosas, multicoloridas, com fragrâncias gostosíssimas, portando as mais variadas formas e tamanhos. O nome orquídea vem do grego "orchis" que significa testículos e refere-se às raízes tuberosas subterrâneas das orquídeas do Mediterrâneo.

As orquídeas são comercializadas hoje em dia tendo como valor agregado a sua beleza. Somente uma espécie, a Vanilla planifolia, tem valor econômico como fonte aromática de especiarias na produção de bolos, doces e sorvetes. Alguns povos ainda usam orquídeas como fonte de remédios para males variados.

Na Amazônia Brasileira, até 1994, foram registradas 378 espécies distribuídas em 99 gêneros, apenas de epífitas e rupícolas. Dentre aquelas destacam-se as sete espécies de Cattleyas que ocorrem na região: Cattleya violacea, Cattleya luteola, Cattleya lawrenciana, Cattleya eldorado, Cattleya nobilior, Cattleya araguaiensis e Cattleya jenmanii.

A flor símbolo de nossa Sociedade é a flor do Oncidium lanceanum, de rara beleza.

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A FLOR DA ORQUÍDEA

As flores das orquídeas podem parecer muito diferentes entre si, mas todas elas têm a mesma estrutura básica de três pétalas e três sépalas. As pétalas e sépalas juntas são chamadas coletivamente tépalas. As pétalas e sépalas se alternam em volta do centro da flor, onde há uma estrutura chamada coluna. Uma das pétalas, geralmente situada em posição inferior, se destaca pela forma, cor, e pela função exercida. Ela recebe o nome de labelo. Existe uma grande variação na forma e na cor destes segmentos: eles podem ser da mesma cor, ou as sépalas podem ter cor diferente das pétalas, ou ainda podem ter mais de uma cor, ou a forma pode ser muito parecida ou as pétalas e sépalas podem variar de forma e de tamanho.

A flor da orquídea é uma flor hermafrodita (órgãos masculinos e femininos na mesma flor) e só em poucos casos, como no gênero Catasetum, as plantas ostentam flores masculinas e femininas, separadamente.

Vamos analisar a flor de uma Cattleya, um dos gêneros mais apreciados pelos orquidófilos: ela é formada por três sépalas, três pétalas e uma coluna. As sépalas, situadas na parte mais externa, geralmente são do mesmo tamanho e da mesma cor, e de acordo com a posição em relação ao labelo, recebem denominações diferentes. A superior é a sépala dorsal e as inferiores são denominadas de sépalas laterais. As

pétalas, também em número de três, divergem entre si pela forma, tamanho e beleza. Duas são ditas "normais", mantendo tamanho, forma e cor iguais ao passo que uma terceira, chamada de labelo (lábio), diferencia-se pelo tamanho maior e pela beleza, podendo ter cor diferente das outras duas. O labelo é frequentemente lobado, podendo envolver ou não a coluna e tem também um calo carnoso e espesso. O labelo, na verdade, é uma estrutura especializada, utilizada pela flor para atrair o agente polinizador, atuando como uma "plataforma de aterrisagem", facilitando a abordagem do inseto e orientando-o até a coluna.

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A coluna é um outro segmento importante das flores das orquídeas, onde estão situados os órgãos reprodutivos da planta. Nas Monandras (Cattleya, p.e.) o estigma (órgão feminino) está situado na porção mais inferior da coluna, em forma de uma pequena depressão preenchida por um líquido viscoso e a única antera fica na porção mais externa, contendo as polínias (órgãos masculinos). Nas Diandras (Selenipedium, p.e.) as anteras, em número de duas, situam-se nas laterais do estigma. O estigma é o local onde os polinizadores deixarão o pólen para fertilizar a flor. Em muitas orquídeas a antera é coberta por uma fina capa, a capa da antera. Sob ela o pólen é encontrado como duas ou mais massas, chamadas polínias, que tendem a grudar em qualquer coisa que remova a capa da antera. As polínias são corpos constituídos de muitos grãos de pólen unidos. O número de polínias e sua textura são elementos importantes para a classificação das orquídeas. Nas flores maiores é fácil ver as polínias: basta afastar a antera para trás, mas no caso de flores muito pequenas pode ser necessário o uso de um microscópio. Quando a polínia gruda em um inseto e todo o pólen é transferido de uma orquídea para outra ocorre o que se chama de polinização.

Esta seria uma flor típica de uma orquídea, mas nem todas as espécies mantêm esta estrutura. Em muitas as sépalas e pétalas podem estar fundidas ou reduzidas.

Estrutura da flor de uma Encyclia. A, a flor vista de frente. B, o labelo. C, D, E vistas ventral, dorsal e lateral da coluna.

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A flor da orquídea, à medida que vai se abrindo, faz um movimento giratório chamado de ressupinação, para que o labelo se posicione na porção mais inferior. As flores de alguns gêneros, como é o caso das Encyclias, não fazem este movimento e por isso o labelo fica na porção mais superior da flor.

As flores são carregadas pelas inflorescências. Uma inflorescência pode ser ereta, arqueada ou pendente. Uma inflorescência pode surgir do final de um caule ou pseudobulbo (Cattleya), ou de algum ponto ao longo do caule ou pseudobulbo em cujo caso a inflorescência é dita ser lateral (Catasetum). A flor se une à haste floral pelo pedúnculo que por sua vez contém o ovário próximo à base da flor. Após a fecundação o ovário se dilata e a flor murcha.

O labelo é formado pela fauce ou parte mais interna e pelos lóbulos. O lóbulo mais externo é chamado de frontal e os outros dois de laterais. Os lóbulos laterais podem envolver ou não totalmente a coluna. As orquídeas têm o que se chama ovário inferior, isto é, as outras partes da flor estão fixadas acima dele. Além disso, antes da fecundação, ele é fino e delgado, e só após a polinização ele fica mais espesso.

As flores geralmente têm um nectário tubular ou em forma de saco, ou esporão, que ajuda a atrair os polinizadores para a flor. Nas orquídeas o esporão geralmente está na base do labelo, mas ele também pode se formar nas sépalas laterais.

Nas orquídeas os estames estão em volta do ovário, unidos em uma estrutura única, a coluna, ou se você quiser mostrar conhecimento, o ginostênio. As orquídeas nunca têm mais que três estames e na maioria delas só um é fértil. Os estames estéreis e a porção basal do estame fértil se unem com o estilete para formar a coluna. A antera, ou a parte do estame rica em pólen, fica situada próxima ao topo da coluna, exceto nos Oncidiuns, que têm uma antera fértil de cada lado da coluna. A antera, de acordo com sua posição em relação à coluna, pode ser dorsal, terminal, ou ventral. Existem duas "asas" nos lados da coluna, usualmente próximas da antera e do estigma. Elas provavelmente representam os dois estames laterais estéreis.

Várias estruturas das flores das orquídeas. A, vista lateral de uma flor com um proeminente esporão. B, secção da flor de um Systeloglossum mostrando a base de uma coluna. A base da coluna mais o labelo formam o nectário. C, uma flor de Maxillaria com uma proeminente base da coluna projetando-se para trás. D, uma flor de Oncidium mostrando o calo.

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OUTRAS PARTES DAS ORQUÍDEAS FOLHAS

As orquídeas têm o que os botânicos chamam de folhas simples, isto é, suas folhas não têm lobos. Apesar de serem simples apresentam uma grande variedade quanto à forma, tamanho e espessura. A folha é uma defesa da planta contra o excesso de transpiração, evitando perda de água e oferecendo maior resistência à seca. Possui em sua face inferior um conjunto de pequenos orifícios chamados de estômatos, que têm papel fundamental na nutrição e na absorção de água pelas orquídeas.

Apesar da variação de formas das folhas a maioria das orquídeas apresenta poucos tipos principais. Existem folhas lisas ou plissadas, finas ou carnudas, com secção em "V" ou redonda e assim por diante. As folhas carnudas, de consistência coriácea (ligeiramente semelhantes à consistência do couro) armazenam água, enquanto outras, muito finas como nos Oncidiuns e Miltonias, são muito sensíveis ao calor do sol. Algumas orquídeas têm folhas plissadas. Geralmente são finas com muitas pregas compridas (Spathoglottis, Catasetum) e estão relacionadas com as orquídeas mais primitivas. Muitas outras têm folhas que são mais espessas, arredondadas e com uma secção em forma de "V". Tais folhas são chamadas conduplicatas (Phalaenopsis). Várias outras têm folhas cilíndricas, finas e longas, chamadas de terete e que podem estar sulcadas longitudinalmente (Oncidium ceboletta).

As folhas podem se apresentar arranjadas em forma de espiral, ou podem estar arranjadas em lados opostos, alternando-se em níveis diferentes ao longo da linha de crescimento. Poucas apresentam duas ou mais folhas em um mesmo nível. Algumas folhas, ainda, são caducas e caem quando o pseudobulbo completa o seu ciclo vegetativo (Catasetuns, Dendrobiuns, entre outros).

Muitas folhas conduplicatas são espessas e carnudas. Isto pode dar a impressão de que as orquídeas são capazes de suportar muito bem períodos secos, como os cactos, mas esta não é a regra para as orquídeas tropicais. Orquídeas de regiões com períodos secos podem suportar a estiagem porque elas têm pseudobulbos suculentos e não porque têm folhas suculentas. As orquídeas sazonais florescem apenas em determinadas épocas do ano, freqüentemente perdem todas as suas folhas e emitem uma nova frente anualmente. As orquídeas que não são sazonais permanecem com suas folhas sempre verdes e emitem suas folhas gradualmente a todo momento. Os pseudobulbos despidos ou os

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caules que são deixados para traz, permanecem usualmente sempre verdes e contêm reservas nutritivas e água armazenadas.

Especialmente nas orquídeas simpodiais, novos brotos, raízes ou inflorescências podem aparecer nos antigos pseudobulbos. Portanto, não é interessante podar ou cortar caules ou pseudobulbos despidos de folhas porque eles poderão ser a base do crescimento de novas frentes ou novas inflorescências. Mesmo com orquídeas não sazonais, como as que geralmente ocorrem nas regiões de baixa altitude nos trópicos, os velhos pseudobulbos podem se tornar ativos, desenvolvendo novas frentes.

Em geral, as orquídeas monopodiais são menos aptas a perder completamente suas folhas. A floração, por outro lado, pode ser sazonal, provocada por variações nas horas de insolação, temperatura da noite, ou umidade. Mesmo orquídeas monopodiais sazonais, como as Rhynchostylis, que necessitam períodos secos para induzir a floração, não perdem todas as suas folhas. No correto cultivo das orquídeas monopodiais, como nas Vandas, é necessário manter-se a integridade das raízes e folhas, assim como a umidade.

A parte basal da folha de muitas orquídeas é larga e tubular e abraça, envolve o caule, enquanto o restante da folha é plano. Uma estrutura tipo folha, ou bráctea, que envolve um caule ou pseudobulbo é chamada de bainha. Qualquer estrutura pequena tipo escama em um nó, ou qualquer estrutura tipo folha que não seja realmente uma folha, é chamada de bráctea. Todo nó desprovido de folha, geralmente, tem um tipo de bainha ou bráctea. As brácteas são especialmente visíveis nas inflorescências, quando elas podem ocorrer no caule abaixo das flores e cada flor tem uma bráctea em sua base. Se a inflorescência é dividida existe uma bráctea em cada ramificação.

Pelo colorido das folhas podemos saber se as plantas estão recebendo luminosidade adequada. Quando se tornam amarelas ou amareladas por inteiro, sem manchas isoladas, estão sendo cultivadas com muita luz. Se estiverem de cor verde escuro falta luminosidade para a planta.

As folhas devem ser mantidas sempre bem limpas para poderem respirar e se alimentar através dos estômatos alojados em seu verso. O óleo mineral tem a propriedade de criar uma película impermeável tapando os estômatos e impedindo-os de funcionar. Portanto, seu uso deve ser feito com cuidado.

RAIZES

Uma das características mais marcantes das plantas epífitas são as raízes. A maioria das plantas de jardim tem uma raiz única central e inúmeras outras raízes menores. Todas essas raízes adelgaçam-se formando uma rede de raízes

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muito finas. As raízes das orquídeas, por outro lado, como as raízes das palmeiras e do bambú, conservam aproximadamente o

mesmo diâmetro em toda a sua extensão. Não existe uma raiz principal.

As raízes das epífitas, geralmente, têm uma camada de células esponjosas em sua superfície externa chamada de velame, que funciona na apreensão e absorção de água e nutrientes e pode ser também protetora. As terrestres também podem ter o velame, porém, ele é menos evidente.

A ponta da raiz, normalmente, é verde e como as folhas, pode fotossintetizar, isto é, formar açúcar a partir de luz, dióxido de carbono e água por meio da clorofila. Quando uma raiz fica em contato com uma superfície adequada, como a superfície de um vaso, ela cresce colando-se a ele e não pode ser retirada sem danos. É importante frisar que as raízes não grudam na superfície

de vasos plásticos, facilitando o seu manuseio durante a retirada para reenvasamento.

Quando as raízes não estão diretamente expostas ao ar, porque passam a crescer sob o substrato, tornam-se pálidas e dilatadas. Se submetidas a muita umidade podem facilmente apodrecer. As orquídeas terrestres e rupículas, com mais freqüência, têm raízes capilares e são mais tolerantes às condições de umidade excessiva, mas, mesmo assim, a regra deve ser uma boa drenagem da água da rega.

CAULE

Os caules podem ser curtos ou longos, delgados ou muito espessos. Os caules longos e finos podem ser macios e herbáceos ou duros e lenhosos, com fibras resistentes bem emaranhadas. O ponto onde a folha se fixa ao caule é chamado de nó. O nó, geralmente, não é nítido nas orquídeas porque a base da folha ou uma bráctea costuma envolver o caule nesse local. Cada nó tem uma borbulha logo acima da folha e normalmente costumam aparecer ramos nos nós. O espaço entre os nós é chamado de internó.

O termo pseudobulbo refere-se a qualquer caule espessado, especialmente àqueles que não estão enterrados no solo. Os pseudobulbos podem ser achatados, globulares ou longos, em forma de charuto. Uma feição usada na identificação das orquídeas é se os pseudobulbos são formados de um único nó ou de vários nós.

Raízes ativas. Observe a ponta esverdeada das raízes em crescimento, e a cor prateada da superfície do velame.

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INFLORESCÊNCIA

As inflorescências podem ser laterais ou terminais. As laterais podem ser basais, quando são produzidas no rizoma ou muito próximo da base do caule, ou pseudobulbo (um exemplo é o dos Catasetuns). Raras, como no caso de Campylocentrum e de Lockhartia, podem ter inflorescências a partir da parte superior do caule. As inflorescências das orquídeas, geralmente, apresentam várias flores em uma haste comum, o pedúnculo, mas inflorescências com uma única flor não são raras e as flores podem ser fasciculadas ou densamente agrupadas, com ou sem uma haste comum. As flores, assim como as folhas, podem estar arranjadas de forma espiralada no caule, ou podem estar arranjadas nos dois lados ao longo do caule. Em muitos casos as flores abrem ao mesmo tempo, em outros elas abrem sucessivamente.

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NOMENCLATURA DAS ORQUÍDEAS

A nomenclatura botânica é muito bem regulamentada, baseada em um código oficial cujas convenções são estabelecidas pela Royal Horticultural Society, atualizada de três em três anos durante o International Botanical Congress. O último foi realizado em julho de 1999, em Saint Louis, EUA. Este código se aplica a plantas, algas e fungos, sendo diferente do código aplicado aos animais.

As plantas foram classificadas pelos botânicos em famílias, diferenciadas umas das outras pela estrutura de suas flores, hastes, folhas e raízes. Cada família é dividida em tribos e posteriormente em gêneros. Essas divisões são estabelecidas por similaridade na aparência e construção das peças florais.

Basicamente as orquídeas encontradas na natureza são classificadas por dois nomes, um indicando o gênero e o outro o epíteto, ambos compondo a espécie.

O gênero agrupa plantas com características comuns bem definidas. Um gênero é a principal subdivisão de uma família e é formado por um número limitado de espécies intimamente relacionadas, ou de uma única espécie (monotípico). O gênero é designado por um nome em latim ou latinizado, no singular, iniciando com letra maiúscula. É seguido pelo epíteto, iniciando com letra minúscula se for natural, ou letra maiúscula se for híbrido, concordando gramaticalmente com o nome do gênero. Tanto o gênero como o epíteto, quando se refere a uma espécie natural, são grafados em itálico ou subescritos. Existem cerca de 860 gêneros de orquídeas.

A espécie resulta da combinação do gênero + epíteto. A espécie é a classificação biológica fundamental, compreendendo uma subdivisão de um gênero e consistindo de um grupo de plantas com alto grau de similaridade, podendo, geralmente, intercruzar e mostrando uma diferença marcante com os membros de outra espécie. A Família das Orquidáceas é formada por cerca de 25.000 espécies naturais e mais de 100.000 espécies híbridas. Os epítetos das espécies híbridas são escritos com letra maiúscula, não latinizados, para diferenciar das espécies naturais.

Como exemplo temos:

Cattleya (gênero) + labiata (epíteto). O epíteto inicia com letra minúscula

porque se refere a uma espécie natural. A espécie seria Cattleya labiata. É uma boa política se adotar uma forma um pouco mais longa, acrescentando-se o nome do autor de sua classificação, iniciando com letra maiúscula e grafado de forma normal. Ex: Cattleya guttata Lindl. Lindlley publicou o nome Cattleya guttata no Botanical Register, tábula 1406 e é o autor deste nome. Alguém poderia posteriormente publicar o mesmo nome Cattleya guttata sem saber da existência do primeiro e isto faria do segundo (Ex: Cattleya guttata Rezende) impróprio e não validamente publicado, pois já está ocupado.

Devemos observar que os epítetos podem se repetir a vontade dentro de gêneros diferentes. Ex: Cattleya intermedia, Zygopetalum intermedium,

Phalaenopsis intermedia, etc.

Entende-se como híbrido a planta resultante da polinização cruzada entre duas orquídeas. Para um híbrido a grafia seria: Cattleya (gênero) + Brymeriana (epíteto). O Epíteto neste caso inicia com letra maiúscula e tem grafia normal

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porque é um híbrido. A espécie seria: Cattleya Brymeriana que é um híbrido natural entre a Cattleya eldorado e a Cattleya violacea.

Certas espécies, às vezes, apresentam uma característica que as tornam diferentes de sua espécie "tipo" mais comum. São variedades ou subespécies e constituem qualquer divisão natural de uma espécie que apresenta pequenas, mas marcantes, variações morfológicas da mesma espécie, habitando diferentes regiões geográficas. O nome da subespécie é geralmente um terceiro termo, iniciando com letra minúscula, grafado normalmente e precedido da abreviatura var., do latim varietas (variedade).

Poderíamos ter então:

Cattleya (gênero) labiata (epíteto) var. alba (variedade).

Clones ou Cultivares são plantas selecionadas por suas características desejáveis e propagadas de modo a perpetuar tais características. Um clone pode ser selecionado de uma espécie, de um híbrido ou de uma variedade. Pode ser propagado por divisão, corte, meristema ou qualquer outro método que produza descendentes semelhantes à planta mãe. Nomes de clones são epítetos grafados em letras romanas, de forma normal, iniciando com maiúscula e entre aspas simples.

Como exemplo temos:

Cattleya (gênero) labiata (epíteto) var. alba (variedade) 'Pendentive'

(clone)

Orquídeas premiadas são identificadas por algumas letras extras colocadas em seguida aos nomes das plantas e indicam que a planta que a originou foi distinguida por uma determinada entidade orquidófila. Entre as mais conhecidas estão a American Orchid Society (AOS) e a Royal Horticultural Society (RHS). Tais premiações podem ser atribuídas tanto para espécies como para os híbridos. As letras antes da barra são a abreviatura do prêmio. Por exemplo, FCC (First Class Certificate - Certificado de Primeira Classe) que é uma premiação atribuída pela AOS para plantas que atingem 90 pontos ou mais em uma escala de 100 pontos.

O nome completo de uma orquídea poderia ficar assim:

Cattleya (gênero) labiata (epíteto) var. alba (subespécie) 'Pendentive'

(clone) AM/AOS (premiação).

Pode-se defrontar com algumas outras palavras inclusas no nome de uma determinada orquídea. Self significa que foi feito o cruzamento utilizando-se a polínia e o estigma de flor(es) da mesma planta. Sibling significa que o cruzamento foi feito entre flores de duas plantas diferentes porém da mesma espécie.

Muitas vezes também coloca-se no final o nome da planta mãe (que cedeu o estigma para a fecundação) e o nome da planta pai (aquela que forneceu a polínea), sempre nesta ordem e separados por um x.

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PRONÚNCIA

A orquidóloga Luiza Barbosa colocou na Internet um artigo sobre pronúncia que aproveitamos retransmitindo com modificações. O artigo baseia-se no vol. I de A Etimologia a Serviço dos Orquidófilos de autoria do Padre José Gonzales Raposo, de saudosa memória. Nossa língua é basicamente formada pelo latim e é através dele que podemos analisar etimologicamente as palavras do português. Os nomes dos gêneros e espécies das orquídeas procedem não só do latim como também do grego mas muitas letras do alfabeto grego pronunciam-se como as correspondentes do alfabeto latino (grego-latinizado). Vamos às regras iniciando com as normas práticas da pronúncia do Latim.

CONSOANTES

O x tem sempre o som cs. xanthina = csántina chrysotoxum = chrysotócsum O ch pronuncia-se como k. chocoensis = kocoénsis Dichaea = Dikéa Dendrochilum = Dendrokílum

A sílaba ti, quando seguida de vogal, soa como ci. Binotia = Binócia

Bletia = Blécia martiana = marciána

Mas a sílaba ti precedida de s, x, t pronuncia-se como ti em português. Comparettia = Comparettia O ph soa como f. Phragmipedium = Fragmipédium Phymatidium = Fimatídium DITONGOS ae e oe pronunciam-se e. Laelia = Lélia trianae= triáne Coeloglossum =Celoglóssum Aeonia = Eónia

No latim, em textos litúrgicos e em muitos dicionários, começou-se a utilizar Æ e æ quando a e e formam um ditongo e se pronuncia é e quando não formam ditongo ficam separadas assim como quando a e e não formam ditongos, devendo ser pronunciados distintamente, sendo usual colocar um trema sobre o e.

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ACENTUAÇÃO DO LATIM

No latim apenas a penúltima e a antepenúltima sílabas levam acentuação tônica, ou seja, não existem palavras oxítonas.

anceps = ánceps Colax = Cólax

LOCALIZANDO A SÍLABA TÔNICA a) Normalmente, a tônica é a penúltima;

b) Se a vogal dessa sílaba for seguida de x ou z ou de duas consoantes duplas (ll, tt) ou de duas simples (nt, sc...), a tônica será mesmo nesta sílaba.

Bulbophýllum, Polyrhízia, chysotóxum, Scaphyglóttis, colóssus, ruféscens, flavéscens, pubéscens, nigréscens, albéscens, e outros terminados em scens;

c) Se na penúltima houver ditongo: æ=e, œ=e, au, eu, e, ei, oi, ui, a tônica estará também nesta sílaba.

Promenaea=Promenéa Dichaea=Dikéa

amoenum=aménum

d) Se a vogal da penúltima sílaba for seguida de outra vogal (da última sílaba), o acento tônico estará na antipenúltima,

Stanhópea=Stan-hó-pe-a Bletia=Blé-ti-a=Blécia Loddigesii=Lod-di-gé-si-i Neomore=Ne-o-mó-re-a Cymbidium=Cym-bí-di-um

e) O i pode influenciar na acentuação quando estiver na penúltima sílaba. longipes=lóngipes.

f) Nos compostos de color o acento deverá estar na antepenúltima. bícolor, díscolor, trícolor unícolor, cóncolor.

g) O sufixo inus das palavras latina deverá ser pronunciado como paroxítona.

matutína, velutína, tigrínum, lilacínus.

Mas nas palavras derivadas do grego deverão ser pronunciadas como proparoxítonas.

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ESCRITA / PRONÚNCIA Eis alguns exemplos de pronúncia:

Aerides - Aérides

Amblostoma - Amblóstoma

Bifrenaria tyrianthina - Bifrenária tiriántina Bletia - Blécia

Brassavola martiana - Brassávola marciána Bulbophyllum quadricolor - Bulbofílum quadrícolor Campylocentrum gracile - Campilocentrum grácile Catasetum luridum - Catassétum lúridum

Cattleya chocoensis - Catléia cocoénsis Cattleya mossiae - Catléia móssie Cattleya skinneri - Catléia skinéri Colax - Cólacs

Comparettia coccínea - Comparétia coccínea Dichaea - Dikéa

Galeandra xerophila - Galeándra xerófila Gongora - Góngorra

Ionopsis utricularioides - Ionópsis utricularioídes Laelia anceps - Lélia ánceps

Laelia briegeri - Lélia briegéri

Laelia cinnabarina - Lélia cinabárina Laelia harpophylla - Lélia harpofíla Laelia milleri - Lélia miléri

Laelia pumila - Lélia púmila Laelia xanthina - Lélia csántina Lipares - Lípares

Miltonia flavescens - Miltónia flavéscens Mormodes - Mormódes

Ornithophora radicans - Ornitófora radícans Oncidium concolor - Oncidium cóncolor Oncidium longipes - Oncidium lóngipes

Oncidium phymatochillum - Oncidium fimatokílum Oncidium raniferum - Oncidium raníferum

Pleurothallis gracilis - Pleurotális grácilis Rhynchostylis - Rincostílis

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IRRIGAÇÃO

Junto com a adubação, iluminação e o substrato, a irrigação é um dos fatores mais importantes no cultivo correto das Orquídeas. Quando regar as plantas? Não é fácil responder generalizadamente a essa pergunta. De certo modo, poderíamos dizer que devemos regar diariamente as plantas, mas este diariamente está sujeito a várias condições que precisam ser vistas e analisadas, como, por exemplo, saber onde as plantas estão sendo cultivadas, se em estufa ou ripado, se em clima chuvoso ou seco, se as plantas estão vegetando ou hibernando.

A água utilizada deve ser preferencialmente pura, com pH em torno dos 6,5 e no caso de ser utilizada água tratada, o cloro deve ser inferior a 50 ppm (partes por milhão). No caso da água conter valores muito elevados de cloro, uma solução seria guardá-la em um depósito por 24 horas, para que ele evapore. Um lembrete importante: o excesso ou a falta de água causam enormes danos às plantas, entretanto o primeiro é muito mais prejudicial, causa muito mais perdas em um orquidário do que a falta de água. Em outras palavras, as orquídeas, na sua grande maioria, resistem mais à falta do que ao excesso de água.

Como cada espécie se adaptou a diferentes condições climáticas, com umas necessitando de mais água e outras de menos, é evidente que quando agrupamos diferentes plantas sob o mesmo teto do orquidário, dificilmente conseguiremos dar a todas elas as condições ideais de rega, a não ser quando o número de plantas for reduzido.

Uma maneira de minimizar estas diferenças é utilizar substratos diferentes seja quanto ao conteúdo, seja quanto à forma. Plantas que não gostam de muita água, como a Ionopsis utricularioides, podem ser acondicionados em palitos ou placas de xaxim, colocadas na vertical, ou em lascas de acapú ou outra madeira de lei, ou ainda em substrato de piaçava ou outro material inerte, como brita de quartzo ou de rochas. Nos palitos e nas lascas de madeira a água escorre rapidamente enquanto que no material inerte a evaporação se faz rápida.

Um dos sintomas de excesso de água é o amarelecimento das folhas (cuidado, porque isto também é sintoma de doenças, ou de falta de luz), o apodrecimento de raízes, folhas, espatas e pseudobulbos (que também pode ser ocasionado por outros fatores).

Qual a importância da água? Como as plantas não conseguem retirar nacos de alimento, este precisa ser dissolvido, para que ela possa absorvê-lo através das raízes e estômatos. Estômatos são células epidérmicas especializadas em trocas gasosas localizadas nas folhas.

Algumas espécies possuem pseudobulbos de tamanhos variados capazes de armazenar a água durante algum tempo ao passo que outras, principalmente as de crescimento monopodial como as Vandas, sem pseudobulbos, precisam de regas mais constantes e abundantes.

Como exemplo, devemos observar que na região norte existem duas estações chuvosas bem distintas: uma que vai de meados de dezembro até meados de junho, com elevada umidade, muita chuva e menos horas de insolação contrastando com os demais meses, em que a umidade diminui junto com a precipitação de chuva e aumenta o número de horas de insolação. Para quem

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possui um orquidário com cobertura de sombrite é aconselhável que no período chuvoso adicione uma cobertura de plástico apropriado, retirando-a no período seco. Quem não tem as plantas sob cobertura deve ter muito cuidado com o aparecimento de doenças, principalmente da podridão negra, ocasionada por fungos e bactérias que encontram seu ambiente de proliferação ideal no período chuvoso e que tantos estragos têm feito às orquídeas.

Outra observação que deve ser feita é que os vasos pequenos normalmente perdem água mais rapidamente do que os vasos grandes, necessitando de maior número de regas.

As orquídeas, umas mais outras menos, necessitam de um período de repouso, chamado de dormência, que corresponde grosseiramente ao período de hibernação de alguns animais como o urso. Nas regiões de clima temperado o repouso ocorre na estação de inverno, quando as atividades vitais da planta, como crescimento, enraizamento, etc. ficam muito reduzidas e as necessidades de água e de nutrientes diminuem consideravelmente. Em Belém, onde não existem estações definidas, fica um pouco difícil observar este período de dormência. Algumas espécies, como os Catasetum e Mormodes, perdem as folhas. Uma regra geral é que as orquídeas costumam entrar em período de dormência logo após a floração. Para as plantas nesta situação a rega deve ser diminuída drasticamente para evitar o apodrecimento dos pseudobulbos.

Uma outra situação de diminuição de água ocorre com determinadas espécies, como os Dendrobium, que para florirem melhor, necessitam de um período de pouca água, sob pena da formação de keikis no lugar das flores.

Para a maioria das orquídeas, uma norma geral de rega é deixar secar completamente o substrato para fazer então nova irrigação. Outra regra importante é evitar molhar as plantas durante as horas mais quentes do dia ou em sol pleno, pois o calor pode esquentar em demasia a água, queimando as folhas e raízes, além do choque térmico, prejudicial.

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Lembre-se que orquídeas que acabam de florir entram em período de repouso ou descanso, necessitando apenas uma leve vaporização. Alguns estudos mostram que é logo após a floração que Cattleyas como as labiatas se tornam susceptíveis ao ataque da podridão negra exatamente pelo excesso de água neste período.

A rega deve ser efetuar então nas horas mais amenas, logo ao alvorecer ou ao anoitecer. Devemos nos lembrar também que um grande número de espécies abre os estômatos ao anoitecer para receber a umidade do sereno. Além das raízes, é através dos estômatos que a planta se alimenta e por isso muitos orquidófilos advogam que a rega ao anoitecer é muito mais produtiva para as plantas, evitando também a queima das folhas. É importante anotar que uma gotícula de água depositada na superfície de uma folha pode atuar como uma lente de aumento, concentrando os raios solares, "cozinhando" as folhas, originando lesões que servirão de porta de entrada para fungos e bactérias.

Uma orquídea desidratada apresenta entre outros sintomas o enrugamento das folhas e bulbos, que ficam com a aparência de envelhecidos e folhas que secam sem apresentar manchas. Sempre é bom notar que a desidratação nem sempre é o resultado da ausência de água. Um substrato podre, sem aeração, pode matar as raízes e as plantas ficam sem condições de absorver água na quantidade necessária, mesmo com as regas habituais. O mesmo acontece com caracóis e tatuzinhos que podem comer as pontas das raízes impedindo a absorção da água.

Além dos substratos terem propriedades diferentes na absorção da água, os diversos materiais com que são fabricados os vasos também têm diferente capacidade de absorver aquele elemento. Os vasos de barro, como são porosos, perdem muito líquido por evaporação ao passo que os de plástico conservam por mais tempo a umidade, necessitando de menos água.

Outra dica importante é que o substrato seco adquire propriedades repelentes à água, como as da superfície das folhas, ou quando excessivamente seco pode rachar em vários lugares, fazendo com que a água se encaminhe para o fundo do vaso por um único caminho, permanecendo a maior parte do substrato seco. O ideal é repetir várias pequenas aguadas no desenvolver da irrigação, assegurando-se assim que todo o substrato foi molhado. Outra observação que fazemos é que a porção do substrato mais externa, em contato com o ar, seca mais rápido, enquanto internamente ele permanece úmido.

É comum também que nas vésperas da adubação se faça uma rega abundante, com água pura, para extrair o excesso de sais porventura depositados na adubação anterior. Alguns orquidófilos aconselham também que, cerca de meia hora antes da adubação foliar, molhe-se rapidamente as folhas para que os estômatos se abram absorvendo melhor os nutrientes.

A irrigação pode ser feita manualmente ou mecanicamente, através de sistemas de irrigação movidos a pressão. A irrigação com microaspersores tem a vantagem de ser rápida, porém em nossos pequenos orquidários não se pode gerenciar a quantidade de água para atender as necessidades de diferentes espécies. A irrigação manual pode ser seletiva, jogando-se mais ou menos água em cada vaso, porém é mais demorada, exigindo mais tempo disponível.

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ADUBAÇÃO

Adubação foliar x adubação radicular; Adubação orgânica x adubação química; Adubação ao alvorecer x adubação ao anoitecer; Adubação homeopática x adubação intensa. Vejam quantas possibilidades temos para adubar nossas plantas, cada uma contando sempre com um ferrenho grupo de adeptos.

ADUBAÇÃO QUÍMICA

Uma regra geral que todo orquidófilo deve ter em mente é usar um adubo de boa qualidade, de preferência já utilizado por outros colegas e que contenha macro e micronutrientes. Se possível, utilizar adubos de diferentes marcas porque a eventual falta de um determinado elemento pode ser suprida pelo outro. Outra dica é não adubar as plantas que se encontram dormentes, pois neste período elas praticamente não necessitam de elementos nutrientes, é dinheiro jogado fora.

Os adubos químicos, normalmente, trazem no rótulo três números, que representam as proporções dos elementos nitrogênio, fósforo na forma de PO2 e

do potássio na forma de K2O, contidos em sua formulação e sempre na mesma

ordem. Estes, juntos com o cálcio, enxofre, ferro, sódio e magnésio são chamados de macronutrientes. O nitrogênio está associado com o crescimento vegetativo, o fósforo pela produção de energia e eventos que necessitem dessa energia em grande quantidade, como floração e produção de frutos e sementes e o potássio pelo armazenamento dessa energia e manutenção da turgidez e absorção de água. Logo, podemos concluir que um adubo com mais nitrogênio vai favorecer o crescimento da orquídea e deve ser usado em plantas jovens. O ideal é o que tem proporção 3-1-1, por exemplo, os de formulação 15-5-5, ou 30-10-10 e assim por diante. Para plantas adultas em condições de florir use um adubo onde predomine o Fósforo em que a proporção ideal dos macronutrientes seja 1-3-2 como os de fórmula 10-30-20, ou 6-18-12, etc. Para plantas adultas fora da fase de floração, pode-se usar um adubo de manutenção em que a fórmula tenha as mesmas proporções dos três elementos: 1-1-1, como por exemplo, um adubo 10-10-10, ou 15-15-15. Os adubos em que predomina o Potássio são pouco usados em floricultura, pois este elemento atua principalmente na frutificação.

Alguns orquidófilos usam somente os adubos químicos com formulação para crescimento e outro para floração e usam uma mesma marca seis meses mudando em seguida para outro fabricante.

A absorção do adubo químico foliar se dá através dos estômatos que as plantas possuem nas faces das folhas. As plantas para poder sintetizar seus alimentos necessitam de água + dióxido de carbono + luz. A combinação destes elementos na sua proporção correta produzirá plantas saudáveis e orquidófilos felizes, sendo necessário alguns outros elementos em quantidades variáveis, provenientes do substrato, resíduos vegetais ou animais ou trazidos pelo ar ou pela água, para transformar elementos minerais em carbohidratos.

Para metabolizar o dióxido de carbono as plantas usam água e luz no chamado processo de fotossíntese. No reino vegetal existem três rotas para a fotossíntese, das quais apenas duas, denominadas de rota C3 e rota CAM são utilizadas pelas orquídeas. As plantas com rota C3 fixam óxido de carbono durante o dia necessitando de um suprimento de água e umidade regular e constante, pois

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não têm armazenamento de água nem um mecanismo de proteção para a perda do excesso de água. Plantas CAM fixam o dióxido de carbono durante a noite, preferem uma alternância de regas e secas diárias e têm mecanismos para preservar e armazenar água. Plantas CAM se beneficiam com água e umidade logo após o crepúsculo, quando iniciam o metabolismo e a transpiração. Plantas CAM podem adotar a rota C3 dependendo das condições ambientais, mas plantas C3 jamais adotarão a rota CAM. A maior parte das Laelias e Cattleyas são CAM, com exceção da Cattleya Warscewiczi (gigas) que é planta C3. Oncidiuns de folhas finas são plantas C3. Infelizmente não há uma lista completa classificando as orquídeas nestas categorias.

Qual o melhor horário para a adubação foliar? Use sempre as horas mais frescas do dia, ao alvorecer ou ao anoitecer, nunca sob o sol, pois as folhas queimarão. A taxa de absorção do adubo varia de planta para planta. Sempre é bom regar no dia seguinte à adubação, pois alguns elementos podem ser redissolvidos e melhor absorvidos pela planta. O adubo que cai das folhas e escorre para o substrato também poderá ser absorvido pelas raízes. Não é bom aplicar adubo simultaneamente com fungicida ou inseticida, porque dependendo do pH do adubo, a reação pode ser incompatível com o produto e poderá ocorrer a geração de fitotoxidade.

A absorção do adubo nem sempre se dá da mesma maneira. Como vimos anteriormente, as condições ambientais interferem na adubação. Por exemplo, períodos muito secos podem dificultar a absorção dos elementos pela rápida evaporação da água. Períodos muito chuvosos ou úmidos podem fazer com que estes sejam perdidos mais rapidamente. Daí, muitos colegas preferem usar a adubação diluída. Como se faz isso?

Em vez de adubar uma vez por semana como recomendado na bula, usando-se, por exemplo, 15 gotas/litro, divide-se a tarefa em três vezes na semana. Para tal usam-se 5 gotas/litro em cada aplicação. Teoricamente a chance de se encontrar as condições ideais de absorção do adubo pela planta será maior na proporção de três para um. E haja trabalho!

O nitrogênio é considerado alimento de massa, isto é, o elemento químico que as plantas geralmente necessitam em maior quantidade principalmente na fase ativa do crescimento. É um estimulante e fonte de vigor. Uma dose correta de nitrogênio aumenta o crescimento, com a produção de muitas folhas grossas que apresentam cor verde escura, pela abundância de clorofila. Essa boa vegetação aumenta a atividade assimiladora. Em certas circunstâncias quantidades excessivas de nitrogênio podem prolongar o período de crescimento, produzindo uma vegetação luxuriante, retardando a maturidade, tornando os tecidos moles, sem resistência às pragas e doenças.

O fósforo está relacionado com a floração, a frutificação, o desenvolvimento das raízes e a maturação dos órgãos vegetativos. Plantas bem supridas de fósforo são altamente resistentes às doenças. Sua falta ou deficiência, que pode ser expressa por uma cor avermelhada das folhas, resulta num crescimento lento com sérios prejuízos para a floração, a frutificação e a formação de raízes, o que inibe o crescimento vegetal.

O potássio ativa as enzimas e promove o crescimento dos tecidos meristemáticos. Quando o teor de Potássio aumenta na seiva, há uma economia

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de água nos tecidos, pois esse elemento, regulando o fechamento dos estômatos, diminui a transpiração, garantindo maior resistência à secura e às geadas, aumentando a resistência às doenças. Como o fósforo, favorece a formação de raízes, a formação do amido e o amadurecimento dos frutos. Folhas amareladas e ressecadas podem ser um indicativo da falta deste elemento.

Outros nutrientes como o cálcio, enxofre, ferro, sódio e magnésio, cada um deles age de maneira diferente e sua ausência ou excesso pode afetar de diferentes formas as orquídeas. Por exemplo, a deficiência de ferro produz folhas cloróticas (amarelas) total ou parcialmente. A ausência de sódio se traduz pelo murchar rápido das plantas em épocas secas.

Os micronutrientes como manganês, boro, cobre, zinco, cobalto e iodo estão para as plantas assim como as vitaminas estão para os animais. Se bem que seu papel não esteja bem definido, sua falta ou excesso produz sintomas graves. O cobre em excesso é tóxico para as orquídeas. Ausência de ferro causa clorose nas nervuras e bordas das folhas.

Mas como se dá o processo de absorção dos nutrientes pela folha? A maior parte da absorção dos nutrientes se dá pelos estômatos, mas a própria cutícula que recobre as folhas, quando hidratada, permite a passagem dos nutrientes. Ela é permeável à água e às soluções de adubo. Daí porque muita gente, meia hora antes da adubação foliar, molha ligeiramente as folhas, para que os estômatos e a cutícula se abram. A capacidade de molhar uma superfície sólida depende do maior contato entre as superfícies, o que é função da tensão superficial do líquido. Já observou que muitas vezes a água jogada nas folhas escorre rapidamente, sem molhar ou formando pequenas gotas? Isto é resultante da tensão superficial.

Para impedir essa tensão superficial pode-se juntar determinados agentes como os espalhantes-adesivos, que, pela sua ação adesiva impede que a solução escorra por gravidade e por sua ação umectante dificultam a evaporação da água, mantendo os nutrientes mais tempo em estado iônico em contato com a superfície foliar. Quanto mais tempo a solução ficar em contato com a folha maior será a absorção.

Não se deve fazer adubação foliar em plantas com botão porque pode haver queima ou abortamento dos botões e a umidade pode criar condições para o aparecimento de fungos e insetos. Quando a planta apresenta botão floral é porque ela já armazenou energia suficiente para soltar as flores, o pseudobulbo, nas simpodiais, ou já se formou ou está em vias disso e no caso das monopodiais, já formou as folhas novas do período.

Entre as melhores marcas de adubo foliar estão: Peters, Plant Plood ADUBAÇÃO ORGÂNICA

Normalmente, no cultivo de orquídeas são usados adubos orgânicos preparados com farinha de osso, torta de mamona e cinzas, podendo-se acrescentar ou não esterco bem curtido de galinha, de carneiro, etc. A farinha de osso é um nutriente para as raízes e a torta de mamona é indicada para induzir a floração. Geralmente a proporção é: três partes de torta de mamona, duas partes de farinha de osso, duas partes de esterco bem curtido e uma parte de cinzas, mas existem inúmeras variações.

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O adubo é colocado em volta da borda do vaso, pois é aí que as raízes se concentram. A quantidade usada para vasos de tamanho médio é de uma colher de chá e a periodicidade é muito variável, com autores falando de 15 em 15 dias até três vezes ao ano. Faça sua própria experimentação utilizando diferentes dosagens em grupos separados de plantas durante alguns meses e veja qual o melhor resultado para suas orquídeas. Não use cinzas resultante de carvão feito especialmente para preparar churrasco porque além dos aditivos químicos ela pode conter restos do sal usado para temperar a carne.

A absorção é lenta e só ocorre em presença de água. É recomendável molhar levemente o substrato, espalhar o adubo e depois borrifar com água para que ele forme uma pasta presa ao substrato e não seja levado pela água na primeira rega. Outros preferem fazer pequenos sacos com meias velhas que ficam pendurados junto às raízes e que vão desprender lentamente os nutrientes durante as regas.

Um dos inconvenientes da adubação orgânica é a aceleração do processo de apodrecimento do substrato, diminuindo seu tempo de vida útil.

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SUBSTRATO

Para sobreviver, as orquídeas adaptaram-se aos milhares de microclimas e ambientes que existem na superfície terrestre, utilizando variados meios de fixação. Reproduzir estes ambientes é muito difícil, senão impossível. Mas o homem é um ser persistente e busca, de todas as formas, reproduzir as condições naturais do habitat das orquídeas, incluindo-se aí os meios de fixação da planta, denominados genericamente de substrato.

É desejável que o substrato, além de bom suporte, seja uma fonte de nutrientes para a planta. Além disso, um bom substrato deve ter várias qualidades: ser durável (4 a 6 anos), ter fácil disponibilidade, preço acessível, facilidade de manuseio, capacidade de sustentar a planta, firmeza, ausência de toxidez, boa aeração, capacidade de retenção da água porém sem encharcar, manutenção do pH, etc. Conclui-se que agrupar todas estas qualidades em um único meio é extremamente difícil, senão impossível.

Cultiva-se a planta num substrato, seja ele qual for e no fim de algum tempo percebe-se que o suporte vai envelhecendo, que a planta, antes viçosa, com lindas florações, começa a ficar raquítica, não se desenvolve, não floresce ou quando o faz, as flores são pequenas e em número reduzido. O envelhecimento do substrato nada mais é do que o resultado do ataque de fungos e bactérias, que vão degradando a matéria orgânica. O resultado desta decomposição é o humus, importantíssimo para as orquídeas, desde que sem excesso.

Como a planta não tem condições de comer pedaços, é preciso que o alimento seja solubilizado. Assim a ação dos elementos acima é importante para decompor lentamente o substrato, fornecendo aos poucos os elementos necessários à sua sobrevivência. Porém, os microorganismos aeróbicos por sua vez dependem de condições especiais para sobreviver, como a aeração. Se o substrato for fechado, seja por compactação ou por excesso de água, pode favorecer a entrada de organismos anaeróbicos que geram um meio putrefato, alcalino, que pode trazer problemas sérios às plantas. A natureza nos dá uma grande lição disto: como é que se encontram as raízes das plantas? Penduradas, soltas, nas superfícies das árvores, das pedras ou então em solos extremamente fofos.

Com a continuação da decomposição, vai se produzindo ácido húmico rico em íons metálicos como cálcio, magnésio, potássio, que são dissolvidos pela água das regas e absorvidos pela planta. Com o passar do tempo, a produção do ácido alcança um ponto ótimo, quando a planta tem um suprimento ideal. Depois a quantidade de substâncias lançadas ao meio começa a ficar muito alta e vai atingir um valor excessivo, insuportável para a planta e tornar-se tóxico. Aí então é a ocasião de mudá-lo.

Uma regra geral para a escolha do melhor suporte é procurar saber em que ambiente a orquídea se enquadra, se é terrestre, epífita, rupícola, etc. Quando se faz coleta na natureza é sempre importante observar o local onde a planta estava.

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Os principais suportes utilizados são:

Xaxim - o verdadeiro é obtido da planta Dicksonia sellowiana (Presl.) Hook vulgarmente conhecida pelo nome de Samambaia-ussu, encontrada na flora da serra do Mar, hoje em fase de extinção, daí porque utilizar-se uma outra planta, a Cyathea shanschin Mart, também muito escassa atualmente.

O xaxim apresenta quase todas aquelas boas qualidades já citadas, além de ser rico em nutrientes. É considerado o melhor substrato, hoje em dia. Pode ser usado na forma de palito, placas, vasos e desfibrado. Nunca usar o pó de xaxim porque ele se deteriora muito rapidamente levando ao apodrecimento das raízes. A própria fibra deve ser peneirada para retirar o excesso de pó existente nela, pois a rápida decomposição e a retenção de água em demasia pode provocar o apodrecimento das raízes em pouco tempo. Após dois ou três anos de uso deve ser trocado, pois ele fica tóxico, tornando-se prejudicial ao cultivo.

O xaxim com seis meses, um ano, está no ponto ideal, está ótimo e não está excessivamente ácido. Está com um pH bom para a planta, está fornecendo os componentes que ela precisa, já se desdobrou uma parte, já se decompôs internamente, as bactérias já permitiram a liberação de fosfatos, potássio, nitrogênio em suas diversas formas - amoniacal, nítrica, etc. Mas depois passa a ser tóxico para ela.

Quando utilizar um vaso de xaxim para acondicionar uma planta preencha este vaso com xaxim e não com outro substrato, pois haverá diferença de decomposição, de pH, etc. Os palitos e placas são usados para amarrar as plantas, deixando-os na posição vertical. Os vasos de barro ou outro material podem ser preenchidos por xaxim desfibrado ou por pequenos cubos cortados dos palitos e/ou placas. O xaxim desfibrado pode ser comprado nesta forma ou pode ser obtido desmantelando-se as placas e palitos.

Em nosso clima úmido o uso constante de adubo orgânico faz com que o xaxim tenha um envelhecimento precoce, com a elevação do pH tornando-o alcalino, tóxico para as plantas. O aparecimento de samambaias é um indicativo que o xaxim está envelhecido e deve ser trocado. É muito caro em relação a outros substratos.

Atualmente, a extração de xaxim está proibida.

Sphagnum - ou musgo, assim como o xaxim pode ser comprado em supermercados. Pode ser usado puro ou misturado com outros substratos e é recomendado para plantas que precisam de muita umidade para sobreviver. Usado também como substrato para plantas que precisam ser rehidratadas. O

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esfagno proveniente do Chile é de muito boa qualidade. Para Masdevallia e outras orquídeas de raízes finas ele é ótimo, mas sua decomposição é muito rápida e deve ser trocado anualmente. Em virtude de guardar em demasia a umidade a rega tem que ser muito bem controlada.

Casca de Coco - é um bom substrato devido à abundância do material, porém deve ser obrigatoriamente extraído do coco seco, pois a casca do coco verde não é aconselhável por ser de curta duração, além de ser excelente local para fungos e bactérias que podem dificultar o enraizamento ou mesmo contaminar a planta, matando-a.

Coxim - introduzido há poucos anos é um dos materiais que mais polêmica tem ocasionado no meio orquidófilo, com cultivadores que acham que é o substituto ideal para o xaxim e outros que acham que não serve para o cultivo das orquídeas. É o tecido parenquimatoso da casca do coco e não a fibra que não se presta para o cultivo, agregado com uma cola a base de tanino. É um produto semi-industrializado, fabricado em Recife e vendido na forma de vasos, pequenos cubos, bastões e placas. Entre as vantagens está o fato de o pH manter-se estável, ser rico em nutrientes, ser gerador de ambiente rico em micorriza e durar quatro anos em média, porém, necessita de adubação, principalmente nitrogenada, varia de volume com a absorção da água, necessita de uma lavagem prévia antes do uso para retirar o excesso de tanino (imergi-lo por 8 a 15 dias), pois senão queima as raízes e é necessário mantê-lo sempre úmido. Nele só deve ser usado adubo de nitrogênio (torta de mamona). Ainda é um material relativamente caro.

Troncos - Deve ser de madeira resistente e tem acentuado efeito decorativo. Não use madeira apodrecendo, pois a maioria das orquídeas jamais enraizará neles. É fácil de usar e as plantas dificilmente sofrerão por umidade excessiva.

Tutor vivo - é sem dúvida o substrato ideal, pois é o que melhor imita as condições naturais. Entre outros temos a goiabeira, o abiu, a cueira, a jaqueira, o marmelo. Este tem se destacado excepcionalmente pelo pequeno porte, rápido crescimento, pouco surgimento de brotação e oferecer ótima condições de iluminação para as plantas.

O tutor vivo tem a desvantagem de não poder ser removido para as exposições. Carvão vegetal - pode ser usado como substrato isoladamente, porém tem a desvantagem de acumular pouca umidade e necessitar adubações mais freqüentes ou pode ser usado em associação com qualquer tipo de substrato, melhorando a drenagem do vaso, com a vantagem de ser mais leve que cacos ou pedras de seixos. Nunca utilize carvão feito especialmente para uso em churrasqueiras, pois contem produtos químicos para melhorar a combustão que podem prejudicar as plantas. É relativamente inerte, e não fica encharcado. Seu defeito é ser muito leve, não segurar a planta e em razão de sua porosidade

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tender a acumular sais minerais, sendo esta uma das razões porque tem que ser regado frequentemente com água pura para lixiviar o excesso de sais. Misturado ao xaxim controla um pouco a sua acidez, conservando-o por mais tempo. Bom para as plantas que não gostam de água acumulada nas raízes tipo Vanda, Ascocenda, Rhynchostylis e Renanthera.

Caroço de açai - é a alternativa amazônica para o plantio de orquídeas, substituindo o xaxim com a vantagem de não contribuir para a extinção da espécie. É barato e abundante, sendo facilmente encontrado em qualquer bairro de Belém e outras cidades do Pará. Deve-se ter o cuidado de antes de utilizá-lo lavá-lo bem para tirar o pó e ferver durante 10 minutos para matar o embrião evitando assim a sua germinação. Esta, quando ocorre, acontece com tal rapidez e intensidade que praticamente arranca a planta do vaso. Deteriora-se com muita rapidez, devendo ser trocado a cada dois anos pelo menos. Não existem estudos específicos para sua utilização como substrato para as orquídeas.

Terra preta – ideal para as orquídeas terrestres em geral, se bem que algumas delas são encontradas em areia branca com uma pequena camada de folhas cobrindo a superfície. A estas se deve ministrar o mesmo tratamento, tentando aproximar o cultivo do ambiente original.

Material inorgânico - Muito utilizado em países de clima temperado, pois materiais como xaxim são muito caros além de serem difíceis de encontrar. Entre os materiais usados podemos citar rocha vulcânica, brita de vários tamanhos, agregados como argila expandida, etc. As vantagens desse meio de cultura é que são facilmente encontrados, muito baratos, fáceis de serem usados, e nunca se decompõem. As desvantagens são: retêm durante muito tempo os sais dos adubos e queimam as pontas das raízes de algumas espécies; são mais pesados que os compostos orgânicos; necessitam de muita adubação, pois não têm nenhum valor nutritivo. A argila expandida seca muito rapidamente não sendo recomendada para vasos pequenos. Os seixos também não retêm umidade. A brita deve ser usada em vasos de plástico para reter um pouco menos de umidade. Como o material não degrada, o replante só se faz necessário quando a planta cresce além dos limites do vaso ou quando o plástico do vaso se torna quebradiço.

Piaçava - é um substrato que tem características muito boas, é porosa, mas é formada em grade parte por lignina que não se decompõe. A piaçava parece ter algo que repele, que diminui a quantidade e a qualidade da flora microbiana, e sem flora microbiana não há decomposição do adubo em sais minerais e portanto não há alimento para as plantas. Necessita então de muita adubação. Guarda pouca umidade. Muito usada pelos colegas orquidófilos de Castanhal.

Casca de árvores - é muito utilizada no sudeste e sul do Brasil. Podem ser usadas grandes lascas ou pode ser usada triturada, pura ou misturada com outros elementos. Nos trópicos decompõe-se facilmente por causa da umidade, calor e

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microrganismos. Uma outra preocupação é o tanino, elemento prejudicial que precisa ser eliminado. A casca da peroba é indicada para certas espécies de Cattleya tais como walkeriana e nobilior. Em alguns locais no sul do país estão usando nó-de-pinho. Uma mistura bastante usada é a de casca de pinheiro triturada misturada com pedaços de carvão e isopor e acondicionada em vasos de plástico para reter um pouco mais de umidade.

Cultura hidropônica - A hidroponia é um processo de cultivo que tem sido usado com relativo sucesso na produção de alimentos, principalmente em países que têm pouca área disponível de terras para a agricultura, como o Japão. Já no cultivo de plantas ornamentais surgiu na Europa, cerca de 30 anos atrás. No Brasil o cultivo de orquídeas por este método ainda é incipiente, em fase de estudos.

Ele consiste no uso de dois vasos, um dentro do outro, guardando um pequeno espaço entre si. O mais interno é preenchido com bolas de argila expandida ou outro material inerte e no espaço entre os dois vasos é colocado o líquido nutriente com um indicador para monitorar sua quantidade. As pelotas de argila são estéreis, porosas, livres de insetos e fungos, e perenes. Elas captam a umidade por baixo, que sobe por capilaridade, atingindo toda a área enraizada. As raízes não ficam "nadando" na água, mas sim ficam apenas em contato com as pelotas embebidas no nutriente. Entre as vantagens deste método podemos citar: a necessidade de reenvasamento só se dá pelo crescimento da planta além dos limites do vaso; aquele pode ser feito aproveitando-se todo o substrato antigo; insetos e fungos não conseguem sobreviver nas pelotas de argilas que recebem tratamento especial; a lavagem das folhas da planta é feita uma vez ao mês; entre as desvantagens temos o elevado custo do material, incluindo a substância nutritiva e a necessidade de constante monitoração para evitar que a solução seque totalmente.

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ILUMINAÇÃO

A quantidade de luz que uma orquídea recebe se reflete diretamente no crescimento e na floração. Algumas orquídeas requerem exposição permanente à luz do sol para florir. Outras morrerão se for dado este tratamento. A luz é tão importante que é a base dos regimes de cultivo.

Intensidade da luz

Quando se fala em luz e sombra pense em termos de intensidade de luz e não em períodos contínuos de sol alternando com períodos de sombra. O controle da luz deve ser encarado como uma questão de variação da intensidade de sombra e não apenas de tempo. Cinqüenta por cento de sombra não significa colocar a planta no sol pleno durante a metade do dia e a outra metade na sombra. Tal alternância de sol e sombra irá matar as plantas que não toleram a luz direta do sol.

Exceto para as orquídeas de sol pleno (Arundina, p. e.), as plantas exigem alguma sombra. O sombreamento pode ser intermitente ou manchado. Ele pode ser providenciado por plástico, pela copa de uma árvore, por um local dentro da residência, por sombrite, por ripados ou ainda pela combinação de mais de um deles.

O orquidário, ou local onde estão sendo cultivadas as plantas, deve ter sua dimensão maior na direção este oeste, para que o sol, em função da rotação leste oeste da Terra, ilumine o recinto gradativamente ao longo do dia. No caso do uso de ripados as ripas deverão ter sua maior extensão segundo norte sul.

É recomendável que a cobertura fique a uma distância de pelo menos dois metros em relação às plantas para evitar queimaduras nas folhas e raízes pelo calor excessivo. O sombrite tem malhas com diferentes aberturas, que permitem a maior ou menor passagem da luz. Um sombrite de 50% deixará passar metade da luz do sol. Um de 70% só permite a passagem de 30% de luz. Existem sombrites de várias cores, mas só os de cor preta devem ser usados. Como geralmente lidamos com plantas que requerem mais ou menos luz, recomenda-se a utilização de sombrite com diversas aberturas, construindo-se desta forma nichos dentro do orquidário. A utilização de dois sobrites de 50%, um sobre o outro, dão uma sobra de 75%.

Os ripados devem ser construídos com ripas de madeira de lei, com 5 cm de largura e o espaçamento entre elas deve ser de 2 cm. Ele deve ter uma altura mínima de 2,4 m. Na região norte, em função da variação do eixo da Terra ao longo do ano, em nossa região a inclinação dos raios solares varia a cada seis meses: de janeiro a junho os raios incidem no sentido de norte para sul; nos demais meses o sentido inverte. Isto implica que cada lado maior do orquidário receberá mais luz durante seis meses do que o outro lado, necessitando de proteção, geralmente feita com o uso do sombrite. As principais desvantagens do ripado são o preço e o ataque de cupim.

Referências

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[fonte: Wikipedia]

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