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A VISÃO DE GESTORES E USUÁRIOS SOBRE O USO DA ENERGIA FOTOVOLTAICA EM MORADIAS, EM PORTO ALEGRE - RS

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A VISÃO DE GESTORES E USUÁRIOS

SOBRE O USO DA ENERGIA

FOTOVOLTAICA EM MORADIAS,

EM PORTO ALEGRE - RS

Márcia Pires Rodrigues

marciapr44@hotmail.com Bacharel em Administração

Centro Universitário Metodista - IPA - RS / Brasil

Andrea Sander

Professora Mestre do Curso de Administração Centro Universitário Metodista – IPA – RS / Brasil

RESUMO

A presente pesquisa foi realizada com dois gestores e três usuários de placas fotovoltaicas, com o objetivo de descobrir as dificuldades e os benefícios no uso da energia fotovoltaica em moradias na cidade de Porto Alegre. Os objetivos específicos foram identificar os fatores que dificultam o uso da energia fotovoltaica em edificações de mora-dia na cidade de Porto Alegre; verificar os benefícios decorrentes do uso da energia fotovoltaica na percepção de gestores da construção civil, de empresas especializadas e de um grupo de usuários de pla-cas fotovoltaipla-cas na cidade de Porto Alegre; determinar na visão dos gestores da construção civil, de empresas prestadoras dos serviço e de um grupo de usuários de placas fotovoltaicas, de que forma o uso da energia fotovoltaica contribui com a sustentabilidade ambiental. A pesquisa foi realizada de cunho qualitativo, respectivamente dirigida a um público de dois gestores, sendo um construção civil e outro do ramo de instalação de placas fotovoltaicas, três usuários escolhidos da relação da pesquisadora. Sobre as dificuldades e benefícios do uso na energia fotovoltaica os gestores e os usuários responderam que a maior dificuldade é a comparação do alto custo e o longo prazo de retorno e falta de informação do assunto. Quanto a verificar os benefícios do uso da energia fotovoltaica, na visão dos gestores e usuários é a eco-nomia na conta de energia elétrica. A forma como o uso da energia

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fotovoltaica contribui com a sustentabilidade ambiental, na opinião dos gestores e usuários é fornecendo uma energia limpa, gerando economia, produzindo empregos no setor e protegendo a natureza. Palavras-Chave: Sustentabilidade Ambiental, Energia Fotovoltaica.

THE VISION OF MANAGERS AND USERS ON THE USE

OF PHOTOVOLTAIC ENERGY IN HOUSES, IN PORTO

ALEGRE - RS

ABSTRACT

The present research was carried out on two managers and three users of photovoltaic panels, with the intention of discovering the pros and cons of photovoltaic solar energy in dwelling houses in the city of Porto Alegre. The initial intention was to identify the factors that may interfere in photovoltaic energy usage in building constructions in Porto Alegre, to verify the resulted benefits from the photovoltaic energy usage with perspective from managers working in civil cons-truction, specialized companies and a group of photovoltaic energy users in Porto Alegre, and to define how the use of photovoltaic energy contributes to environmental sustainability from the perceptive of administrators in civil construction, companies in the industry and from a group of photovoltaic energy users. The research was carried out qualitatively, directed respectively to a public of two managers, being one of them from civil construction and another one from the installation branch of photovoltaic plates. Three users were chosen by the researcher. About the difficulties and benefits of using photovoltaic energy, the managers and users answered that the greatest difficulty is the balance of high cost and long term of return and the lack of information on the subject. Concerning greatest benefit of the use of photovoltaic energy, in the view of managers and users, is the savings in electric bill. The way how the use of photovoltaic energy contributes to environmental sustainability, in the opinion of managers and users, is by providing clean energy, creating economy, producing jobs in the sector and protecting the nature.

Key Words: Environmental Sustainability, Photovoltaic Energy

INTRODUÇÃO

Desde o início da civilização o homem buscou o conforto e a inovação, impulsionando pesquisas por novas formas de energia, sendo que no último século o foco está nas energias

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sustentáveis (HINRICHS; KLEINBACH; REIS, 2011). Nas-cimento (2017) destaca que há uma crescente preocupação com a sustentabilidade, aliada à busca pela diversificação da matriz elétrica, pois há demanda por energia, tanto para o abastecimento da população, como para o desenvolvimento da indústria, até porque dentre os produtos mais consumidos neste século estão os aparelhos eletroeletrônicos, que têm um papel de destaque na vida pessoal e profissional da população e nas organizações. Estes fatos têm motivado a geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis, entre elas a solar.

Neste cenário, não é possível separar as questões que en-volvem a construção civil da oferta de energia em edificações para moradia, pois sob o ponto de vista de Edwards (2005) este segmento não pode ser considerado uma atividade sus-tentável para o planeta, uma vez que consome elevado per-centual de matérias primas e produz resíduos em quantidade. Porém é possível perceber uma mudança gradual, visto que algumas empresas da área da construção civil, ainda na etapa de planejamento dos empreendimentos, projetam opções de sustentabilidade que cativem os clientes, mesmo que o custo interfira no valor do imóvel, se ajustando à nova tendência do cliente-consciente.

Segundo a pesquisa Cenários Mundiais de Energia 2017 para a América Latina e Caribe, realizada pelo World Energy Council (2017), órgão de energia global, a demanda de energia nos países desta região crescerá em uma taxa de 2% entre os anos de 2014 a 2030 e em uma taxa mais lenta, entre 0,8% a 1,1% por ano, entre 2030 a 2060, sendo que estes valores estão acima da média dos demais continentes do planeta.

Desta forma, a energia fotovoltaica surge com uma fonte alternativa de energia que traz benefícios e lucros, podendo ser aplicada em regiões remotas, onde a infraestrutura de geração e distribuição de energia elétrica ainda não está presente, além

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de representar uma opção para enfrentar a escassez de energia hidroelétrica em um cenário de mudança climática global, onde os períodos de estiagem comprometem os reservatórios e a oferta de energia às grandes cidades.

A captação de energia solar é recente no Brasil, foi regu-lamentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) em 2012, mas vem sendo pouco utilizada no país. Nascimento (2017) destaca que, apesar do Brasil apresentar altos níveis de irradiação solar em todo o seu território, a energia elétrica proveniente do sol representa apenas 0,005%, frente a outras fontes renováveis, como eólica e biomassa, que já represen-tam, respectivamente, 6,7% e 9,4% da capacidade de geração instalada no Brasil. Como se pode constatar a energia gerada pelo uso das placas fotovoltaicas ainda é restrita, os valores que devem ser investidos para a obtenção deste recurso ener-gético ainda não estão claros, e o real benefício trazido por esse investimento é conhecido apenas por quem já faz uso dele, e ainda há muito a ser pesquisado. Frente ao exposto se desenhou o problema de pesquisa através da questão: Quais as dificuldades e os benefícios no uso da energia fotovoltaica em edificações de moradia, na cidade de Porto Alegre, na visão de gestores da construção civil, de empresas prestadoras do serviço e de um grupo de usuários de placas fotovoltaicas?

Tal problema remete ao objetivo geral desta pesquisa que foi identificar as dificuldades e os benefícios no uso da energia fotovoltaica em edificações de moradia, na cidade de Porto Alegre, na visão de gestores da construção civil, de empresa prestadora do serviço e de um grupo de usuários de placas fotovoltaicas.

Para consecução deste objetivo, foram delineados três objetivos específicos, respectivamente: a) identificar os fatores que dificultam o uso da energia fotovoltaica em edificações na cidade de Porto Alegre, na visão de gestores da construção

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civil, de empresa especializada e de um grupo de usuários de placas fotovoltaicas; b) verificar os benefícios decorrentes do uso da energia fotovoltaica na percepção de gestores da construção civil, de empresa especializada e de um grupo de usuários de placas fotovoltaicas, na cidade de Porto Alegre; e c) determinar na visão de gestores da construção civil, de empresa prestadora do serviço e de um grupo de usuários de placas fotovoltaicas de que forma o uso da energia fotovoltaica contribui com a sustentabilidade ambiental.

Na percepção de Faraco et al. (2016) um bom projeto de sistemas fotovoltaicos (FTV) exige a integração de diversos conhecimentos, entre eles física, estética, perspicácia empre-sarial, gestão, engenharia e arquitetura, além de uma visão de futuro. Estes projetos requerem abordagens contínuas, combinadas para resultar em um projeto de sucesso, que irá atingir perfomance elevada. Assim, a busca por informações sobre a gestão da implantação e uso da energia fotovoltaica justificam o presente estudo.

No quesito pessoal, há um interesse particular da sadora com relação ao tema e no âmbito acadêmico, a pesqui-sa traz questionamentos e dados que confrontem a teoria à prática; soma-se que é um tema integrador de diversas áreas acadêmicas, como a administração, a arquitetura, a engenharia e economia, promovendo discussões interdisciplinares dese-jáveis na formação discente.

A área de pesquisa a ser seguida neste trabalho está vin-culada à linha de pesquisa de Sustentabilidade, conforme as áreas de conhecimento estabelecidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), para a área de Administração.

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REFERENCIAL TEÓRICO

Sustentabilidade ambiental na construção civil

Em uma perspectiva histórica, Makower (2009) aponta os anos 60 como o início da conscientização da sociedade, que passou a se preocupar com o alto índice de poluição no planeta e, partir daí, medidas paliativas começaram a ser tomadas. Passado este período, especialmente nos anos 1980, poucas pessoas acreditavam que a responsabilidade social e ambien-tal seriam mais que uma moda na gestão. Porém, a partir dos anos 2000, o que era chamado de alternativo tornou-se uma das bases da gestão das maiores empresas do mundo. Para Laville (2009), o cenário foi de mudanças:

As empresas passaram a ter de enfrentar, em todas as frentes (ambien-tal, social, política), novos imperativos que também estão forçando a uma tomada de consciência sobre uma necessária mutação, com a emergência de práticas responsáveis. (LAVILLE, 2009, p. 69).

Conforme Tachizawa (2006), isso ocorreu porque o mer-cado tornou-se cada vez mais exigente com as organizações que exploram o meio ambiente e usam seus recursos. Segundo Rattner (2009), no fim dos anos 80 e princípio dos anos 90, os conteúdos sobre sustentabilidade foram incluídos nos registros da arquitetura e do urbanismo de forma marcante, mostrando a renovação nas edificações e a preocupação da construção civil com a sustentabilidade. Neste sentido, o relatório Nos-so Futuro Comum, de 1987, prevê várias ações na busca da sustentabilidade, entre elas as que têm mais aderência com a construção civil são: uso de novos materiais na construção; re-estruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais; reciclagem de materiais reaproveitáveis; consumo racional de água; e por fim, a ação que mais se adere à proposta desta pesquisa, o aproveitamento e consumo de fontes alternativas

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de energia, como a solar, a eólica e a geotérmica. Estas pro-postas revolucionam o mercado de uma forma contínua, pois como descrevem Karpinsk et al. (2009), é necessário buscar o equilíbrio entre o homem e a natureza, uma vez que é dela que são retirados os insumos para a fabricação de todos os produtos consumidos.

Com relação a realidade brasileira, Agopyan e John (2011) afirmam que no país o conceito de sustentabilidade na cons-trução civil chegou com demora, visto que foi em 2000 que o Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica de Universidade de São Paulo (USP) coordenou o simpósio CIB - Symposium on Construction and Environment--theory into practice, que foi a primeira referência de cuidado com a construção sustentável no Brasil.

A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura - AsBEA e o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável - CBCS, entre outras instituições, apresentam diversos princípios para a construção sustentável, que também são reconhecidos como indicadores de sustentabilidade ambiental, dentre os quais Araújo (2005) destaca: o aproveitamento de condições naturais locais; a utilização mínima de terreno e integração ao ambiente natural; implantação e análise do entorno; não pro-vocar ou reduzir impactos no entorno, considerar a paisagem, temperaturas e concentração de calor, sensação de bem-estar; busca da qualidade ambiental interna e externa; gestão susten-tável da implantação da obra; adaptação às necessidades atuais e futuras dos usuários; uso de matérias-primas que contribu-am com a ecoeficiência do processo; redução do consumo de água; promover a educação ambiental, com a conscientização dos envolvidos no processo; introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável; e reduzir do consumo energético, sendo que estes dois últimos pontos são o foco deste trabalho.

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Sustentabilidade na construção civil voltada ao consumo de energia

A energia solar que reflete na terra é totalmente renovável e limpa, ao contrario de outras fontes não renováveis, como os combustíveis fósseis e a hidroelétrica, que está submetida as mudanças climáticas e a nuclear, que embora limpa, depen-de da construção depen-de grandepen-des usinas e depen-deve lidar com o lixo resultante do processo. Conforme Agopyan e John (2009), na Agenda 21, os desafios básicos da construção sustentável abrangem (a) processo de gestão, (b) execução, (c) consumos de materiais, energia e água, (d) impactos no ambiente urbanos e no meio ambiente natural, (e) as questões sociais, culturais e econômicas. Para a Agenda 21, o maior obstáculo consiste em exigir condutas de cautela para toda a cadeia produtiva que trabalha no processo criador da sustentabilidade, desde o cliente aos proprietários, empreendedores, investidores, técnicos, projetistas, produtores de insumos, empreiteiras, empresas de manutenção, usuários e profissionais de ensino e pesquisa da área. Os autores concordam que há urgência nas políticas públicas, pois o ramo da construção civil não possui muito poder de convencimento.

Roméro e Reis (2012) ressaltam que a grande dúvida para que as fontes de energia alternativas sejam mais utilizadas vem do antagonismo das grandes empresas fornecedoras de energia, que se beneficiam diretamente da distribuição. A ca-rência de conhecimento das vantagens do uso de energia de fonte alternativa pelo público em geral, faz com que a energia natural e seus derivados não recebam a devida importância. Há pouco interesse por parte dos consumidores em usar ou-tros métodos de captação de energia, por falta de campanhas, de esclarecimentos e de incentivos à utilização de instalações para a captação de energias alternativas.

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As barreiras técnicas e econômicas encontradas relativas à eficácia das modernizações para formas alternativas de ener-gia também são discutidas por Roméro e Reis (2012), onde os autores afirmam que existem métodos comprovadamente eficientes que já têm a confiança do público e que podem ser mais acessíveis para a compra. Apesar das vantagens de um produto barato e gerador de economia, são necessários estu-dos detalhaestu-dos sobre sua eficiência. No Brasil, assim como em outros países, as pesquisas restritas paralisam os avanços da área. A falta de investimento no setor por medo do risco traz restrições à inovação, mas alguns trabalhos se destacam neste sentido como será abordado a seguir.

Energia elétrica fotovoltaica

Mota (2013) define a energia elétrica como aquela gerada pela diferença de potencial elétrico entre dois pontos, permi-tindo o estabelecimento de uma corrente elétrica entre ambos. Este tipo de energia é produzido nas centrais geradoras, quer sejam hidroelétricas, termoelétricas, geradores eólicos ou pla-cas fotovoltaipla-cas (FTV), e segue um longo caminho até chegar ao consumidor final, envolvendo a geração, o transporte ou transmissão, a distribuição e o consumo final, tanto industrial como doméstico.

O relatório Cenários Mundiais de Energia 2017 para a América Latina e Caribe realizada pelo World Energy Council (2017), destaca que esta região apresenta uma impressionante parcela de energia limpa, já que se baseia na energia hidrelé-trica. No entanto, as grandes hidrelétricas são cada vez mais controversas e nos últimos anos países como Chile e Brasil restringiram a construção de grandes hidroelétricas em áreas consideradas ambientalmente sensíveis. Adicionalmente Torres (2015) destaca que a dependência do Brasil pela energia hidráu-lica coloca o país também na dependência de efeitos climáticos,

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como a pluviosidade das regiões, que necessitam de chuva para abastecer os grandes reservatórios das barragens. Neste pon-to é interessante trazer a percepção de Roméro e Reis (2012), quando esclarecem que ao posicionar a capacidade energética no contexto do desenvolvimento sustentável, é necessário com-preender como conduzir a administração e geração da energia para a manutenção da sustentabilidade, destacando que para isso o foco deve estar nas energias alternativas.

O World Energy Council (2017) destaca que as fontes de energia alternativas, como a eólica, solar e geotérmica repre-sentam cerca de 2% da geração de eletricidade da América Latina, em comparação com uma média mundial de 4%, en-tretanto o órgão afirma que o cenário é de crescimento.

Dentre os diversos tipos de energia existentes, esta pes-quisa aborda a energia solar fotovoltaica (FTV). Para a geração de energia FTV a são necessárias as células FTV, que conforme Almeida (2012) são dispositivos capazes de transformar a ener-gia luminosa, proveniente do Sol ou de outra fonte de luz, em energia elétrica. Entre os compostos utilizados em uma célula FTV os mais usados são o silício monocristalino e policristalino. Peraza (2013) salienta que uma célula isolada, não é capaz de gerar energia suficiente para fornecer o consumo de uma rede, isso é resolvido com um conjunto de células FTV, compondo uma cadeia denominada de módulo FTV, para gerar mais potência, conforme expõe a Figura 4. Ainda segundo Peraza (2013, p. 16) a associação de módulos FTV se denomina arranjo fotovoltaico “pois um único módulo fotovoltaico não possui potência nem tensão suficiente para suprir e demanda de um sistema”.

De acordo com Torres (2015), apesar dos altos níveis de irradiação solar no território brasileiro, o uso da fonte para geração de energia elétrica não apresenta a mesma relevância de outros países, nem o mesmo desenvolvimento de outras fontes renováveis, como eólica e biomassa, que já representam, respectivamente, 6,7% e 9,4% da capacidade de geração insta-lada no Brasil, contra apenas 0,05% da fonte solar. (TORRES,

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2015). Já o Estado do Rio Grande do Sul em particular, onde se encontra a cidade foco deste estudo, de acordo com Tiba et al. (2000), apresenta valores médios de insolação e radiação solar próximos da média nacional, na ordem de seis a sete horas de insolação diária média, resultando em uma radiação diária mé-dia de 14 a 16 MJ/m²mé-dia. Tiba et al. (2000) defendem que isto demonstra o Estado apresenta um potencial considerável para implantação de empreendimentos de geração de energia solar.

Figura 1 - Módulos FTV de (a) silício policristalino, (b) silício monocristalino, (c) silício amorfo, (d) filme fino com encapsulamento flexível, (e) CIS e (f) silício monocristalino com encapsulamento vidro-vidro. As linhas brancas correspondem aos condutores metálicos na superfície

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Peraza (2013), em um estudo sobre a viabilidade instala-ção de usinas solares FTV no Rio Grande do Sul, determinou que as regiões no estado que se destacam neste quesito são o noroeste do estado, região central e região metropolitana de Porto Alegre, locais com maiores irradiações e próximos às subestações de energia. Entretanto toda a inovação advinda da implementação da energia FTV necessita do apoio de regras e normas, como será visto a seguir.

Legislação referente a energia fotovoltaica em residências e empresas

Dentro do quadro legal brasileiro, a Resolução Normativa ANEEL nº 687 de 24 de novembro de 2015, que modificou a Resolução Normativa nº 482 vigente, merece destaque. Esta resolução foi criada para dar incentivo ao uso de energia solar. Pretende até 2024 estimular 1,2 milhões de unidades geradoras a fabricar sua própria energia elétrica, tornando os clientes agentes atuantes, ou seja, realizam a geração com incentivo. Essa resolução pretende diminuir a burocracia, reduzindo o processo de registro do sistema solar para 34 dias, aumentan-do o períoaumentan-do de utilização aumentan-dos créditos de 36 para 60 meses. Essas modificações tornam o processo de instalação e uso da energia FTV mais ágil e da uma garantia das utilizações dos créditos por um tempo maior.

Uma das modificações mais significativas é a que altera a geração compartilhada, que antes só podia ser usada por um local que fosse de uso do mesmo cadastro de pessoa físi-ca (CPF) ou físi-cadastro de nacional de pessoa jurídifísi-ca (CNPJ), agora ao se comprovar um vínculo como gerador - cedente, um parceiro ou mais parceiros poderão usufruir da energia excedente, com a concordância de ambas as partes, permitindo o uso de placas voltaicas coletivas para a geração de energia em condomínios, por exemplo. Com as mudanças na

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Resolu-ção Normativa nº 482, passam a ser aceitos os geradores em condomínio ou varias unidades consumidoras, assim haverá somente um medidor para o condomínio, o próprio condo-mínio estabelecerá cotas aos interessados, essas cotas irão se abatidas das contas dos usuários do programa. Outra inovação introduzida pela Resolução Normativa nº 687 é o autoconsu-mo reautoconsu-moto, que possibilita o uso da energia FTV gerada em locais mais distantes do consumidor final, desde que se tenha o cuidado da área de concessão da companhia elétrica ser da mesma região abrangida.

Em 2015 Ministério das Minas e Energia (MME, 2015) criou o Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD), através da Portaria nº 538, que visa ampliar e aprofundar as ações de estímulo à geração de energia pelos próprios consumidores, com base nas fontes renováveis de energia, em particular a solar fotovoltaica. Este programa pretende movimentar cerca de R$ 100 bilhões em investimentos, até 2030.

Com relação ao município de Porto Alegre, área onde se insere este estudo, o uso da energia FTV está regulado pela Lei Orgânica do Município, através da Lei Complementar nº 730 de 2014. Esta lei dispõe em sua ementa que o Município institui um programa de incentivo ao uso de Energia Solar em edificações, essa mesma lei estimula o desenvolvimento tec-nológico envolvendo o processo de captação de energia solar.

METODOLOGIA

O propósito dessa pesquisa foi identificar as dificulda-des e os benefícios no uso da energia FTV em edificações de moradia, na cidade de Porto Alegre, na visão de gestores da construção civil, de empresas prestadoras do serviço e de um grupo de usuários de placas FTV, a caracteriza como uma pes-quisa descritiva, que ficou restrita à cidade de Porto Alegre. A

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abordagem do problema se deu de forma qualitativa, sendo construídos dois roteiros semiestruturados com perguntas abertas dirigidos aos sujeitos da pesquisa. Os sujeitos da pes-quisa são definidos por Klein et al. (2015) como os integrantes das pesquisas qualitativas, que neste caso foram dois gestores, um da construção civil, denominado de Gestor A, e outro de uma empresa de energia solar, denominado de Gestor B; e três usuários de energia FTV em suas residências, respectivamente denominados de Usuário A, B e C. Estes sujeitos caracterizam uma amostra por conveniência, que conforme Klein et al. (2015, p. 53) é aquela que “longe de qualquer procedimento esta-tístico, seleciona elementos pela facilidade de acesso a eles”, o que se confirma, já que a maioria dos pesquisados são das relações da pesquisadora ou por eles indicados. Destaca-se que os roteiros dirigidos aos gestores A e B são de igual teor, permitindo a comparação entre a opinião de ambos sobre as dificuldades e os benefícios no uso da energia FTV em edifi-cações de moradia, na cidade de Porto Alegre.

Após a coleta, os dados passaram por análise interpreta-tiva, sobre a qual Marconi e Lakatos (2010. p. 14) expõem que é aquela que busca “associar as ideias expressas pelo autor com outras do conhecimento do estudante e [...] a partir daí, fazer uma crítica, [...] realizar uma apreciação pessoal e mesmo emissão de juízo sobre as ideias expostas e defendidas.

Atendendo ao proposto por Marconi e Lakatos (2010), após as entrevistas ocorreu a leitura das respostas, organi-zando-as conforme o tema, buscando-se identificar pontos em comum e discordâncias entre os pesquisados, orientando-se a partir dos objetivos específicos.

Como etapa final, os dados obtidos foram confrontados com a bibliografia referenciada neste, abordando os mesmo temas, além de levar em consideração os objetivos propostos nesta pesquisa.

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A pesquisa foi orientada por um procedimento de levan-tamento de campo, que de acordo com Gil (2002), é aquele que procura o aprofundamento de uma realidade específica. É basicamente realizada pelo meio de observação direta das atividades do grupo estudado, com informantes para captar as explicações e interpretações do que ocorre na realidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO DA PESQUISA

Fatores que dificultam o uso da energia fotovoltaica em mo-radias de Porto Alegre, na visão dos pesquisados

A fim de identificar os fatores que dificultam o uso da energia FTV em edificações na cidade de Porto Alegre, na visão de gestores da construção civil, de empresas especializadas e de um grupo de usuários de placas FTV, foram elaboradas quatro questões dirigidas aos dois gestores, Gestor A, de uma empresa de instalação de placas FVT e o Gestor B, de uma empresa de construção civil; e quatro questões dirigidas a um grupo de três usuários.

Inicialmente os Gestores A e B foram questionados so-bre a existência de dificuldades que possam inibir o uso de tecnologias sustentáveis nas respectivas empresas e, em caso positivo, quais seriam estas dificuldades (QUADRO 1) ao que o Gestor A apontou que apesar do mercado estar receptivo às soluções sustentáveis, os investidores ainda optam por investimentos com retorno de curto prazo. Já o Gestor B des-tacou que a adoção de sistemas sustentáveis, em particular da energia FTV, passa pela relação custo-benefício percebida pelo usuário. A opinião dos gestores converge com a literatu-ra, quando Roméro e Reis (2012), citam que a alta do petróleo de 1973, abriu as portas para a preocupação com a eficiência energética, quando a atenção de investidores e consumidores se voltou para fontes alternativas de energia, que podem em

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um momento inicial necessitar de alto custo de investimen-to, entretanto estes valores são recuperados em longo prazo. Soma-se a esta preocupação, a crescente atenção dada pela sociedade ao planeta, que como advoga Makover (2009), isso era considerado modismo, mas a aprtir de 2000 as grandes empresas passaram a considerar a sustentabilidade na gestão, valorizando as empresas desenvolvem ações neste sentido.

Quadro 1- Dificuldades no uso de projetos sustentáveis nas empresas dos Gestores A e B

Há dificuldades em projetos sustentáveis que levam a sua empresa a recuar na utilização da tecnologia sustentável? Em caso positivo quais são eles?

Gestor A

Atualmente o mercado está bem mais receptivo para soluções sustentáveis, até por que a maioria traz benefícios econômicos para quem adere. No entanto, a adesão as soluções sustentáveis somente serão difundidas em larga escala quando houver ganhos de escala e os produtos ficarem ainda mais baratos, por que infelizmente ainda temos uma cultura de retorno de investimento em curto prazo.

Gestor B

A maior dificuldade passa pela análise do custo em relação aos benefícios que o sistema proporciona. Atualmente, mesmo com investimento de aquisição de um Sistema Fotovoltaico a economia, dependendo do consumo, pode ultrapassar os 95% no valor da conta.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018

Na sequencia foi abordado com os gestores os fatores que impedem a adesão ao uso de tecnologias sustentáveis de forma mais abrangente nas edificações pelas empresas de construção civil, sendo que as respostas se encontram sumarizadas no Quadro 2.

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Quadro 2- Fatores que dificultam o uso de tecnologias sustentáveis nas empresas dos Gestores A e B

A energia solar é uma energia totalmente renovável. Quais os fatores impedem para que a construção civil faça a adesão a esta forma de geração de energia nas edificações?

Gestor A

Há um movimento na construção civil para agregar a solução em seus projetos, ainda que não seja uma medida massificada. Isso vai crescer muito nos próximos anos, mas devemos ter paciência por que essa difusão precisa ser bem planejada

Gestor B Acredito que seja uma tendência, pelos benefícios que produz, deverá naturalmente ser incorporado aos projetos futuros nas edificações.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018

O Quadro 2 mostra que ambos os gestores acreditam que a adoção de tecnologias sustentáveis, tanto em edificações (Gestor A), como na captação de energia alternativa (Gestor B), é uma questão de tempo. A literatura discute este ponto, expondo que um dos principais impeditivos para a difusão destas novas tecnologias se deve principalmente ao investimen-to necessário, seguido pela ausência de regras e leis claras para quem adota novas tecnologias bem com a resistência natural das empresas, que impede a adesão às novidades (ROMÉRO; REIS, 2012).A próxima questão abordou a especificamente as dificuldades na popularização da energia FTV, pois as pesqui-sas indicaram que apenas 0,005% da energia elétrica no Brasil provém da radiação solar, apesar dos altos níveis de insolação no país. (NASCIMENTO, 2017). Os resultados estão expostos no Quadro 3.

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Quadro 3- Fatores que promovam a popularização da energia fotovoltaica na opinião dos Gestores A e B

Em sua opinião, o que falta para que a energia FTV se torne popular entre os consumidores?

Gestor A Está adequada

Gestor B

Penso que dois fatores tenham maior influência na hora de optar por um sistema fotovoltaico, conhecimento e capital. Nesse sentido, uma maior publicidade dos benefícios e operação do sistema, bem como linhas de créditos mais acessíveis, são caminhos que ajudariam significativamente nessa direção Fonte: Elaborado pela autora, 2018

O Gestor A ainda discorreu sobre o tema, afirmando que:

Acredito que a evolução da solução está satisfatória, mesmo trabalhan-do nessa área, não sou favorável a uma massificação da solução em um pequeno intervalo de tempo. Temos ter a noção que há todo um sistema elétrico por trás, que precisa ser melhorado, reestruturado para que possa obter o máximo benefício da solução e que principalmente não prejudique financeiramente os consumidores que não aderirem a solução, através de adequação tarifária justa. (GESTOR A, 2018).

O Gestor B completou a discussão, convergindo com a literatura, quando apontou como dificuldades a pouca divul-gação dos sistemas fotovoltaicos e a ausência de incentivos para a adoção deste tipo de captação de energia.

Uma vez investigada a popularização da energia FTV, se buscou aprofundar o questionamento com relação ao uso das placas FTV, atualmente a forma mais prática e acessível energia solar. Quando questionados sobre a restrição para a popularização do uso das placas FTV pela população em geral ambos os gestores destacaram que as restrições são fun-damentalmente de ordem econômica, ressaltando que seria fundamental que houvesse políticas públicas incentivando o uso das placas FTV, incluindo-se ai a criação de linhas de crédito acessíveis. A opinião dos gestores encontra apoio em

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Roméro e Reis (2012) que ressaltam o papel do Programa de Incentivo a Fontes Alternativas (PROINFRA), direcionado ao crescimento do uso de energias alternativas com incentivos do governo. Os autores destacam que vantagens tributárias tem que ser utilizadas para atingir um maior número de pessoas e sensíveis ao gasto inicial.

Uma vez conhecida a opinião dos Gestores A e B, a pes-quisa buscou verificar quais fatores que dificultam o uso da energia FTV em moradias de Porto Alegre sob o ponto de vista dos usuários deste tipo de energia. Assim foi questionado aos três usuários sobre suas dúvidas iniciais na adoção das placas FTV em suas residências, sendo que as repostas estão reunidas no Quadro 4.

Como se pode perceber a dúvida dos usuários pesquisa-dos recaiu sobre a eficiência das placas FTV. Este é um assunto discutido por diversos autores pesquisados, onde se destacam os estudos mais recentes de Tiba et al. (2000), Peraza (2013) e Torres (2015), estes autores são unânimes com relação a eficiên-cia das placas FTV, quando estas forem corretamente instaladas.

Quadro 4- Dúvidas iniciais dos usuários sobre o uso de placas fotovoltaicas

Quais foram as suas dúvidas sobre o uso de placas FTV para geração de energia?

Usuário A Foi quanto a sua eficácia no inverno e a manutenção das placas.

Usuário B

Minhas dúvidas iniciais foram quanto à durabilidade das placas bem como das baterias, mas tive como resposta que certamente durariam mais tempo do que o prazo do payback do investimento, apesar do custo inicial alto.

Usuário C A maior dúvida foi se realmente com as placas de aquecimento solar conseguiriam aquecer a água da piscina, finalidade pela qual optei pelas PFV.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018

Em particular se destaca a pesquisa de Peraza (2013) que considera as condições climáticas do Rio Grande do Sul,

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indi-cando que as linhas de transmissão e subestações existentes são apropriadas, que a insolação disponível no Estado é suficiente e que o preço da energia produzida por uma usina solar FTV no Rio Grande do Sul é compatíveis com os preços praticados no mercado, mostrando a potencialidade que esta modalidade de captação de energia tem.

A pergunta seguinte dirigida aos usuários abordou quais informações iniciais estavam disponíveis sobre as placas FTV, com os resultados expostos no Quadro 5.

Quadro 5- Informações iniciais dos usuários sobre o uso de placas foto-voltaicas

Que tipo de informações iniciais você teve sobre as placas FTV?

Usuário A Em primeiro lugar, o custo benefício, pois é um investimento retorna em médio e longo prazo; a manutenção das placas também foram questionadas e o funcionamento eficaz do aquecimento

Usuário B

Fui informado de que mesmo sendo importadas da China, haviam vários outros importadores de diversos países (do hemisfério norte) adquirindo as placas a serem instaladas em minha residência. Sendo assim, a durabilidade comprovada naqueles países já oferecia uma certa garantia para o produto.

Usuário C

Em uma visita na Expointer em Esteio, fui no Stand de Energia Solar, onde descobri que para aquecer a água da piscina como eu queria, teria que instalar placas de aquecedor solar, não placas de Energia Solar, que são coisas diferentes.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018

Mais uma vez se percebe que a atenção dos usuários está focada no custo benefício, qualidade e eficiência, e que de al-guma maneira os usuários tiveram suas dúvidas esclarecidas. Um dos pontos fundamentais para a adoção da energia FTV, entre outros avanços em direção a sustentabilidade, passam pela observação de Agopyan e John (2011), que para alcançar a sustentabilidade da construção civil é fundamental a introdução de novidades e que a inovação sem divulgação não resulta em avanço.

Adicionalmente foi questionado se estas informações fo-ram suficientes, incentivando o uso das placas FTV, onde se

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observou que todos os usuários responderam positivamente a questão, salientando o custo alto inicial, mas a economia na conta posterior a instalação (USUÁRIO A); informações sobre fabricantes, qualidade e baterias responsáveis pelo armaze-namento e manutenção da energia em caso de interrupção na distribuidora (USUÁRIO B); e atendimento da demanda necessária (USUÁRIO C). Sendo que o Usuário B relatou a sua experiência com as placas FTV:

A qualidade das placas foi testada no domingo, dia 4 de março de 2018 quando suportaram uma chuva muito forte acompanhada de granizo (bolas de gelo maiores que uma bola de golfe) na região sul de Porto Alegre. Para efeito de comparação, várias casas nas imediações com telhas de amianto foram bastante danificadas. Estas informações foram prestadas pelos engenheiros que me “venderam” a ideia e me convenceram da praticidade e utilidade do uso das placas fotovoltaicas. (USUÁRIO B, 2018).

Com relação a opinião dos três usuários pesquisados so-bre as dificuldades para popularização da energia solar, veio a tona a questão dos custos em primeiro lugar, seguida pela questão dos incentivos governamentais para o seu uso, como mostra o Quadro 6.

Quadro 6- Dificuldades para a popularização da energia solar de acordo com os usuários

Em sua opinião, o que falta para o uso de energia solar ser mais popular? Usuário A A divulgação e o custo, pois na época em que coloquei as PFV em minha cassa, em 2007, não haviam muitos fornecedores e

consequentemente o valor era alto. Usuário B

Acredito que no decorrer de alguns anos, o preço dos equipamentos tenderá a baixar consideravelmente, permitindo que mais residências tenham esta fonte alternativa de energia elétrica. Aliás, a recente “Exame” já indica uma redução significativa nos equipamentos, comparados com os preços de dois ou três anos atrás.

Usuário C Incentivo governamental e divulgação da importância para preservação do meio ambiente Fonte: Elaborado pela autora, 2018

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Ao Quadro 6 se somam as respostas obtidas junto aos usuários sobre as dificuldades para o uso de placas FTV em moradias, cujas respostas estão expressas no Quadro 7 e acres-centa ao tema as questões estruturais das edificações, que não consideram no projeto a possibilidade do uso de placas FTV. Se observa uma convergência das opiniões, novamente centrada nos custos, seguido pela informação. Os diversos autores pes-quisados ressaltam que a popularização da energia FTV não pode ser separada das política publicas com esta finalidade.

Quadro 7- Dificuldades para o uso de placas fotovoltaicas em moradias de acordo com os usuários

Em sua opinião quais as principais dificuldades para o uso de placas FTV em moradias em Porto Alegre?

Usuário A Acredito que seja o custo inicial e a estrutura das casas já construídas para colocar as placas, devido ao tamanho das mesmas.

Usuário B

Até o momento, as principais dificuldades residem nos níveis salariais relativamente baixos e o preço inicial elevado do equipamento, mais os impostos federais (IPI e Imposto de

Importação, além do PIS/Cofins de pouco mais de 20%). Ao que me consta, os governos estaduais isentaram este produto do ICMS . Usuário C

A maior dificuldade é o custo de instalação, que é muito elevado, precisa de uma conscientização política para criar um incentivo fiscal para reduzir o custo de aquisição. Também é necessária a conscientização da população da importância do uso dessa energia, que não polui o meio ambiente.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018

Nascimento (2017) expõe que o Brasil é um dos poucos países no mundo que recebe uma insolação superior a 3000 horas por ano, que este fato por si só já bastaria como um es-tímulo a adoção deste tipo de captação de energia, entretanto o autor destaca que o preço e a viabilidade de uma dada fonte energética dependem da implementação de políticas públicas, de incentivos, de crédito com baixos juros, de redução de impostos. Na concepção deste autor falta apoio político para que a energia FTV se torne difundida no Brasil.

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Cabe destacar a opinião de Roméro e Reis (2012), que afirmam que entre as barreiras que impedem a popularização das placas FTV está a falta de informação sobre os benefícios deste uso, pois não há divulgação suficiente sobre a economia doméstica e empresarial resultante da adoção deste sistema. De acordo com estes autores, a informação e benefícios tributários regulares despertariam o interesse do público, resultando em inúmeros benefícios ao país.

Como a questão dos incentivos fiscais foi um tema re-corrente junto aos usuários se buscou a opinião dos gestores sobre o tema, como se observa no Quadro 8.

Quadro 8- Influência de incentivos fiscais no uso das placas fotovoltaicas na opinião dos Gestores A e B

Em sua opinião, como os incentivos do governo, com linhas de crédito facilitariam o uso das placas FTV como energia renovável?

Gestor A

Com certeza fomentaria o setor, mas o governo também tem que pensar no equilíbrio técnico e financeiro de todo o setor elétrico, por isso, na minha opinião não fez nenhum programa de financiamentos subsidiado.

Gestor B

Acredito que sim, hoje além de incentivos tributários também existem linhas de crédito específicas para produtos de fabricação nacional de insumos para geração de energia FV. Além

disso, a regulamentação atual, depois da revisão ocorrida em 2015, apresenta definições mais claras, principalmente sobre compensação de créditos energéticos. Esse conjunto de medidas tem auxiliado no desenvolvimento do setor.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018

As repostas dos Gestores A e B mostram que já existem algumas vantagens para o usuário de placas FTV, em parti-cular o Gestor B comenta sobre a legislação, corroborando o que foi abordado na revisão bibliográfica, onde se destaca o Portal Solar (2017) que descreve os incentivos oferecidos atra-vés de projeto de lei que isenta os componentes do conjunto fotovoltaicos para que a energia solar seja usada, reduzindo assim gastos com energia elétrica.

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Da mesma forma a ANEEL (2012) regulamentou que, ao ceder energia excedente das placas FTV para a distribuidora da região, o usuário terá créditos que poderão ser usados no futuro, isso é um estimulo para os dois lados, de quem utiliza e quem cede energia, pois assim não há perda e sim ganhos para ambas as partes.

Na cidade de Porto Alegre se pode destacar a Lei Orgâni-ca do Município, que através de lei complementar, institui um programa de incentivo ao uso de energia solar em edificações. Umas vez verificadas as dificuldades no uso da energia FTV em moradias de Porto Alegre, na visão dos pesquisados, o próximo item apresenta os seus benefícios.

Os benefícios decorrentes do uso da energia fotovoltaica na percepção dos pesquisados

A fim de definir os benefícios advindos do uso de energia FTV junto aos gestores A e B, foi feita uma pergunta direta com este tema, cujas repostas estão expostas no Quadro 9.

Quadro 9- Benefícios decorrentes do uso das placas fotovoltaicas na opinião dos Gestores A e B

Na sua opinião, quais são os benefícios decorrente do uso de energia FTV tanto para a empresa, como para o morador do imóvel?

Gestor A

O principal benefício é a economia da conta de energia elétrica, que pode em alguns casos ser de até 95%. Outro benefício é a melhora da qualidade de energia que por vez irá gerar tudo que é consumido localmente, diminuindo perdas e interferências. Também cito a valorização imobiliária do local, que certamente ocorre.

Gestor B

Penso que, a exemplo de outros tantos processos sustentáveis, que a influência benéfica desse sistema abrange direta e indiretamente muitas pessoas. No entanto, de forma mais objetiva, acredito que fique mais claro se for observado por áreas de interesse específico. Entendo que, tanto os benefícios econômicos, quanto ambientais são latentes nesse caso

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O Gestor A, de uma empresa de instalação de placas FVT, destacou a economia na conta de energia elétrica e a valoriza-ção do imóvel que faz seu uso. Já o Gestor B, de uma empresa de construção civil, ressaltou os benefícios econômicos e am-bientais. Quanto a esta questão se sobressaem dois pontos, inicialmente a opinião do Gestor B, que traz a sustentabilidade ambiental como benefício do uso de placas FTV. Em segundo lugar fica cada vez mais evidente a importância das políticas públicas com relação ao uso deste tipo de energia, tanto no que diz respeito aos benefícios fiscais concedidos na compra de insumos, quanto nas regras que regulam a geração e venda da energia excedente para as geradoras ou até mesmo comércio livre de energia, como prevê o ProGD. (MME, 2015).

De forma a comparar a visão dos gestores e usuários, esta mesma questão foi levantada junto aos três usuários de placa FTV, com respostas no Quadro 10, onde se observa a convergência entre a opinião dos gestores e dos usuários, que destacam unanimemente o benefício econômico, com a redução da conta de energia elétrica.

Quadro 10- Benefícios decorrentes do uso das placas fotovoltaicas na opi-nião usuários

Em sua opinião quais são os principais benefícios decorrentes do uso das placas FTV?

Usuário A A médio prazo, foi a economia na conta de luz e o uso sustentável.

Usuário B

O principal beneficio, sem dúvida, é a economia na conta da CEEE, mas devemos observar também em caso de corte no fornecimento pela CEEE, eu continuo tendo energia elétrica dentro de casa, mas observo o uso racional, com poucas lâmpadas acesas ao mesmo tempo, e o não uso das máquinas de lavar para que as baterias não se esgotem em pouco tempo. Usuário C Além de redução de custo com energia elétrica, há a questão de sustentabilidade, da energia limpa onde, que tem menor impacto

ambiental.

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O Usuário B, ainda destacou a comodidade, pois como tem geração própria não depende integralmente da distribui-dora. A fala dos usuários encontra apoio em Edwards (2005), pois o autor afirma que as principais vertentes da sustentabi-lidade – ambiental, social e econômica, conduziram ao melho-ramento da arquitetura, que está considerando cada vez mais as correntes ecológicas, o que influencia diretamente no valor do imóvel, como será discutido na próxima questão.

Assim, na sequencia se averiguou o impacto da presença de placas FTV no valor do imóvel, sendo as respostas dos gestores A e B estão demonstradas no Quadro 11. Os gestores foram unânimes em afirmar que um imóvel equipado com pla-cas FTV tem um diferencial no mercado, sendo que o Gestor B novamente trouxe a sustentabilidade em sua fala, em con-sonância com Edwards (2005), que defende que a consciência baseada na sustentabilidade gerou impacto nas edificações.

Quadro 11 - Impacto das placas fotovoltaicas no valor final do imóvel na opinião dos Gestores A e B

Qual o impacto que a presença de placas FTV tem no valor final do imóvel? Gestor A Agrega bastante, como a depreciação do equipamento é lenta (vida útil de 25 anos), pode-se considerar o valor investido como

o valor que será agregado ao imóvel. Gestor B

Como referido anteriormente, existe uma estimativa de

valorização do imóvel, que gira em torno de 10 a 15%, talvez um pouco menos, mas não há consenso e ideia comercial formado sobre o assunto, acredito que deva surgir com o tempo. Fonte: Elaborado pela autora, 2018

Sobre a questão não há um consenso entre os gestores, embora ambos concordem que a presença de placas FTV valori-za um imóvel. Para complementar esta questão, foi perguntado aos gestores se imóveis com placas FTV são um diferencial no mercado (QUADRO 12).

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Quadro 12- As placas fotovoltaicas como diferencial do imóvel na opinião dos Gestores A e B

Em sua opinião, a oferta de imóveis com energia FTV se constitui em um diferencial no mercado? Por favor explique

Gestor A

Com certeza. Vejo muito no mercado imobiliário, construtoras ou imobiliárias oferecendo carros, iphones, como brindes na compra de um imóvel. Isso é um pouco contraditório, na minha opinião, por que não traz nenhum diferencial para o imóvel, que é o objeto da venda. Ofertar um imóvel autossuficiente em energia elétrica é um diferencial enorme para o cliente, sem dúvida.

Gestor B

Não tenho dúvida de que se trata de um diferencial. Usando os argumentos já apontados, entendo que usar a energia limpa é aproveitar, de forma mais eficiente, os recursos naturais que o planeta gratuitamente nos oferta, não é só benefício próprio, mas um exercício de cidadania, ou indo um pouco mais além, é ter uma atitude humanitária em prol da conservação do planeta. Nesse sentido, possuir um imóvel com energia fotovoltaica é um atestado que essa pessoa sabe valorizar o seu dinheiro e está contribuindo com a preservação do planeta.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018

Para Edwards (2005) os arquitetos projetam sua edifica-ções que geram riquezas, mas com a visão de sustentabilidade acrescentam novos valores a essas construções, o conceito de que as residências e empresas devem atender primordialidades de quem as utiliza, isso acrescenta valores monetários e valores ambientais ao imóvel, como citam os gestores.

Buscando determinar em quanto tempo ocorre o payback do investimento, foi realizada uma pergunta neste tema, cujas respostas se encontram no Quadro 13.

Quadro 13- Tempo de retorno do investimento para a instalação das placas fotovoltaicas na opinião dos Gestores A e B

Em quanto tempo ocorre o retorno do investimento na instalação das placas FTV nas edificações de moradia?

Gestor A

Em residências em geral o tempo de retorno está em torno de 5 anos. Com o recente aumento da conta de energia elétrica o payback diminuiu e hoje em alguns casos, a recuperação do investimento ocorre em até 40 meses

Gestor B

Isso dependerá do dimensionamento do sistema e do fornecedor, mas o que tem se observado no mercado é algo entre 6 e 8 anos. Esse é um valor que já foi maior, mas tem reduzido, significativamente, nos últimos 2 anos. Muito em decorrência do menor custo dos equipamentos e materiais usados no sistema. Fonte: Elaborado pela autora, 2018

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Como se pode observar não há convergência entre os gestores, o Gestor A aponta um prazo mínimo de 40 meses, enquanto que o Gestor B expõe um prazo de seis anos, como tempo mínimo para o retorno do investimento. Roméro e Reis (2012), comparando o consumo de edificações comerciais e residenciais, concluíram que um usuário de placas FTV pode alcançar uma redução na conta de luz, em alguns casos, de até 90%, resultando em um retorno rápido do investimento inicial em placas FTV, mas isso depende de dimensões de placas investidas, seu local e do uso racional. Os dados da literatura relatam que tempo de retorno médio do investimento em um sistema fotovoltaico no Brasil, de 6,6 anos (ANEEL, 2016).

Como a questão não ficou clara, se buscou a percepção dos usuários das placas FTV, que embora não soubessem apontar com clareza o tempo de retorno do investimento, destacaram as vantagens com relação ao uso desta energia, como exposto no Quadro 14.

Quadro 14- Motivos para opção pela energia solar na opinião dos usuários O que fez você optar pelo uso da energia solar com as placas FTV?

Usuário A No primeiro momento foi o aquecimento da piscina e em seguida a parte sustentável.

Usuário B

Apesar do gasto inicial alto, meu objetivo era reduzir a conta de energia, que girava entre R$ 250 e R$ 300 mensais. Hoje, com o uso racional da energia, duas máquinas de lavar (uma de roupa outra de louça) que não podem estar em operação ao mesmo tempo, e mais a “venda” de energia para a CEEE minha conta mensal gira entre R$ 78 e R$ 86, ou seja, taxa mínima.

Usuário C Por uma questão de economia de custo com a energia elétrica, que nos meus cálculos o aquecimento solar é mais econômico.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018

Se observa que os três usuários pesquisados apontaram a economia como grande motivador, em particular a informação do Usuário B, que obteve uma diminuição de até R$222,00 na conta de energia, significando 74% de redução. Em se

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consi-derando que a conta de energia elétrica é um compromisso mensal, ao longo do ano os valores acumulados são signifi-cativos, podendo alcançar mais de R$2500,00 neste caso. Os valores de mercado para a compra, instalação e manutenção de um sistema fotovoltaico de 2,2Kwp para abastecer uma casa média, de três a quatro pessoas, está entre R$15.000,00 a R$18.000,00, portanto o retorno do investimento ocorre entre seis a sete anos como avaliou o Gestor B.

Para finalizar este bloco de perguntas se questionou aos usuários que tipo de incentivos poderiam ser oferecidos para popularização da energia solar, já que as vantagens apontadas por todos os pesquisados são evidentes, sendo as respostas reunidas no Quadro 15.

Quadro 15- Incentivos fiscais no uso das placas fotovoltaicas na opinião na opinião dos usuários

Da mesma forma, em sua opinião, que tipos de incentivos o governo poderia oferecer para que o uso de energia solar ficasse mais popular?

Usuário A

Um subsídio, ou nos equipamentos ou na adequação das residências para o uso dos mesmos, pois nas casas já construídas são necessários fazer muitas adaptações e considerar a estrutura da casa.

Usuário B

No atual momento, é difícil imaginar o governo federal concedendo incentivos para a popularização da energia fotovoltaica, em função da redução de gastos devido à queda na receita de impostos, como um todo. E conceder incentivos para fabricantes locais poderá criar problemas com os fornecedores estrangeiros que poderão recorrer à OMC (Organização Mundial do Comercio) contra tais subsídios.

Usuário C Financiamento com incentivos de juros baixos e a longo prazo de pagamento, e maior divulgação e conscientização da população.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018

A questão dos incentivos fiscais foi bastante discutida pe-los gestores, sendo que se observa uma convergência entre as opiniões de todos os pesquisados. A pesquisa teórica mostrou que o governo vem de forma lenta regulamentando o uso da

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energia solar e, em particular o uso de placas FTV, através de programas como o ProGD (MME, 2015).

Da mesma forma Roméro e Reis (2012) apontam que já existem alguns incentivos do governo, que devem ser ligados vigorosamente aos projetos para o desenvolvimento futuro, devem ser adaptados e influenciar a organização energética de longo prazo do país, da região ou do setor. Algumas políticas energéticas governamentais, muitas vezes são influenciados por políticas internacionais, mas a maioria é baseada no uso de energia elétrica e ainda são poucas as que incentivam a energia solar. Estabelecidas os benefícios advindo do uso de placas FTV, o próximo item aborda especificamente a contri-buição destas à sustentabilidade ambiental.

A contribuição da energia fotovoltaica para a sustentabili-dade ambiental em moradias de Porto Alegre, na visão dos pesquisados

No sentido de realizar uma homogeneização de conceitos, se questionou aos gestores a visão de sustentabilidade que cada um deles busca em sua empresa, conforme o Quadro 16.

Quadro 16- Visão de sustentabilidade nas empresas dos Gestores A e B Qual a visão de sustentabilidade usada na sua empresa?

Gestor A

O nosso propósito é muito maior que vender soluções e projetos de energia solar, queremos efetivamente contribuir com a sociedade, sendo a ferramenta para a mudança. Nossa empresa tem como visão ser a referência em soluções sustentáveis no Rio grande do Sul e esse objetivo é norteado através de nossos valores e da maneira como trabalhamos.

Gestor B

Trabalhar os processos da empresa, no sentido de planejar o uso de todos os seus recursos, naturais ou não, de forma buscar um aproveitamento mais eficiente e duradouro possível. Penso que adotando essa prática naturalmente os processos resultarão em maior economia e excelência para empresa.

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De forma a completar este entendimento a seguir foi questionado se a energia FTV contribui com a sustentabilidade ambiental, de acordo com o Quadro 17.

Quadro 17- Contribuição das placas fotovoltaicas na sustentabilidade na opinião dos Gestores A e B

Em sua opinião, o uso da energia FTV contribui com a sustentabilidade ambiental?

Gestor A Com certeza, a mudança da matriz energética contribuirá para a descarbonização do planeta. As energias renováveis irão revolucionar o mundo nos próximos 30 anos.

Gestor B

Não tenho dúvida de que se trata de um diferencial. Usando os argumentos já apontados anteriormente, entendo que usar a energia limpa é aproveitar, de forma mais eficiente, os recursos naturais que o planeta gratuitamente oferece, não é só em benefício próprio, mas um exercício de cidadania. Fonte: Elaborado pela autora, 2018

Como se pode observar, os gestores convergem entre si no assunto e também com a literatura, principalmente no que concerne aos iniciadores de sustentabilidade e sustentabilidade ambiental na construção civil, como elenca Araújo (2005): o aproveitamento de condições naturais locais, que no caso da energia FTV é a excelente isolação do pais; a integração ao ambiente natural, onde a edificação aproveita a luz solar; não provocar impactos no entorno, já que a instalação de placas FTV em geral se assentam sobre o telhado das moradias; adap-tação às necessidades atuais e futuras dos usuários, fornecendo energia continuamente, mesmo quando há interrupção da fornecedora; uso de matérias-primas que contribuam com a ecoeficiência do processo, tornando a residência autossusten-tável em energia; redução do consumo de água; promover a educação ambiental, com a conscientização dos envolvidos no processo, este ponto ficou muito claro na fala dos usuários, que entendem que a maximização dos benefícios da energia FTV ocorre quando a mesma é usada sem desperdício; introduzir

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inovações tecnológicas sempre que possível e viável; e reduzir do consumo energético, sendo que estes dois últimos pontos são inerentes ao uso da energia solar.

As respostas dos gestores também vem ao encontro da afirmação de Agopyan e John (2011) que a central de energia aplicada na produção de luz é decisiva para que a sustenta-bilidade esteja envolvida nos projetos com reduções de CO2 na atmosfera, isso é um dos princípios para que uma empresa realize projetos sustentáveis, os gestores dessas empresas já deram o primeiro passo no rumo de obras sustentáveis. Estes autores ainda observam que o uso da energia solar, além de ser econômico e sustentável, protege diversos biomas que são afetados nas construções de hidrelétricas, reduz gastos gover-namentais trazendo benefícios sociais e protegendo diversas comunidades.

No sentido de compreender onde a contribuição do uso da energia FTV com a sustentabilidade é mais efetiva, se fez este questionamento aos gestores, onde as respostas estão sumarizadas no Quadro 18.

Quadro 18- Onde as placas fotovoltaicas contribuem com a sustentabilidade na opinião dos Gestores A e B

Em caso positivo, quais seriam os pontos onde esta contribuição é maior?

Gestor A

Como falado anteriormente o principal ponto de contribuição é na limpeza da matriz energética, além disso a geração distribuída irá ter um impacto social muito grande por que novos postos de trabalho irão surgir e um novo mercado de gestão energética crescerá muito nos próximos anos

Gestor B

Trabalhar os processos da empresa, no sentido de planejar o uso de todos os seus recursos, naturais ou não, de forma buscar um aproveitamento mais eficiente e duradouro possível. Penso que, adotando essa prática, naturalmente os processos resultarão em maior economia e excelência para empresa.

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Se pode observar que a visão dos gestores converge com Roméro e Reis(2012), que observam que a atual situação que raça humana combate, onde a energia é essencial a incorpora-ção do progresso, gerando novas vagas ao povo e ao cidadão, a capacidade de geração de novas energias, como a solar, com valor considerável e credibilidade aumenta a qualidade vida.

Para fazer um contraponto, questões semelhantes foram realizadas aos usuários de placas FTV, se iniciando com o que cada um deles entende como sustentabilidade, de acordo com o Quadro 19.

Quadro 19- Visão de sustentabilidade dos usuários

Qual a sua visão de sustentabilidade? Usuário A

Que possamos nos conscientizar que temos de amenizar o máximo possível os impactos na natureza com o nosso consumismo, procurarmos medidas alternativas que agridam menos o meio ambiente.

Usuário B

Entendo que se trata de substituir uma fonte de energia, usualmente finita por uma renovável, por exemplo, gasolina derivada de petróleo por etanol, ou energia fotovoltaica ao invés de energia gerada em usinas termoelétricas (carvão, óleo, etc.). Se hoje tenho energia fotovoltaica e mais aquecimento solar de água, nos anos 80 fui um dos primeiros a adquirir um carro movido a álcool hidratado.

Usuário C É um equilíbrio que precisamos para viver, com as melhores práticas ambientais, economicamente viável e socialmente justo. Fonte: Elaborado pela autora, 2018

Na fala dos usuários estão todos os pontos fundamentais da sustentabilidade, como aqueles apontados por Laville (2009), a responsabilidade social, o respeito ambiental e as ações po-líticas para que ambas possam se concretizar em um ambiente economicamente favorável a todos os envolvidos. A visão de sustentabilidade dos usuários igualmente convergem com Kar-pinsk et al. (2009), pois os autores defendem que é necessário o equilíbrio entre o homem e a natureza, lembrando que é ela que fornece todos os insumos utilizados pela humanidade.

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Para a finalização da pesquisa foi questionado aos usuá-rios como estes percebem o uso da energia FTV como promo-tora da sustentabilidade, como exposto no Quadro 20.

Quadro 20- Contribuição das placas fotovoltaicas na sustentabilidade na opinião dos usuários

Na sua opinião, como o uso de energia FTV contribui com a sustentabilidade? Usuário A A energia fotovoltaica contribui para a sustentabilidade porque atende as necessidades da população sem agredir a natureza e

onde sua fonte está disponível o tempo todo.

Usuário B

Entendo que tal energia contribui para a redução de uso de fontes finitas como as usinas termoelétricas movidas a petróleo ou carvão e até certo ponto com o consumo de energia gerada nas usinas hidroelétricas, particularmente nos meses de escassez de chuvas e consequente redução na geração de energia hidroelétrica

Usuário C A energia solar é uma energia limpa , onde não há necessidade de construir hidroelétricas ou termoelétrica , que contribuem com a poluição ou danos no meio ambiente.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018

De forma semelhante aos gestores, os usuários e das placas FTV têm uma noção clara da contribuição destas à sustentabilidade, destacando a responsabilidade ambiental, o fato das placas serem energia limpa e que esta energia não está sujeita às mudanças climáticas, ao contrário da energia hidroelétrica, pontos que foram exaustivamente discutidos no referencial teórico por Peraza (2013), Torres (2015) e pelo World Energy Council (2017). A estes autores se soma a con-cepção de Roméro e Bruna (2010), onde a geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis, como a energia solar, é uma tendência mundial. Acreditam que probabilidade, até o 2020, parte da energia residencial dos países desenvolvidos será gerada por placas FTV, com o aumento significativo de prédios que geram a sua própria energia.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No que diz respeito ao primeiro objetivo específico, que foi identificar os fatores que dificultam o uso da energia FTV em edificações na cidade de Porto Alegre, na visão de gestores da construção civil, de empresa especializada e de um grupo de usuários de placas fotovoltaicas, a pesquisadora observou uma convergência de opiniões, indicando o alto custo da ins-talação, a falta de informação e a ausência de políticas públicas que incentivem o uso desta energia.

Quanto ao segundo objetivo específico, que buscou veri-ficar os benefícios decorrentes do uso da energia fotovoltaica na percepção de gestores da construção civil, de empresa especializada e de um grupo de usuários de placas FTV, na cidade de Porto Alegre, os gestores apontaram que o princi-pal benefício é a economia na conta de energia elétrica, que pode ser de até 95%. Os usuários acrescentaram que, além da economia, quando há corte de energia elétrica por parte da fornecedora, as placas FTV fornecem energia suficiente para as necessidades básicas, e que esta é uma energia limpa o que ajuda na sustentabilidade.

No terceiro objetivo específico, que foi determinar na visão de gestores da construção civil, de empresa prestadora do serviços e de um grupo de usuários de placas FTV de que forma o uso da energia FTV contribui com a sustentabilidade ambiental, se constatou que na visão dos gestores esta con-tribui diretamente, mudando a matriz energética, gerando energia limpa. Na visão dos usuários a energia FTV contribui com a sustentabilidade, com respeito ambiental e também com responsabilidade social, ao atender as necessidades da população, ainda que por enquanto a um custo elevado. Na opinião dos usuários a energia FTV desperta a consciência dos consumidores em reduzir o consumo, preservar a natureza e gerar energia limpa e renovável.

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A principal limitação da pesquisa foi o número de entre-vistados, que pode limitar ou mesmo distorcer os resultados, por este motivo como sugestão, a pesquisadora recomenda a continuidade do estudo, com uma amostra mais abrangente.

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Referências

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